Você está na página 1de 3

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIHORIZONTES

GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

5° período - Noturno
Disciplina: Economia Política
Professora: Indira Barreto Trindade
Alunas: Marinete Dias Trabach e Nathália da Rocha Pereira

Atividade Moodle 2 - Resenha do filme “A última estação”

Em síntese, o filme biográfico “A última estação” retrata os últimos anos de vida do


escritor Leon Tolstói, que buscava em sua corrente teórica, abordar sobre as
refrações do individualismo na sociedade, sendo veementemente contrário à
propriedade privada, e defendia também a pacificidade e a igualdade da riqueza
socialmente produzida.
O empenho com a vida espiritual e a proximidade com a natureza são evidenciados
no filme. E o amor, por sua vez, é considerado um sentimento sagrado que move
as emoções individuais dos atores envolvidos. Tolstói afirma isso, dizendo que o
princípio da religiosidade é movido pelo amor, e ''tudo o que eu sei, só sei por que
amo''.
Desse modo, Tolstói recusava os privilégios advindos da propriedade privada em
defesa da liberdade, da fraternidade e da justiça social, por isso, ele era considerado
um "santo vivo". E, suas reivindicações eram evidenciadas e representadas pelo
movimento comunitário Tolstoyano (1910).
Levando em consideração os pressupostos estudados em sala de aula com base
no livro “Economia Política: uma introdução crítica”, observa-se que ao longo do
processo histórico do desenvolvimento das sociedades, passa-se de um caráter
coletivista e igualitário da produção, para tornar-se individualista e privado, ou seja,
somente alguns sujeitos são os donos dos meios de produção, sendo que os demais
apenas vendem sua força de trabalho, proporcionando através dos tempos cada
vez mais relações sociais desiguais. (NETTO e BRAZ, 2010).
Nesta perspectiva, a ficção mostra que Tolstói, que apesar de representar uma
figura burguesa (conde, detentor de riquezas e de propriedades privadas), almejava
romper com a estrutura econômica do modo de produção capitalista em seu
entorno, buscando se posicionar em defesa de uma sociedade que seguisse os
primórdios do cristianismo, ou seja, de uma sociedade mais ligada ao bem-estar
coletivo, sem privilégios em detrimentos da desigualdade dos sujeitos mais
pauperizados.
Tal fato é evidenciando na película em um primeiro momento, na fazenda, sob a
forma como a comunidade se desenvolve de modo mais horizontal, quer dizer, as
relações sociais entre todos os sujeitos acontecem sem a presença da estratificação
social capitalista (detentores dos meios de produção X trabalhadores), sendo todos
iguais.
Em uma segunda análise, é visto que Tolstói abdica-se de seus direitos autorais
sob suas obras para que seus ensinamentos pudessem se estender a toda a
população russa, desta forma, salienta-se a centralidade e o sentido do trabalho
para o escritor, à medida que para ele é mais relevante a propagação do
conhecimento para todos sem distinção de sujeitos, do que o retorno de sua riqueza
socialmente produzida através dos lucros (direitos autorais) de suas obras.
Diante desta conjuntura, a vida cotidiana do escritor era demarcada pela relação
conflituosa com sua esposa Sofya, que detinha objetivos políticos, econômicos e
sociais diferentes do marido, e defendia o Bem-Estar familiar, ou seja, os privilégios
sociais advindos da propriedade privada. Já os filhos do casal ficavam divididos
entre os interesses antagônicos. Desse modo, as divergências familiares e a
exposição social, geravam conflito, surpresas, espantos e afinidades sociais diante
aos pontos de vistas defendidos pelo protagonista.
Dentro do exposto, mesmo diante do estranhamento social primitivo acerca das
teses de Tolstói, ele era considerado um homem virtuoso e de grande influência
social, e, isso fica evidente no filme, quando um secretário contratado para espionar
o Conde, é chamado de ''privilegiado'' por ocupar um cargo de renome. Outro fator
que tangencia sua influência, é a imprensa, que manipula e faz relatos nos mínimos
detalhes sobre a vida política e particular de Tolstói.
Então, apesar dos dilemas e conflitos, o amor predominava como Tolstói acreditava.
As idealizações individuais tomaram proporções trágicas, pois, incomodado com a
situação e incompreendido pela esposa, o conde acaba abandonando sua
propriedade pela renúncia ao privilegio. A condessa por sua vez, diante ao
abandono, tenta o suicídio. O conde triste e incompreendido, pega um trem para a
Rússia, e morre na estação, cercado pela comoção familiar e social. Isso ocorreu
devido ao extremismo e inflexibilidade de objetivações. Cada qual defendia seu
ponto de vista, sem fazer uma análise crítica da subjetividade e do quadro social
imposto.
Por fim, apesar de o escritor rejeitar seus privilégios advindos da propriedade
privada, esse fato ainda não é suficiente para uma socialização efetiva da riqueza
socialmente produzida, pois, a concentração de renda era latente e havia pouca
sensibilização dos proprietários acerca da questão social e da igualdade social.
Para isso, era necessário que outros proprietários também abdicassem de seus
privilégios, pois, o principal apoio às idealizações de Tolstói, originava da classe
baixa e não da classe mais favorecida. Pois, dentro das discussões acerca da
economia política, é possível analisar que a desigualdade social desde os
primórdios, advêm do conservadorismo e do individualismo social. Enfim, para
intensificar o movimento social era necessário que houvesse não somente apoio
social, mas, político e econômico.

Referência
A ÚLTIMA ESTAÇÃO. Direção de Michael Hoffman. Reino Unido: Sony Pictures,
2009. 1 DVD (152 min.).
NETTO, José Paulo e BRAZ, Marcelo. Economia Política: uma introdução crítica.
4a. Edição. Editora Cortez. São Paulo, 2010.

Você também pode gostar