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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIHORIZONTES

GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL – 4º PERÍODO NOTURNO

ARTHUR CÂNDIDO LIMA


ISAQUE MATOS BARBOSA
NATHÁLIA DA ROCHA PEREIRA

TRABALHO SOBRE O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO


SERVIÇO SOCIAL DE 1993

Belo Horizonte - MG
2018
Texto sobre o Código de Ética Profissional do Serviço Social de
1993

A renovação do Serviço Social, em especial, a partir da ruptura com o processo de


renovação modernizadora e conservadora, com a instituição Código de Ética
profissional de 1986, é que se tonifica um novo estágio no seu ethos profissional,
construindo de um novo caminho, com novos significados e novas possibilidades.
Como acompanhamos anteriormente, os códigos de ética anteriores tiveram várias
vertentes teóricas e políticas, sendo moldados a partir dos acontecimentos históricos.
Mediante a está maturação teórico e política da profissão, é que se desdobra o Código
de Ética de 1993, na qual abrange uma dimensão ética da profissão por seu caráter
normativo e jurídico.
Logo, este documento tem em suas bases o marxismo e em sua estrutura trás de
maneira sucinta a dialética acerca do materialismo histórico como ideia pulsante para
atuação, intervenção e análises. No Código de Ética de 1993, podemos observar
diversas ideias-força para melhor enfrentamento da questão social. Estas ideias-força
são os artigos, incisos, alíneas, caput, que fomentam e dão direção para o exercício
profissional sobre tudo que envolve a matéria de Serviço Social, sendo norteada por
direitos, deveres e proibições acerca do fazer profissional, delimitando assim as
atribuições privativas do Assistente Social, os parâmetros legais, o projeto
profissional, a Questão Social como matéria do Serviço Social e as estratégias para
o combate das inúmeras refrações que a essa Questão Social reproduz na sociedade,
fazendo com que a profissão se revolucionasse trazendo assim uma nova ética para
a profissão.
Esta nova ética é resultado da inserção da categoria nas lutas da classe trabalhadora
e, consequentemente, de uma nova visão da sociedade brasileira. Neste sentido, a
categoria através de suas organizações, faz uma opção clara por uma pratica
profissional vinculada aos interesses desta classe. As conquistas no espaço
institucional e a garantia da autonomia da prática profissional requerida pelas
contradições desta sociedade só poderão ser obtidas através da organização da
categoria articulada às demais organizações da classe trabalhadora.
Segundo, Martinelli (2003) em seu livro Serviço Social: Identidade e Alienação, aponta
que o Serviço Social em suas mudanças para além da caridade e do assistencialismo,
sempre precisou quebrar o estigma da neutralidade face às diversas expressões da
Questão Social, e foi através do pensar a classe em si e para si juntamente com a
classe trabalhadora que o Assistente Social conseguiu formular sua identidade e
moldar suas ações, quando o Serviço Social, tomou partido de seus ideais e propôs
como força motriz de atuação a luta anticapitalista é que a profissão saiu do processo
alienante do capital rumo ao pluralismo social e a equidade.
Partindo do entendimento de ética na visão geral do lado social, determina as práticas
sociais referente ao método de trabalho. E por meio de mudanças nas trajetórias da
profissão quebrando a prática de caridade é assistencialismo, vendo o indivíduo como
portador de direitos e deveres, tendo em vista que se basear em 10 princípios, porém
abordando somente três sendo:
 Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas
políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos
indivíduos sociais, (CFESS, 1993);
 Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de
toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos
das classes trabalhadoras, (CFESS, 1993);
 Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por
questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião,
nacionalidade, opção sexual, idade e condição física, (CFESS, 1993).
Nesta mesma lógica, sobre a ótica do Serviço Social, a categoria tem como mudanças
citando alguns dos deveres dentro vários do Serviço Social são:

“Art. 10 - São deveres do assistente social:


i. ser solidário com outros profissionais, sem, todavia, eximir-se de
denunciar atos que contrariem os postulados éticos contidos neste
Código;
ii. repassar ao seu substituto as informações necessárias à
continuidade do trabalho;
iii. mobilizar sua autoridade funcional, ao ocupar uma chefia, para a
liberação de carga horária de subordinado, para fim de estudos e
pesquisas que visem o aprimoramento profissional, bem como de
representação ou delegação de entidade de organização da
categoria e outras, dando igual oportunidade a todos;
iv. incentivar, sempre que possível, a prática profissional
interdisciplinar;
v. respeitar as normas e princípios éticos das outras profissões;
vi. ao realizar crítica pública a colega e outros profissionais, fazê-lo
sempre de maneira objetiva, construtiva e comprovável, assumindo
sua inteira responsabilidade.” (CFESS, 2012, p.32-33).

Nesta perspectiva, os princípios indicados no Código de Ética de 1993, buscam


formar e qualificar profissionais críticos em relação aos entraves da Questão Social e
a realidade social dos sujeitos, no qual assegura aos profissionais do Serviço Social
um processo de aprendizagem harmonioso ao que tange o ensino, a pesquisa e
extensão, logo, visando a instrumentalização da construção de exercício profissional
coerente e ético.
Podemos conhecer um pouco sobre o mercado de trabalho e podemos abrir nossas
mentes para fato de sermos profissionais flexíveis, disponíveis a mudanças. através
de uma base teórica dos pressupostos para uma análise da profissão que são de
fundamental importância para um futuro amadurecimento como profissionais cientes
de que não somos mágicos, mas sim que somos agentes capacitados, capazes de
impulsionar as mudanças sociais.
Perante ao que foi exposto sobre o Código de Ética de 1993, cabe refletir sobre o
contexto que sucedeu a sua criação, bem como sobre a perspectiva da prática
profissional do Assistente Socia atrelada ao Código de Ética, no cenário
contemporâneo
A princípio, constata-se como os principais marcos históricos da profissão, o
movimento de reconceituação iniciado na década de sessenta com o Documento de
Araxá, posteriormente como Documento de Teresópolis, Sumaré, Alto da Boa Vista,
até a intenção de ruptura com o conservadorismo na década de oitenta, dado que
estes eventos propiciaram a construção de uma consciência crítica e de uma nova
cultura dos profissionais de Serviço Social, em torno de questões cruciais do exercício
da profissão nas sociedades dependentes e profundamente desiguais da América
Latina, Netto (2012).
Netto (2012) afirma que, a intenção de ruptura foi consolidada pela intensificação da
crise autocrática burguesa, bem como pela necessidade democrática de liberdade e
pelo crescimento da pauperização dos indivíduos. Desta forma, emerge o processo
social e político, expandindo os movimentos sociais, principalmente, o estudantil e o
trabalhista.
Mediante este contexto, destacou-se o Método BH, proposto pela Universidade
Católica de Minas Gerais, em consequência, desdobra-se no Congresso da Virada
em 1979, ultrapassa os muros da academia para começar a refletir na categoria
profissional, na qual tinha como finalidade de romper com as práticas tradicionais,
modernizadoras e conservadoras do Serviço Social presentes na sociedade
capitalista, Netto (2012). Logo, muitos Assistentes Sociais face a este processo,
passando a se posicionar contrários a Ditadura Militar e ao conservadorismo no
Serviço Social.
Como resultado do projeto de intenção de ruptura, abre-se um espaço de discussão
acerca da do embasamento teórico e metodológico do Serviço Social, de tal maneira
que dialética marxiana se torna uma ferramenta de intervenção e de conhecimento,
conforme é descrito abaixo que o:

“processo de aproximação e apropriação da teoria crítica marxista e do


pensamento de Marx no Serviço Social foi, portanto, determinado pela
necessidade da crítica dessa realidade. Avançou, passando pelo
pensamento de Althusser, Gramsci, Lukács, Lefebvre e o aprofundamento
da apreensão do pensamento de Marx, no próprio Marx; e também
apropriando-se do pensamento de inúmeros outros importantes pensadores
marxistas, inclusive latino-americanos, que a complexidade dos objetos e
temáticas de estudos, das análises dos objetos e da prática profissional foi
exigindo. Esse avanço, entretanto, não foi e não é mecânico nem
homogêneo, seja no referente à própria alternativa crítica, seja, sobretudo,
no referente às alternativas de concepções teóricas e de mundo postas à
escolha pelas relações de classes nos diferentes países do continente.”
(LOPES, 2016, p.242).

A partir do enunciado, evidencia-se que ao Serviço Social apodera-se como norte a


teoria social de Karl Marx, proporcionou que após décadas de aplicabilidade de uma
teoria metodológica conservadora, o Serviço Social avança numa elaboração literário
que subsidiasse seus profissionais para a leitura de uma realidade social, indo além
na ótica sobre as expressões da Questão Social.
Em uma segunda análise, Paulo Freire discorre sobre as práticas em prol dos
indivíduos em situação de risco e vulnerabilidade social, em um cenário capitalista
contemporâneo , de:

“[...] reconhecer a desumanização não apenas com a viabilidade ontológica,


mas como realidade histórica. É também, e talvez sobretudo, a partir desta
dolorosa constatação, que os homens se perguntam sobre a outra viabilidade
– a de sua humanização. Ambas, na raiz de sua inconclusão, que os inscreve
num permanente movimento de busca. Humanização e desumanização,
dentro da história, num contexto real, concreto, objetivo, são possibilidades
dos homens como seres inconclusos e conscientes de sua inconclusão”
(FREIRE, 1987, p.16).
A face do exposto, compreende-se que as variáveis do mundo do trabalho na
sociedade capitalista contemporânea têm sido marcadas por múltiplos entraves
antagônicos que proporcionam o processo de desconstrução da classe trabalhadora,
(Antunes, 1998), e tonificam as expressões da Questão Social.
Em uma terceira análise, diz respeito sobre a política econômica neoliberal face a
Constituição Federal de 1988, na qual contribui para dicotomia entre os indivíduos
pauperizados e o Estado, evidenciado pelo enxugamento do aparelho estatal em prol
do mercado financeiro, contrariando a garantia de Estado de bem estar idealizada na
Constituição, manifestando os impactos de tal sistema nas políticas públicas para o
setor social, assim como representa um desafio para a execução do Código de Ética
Profissional do Assistente Social.

“No Brasil, desde o governo Collor nos anos 1990, vivemos um processo de
profunda neoliberalização com a liberalização comercial, a flexibilização da
legislação trabalhista, privatização da exploração de recursos naturais e
empresas estatais, priorização do equilíbrio fiscal e do pagamento dos juros
da dívida pública (interna e externa), processo de desindustrialização e
reprimarização da economia2. O país tornou-se grande exportador de grãos,
carne, minério, mármore, etc. e os governos do Partido dos Trabalhadores
(PT), no executivo federal desde 2003, não romperam com o modelo.
Embora durante as gestões petistas a capacidade interventiva do Estado
tenha sido recuperada, está se fez em benefício das grandes corporações
mundiais, financiando fusões entre empresas nacionais e transnacionais, o
agronegócio e o capital financeiro ao não abandonar a preocupação com a
formação do superávit primário como o cerne da política econômica.”
(FERRAZ,2016, p.22).

Levando em consideração tal afirmativa, observa-se que o Neoliberalismo presente


no país desde a década de noventa, contata-se que a medida que as políticas
neoliberais vão sendo implantadas no país, vai se encadeando neste processo,
políticas sociais reducionistas e focalizadas; além da privatização e descentralização
das responsabilidades estatais.
Desta forma, é visto que a aprovação do congelamento dos investimentos em
políticas sociais por 20 anos contribui para conter os investimentos em saúde,
assistência social e educação, justamente áreas com demandas latentes e que
poderiam promover a redução das desigualdades sociais, (Salvador, 2017).
Desta forma, comprovado que:

“A condição assalariada do exercício profissional pressupõe a mediação do


mercado de trabalho. Assim, as exigências impostas pelos distintos
empregadores materializam demandas, estabelecem funções e atribuições,
impõem regulamentações específicas a serem empreendidos no âmbito do
trabalho coletivo. Além disso, normas contratuais condicionam o conteúdo e
estabelecem limites e possibilidades às condições de realização da ação
profissional [...]. Aqui se identifica um campo de tensão que exige densas
investigações na apreensão do significado das determinações do trabalho
alienado na particularidade do Serviço Social. “(IAMAMOTO, 2007, citado
por CEOLIN, 2014, p.241).

Ante a assertiva, desenrola-se traços incompatíveis de interesses entre o Estado


Neoliberal e da sociedade, no qual o Serviço Social está inserido neste processo de
mediação de interesses e também, enquanto classe trabalhadora, na defesa dos
direitos sociais bem como, da necessidade de políticas públicas que viabilizem sua
prática profissional.
Em suma, entende-se os Assistentes Sociais devem se posicionar criticamente ao
projeto político e econômico neoliberalista, contribuindo para os interesses irrestrito
dos usuários, respeitando sua posição e também, tendo em mente o seu processo de
autonomia, (CFESS, 2012).
Por fim, as transformações vividas seguidamente pelo capital, para a manutenção de
sua hegemonia, colocam desafios constantes e cada vez mais complexos ao Serviço
Social, que precisam criar estratégias de intervenção que materializem a construção
profissional histórica de emancipação da classe trabalhadora.
Deste modo, compreende-se esta posição está em consonância com o Código de
Ética Profissional, na qual aborda no princípio 1 sobre o “reconhecimento da liberdade
como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia,
emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais” (CFESS, 2012, p.23), desta
forma, percebe-se que é um dever para Assistentes Sociais e futuros profissionais do
Serviço Socia lutarem e se posicionarem em defesa das políticas públicas que
promovam o respeito e autossuficiência de seu usuário.
Em suma, é notória a obrigação dos Serviço Social, se posicionarem em defesa da
classe trabalhadora, indo contra a uma lógica conservadora e neoliberal que limita e
mercantiliza a execução das políticas sociais, aplicando o Código de Ética de 1993 e
visando a construção de um novo modelo de sociedade que expanda de forma justa
os direitos sociais, e reduza as desigualdades sociais.

REFERÊNCIAS

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centralidade do mundo do trabalho. Cortez. São Paulo-SP, 6ª ed. 1998.
CEOLIN, George Francisco. Crise do capital, precarização do trabalho e impactos
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CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Código de Ética do/a


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(CFESS), 2012.

FERRAZ, Ana Targina Rodrigues. Políticas sociais e crise capitalista: desafios


para o serviço social. Argumentum, Vitória-ES, v. 8, n. 1, p.20-26, 30 abr. 2016.
Disponível em: <https://doi.org/10.18315/argumentum.v8i1.12176>. Acesso em: 09
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FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Paz e Terra. Rio de Janeiro-RJ, 17ª ed.
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LOPES, Josefa Batista. 50 anos do Movimento de Reconceituação na América


Latina: a construção da alternativa crítica e a resistência contra o atual avanço
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MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social Identidade e Alienação. Cortez. São Paulo-
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NETTO, José Paulo Netto. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço
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SALVADOR, Evilasio da Silva. O desmonte do financiamento da seguridade


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