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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIHORIZONTES

GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Arthur Cândido Lima


Geize Lopes dos Santos
Isaque Matos Barbosa
Marinete Dias Trabach
Nathália da Rocha Pereira
Pauldson Cândido

ATIVIDADE NO MOODLE:
O Sincretismo e o Serviço. Social

BELO HORIZONTE
2019
Sumário

1. Introdução ..........................................................................................3

2. Processo Histórico do Sincretismo e o Exercício Profissional .....3

4. Como se expressa o Sincretismo? ..................................................5

5. Reportagem – Assistente social diz que "erro foi cometido" e


promete botar Ronaldo Dimas no "pau" para defender amigo ..........6

6. Considerações Finais........................................................................8

Referências ............................................................................................8
1. Introdução

De um modo geral, o Sincretismo do Serviço Social somente é compreensível à luz


da teoria social crítica, na qual, os evidentes avanços, como o projeto ético-político
do Serviço Social brasileiro, no tocante a compromissos de natureza ética, política,
teórica e metodológica, que incidem sobre o horizonte do aparelho institucional que
direciona a profissão, se inscrevem como particulares quando à luz da reprodução
da totalidade da sociedade burguesa e da lógica, enervando o Estado burguês.
Logo, o presente trabalho busca analisar o Sincretismo do Serviço Social descrito
por Netto (2011) e correlacioná-lo com a contemporaneidade através da reportagem,
a qual abordava sobre o caso de um esquema de suborno que cobrava R$5.000,00
para que os usuários fossem sorteados no programa de moradia, público e gratuito,
o Minha Casa Minha Vida.

2. Processo Histórico do Sincretismo e o Exercício Profissional

O sincretismo esteve presente na origem do Serviço Social no Brasil, e tinha como


objetivo atentar para estrutura teórico-prática da profissão, sendo que na revolução
industrial, era visto pelo Estado pela necessidade de intermediação entre o poder
público e a sociedade, em especial o proletariado, com o objetivo de acalmar as
massas, devido ao novo cenário capitalista que se desenhava no momento.
Desta forma, implementou-se no país, o Serviço Social, com um caráter
assistencialista e ligado à igreja católica, se embasando em um primeiro momento,
no modelo europeu e posteriormente, nos moldes americanos. Todavia, tais
métodos foram aplicados no Brasil sem levar em consideração as ´realidades
específicas do país.
Nesta perspectiva, o Sincretismo, na prática profissional, era permeado pelo caráter
meritocrático e punitivo, na qual "assistentes sociais" não possuíam técnica, prática
e nem metodologia para a intervenção junto ao usuário que atendesse de fato as
necessidades brasileiras, assim, não coadunando na minimização das mazelas
sociais.

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As transformações na sociedade e o contexto da formulação do Serviço Social
decorreu da instalação da autocracia burguesa, a partir de 1964, com o processo
democrático golpeado pela ditadura. Surge o Serviço Social moderno, ao longo dos
anos 60 a 80, com novos pensamentos e ideias, sem as imposições pelo período
ditatorial, e implementa-se o pensamento social contemporâneo, a aplicação
aprimorada das práticas do Assistente Social, validação de novas teorias e
ideologias das políticas, como o estudo do marxismo.
Como elucida, Netto (2011), diante dos estudos históricos, a partir da descoberta do
Brasil são notórias as diferenças culturais, religiosas, econômicas, de formação
social e de grupos, e essas diferenças compõem a diversidade social. Percebe-se,
por isto, que houve diversas influências na composição da população e em seus
costumes, nas atividades econômicas, culturais, dentre outras. Isto sempre refletiu
na sociedade ao longo do tempo, por ser um país de várias raças, diferentes hábitos
e costumes. Também por esses motivos, o contexto do curso de formação do
Serviço Social passou a exigir atenção do profissional e sua aplicação. Netto (1996),
relaciona o surgimento da questão social a partir da multiplicidade de problemas,
tratado de questão social advinda do capitalismo monopolista, e esse é o ponto
chave para a ação do Assistente Social.
É importante frisar que de acordo com os estudos sobre o Serviço Social, a
composição e formação do curso e o exercício do profissional em questão, no Brasil,
é realizado sob a perspectiva e influência do sincretismo ideológico, uma vez que
para isso, houve busca de conteúdos de diversos cursos já existentes, como por
exemplo: psicologia, sociologia, antropologia, historiografia, para formar a base de
conteúdo e de ação do Serviço Social.
Posteriormente, com passar dos anos, o Serviço Social foi se desvinculando do
caráter tradicional até a ruptura com o conservadorismo profissional, a partir do
Código de Ética de 1986. Assim, os Assistentes Sociais se tornaram operadores do
direito social à luz do método histórico dialético de Karl Marx, onde a intervenção na
promoção do sujeito e combate da questão social se tornou o objetivo da categoria,
e passou a reconhecer o indivíduo como sujeito de direitos.
Com o objetivo de explicar Netto (2011), Perez (2017), em exposição afirma que o
Assistente Social no exercício do Serviço Social, especialmente, nos dias atuais,

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trabalha com um contexto “multifacetado”, que abrangem diversas demandas da
questão social e envolvem os estudos e a aplicação de diversas áreas do
conhecimento “histórico, antropológico, sociológico, psicológico, ontológico”, dentre
outros. E, é a partir deste conteúdo “multifacetado”, que o profissional do Serviço
Social estará capacitado para atuar e combater as questões sociais, de forma
parcial, pois cada uma dessas facetas demanda interpretação e compreensão única.
No entanto, é levantada a questão, que devido a esse contexto “multifacetado”, o
profissional pode se perder diante de tanta pluralidade e visão da realidade.
Ao analisar os esclarecimentos de Netto (2011) e de Souza (2014), é possível
verificar que esse sincretismo ideológico interfere diretamente nas ações e nos
resultados que o profissional do Serviço Social precisa aplicar, atingir e alterar. È
necessário que tenha atenção e sustentação de conteúdo por meio de estudos e
pesquisas, para que o profissional do Serviço Social não influencie, imponha ou
interfira nas mudanças do usuário, mas que ao reconhecer a realidade do mesmo,
possa o assistir e permitir que esse, por si só, tome as suas decisões, mude ou
melhore o seu posicionamento, de forma a minimizar as questões sociais que o
atinge.

4. Como se expressa o Sincretismo?

De acordo com Netto (2011), o Sincretismo no Serviço Social pode ser visto nos
pressupostos teóricos do Serviço Social que se apropriaram historicamente de
conteúdo/metodologias pela profissão, que nem sempre se adequavam à realidade
dos usuários. Além do mais, a temática pode ser expressa dentro da
operacionalização profissional, ou seja, da teoria fundida com a prática, a partir da
apreensão do conhecimento totalitário, do qual se manifesta as expressões da
questão social, e dentro da compreensão do conjunto de dilemas de origem sócio
histórico e da produção e reprodução das relações sociais em suas contradições.
Assim, é necessário fazer um diálogo com diferentes áreas do conhecimento, como
por exemplo, com o fundamento científico e ideológico das ciências sociais para se
apropriar e aprofundar na heterogeneidade e homogeneidade social para uma
intervenção diferenciada, considerando a totalidade de suas expressões, estando de

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acordo com as dimensões teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativa do
serviço social
É, em decorrência da filiação teórica do serviço social e, simultaneamente, da
resposta que articula para orientar-se com um sistema de saber que tenha
pertinência direta com a sua prática profissional (Netto,2011). Desse modo, o
sincretismo no serviço social está diretamente relacionado à natureza do Serviço
Social e com suas protoformas, na qual se manifesta em todas as intervenções do
agente profissional sob possibilidades amplas e enfoques diferentes.
Contudo, dentro de seus papéis sócio ocupacionais e de sua institucionalização
profissional, assim, possibilita o corte com a ação assistencialista através da sua
maturidade cientifica e, através de um referencial teórico critico dialético, ou seja,
valorações e interferências teóricas na operacionalização via políticas sociais
impactando assim na realidade e na sociabilidade social em sua totalidade.
Logo, é necessário conhecer o conjunto da realidade setorial, das funções políticas e
econômica do Estado, da lógica mercantil e a dinâmica da ordem monopólica para
interferir, dar respostas e rearranjar as demandas sociais e institucionais. Por outro
deve-se identificar o limite ontológico do exercício profissional, as manifestações da
questão social impostas no cotidiano e as manifestações empíricas da
operacionalização profissional.
Portanto, é necessário saturar as funções executivas do serviço social e pautar a
ação profissional conforme as demandas das refrações da questão social. Pois,
apenas a partir de um conhecimento instrumentalizável, de uma articulação teórica e
de uma análise lógica, o desempenho profissional ultrapassará as barreiras do
senso comum, do assistencialismo proporcionando o enfraquecimento com os laços
do ecletismo no serviço social

5. Reportagem – Assistente social diz que "erro foi cometido" e


promete botar Ronaldo Dimas no "pau" para defender amigo

Dentro do que conceituamos aqui, neste trabalho, escolhemos uma reportagem que
ilustra muito bem o sincretismo na atualidade dentro do exercício profissional. O

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acontecido ocorreu no dia 29/04/2016, onde um esquema de fraude do Minha Casa
Minha Vida foi descoberto em Araguaína-TO.
De acordo com a reportagem, esse esquema de fraude aconteceu da seguinte
forma: Os servidores da Secretaria de Habitação cobravam uma taxa de R$5.000,00
para que os pagantes desta taxa fossem comtemplados nos conjuntos habitacionais
sorteados para a população que reside em área de risco. Ou seja, para que o
processo de reassentamento dessas famílias fosse feito, eles teriam de pagar uma
taxa para adentrar na lista de sorteados.
Como o esquema foi descoberto no início do processo fraudulento, os compradores
do programa que foram sorteados na lista de beneficiários, foram excluídos
automaticamente, querendo seu dinheiro de volta.
Esse breve histórico do acontecimento, foi importante para ilustrar aqui a pratica de
sincretismo contemporâneo na profissão, que pudemos presenciar na reportagem,
pois a Assistente Social que era pivô deste esquema de fraude, juntamente com sua
equipe, ignoraram toda e qualquer subjetividade dos beneficiários e transformaram a
Política de Habitação, que é um direito, já dentro do trâmite de um programa que
reassenta diversos moradores que viviam em situação de risco, em uma relação de
compra e venda, em uma pura relação mercantil dentro dos ditames do capital.
E é assombroso quando falamos isso, pois sendo a Política de Assistência Social de
caráter Universal, para quem dela realmente necessitar, podemos observar o quão
cruel é esse esquema para com as famílias que necessitam desse programa em
pleno funcionamento, generalizando assim uma sistemática orgânica para o
exercício da profissão. E para além desta assombração, vimos a crueldade desta
Assistente Social que pisou em todo o Código de Ética que ela, em sua formação,
aceitou defender com unhas e dentes, se transformando em um fantoche das
múltiplas divisões da ganancia que presenciamos ao longo dos tempos, nos
mostrando que o Serviço Social sempre se reafirma com uma postura teórica
pluralista e a atuação, ainda consegue ter fundamentos conservadores, criminosos,
punitivistas, mesmo com as diversas protoformas que o Serviço Social tenta romper
há muito tempo.
Além do mais, é visto que:

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I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas
políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos
indivíduos sociais. Ela fez tudo ao contrário com as atitudes tomadas,
entregou para a população a subalternidade e a dependência, não deixando
nenhuma chance para expansão plena dos indivíduos sociais.
II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do
autoritarismo. O quão autoritário é um esquema que tu tens que pagar o
que é direito, do contrário tu não tem acesso ao mesmo?
III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de
toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos
das classes trabalhadoras. Com tal prática, as famílias que se encontravam
inseridas no processo de reassentamento do Minha Casa Minha Vida,
tiveram todo e qualquer direito de exercer sua cidadania negado assim
como seus direitos civis, sociais e políticos dentro da esfera do programa.
V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure
universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e
políticas sociais, bem como sua gestão democrática. Por se tratar de uma
política social que vai de encontro ao combate do déficit habitacional e a
problemática da habitação, não houve justiça e muito menos equidade.
Como se ja não bastasse aquelas famílias serem removidas de suas casas,
irem para o aluguel e esperar o parecer da Secretaria juntamente com a
Prefeitura local construir o conjunto habitacional para acontecer o
reassentamento, um operador do direito social cobrar ainda uma quantia
acerca do direito é revoltante, para não se dizer outras coisas aqui.
(CFESS, 2012, p. 23)

Diante dos fatos mencionados, entende-se que o Assistente Social da referida


reportagem foi incoerente com os pressupostos da profissão, não reproduzindo em
sua prática profissional a visão do usuário como sujeito portador de direitos.
Portanto, o usuário era visto como um cliente, na qual poderia ser explorado para
ter acesso ao direito à moradia. Ademais, percebe-se que é um dever para
Assistentes Sociais e futuros profissionais do Serviço Social, desenvolverem,
lutarem e se posicionarem em defesa das políticas públicas que promovam o
respeito e autossuficiência de seu usuário.

6. Considerações Finais

Ante este estudo, compreende-se que o Sincretismo no Serviço Social abordado por
Netto (2011), está diretamente ligado à relação teórico-prática profissional expressa
nas relações sociais. À vista disso, ao longo do processo de formação da profissão,
apropriou-se de teorias e práticas estrangeiras multidiversas, ineficientes e distantes
da conjuntura e especificidades do Brasil, por consequência, os Assistentes Sociais

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brasileiros não alcançavam plenamente o atendimento das respostas para as
demandas sociais.
Já no panorama da reportagem, exemplifica-se a temática na contemporaneidade,
na perspectiva do desalinho do Assistente Social aos preceitos profissionais,
corroborando com as práticas alienantes do Capital, conforme ocorria durante o
Serviço Social Conservador.
Sob está lógica, conclui-se que as transformações vividas seguidamente pelo
capital, para a manutenção de sua hegemonia, colocam desafios constantes e cada
vez mais complexos ao Serviço Social, que precisa criar estratégias de intervenção
que materializem a construção profissional histórica de emancipação da classe
trabalhadora.
Em suma, é notória a obrigação dos profissionais do Serviço Social, se posicionarem
em defesa da classe trabalhadora, indo contra a uma lógica conservadora e
neoliberal que limita e mercantiliza a execução das políticas sociais, aplicando o
Código de Ética de 1993 e visando a construção de um novo modelo de sociedade
que expanda de forma justa os direitos sociais, e reduza as desigualdades sociais.

Referencias

AF, Redação. Assistente social diz que "erro foi cometido" e promete botar Ronaldo
Dimas no "pau" para defender amigo. 2016. Disponível em:
<https://afnoticias.com.br/cidades/assistente-social-diz-que-erro-foi-cometido-e-
promete-botar-ronaldo-dimas-no-pau-para-defender-amigo>. Acesso em: 15 mar.
2019.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Código de Ética do/a


Assistente Social - Lei 8662/93. Brasília-DF: Conselho Federal de Serviço Social
(CFESS), 2012.

NETTO, José Paulo. 2.2 Serviço Social e sincretismo, do capítulo 2 In.: ______
Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez Editora, 2011, p. 87-94.

PEREZ, Davi Machado. Sincretismo profissional, ecletismo e pluralismo. Trecho da


aula magna de inauguração da pós-graduação em Serviço Social na Universidade
Federal do Tocantins - UFT, maio de 2017. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=3QIBwqD2byI. Acessado em 15.mar.2019.

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SOUZA, Jamerson Murillo Anunciação de. Três notas sobre o sincretismo no Serviço
Social, São Paulo: Revista Serviço Social e Sociedade, n. 119, p. 531-559, jul./set.
2014.

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