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Resumo
The article presents seminal issues related to the Federal Centers for Technological
Education - CEFETs. It approaches historical aspects which antecipated the creation of the
Centers; defines its major factors and principles. The article does an assessment of its almost
twenty years of existence and it also offers some perspectives to CEFETs that should be
connected to the new paradigms and puts technological innovation as a main focus of its
activities.
1.Introdução
A concepção de educação tecnológica exige, cada vez mais, das instituições de ensino
e da sociedade, de modo geral, reflexões e aprofundamentos, em termos conceituais e
metodológicos, face à necessidade de acompanhar o ritmo intenso do progresso técnico e à
emergência de um novo paradigma organizacional, voltado para a inovação e a difusão
tecnológicas.
O sistema de ensino técnico-profissional no Brasil, apesar de sua longa experiência há
mais de 80 anos, vem sentindo no decorrer desse período carências no que tange ao
aprofundamento sistemático de seus conteúdos programáticos, considerando-se sobretudo o
papel importante que desempenha no cenário tecnológico e industrial do país.
As instituições envolvidas com o ensino técnico-profissional, fortalecidas pelos núcleos
das escolas técnicas e agrotécnicas, vêm sofrendo dificuldades ao longo desses anos,
especialmente com relação às políticas e estratégias educacionais e ao aporte de recursos
humanos e financeiros, muito embora estejam sobrevivendo com algumas conquistas
significativas. Neste sentido, registra-se o impacto que causou no sistema a criação dos
Centros Federais de Educação Tecnológica - CEFETs, a partir de 1978, onde se encontra uma
modalidade inovadora de formar jovens e reciclar profissionais, abrigando vários níveis
integrados de ensino, organizados vertical e horizontalmente: o técnico de 2º grau, o tecnólogo,
o engenheiro industrial, o pós-graduado e a formação de docentes.
Com o crescimento das atividades de educação tecnológica, diversificando-se e
tornando-se mais complexas, bem como exigindo das instituições responsáveis pelo ensino a
formulação de políticas de desenvolvimento, elaboração de programas de pesquisa, gestão e
condução de processos tecnológicos e administrativos, as necessidades de formação de
quadros qualificados se tornam, assim, cada vez mais imperiosas e urgentes.
Entretanto, qualquer que seja o esforço de capacitação em nível docente ou técnico-
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Licenciado em Filosofia, com doutorado na PUC/Paris, professor e coordenador do Programa de Pós-
Graduação em Tecnologia do CEFET-PR. e-mail: bastos@nupes.cefetpr.br
administrativo, é fundamental que se tenha em mente o contexto macro de educação
tecnológica, nos seus aspectos conceituais e epistemológicos, em condições de imprimir o
espírito formador que permeará as ações e as reflexões sobre as práticas.
2 - Antecedentes Históricos
A criação dos primeiros três Centros Federais de Educação Tecnológica prendeu-se a
um conjunto de fatores de várias ordens, que na oportunidade levou o MEC a transformar as
Escolas Técnicas Federais, de Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, visando a atingir uma
série de objetivos.
Na verdade, na década de 60, o acelarado desenvolvimento industrial que se havia
iniciado em fins da década anterior levou à proposta, formulada pela então Diretoria do Ensino
Superior do MEC, de criação de uma nova modalidade do curso de engenharia, que passou a
ser denominada de “engenharia de operação”. Tal iniciativa, aprovada pelo Parecer 60/63, do
Conselho Federal de Educação, deu origem à caracterização do novo profissional que se
prentendia formar, juntamente com a fixação do correspondente currículo mínimo a ser
seguido, mediante o Parecer 25/65, do mesmo Conselho.
Como as exigências e características de trabalho aparentemente eram bastante
favoráveis a esse novo tipo de profissional, e as escolas técnicas federais encontravam-se
razoavelmente aparelhadas com instalações de oficinas e laboratórios que permitiam a
formação prática preconizada para os engenheiros de operação, foram desenvolvidos esforços
para possibilitar a criação desses cursos dentro de pelo menos algumas escolas técnicas
existentes. Em conseqüência, após o Decreto-Lei nº 547, de 18/04/69, que autorizou as escolas
técnicas em geral a manterem cursos de engenharia de operação, o Decreto-Lei nº 796, de
27/06/69 autorizou em particular a criação desses cursos nas Escolas Técnicas Federais de
Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro.
Ainda, no âmbito desse quadro de evolução das escolas técnicas, o Governo Federal
iniciou negociações com o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento que
conduziram à efetivação do Contrato de Empréstimo Internacional nº 755/BR, em 21 de junho
de 1971, dentro do Acordo MEC/BIRD, visando à criação de “Centros de Engenharia” junto a
seis Escolas Técnicas Federais - além das três já mencionadas, também as da Bahia,
Pernambuco e São Paulo.
O citado Contrato destinava vinte milhões de dólares para construção, instalações de
equipamentos, laboratórios, preparação de recursos humanos no Brasil e no exterior, em nível
de graduação e pós-graduação, bem como para a elaboração de currículos e programas dos
cursos a serem implantados. Os objetivos do Contrato foram cumpridos, exceto no que tange à
implantação dos cursos preconizados para as Escolas Técnicas Federais de Pernambuco,
Bahia e São Paulo, pelas razões que se seguem.
Em Pernambuco, havia sérios problemas de espaço físico na Escola Técnica Federal,
provocados pelas enchentes, à época, do Rio Capiberibe, em Recife. Na Bahia, por iniciativa do
MEC/DAU, foi criado em 1976, o Centro de Educação Tecnológica da Bahia - CENTEC (Lei nº
6.344, de 06/07/78), em Salvador, destinado a ministrar exclusivamente cursos de formação de
tecnólogos, o que não justificava a duplicidade de esforços e de recursos com a abertura, na
mesma Cidade, de mais cursos de engenharia de operação. Em São Paulo, além das
dificuldades de espaço físico vividas pela Escola Técnica Federal, outras instituições de nível
superior tomaram a iniciativa de implantar cursos de engenharia de operação, na Cidade de
São Paulo, o que impediu de fazê-lo nas instalações dessa Escola.
Nesse ínterim, estudos procedidos pela Comissão de Especialistas de Ensino de
Engenharia do MEC, a partir de 1972, conduziram à proposta de extinção dos cursos de
engenharia de operação, em face da necessidade de elaboração de uma nova concepção do
ensino de engenharia que, dentre outros fatores, levou em conta a dualidade que havia
passado a existir entre o engenheiro de operação e o tecnólogo. A proposta da referida
Comissão foi aceita e, em 1977, foi extinto o curso de engenharia de operação mediante a
Resolução 05/77, do Conselho Federal de Educação (DAU/MEC, 1977: 183-198).
Assim, tornou-se necessário proceder à reformulação do projeto de criação dos
“Centros de Engenharia”, objeto do Contrato com o BIRD, tendo então sido estabelecido um
Grupo de Trabalho pela Portaria nº 83, de 09/08/76, do MEC, visando propor soluções objetivas
em face da nova conjuntura que passou a ser delineada. Esse Grupo de Trabalho, levando em
conta a nova concepção de ensino de engenharia que ficou consubstanciada no âmbito da
Resolução 48/76, do Conselho Federal de Educação, e também os estudos que levaram à
Resolução 04/77, que caracterizou a habilitação de engenheiro industrial, elaborou seu relatório,
em dezembro de 1976, apresentando alternativas para a transformação dos mencionados
“Centros de Engenharia”.
A partir do exame do relatório desse Grupo de Trabalho, o MEC finalmente decidiu pela
transformação das Escolas Técnicas Federais de Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro em
Centros Federais de Educação Tecnológica, com uma estrutura de ensino integrada, e com
peculiaridades outras que visavam experimentar um modelo inovador no que tange
especificamente à área industrial.
Em conseqüência, foram criados os três CEFETs pela Lei nº 6.545, de 30/06/78, que
explicitou também os seus objetivos gerais abaixo transcritos:
“I - ministrar ensino em grau superior:
a) de graduação e pós-graduação, visando à formação de profissionais em engenharia
industrial e tecnólogos;
b) licenciatura plena e curta, com vistas à formação de professores e especialistas para
as disciplinas especializadas no ensino de 2º grau e dos cursos de formação de
tecnólogos;
II - ministrar ensino de 2º grau, com vistas à formação de auxiliares e técnicos
industriais;
III - promover cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização, objetivando a
atualização profissional na área técnica industrial;
IV - realizar pesquisas na área técnica industrial, estimulando atividades criadoras e
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estendendo seus benefícios à comunidade mediante cursos e serviços”.
A seguir, o Decreto nº 87.310, de 21/06/82, definiu mais nitidamente os contornos dos
CEFETs, enunciando as características básicas que deveriam fundamentar sua atuação,
conforme transcrito a seguir:
“I - integração do ensino técnico de 2º grau com o ensino superior;
II - ensino superior como continuidade do ensino técnico do 2º grau, diferenciado do
sistema de ensino universitário;
III- acentuação na formação especializada, levando-se em consideração tendências
do mercado de trabalho e do desenvolvimento;
IV - atuação exclusiva na área tecnológica;
V - formação de professores e especialistas para as disciplinas especializadas do
ensino técnico de 2º grau;
VI - realização de pesquisas aplicadas e prestação de serviços;
VII - estrutura organizacional adequada a essas peculiaridades e aos seus objetivos”
Posteriormente, por várias razões que não cabe aqui explicitar, foram criados os
CEFETs do Maranhão (Lei nº 7.863, de 31/10/89) e da Bahia (Lei nº 8.711, de 26/09/93), com a
transformação da Escola Técnica Federal da Bahia e a incorporação do Centro de Educação
Tecnológica da Bahia - CENTEC (Lei nº 6.344, de 6/07/96).
3.Fatores e Princípios
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Posteriormente, a Lei nº 8.711, de 28/09/93, que cria o CEFET-BA, alterou este Artigo, enfatizando,
dentre os objetivos dos CEFETs, a dimensão mais ampla da educação tecnológica (e não só a área
industrial, formação de tecnólogos, técnicos industriais e pesquisa industrial), da seguinte forma: “Os
Centros Federais de Educação Tecnológica [...] têm por finalidade o oferecimento de educação
tecnológica e por objetivos: I - a) de graduação e pós-graduação lato sensu e stricto sensu, visando à
formação de profissionais e especialistas na área tecnológica (substituindo: “em engenharia industrial e
tecnólogos”); “...à formação de professores especializados para as disciplinas específicas do ensino
técnico e tecnológico”( substituindo “ à formação de professores e especialistas para as disciplinas
especializadas no ensino de 2º grau e dos cursos de formação de tecnólogos”); II - “ministrar cursos
técnicos, em nível de 2º grau, visando à formação de técnicos, instrutores e auxiliares de nível médio
(substituindo: “ministrar ensino de 2º grau, com vistas à formação de auxiliares e técnicos industriais); III -
“ministrar cursos de educação continuada visando à atualização e ao aperfeiçoamento de profissionais
na área tecnológica”(substituindo: “promover cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização,
objetivando a atualização profissional na área técnica industrial”); IV - “realizar pesquisas aplicadas na
área tecnológica ”(substituindo: “realizar pesquisas na área técnica industrial,...”)
Dentre os fatores que contribuiram para a criação dos CEFETs, destacam-se os seguintes:
4. A Avaliação
Pela análise desta Avaliação, percebe-se que houve um grande espaço de tempo entre
a promulgação da Lei nº 6.545/78 e a implementação das medidas cabíveis, que só
aconteceram em 1982. Surgiram dificuldades de toda ordem oriundas de escolas técnicas com
experiências exclusivamente de 2º grau, da introdução e extinção dos cursos de engenharia
operacional e, por fim, da implantação dos cursos de engenharia industrial. Depreende-se que a
assimilação do novo processo foi lenta e apresentou dificuldades de aceitação. Em nível do
MEC, havia indefinições com relação ao Órgão Supervisor dos CEFETs.
Na Segunda Avaliação (1986), quase dez anos após a criação dos CEFETs, foram
formuladas pelo GT algumas recomendações importantes. Note-se, na oportunidade, que, além
dos três CEFETs, foram avaliados o Centro de Educação Tecnológica da Bahia - CENTEC, o
Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”- CEET/SP e o Instituto de Tecnologia
da Amazônia - UTAM/AM.
O GT, após um trabalho exaustivo de avaliação em cada uma dessas Instituições,
apresenta recomendações específicas, e formula Proposição de uma Política de Ensino
Tecnológico, baseada nos seguintes tópicos:
• antecedentes históricos, situando os CEFETs e as Instituições congêneres;
• formulação de uma política voltada para o desenvolvimento dos cursos superiores
de tecnologia, como forma alternativa a ser resgatada e implementada;
• desenvolvimento de uma política para o ensino tecnológico, destacando o papel do
Governo, do Ministério da Educação e do Desporto e das Instituições.
O que caracterizou o trabalho deste Grupo foi uma análise aprofundada da situação
dos três CEFETs, incluindo outras Instituições de educação tecnológica e propondo medidas
concretas em níveis de uma definição e implementação de uma Política maior para a educação
tecnológica, estabelecendo claramente as esferas de competência governamental e
institucional.
A terceira Avaliação (1992) foi realizada por uma Comissão específica, que apresentou,
ao final, um Relatório circunstanciado contendo as bases do modelo CEFET, no contexto de
uma reforma universitária e da ciência e tecnologia. Em seguida, faz um retrospecto da criação
dos CEFETs e procede a um levantamento e análise dos dados das Instituições abordando a
situação real dos ensinos de graduação, pós-graduação e 2º Grau, bem como dos cursos de
extensão, aperfeiçoamento, especialização, pesquisas, serviços e o desempenho dos formados
pelos CEFETs.
Dentre as Conclusões e Recomendações dessa Comissão, é oportuno destacar o
seguinte:
• necessidade de continuar o processo de avaliação, estabelecendo critérios que
permitam análise nos níveis micro, meso e macro, visando ao contínuo
aprimoramento das atividades dos CEFETs na busca do atendimento de seus
objetivos;
• implementação do Conselho de Diretores dos CEFETs, preconizado pelo Decreto nº
87.310/82, como forum apropriado para se discutir as estratégias políticas, as
questões a serem resolvidas, recomendações e sugestões ao MEC, bem como os
parâmetros para o acompanhamento e avaliação continuada do modelo CEFET;
• dada a importância e especificidade da educação tecnológica, deve ela merecer
tratamento especial no panorama geral da educacão nacional;
• transformação da Escola Técnica Federal da Bahia em CEFET e incorporação do
CENTEC, esta sugerida face a dificuldades vividas pela Instituição e analisadas
exaustivamente;
• estabelecimento de uma política de financiamento, que além dos recursos
orçamentários previstos e providos pela União, deveria prever a criação de
mecanismos do tipo de fundações de apoio para captar e gerir com flexibilidade
recursos próprios provenientes da interação com os segmentos produtivos;
• incentivo ao sinergismo entre a prestação de serviços e o desenvolvimento de
pesquisas tecnológicas por parte dos CEFETs, em conexão com o desenvolvimento
do parque industrial e explorando áreas de maior densidade tecnológica como
mecânica de precisão, química fina, informática e novos materiais.
Hoje, a configuração dos CEFETs ampliou-se bastante. Dos três iniciais (MG, PR e
RJ), mais dois outros foram criados (MA e BA). A expansão do modelo deveu-se também à
criação das Unidades de Ensino Descentralidas - UNEDs, vinculadas à Administração Central
dos CEFETs, porém com grande potencial para desenvolver cursos e projetos integrados às
pecularidades regionais. Não há dúvida que a implantação das UNEDs demonstrou a
capacidade de se criar modelos alternativos de expansão, de maneira inteligente e flexível, sem
a necessidade de serem organizadas novas autarquias, diminuindo custos e simplificando os
mecanismos burocráticos.
Além dos cinco já criados, pela Lei nº 8.948, de 08/12/94, no seu Artigo 3º, as atuais
Escolas Técnicas Federais ficam transformadas em Centros Federais de Educação
Tecnológica, cuja implantação será efetivada gradativamente, mediante decreto específico para
cada Centro, obedecendo a critérios a serem estabelecidos pelo MEC. Os critérios para a
transformação dessas Escolas em CEFETs levarão em conta as instalações físicas, os
laboratórios e equipamentos adequados, as condições técnico-pedagógicas e administrativas, e
os recursos humanos e financeiros necessários ao funcionamento de cada Centro. As Escolas
Agrotécnicas poderão ser transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica após
processo de avaliação de desempenho a ser desenvolvido sob a coordenação do MEC.
Pela análise das avaliações realizadas e pelas observações decorrentes de contatos e
vivências com múltimas experiências nos CEFETs, constata-se que, após quase duas décadas,
algumas lacunas ainda permanecem.
b) A estrutura organizacional
Outro aspecto importante a ser ressalvado diz respeito à estrutura organizacional mais
adequada para os CEFETs, o que aliás já era objeto de consideração no Decreto nº 87.310/82.
A experiência do CEFET-PR aparentemente indica que a departamentalização, integrando
todos os níveis de docentes no mesmo departamento, constitui uma estrutura adequada à
melhor consecução dos objetivos definidos pelo modelo CEFET.
Esta questão da departamentalização, por sua vez, tem a ver com o estabelecimento
da carreira docente única, que se faz necessária para os CEFETs em face de sua própria
concepção, particularmente tendo em vista a integração vertical das atividades de ensino,
pesquisa e prestação de serviços preconizada nos documentos que deram origem à estrutura
jurídica dos CEFETs.
c) O entorno da verticalização
d) A formação de docentes
São ministrados, nos três CEFETs mais antigos, cursos de graduação visando à
formação de profissionais em engenharia industrial.
Seria oportuno proceder a uma avaliação mais aprofundada dos cursos de engenharia
industrial oferecidos pelos CEFETs, visando verificar até onde a conceituação, princípios e
orientações estariam realmente sendo seguidos.
Muito já foi escrito sobre as características dos cursos superiores de tecnologia e dos
profissionais por eles formados - os tecnólogos. Vale, no momento, destacar que tais cursos
visam ao atendimento de peculiaridades do desenvolvimento tecnológico regional, devidamente
comprovadas, devendo haver, no estabelecimento de seus planos curriculares, íntima
colaboração dos segmentos produtivos e da comunidade, para a adequada configuração das
tecnologias a serem aplicadas.
Esses cursos devem apresentar características de flexibilidade que permitam sua
criação e extinção à medida em que as condições regionais de trabalho o exigirem. São cursos
que verticalizam determinada área do conhecimento ou segmento tecnológico e não encurtam
carreiras tradicionais; visam a uma menor abrangência e ao mesmo tempo uma maior
especialização em setores mais específicos, destinados a formar profissionais habilitados à
supervisão de determinados setores da indústria ou de serviços, com formação
predominantemente prática.
Aparentemente a não criação desse tipo de curso em dois dos três CEFETs mais
antigos tem a ver ainda com certa incompreensão existente quanto à sua natureza
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específica. De fato, tal incompreensão extrapola o ambiente dos CEFETs permeando não só
os próprios segmentos produtivos como também a sociedade em geral (que ainda não
reconheceu o “status” do tecnólogo) e em particular a própria classe dos engenheiros (que
através de seus órgãos próprios tem-se oposto a este novo tipo de profissional numa atitude
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O CEFET-PR, o único dos três a implantar o curso superior de tecnologia em construção civil - modalidade
edificações, foi obrigado por circunstâncias alheias à sua vontade a extinguí-lo gradativamente, em contraposição à
grande aceitação por parte dos empresários e da comunidade. Em seu lugar foi criado o curso de engenharia de
produção civil a ser realizado em cinco anos.
corporativista eivada pelo receio da perda de fatias do mercado de trabalho).
O CEFET-BA vem desenvolvendo há anos vários cursos superiores de tecnologia.
Seria de todo oportuno realizar uma avaliação desses cursos, em termos de validade, de
aceitação por parte dos segmentos produtivos e da comunidade, bem como em seu
relacionamento com o 2º grau e com as perspectivas de serem criados cursos de engenharia
industrial.
O CEFET-MA vem desenvolvendo também cursos superiores de tecnologia,
convivendo com os cursos de 2º grau anteriormente implementados pela ex-Escola Técnica
Federal do Maranhão.
As dificuldades sentidas durante várias décadas com relação à implementação dos
cursos superiores de tecnologia, nos CEFETs e em outras instituições públicas ou privadas,
não invalidam o mérito da proposta, estimulada com muito afinco pelo MEC nos idos de 1972 e
depois arrefecida por outras políticas governamentais.
O projeto dos cursos superiores de tecnologia deve ser repensado em novas bases e
planejado cuidadosamente de acordo com os princípios e normas que vem regendo esta
modalidade criativa e alternativa de nível superior com grandes perspectivas de penetrar nas
regiões deste país.
i) O Ensino de Pós-Graduação
Os três CEFETs mais antigos iniciaram, em período mais recente, cursos de pós-
graduação “stricto sensu” no nível de mestrado, em áreas de concentração voltadas para a
tecnologia mecânica e elétrica, aplicação da informática, gestão e educação tecnológica.
Pelas características mencionadas acima, os CEFETs, como promotores da educação
tecnológica, devem pautar as políticas e as práticas da formação de recursos humanos, em
nível de pós-graduação e pesquisa, de acordo com essas peculiaridades.
A adaptação das linhas de pesquisa ao perfil de atuação dos CEFETs, no âmbito dos
programas de pós-graduação, não significa “improvisar” modelos ou, muito menos, reduzí-los a
um status de 2ª classe, prejudicando o que caracteriza um programa de pós-graduação: a
excelência e a qualidade por natureza.
Os programas de pós-graduação dos CEFETs devem manter uma linha nitidamente
tecnológica. É óbvio que o processo de investigação exigirá sempre métodos e conteúdos
científicos para reforçar necessariamente as bases da pesquisa. O escopo, porém, das linhas,
projetos de pesquisa, dissertações e teses deverá ser nitidamente tecnológico. O que significa,
na prática, buscar soluções de problemas situados nos segmentos produtivos e que contribuam
para beneficiar as mais diferentes parcelas da sociedade.
Assim, pode-se vislumbrar alguns cenários de pesquisa tecnológica, que se
transformarão progressivamente em verdadeiros núcleos de inovação tecnológica, gerando e
agregando conhecimentos, cujas atividades terão as seguintes características:
5. As Perspectivas
7. Conclusão
8. Referências bibliográficas