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PROCESSO Nº TST-RR-23800-75.2008.5.17.

0132

A C Ó R D Ã O
(5ª Turma)
GMDAR/JLFC/LMM  

I – JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ARTIGO 543-B


DO CPC/1973 (ARTIGO 1.041, CAPUT,
§1º, DO CPC/2015). TERCEIRIZAÇÃO.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA
TOMADORA DOS SERVIÇOS. EMPRESA DE
TELECOMUNICAÇÃO. MATÉRIA JULGADA PELO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 324,
RE 958.252 E ARE 791.932).
REPERCUSSÃO GERAL. 1. Discute-se nos
presentes autos a licitude da
terceirização de serviço entre as
Reclamadas. Esta Quinta Turma, em
acórdão pretérito, não conheceu do
recurso de revista interposto e, com
base no artigo 9º da CLT, manteve o
acórdão regional em que declarada a
ilicitude da terceirização e
reconhecida a responsabilidade
solidária da tomadora do serviço
(TELEMAR NORTE LESTE S.A.).
Interposto recurso extraordinário,
foi retido nos autos, conforme
determinação da Vice-Presidência
desta Corte. 2. Sobre o tema, o
Plenário do Supremo Tribunal Federal,
em 30/8/2018, ao julgar a Arguição de
Descumprimento de Preceito
Fundamental 324 e o Recurso
Extraordinário 958.252, com
repercussão geral e efeito
vinculante, firmou entendimento no
sentido de ser lícita a terceirização
de toda e qualquer atividade, meio ou
fim, não se estabelecendo relação de
emprego entre o tomador de serviços e
o empregado da empresa prestadora. 3.
Ainda, em 11/10/2018, o Plenário do
STF concluiu o julgamento do Recurso
Extraordinário com Agravo (ARE)
791932, com repercussão geral, o qual
versa sobre a possibilidade de
terceirização do serviço de call
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center, decidindo pela aplicação da


tese que considera lícita a
terceirização em todas as etapas do
processo produtivo. 4. Nesse
contexto, cumpre salientar que, nada
obstante o disposto no artigo 836 da
CLT, que constituiria, em princípio,
óbice para novo pronunciamento deste
Colegiado sobre o tema, não se pode
olvidar da ratio decidendi proferida
pelo Supremo Tribunal Federal, em
sede de repercussão geral, mostrando-
se pertinente o exercício de
retratação por este Colegiado, sob
pena de afronta aos princípios da
celeridade e da razoável duração do
processo (artigo 5º, LXXVIII, da CF).
Tal conclusão mais se enfatiza quando
se verifica que houve a interposição
de recurso extraordinário pela
segunda Reclamada, em face do
pretérito acórdão proferido por este
Colegiado, encontrando-se o recurso
retido nos autos, conforme
determinação do Vice-Presidente do
TST. 5. Sobre a necessidade de
realizar-se o juízo de retratação
nesse contexto processual, já decidiu
esta Quinta Turma, conforme
judiciosos fundamentos consignados no
acórdão proferido nos autos do
Processo TST-RR-10886-
31.2004.5.12.0011, da lavra do
Excelentíssimo Ministro Caputo
Bastos, no qual afirmada a
prevalência do princípio da
celeridade sobre o princípio do
devido processo legal, ponderando-se
que, "se de um lado a Constituição
Federal prima pelo respeito ao
devido processo legal, de outro
prestigia a celeridade do processo,
assegurando a todos a sua razoável
duração, como previsto no seu artigo
5°, LXXVIII." Foi elucidado ainda
que, ao "(...) se prestigiar a
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garantia da razoável duração do


processo, dá-se ao devido processo
legal dimensão substancial, na
medida em que se busca decidir
dentro dos parâmetros da
proporcionalidade e da
razoabilidade, assegurando ao
processo devida efetividade, com
atingimento da finalidade social
para a qual se destina." 6. Assim,
verificando-se que a decisão deste
Colegiado foi proferida em
desconformidade com a orientação do
STF, impõe-se o exercício do juízo de
retratação e o reexame dos recursos
interpostos, nos termos do artigo
543-B, § 3º, do CPC/73 (artigo 1.041,
§1º, do CPC/2015).

II – RECURSO DE REVISTA. PROCESSO NÃO


REGIDO   PELA   LEI   13.015/2014.
TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA DA TOMADORA DOS SERVIÇOS.
EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO. MATÉRIA
JULGADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
(ADPF 324, RE 958.252 E ARE 791.932).
REPERCUSSÃO GERAL. 1. Caso em que o
Tribunal Regional, reconhecendo que o
Reclamante desempenhou atividades
relacionadas à atividade-fim da
tomadora, declarou a ilicitude da
terceirização havida entre as partes
e a responsabilidade   solidária   da
segunda   Reclamada,  TELEMAR NORTE
LESTE S.A.. Deixou   de   reconhecer   o
vínculo   empregatício   do   Reclamante
diretamente   com   a   empresa   tomadora,
na forma da Súmula 331, I, do TST, ao
fundamento   de   que   o   Autor   não
formulou   pedido   expresso   nesse
sentido. 2. O Plenário do Supremo
Tribunal Federal, em 30/8/2018, ao
julgar a Arguição de Descumprimento
de Preceito Fundamental 324 e o
Recurso Extraordinário 958.252, com
repercussão geral e efeito
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vinculante, firmou entendimento no


sentido de ser lícita a terceirização
de toda e qualquer atividade, meio ou
fim, não se estabelecendo relação de
emprego entre o tomador de serviços e
o empregado da empresa prestadora. 3.
Ainda, em 11/10/2018, o Plenário do
STF concluiu o julgamento do Recurso
Extraordinário com Agravo (ARE)
791932, com repercussão geral, o qual
versa sobre a possibilidade de
terceirização do serviço de call
center, decidindo pela aplicação da
tese que considera lícita a
terceirização em todas as etapas do
processo produtivo. 4. Nesse cenário,
o Tribunal Regional, ao consignar que
restou caracterizada terceirização
ilícita de atividade-fim, proferiu
acórdão dissonante do atual
entendimento do Supremo Tribunal
Federal. Julgados desta Corte.
Contrariedade à Súmula 331, I, do TST
configurada. Recurso de revista
conhecido e provido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­23800­75.2008.5.17.0132,   em   que   é
Recorrente TELEMAR NORTE LESTE S/A e são Recorridos CARLOS DE AQUIMO
RAINHA e TELEMONT ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES S.A.

O   Tribunal   Regional   do   Trabalho   da   17ª   Região,


mediante o acórdão às fls. 583/590, complementado às fls. 602/603,
negou   provimento   ao   recurso   ordinário   da   primeira   Reclamada   e   deu
parcial provimento ao apelo da segunda Reclamada. 
A   segunda  Reclamada (TELEMAR NORTE LESTE S.A.)
interpôs recurso   de   revista   (fls.   608/626),   admitido   por   meio   da
decisão às fls. 630/632.
Contrarrazões às fls. 635/641.

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Esta  Turma,  por  meio  do  acórdão  às  fls.  659/670,


por   maioria,   não   conheceu   do   recurso   de   revista   quanto   ao   tema
"Terceirização - Vínculo de Emprego - Empresa de Telecomunicações".
Dessa decisão a segunda Reclamada interpôs recurso
extraordinário (fls. 677/695).
Determinou­se o retorno dos autos a esta 5ª Turma
(fls. 744/748), nos termos do artigo 1.030, II, do CPC, para análise
de eventual juízo de retratação.
É o relatório.

V O T O

I - JUÍZO DE RETRATAÇÃO

ARTIGO 543-B DO CPC/1973 (ARTIGO 1.041, CAPUT,


§1º, DO CPC/2015). TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA
TOMADORA DOS SERVIÇOS. EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO. MATÉRIA JULGADA
PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 324, RE 958.252 E ARE 791.932).
REPERCUSSÃO GERAL.

Discute-se nos presentes autos a licitude da


terceirização de serviço entre as Reclamadas. Esta Quinta Turma, em
acórdão pretérito, não conheceu do recurso de revista interposto e,
com base na Súmula 331, I/TST, manteve o acórdão regional em que
declarada a ilicitude da terceirização e reconhecida a
responsabilidade solidária da tomadora do serviço (TELEMAR NORTE
LESTE S.A.).
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, em
30/8/2018, ao julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental 324 e o Recurso Extraordinário 958.252, com repercussão
geral e efeito vinculante, firmou entendimento no sentido de ser
lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim,
não se estabelecendo relação de emprego entre o tomador de serviços
e o empregado da empresa prestadora.

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Ainda, em 11/10/2018, o Plenário do STF concluiu o


julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 791932, com
repercussão geral, o qual versa sobre a possibilidade de
terceirização do serviço de call center, decidindo pela aplicação da
tese que considera lícita a terceirização em todas as etapas do
processo produtivo.
Nesse contexto, cumpre salientar que não se olvida
de que, nos termos do artigo 836 da CLT e 505 do CPC, haveria, em
princípio,   óbice   para   novo   pronunciamento   deste   Colegiado   sobre   o
tema, por se considerar a possibilidade de configuração da preclusão
pro judicato.
Nada   obstante,   conforme   acima   explicitado,
verificando­se   que   o   tema   em   debate   foi   objeto   de   decisão   pela
Suprema Corte, em sede de repercussão geral, mostra­se pertinente o
exercício de retratação por este Colegiado, sob pena de afronta aos
princípios da celeridade e da razoável duração do processo (artigo
5º, LXXVIII, da CF).
Tal conclusão mais se enfatiza quando se verifica
que   houve   a   interposição   de   recurso   extraordinário   pela   segunda
Reclamada,   em   face   do   pretérito   acórdão   proferido   por   este
Colegiado,   em   que   declarada   a   ilicitude   da   terceirização   e
reconhecido o vínculo com a tomadora de serviço.
Sobre   a   necessidade   de   realizar­se   o   juízo   de
retratação nesse contexto processual, já decidiu esta Quinta Turma,
conforme   acórdão   proferido   nos   autos   do   Processo  TST-RR-10886-
31.2004.5.12.0011,   da   lavra   do   Excelentíssimo   Ministro   Caputo
Bastos.
No  referido   precedente,  afirmou­se   a  prevalência,
no  caso  concreto,  do  princípio  da  celeridade  sobre  o  princípio  do
devido   processo   legal,   ponderando­se   que,   "se   de   um   lado   a
Constituição Federal prima pelo respeito ao devido processo legal,
de outro prestigia a celeridade do processo, assegurando a todos a
sua   razoável   duração,   como   previsto   no   seu   artigo   5°,   LXXVIII",
sendo   certo   que,   ao  "(...)   se   prestigiar   a   garantia   da   razoável
duração   do   processo,   dá­se   ao   devido   processo   legal   dimensão
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substancial, na medida em que se busca decidir dentro dos parâmetros
da   proporcionalidade   e   da   razoabilidade,   assegurando   ao   processo
devida efetividade, com atingimento da finalidade social para a qual
se destina.
Ante o exposto e verificando-se que a conclusão
alcançada por este Colegiado mostra-se dissonante da orientação do
STF, impõe-se o exercício do juízo de retratação e o reexame do
recurso interposto, nos termos do artigo 543-B, § 3º, do CPC/73
(artigo 1.041, §1º, do CPC/2015).

II - RECURSO DE REVISTA

1. CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos extrínsecos de


admissibilidade, passo ao exame dos pressupostos intrínsecos do
recurso de revista.

1.1. TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA


TOMADORA DOS SERVIÇOS. EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO. MATÉRIA JULGADA
PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 324, RE 958.252 E ARE 791.932).
REPERCUSSÃO GERAL.

Constou do acórdão regional quanto ao tema:

(...)
Pretende a segunda ré afastar a responsabilidade solidária sob o
fundamento de que os serviços de terceirização são de atividade-meio, além
de terem sido firmado de forma lícita, com escopo no art. 94, inciso II, da
Lei Geral de Telecomunicações.
Não assiste razão à recorrente.
Conforme o instrumento de fls. 316-330, foi a primeira reclamada
contratada para prestar serviços de implantação e manutenção de rede
de acesso de telecomunicações e o reclamante, como se vê da
contestação da primeira reclamada (fl. 126), foi admitido como
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instalador de serviços de banda larga, função essa que, diversamente


do alegado, se insere na atividade essencial da empresa recorrente,
ligada diretamente ao seu objeto social (exploração de serviços de
telecomunicações e atividades necessárias ou úteis à execução desses
serviços).
Trata-se, portanto, indubitavelmente, de contratação de mão-de-
obra por empresa interposta, para execução de serviços inerentes à
atividade-fim da tomadora, conforme é público e notório, em face da
pletora de ações versando sobre a mesma matéria que tramitam nesta
Justiça. Efetivamente, tais serviços são tão essenciais ao exercício da
atividade empresarial da Telemar que os contratos a eles relativos são
sucessivamente renovados, ainda que não com as mesmas prestadoras.
Constata-se, assim, a ocorrência do fenômeno da terceirização ilegal,
porquanto as exceções autorizadas pelo ordenamento restringem-se ao
trabalho temporário, assim definido em lei específica (Lei n.° 6.019/74), e
aos serviços do setor terciário (vigilância, conservação e limpeza e outros
da atividade-meio da empresa tomadora do serviço). Terceirizar serviço
inerente ao objeto principal do empregador é fraudar a legislação
trabalhista, bem como todos os princípios que a regem.
Entretanto, considerando-se que o reclamante limitou-se a
pleitear a responsabilidade solidária da TELEMAR, não há como
aplicar os termos do inc. I da Súmula 331 do TST, reconhecendo o
vínculo de emprego diretamente com a segunda ré.
Assim, tenho como correta a sentença que reconheceu a
responsabilidade solidária da segunda reclamada, ante a configuração
da ilicitude da terceirização.
Logo, mantenho a sentença, ressaltando que não há falar em
violação ao princípio da legalidade, insculpido no inciso II do art. 5.°
da CF. Ao contrário, como visto, o ordenamento jurídico laboral é que
impõe essa solução (CLT, art. 9.°), por vedar a terceirização nos termos
realizados pela recorrente.
Nego provimento.
(...). (fls. 585/586 – destaquei)

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A segunda Reclamada (TELEMAR NORTE LESTE S.A.)


sustenta, em síntese, que houve terceirização desvinculada da sua
atividade-fim.
Afirma a ausência de responsabilidade solidária da
tomadora de serviços, ao argumento de que "No presente caso não há
nenhum dos elementos que configurariam fraude à aplicação dos
preceitos do artigo 9o da CLT. Também é certo que não houve qualquer
irregularidade na contratação pela empresa terceirizada." (fl. 613).
Aponta violação dos artigos 5º, II, da CF, 9º da
CLT, 60, 94, II, da Lei 9.472/1997, bem como contrariedade à Súmula
331 do TST. Colaciona arestos.
Ao exame.
O Tribunal Regional,   considerando   a   ilicitude   da
terceirização praticada entre as partes, declarou a responsabilidade
solidária   da   segunda   Reclamada,  TELEMAR NORTE LESTE S.A.,
explicitando que os serviços prestados pelo Autor estão inseridos na
atividade­fim   da   empresa   tomadora.   Deixou   de   reconhecer   o   vínculo
empregatício   do   Reclamante   diretamente   com   a   empresa   tomadora,   na
forma da Súmula 331, I, do TST, ao fundamento de que o Reclamante
não formulou pedido expresso nesse particular.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, em
30/8/2018, ao julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE) 958.252, com
repercussão geral, firmou entendimento no sentido de ser lícita a
terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se
estabelecendo relação de emprego entre o tomador de serviços e o
empregado da empresa prestadora.
Assim restou decido na ADPF 324/DF, de relatoria
do Excelentíssimo Ministro Roberto Barroso:

O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator,


julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É lícita a
terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se
configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado da
contratada. 2. Na terceirização, compete à contratante: i) verificar a
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idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder


subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como
por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993,
vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e
Marco Aurélio. Nesta assentada, o Relator esclareceu que a presente
decisão não afeta automaticamente os processos em relação aos quais tenha
havido coisa julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia.
Plenário, 30.8.2018.

No julgamento do RE 958.252/MG, de relatoria do


Excelentíssimo Ministro Luiz Fux, ficou estabelecido que:

O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, apreciando


o tema 725 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário,
vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e
Marco Aurélio. Em seguida, o Tribunal fixou a seguinte tese: "É lícita a
terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas
envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante",
vencida a Ministra Rosa Weber. O Ministro Marco Aurélio não se
pronunciou quanto à tese. Ausentes os Ministros Dias Toffoli e Gilmar
Mendes no momento da fixação da tese. Presidiu o julgamento a Ministra
Cármen Lúcia. Plenário, 30.8.2018.

Nos termos em que proferidas as decisões, ambas


com efeito vinculante, extrai-se: "É lícita a terceirização ou
qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas
distintas, independentemente do objeto social das empresas
envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa
contratante"; "É lícita a terceirização de toda e qualquer
atividade, meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre
a contratante e o empregado da contratada"; "Na terceirização,
compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade
econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo
descumprimento das normas trabalhistas, bem como por obrigações
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previdenciárias, na forma do artigo 31 da Lei 8.212/1993"; a decisão


proferida no julgamento da ADPF 324 "não afeta automaticamente os
processos em relação aos quais tenha havido coisa julgada".
Nesse cenário, o Tribunal Regional, ao concluir
que restou caracterizada terceirização ilícita, uma vez que o
Reclamante prestava serviços referentes à atividade-fim da tomadora,
proferiu acórdão dissonante do atual entendimento do Supremo
Tribunal Federal.
Nesse sentido, vale citar:

A)RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA SEGUNDA


RECLAMADA (CONTAX S.A.). RECURSO INTERPOSTO DE
DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DAS LEIS 13.015/2014
E 13.467/2017.(...) . B)RECURSOS DE REVISTA INTERPOSTOS PELA
PRIMEIRA RECLAMADA (NET SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO
S.A.) E PELA SEGUNDA RECLAMADA (CONTAX S.A.). ANÁLISE
CONJUNTA. RECURSOS INTERPOSTOS DE DECISÃO PUBLICADA
ANTES DA VIGÊNCIA DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. 1.
TERCEIRIZAÇÃO. OPERADOR DE TELEMARKETING. LICITUDE.
ADPF Nº 324 E RE Nº 958.252. TESE FIRMADA PELO STF EM SEDE
DE REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 94, II, DA LEI Nº
9.472/97 À LUZ DOS PRECEDENTES DO STF. CONHECIMENTO E
PROVIMENTO. I. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão
geral em relação ao tema da terceirização, cujo deslinde se deu em
30/08/2018, com o julgamento do RE nº 958.252 e da ADPF nº 324, de que
resultou a fixação da seguinte tese jurídica de caráter vinculante: "é lícita a
terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas
envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante".
A partir de então, esse entendimento passou a ser de aplicação obrigatória
aos processos judiciais em curso em que se discute a terceirização,
impondo-se, inclusive, a leitura e a aplicação da Súmula nº 331 do TST à
luz desses precedentes. II. No caso dos autos, o Tribunal de origem
entendeu pela ilicitude da terceirização em relação às atividades
desenvolvidas pela parte Autora, com consequente reconhecimento de
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vínculo de emprego diretamente com o tomador de serviços, na forma da


Súmula nº 331, I, do TST. Esse entendimento diverge da jurisprudência
atual, notória e de caráter vinculante do Supremo Tribunal Federal acerca
da matéria, razão pela o provimento ao recurso de revista é medida que se
impõe. III. Recurso de revista de que se conhece, por violação do art. 94,
II, DA LEI Nº 9.472/97, e a que se dá provimento. (RR - 273-
23.2012.5.04.0001, Relator Ministro Alexandre Luiz
Ramos, 4ª Turma, DEJT 19/10/2018).

RECURSOS DE REVISTA DAS RECLAMADAS (ANÁLISE


CONJUNTA). SERVIÇO DE CALL CENTER. SOCIEDADE
EMPRESÁRIA DE TELECOMUNICAÇÕES. TERCEIRIZAÇÃO.
LICITUDE. PROVIMENTO. (MATÉRIA COMUM). A aferição da licitude
da terceirização no âmbito desta Corte Superior demandava prévia análise
do objeto da contratação. Isso porque sempre se entendeu pela
impossibilidade da terceirização de serviços ligados à atividade precípua da
tomadora de serviços, com o fim de evitar a arregimentação de empregados
por meio da intermediação de mão de obra e, por consequência, a
precarização de direitos trabalhistas (Súmula nº 331, itens I e III). A
questão, contudo, foi submetida à apreciação do Supremo Tribunal Federal
na ADPF 324 e no RE 958.252, em repercussão geral, os quais foram
julgados conjuntamente em 30.8.2018, ocasião em que foi fixada a seguinte
tese jurídica: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do
trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto
social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
empresa contratante." A partir dessa data, portanto, em razão da natureza
vinculante das decisões proferidas pelo excelso Supremo Tribunal Federal
nos aludidos feitos, passou-se a reconhecer a licitude das terceirizações em
qualquer atividade empresarial, de modo que a empresa tomadora apenas
poderá ser responsabilizada subsidiariamente. É inequívoco que, em se
tratando de concessionárias de telecomunicações, a Lei nº 9.472/1997, que
disciplina a organização da prestação desse serviço público, em seu artigo
94, II, autoriza a contratação de terceiros para "o desenvolvimento de
atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço, bem como a
implementação de projetos associados". Não há, pois, qualquer limitação
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PROCESSO Nº TST-RR-23800-75.2008.5.17.0132

quanto ao tipo de serviço que poderá ser prestado por terceiro. Impende
destacar que a excelsa Corte, em 11.10.2018, julgou o ARE 791.932, tema
739 da repercussão geral, em que se discutia a possibilidade de recusa de
aplicação do artigo 94, II, da Lei nº 9.472/1997, em razão da invocação do
entendimento preconizado na Súmula nº 331, sem a observância da regra de
reserva de plenário. No referido julgamento, foi fixada a seguinte tese: "É
nula a decisão de órgão fracionário que se recusa a aplicar o artigo 94, II, da
Lei nº 9.472/1997, sem observar a cláusula de reserva de Plenário (CF, art.
97), observado o art. 949 do Código de Processo Civil". Conclui-se, desse
modo, com base nas decisões proferidas pela excelsa Corte na ADPF 324,
no RE 958.252 e no ARE 791.932, ser plenamente possível a terceirização
de serviços afetos às atividades precípuas das concessionárias de
telecomunicações, de modo que é irrelevante aferir se as funções a serem
desempenhadas pela contratada estariam inseridas nas atividades essenciais
ou acessórias da contratante. Na hipótese, o Tribunal Regional reconheceu a
ilicitude da terceirização, ao fundamento de que o serviço de call center
prestado pela reclamante encontra-se diretamente relacionado à atividade
desenvolvida pela empresa tomadora. Nesse contexto, mostra-se flagrante
a ofensa ao artigo 94, II, da Lei nº 9.472/1997. Recursos de revista de que
se conhece e aos quais se dá provimento. 2 (...) (RR - 277-
49.2010.5.03.0004, Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, 4ª Turma, DEJT 19/10/2018).

RECURSO DE REVISTA. SERVIÇO DE CALL CENTER. BANCO.


TERCEIRIZAÇÃO. LICITUDE. NÃO CONHECIMENTO. A aferição da
licitude da terceirização no âmbito desta Corte Superior demandava prévia
análise do objeto da contratação. Isso porque sempre se entendeu pela
impossibilidade da terceirização de serviços ligados à atividade precípua da
tomadora de serviços, com o fim de evitar a arregimentação de empregados
por meio da intermediação de mão de obra e, por consequência, a
precarização de direitos trabalhistas (Súmula nº 331, itens I e III). A
questão, contudo, foi submetida à apreciação do Supremo Tribunal Federal
na ADPF 324 e no RE 958.252, em repercussão geral, os quais foram
julgados conjuntamente em 30.8.2018, ocasião em que foi fixada a seguinte
tese jurídica: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do
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trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto


social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
empresa contratante." Desse modo, a partir dessa data, em razão da
natureza vinculante das decisões proferidas pelo excelso Supremo Tribunal
Federal nos aludidos feitos, deve ser reconhecida a licitude das
terceirizações em qualquer atividade empresarial, de modo que a empresa
tomadora apenas poderá ser responsabilizada subsidiariamente. Na
hipótese, o egrégio Tribunal Regional concluiu que não houve
descaracterização do contrato de trabalho, porquanto as funções
desempenhadas pela reclamante não se enquadravam nas atividades
precípuas da entidade financeira reclamada, já que exercia atividade típica
de telemarketing para a cobrança de inadimplentes de cartões Amex,
atendendo clientes e não clientes do Banco. Ainda consignou que não se
vislumbrou subordinação jurídica direta em relação à segunda reclamada,
sendo incontroverso que os superiores hierárquicos da autora eram
funcionários da primeira reclamada. Diante de tais fundamentos, não
visualizo, no caso, contrariedade à Súmula 331, I, e violação do artigo 9º da
CLT. Os artigos 7º, XXXII, e 22, I, da Constituição Federal e 17 da Lei
4595/64 não guardam pertinência com o cerne da questão. Arestos
inservíveis. Recurso de revista de que não se conhece. (RR - 12036-
14.2015.5.03.0043 Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, 4ª Turma, DEJT 11/10/2018).

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.015/2014.
ENTE PRIVADO. TERCEIRIZAÇÃO NA ATIVIDADE-MEIO E NA
ATIVIDADE-FIM DAS EMPRESAS. LICITUDE. DECISÃO
PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA ADPF N.º
324 E NO RE N.º 958.252, COM REPERCUSSÃO GERAL
RECONHECIDA (TEMA 725). O Plenário do Supremo Tribunal Federal,
no dia 30/8/2018, ao julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário (RE) n.º 958.252,
com repercussão geral reconhecida, decidiu que é lícita a terceirização em
todas as etapas do processo produtivo, ou seja, na atividade-meio e na
atividade-fim das empresas. A tese de repercussão geral aprovada no RE n.º
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958.252 (Rel. Min. Luiz Fux), com efeito vinculante para todo o Poder
Judiciário, assim restou redigida: "É licita a terceirização ou qualquer outra
forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a
responsabilidade subsidiária da empresa contratante" destacamos. Do
mesmo modo, no julgamento da ADPF n.º 324, o eminente Relator, Min.
Roberto Barroso, ao proceder a leitura da ementa de seu voto, assim se
manifestou: "I. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou
fim, não se configurando relação de emprego entre a contratante e o
empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à tomadora do
serviço: I) zelar pelo cumprimento de todas as normas trabalhistas, de
seguridade social e de proteção à saúde e segurança do trabalho incidentes
na relação entre a empresa terceirizada e o trabalhador terceirizado; II)
assumir a responsabilidade subsidiária pelo descumprimento de obrigações
trabalhistas e pela indenização por acidente de trabalho, bem como a
responsabilidade previdenciária, nos termos do art. 31 da Lei 8.212/1993"
grifamos. Assim ficou assentado na certidão de julgamento: "Decisão: O
Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou
procedente a arguição de descumprimento de preceito fundamental,
vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e
Marco Aurélio" (g.n). Prevaleceu, em breve síntese, como fundamento o
entendimento no sentido de que os postulados da livre concorrência (art.
170, IV) e da livre-iniciativa (art. 170), expressamente assentados na
Constituição Federal de 1.988, asseguram às empresas liberdade em busca
de melhores resultados e maior competitividade. Quanto à possível
modulação dos efeitos da decisão exarada, resultou firmado, conforme
decisão de julgamento da ADPF n.º 324 (Rel. Min. Roberto Barroso), que:
"(...) o Relator prestou esclarecimentos no sentido de que a decisão deste
julgamento não afeta os processos em relação aos quais tenha havido coisa
julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário,
30.8.2018" grifo nosso. Nesse contexto, a partir de 30/08/2018, é de
observância obrigatória aos processos judiciais em curso ou pendente de
julgamento a tese jurídica firmada pelo e. STF no RE n.º 958.252 e na
ADPF n.º 324. No caso concreto, conforme se depreende do acórdão
regional, a reclamante foi contratada pela primeira reclamada para prestar
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serviços de telemarketing para o BANCO BRADESCO S.A., mediante


terceirização, e que tinha como função atividades relacionadas a vendas de
seguros, emissão de segunda via de cartão, dúvidas sobre cartões de crédito,
empréstimo pessoal, além de cuidar de programa de fidelidade, etc. Tais
atividades, ao longo de muitas décadas, segundo a doutrina e jurisprudência
trabalhista, enquadraram-se no conceito de atividade finalística. Sucede,
porém, que tal diferenciação entre o conceito do que seria atividade-fim ou
atividade-meio e seus respectivos efeitos no caso prático, após a citada
decisão do e. STF no julgamento do RE n.º 958.252 e na ADPF n.º 324,
deixou de ter relevância. Isso porque, em se tratando de terceirização, seja
ela de atividade-meio ou fim, a sua licitude deve ser sempre reconhecida.
Assim, não há mais espaço para o reconhecimento do vínculo empregatício
com o tomador de serviços sob o fundamento de que houve terceirização
ilícita (ou seja, terceirização de atividade essencial, fim ou finalística),
porque o e. STF, consoante exposto, firmou entendimento de que toda
terceirização é sempre lícita, inclusive consignando a impossibilidade de
reconhecimento de vínculo empregatício do empregado da prestadora de
serviços com o tomador. Não se detecta violação do art. 9.º da CLT. Os arts.
611 e 795 não guardam pertinência temática com a matéria em discussão.
Em virtude da recente decisão do e. STF no julgamento do RE n.º 958.252
e na ADPF n.º 324, superada a orientação contida na Súmula n.º 331, I, do
TST, bem como dos arestos colacionados para cotejo de teses. Agravo de
instrumento não provido. (AIRR - 1100-86.2013.5.06.0019
Relator Ministro Breno Medeiros, 5ª Turma, DEJT
05/10/2018).

CONHEÇO do recurso de revista por contrariedade à


Súmula 331, I/TST.

2. MÉRITO

2.1. TERCEIRIZAÇÃO. LICITUDE. MATÉRIA JULGADA PELO


SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL.

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Conhecido do recurso de revista por contrariedade


à Súmula 331, I/TST, DOU-LHE PROVIMENTO, para, reputando lícita a
terceirização,  afastar a condenação ao pagamento de parcelas daí
decorrentes e, por conseguinte, a responsabilidade solidária da
TELEMAR NORTE LESTE S.A., mantendo, entretanto, a responsabilidade
subsidiária desta  pelo adimplemento das verbas trabalhistas devidas
pela primeira Reclamada.

ISTO POSTO

ACORDAM  os   Ministros   da   Quinta   Turma   do   Tribunal


Superior   do   Trabalho,   por   unanimidade,   I  - exercer o Juízo de
retratação previsto no artigo 1.041, § 1º, do CPC/2015 (artigo 543-
B, § 3º, do antigo CPC); II - conhecer do recurso de revista quanto
ao   tema  "TERCEIRIZAÇÃO.  RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA TOMADORA DOS
SERVIÇOS. EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO. MATÉRIA JULGADA PELO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 324, RE 958.252 E ARE 791.932). REPERCUSSÃO
GERAL", por contrariedade à Súmula 331, I/TST, e, no mérito, dar­lhe
provimento,  para, reputando lícita a terceirização,  afastar a
condenação ao pagamento de parcelas daí decorrentes e, por
conseguinte, a responsabilidade solidária da TELEMAR NORTE LESTE
S.A., mantendo, entretanto, a responsabilidade subsidiária desta
pelo adimplemento das verbas trabalhistas devidas pela primeira
Reclamada. Mantido o valor da condenação. Custas inalteradas.
Brasília, 21 de agosto de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DOUGLAS ALENCAR RODRIGUES
Ministro Relator

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