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BR/EXPLICADO/)
Criado para unir a Europa pós-guerra, o bloco cresceu, ficou complexo e hoje
luta para sobreviver em meio a uma instabilidade econômica e identitária
O Nexo, então, resgata a história e o desenvolvimento da União Europeia, sua importância política e seu
funcionamento para explicar o que está em jogo agora e como o bloco chegou até aqui.
O bloco pode ser definido como uma união econômica e monetária. Isso significa que todos os seus membros
coordenam políticas econômicas entre si e formam um grande mercado único, congregando suas capacidades
produtivas e se transformando em um dos atores internacionais mais poderosos. Além disso, boa parte deles
compartilha a mesma moeda: o euro.
Para facilitar essa coordenação política, foram criadas instituições supranacionais, competentes para impor
leis e sanções aos países-membros do bloco nas mais diferentes áreas — desde a econômica até de direitos
humanos, cultura, educação e meio ambiente.
“Os Estados-Membros delegam alguns dos seus poderes de decisão nas
instituições comuns que criaram, de modo a assegurar que as decisões sobre
assuntos do interesse comum possam ser tomadas democraticamente a nível
europeu”
Comissão Europeia
Por ser tão abrangente, a União Europeia é considerada a iniciativa de integração regional mais desenvolvida
do mundo. Os blocos podem ser divididos em diferentes níveis, de acordo com o aprofundamento da
integração:
Blocos regionais
UNIÃO ADUANEIRA
Estabelece uma tarifa externa comum para os produtos comprados de países de fora do
grupo. Embora seu nome indique o contrário, o Mercosul (Mercado Comum do Sul) é
considerado ainda uma união aduaneira com a intenção de chegar ao mercado comum.
MERCADO COMUM
Permitida a livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas. Nesse estágio de integração,
os países ainda possuem políticas macroeconômicas distintas.
Além de crescer em número de membros (alargamento), o grupo não deixou de crescer em complexidade
(aprofundamento, como visto no gráfico acima). Esse é um fenômeno difícil, uma vez que os dois movimentos
são praticamente opostos. Quanto mais países-membros, maior a diversidade de interesses, o que tende a
tornar a integração mais rasa para poder agradar a todos.
A ideia de criar um movimento de integração surge com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. O
continente teve sua história moderna marcada por guerras e tensões entre países vizinhos, que culminaram
nas duas grandes guerras.
A ideia era integrar a produção das indústrias de carvão e aço — uma área
estratégica por ser base da indústria armamentícia
A maneira encontrada para superar essas rivalidades foi criar um sistema que tornasse os países
interdependentes. Esse sistema deveria ser forte e, sobretudo, unir Alemanha e França, rivais históricos e
duas grandes potências econômicas. Além disso, também criava um grupo maior para se opor à gigante
vizinha União Soviética.
Alguns dos maiores entusiastas dessa ideia — e que são considerados os idealizadores
(https://europa.eu/european-union/about-eu/history/founding-fathers_en#box_7) do que hoje é a União
Europeia — foram os políticos que lideravam países europeus no período pós-guerra, como o chanceler da
Alemanha Ocidental Konrad Adenauer, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, os políticos
franceses Jean Monnet e Robert Schuman e o belga Paul-Henri Spaak.
“Nós precisamos recriar a família europeia em uma estrutura regional
chamada, talvez, os Estados Unidos da Europa, e o primeiro passo prático
será criar o Conselho da Europa”
Winston Churchill
Primeiro-ministro britânico durante discurso em Zurique, na Suíça, em 1946
O primeiro passo oficial foi o documento de 1950 chamado Plano Schuman (https://europa.eu/european-
union/about-eu/symbols/europe-day/schuman-declaration_pt), apresentado pelo então ministro de
Relações Exteriores da França, Robert Schuman, e desenhado com a ajuda do conselheiro político francês
Jean Monnet.
O plano foi o passo mais importante para a assinatura do Tratado de Paris, em 1951, que deu origem à
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca), composta por França, Bélgica, Luxemburgo, Holanda,
Itália e Alemanha Ocidental. Esses seis países são considerados os primeiros membros da União Europeia.
EM 1951, O ENTÃO CHANCELER DA ALEMANHA OCIDENTAL, KONRAD ADENAUER, ASSINA O TRATADO DE PARIS
A ideia era integrar a produção das indústrias de carvão e aço desses países sob uma autoridade
supranacional que a coordenaria — uma área estratégica, por ser base da indústria armamentícia. Assim,
todos os membros saberiam tudo o que os outros faziam com suas indústrias militares.
“A solidariedade de produção assim alcançada revelará que qualquer guerra
entre a França e a Alemanha se tornará não apenas impensável como
também materialmente impossível”
Trecho do Plano Schuman
Documento francês de 9 de maio de 1950
Em 25 de março de 1957 os mesmos seis países assinaram o Tratado de Roma, criando a Comunidade
Econômica Europeia e a Comunidade Europeia de Energia Atômica. Estava instaurado o Mercado Comum,
uma das principais ambições do projeto europeu.
O bloco foi evoluindo e se tornando mais abrangente. Novas instituições foram criadas para unir as diferentes
comunidades que surgiam sob uma governança unificada, até que em 1992 o Tratado de Maastricht fundou a
União Europeia nos moldes de hoje, salvos alguns ajustes institucionais feitos de lá pra cá. Ele entrou em
vigor em novembro de 1993, e criou a união econômica e monetária que caracteriza o bloco hoje.
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países fazem parte da União Europeia, incluindo o Reino Unido, que ainda não a deixou juridicamente
A Ceca é considerada a primeira formação oficial da União Europeia, Depois dos seis primeiros, os novos
membros tiveram que se adaptar ao modelo.
Para poder fazer parte do bloco, é necessário que o país cumpra algumas exigências pré-estabelecidas. Elas
são conhecidas como os “Critérios de Copenhague (http://eur-
lex.europa.eu/summary/glossary/accession_criteria_copenhague.html?locale=pt)”, por terem sido
oficializadas em uma reunião na capital dinamarquesa. O documento especifica três condições a serem
cumpridas pelo candidato.
1 ESTABILIDADE POLÍTICA
A primeira exigência é que o país tenha instituições estáveis que garantam a “democracia, o
Estado de direito, os direitos humanos e o respeito e proteção às minorias”.
2 ESTABILIDADE ECONÔMICA
O candidato também deve ter necessariamente uma economia de mercado em
funcionamento, com a capacidade de se integrar à “concorrência e às forças de mercado
existentes na União Europeia”.
Além da compatibilidade política e jurídica, o Estado também deve aceitar e internalizar leis
de 35 diferentes tópicos (https://ec.europa.eu/neighbourhood-
enlargement/policy/conditions-membership/chapters-of-the-acquis_en), que regulam desde
a livre circulação de capitais até as bases para o desenvolvimento de transporte integrado.
Caso a União Europeia, através de sua Comissão, entenda que um candidato ainda tem problemas internos
para se adequar às normas coletivas, ele será mantido como apenas um candidato até que consiga resolver
essas questões. Hoje, cinco países estão nessa situação.
O caso da Turquia
A Turquia é talvez o maior exemplo de como a entrada de um novo membro na União Europeia também
depende da vontade política dos membros, e não apenas dos critérios de Copenhague. Alguns dos principais
fatores que jogam contra os turcos são:
Falta de identidade cultural compartilhada com o resto da Europa, no entendimento de
alguns membros;
Longo apoio dos EUA para sua adesão, o que é visto pelos outros países como uma
tentativa dos americanos instaurarem uma agenda de interesses próprios dentro da
Europa.
CHANCELER ALEMÃ ANGELA MERKEL FALA COM PRESIDENTE TURCO RECEP TAYYIP ERDOGAN
Mais do que isso, França e Alemanha, as duas maiores economias e lideranças políticas do grupo, são
abertamente contra a ideia de a Turquia se juntar ao bloco.
Por outro lado, a Turquia é um ator importante para a segurança europeia, uma vez que constitui o “portão de
entrada” do Oriente Médio à Europa. Por isso, turcos e europeus jogam constantemente com a possibilidade
de entrada no grupo como barganha política (https://www.theguardian.com/politics/2016/may/22/vote-
leave-turkey-warning-ignorance-european-realities).
Espaço Schengen
Os países que fazem parte do acordo de Schengen não praticam nenhum tipo de controle fronteiriço entre si.
Isso significa que pessoas de qualquer nacionalidade — mesmo as que não são europeias — podem circular
livremente entre eles.
Para isso, todos os países-membros se comprometem a ser mais rigorosos com a aceitação de estrangeiros em
suas fronteiras externas. O acordo tem esse nome por ter sido assinado no vilarejo de Schengen, em
Luxemburgo, na tríplice fronteira com França e Alemanha.
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países fazem parte (http://www.diplomatie.gouv.fr/en/coming-to-france/getting-a-visa/article/list-
of-schengen-area-member) do Espaço Schengen
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deles não são da União Europeia: Noruega, Islândia, Suíça e Liechtenstein
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membros da União Europeia não fazem parte: Reino Unido, Irlanda, Chipre, Romênia, Bulgária e
Croácia
Eventualmente (http://ec.europa.eu/home-affairs/sites/homeaffairs/files/what-we-do/policies/borders-
and-visas/schengen/reintroduction-border-control/docs/ms_notifications_-
_reintroduction_of_border_control_en.pdf) um país do Espaço Schengen pode controlar suas fronteiras
caso alegue que exista um risco real à sua segurança nacional. Mais recentemente, o grande fluxo de
refugiados que buscam asilo no continente (https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/03/03/A-crise-
dos-refugiados-na-Europa-em-5-gr%C3%A1ficos) fez com que pelo menos sete dos membros evocassem esse
dispositivo.
Os países que não fazem parte da área têm motivos diferentes para isso. O Reino Unido nunca integrou
Schengen por ser mais rígido com sua segurança de fronteiras. A Irlanda, por possuir um acordo de fronteiras
abertas com o Reino Unido, seguiu os britânicos na decisão.
Já Romênia, Bulgária, Chipre e Croácia estão em situação oposta: querem fazer parte, mas os outros
membros exigem maior eficiência no controle de suas fronteiras externas.
Zona do Euro
A União Europeia é um mercado único e nele existem países que compartilham também a mesma moeda: o
euro (€). É a segunda principal moeda em termos de troca, presente em 31% das operações de câmbio no
mundo — embora esteja em queda desde 2010 (http://www.bis.org/publ/rpfx16fx.pdf).
A lógica é que uma vez que produtos, serviços, pessoas e capitais são livres para circular dentro do bloco, o
trabalho de efetuar o câmbio cada vez que uma fronteira é atravessada seria um impedimento para que o
mercado único funcionasse da melhor forma possível, além de ser um processo custoso. O euro acaba com
esse problema.
337 milhões
de pessoas vivem em países que adotaram o euro
A tendência, nesse caso, é que indústrias prefiram se instalar em um país que cobre menos impostos, e a
partir dele exportar seu produto para o resto do bloco, criando uma competição interna desigual que mantém
o fluxo de dinheiro dos países mais pobres para os mais ricos.
A União Europeia possui diversas instituições que gerem o bloco. Seus principais órgãos decisórios são cinco:
Parlamento Europeu
É a “Câmara dos Deputados” da Europa. Agrega todos os parlamentares eleitos diretamente por voto popular,
e representam a população dos países-membros. Sua principal função é criar e modificar leis, mas também
tem o papel de controlar os outros poderes do bloco e de participar da definição do orçamento da União
Europeia. O Parlamento (http://www.europarl.europa.eu/) é composto por 751 eurodeputados, divididos
proporcionalmente às populações de cada país.
Conselho Europeu
É o comando político do bloco, composto (http://www.consilium.europa.eu/pt/european-
council/members/euco-members/) pelos chefes de Estado ou de governo dos países-membros. O Conselho
Europeu define as prioridades executivas da União Europeia e faz recomendações a outros órgãos. É lá
também que se definem os posicionamentos internacionais do bloco.
Comissão Europeia
Os “comissários” não representam seus países, mas sim a União Europeia como um todo, tanto para dentro
quanto para fora do bloco. A Comissão é um órgão mais executivo: propõe leis, políticas e programas de ação.
Também é ela que fiscaliza se os países-membros estão obedecendo os acordos e tratados firmados no âmbito
do bloco. Por fim, representa a União Europeia diplomaticamente.
Tribunal de Justiça
Se os quatro órgãos anteriores cuidam das áreas legislativa e executiva, o Tribunal
(http://curia.europa.eu/jcms/jcms/j_6/pt/), com sede em Luxemburgo, é a instância máxima do Judiciário
europeu. Ele cuida de questões relativas às leis comuns da União Europeia. Tem competência para decidir
conflitos que envolvem Estados-membros, instituições da União Europeia, empresas, pessoas ou coletivos. É
formado por um juiz de cada país.
Outras instituições
As cinco instâncias acima, além do Banco Central Europeu, podem ser consideradas as mais importantes do
bloco. Além delas, outros órgãos independentes cuidam de temas mais específicos.
A União Europeia não tem uma capital. Suas principais instituições estão espalhadas pelo continente. Mas
existem algumas cidades que, de alguma forma, podem ser consideradas “centros” importantes para o bloco.
Bruxelas, capital da Bélgica, é uma delas. Lá estão as sedes do Conselho Europeu, do Conselho da União
Europeia, da Comissão Europeia e de diversas outras instituições menores. O Parlamento, que tem três sedes
diferentes, também faz a maioria de suas atividades ali.
Luxemburgo, capital do país homônimo, é outra cidade importante no bloco. Abriga as sedes do Tribunal de
Justiça e do Tribunal de Contas, além de receber reuniões do Conselho e do Parlamento. Estrasburgo, na
França, é a sede oficial do Parlamento e do Provedor de Justiça. Já Frankfurt, na Alemanha, recebe o Banco
Central.
Mas essa difusão geográfica não fica isenta de críticas dentro da Europa. O argumento é que as viagens feitas
pelos políticos entre as diferentes sedes de instituições gera altos custos para o orçamento do bloco.
O seu tamanho pode ser medido sob dois principais aspectos: o econômico e o demográfico. Eles são os dois
eixos centrais da própria existência do bloco, que, por um lado, junta economias para criar um grande e forte
mercado, mas, por outro, também cria um espaço de convergência entre diferentes culturas na tentativa de
cultivar um sentimento de pertencimento europeu, acima das paixões nacionais.
Tamanho econômico
A União Europeia é a segunda maior economia do mundo, mas, como o gráfico abaixo demonstra, desde o
início da crise de 2008 tem tido dificuldades para se estabilizar e voltar a um ritmo de crescimento estável.
INSTABILIDADE PERSISTE
Mesmo com uma economia forte, o bloco ainda tem dificuldades em proporcionar uma qualidade de vida
equilibrada entre todos os seus habitantes. O gráfico a seguir compara o consumo individual real de cada
país-membro — uma forma de medir o bem-estar. O índice médio é 100, e a partir dele é calculado o consumo
individual de cada país. Quanto maior o índice, maior acesso ao consumo tem a população.
DIFERENÇAS INTERNAS
As populações mais jovens são algumas das mais afetadas pelo atual momento econômico. O índice de
desemprego das pessoas entre 15 e 24 anos, mesmo em queda desde 2013, ainda supera a marca dos 18%. Na
Grécia, Espanha, Croácia e Itália, a taxa de desemprego entre os jovens fica acima dos 40%.
A dívida pública também disparou com a crise de 2008, comprometendo mais de 80% do PIB interno do
bloco.
GOVERNOS ENDIVIDADOS
Tamanho demográfico
Se fosse um país, a União Europeia teria a sétima maior área do mundo. Mas em termos populacionais, só
perderia para a China e para a Índia.
510 milhões
de pessoas vivem na União Europeia
Uma das maiores preocupações com relação à sua demografia é o processo de envelhecimento. O gráfico
abaixo mostra como, entre 2005 e 2015, a proporção de crianças e da população economicamente ativa
diminuiu, enquanto a de idosos aumentou.
80,9
anos é a média da expectativa de vida ao nascer na União Europeia
1,6
é a taxa de fertilidade total das mulheres do bloco
População envelhecendo, governos endividados, jovens desempregados e economia instável criam um clima
de preocupação com o futuro econômico do Estado de bem-estar social europeu. Em meio a isso, a percepção
de que a União Europeia é mais um peso econômico do que um benefício para seus habitantes.
Nos últimos anos, ganhou atenção o crescimento de grupos políticos considerados “eurocéticos”, ou seja, que
pregam a saída de seus países da União Europeia ou, pelo menos, uma integração mais rasa.
O principal exemplo desse movimento foi o referendo do Reino Unido, em junho de 2016, favorável à saída
do bloco. A campanha pró-Brexit (http://www.voteleavetakecontrol.org/why_vote_leave.html) foi liderada
pelo Ukip (Partido pela Independência do Reino Unido) e se baseava em três eixos principais, que também se
aplicam de modo geral às campanhas semelhantes em outros países.
1 QUESTÃO ECONÔMICA
Para a campanha, os custos em fazer parte do bloco não compensam os ganhos, e vale mais a
pena investir o dinheiro do orçamento nacional no próprio país. Sustentada nos efeitos da
crise de 2008, a ideia de que o euro é uma moeda instável também é muito usada. Além
disso, existe o argumento de que estar dentro do bloco impede que o país negocie acordos
comerciais livremente com outros parceiros.
2 SEGURANÇA NACIONAL
“A União Europeia começou com nove países — agora tem 28”, diz o site da campanha pelo
Brexit, dando a entender que a quantidade de nacionais de outros países que podem entrar
livremente no território britânico saiu de controle. Todo o debate aconteceu em meio à crise
de refugiados, e a ideia de ter fronteiras abertas para qualquer cidadão europeu — incluindo
os membros do leste e as pessoas que conseguiram asilo em algum país do bloco — não
agrada grupos mais conservadores.
3 DEMOCRACIA
Por fim, ainda evocando a questão da independência nacional reduzida por estar dentro de
um bloco de integração, os eurocéticos julgam que os poderes Legislativo e Judiciário devem
ser nacionais, para que a população seja governada por instituições mais próximas do que as
continentais.
Países europeus tampouco ficam imunes ao fenômeno. Na França, a Frente Nacional de Marine Le Pen nunca
foi tão forte (https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/01/31/Quem-s%C3%A3o-e-o-que-
prop%C3%B5em-os-5-principais-candidatos-%C3%A0-presid%C3%AAncia-da-Fran%C3%A7a). Na Itália, o
partido que mais cresceu nas últimas eleições foi o Movimento 5 Estrelas
(https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/06/26/O-que-a-vit%C3%B3ria-na-It%C3%A1lia-de-um-
%E2%80%98n%C3%A3o-partido%E2%80%99-revela-sobre-a-pol%C3%ADtica-atual), também eurocético,
embora prefira não se enquadrar em nenhum lado do espectro político. Na Alemanha, o partido de extrema-
direita AfD cresceu (https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/11/Como-candidatos-pelo-mundo-
est%C3%A3o-se-promovendo-com-a-elei%C3%A7%C3%A3o-de-Trump) nas eleições regionais, embora ainda
não tenha força para competir nacionalmente.
Alguns desses partidos têm a característica de focar mais no peso econômico da União Europeia ou o que
consideram uma subordinação excessiva ao bloco, enquanto outros também abordam com mais veemência
aspectos sociais como o fluxo de imigrantes e refugiados, adotando discursos muitas vezes considerados
xenófobos e racistas por cortes nacionais.
Mas mesmo que os protagonistas do euroceticismo estejam geralmente associados a partidos de direita, a
postura de antagonismo ao bloco também aparece em blocos mais extremos de esquerda.
Na eleição presidencial francesa, que tem seu primeiro turno marcado para o dia 23 de abril de 2017, o
candidato Jean-Luc Mélenchon, do Partido de Esquerda, é a favor da saída
(https://avenirencommun.fr/sept-axes-programmatiques/) do país da União Europeia, por exemplo.
Seu argumento é de que o bloco é usado pelos grandes bancos e chefiado por grupos de direita para se
apropriar das economias nacionais e criar políticas de austeridade que prejudicam a população trabalhadora
e favorecem o lucro das grandes empresas.
R$ 12 bilhões
é aproximadamente o saldo negativo para o Brasil das relações comerciais com a União Europeia em
2015
“Se conseguirmos criar uma organização que permita aos franceses saber o
que se passa na indústria do carvão e do aço na Alemanha e aos alemães
saber o que se passa na França, esse sistema de controle mútuo será a melhor
forma de seguir uma política baseada na confiança”
Konrad Adenauer
Chanceler da Alemanha Ocidental entre 1949 e 1963
"O futuro da Europa não deveria ser refém de eleições, partidos políticos ou
gritos de triunfo direcionados ao público local"
Jean-Claude Juncker
Presidente da Comissão Europeia