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Ensino de português língua estrangeira/EPLE

a emergência de uma especialidade no Brasil

José Carlos Paes de Almeida Filho

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ALMEIDA FILHO, JCP. Ensino de português língua estrangeira/EPLE: a emergência de uma


especialidade no Brasil. In LOBO, T., CARNEIRO, Z., SOLEDADE, J., ALMEIDA, A., and
RIBEIRO, S., orgs. Rosae: linguística histórica, história das línguas e outras histórias [online].
Salvador: EDUFBA, 2012, pp. 723-728. ISBN 978-85-232-1230-8. Available from SciELO Books
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Ensino de português língua
estrangeira/EPLE: a emergência de
uma especialidade no Brasil
José Carlos Paes de ALMEIDA FILHO
Universidade de Brasília

Introdução
O ensino de Português para falantes de outras línguas e participantes de outras cul-
turas existe como prática no Brasil desde o seu início colonial. A consciência generalizada
de que essa é uma área de atuação profissional acadêmico-científica pode ser datada em
pouco mais de 20 anos. A percepção de que temos uma prática institucionalizada cres-
cente em novos postos de ensino do Português para falantes de outras línguas no Brasil
e exterior abre caminho para a instauração dessa especialidade no campo da Teoria do
Ensino e Aprendizagem das Línguas, campo esse constituinte da Linguística Aplicada
contemporânea brasileira. Uma avaliação do nosso desenvolvimento por 14 critérios ex-
plícitos (ALMEIDA FILHO, 2007) mostrou recentemente um índice médio modesto de
desenvolvimento. A média obtida ficou somente um pouco além de uma nota 5 em 10
dessa área de especialidade.
Nesta apresentação, pretendo abrir uma cronologia periodizada de fatos e persona-
gens relevantes para uma história do Português Língua Estrangeira (PLE) enquanto campo
de trabalho e especialidade acadêmico-científica no país desde a fundação do Brasil até
esta data, realçar o nascimento da consciência da especialidade que eu mesmo testemu-
nhei, destacar alguns avanços e, principalmente, anotar dificuldades e perspectivas para
a nova geração de atuantes na estratégica área de Ensino de Português Língua Estrangeira
(EPLE).

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1 A especialidade de PLE
O que está implicado na expressão área de especialidade de que me sirvo para retra-
tar a condição acadêmico-científica dessa modalidade de ensino de línguas é a natureza
do trabalho de ensino e atividade de pesquisa no âmbito do PLE. Para situar essa espe-
cialidade, vou invocar uma hierarquia de termos que poderá esclarecer os sentidos que
empresto à área do PLE. Essa hierarquia taxonômica está afeita à área maior da Lingua-
gem ou Grande Área da Linguagem. Esse nódulo mais alto compreende as três ciências
da Linguagem, a saber, a da Estética da Linguagem, englobando a tradicional área das
literaturas e sua teorização, a da Linguística, referindo-se aos estudos da estrutura e fun-
cionamento da linguagem humana, e a dos Estudos Aplicados ou Linguística Aplicada,
como muitas vezes é rotulado esse terceiro segmento, produzido a partir de investigações
de natureza aplicada sobre questões de linguagem na prática social.
A pesquisa aplicada gera conhecimentos de uma certa natureza epistêmica para
subáreas como a do Ensino-Aprendizagem de Línguas (à qual se prende o PLE mais abai-
xo), Tradução (incluindo a Interpretação e a Legendagem), Lexicografia e Terminologia
Aplicadas, Relações Sociais Mediadas pela Linguagem (vide ALMEIDA FILHO, 2008).
Abaixo da subárea de Ensino de Línguas, está a especialidade de Ensino e Aprendizagem
de Segundas Línguas e de Línguas Estrangeiras à qual se prende, afinal, o PLE, entre
outras, como Línguas de Ensino Massivo e Línguas Menos Comumente Ensinadas. Veja-
mos na Figura 1 uma representação gráfica dessa hierarquia explicitada até aqui:

Figura 1: Representação da Hierarquia de Níveis contendo o PLE


Grande Área da LINGUAGEM

Estudos Aplicados/ Linguística Aplicada

Ensino/Aprendizagem de Línguas

2 Marcos de uma cronologia do ensino de PLE


É preciso distinguir, primeiro, entre uma cronologia de EPLE e a emergência e
vigência de uma especialidade da área de Ensino e Aprendizagem de Línguas (EALin), a sa-
ber, a do Ensino de Português para Estrangeiros. O ensino de línguas tem uma longa história
enquanto campo de trabalho e de um ofício passível de treinamento de aprendizes dese-
josos de ingressar no ramo. Como especialidade teórico-acadêmica com formação espe-
cífica nas universidades, com disciplinas formadoras reconhecíveis, com acervo de obras
públicas especialmente nesse foco, com publicações de resultados de estudos e pesqui-
sas, com o apoio de uma associação de professores e pesquisadores, com revistas e con-
gressos, numa vertente de consciência profissional com carreira e contratos de trabalho
­específicos, nossa história é bem mais recente. Conforme veremos adiante, o afloramento
de uma autopercepção profissional em especialidade tem pouco mais de vinte anos.

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Pela carta de Caminha, escrita nos primeiros dias da Colônia, sabemos que degre-
dados foram “deixados” com os índios, para que se tornassem “línguas“ por imersão, ou
seja, para que pudessem vir a servir os colonizadores como intérpretes das línguas brasi-
leiras. Eles tinham de adquirir a língua autóctone no convívio espontâneo com as etnias
da nova terra. Mas houve ensino de Português nos Colégios que se seguiram ao Colégio
de Salvador, fundado em 1550, tendo à frente o padre Vicente Rodrigues. Logo após,
fundaram os jesuítas a segunda escola brasileira: o Colégio dos Meninos de Jesus de São
Vicente (inaugurado em 1553), onde se ensinava o jovem habitante da nova terra a falar,
ler e escrever em Português. Os professores podiam ser improvisados, como ainda se pode
flagrar aqui e acolá no Brasil de hoje: para a Bahia, por exemplo, foram trazidos da me-
trópole sete pivetes, garotos infratores órfãos da rua, para auxiliar no ensino do Português
para os índios. Padres católicos foram trazidos também, nessa época, para aprenderem
a gramática das línguas indígenas, de modo a facilitar a interpretação do ensino feito em
Português. Aqui já entrevemos um cadinho de soluções de ensino e aprendizagem de
línguas dessa fase colonial. Em 1554, fundou-se o Colégio de São Paulo de Piratininga
no mesmo local que hoje se denomina Pátio do Colégio e cresceu a rede de escolas de
primeiras letras na Colônia. Para conhecer uma linha do tempo contendo estas indicações
e muitas outras sobre a história do ensino de línguas no Brasil, veja-se a página eletrônica
História do Ensino de Línguas no Brasil (HELB), no endereço www.helb.org.br. O estudo, o
ensino e a publicação de gramáticas ocupou a maior parte do clero jesuíta no século se-
guinte, o século XVII. No século, dezoito abala-se o sistema jesuíta, com a expulsão dos
padres de seus 17 colégios, à época do Edito do Marquês de Pombal, em 1757.
No Império, já no século XIX, contratam-se professores de línguas da Europa para
atuarem na Corte do Rio de Janeiro ensinando Francês e Inglês aos cortesãos e elite de
comerciantes que podia educar-se. Por fim, o século XX inaugura nos anos 30 o ensino
dito moderno de línguas no Brasil. Em 1935, são publicados os 2 primeiros livros teóri-
cos sobre o EALin, os livros de Maria Junqueira Schmidt (O ensino científico das línguas)
e de Fernando Carneiro Leão (O ensino das línguas vivas). Na década de 70, universaliza-
-se o ensino público gratuito e o ensino baseado em métodos tem dias gloriosos com o
estruturalismo audiolingual. Em 78, inicia-se o movimento comunicacional de ensino
de línguas no Brasil com a realização do primeiro seminário sobre a nova abordagem de
ensino de línguas sob critérios não gramaticais. A formação de professores se amplia com
níveis muito menores do que os necessários. Livros didáticos para o ensino de línguas di-
tas estrangeiras não são distribuídos aos alunos das escolas públicas como ocorre com as
outras disciplinas. Falta uma política direcionadora e sobram preconceitos, ideologismos
e ignorância sobre os processos de aprender línguas. No final da década de 80, aparecem
claros sinais da emergência da área de Português Língua Estrangeira (PLE), conforme vere-
mos adiante.

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3 Sinais da emergência de uma área de especialidade em PLE
Marcas significativas do surgimento de uma nova especialidade no Ensino de Lín-
guas no Brasil começam a aparecer na abertura de cursos para alunos estrangeiros no sul
do Brasil, como o curso de PLE da Universidade Católica do Rio Grande do Sul, para
o qual a Professora Mercedes Marchand criou um manual didático O ensino de português
para estrangeiros em 1957, tendo sido publicado pela Editora Sulina do Rio Grande do Sul.
Nos anos 60, ocorre o ciclo efervescente de criações de cursos universitários de Por-
tuguês em universidades dos Estados Unidos do qual o livro Modern Portuguese é talvez o
melhor símbolo. O manual produzido em 66 por um time de especialistas no ensino de
línguas incluía o linguista aplicado pernambucano Francisco Gomes de Matos e a escri-
tora cearense Dinah Silveira de Queiroz, encarregada da elaboração de diálogos do livro.
A década seguinte assiste à criação de cursos de PLE para estrangeiros na USP e
na UNICAMP, no ano de 1976. Soluções administrativas muito distintas para a implan-
tação mostram o acerto da UNICAMP em instituir o PLE como disciplina de catálogo
e permitir a contratação de docentes pesquisadores de carreira para seu quadro. Com o
passar dos anos, esse acerto frutificaria com várias iniciativas de consolidação da área a
partir do Departamento de Linguística Aplicada, que abrigou a emergente área com gran-
de visão de futuro. A USP, ao contrário, implantou o PLE como extensão desvinculada
da graduação e da pós-graduação. Essa providência não prejudicou a oferta de cursos
ao grande contingente de alunos estrangeiros na Instituição, mas também não alçou o
trabalho de ensino do Português para Estrangeiros a níveis mais impactantes de estabele-
cimento da nova especialidade.
Considero que os sinais de uma autêntica visão de área viriam a ser inequívocos a
partir da instalação do PLE nessas duas grandes universidades paulistas a partir de 76.
No entanto, é no final da segunda metade da década de 80 que aparece a primeira de uma
série de coletâneas de artigos sobre o ensino de PLE sob minha coordenação acadêmica
(ALMEIDA FILHO, 1989). Até então, não havia literatura específica publicada tanto no
Brasil quanto em Portugal sobre aspectos do ensino de Português para falantes de outras
línguas. No início dos anos 90, organiza-se a Sociedade Internacional para o Português Língua
Estrangeira (SIPLE), durante o II Seminário Nacional de Linguística Aplicada ocorrido na
UNICAMP, em outubro de 1993. Nesses anos iniciais do MERCOSUL, que emprestou
vigor a várias iniciativas de consolidação da área de PLE, vimos ainda a instalação, em
1993, do Exame Nacional de Proficiência em PLE, o Exame Celpe-Bras, instituído a partir do
recém criado Exame ENPE por mim coordenado e pilotado já nos países do Tratado de
Assunção em anos anteriores. O Exame Celpe-Bras se alinhava então com pressupostos
comunicacionais vanguardistas expostos no meu livro Dimensões comunicativas no ensino de
línguas, lançado nesse mesmo produtivo ano de 1993.
O restante da década viu iniciativas importantes, como a preparação de congres-
sos nacionais e internacionais, mais publicações de livros e edições especiais de revistas

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­ niversitárias sobre o tema do ensino de PLE e a apresentação de resultados de projetos
u
de pesquisa de Mestrado e Doutorado ao redor de tópicos de uma agenda brasileira para
o PLE. O grosso dessa preciosa produção, ventilado e discutido no hoje extinto GT de
PLE junto à ANPOLL, está registrado no meu artigo para a biblioteca digital especializa-
da do Museu da Língua Portuguesa “O ensino do português como língua não-materna“
(ALMEIDA FILHO, 2006).
A emergência da área de PLE possibilitou ainda a visibilização de especialistas
agora convocados a ofertar inúmeros cursos de formação inicial e principalmente conti-
nuada de atualização para professores de PLE no Brasil e exterior, esses últimos com o
patrocínio do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, em colaborações esporádicas
com Embaixadas do Brasil no exterior, Universidades Estrangeiras, com a UNESCO e
União Latina, entre outros, desde 1991.
Apesar da marcha dos acontecimentos indiciada neste texto, não possuíamos até
2007 um balanço da qualidade do nosso desenvolvimento enquanto área no Brasil. Nesse
ano, lancei com a colaboração de Maria Jandyra C. Cunha, da Universidade de Brasília,
um volume de autoria sobre o PLE, do qual consta um artigo especial sobre nosso estágio
presente de desenvolvimento e carências (cf. ALMEIDA FILHO; CUNHA, 2007). De
um máximo de 10 pontos, as avaliações das iniciativas brasileiras produzidas sob 14 crité-
rios específicos apresentaram um índice pouco abaixo de 5. Esse indicador aponta, numa
distribuição desigual de pontos nos quesitos, para um nível médio de IDE= 5.2, nada mal
para a nossa história recente do PLE já com consciência de área. A falta de uma política
explícita e oficial para o EPLE se destaca entre os quesitos com avaliações negativas no
exercício de análise que praticamos para essa publicação.

4 Quebra de barreiras e ações recomendáveis


A introdução da especialidade em cursos de Letras ou em programas de pós-gra-
duação nem sempre é tranquila. As unidades administrativas das áreas de saber são es-
tabelecidas politicamente numa dada época e um establishment de poder as mantém por
quanto tempo durar o seu poder. Assim, quando houver o desejo de uma parte do corpo
docente ou ainda o de uma outra parte alheia à instância, esse desejo de introdução do
PLE será tratado por esse poder político no setor que puder chamá-lo a si, geralmente no
bojo da grande área da Linguagem. Pode-se, portanto, encontrar o PLE atrelado a quem
detiver os direitos de gestão da Língua Portuguesa, mesmo que essa unidade não possua
atividades de pesquisa sobre a dimensão “ensino de língua estrangeira”, isso com óbvias
perdas para a área de especialidade e para os alunos em si.
As tradições serão, dessa forma, muito diferentes em cada situação e o poder de
antiguidade das unidades conferirá o poder de anexação da nova especialidade. Sem esse
vetor, a instalação, a integração e a troca de um para outro locus operandi seriam operações
simples e realizadas sempre no melhor interesse do público que sustenta as instituições
com impostos pagos ou taxas diretamente recolhidas de alunos.

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Um problema anterior a esse da departamentalização é o da falta de consciência do
valor estratégico da especialidade de PLE. Essa ignorância impede a introdução de disci-
plinas, bloqueia a contratação de professores em postos de carreira, adia a institucionali-
zação de disciplinas no currículo que abririam portas de formação para atuação posterior
de egressos de cursos de Letras como professor(a) de PLE no Brasil e em outros países. A
valorização da Língua Portuguesa na perspectiva de uma língua estrangeira, ao contrário,
carrearia vantagens em escala para os indivíduos, para as instituições e para o país em
âmbitos diversos, como o das publicações especializadas, dos exames de proficiência e de
materiais didáticos, por exemplo.
A recomendação que já foi objeto de uma moção aprovada no II Encontro Nacional
de Políticas para o Ensino de Línguas Estrangeiras (II ENPLE), por ocasião da edição da Carta
de Pelotas, é a de que os cursos de Letras incluam imediatamente o estudo do PLE em seus
currículos, de modo a alargar o horizonte de interesses acadêmicos e profissionais dos
egressos. A outra possibilidade seria uma instrução pelo Ministério de que os cursos no-
vos e antigos de Letras tivessem um tempo definido para ajustar seus currículos à inclusão
do PLE. A consciência dessa especialidade e o estágio de desenvolvimento da área que
pensamos haver reconhecido neste trabalho nos dão segurança de que o tempo é chegado.

Referências
ALMEIDA FILHO, J. C. P. O ensino de português como língua não-nativa. In: Biblioteca Virtual
do Museu da Língua Portuguesa. São Paulo, 2006. Disponível em: www.estacaodaluz.org.br.
ALMEIDA FILHO, J. C. P. (2008). A Linguística Aplicada na grande área da Linguagem. In:
SILVA, K. A.; ORTIZ ALVAREZ, M. L. (Org.). Perspectivas em Linguística Aplicada. Campinas:
Pontes Editores.
ALMEIDA FILHO, J. C. P. (1993). Dimensões comunicativas no ensino de línguas. Campinas:
Pontes.
ALMEIDA FILHO, J. C. P. (1989). O ensino de português para estrangeiros: planejamentos de cursos e
produção de materiais didáticos. Campinas: Pontes.
ALMEIDA FILHO, J. C. P.; CUNHA, M. J. C. (2007). Projetos iniciais no ensino de português para
falantes de outras línguas. Brasília: Editora da UnB.
MARCHAND, M. (1957). Português para estrangeiros. Porto Alegre: Edições Sulinas.

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