Você está na página 1de 6

Estudo

de Caso

POLÍTICAS PÚBLICAS,
ESTRUTURA E LEGISLAÇÃO NA
EDUCAÇÃO BÁSICA

Professora: Me. Maria do Carmo Teles Ferreira Stringhetta


Unicesumar
2

estudo de
caso

Sabemos que os desafios em relação a participação coletiva e gestão democrática são imensos
e de diferentes ordens. Contudo, vale lembrar que é importante exercitar os espaços de-
mocráticos que foram duramente conquistados por sujeitos sociais, em especial, a partir do
processo de redemocratização do Brasil e da conquista do Estado Democrático de Direito,
como nos aponta o Artigo 1º da Constituição Federal de 1988.
A democracia se faz no caminho enquanto se percorre. Por isso, somos nós, profissio-
nais da educação, cidadãos que coletivamente tiraremos a democracia apenas do aspecto
legal e a traremos para as instâncias práticas da sociedade. Por isso, fazem-se necessários os
espaços de diálogo para realização da prática democrática na construção social.
Esses espaços dialógicos na escola são conhecidos como instâncias colegiadas, podemos
afirmar que estas dão vez e voz a cada sujeito da escola, sendo estes professores, alunos(as),
gestores, pais e funcionários. A seguir, apresentaremos duas instâncias das quais você pode
fazer parte e, assim, fazer a democracia acontecer.

Associação de Pais, Mestres e Funcionários –


APMF
A Associação de Pais, Mestres e Funcionários – APMF é a instância colegiada de participa-
ção democrática, que deriva da antiga Associação de Pais e Mestres – APM e constitui como
órgão de representação dos pais e profissionais da escola, não possui caráter político parti-
dário, religioso, racial e nem fins lucrativos (SECRETARIA…[2017], on-line)1.
Essa instância colegiada deve participar na gestão coletiva da escola, colaborar na tomada
de decisões em relação às dimensões administrativas, pedagógicas e financeiras. Auxilia,
também, na integração entre a família-escola-comunidade. Atualmente, existem orientações,
por exemplo, da Secretaria Estadual de Educação do Paraná que afirmam que as atribuições
da APMF são: participar do processo de construção do Projeto Político Pedagógico- PPP;
acompanhar o seu desenvolvimento por meio do Plano de Ação da escola; reunir-se com
o Conselho Escolar para definir o destino dos recursos advindos de convênios públicos e
também prestar contas desses recursos a toda comunidade escolar; contribuir com a me-
lhoria e conservação do aparelhamento escolar, discutir sobre o aprimoramento do ensino
Unicesumar
3

estudo de
caso

e integração da família-escola-comunidade.
Nesse sentido, destacamos as considerações de Veiga (2007) quando afirma que o for-
talecimento dessa instância colegiada é importante porque possibilita a participação de
todos(as) nos processos decisórios relativos às atividades curriculares e construção do Projeto
Político Pedagógico- PPP.
Você pode se perguntar: afinal, se é uma instância colegiada essencialmente democrá-
tica, pois podem participar sujeitos da família, escola e comunidade, então, deve ser fácil
entrar e participar da APMF?
Na verdade, essa é uma tarefa desafiadora tendo em vista todas as atribuições dos su-
jeitos da APMF na instituição escolar, por isso, existe um roteiro de implantação da APMF e
escolha dos sujeitos que farão parte dessa instância. O roteiro perpassa desde a implantação
da APMF por meio de uma reunião com a comunidade escolar, seguida de discussão para
elaboração do estatuto realizado em uma Assembleia Geral, com registro em ata.
Também é necessário eleger uma diretoria, mediante apresentação de chapas, lista de
votantes, composição de mesa apuradora e escrutinadora, voto secreto e registro em ata
própria. Após a implantação inicial, eleição da diretoria e aprovação do Estatuto vem a parte
da legalização da APMF por meio do registro do Estatuto da APMF em Cartório de Títulos
e Documentos, registrando nos membros da diretoria e conselho deliberativo e fiscal no
Cartório Civil de Pessoas Jurídicas, mediante a apresentação de alguns documentos listados
a seguir: requerimento do Presidente da APMF reconhecido em cartório; 5 vias do estatuto,
assinadas pelo presidente vistadas por um advogado com o número de registro na Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB); 2 cópias da ata da Assembleia Geral Extraordinária de fun-
dação da APMF, acompanhada do respectivo livro ata; 2 cópias da relação dos membros da
Diretoria da APMF, contendo nome, estado civil, endereço e número do RG.
Após a legalização da APMF é necessário registrá-la, ainda, na Receita Federal para a
inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), mediante a apresentação de do-
cumentação necessária, tais como: duas vias da ficha de inscrição no CNPJ, devidamente
preenchidas e assinadas pelo presidente; CPF do presidente; ata da eleição da atual direto-
ria registrada em Cartório e cópia do Estatuto da APMF registrado.
Logo depois da inscrição no CNPJ é necessário providenciar um carimbo, conforme
modelo padrão determinado pelo Ministério da Fazenda. Também é necessário comprar um
formulário RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) e entregá-lo preenchido na agência
da Caixa Econômica Federal ou na agência do Banco do Brasil e então proceder a abertura
Unicesumar
4

estudo de
caso

da conta bancária da APMF (em nome da APMF, seguido do nome da escola/fantasia), me-
diante a apresentação dos documentos adquiridos nas etapas descritas anteriormente.
Deve-se fazer declaração de imposto de renda, também devem realizar outros procedimen-
tos como emissão de notas fiscais quando itens são adquiridos pela escola, recibos sempre
numerados e identificados, livro caixa que contenha todos as informações dos valores re-
gistrados nas notas fiscais, tudo deve ser comprovado e o livro ata que, obrigatoriamente,
deve conter termo de abertura e de encerramento, todas as reuniões e assembleias extra-
ordinárias devem ser registradas e assinadas por todos os presentes.
Observaram como é burocrático a implantação da APMF de uma instituição escolar?
Agora, quem são os sujeitos que podem participar desta tão importante instância colegiada?
A APMF pode ser constituída por representantes efetivos, colaboradores e honorários. Os
integrantes efetivos são os pais, os professores e os funcionários da escola. Os colaboradores
são os ex-alunos, ex-professores, ex-funcionários que podem contribuir com a Associação. Os
honorários são aqueles que tenham prestado serviços relevantes à educação ou à APMF, são
indicados por representantes efetivos e devem passar por aprovação na Assembleia Geral. É
necessário lembrar que nenhum desses membros são remunerados por participar da APMF.

GRÊMIO ESTUDANTIL
O Grêmio Estudantil é a instância de representação máxima dos estudantes na organiza-
ção democrática da escola. Tem amparo legal na lei federal nº 7.398/1985 que assegura aos
estudantes do Ensino Fundamental e Médio, no Artigo 1º “o direito de se organizar em enti-
dades autônomas, representativas dos seus interesses”. É importante consultar essa lei para
conhecer também o estatuto que embasa a organização e o funcionamento do Grêmio
Estudantil dentro dos princípios democráticos e a participação coletiva nas instâncias de-
cisórias de cada escola.
Também constitui uma organização sem fins lucrativos que, a partir dos estudantes or-
ganizados, aprendem a defender seus interesses e direitos que extrapolam a sala de aula e o
cotidiano da instituição escolar. Os objetivos do Grêmio Estudantil são centralizados em ações
cívicas, culturais, desportivas e sociais e, ainda, elaboração do jornal da escola, por exemplo.
Unicesumar
5

estudo de
caso

De acordo com Pavão (2010) o Grêmio Estudantil ultrapassa os muros da escola devido
ao envolvimento dos alunos com o aprendizado das regras da vida em sociedade, promo-
vendo, ainda, a consciência política. Os estudantes que participam do Grêmio Estudantil
debatem direitos e deveres dentro e fora da escola, ações sociais, promovem palestras que
ajudam os demais estudantes como informações sobre violência, sexualidade, drogas e meio
ambiente. Assim, essas experiências contribuem para o aprendizado da organização políti-
ca, entende-se a gestão democrática e inserem os estudantes como sujeitos da democracia
nos diversos espaços sociais que ocupam.
A partir destas ideias, os gestores escolares devem estimular os estudantes para organizar
o Grêmio Estudantil na escola, enfatizando o aprendizado individual e social, como explici-
tou Paro (2007). Uma característica bastante necessária para efetivação do Grêmio Estudantil,
bem como das demais instâncias colegiadas nas instituições escolares, é o diálogo, a pos-
sibilidade que essas instâncias fornecem para construção dos espaços de diálogos que é
imprescindível para o trabalho pedagógico e gestão democrática nas escolas.
Unicesumar
6

estudo de
caso

Referências

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei Nº 7.398,
de 4 de novembro de 1985. Dispõe sobre a organização de entidades representativas dos
estudantes de 1º e 2º graus e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L7398.htm>. Acesso em: 7 mar. 2017.

PARO, V. H. Gestão escolar, democracia e qualidade de ensino. São Paulo: Ática, 2007.

PAVÃO, G. C. Grêmio Estudantil: um espaço de participação na gestão escolar democráti-


ca. Relatório Final de PIC. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2010.

VEIGA, Z. de P. A. As instâncias colegiadas da escola. In: VEIGA, I. P. A.; RESENDE, L. M. G. de.


(Org.). Escola: espaço do projeto político-pedagógico. 11. ed. Campinas, SP: Papirus, 2007.
P. 113-126.

Referências On-line

1
Em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?con-
teudo=361>. Acesso em: 10 mar. 2017.

Você também pode gostar