Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2184/gremio-escolar-saiba-por-que-vale-a-
pena-ajudar-os-alunos-organizar-um-e-como-apoia-los
Gestão democrática
Protagonismo estudantil. Se fosse necessário explicar somente com duas palavras o que significa ter
um grêmio na escola, seria com essas. “É um exercício para os alunos desenvolverem habilidades
fundamentais na sociedade: discutir problemas, defender ideias, propor soluções. Uma possibilidade
de desempenhar um papel político, um currículo aplicado”, diz Leandro Raphael Vicente, professor da
EE Professora Luciane do Espírito Santo, em São Paulo, que leciona Filosofia, é coordenador da área de
Ciências Humanas e um dos conselheiros do grêmio.
Outra boa forma de explicar a importância do grêmio escolar é se valer da Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) e do Plano Nacional da Educação (PNE). Ambos falam de gestão democrática, o que implica na
participação efetiva e ativa de todos os atores da comunidade escolar, representados assim:
Associação de Pais e Mestres (APM), conselho de escola e grêmio. “Esse último representa todo
estudante matriculado na escola”, explica Sonia Maria Brancaglion, técnica educacional da Secretaria
Estadual de Educação do Estado de São Paulo. “No CE Professor Agostinho Pereira, em Pato Branco, no
Paraná, o grêmio é considerado realmente parte da gestão a ponto de participar de um grupo de
Whatsapp com os gestores”, diz Elair Damaceno, agente educacional que acompanha os gremistas de
perto, diariamente. O diretor, Élcio Slongo, completa: "a parceria é tão forte que os estudantes têm a
chave da escola para fazer reuniões aos finais de semana, se for o caso, e durante a semana, podem
usar a sala da diretoria ou a dos professores. As reuniões deles são tão importantes para a escola
como qualquer outra”.
Formar grupos de estudo, promover semanas culturais, campeonatos esportivos e aulas livres sobre os
mais diversos temas são algumas das possibilidades de ações gremistas. Laís Ribeiro Cardoso é aluna
do 2º ano do Ensino Médio da EE Professora Luciane do Espírito Santo. Vice-presidente da chapa
Evolução Gremista, ela conta que uma das ações bacanas realizadas foi colocar nos banheiros da
escola uma caixinha da higiene, com itens variados, para casos de emergência. “Tem pasta de dente,
sabonete... E colocamos algumas frases de incentivo também, como “Você é linda do jeito que é” e
“Você também pode ser sensível”, que também promovem reflexões”, diz a aluna.
Já no CE Professor Agostinho Pereira, o grêmio promove um curso de dança com o professor de Arte e
Filosofia, à noite. “A iniciativa foi dos alunos e dele. As aulas são semanais e, mesmo na ausência do
educador, os estudantes dão conta”, fala Élcio. Mas as possibilidades, não se esgotam aí. A gestão atual
do grêmio da EE Professora Helena Cury de Tacca, em Franca (SP), por exemplo lidera a realização de
uma campanha contra pequenas corrupções. “Em cada degrau da escada da escola, colocamos uma
placa, com uma delas: Furar a fila, falsificar documento, colar na prova, entre outras. O objetivo era
despertar a consciência de todos. E colocamos cartazes explicando os problemas causados por essas
atitudes”, relata Otávio Henrique da Silva Leme, 16 anos, aluno do 3º ano do Ensino Médio e diretor
financeiro do grêmio.
O papel da gestão
Embora não seja obrigatório toda escola ter um grêmio, é papel da gestão apoiar a organização. A boa
notícia é que não se trata de um processo burocrático nem custoso. Aliás, não é preciso investir
nenhum recurso financeiro. “Só boa vontade e parceria entre gestão e alunos”, diz Sonia.
Evidentemente, algumas ações planejadas pelos alunos do grêmio podem precisar de dinheiro, como
pintar a quadra ou instalar um sistema de rádio na escola. Nesse caso, a moçada pode requisitar a
verba para a gestão ou então arrecadar. Somas pequenas podem ser administradas pelos estudantes e
é interessante que eles tenham um livro caixa, para o grupo saber o que foi feito com o dinheiro e
quanto custou cada ação. Mas quantias mais robustas devem ficar à cargo da APM. Sonia reforça que
lidar com valores é uma boa oportunidade para crianças e jovens se envolverem com dinheiro de
forma responsável.
Ainda falando em recursos financeiros, algumas redes disponibilizam verbas para serem usadas de
acordo com decisões exclusivas do grêmio escolar. A rede estadual paulista, por exemplo, fez em 2018
o Orçamento Participativo Jovem. Os estudantes, articulados pelo grêmio, receberam cinco mil reais, e
tinham de olhar para escola e definir o que seria feito com o dinheiro em relação à infraestrutura,
exclusivamente. Como deixar a escola mais bonita, aconchegante, atrativa? Comprar materiais
esportivos ou plantas para colocar no ambiente? São questões que devem ser discutidas e acordadas
entre os estudantes com o apoio dos gestores.