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No entanto, cumpre ressaltar que as leis indicadas acima não estabelecem normas
específicas relacionadas às formas de instituição, finalidades, natureza e atribuições dos
conselhos escolares e, sendo assim, tal responsabilidade fica atribuída aos sistemas
estaduais e municipais de ensino, por meio de criação de legislação local.
Nessa lógica, o Estado de Mato Grosso, por meio da Lei n° 7.040/98, institui os
conselhos escolares no âmbito das escolas públicas estaduais, que tem por objetivo a
participação em projetos e ações da escola e deliberação sobre eles, além de tomarem
parte na elaboração coletiva do projeto político-pedagógico. Por conseguinte, a
participação da comunidade escolar nas atividades e projetos da escola é fundamental
para legitimar o processo, lembrando que todas as atividades da escola têm um caráter
educativo. Entretanto, não é uma tarefa fácil instituir a cultura de participação na escola,
assim, cabe ao gestor, como líder do processo, articular para que todos participem do
planejamento, execução e avaliação do projeto Político Pedagógico e melhorias das
práticas da gestão escolar.
Os conselhos escolares, na concepção da Lei estadual nº 7.040/98, são
organizados por segmentos dos profissionais da educação e comunidade local, uma vez
institucionalizados e não se resumem a uma simples representação, constituindo-se como
espaços de realização de democracia participativa, com a competência de promover
diálogo entre os diferentes segmentos, pais, alunos e profissionais da educação,
corroborando para uma gestão democrática e participativa.
Nesse contexto, acreditamos que é necessária a sensibilização da comunidade
escolar acerca da importância do Conselho, bem como sobre as suas funções, para que
verdadeiramente aconteça a participação, desmistificando as práticas autoritárias de
gestão. Nessa lógica, a comunidade escolar deixa de exercer a escuta das ações já
deliberadas pelo gestor escolar e torna-se o agente do processo.
Assim, a participação da comunidade escolar nos processos decisórios da gestão
escolar deve ser pautada em princípios democráticos, enquanto compreendida como
forma de legitimar a democracia. Dessa maneira, os objetivos comuns ampliam-se a partir
dos interesses coletivos.
Em Mato Grosso, as unidades escolares estaduais, de acordo com a Lei nº 7.040
(MATO GROSSO, 1998), são geridas pelo diretor e pelo Conselho Deliberativo da
Comunidade Escolar (CDCE) (órgão consultivo e deliberativo), composto pelos
segmentos pais, alunos e profissionais da educação, compreendidos como comunidade
escolar.
Nessa lógica, o Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar deverá ser
constituído paritariamente por profissionais da Educação Básica, lotados ou em exercício
na instituição, pais ou responsáveis pelos estudantes e alunos matriculados e regularmente
frequentes, tendo no mínimo 08 (oito) membros titulares e no máximo 16 (dezesseis)
membros titulares. Sendo que 50% (cinquenta por cento) devem ser constituídos de
representantes do segmento escolar e 50% (cinquenta por cento) de representantes da
comunidade escolar.
É importante ressaltar que por representantes do segmento escolar entende-se
professores e funcionários, já por representantes do segmento comunidade entende-se
pais ou responsáveis pelos alunos e alunos. A referida Lei ainda aponta que para fazer
parte do conselho o candidato do segmento aluno deverá ter no mínimo 14 (quatorze)
anos ou estar cursando ao 5º ano do Ensino Fundamental, assim como o representante do
segmento de pais não poderá ser profissional da educação básica da escola. Ainda,
conforme a referida Lei, fica assegurada a eleição de 1 (um) suplente para cada segmento,
que assumirá a função do titular apenas em caso de vacância ou destituição do membro
titular do segmento que o representa.
Os representantes do Conselho Escolar sejam escolhidos democraticamente em
Assembleia de cada segmento da comunidade escolar, ou seja, professores, alunos,
funcionários e pais, vencendo por maioria simples. Por sua vez a “diretoria executiva” do
CDCE (presidente, tesoureiro e secretário) é escolhida entre os membros titulares, já
eleitos em seus segmentos. Salientamos que os alunos membros do CDCE só poderão
exercer a função de presidente ou tesoureiro, se maiores de 18 (dezoito) anos.
Outrossim, a Lei estadual nº 7.040/98 traz a obrigatoriedade da constituição do
Conselho Fiscal, sendo escolhidos em Assembleia Geral Ordinária, anualmente, por cada
segmento da comunidade escolar, ou seja, professores, alunos, funcionários e pais,
vencendo por maioria simples, composto conforme art. 37 da Lei nº 7.040/98, sendo 03
(três) membros efetivos e 03 (três) suplentes. Destacamos, ainda, que os membros do
Conselho Fiscal não podem fazer parte do Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar
e fica vedado, conforme Legislação vigente, a eleição de alunos para o Conselho fiscal,
salvo se maiores de 18 (dezoito) anos.
O CDCE, enquanto Associação de Direito Privado, sem fins lucrativo e de duração
indeterminada, precisa ser registrado em cartório e em seguida ter criado o Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ, uma vez que este possui função de Unidade
Executora.
A posse para os novos membros do CDCE será dada pelo CDCE anterior e
ocorrerá na unidade escolar, em data prevista no edital de eleição editado pela Secretaria
de Estado de Educação de Mato Grosso.
No contexto da Lei 7.040/98, o CDCE deverá elaborar seu estatuto seguindo o
modelo editado pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso, constando os
seguintes itens: constituição, finalidade, composição, atribuições dos conselheiros do
CDCE, atribuições da diretoria executiva, dos direitos, deveres, proibições e medidas
disciplinares dos conselheiros, do funcionamento do CDCE, assim como descrever sobre
a forma de composição e competência do conselho fiscal, das eleições e do voto, e, por
fim, da Assembleia Geral, da dissolução do conselho deliberativo e disposições gerais.
Diante do rol de atribuições que permeiam as dimensões política, pedagógica, e
financeira, o Conselho constitui-se como um grande canal de articulação e de gestão
corresponsável pelas ações educativas, estabelecendo-se como uma entidade consultiva,
deliberativa e mobilizadora, com responsabilidade de averiguar as necessidades da
unidade escolar e tomar decisões sobre o que se caracteriza como ações prioritárias dessa
instituição no tocante à execução do Projeto Político Pedagógico e do Plano de Ação da
Escola, a destinação e aprovação de contas dos recursos financeiros por ela recebidos e,
sobre o processo e os resultados da avaliação interna e externa da escola, conforme
preceitua a legislação vigente.
Ademais, a consolidação da gestão democrática é um mecanismo fundamental
para a materialização da autonomia da unidade escolar, uma vez que possibilita a
participação dos diversos segmentos da comunidade escolar. Assim, uma das
competências exigidas ao CDCE é o Controle Social dos Recursos, como forma de
garantir o direcionamento dos recursos advindos para a escola na viabilização das ações
pedagógicas, administrativas e financeira. Contudo, a construção da autonomia depende
de ações e práticas sociais desenvolvidos pelos sujeitos nos diferentes espaços e tempos
estruturais. Dessa forma, a articulação entre equipe gestora e CDCE é um elemento
importante, como requisito básico para efetuar o processo de descentralização do poder
de decisão e de construção da autonomia da escola, sendo uma das condições de criação
e sustentação de ambientes que favoreçam a participação. Vale destacar que o exercício
da autonomia é um mecanismo essencial para a efetivação da gestão democrática, pois
possibilita a participação dos diferentes atores da comunidade escolar, se configurando
como um dos princípios da gestão democrática previamente estabelecido no art. 15 da
LDBEN (BRASIL, 1996): “os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares
públicas de Educação Básica que os integram progressivos graus de autonomia
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de
direito financeiro público”.
É importante salientar que as decisões coletivas de cunho pedagógico,
administrativo e financeira devem estar alinhadas com as políticas educacionais propostas
pelo órgão central e com as legislações vigentes, para que não haja equívocos e possíveis
prejuízos aos envolvidos no processo. Ressaltamos, ainda, a necessidade da comunicação
efetiva entre Conselhos Deliberativos da Comunidade Escolar, Diretorias Regionais de
Educação /DRE, e Secretaria de Estado de Educação/SEDUC/MT para as orientações
necessárias.
Para o fortalecimento dos conselhos, entendidos como principais espaços de
decisão e deliberação das questões pedagógicas, administrativas, e financeiras, aponta-se
a necessidade de mudanças na prática da gestão escolar, buscando envolver a
comunidade nas discussões do Projeto Político Pedagógico da Escola, de forma que a
comunidade escolar se desassocie da função de usuária da escola pública e passe a
desempenhar o papel de protagonista do processo de decisão, visto que não se muda a
cultura escolar sem o trabalho coletivo, definindo claramente o papel político e as
atribuições do CDCE na sua relação com a gestão da escola. Sendo assim, algumas
estratégias poderão ser utilizadas no intuito de estimular a participação da comunidade
nas reuniões do CDCE, tais como:
Utilização de recursos tecnológicos atrativos que estimulem a participação da
comunidade para que a mesma possa sentir-se integrante do CDCE;
Horários de reuniões flexíveis, para que os pais possam participar;
As reuniões devem ter pautas definidas, objetividade.
Priorização do cumprimento do calendário de reuniões e assembleias;
Organização das reuniões de modo que elas sejam, ao mesmo tempo, agradáveis
e produtivas para atingir os objetivos;
Evitar que todos falem ao mesmo tempo;
Não realizar as reuniões em salas pequenas, mal ventiladas. Todas as pessoas
devem se sentir bem acomodadas;
Mudança de assunto logo que se esgote o primeiro;
Atenção à fala de cada um para evitar repetições;
Expressão das ideias com clareza;
Oportunidade para que todas as pessoas expressem as suas ideias e considerações;
Após as decisões aprovadas, deverão ser definidos os responsáveis pelos
encaminhamentos;
Registro em ata de toda a dinâmica da reunião, falas e encaminhamentos;
Fixação de uma cópia da Ata no Mural do CDCE.
Cumpre aqui evidenciar outro elemento importante da gestão escolar, que é dar
transparência e divulgar os trabalhos do CDCE, evidenciando a Convocação, bem como
o Cronograma, pauta das reuniões ordinária e a Ata com as deliberações, que deverão ser
estar afixados em lugar visível na unidade escolar, para que todos tenham conhecimento.
Por fim, entendemos a instituição desses colegiados nas escolas públicas estaduais
de Mato Grosso, como espaços de discussão e decisões em relação as dimensões
anteriormente elencadas, tem se mostrado um dos caminhos para avançar na
democratização da gestão escolar, contribuindo para o desenvolvimento de uma
consciência política e social.
REFERÊNCIAS:
Não obstante, salientamos que, em caso de uma nova Unidade Escolar, o CDCE,
instituído conforme legislação vigente, deverá elaborar o Estatuo do CDCE, de acordo
com o modelo editado pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso e, em
seguida, deverá registrar em cartório as atas de eleição e posse dos membros do CDCE,
bem como o estatuto e então proceder com a criação do CNPJ do referido Conselho na
Receita Federal. Sendo necessário os seguintes documentos:
Cópias autenticadas das Atas de eleição e posse dos membros do CDCE;
Cópia autenticada do Estatuto do CDCE, conforme Portaria nº
207/2017/GS/SEDUC/MT, para em seguida registrá-lo em cartório, com a
assinatura do advogado, informando este seu número de registro na OAB.
Ressaltamos que esses documentos deverão ser encaminhados ao contador, para
que o mesmo preencha o Documento Básico de Entrada - DBE e solicite junto à Receita
Federal a criação do CNPJ.
Salientamos que o DBE será preenchido no site da RFB pelo contador e deverá
ser impresso e ter firma reconhecida em cartório pelo presidente do CDCE, para em
seguida ser protocolado na RFB junto com os documentos (cópia autenticada do Estatuto,
Atas de Eleição e Posse dos membros do CDCE).
Após a criação do CNPJ, será necessário providenciar a aquisição de certificado
digital para o CDCE, para que o contador envie as primeiras declarações obrigatórias a
RFB (GFIP e DCTF).
As primeiras declarações, deverão ser transmitidas para a RFB respeitando o dia
e mês da criação do CNPJ.
O próximo passo será a regularização do CDCE junto à Agência Bancária,
enquanto unidade executora que representa a comunidade escolar. Para tanto, listamos
abaixo os documentos necessários para a regularização das contas correntes do CDCE
junto ao Banco: