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Caso Prático de KAKATA
Caso Prático de KAKATA
1. O Sr. Pega e Parte teve aquela reacção tendo em conta as numerosas irregularidades
que foram cometidas ao longo do processo que passaremos de seguida a explicar.
Cagado (doravante “C”), propôs acção de impugnação de acto administrativo provavelmente,
porque concordou com Kakata (doravante “K”) na existência de um indeferimento tácito.
Assim sendo, C, devia ter interposto uma acção de condenação à prática do acto devido, pois
o art. 124/1 da LPAC determina que é possível obter a condenação quando um acto seja
ilegalmente omitido, o que era o caso.
O regime estabelecido para existir condenação da administração exige que haja uma
omissão ilegal, que ocorrerá quando a administração esteja investida no dever legal de
decidir. Para que a mesma esteja investida nesse encargo, o interessado tem de lhe ter
apresentado um requerimento, o que K fez no dia 01.11.2015. A razão de ser desta imposição
deve-se à circunstância de para haver condenação de alguém por um tribunal, é necessário
que exista uma necessidade de tutela judicial. Se K não tivesse requerido a licença, ele não
carecia de protecção judicial, não preenchendo o requisito do interesse processual.
A situação do presente caso, a administração estaria investida no dever legal não só de
apreciar, como de responder ao pedido de licenciamento.
C propôs a acção contra o Presidente do Município, o que é errado, pois os art. 49, e o
artigo 127 da LPAC determinam que quem deve ser demanda é a pessoa colectiva que era o
Município de Maputo, e não o Presidente do Município. Apesar desta triste circunstância, a
mesma não tem consequências processuais profundas no sentido em que a secretaria do
tribunal irá corrigir esta imperfeição (63/1 LPAC).
O requerimento, foi pedido a 01.11.2015 pelo que o Conselho Municipal devia ter
dado resposta no máximo até 5 de Janeiro de 2015. Consequentemente, o prazo que K tinha
para reagir terminou em a 6 de Janeiro de 2016, e portanto tendo sido a acção proposta em
02.03.2017, ela mostrava-se intempestiva, que constitui uma excepção dilatória prevista no
art.58/2/i) LPAC.
2. A juíza não agiu desde logo correctamente porque “passou imediatamente para a
decisão”, onde deveria ter tomado certas providências prévias à decisão. Em primeiro lugar,
devia ter emitido despacho liminar uma vez que a acção ser intempestiva nos termos do
58/2/i), obstava à Juíza de conhecer do mérito da causa, pelo que a mesma deveria ter
absolvido da instância o Conselho Municipal da Cidade de Maputo (52/2/1ª parte LPAC).
Ora isso não obstava que K apresentasse uma nova petição em substituição da que foi
liminarmente rejeitada (no prazo de 15 dias).
Esta questão é de elevada importância, pois, permite evitar que se incorra na violação
do Princípio da Separação de Poderes previsto no art. 134 da CRM, no sentido dos tribunais
defenderem a legalidade, pronunciando-se e aplicando o Direito, e não têm como função
administrar. O tribunal, no âmbito da acção de condenação, só deve condenar a administração
à prática de um acto com determinado conteúdo em duas situações: i) quando a lei impuser
uma única solução ii) quando exista uma redução da discricionariedade a zero. Em todos os
restantes casos, ao abrigo da separação de poderes, o tribunal não se poderá substituir à
administração, apenas poderá impor que a administração, no âmbito da sua
discricionariedade, pratique o acto tendo em conta certas vinculações legais. No presente caso
encontrávamo-nos na segunda situação descrita, pois a Câmara ao reapreciar o pedido, teria
discricionariedade para conceder ou não a licença conforme se encontrassem preenchidos os
requisitos exigidos. A Juíza ao determinar que a Câmara deveria emitir a licença para
“aprender a não ser mal-educada” não se limitou a“uma condenação genérica com as
condições vinculativas que puder retirar das normas jurídicas aplicáveis, sem pôr em causa
a autonomia da decisão do órgão administrativo”, estando em clara violação do Princípio da
separação de Poderes e por ter julgado a conveniência e oportunidade da actuação da
administração.
A juíza devia ter aplicado o direito e não se deixar levar pela emoção. Devia para
além de ser independente, neutra devia ser imparcial.
Nota: Se o estudante fizer reflectir 50% disto por exemplo num teste já tem cotação
máxima.