CASOS HIPOTÉTICO-PRÁTICOS DE DIREITO INTERNACIONAL
Resolva as seguintes hipóteses práticas, organizando nas suas respostas um
discurso coerente e fundamentado, sempre que possível, nos preceitos normativos de direito internacional público: O Presidente do Sudão do Sul informou Omar Hassan al-Bashir, Presidente do Sudão, de que se este assinasse um tratado autorizando o Sudão do Sul a exportar o seu petróleo através dos oleodutos do Sudão, contra o pagamento de uma taxa anual de 10 000 libras, seriam imediatamente depositados 100 milhões de libras numa conta em nome de Omar Hassan al-Bashir numa dependência do Banco HSBC na Cidade de Londres. Mais informou que, enquanto o Sudão não ratificasse o tratado, o Sudão do Sul colocaria as suas tropas ao longo de toda a fronteira e ocuparia militarmente a cidade petrolífera de Heglig reclamada pelo Sudão. Omar Hassan al-Bashir assinou o tratado, aceitando o depósito no HSBC como sinal de boa-fé na negociação e de amizade entre os dois Estados. O Tratado foi aprovado e ratificado. Algum tempo depois, forças da Al-Qaeda atacaram os oleodutos sudaneses, impedindo a circulação de petróleo pelo seu território. Confrontado com esta alteração de circunstâncias, o Presidente do Sudão do Sul veio invocar a cessação da vigência do tratado, pedindo a restituição dos 100 milhões de dólares depositados em Londres. Pronuncie-se sobre esta pretensão à luz dos valores, princípios e regras que enformam a validade e o cumprimento dos tratados à luz da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados de 1969, e clarifique as consequências jurídicas pertinentes. Nota: trata-se aqui de uma situação ficcional! Consulta: Constituição Moçambicana e textos fundamentais de direito internacional público.
Considere a seguinte hipótese:
O Estado A pretende pôr termo à vigência do tratado comercial celebrado com B em 2000, alegando que alterações profundas entretanto sobrevindas na conjuntura económico-financeira lhe tornaram excessivamente onerosa - e, por isso, virtualmente impossível - a observância das obrigações assumidas em tal pacto. Inconformado, B intenta contra A uma acção contenciosa no Tribunal Internacional de 1 Justiça, ciente de que este último Estado tinha subscrito a cláusula facultativa de jurisdição obrigatória por um período de dez anos e com exclusão dos litígios relativos à interpretação de convenções internacionais. Pronuncie-se sobre a situação acima descrita do ponto de vista da vigência das internacionais e do funcionamento do Tribunal Internacional de Justiça.
Considere a seguinte hipótese:
Invocando uma situação financeira particularmente difícil e suscetível de pôr em causa a sua estabilidade futura, o Estado A cessou o pagamento de dívidas para com B, contratualmente estabelecidas num tratado concluído entre ambos, em 2010. Sustenta igualmente A, para justificar tal incumprimento, que, aquando da negociação dessa convenção internacional, o representante de B se valeu de medidas intoleráveis de coerção política e económica sobre o Estado A, com o propósito de forçá-lo à respectiva celebração. Inconformado, B alega que o comportamento do Estado A constitui flagrante violação do direito internacional e intenta contra este último uma acção contenciosa no Tribunal Internacional de Justiça, mesmo sabendo que o caso estava já a ser apreciado por um Tribunal Arbitral, entretanto constituído por ambos os Estados nos termos de uma prévia convenção de arbitragem. Pronuncie-se sobre a situação acima do ponto de vista da responsabilidade internacional do Estado por actos ilícitos, da validade das convenções internacionais e da eventual suscitação de excepções preliminares por parte do Estado demandado no Tribunal Internacional de Justiça.