MARITUBA-PA
2018
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RESUMO
A base social moderna depende de uma segurança pública eficiente, sendo esta a missão dos
órgãos policias. E a busca dessa eficiência depende diretamente de estudos que contestem
paradigmas como o calibre padrão (.40S&W) das munições policiais de armas curtas. Esta
pesquisa teve como objetivo destacar as características analisando comparativamente os
calibres das munições para uso policial sob a ótica do confronto armado real, buscando
verificar se há relação destes com a eficiência prática no tiro policial, segundo testes
experimentais e a opinião de policiais militares do Pará (PMPA). Utilizou-se uma pesquisa
qualitativa exploratória baseada em método hipotético-dedutivo, inicialmente com seleção de
bibliografias especializadas, seguindo-se pela aplicação questionários aos sujeitos, residentes
na grande Belém que já tenham participado de confrontos armados nos últimos seis anos. Para
os testes práticos de tiro foram usados armamentos de calibres .40S&W e 9mm Luger, com
munições do mesmo modelo usado no policiamento ordinário. Buscou-se aferir precisão e
velocidade de disparos, além da opinião do atirador. Dentre os principais resultados obtidos, a
pesquisa concluiu que a munição 9mm Luger superou as qualidades práticas do calibre
.40S&W quando em consideração no confronto armado real, segundo as seguintes variáveis:
maior confiabilidade e controle de mira, velocidade de tiro e precisão (36,2%); maior
capacidade de cartuchos (8%), menor custo e peso (13%). Perdendo apenas na média de
energia dos projéteis (13%), concluindo, porém que esta pouco ou nada influencia na
sobrevivência ao confronto armado real, importando mais a proficiência no tiro e a
mentalidade combativa no operador.
Palavras-chave: arma de fogo; confronto armado; munição policial; mentalidade de combate;
treinamento policial.
ABSTRACT
The modern social base depends on an efficient public security, this being the mission of the
police agencies. And the pursuit of this efficiency depends directly on studies that challenge
paradigms such as the standard caliber (.40S&W) of short-range police ammunition. This
research had the objective of highlighting the characteristics comparing the calibers of the
ammunition for police use from the point of view of the real armed confrontations, seeking to
verify if there is a relation of these with the practical efficiency in police shootings, according
to experimental tests and the opinion of military policemen of Pará (PMPA). An exploratory
qualitative research based on a hypothetical-deductive method was used, initially with the
selection of specialized bibliographies, followed by questionnaires to the subjects living in
Belém metropolitan region who had already participated in armed confrontations in the last
six years. For practical firing tests, .40S&W and 9mm Luger caliber weapons were used, with
ammunition of the same type used in ordinary policing. It sought to measure accuracy and
speed of shots, as well as the shooter opinion. Among the main results, the research concluded
that the 9mm Luger ammunition surpassed the practical qualities of the .40S&W caliber
when considered in the actual armed confrontation, according to the following variables:
greater reliability and aim control, firing speed and precision (36,2%); higher cartridges
capacity (8%), lower cost and weight (13%). Losing only in the average energy of the
projectiles (13%), concluding, however, that this has little to no influence in the survival (of
the) in real armed confrontation, being more important the shooting proficiency and the
combat mindset in the operator.
Keywords: fire gun; combat pistol; police ammunition; combat mindset; police training.
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1 INTRODUÇÃO
O debate a respeito do calibre de armas curtas em instituições policiais raramente
mostra-se pacífico. Desde os bancos de academias aos mais altos escalões estratégicos de
decisão corporativa, há mais de décadas, o calibre policial foi apaixonadamente defendido
como sendo o .40 polegadas, 10mm adaptado, com o maior poder de parada (stopping power )
possível (GIRALDI, 2007), conhecido e propagado engano científico, quando considerado
para armas de porte no objetivo da incapacitação imediata de uma agressão, (DI MAIO,
1999).
Desde 2006 iniciaram-se estudos que colocam o paradigma das munições policiais de
armas curtas no calibre .40S&W (Smith & Wesson) em contestação (PINIZZOTTO et al,
2006). Assim, a Divisão de Treinamento da Academia do FBI (Federal Bureau of
Investigation) em quântico, Virginia, nos Estados Unidos anunciou no final de 2014 a
retomada do calibre 9mm para seus integrantes, usando por base justificações cientificas e
táticas operacionais, alicersadas em pesquisas e testes de laboratório fundamentalmente
fáticos e não teóricos como anteriores.
Isso tudo somado ao fato de que, independente das condições que ocorrem, hoje está
nítida a elevação do número de policiais mortos em confronto armado no Brasil e no Pará.
Com os íncides de violência nacional qualquer valência que interfira positivamente na
capacidade de autoproteção do agente aplicador da lei deve ser alvo de investimento
institucional, residindo aí a relevância desta temática. Em suma, para além da melhoria dos
custos da máquina pública, o respaldo deste artigo está na busca de melhores condições de
trabalho, e porque não dizer no contexto policial de hoje, da sobrevivência do agente estatal
considerado a última barreira para caos social.
características práticas são necessárias à munição para o tiro de legítima defesa policial?
Discutindo não somente óticas técnicas das munições, mas também visões do ambiente
operacional de uso do tiro em legítima defesa real e sua indissociável interação com o ser
humano por trás da farda policial, usando como parâmetros para comparação dos principais
calibres da atualidade.
Para o método de coleta e análise de dados da parte experimental deste artigo o autor
se valerá dos conceitos de Fachin (2001), conjuntamente com postulados importantes sobre a
ótica do considerado autor da técnica moderna de pistolas, Cooper (2006), traduzida pelo tripé
da eficiência no confronto com armas de fogo: “precisão, força e velocidade”. Tudo isso,
somado ao estudo de Lewinski (2009, p. 2), que será trazido para “entender as dificuldades
que envolvem o disparo e a avaliação do alvo” em condições cuja vida do operador esteja em
risco.
Zanotta (2017) serviu de inspiração para o modelo dos testes aplicados nos sujeitos de
pesquisa, assim como foi realizado em uma edição da revista especializada Magnum citado
pelo artigo científico apresentado como trabalho de conclusão do curso superior de tecnólogo
em segurança publica da Universidade Estácio de Sá, escrito por Moliterno (2017, p. 4), tendo
como objetivo “fazer uma análise da viabilidade do calibre 9mm Parabellum (ou Luger) como
arma de porte padrão para as forças de segurança pública.
2 METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado em duas etapas. A primeira e principal teve como base o
levantamento bibliográfico, discutindo as conceituações e o “estado da arte” sobre o assunto,
ou seja, aquilo que de mais moderno se tem debatido entre os doutrinadores de tiro policial.
Sobretudo, foi realizada uma fundamentação teórica sobre as características necessárias as
munições de armas de porte policial na atualidade. A segunda parte deste trabalho compôs-se
da aplicação e análise dos resultados obtidos dos testes práticos de tiro, onde se aferiu tempo e
precisão da amostra de atiradores para comparação entre calibres, a partir da escolha dos
sujeitos.
Esta pesquisa foi majoritariamente do tipo qualitativa, pois teve como alicerce os
resultados e informações originadas de fontes já trabalhadas, principalmente em relação as
comparações de performance balística entre os calibres usados na atividade policial,
abrangendo-se os relatórios técnicos da fabrica nacional e internacionais. Adicionalmente, a
busca documental, delimitada temporalmente as referências pesquisadas em geral na rede
mundial de computadores, deu o foco necessário aos conceitos dos testes experimentais que
contextualizam a discussão em velocidade e precisão no assunto calibre para arma de fogo
policial no Brasil e no Pará.
Para obtermos o objetivo do trabalho, foi calculada a distancia média entre todos os
pontos por alvo, que retorna calculando um novo ponto como centro médio da nuvem de
pontos (tiros), sendo a distancia linear até o centro do alvo, o erro médio de precisão do
atirador. Buscou-se manter as mesmas condições dos disparos entre os diferentes calibres,
desde a semelhança do modelo de arma até a distancia atingida, o ambiente e as vestimentas
dos pesquisados, mudando-se somente as características naturais das munições calibre .40
polegadas (Smith & Wesson) e 9mm (Parabellum) com os projéteis de mesma configuração e
funcionalidade, Expansivos de Ponta Oca (EXPO), conforme informativo técnico no anexo
deste trabalho.
mercado nacional, 350 unidades de cada calibre, ofertados pela Companhia Brasileira de
Cartuchos a título de apoio a pesquisa. A quantidade dos sujeitos de pesquisa foi lastreada,
então, pelos recursos disponíveis e meios necessários, como munições, alvos, armas e
participantes voluntários.
3 DESENVOLVIMENTO
A arma de fogo como meio de força mais potencial está para o agente de segurança
feito como ferramenta de trabalho, sem a qual seu atuar seria inconsistente e até
inconsequente por parte dos responsáveis pelo seu aparelhamento profissional. Pois a
salvaguarda da vida do policial é pressuposto maior no cumprimento de sua missão
institucional. Em outras palavras, sem a possibilidade de legítima defesa o agente estatal não
representa bem seu fim nato perante a sociedade: garantir a lei, a ordem e defender a
cidadania.
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60% dos casos de morte de policiais, estes se encontravam tão despreparados para a
situação em que morreram que nem sequer retiraram suas armas dos coldres e 40%
morreram mesmo sacando suas armas. Dos policiais mortos, somente 27%
conseguiram reagir atirando de volta e destes últimos, menos de 50%
conseguiram atingir seus agressores e apenas 30% dos agressores atingidos foram
neutralizados. Ou seja, do universo de policiais mortos, menos de 30% chegaram a
disparar e apenas cerca de 10% conseguiram acertar seus agressores, sendo que
no máximo 3% dos casos, os agressores foram neutralizados. (FBI apud
PACCOLA, 2017, p.13-14)
Entenda-se que a estatística acima exposta representa uma população especial, de
países desenvolvidos. Nesses moldes, foi o terceiro estudo publicado, parte de uma série de
longas investigações sobre ataques fatais e não fatais analisadas a partir de um conjunto de
mais de 800 incidentes na Europa e Estados Unidos. O uso desses dados para a pesquisa em
tela se deu em parte pela insuficiência de estudos nacionais confiáveis e, sobretudo por ter
sido a base final para a decisão do FBI pela última decisão do calibre padrão de seus agentes,
como ver-se mais a frente.
Em resumo, transformar um cidadão comum num agente da lei preparado para colocar
sua vida em risco a fim de salvaguardar a sociedade não é tarefa simples. Cada fator relevante
nesse processo deve ser considerado como estratégico, incluindo o tipo de munição usada
dentro do contexto probabilístico e da finalidade geral em atuar na legítima defesa, própria ou
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de outrem. Finalmente, sobre o necessário rigor policial versus a violência arbitrária, ensina
Balestreri (1998, p. 9): “O uso legítimo da força não se confunde, contudo, com truculência.
A fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo formal, pela lei, no campo
racional pela necessidade técnica e, no campo moral, pelo antagonismo que deve reger a
metodologia de policiais e criminosos”. Por meio dessa reflexão, vislumbra-se a
complexidade da seleção, formação e treinamento policial para a correta atuação desse agente
público.
agressão, ou que o policial poderia ter escolhido acertar na perna ao invés do peito ou até o
absurdo de dizer que deveria ter esperado o agressor atirar primeiro.
Cabem bem aqui, então, estudos como este para romper com visões “atecnicas” destas
citadas anteriormente. Visões impostas por “especialistas” de segurança pública, que
contaminam com suas opiniões infundadas, inclusive magistrados, promotores, delegados,
muitas vezes fora da realidade crua das ruas e desabrigados da ciência ou da técnica que
deveriam balizar seus juízos. (LEANDRO, 2016) Desrespeitando assim institutos que
envolvem direitos fundamentais como o de salvar vidas na legítima defesa em segurança
pública, inclusive a própria. (QUINTELA, 2015)
Em suma, a desconstrução de alguns mitos criados no “ciclo leigo” das armas de fogo,
baseados no empirismo da mídia de massa, é imprescindível e deve dar lugar urgentemente as
doutrinas metodológicas de ciências consolidadas. Por exemplo, de que forma tecnicamente
um policial militar brasileiro ordinário deve ser treinado? As estatísticas nos mostram:
A legítima defesa subjetiva, então, seria aquela em que o agente não percebendo o fim
da agressão injusta, por erro inevitável, no qual a maioria das pessoas erraria, continua a
conduta de defesa, os disparos de arma de fogo, por exemplo, sendo assim reconhecida a
atipicidade criminal por exclusão do dolo e da culpa. A grande questão no Brasil é que o
numero de disparos no confronto armado sempre altera os ânimos de integrantes do “ciclo
leigo” ou travestidos de defensores dos Direitos Humanos. Logo, para relativizar a crença
geral de que mais de dois tiros é excesso punível de legítima defesa, usaremos uma
compilação de estudos no intuito de entender sobre o tempo que um “atirador médio” leva pra
perceber que a agressão cessou.
14
Estar realmente capacitado ao porte de uma arma de fogo para defesa não é tarefa fácil
para ninguém. Envolve além de plenas condições motoras (habilidade no tiro), condições
psíquicas (que não compreendem somente o quando usar, mas o como usar). A exemplo do
Japão feudal que tinha uma famosa classe de guerreiros samurais portando espadas na cintura,
famosos por enfrentarem desafios mortais rotineiros no intuito de testar suas habilidades; a
qualquer tempo, aquele que porta uma arma hoje pode ser obrigado a usá-la em defesa sua ou
alheia, e o preço pelo despreparo nesse momento pode ser a vida tirada até pela própria arma,
principalmente se for policial.
Dados do FBI no mostram que 70% dos selecionados em concursos policiais chegam
aos centros de formação sem nunca ter tido contato anterior com armas de fogo.
(PINIZZOTTO et al, 2006, p.43). Essa realidade desvenda a difícil missão de bem preparar o
15
policial para enfrentar a realidade do combate armado, cada vez mais próximo do agente
contemporâneo brasileiro. Continuando com a base das estatísticas dos estudos internacionais,
ressalta-se: 40% dos policiais mortos durante o serviço não haviam passado por práticas de
tiro e reciclagem nos últimos 3 anos, sendo que boa parte deles eram bons atiradores de
estande, porém treinavam de maneira errada; (ALVES,2017, p.47)
Vale ressaltar que tais dados foram obtidos de países desenvolvidos, quando se trata de
Brasil essas conclusões são ainda piores. O público selecionado em concursos para integrar as
corporações policiais brasileiras nitidamente mudou hoje em relação há 20 anos. O perfil mais
instruído, na maioria pessoal oriundo de classe média e média baixa, os chamados
concurseiros, frutos de editais de chamamento mais exigentes para o serviço público. Isso faz
com que a preparação visando à realidade profissional que este funcionário estatal vai
vivenciar durante seu serviço, comumente a mais marginalizada da sociedade, seja
preocupação viva das instituições. Nesse sentido, Barbon (2018) expõe que não faltam
exemplos de operadores que são mortos, e por vezes com suas próprias armas tomadas em
luta corpo a corpo com agressores.
Então o que seria mentalidade combativa? O código de cores de Cooper (2006) tem
relação direta com esse preparo psicológico. Ele expõe quatro níveis de alerta que uma
situação pode exigir, do mais relaxado ao mais concentrado: branco, amarelo, laranja e
vermelho. Porém, variar os níveis de alerta nas situações não completa o preparo mental. É
preciso estar pronto para usar a força mortal se necessário e principalmente sem hesitar. Após
a decisão de usar a arma de fogo para cessar uma agressão ser tomada, nada pode parar a
correta mentalidade do legítimo defensor, somente o fim real da injusta agressão.
Pra iniciar com propriedade nossa discussão mais técnica do trabalho, necessário se
faz remontar a origem histórica e os fatos resumidos que constroem a gênese do calibre 10mm
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e .40 (por muitos chamado de “um calibre da polícia para a polícia”) e de fato tal afirmação
parece correta, senão vejamos. O FBI atribuiu a culpa do fracasso da operação conhecida
como “Tiroteio de Miami” sobre o projétil utilizado, o de 115 grains 9 mm Silvertip, que não
chegou até o coração dos oponentes, nos tiros que penetraram lateralmente o tórax, depois de
atingir o braço, e foram 12 ao todo.(PACCOLA, 2017)
Após a necropsia, foi dito que se a munição tivesse maior poder de penetração poderia
ter incapacitado os agressores. Note-se como tudo é relativo, aliás, tratam-se sem dúvida de
conceitos relativos. Assim, inicialmente o FBI optou por utilizar uma munição recém-lançada
na época, calibre 10 mm, em pistolas de grande porte que se mostraram exageradamente
potente e com recuo (coice dado durante o disparo) muito forte, além do grande tamanho pra
serem portadas diuturnamente. Como resultado do fracasso inicial do calibre 10 mm, que na
verdade data da década de 70 houve uma tentativa de diminuir-se a potência sem alterar o
diâmetro do projétil, diminuindo assim também as armas. Assim nasceu o calibre .40 S&W,
de mesmo tamanho, porem menos potente.
Já o calibre 9x19 mm é muito mais antigo, datando de 1902 para a utilização na pistola
militar Luger, desenvolvido pela DWM da Alemanha e com maior aceitação mundial até hoje
por forças militares, dentre outros motivos por ser um calibre de alcance útil maior, tendo em
vista apresentar velocidades maiores já que levam pontas mais leves. Simplesmente assim
resume-se a origem dos dois calibres neste trabalho estudados. Porém outras considerações
igualmente importantes ao tema serão trazidas adiante. Por exemplo, discutir o uso de
munições para arma de fogo primeiramente demanda uma delimitação clara e específica, pois
a variedade é tamanha que um único Artigo mal conseguiria introduzir o tema. Assim, o foco
estará nas munições de armas curtas ou arma de porte, conforme a definição regulamentar
brasileira (BRASIL, 2018). Há que se tratar rapidamente, a partir daqui, de uma introdução
aos conceitos básicos da balística, ciência que estuda o funcionamento, trajetória e efeitos das
munições e armas de fogo.
Quando um agente utiliza sua arma de fogo ele objetiva imediatamente incapacitar o
agressor. Incapacitar é fazer com que o agressor fique impossibilitado de fisiológica
ou psicologicamente causar uma ameaça ou danos a alguém. Como o fator
psicológico é extremamente variável e está relacionado diretamente ao indivíduo e
fatores como determinação, utilização de drogas e álcool, estado emocional entre
outros comuns e típicos dos seres humanos não podemos contar com este fator para
determinar a eficiência de incapacitação de uma determinada munição.
(MOLITERNO, 2017, p. 12)
Relembrando, então, a pergunta problema desta pesquisa: que características
práticas são necessárias a uma munição ou cartucho - caracterizado pelo conjunto do
estojo (invólucro), espoleta (que contém a mistura iniciadora da combustão), carga propelente
(pólvora) e projétil (ponta ou ogiva de disparo), segundo Tocchetto (2018) - de uso policial,
ou seja, aquela com maior eficiência de incapacitação, em legítima defesa real? Para
continuar desvendando esta problemática precisamos fechar ou isolar valências de análise,
tomando por base estudos científicos de incapacitação humana nos confrontos armados.
Pesquisas médicas comprovam que cerca de 20% dos indivíduos atingidos por um
único disparo em áreas vitais não causam incapacitação instantaneamente do
agressor, mesmo que na prática, seja uma questão de pouco tempo para que estejam
mortos. Cerca de 13% deles resistem conscientemente por até 3 minutos, e 7%
resistem por mais tempo, isso se deve às condições psicofísicas do agressor. (Estudo
FBI apud PACCOLA, 2017, p.13-14)
A maioria das detenções efetuadas por agentes de segurança no cumprimento da lei
tem por fator psicológico a causa principal, pois estes as realizam sem disparos de arma de
fogo. Assim, a desistência do ato ilegal, seja pelo procedimento técnico, pela surpresa da ação
policial, causando medo dos resultados do confronto continuado, se deu pela vontade própria
do agressor logo após a exposição da arma de fogo, mesmo sem ser efetuado nenhum disparo,
apenas pelo alerta da possibilidade de tiro, por exemplo. No exercício da legítima defesa,
porém, não se pode dar o luxo de apostar em fatores variáveis como a reação psicológica do
agressor ao uso da arma de fogo. Como visto anteriormente, estando os requisitos legais
presentes, o tempo é decisivo para o resultado favorável da ação legítima do policial.
Incapacitar, cessar a injusta agressão é o objetivo, mais também o é no menor espaço de
tempo possível, inclusive quando em defesa de outrem, salvando vidas inocentes.
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Justifica-se esse enfoque, pois o senso comum, no que se refere à balística terminal,
basicamente tem como parâmetro apelos visuais divulgados por meio de vídeos que
mostram projéteis desintegrando frutas, balões de líquidos ou latas de refrigerantes,
bem como pessoas sendo arremessadas pelos projéteis que as atingem
Sobre balística, o presente trabalho não pretendeu analisar dados referentes à
quantidade de propelente dos cartuchos, a energia na saída do cano, ao alcance útil dos
projéteis, ou mesmo estudar ilustrações e tabelas, contendo diversos conteúdos já explorados
exaustivamente na respectiva literatura como a de Tocchetto (2018) ou os informativos
técnicos de fábrica, como os da CBC trazidos ilustrativamente no anexo deste artigo.
incapacitação imediata de um agressor, como adiante será mais bem discorrido, de acordo
com os ensinos de Pinizzotto et al (2006), e também pelos dados coletados pelo autor no
presente trabalho
Um ponto final deve ser posto sobre a energia cinética e a formação de cavidades
temporárias. Não importa quão grande seja uma cavidade temporária produzida por
um projétil, ele terá pouco ou nenhum efeito a não ser que se forme em um órgão
sensível à lesão gerada por tal cavidade. (DI MAIO (1999) apud LEANDRO, 2016,
p. 47)
O poder de parada (Stopping Power) se mistificou há décadas por uma massiva
política de propaganda comercial que teve sua origem na criação do denominado “calibre
policial” da americana Smith & Wesson em meados de 1990: evolução do 10mm, o
considerado “milagroso” .40 polegadas. Hoje, o FBI, que na época fomentou a proposta de
mudança do calibre padrão de seus agentes, repercutindo na mesma decisão de órgãos
policiais mundo a fora, admitiu o retorno do calibre 9x19mm (FBI, 2017), muito em razão da
evolução tecnológica dos projéteis de hoje que causam semelhantes efeitos balísticos em
comparação ao .40.
Logo, em resumo, o calibre padrão das forças de segurança, conclui-se que este deve
proporcionar em primeiro lugar, um bom índice de acertos, pois nenhuma característica
balística de efeitos será aproveitada se o conjunto arma e operador não for capaz de colocar o
projétil onde deve para incapacitar. Em segundo lugar, a munição deve ter como fator mais
relevante na efetividade de um ferimento a um alvo humano a penetração em uma
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Tudo até aqui tratado baseou-se no fruto da extensa pesquisa realisada pela Academia
do FBI, que concluiu pela decisão de retorno ao calibre 9mm das armas de seus agentes, tendo
com principais fundamentos:
O policial perde entre 70 e 80 por cento dos tiros disparados durante um tiroteio.
Projéteis fabricados a partir de 2007 possuem maior eficácia da balística terminal de
muitos projéteis policiais de linha premium (especialmente os Luger 9mm).
O calibre 9mm Luger oferece projéteis premium que são, sob condições de teste,
idênticos ou superiores a maior parte da linha premium .40 S&W e .45 Auto
(testados pelo FBI).
O calibre 9mm Luger oferece maior capacidade de tiros nos carregadores, menos
recuo, menor custo (em munição e reparos nas armas) e índices de confiabilidade
mais elevados quanto ao funcionamento (em armas do FBI)
A maioria dos atiradores do FBI em linhas de tiro, mais rápidos e mais precisos com
a Luger 9mm em comparação com a .40 (armas de porte semelhantes) S&W.
Há pouca ou nenhuma diferença perceptível nas linhas de perfuração do projéteis
premium de 9 milímetros Luger até .45 Auto pelos exames cadavéricos.
Dada construção das munições contemporâneas, policiais que tem munição Luger
9mm podem ter o potencial de desempenho final de qualquer outro calibre de
pistola com nenhuma desvantagens quando comparada aos calibres “maiores”.
(PINIZZOTTO et al, 2006)
Com base nas conclusões do estudo acima, restou ao presente estudo adaptá-los à
realidade brasileira. Nesse intuito foram realizados testes comparativos de tiro com sujeitos de
pesquisa da Polícia Militar do Pará. A ideia central baseou-se na aferição dos resultados de
precisão e tempo dos disparos com armas no calibre 9x19mm e .40 S&W, pois essas são as
características importantes, somadas às opiniões da perspectiva dos atiradores coletadas por
meio de questionários aplicados aos pesquisados, conforme se vê nos resultados adiante.
As armas utilizadas nos testes foram disponibilizas pela fabricante Forjas Taurus
através da solicitação feita em apoio a pesquisa, bem como as munições, pela Companhia
Brasileira de Cartuchos (CBC). Os modelos de pistola T-Series foram escolhidos em razão
das suas idênticas dimensões e sistemas de funcionamento, alem da pouquíssima diferença
nos pesos: Pistolas TH40 e TH9 todas Full Size (tamanho normal de fábrica). As munições
foram do tipo Expansiva Ponta Oca (EXPO) modelo Gold Hex, mesmo usado no serviço pela
corporação, nos calibres 9mm Luger +P+, projétil de 115 grains de peso e .40 S&W, projétil
de 155 grains.
A análise dos impactos nos alvos se deu por meio de técnicas de georreferenciamento
computadorizado, em parceria com o Instituto Espaço Inovação do Parque de Ciência e
Tecnologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Após os tiros os alvos foram
digitalizados, metrificados e vetorizados no software Qgis 2.18 Las Palmas para cálculo dos
resultados em processamento dos agrupamentos e distâncias dos impactos em relação aos
pontos de visada dos alvos, ou seja, o local onde se mirou no alvo. As comparações seguiram-
23
se entre os calibres dos tiros do mesmo operador e na média dos diferentes operadores,
buscando os resultados de precisão e índices de erros.
Depreendeu-se também dos questionários aplicados que a maior parte dos policiais
militares pesquisados tem uma concepção bem formada dos recentes estudos das
características do calibre ideal à legítima defesa e, após experimentarem os tiros nos testes,
dos 15 pesquisados, 14 afirmaram que optariam pelo 9x19mm para uso nos armamentos
de porte se disponível, restando apenas um que opinou pela .40S&W. Ressaltando-se que o
perfil desses sujeitos de pesquisa reforça a credibilidade de suas opiniões sendo a média de
tempo de serviço ativo de quase 12 anos e meio, onde 13 participantes declararam terem sido
na atividade fim policial militar, ou seja, no policiamento ostensivo de fato.
Tabela – Resultados dos questionários aplicados acerca dos níveis de satisfação com
as atuais armas de porte da PMPA no calibre .40S&W
Muito Muito Não sabe/sem
Satisfeito(a); Insatisfeito(a);
satisfeito(a); insatisfeito(a); resposta.
Confiabilidade (segura) 3 9 3 0 0
Durabilidade (resistente) 0 8 4 2 1
Precisão (disparos certeiros) 0 9 4 2 0
Facilidade de operação
(simplicidade)
5 8 0 1 1
Quantidade de disparos
disponíveis (capacidade) 3 9 2 1 0
Tamanho e peso
(portabilidade) 3 8 3 0 1
Velocidade (em tiros rápidos) 4 6 3 2 0
Enquadramento (visada de
tiro) 2 9 4 0 0
25
Poder de incapacitação
(parada) 2 8 2 1 2
Controlabilidade (recuo no
tiro)
1 3 8 3 0
Necessidade de treinamento 1 2 7 3 2
Custos (preços) 1 1 5 4 4
Fonte: Dados obtidos pelo autor, 2018.
Vale comentar que 100% dos pesquisados afirmou ser preciso repensar o calibre
padrão da PMPA, com justificativas desde a busca constante de melhor eficiência da atividade
policial, até o aumento da segurança do próprio PM, passando por várias vantagens do 9mm e
desvantagens do .40. Bem como, contraditoriamente, 53,3% dos participantes relataram
sentirem-se seguros com o uso da arma calibre .40 institucional, considerando seu
treinamento suficiente para superar as dificuldades admitidas como naturais do calibre, mas
que se tivessem a oportunidade, trocariam pra 9mm.
Interessante destacar, também que esses mesmos 53,3% de policiais que sentiram
segurança no uso do calibre .40S&W em razão do treinamento próprio (militares de unidade
especializadas tendem a treinar mais que a tropa ordinária), afirmaram também que seu
treinamento precisa melhorar, justificando em maioria a necessidade do aumento da
frequência de instruções práticas simuladas de tiro real. Notou-se com essa reafirmação do
paradigma de calibre uma divergência, talvez causada por interpretações anêmicas da melhor
metodologia de preparo policial para o confronto armado, como em uma única afirmação de
um pesquisado que disse ser necessário o aumento da prática de tiro em pistas que visem à
simulação da realidade.
O calibre 9x19mm apresenta vantagem em relação ao .40 S&W pelo custo das
munições. Comparando os preços para pessoa física de munição da marca CBC,
única fabricante brasileira de munições (na data de setembro/2018), a munição
9mm é 13,37% mais barata que a .40 S&W. Como o calibre 9mm apresenta um
custo menor, e é possível treinar o operador com mais números de disparos o que
resulta na melhoria da qualidade técnica e faz com que em uma situação de
confronto o operador esteja mais preparado, aumentando as chances de sucesso.
(MOLITERNO, 2017, p. 28)
Outrossim, destacando-se os resultados da aferição dos alvos atingidos, verificou-se
que dentre os calibre testados, o 9mm Luger demonstrou melhores índices de precisão com
26
36,2% mais acertos nas áreas válidas do alvo e controlabilidade dos disparos com intervalos
de 0,5 segundo mais rápidos dentro da sequência a 5 metros, fundamentando um melhor
reenquadramento e autoconfiança do operador, corroborada pela observação dos comentários
registrados nos questionários, assegurando a confiabilidade da 9mm pelo menor índice geral
de mal funcionamento.
Concluindo, expõem-se os resultados das aferições de tempo onde o policial deve ter
em mãos uma arma/munição que, além de ter possibilidade de incapacitar o agressor, deve
possibilitar ao usuário extrair o máximo de sua capacidade técnica no momento do confronto.
O melhor conjunto arma/munição do mundo de nada servirá se o tiro for perdido ou este não
conseguir repeti-lo (por necessidade) com acuaria pelo excessivo recuo da arma. Por isso,
passa-se a analisar mais especificamente os tempos aferidos nos testes realizados:
Figura 2 – Gráfico comparativo da média do tempo de disparos por sequencia de três.
4 CONCLUSÕES
Desta feita, constatou-se diante do estudo realizado que ambos os calibres (9mm e .40)
possuem respeitáveis características e qualidades, contudo, quando há a necessidade de
classificá-los utilizando a variável eficiência na utilização pelos agentes de segurança pública,
os resultados mostraram que o calibre 9mm Luger é superior para defesa pessoal.
Respondendo a pergunta problema que originou esta pesquisa, quais as características
necessárias à munição de porte para legítima defesa: ter maior capacidade de tiro, melhor
administração do recuo de disparo pelo operador, melhor controlabilidade em múltiplos
disparos e melhor agrupamento de tiros rápidos sequenciais, além de manter o poder de
incapacitação de um alvo humano agressor com a penetração ideal.
Finalmente, afirma-se que, tanto do ponto de vista técnico quanto dos instrumentos de
coleta utilizados (questionários e testes de tiro), o calibre 9mm Luger demonstrou sua
superioridade analisando-se as características necessárias a uma munição de emprego na
legítima defesa policial, considerada em conjunto arma e operador: atirar repetidamente com
maior velocidade, manter a maior precisão em um menor tempo, engajar alvos múltiplos de
maneira mais efetiva e principalmente, gerar maior autoconfiança no operador.
Isso tudo levou à afirmação de que o desempenho e consequentemente a efetividade
do calibre 9mm é superior a do .40S&W, já que hoje os projéteis desse calibre atingiram um
nível de tecnologia em que faz todo o efeito necessário como o calibre .40S&W, apresentando
menor custo de treinamento, menor risco de disparos com trajetos indesejados ("balas
perdidas"), maior confiabilidade no mecanismo, capacidade de cartuchos, precisão e
controlabilidade dos tiros, bem como, as principais vantagens táticas que decidem um
confronto armado.
Cabem agora planejamentos mais aprofundados para a implementação do calibre 9mm
como novo padrão para as armas de porte da PMPA. Há que se estudar a legalidade de
compra, o treinamento inicial, o orçamento com seus ganhos e economia certa, o modo de
substituição progressiva, o reaparelhamento do setor de manutenções e inclusive as vantagens
na aquisição de munições de serviço e treinamento, com a certeza de ser um investimento que
em curto prazo se pagaria com as economias relacionadas na comparação com o atual calibre
.40. Que esse trabalho possa contribuir para a melhor prestação dos serviços de segurança no
estado e, sobretudo, melhorar as condições de combate na legitima defesa de vidas policiais e
da sociedade.
29
REFERÊNCIAS
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estudo sobre a percepção dos policiais militares empregados no serviço operacional nas
cidades de Cuiabá e Várzea Grande. Monografia (Bacharel em Segurança Pública da
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Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm >
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COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS, CBC. Informativos Técnicos. Disponível
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LEANDRO, Allan Antunes Marinho. Armas de Fogo e Legítima Defesa: A desconstrução
de oito mitos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.
LEWINSKI, Williem J. New Developments in Understanding the Behavioral Science Factors
in the “Stop Shooting” Response. Law Enforcemnete Executive Forum, Force Science
30
APÊNDICE
32
APÊNDICE A – Agradecimentos
Agradeço a Deus, Senhor dos Exércitos, Autor da liberdade, Campeão dos oprimidos,
por adestrar minhas mãos para batalha e meus dedos para guerra.
A minha família: minha esposa Erika Bechara, minha filha Júlia Bechara, que me
deram a compreensão para o apoio necessário, estando presentes nos momentos de glória e de
dificuldade.
Aos meus orientadores Cel Erika e Cel César, pelas revisões, apoio, incentivo e por
me levar a luz em momentos que só havia trevas. E aos representantes das empresas Forjas
Taurus e Compania Brasileira de Cartuchos nas pessoas do Sr Coutinho e Sr Nelson,
respectivamente.
Aos grandes amigos e colaboradores TCel PMESP Valério, TCel PMPA Mariúba,
TCel PMMT Paccola, Maj PMPA Nelson, Cap PMPA Eli, Cap PMPA Monteiro, Ten PMPA
Ramiro, Ten PMPA Veríssimo, Cad PMPA Sidônio, Cad PMPA Susane, Cb PMPA Martins,
Sd PMPA Miranda, Sd PMPA Lindyneia, Sr Cleber Siqueira do CTB e Prof. Luis Sadeck da
UFPA e outros, os quais me incentivaram, e sem eles não teria se concretizado este trabalho.
E aos amigos da PMPA, corporação que amo e pela qual me predispus ao presente estudo.
ADSUMUS...
33
Unidade onde é lotado (OPM): __________________________ Tempo Efetivo de serviço PM: _____________________________
1. Quais as 03 (três) principais características que uma arma de (1) (2) (3) (4) (5) Velocidade (em tiros rápidos)
fogo de porte (uso em coldre) policial deve ter?
(1) (2) (3) (4) (5) Enquadramento (visada de tiro)
1( ) Segurança no funcionamento
(1) (2) (3) (4) (5) Poder de incapacitação (parada)
2( ) Precisão (no alvo)
(1) (2) (3) (4) (5) Controlabilidade (recuo no tiro)
3( ) Capacidade de munições
(1) (2) (3) (4) (5) Necessidade de treinamento
4( ) Controlabilidade (controle dos disparos)
(1) (2) (3) (4) (5) Custos (preços)
5( ) Velocidade de disparos
(1) (2) (3) (4) (5) Confiabilidade (segura) 8. Você considera o seu treinamento para o uso da arma de
fogo em confronto real adequado?
(1) (2) (3) (4) (5) Durabilidade (resistente)
( ) Sim ( ) Não ( ) em parte
(1) (2) (3) (4) (5) Precisão (disparos certeiros)
Por que?
(1) (2) (3) (4) (5) Facilidade de operação (simplicidade)
____________________________________________________
Quantidade de disparos disponíveis ____________________________________________________
(1) (2) (3) (4) (5) ____________________________________________________
(capacidade) ________________________________
(1) (2) (3) (4) (5) Tamanho e peso (portabilidade) 9. Quanto tempo se passou desde seu ultimo treinamento de tiro
real ofertado por sua instituição?
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ANEXOS
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Este Informativo Técnico tem por objetivo relacionar as diferentes munições para armas curtas fabricadas pela
CBC permitindo a escolha mais adequada para cada tipo de situação.
MUNIÇÕES GOLD
As munições Gold têm desempenho Premium e atingem o máximo em poder de parada (stopping power). Isso se
dá em função de sua extraordinária expansão e energia.
Os projéteis Gold são caracterizados por apresentarem ponta oca (EXPO) e camisa de tombak (liga de cobre e
zinco), o que garante perfeita expansão e penetração ideal, sem transfixação do alvo, permitindo, assim, que toda
a energia balística gerada seja transmitida para o alvo.
As munições Gold possuem projéteis com geometria ideal de ponta, a qual aliada à sua alta velocidade permite,
no momento do impacto com o alvo a expansão do seu diâmetro causando choque traumático capaz de
incapacitar instantaneamente o agressor. Em vista disso, são as melhores opções quando o objetivo é a defesa
pessoal.
GELATINA BALÍSTICA
Cavidade permanente, resultante de teste realizado com munição .45 EXPO+P Gold.
Disparo realizado à distância de 5 metros em gelatina balística de 36 cm de comprimento.
O teste com gelatina balística foi desenvolvido pelo FBI para realização de ensaios
balísticos, sendo o mais utilizado por renomados institutos de pesquisa balística em todo o
mundo. Por espelhar os resultados de expansão mais próximos à realizada, é o principal
método de comparação do poder de parada (stopping power).
TABELA BALÍSTICA
Projétil Balística
Peso V E Provete Utilização Recomendada
Tipo Cód.
(gr) (m/s) joule cm
.380 Auto
Expansivo Ponta Munição “top” de linha em calibre .380 auto, desenvolvendo
EXPO 85 330 300 9,5 excelente expansão e poder de parada.
Oca +P Gold
.38 SPL
Munição apresentando excelente expansão do projétil e o máximo
Expansivo Ponta
EXPO 125 310 389 10,2 V em poder de parada (stopping power). Ótimo para arma com canos
Oca +P+ Gold curtos.
.40 S&W
Expansivo Ponta
EXPO 155 364 665 10,2 Excelente expansão e poder de parada.
Oca Gold
.45 Auto
Expansivo Ponta
EXPO 185 345 712 12,7 Excelente expansão e poder de parada.
Oca +P Gold
9mm Luger
Expansivo Ponta
EXPO 115 405 610 10,2 Excelente expansão e poder de parada.
Oca +P+ Gold
V – Provete Ventilado. Velocidade (V) e Energia (E) medidas à distância de 4,6 metros.
Cada vez mais utilizadas pelo público civil, as munições para pistola são, também, amplamente usadas no meio
policial e militar. Essa opção é decorrente da sua capacidade de municiamento, da facilidade de recarregamento e
à própria evolução técnica das armas semi-automáticas.
A CBC fabrica munições para pistolas com dois tipos de projéteis: os de chumbo, destinados a treinamento, de
baixo custo e que causam menor desgaste dos canos das armas, e os encamisados, que podem ser impelidos a
velocidades superiores àquelas dos projéteis de chumbo. A família de munições “Silver Point” foi desenvolvida
para uso profissional e é caracterizada por apresentar desempenho balístico superior.
As munições para pistola são voltadas para defesa, treinamento e esporte. O consumidor civil pode adquirir desde
as munições calibre .25 Auto até o calibre .380 Auto. Para o uso policial, são bastante usadas as munições de
calibre .40S&W, .45 Auto e 9mm, sendo esta última também utilizada como calibre de dotação das Forças
Armadas.
TABELA BALÍSTICA
Projétil Balística
Peso V E Provete Utilização Recomendada
Tipo Cód.
(gr) (m/s) joule cm
.25 Auto
Encamisado Total
ETOG 50 232 87 5,1 Para arma de pequenas dimensões e fácil porte dissimulado.
Ogival
.32 Auto
Encamisado Total
ETOG 71 276 175 10,2 Para armas de pequenas dimensões e fácil porte dissimulado.
Ogival
Expansivo Ponta Projétil expansivo, com o mesmo nível de pressão que o ETOG
EXPO 71 276 175 10,2 convencional.
Oca
.380 Auto
Chumbo Ogival
CHOG 95 288 256 9,5 Uso exclusivo em treinamento.
Treina
Encamisado Total
Ogival +P Silver ETOG 95 308 293 9,5 Grande penetração contra alvos barricados.
Point
Munição com projétil expansivo mas com o mesmo nível de
Expansivo Ponta pressão que o ETOG convencional, podendo, portanto, ser
EXPO 95 288 256 9,5 utilizado em qualquer arma de boa fabricação e em condições
Oca
adequadas de manutenção.
.45 Auto
Treinamento e adaptação de atiradores. Para perfeito
Chumbo Semi
CSCV 200 290 545 12,7 funcionamento em alguns tipos de arma, pode haver
Canto Vivo necessidade de adaptação da rampa de alimentação.
Encamisado Total Projétil de boa penetração para o uso das forças armadas
ETOG 230 253 477 12,7 policiais.
Ogival
Velocidade (V) e Energia (E) à distância de 4,6 metros.
Projétil Balística
Utilização Recomendada
Peso V E Provete
Tipo Cód.
(gr) (m/s) joule cm
9mm Luger
As munições para revólveres são destinadas à defesa, caça e esporte. Elas são as mais utilizadas pelo público
civil para defesa pessoal, embora seu uso seja também tradicional no meio policial.
O consumidor civil pode adquirir munições desde o calibre .32 S&W até o .38 SPL. Para o uso policial, destacam-
se o .38 SPL, .357 Magnum e .44 Magnum.
O Calibre .38 Treina, reduz a necessidade de se manter um processo de recarga de munições de alto custo fixo e,
por isso, é bastante utilizado no treinamento de profissionais de segurança pública e privada.
As munições chamadas +P (maior pressão) ou +P+ (pressão ainda maior) desenvolvem pressões de disparo
acima das normais, devendo ser utilizadas em armas de projeto e fabricação modernos e apropriados para a elas
resistir por ocasião do tiro.
TABELA BALÍSTICA
Projétil Balística
.32 S&W
Chumbo Ogival CHOG 85 213 125 9,9 Para arma de pequenas dimensões e fácil porte dissimulado.
Expansivo Ponta Oca EXPO 98 235 175 10,2 V Para arma de pequenas dimensões e fácil porte dissimulado.
Para defesa, utilizar a versão Silver Point.
Expansivo Ponta Oca
EXPO 98 258 211 10,2 V
Silver Point
Chumbo Canto Vivo CHCV 98 224 159 13,5 Utilizada em competições de tiro ao alvo.
.38 SPL
Chumbo Ogival
CHOG 125 229 213 10,2 V Uso exclusivo em treinamento.
Treina
Chumbo Canto Vivo CHCV 148 244 285 19,5 Competições de tiro ao alvo.
Expansivo Ponta Oca Munição com poder de parada superior ao EXPO de 158
EXPO 158 268 368 10,2 V “grains” convencional.
+P
Expansivo Ponta Oca Munição com expansão superior ao EXPO +P de 158 “grains”.
EXPO 125 305 377 10,2 V Ótimo para armas com canos curtos.
+P+ Silver Point
Face à sua alta penetração são destinados a serem utilizados
Encamisado Total contra alvos dentro de veículos ou protegidos por qualquer
Ponta Plana +P ETPP 125 287 334 10,2 V outro tipo de barricada. Embora encamisado, possui ponta
Silver Point plana o que permite sua utilização segura em armas longas
com carregadores tubulares (Puma e similares).
.357 Magnum
Chumbo Semi Canto Munição ideal para treinamento e adaptação dos usuários ao
CSCV 158 372 710 10,2 V respeitável recuo do calibre.
Vivo Treina
Opção com excelente expansão, penetração e poder de
Expansivo Ponta Oca EXPO 158 372 710 10,2 V parada.
Expansivo Ponta
EXPP 158 372 710 10,2 V Penetração superior ao tipo EXPO, oferecendo boa expansão.
Plana
V – Provete Ventilado. Velocidade (V) e Energia (E) à distância de 4,6 metros.
Projétil Balística
.44 Magnum
Expansivo Ponta
EXPP 240 357 991 10,2 V Caça de animais de pêlo.
Plana
.44-40 Winchester
‘Chumbo Ponta Caça de animais de pêlo. Uso nas carabinas Puma e de outros
CHPP 200 358 833 61 fabricantes adequadas para o calibre.
Plana
.454 Casull
Expansivo Ponta
EXPP 260 548 2.530 19
Plana
Encamisado Total
ETPP 260 548 2.530 19 Caça de animais de pêlo de grande porte.
Ponta Plana
Expansivo Ponta
EXPP 240 540 2.267 19
Plana
.500 S&W
Expansivo Ponta
EXPP 400 490 3.113 25,4
Plana
Caça de animais de pêlo de grande porte.
Expansivo Ponta
EXPP 325 549 3.174 25,4
Plana
V – Provete Ventilado. Velocidade (V) e Energia (E) à distância de 4,6 metros.
MUNIÇÃO ORIGINAL
Com o objetivo de proteger seus clientes de falsificações e fraudes, a CBC criou o blíster, uma
embalagem inviolável contendo 10 munições. Todas munições para pistolas e revólveres CBC são
caracterizadas por possuírem espoleta com cápsula fabricada em latão na cor dourada; e na qual é
estampada, em baixo-relevo, a letra “V”, com exceção dos calibres .357 Magnum, .454 Casull e .500
S&W cuja letra gravada é “C”, permitindo assim a identificação fácil e rápida das munições originais
de fábrica. Comprando o blíster CBC e verificando a gravação da espoleta, o consumidor pode ter
certeza de estar adquirindo munições originais de fábrica.
Obs: apenas as munições de uso permitido vendidas no comércio especializado são embaladas em blíster. As
munições de uso permitido e restrito fornecidas às instituições policiais, empresas de segurança, clubes e
federações de tiro são embaladas em caixetas de papelão com 50 unidades.
INFORMAÇÕES GERAIS
As munições constantes neste Informativo Técnico, quando de seu uso permitido, poderão ser adquiridas nas
lojas especializadas do segmento. Aquelas de calibre restrito, somente poderão ser adquiridas através de Clubes
e Federações de tiro, por atiradores devidamente registrados no SFPC de sua residência, ou por policiais federais
e militares através de anexo, de acordo com o R105.
- A CBC não se responsabiliza pelo uso incorreto dessas munições, bem como de munições recarregadas
utilizando estojos CBC.
- A venda de munição recarregada é proibida pelo Decreto 3665/00, Portaria Ministerial nº 1024/97 e Lei
10.826/03.
- Antes de municiar sua arma, certifique-se que o cano esteja desobstruído.
- Se a arma falhar, mantenha o cano apontado para local seguro, aguarde 30 segundos, descarregue
cuidadosamente, evitando se expor à culatra da arma.
- Mantenha armas e munições guardadas separadamente e fora do alcance de crianças e pessoas não
habilitadas.
- Durante a prática do tiro, use sempre protetor auricular e óculos de segurança.
- Não tome bebidas alcoólicas antes ou durante o tiro.
- Nunca atire em água, rocha ou qualquer superfície nas quais os projéteis possam ricochetear.
- Para que a munição não seja inutilizada, evite a contaminação da espoleta e/ou pólvora. Assim, não utilizar
óleo lubrificante em excesso e jamais lubrifique o tambor do revólver ou o carregador da pistola quando estes
já estiverem municiados.
- Mantenha as munições sempre protegidas da variação de temperatura e umidade. Utilize-as em até 6 meses
após a data da compra.
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