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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA


INSTITUTO DE ENSINO DE SEGURANÇA DO PARÁ
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS/2018

O calibre policial na legítima defesa: 9 mm uma decisão operacional


Paulo Henrique Bechara e Silva – Cap PMPA

MARITUBA-PA
2018
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O calibre policial na legítima defesa: 9mm uma decisão operacional

RESUMO
A base social moderna depende de uma segurança pública eficiente, sendo esta a missão dos
órgãos policias. E a busca dessa eficiência depende diretamente de estudos que contestem
paradigmas como o calibre padrão (.40S&W) das munições policiais de armas curtas. Esta
pesquisa teve como objetivo destacar as características analisando comparativamente os
calibres das munições para uso policial sob a ótica do confronto armado real, buscando
verificar se há relação destes com a eficiência prática no tiro policial, segundo testes
experimentais e a opinião de policiais militares do Pará (PMPA). Utilizou-se uma pesquisa
qualitativa exploratória baseada em método hipotético-dedutivo, inicialmente com seleção de
bibliografias especializadas, seguindo-se pela aplicação questionários aos sujeitos, residentes
na grande Belém que já tenham participado de confrontos armados nos últimos seis anos. Para
os testes práticos de tiro foram usados armamentos de calibres .40S&W e 9mm Luger, com
munições do mesmo modelo usado no policiamento ordinário. Buscou-se aferir precisão e
velocidade de disparos, além da opinião do atirador. Dentre os principais resultados obtidos, a
pesquisa concluiu que a munição 9mm Luger superou as qualidades práticas do calibre
.40S&W quando em consideração no confronto armado real, segundo as seguintes variáveis:
maior confiabilidade e controle de mira, velocidade de tiro e precisão (36,2%); maior
capacidade de cartuchos (8%), menor custo e peso (13%). Perdendo apenas na média de
energia dos projéteis (13%), concluindo, porém que esta pouco ou nada influencia na
sobrevivência ao confronto armado real, importando mais a proficiência no tiro e a
mentalidade combativa no operador.
Palavras-chave: arma de fogo; confronto armado; munição policial; mentalidade de combate;
treinamento policial.
ABSTRACT
The modern social base depends on an efficient public security, this being the mission of the
police agencies. And the pursuit of this efficiency depends directly on studies that challenge
paradigms such as the standard caliber (.40S&W) of short-range police ammunition. This
research had the objective of highlighting the characteristics comparing the calibers of the
ammunition for police use from the point of view of the real armed confrontations, seeking to
verify if there is a relation of these with the practical efficiency in police shootings, according
to experimental tests and the opinion of military policemen of Pará (PMPA). An exploratory
qualitative research based on a hypothetical-deductive method was used, initially with the
selection of specialized bibliographies, followed by questionnaires to the subjects living in
Belém metropolitan region who had already participated in armed confrontations in the last
six years. For practical firing tests, .40S&W and 9mm Luger caliber weapons were used, with
ammunition of the same type used in ordinary policing. It sought to measure accuracy and
speed of shots, as well as the shooter opinion. Among the main results, the research concluded
that the 9mm Luger ammunition surpassed the practical qualities of the .40S&W caliber
when considered in the actual armed confrontation, according to the following variables:
greater reliability and aim control, firing speed and precision (36,2%); higher cartridges
capacity (8%), lower cost and weight (13%). Losing only in the average energy of the
projectiles (13%), concluding, however, that this has little to no influence in the survival (of
the) in real armed confrontation, being more important the shooting proficiency and the
combat mindset in the operator.
Keywords: fire gun; combat pistol; police ammunition; combat mindset; police training.
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1 INTRODUÇÃO
O debate a respeito do calibre de armas curtas em instituições policiais raramente
mostra-se pacífico. Desde os bancos de academias aos mais altos escalões estratégicos de
decisão corporativa, há mais de décadas, o calibre policial foi apaixonadamente defendido
como sendo o .40 polegadas, 10mm adaptado, com o maior poder de parada (stopping power )
possível (GIRALDI, 2007), conhecido e propagado engano científico, quando considerado
para armas de porte no objetivo da incapacitação imediata de uma agressão, (DI MAIO,
1999).

Desde 2006 iniciaram-se estudos que colocam o paradigma das munições policiais de
armas curtas no calibre .40S&W (Smith & Wesson) em contestação (PINIZZOTTO et al,
2006). Assim, a Divisão de Treinamento da Academia do FBI (Federal Bureau of
Investigation) em quântico, Virginia, nos Estados Unidos anunciou no final de 2014 a
retomada do calibre 9mm para seus integrantes, usando por base justificações cientificas e
táticas operacionais, alicersadas em pesquisas e testes de laboratório fundamentalmente
fáticos e não teóricos como anteriores.

A discussão acerca da munição padrão nas polícias militares brasileiras, incluindo-se a


do Pará (PMPA), não seria diferente. Entretanto a evolução das pontas (projéteis) das
munições e seus efeitos no corpo humano, e o conhecimento tático empregado jamais foram
abordados tão técnica e cientificamente como na atualidade. Logo, escolha de uma munição
de legítima defesa policial deve obedecer a um alto grau de avaliação metodológica,
selecionando a melhor das opções disponíveis para os agentes protetores da sociedade.

Isso tudo somado ao fato de que, independente das condições que ocorrem, hoje está
nítida a elevação do número de policiais mortos em confronto armado no Brasil e no Pará.
Com os íncides de violência nacional qualquer valência que interfira positivamente na
capacidade de autoproteção do agente aplicador da lei deve ser alvo de investimento
institucional, residindo aí a relevância desta temática. Em suma, para além da melhoria dos
custos da máquina pública, o respaldo deste artigo está na busca de melhores condições de
trabalho, e porque não dizer no contexto policial de hoje, da sobrevivência do agente estatal
considerado a última barreira para caos social.

O autor é instrutor de tiro há alguns anos na corporação paraense e da Força Nacional


de Segurança Pública, adquirindo experiência junto a esta atividade, por isso teve a iniciativa
de propor a pesquisa de uma munição que auxilie na defesa pessoal policial. Dada à
motivação justificada, este ensaio buscará a resposta para a seguinte problemática: Que
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características práticas são necessárias à munição para o tiro de legítima defesa policial?
Discutindo não somente óticas técnicas das munições, mas também visões do ambiente
operacional de uso do tiro em legítima defesa real e sua indissociável interação com o ser
humano por trás da farda policial, usando como parâmetros para comparação dos principais
calibres da atualidade.

Na tentativa de indicar propostas de melhora no aparelhamento da segurança pública,


esta pesquisa teve como objetivo fazer um estudo conceitual atualizado sobre o tema,
trazendo modernas bases estatísticas e teorias tático-operacionais, frutos de uma doutrina cada
vez mais científica de atuação policial militar, alicerçando a escolha da munição mais
indicada ao uso policial. Sobretudo trabalhando na desconstrução de mitos e folclores sobre
munições e seus efeitos (LEANDRO, 2016), especialmente na incapacitação humana,
legítima defesa armada e habilidade de tiro policial.

Com efeito, este artigo objetivou especificamente apresentar os resultados colhidos em


testes desenvolvidos com uma amostragem de policiais militares paraenses, após operarem os
dois principais calibres de armas de porte policial no mercado brasileiro, além de analisar em
conjunto com as argumentações técnicas, chamando a atenção para o assunto da autoproteção
policial, das decisões estratégicas na PMPA e finalmente do calibre a ser padronizado. E, por
fim, propor uma análise científica sobre o entendimento combativo de legítima defesa
policial, melhorando tecnologias e o serviço prestado com a sobrevivência policial.

No “estado da arte”, Azevedo e Salim (2014), renomados juristas penais, são os


referenciais para os estudos introdutórios de legítima defesa, que tem seu conceito
estabelecido pelo Código Penal Brasileiro no art.20, §1°, 1ª parte do CP, bem como o
excesso: “Logo depois de cessada a agressão que justificou a reação (em real autodefesa
legal), o agente, por erro plenamente justificável, supõe persistir a agressão inicial e, por
isso, avança em sua repulsa” descrito assim por Salim (2014) apud Leandro (2016, p. 92-93).
Demonstrando que o policial é sim um ser humano, não podendo assumir condições de
julgamento fora dessa realidade.

Sob a ótica do moderno conceito tático do tiro e autoproteção policial, assentado na


“Resposta não Convencional” de tiro (tradução livre do termo em inglês Non Standard
Response) para a incapacitação do agressor, que alinha a mentalidade combativa a resposta a
injustas agressões e será adiante explicado à luz dos estudos de Di Maio (1999), veterano do
corpo médico do exército americano, abordando conhecimentos de balística terminal,
juntamente com a obra de Fackler de 1987, médico cirurgião de campo dos Hospitais Navais
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Americanos, servindo em Da Nang, Vietnã e Japão. Conforme extrato exemplificativo da


complexidade que é a incapacitação humana:

Experientes patologistas forenses, não raro, deparam-se com casos de confrontos em


que um indivíduo, após ser ferido fatalmente no coração, por um disparo de arma de
fogo, é capaz de caminhar, correr centenas de metros e se envolver em atividade
física extenuante antes do colapso e morte. (DI MAIO (1999) apud. LEANDRO,
2016, p.63).
Os trabalhos atinentes ao efeito da psicologia no confronto armado e o reforço de
autoridade para a explanação sobre a Mentalidade Combativa (Combat Mindset) ficará a
cargo de Lima (2011), psicólogo da Polícia Militar do Paraná, bacharel em direito e professor
da Academia do Guatupê - PR, acrescendo-se as lições de Leandro (2016), bacharel em
direito, especialista e coordenador da cadeira de Armamento e Tiro da Academia de Polícia
Civil de Santa Catarina, presentes no livro “Armas de Fogo e Legítima Defesa: A
Desconstrução de Oito Mitos”, que ensina a respeito da consciência real de confronto armado,
sobretudo, para que não ajam abstrações e “atecnias” televisivas e cinematográficas
(LEANDRO, 2016, p. 102) frequentes dentro do tema.

Para o método de coleta e análise de dados da parte experimental deste artigo o autor
se valerá dos conceitos de Fachin (2001), conjuntamente com postulados importantes sobre a
ótica do considerado autor da técnica moderna de pistolas, Cooper (2006), traduzida pelo tripé
da eficiência no confronto com armas de fogo: “precisão, força e velocidade”. Tudo isso,
somado ao estudo de Lewinski (2009, p. 2), que será trazido para “entender as dificuldades
que envolvem o disparo e a avaliação do alvo” em condições cuja vida do operador esteja em
risco.

Zanotta (2017) serviu de inspiração para o modelo dos testes aplicados nos sujeitos de
pesquisa, assim como foi realizado em uma edição da revista especializada Magnum citado
pelo artigo científico apresentado como trabalho de conclusão do curso superior de tecnólogo
em segurança publica da Universidade Estácio de Sá, escrito por Moliterno (2017, p. 4), tendo
como objetivo “fazer uma análise da viabilidade do calibre 9mm Parabellum (ou Luger) como
arma de porte padrão para as forças de segurança pública.

O documento de especificação internacional que rege os princípios e metodologia para


a qualificação de materiais explosivos para uso militar (STANAG 4170), assim como as
munições em estudo, será levado em consideração conjuntamente com os recentes estudos
publicados pela Academia do FBI (Federal Bureau of Investigation) a respeito da decisão de
retorno a adoção do calibre 9x19mm como padrão das armas de porte dos seus agentes. Por
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fim, este trabalho acompanha a linha de pensamento de Neto (2017), coordenador da


disciplina de balística e docente da Academia de Polícia do Estado de Santa Catarina, nas
entrevistas referenciadas.

2 METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado em duas etapas. A primeira e principal teve como base o
levantamento bibliográfico, discutindo as conceituações e o “estado da arte” sobre o assunto,
ou seja, aquilo que de mais moderno se tem debatido entre os doutrinadores de tiro policial.
Sobretudo, foi realizada uma fundamentação teórica sobre as características necessárias as
munições de armas de porte policial na atualidade. A segunda parte deste trabalho compôs-se
da aplicação e análise dos resultados obtidos dos testes práticos de tiro, onde se aferiu tempo e
precisão da amostra de atiradores para comparação entre calibres, a partir da escolha dos
sujeitos.

Esta pesquisa foi majoritariamente do tipo qualitativa, pois teve como alicerce os
resultados e informações originadas de fontes já trabalhadas, principalmente em relação as
comparações de performance balística entre os calibres usados na atividade policial,
abrangendo-se os relatórios técnicos da fabrica nacional e internacionais. Adicionalmente, a
busca documental, delimitada temporalmente as referências pesquisadas em geral na rede
mundial de computadores, deu o foco necessário aos conceitos dos testes experimentais que
contextualizam a discussão em velocidade e precisão no assunto calibre para arma de fogo
policial no Brasil e no Pará.

Ao mesmo tempo em que os dados colhidos de pesquisas sobre o tema já realizadas


serão considerados neste trabalho, ele também teve a proposta de executar seu próprio
experimento a fim de evitar dar créditos a fundamentos de outras realidades no entendimento
de uma problemática da corporação paraense. Tendo a observação científica durante os testes
práticos, nessa fase, como principal método de coleta de dados (JUNG, 2018), buscou-se
trazer análises de um pesquisador nativo, atentando aos cuidados de imparcialidade e
neutralidade dos resultados, com a vigilância epistemológica sobre o risco de imposição de
opiniões por superioridade hierárquica aos pesquisados, ou mesmo sugestões involuntárias no
momento da aplicação dos tiros.

A seleção dos sujeitos de pesquisa foi feita a partir do levantamento e identificação de


policiais militares da ativa região metropolitana envolvidos diretamente em confrontos
armados nos últimos 6 anos. Tal seleção nasceu dos seguintes órgãos, Secretaria Adjunta de
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Inteligência e Análise Criminal (SIAC) da Secretaria de Segurança Pública do Pará (SEGUP);


o Centro de Psicologia e Assistência Social e o Centro de Inteligência (CINT), esses dois
últimos da PMPA, tendo a voluntariedade como pressuposta da participação.

Quinze policiais militares voluntários que se encontravam dentro dos requisitos


compareceram ao estande de tiros do IESP, equipados com colete e cinto operacional, e
depois de esclarecidos sobre o objetivo da pesquisa, executaram disparos com armamentos de
calibres 9x19mm e .40S&W. A escolha dos policiais que já vivenciaram ocorrências com
confrontos mortais se deu por duas principais motivações. Primeiramente por permitir coletar
dados comparativos de discussões importantes sobre o assunto da proficiência de tiro em
encontros mortais, utilizou-se para isso questionários de respostas objetivas e subjetivas; e
especialmente, por facilitar o envolvimento psicológico durante os testes, simulando a
realidade experimental já vivida, por meio de temporizador sequencial de tiros (timer shot).

O experimento prático de tiro teve como objetivo a aferição de velocidade e cadência


dos disparos com os diferentes calibres, e a métrica dos agrupamentos nos pontos de impacto
do alvo (distâncias entre si dos furos). As imagens dos alvos foram parametrizadas em um
sistema plano cartesiano em centímetros, no intuito de normatizar todas as medidas de
distância entre os pontos de perfuração à bala. Esse procedimento foi feito no software livre
de geoprocessamento QGIS. Na sequência, foi criado um layer (camada de imagem) para
armazenar os pontos representando as perfurações, que foram vetorizados por procedimento
visual de interpretação da imagem.

Para obtermos o objetivo do trabalho, foi calculada a distancia média entre todos os
pontos por alvo, que retorna calculando um novo ponto como centro médio da nuvem de
pontos (tiros), sendo a distancia linear até o centro do alvo, o erro médio de precisão do
atirador. Buscou-se manter as mesmas condições dos disparos entre os diferentes calibres,
desde a semelhança do modelo de arma até a distancia atingida, o ambiente e as vestimentas
dos pesquisados, mudando-se somente as características naturais das munições calibre .40
polegadas (Smith & Wesson) e 9mm (Parabellum) com os projéteis de mesma configuração e
funcionalidade, Expansivos de Ponta Oca (EXPO), conforme informativo técnico no anexo
deste trabalho.

A seleção dos policiais se deu aleatoriamente dentre os que cumprissem os requisitos e


aceitassem o convite para os testes, sempre com os cuidados epistemológicos referentes,
levando-se em conta as indicações do oficial psicólogo que acompanhou seus incidentes de
atendimento pós-confronto. A escolha das munições se deu pela oportunidade e oferta no
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mercado nacional, 350 unidades de cada calibre, ofertados pela Companhia Brasileira de
Cartuchos a título de apoio a pesquisa. A quantidade dos sujeitos de pesquisa foi lastreada,
então, pelos recursos disponíveis e meios necessários, como munições, alvos, armas e
participantes voluntários.

Especialistas convidados da área de armamento, munição e tiro, além de apoiadores da


pesquisa presenciaram os experimentos visando a logística e contribuições práticas às
metodologias aplicadas. Todo processo foi filmado e fotografado (com o devido
consentimento dos sujeitos de pesquisa) para acervo e auxílio nas análises futuras dos
resultados. Dando assim a vantagem de gestão do conhecimento produzido, inclusive para
contestações posteriores e novos estudos, reanálises e tomadas de decisão corporativa,
conforme as necessidades. A busca técnica de respostas a uma inquietação gerencial das
instituições de segurança e deveria se tornar rotina pragmática dos trabalhos apresentados ao
Instituto de Ensino de Segurança do Pará.

Ressalta-se que o planejamento experimental desta pesquisa levou em conta que


nossos policiais têm limitações de treinamento e condições de equipamentos aquém do ideal,
como a grande maioria das polícias brasileiras, seja fardado, no serviço, em trajes civis ou
durante a folga. Logo, ressalta-se aqui que os sujeitos de pesquisa não foram auxiliados ou
especificamente instruídos em nada durante as técnicas de tiro, devendo estes depender
somente de seus conhecimentos e condicionamentos próprios visando à neutralidade dos
resultados no alvo e a análise fidedigna do nível operacional. Após o experimento, todos os
resultados obtidos foram criticados e analisados, fazendo-se um paralelo das teorias
produzidas e apresentadas na parte fundamental com os dados colhidos através da delimitação
amostral dos sujeitos desta pesquisa da PMPA.

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 LEGÍTIMO USO DA FORÇA

A arma de fogo como meio de força mais potencial está para o agente de segurança
feito como ferramenta de trabalho, sem a qual seu atuar seria inconsistente e até
inconsequente por parte dos responsáveis pelo seu aparelhamento profissional. Pois a
salvaguarda da vida do policial é pressuposto maior no cumprimento de sua missão
institucional. Em outras palavras, sem a possibilidade de legítima defesa o agente estatal não
representa bem seu fim nato perante a sociedade: garantir a lei, a ordem e defender a
cidadania.
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Dada à complexidade da função pública de segurança e a aplicação da força legítima


do Estado, os aparatos policiais devem ser foco de investimentos cada vez maiores na
proporção do nível evolutivo social. Ou seja, quanto mais consciente é uma sociedade do
papel fundamental que têm seus agentes de segurança pública, mais investimento cobra-se das
autoridades governamentais na seleção, treinamento e aparelhamento das instituições
policiais, e isso custa geralmente caro, se for bem feito. O problema da boa força policial no
Brasil reside justamente aí, como se vê adiante.

3.2 PERFIL, FORMAÇÃO E TREINAMENTO.

A escolha da problemática desta pesquisa se apoiou também nesse particular de


seleção, formação e treinamento. Logo, estudar e fundamentar decisões de investimento
institucional, de forma técnica e científica, orientando, por exemplo, a respeito das
ferramentas (munições e armamentos), que o operador de segurança pública deve se utilizar e
que tipos e formas de treinamento este tem de desenvolver. Assim como o recente estudo do
FBI (Polícia Federal Norte-americana), intitulado Violent Encounters: A Study of Felonious
Assaults on Our Nation's Law Enforcement Officers , o qual trás uma serie de conclusões
importantes:

60% dos casos de morte de policiais, estes se encontravam tão despreparados para a
situação em que morreram que nem sequer retiraram suas armas dos coldres e 40%
morreram mesmo sacando suas armas. Dos policiais mortos, somente 27%
conseguiram reagir atirando de volta e destes últimos, menos de 50%
conseguiram atingir seus agressores e apenas 30% dos agressores atingidos foram
neutralizados. Ou seja, do universo de policiais mortos, menos de 30% chegaram a
disparar e apenas cerca de 10% conseguiram acertar seus agressores, sendo que
no máximo 3% dos casos, os agressores foram neutralizados. (FBI apud
PACCOLA, 2017, p.13-14)
Entenda-se que a estatística acima exposta representa uma população especial, de
países desenvolvidos. Nesses moldes, foi o terceiro estudo publicado, parte de uma série de
longas investigações sobre ataques fatais e não fatais analisadas a partir de um conjunto de
mais de 800 incidentes na Europa e Estados Unidos. O uso desses dados para a pesquisa em
tela se deu em parte pela insuficiência de estudos nacionais confiáveis e, sobretudo por ter
sido a base final para a decisão do FBI pela última decisão do calibre padrão de seus agentes,
como ver-se mais a frente.

Em resumo, transformar um cidadão comum num agente da lei preparado para colocar
sua vida em risco a fim de salvaguardar a sociedade não é tarefa simples. Cada fator relevante
nesse processo deve ser considerado como estratégico, incluindo o tipo de munição usada
dentro do contexto probabilístico e da finalidade geral em atuar na legítima defesa, própria ou
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de outrem. Finalmente, sobre o necessário rigor policial versus a violência arbitrária, ensina
Balestreri (1998, p. 9): “O uso legítimo da força não se confunde, contudo, com truculência.
A fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo formal, pela lei, no campo
racional pela necessidade técnica e, no campo moral, pelo antagonismo que deve reger a
metodologia de policiais e criminosos”. Por meio dessa reflexão, vislumbra-se a
complexidade da seleção, formação e treinamento policial para a correta atuação desse agente
público.

3.3 CONFRONTO ARMADO

Na ótica jurídica, o legislador penal instituiu a excludente de ilicitude do artigo 23,


inciso II do Código Penal, e a descreveu no artigo 25, dizendo: “Entende-se em legítima
defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou
iminente, a direito seu ou de outrem” (BRASIL, 1940). Por excludentes de ilicitudes
entendem-se as situações em que, muito embora determinado sujeito pratique um fato descrito
na legislação penal como crime, determinadas circunstâncias retiram a antijuridicidade da
conduta, excluindo o mesmo.

A interpretação textual ajustada para este tema pressupõe, certamente, um


conhecimento fático e material, construído somente sob uma experiência fundada. Ou seja,
julgar uma ação de legítima defesa da vida, requer o mínimo de conhecimento prático a
respeito da sensação de quase morte, ou que sejam ouvidos aqueles que já a viveram. Pois ter
a vida posta em risco deliberadamente pode parecer usual nos filmes e em frequentes
reportagens televisivas que buscam noticiar o extraordinário, a fim de audiências cada vez
maiores. Contudo, na vida normal, inclusive da maioria dos agentes de segurança pública, que
por vezes perpassam uma carreira toda sem efetuar um único disparo em situação real, o
confronto de vida ou morte não é assim tão ordinário, diferenciando públicos valiosos em
pesquisas como esta. O que importa então é a busca da verdade real no confronto armado,
afastando-se da visão leiga de filmes e opiniões de telejornais locais. (LEANDRO, 2016)

Leandro (2016, p. 21), em seu capítulo intitulado “A incidência do Paradigma


Midiático no Instituto da Legítima Defesa: o produto hollywoodiano como parâmetro de
aplicabilidade no processo penal”, relata que as ideias lançadas diariamente nos meios de
comunicação de massas, ou pela grande indústria cinematográfica, desde a infância, muito
antes da nossa maturidade de julgamento, nos fazem crer, sem contestação que um homem
pode voar para trás com um tiro de pistola, assim como que basta um tiro para cessar uma
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agressão, ou que o policial poderia ter escolhido acertar na perna ao invés do peito ou até o
absurdo de dizer que deveria ter esperado o agressor atirar primeiro.

Cabem bem aqui, então, estudos como este para romper com visões “atecnicas” destas
citadas anteriormente. Visões impostas por “especialistas” de segurança pública, que
contaminam com suas opiniões infundadas, inclusive magistrados, promotores, delegados,
muitas vezes fora da realidade crua das ruas e desabrigados da ciência ou da técnica que
deveriam balizar seus juízos. (LEANDRO, 2016) Desrespeitando assim institutos que
envolvem direitos fundamentais como o de salvar vidas na legítima defesa em segurança
pública, inclusive a própria. (QUINTELA, 2015)

Em suma, a desconstrução de alguns mitos criados no “ciclo leigo” das armas de fogo,
baseados no empirismo da mídia de massa, é imprescindível e deve dar lugar urgentemente as
doutrinas metodológicas de ciências consolidadas. Por exemplo, de que forma tecnicamente
um policial militar brasileiro ordinário deve ser treinado? As estatísticas nos mostram:

85% dos confrontos armados acontecem em distâncias de no máximo seis


metros e o tempo médio dos confrontos armados não ultrapassam três segundos
e são disparados mais de dez tiros até que o confronto acabasse.
Mais de 60% dos agressores neutralizados conseguem descarregar totalmente suas
armas até que sejam neutralizados, e dos disparos realizados por ambos os lados, a
cada seis tiros que são efetuados durante o confronto, somente um projétil
acerta o corpo do oponente, mas na maioria dos casos não neutralizam o agressor.
Aproximadamente 80% dos casos de confrontos armados foram vencidos por quem
atirou primeiro, e destes, quase a totalidade foi consequência de já estar com arma
na empunhada antes mesmo de visualizar o agressor.
98% dos policiais que sobreviveram disseram não ter utilizado o aparelho de
pontaria da arma durante o confronto. (FBI apud PACCOLA, 2017, p.13-14)
Se a maioria dos confrontos ocorre em uma distância máxima de seis metros e em um
intervalo de tempo de até três segundos, significa que é, prioritariamente, nessa distância e
nessa velocidade que os policiais devem treinar. Atirar primeiro salvou a vida de 80% dos
envolvidos nos confrontos, então, a mentalidade correta, a compostura e os procedimentos
técnicos são os focos de um bom operador de segurança, isso é o campo racional do
treinamento.

Entender as bases técnicas e científicas, considerando o treinamento e o aparelhamento


mais eficiente do policial militar quando no enfrentamento de uma situação de confronto
armado é o objeto central desta pesquisa. Mais especificamente, com relação à munição ideal,
para o armamento de porte, considerando sempre as estatísticas reais de uso policial. Para isso
necessitamos entender um pouco mais sobre a reação humana frente ao trauma do risco de
vida e o medo do uso da força mortal, por si diante de outro ser humano essencialmente.
(LIMA, 2011).
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3.3.1 Efeitos psicofísicos nos encontros mortais

A condição humana em enfrentamentos mortais traduz uma fisiologia inegável a todos


os policiais. Nenhum homem ou mulher pode se ver imune as reações orgânicas originadas do
estresse de uma situação ameaçadora da vida. Simplesmente pela natureza humana, o
profissional de segurança também reage em “adaptação ao estresse”, como explicou Seyle
(1956) apud Lima (2011, p. XX) nas três fases: “reação de alarme, fase de adaptação ou
resistência e fase de exaustão”.

A fase que interessa propriamente a este estudo, a primeira, se divide em “Fase de


Choque e Fase de Contrachoque”. Nela, biologicamente, o chamado Sistema Nervoso
Autônomo, um complexo conjunto neurológico que controla autonomamente todo o meio
interno do organismo, ativa e inibe diversos sistemas, provocando reações fisiológicas
naturais, mas extraordinárias como: aumento da frequência cardíaca e pressão arterial,
redistribuição sanguínea, diminuindo o sangue dirigido à pele e vísceras, aumentando para
músculos e cérebro, aumento da frequência respiratória e dilatação das pupilas oculares, por
exemplo.

Toda a sequência de acontecimentos tem origem no cérebro e independe da vontade


livre do agente alvo do estresse. São reações físicas, comprovadas pela ciência e, ao contrário
do que o senso comum pensa de policiais “treinados”, não são controláveis com facilidade,
como visto nas estatísticas de estudos norte-americanos. A fase de Contrachoque, ainda
dentro da Reação de Alarme, seria no caso o sistema que compensa o esforço do organismo
com corticoides, endorfinas e outros neuro-hormônios (LIMA, 2011, p.70), mas esse domínio
corporal depende muito de experiências e estímulos conhecidos.

As reações psicológicas em confronto armado requerem uma análise muito específica.


O confronto real ou a exposição à ameaça de morte submete o policial a determinadas
distorções de percepção. “Segundo especialistas da polícia americana, quatro em cada cinco
policiais enfrentam distorções de tempo e que se processam das seguintes maneiras” (LIMA,
2011, p.87). ilusão de detalhes, a concentração perceptiva em detalhes faz parecer que o
tempo está passando mais lentamente. ilusão de velocidade, o reflexo da fase de alerta,
quando o perigo é percebido subitamente, faz tender as imagens a ficarem mais rápidas do
que realmente são.

A distorção auditiva experimentada por dois em cada três policiais envolvidos em


confrontos armados se apresenta das seguintes formas: diminuição dos sons, ampliação dos
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sons e exclusão auditiva. Também se cita as distorções visuais, de percepção espacial e a


cognitiva. (LIMA, 2011, p.88-91) Enfim, muitas são as reações psicofísicas impelidas ao
policial exposto no combate armado, e tais efeitos precisão ser bem considerados em cada
estudo ou julgamento de sua atuação, como no caso das pesquisas do FBI que comprovaram:

84% dos tiros disparados no confronto armado, independente de calibre, não


atingem nem de raspão os alvos desejados. Destes, apenas 8% causam ferimentos
ou morte (disparos acertados em regiões que causam destruição de órgãos ou tecidos
vitais), os outros 8% restantes são aqueles que mesmo atingindo o alvo não causam
danos de acordo com a realidade do fato. (FBI apud PACCOLA, 2017, p.13-14)
Portanto, de nada adianta somente o treinamento de tiro em alvos de papel parados e
com as melhores condições de conforto e segurança em um estande, se durante a necessidade
de uso verdadeiro nada disso fará parte da realidade. De fato, se a natureza humana, intrínseca
do processo, faz com que apenas 8% dos tiros acertem os alvos, tudo que auxiliar na
melhora dessa estatística será bem vindo, inclusive o armamento, o equipamento e o
treinamento, destacando-se aqui nossa busca da munição. Ressaltando por conclusão, o que
seria minimamente razoável exigir de um agente público na situação de vida e morte durante
o uso de sua arma de fogo.

3.4 LEGÍTIMA DEFESA SUBJETIVA

Considerando o conteúdo estudado até aqui, cabe agora analisar pragmaticamente o


dispositivo legal presente no uso da arma de fogo por parte do agente de segurança. Azevedo
e Salim (2014, p. 266) explica que o art. 20, §1°, 1ª parte, do Código Penal Brasileiro prevê a
legítima defesa decorrente do erro na apreciação fática. Aquela qual, logo depois de cessada a
agressão que justificou a reação (em legítima defesa real até então), o agente, por erro
plenamente justificável, supõe persistir a agressão inicial e, por isso, acaba “excedendo-se”
em sua reação (repulsa).

A legítima defesa subjetiva, então, seria aquela em que o agente não percebendo o fim
da agressão injusta, por erro inevitável, no qual a maioria das pessoas erraria, continua a
conduta de defesa, os disparos de arma de fogo, por exemplo, sendo assim reconhecida a
atipicidade criminal por exclusão do dolo e da culpa. A grande questão no Brasil é que o
numero de disparos no confronto armado sempre altera os ânimos de integrantes do “ciclo
leigo” ou travestidos de defensores dos Direitos Humanos. Logo, para relativizar a crença
geral de que mais de dois tiros é excesso punível de legítima defesa, usaremos uma
compilação de estudos no intuito de entender sobre o tempo que um “atirador médio” leva pra
perceber que a agressão cessou.
14

3.4.1 Foi Excesso?

Somando, aqui, com todas as reações psicofísicas estudadas que envolvem um


confronto armado, cita-se a “The Force Science Research Center (FSRC) que ‘tem se
dedicado a entender as dificuldades que envolvem o disparo e a avaliação do alvo. Assim,
juntamente com universidades, lançou-se uma luz sobre o motivo de um atirador não parar de
atirar imediatamente”. (LEWINSKI (2009) apud LEANDRO, 2016, p.91). Tem-se que ao fim
do estudo concluiu-se que o ser humano não reage de maneira imediata para o visual
indicativo de incapacitação do agressor:

Após a realização de diversos testes e de comparações entre eles, aferiu-se que “o


atirador que se engaja em todas as etapas de avaliação do alvo e nas técnicas de
tiro pode levar de 1,0 a 1,5 segundos, ou mais, até conseguir parar de atirar. Sendo
assim, convertendo esses números em acionamentos de gatilho, que ocorrem em ¼
de segundo cada, isso representa de 4 a 6 disparos após a incapacitação do alvo”.
(LEWINSKI (2009) apud LEANDRO, 2016, p.92).
Por lógica, é importante frisar que o agente de segurança pública, em defesa própria ou
de terceiros, estará realizando o numero de disparos necessários para garantir sobrevivência e,
enquanto não cessar a injusta agressão, este estará sob o manto da excludente de ilicitude.
Destacando-se o estudo hora mencionado, também não será responsabilizado este se continuar
alguns disparos logo após a neutralização de fato, tendo em vista tempo de reação natural ao
agente exposto às complexas questões do cenário operacional. Em conclusão, tais fatos
deveriam ser ensinados nas academias de polícia, promotorias, advocacias e magistratura,
categorizando-se, por fim, não ser razoável exigir conduta diferente desta aqui comprovada
por estudos científicos.

3.4.2 Mentalidade de Combate

Estar realmente capacitado ao porte de uma arma de fogo para defesa não é tarefa fácil
para ninguém. Envolve além de plenas condições motoras (habilidade no tiro), condições
psíquicas (que não compreendem somente o quando usar, mas o como usar). A exemplo do
Japão feudal que tinha uma famosa classe de guerreiros samurais portando espadas na cintura,
famosos por enfrentarem desafios mortais rotineiros no intuito de testar suas habilidades; a
qualquer tempo, aquele que porta uma arma hoje pode ser obrigado a usá-la em defesa sua ou
alheia, e o preço pelo despreparo nesse momento pode ser a vida tirada até pela própria arma,
principalmente se for policial.

Dados do FBI no mostram que 70% dos selecionados em concursos policiais chegam
aos centros de formação sem nunca ter tido contato anterior com armas de fogo.
(PINIZZOTTO et al, 2006, p.43). Essa realidade desvenda a difícil missão de bem preparar o
15

policial para enfrentar a realidade do combate armado, cada vez mais próximo do agente
contemporâneo brasileiro. Continuando com a base das estatísticas dos estudos internacionais,
ressalta-se: 40% dos policiais mortos durante o serviço não haviam passado por práticas de
tiro e reciclagem nos últimos 3 anos, sendo que boa parte deles eram bons atiradores de
estande, porém treinavam de maneira errada; (ALVES,2017, p.47)

Vale ressaltar que tais dados foram obtidos de países desenvolvidos, quando se trata de
Brasil essas conclusões são ainda piores. O público selecionado em concursos para integrar as
corporações policiais brasileiras nitidamente mudou hoje em relação há 20 anos. O perfil mais
instruído, na maioria pessoal oriundo de classe média e média baixa, os chamados
concurseiros, frutos de editais de chamamento mais exigentes para o serviço público. Isso faz
com que a preparação visando à realidade profissional que este funcionário estatal vai
vivenciar durante seu serviço, comumente a mais marginalizada da sociedade, seja
preocupação viva das instituições. Nesse sentido, Barbon (2018) expõe que não faltam
exemplos de operadores que são mortos, e por vezes com suas próprias armas tomadas em
luta corpo a corpo com agressores.

Então o que seria mentalidade combativa? O código de cores de Cooper (2006) tem
relação direta com esse preparo psicológico. Ele expõe quatro níveis de alerta que uma
situação pode exigir, do mais relaxado ao mais concentrado: branco, amarelo, laranja e
vermelho. Porém, variar os níveis de alerta nas situações não completa o preparo mental. É
preciso estar pronto para usar a força mortal se necessário e principalmente sem hesitar. Após
a decisão de usar a arma de fogo para cessar uma agressão ser tomada, nada pode parar a
correta mentalidade do legítimo defensor, somente o fim real da injusta agressão.

A conclusão divulgada nos últimos estudos da Academia do FBI sobre o calibre


padrão para uso em armas de porte dos seus oficiais de segurança é que, dentre as opções de
mercado atual, seja aquele que favoreça a capacidade de acertar o alvo, isso sim é essencial.
Mantendo-se, sobretudo uma mentalidade positiva de sobrevivência, autoconfiança e pro
atividade, completando o preparo dos agentes na tríade: Habilidades de Tiro (Marksmanship),
Manuseio da Arma (Gunhandling) e Preparo Psicológico (Mindset), afirmação essa discorrida
melhor no próximo tópico e que será o marco da pesquisa aqui apresentada.

3.5 CALIBRES E BALÍSTICA

Pra iniciar com propriedade nossa discussão mais técnica do trabalho, necessário se
faz remontar a origem histórica e os fatos resumidos que constroem a gênese do calibre 10mm
16

e .40 (por muitos chamado de “um calibre da polícia para a polícia”) e de fato tal afirmação
parece correta, senão vejamos. O FBI atribuiu a culpa do fracasso da operação conhecida
como “Tiroteio de Miami” sobre o projétil utilizado, o de 115 grains 9 mm Silvertip, que não
chegou até o coração dos oponentes, nos tiros que penetraram lateralmente o tórax, depois de
atingir o braço, e foram 12 ao todo.(PACCOLA, 2017)

Após a necropsia, foi dito que se a munição tivesse maior poder de penetração poderia
ter incapacitado os agressores. Note-se como tudo é relativo, aliás, tratam-se sem dúvida de
conceitos relativos. Assim, inicialmente o FBI optou por utilizar uma munição recém-lançada
na época, calibre 10 mm, em pistolas de grande porte que se mostraram exageradamente
potente e com recuo (coice dado durante o disparo) muito forte, além do grande tamanho pra
serem portadas diuturnamente. Como resultado do fracasso inicial do calibre 10 mm, que na
verdade data da década de 70 houve uma tentativa de diminuir-se a potência sem alterar o
diâmetro do projétil, diminuindo assim também as armas. Assim nasceu o calibre .40 S&W,
de mesmo tamanho, porem menos potente.

Já o calibre 9x19 mm é muito mais antigo, datando de 1902 para a utilização na pistola
militar Luger, desenvolvido pela DWM da Alemanha e com maior aceitação mundial até hoje
por forças militares, dentre outros motivos por ser um calibre de alcance útil maior, tendo em
vista apresentar velocidades maiores já que levam pontas mais leves. Simplesmente assim
resume-se a origem dos dois calibres neste trabalho estudados. Porém outras considerações
igualmente importantes ao tema serão trazidas adiante. Por exemplo, discutir o uso de
munições para arma de fogo primeiramente demanda uma delimitação clara e específica, pois
a variedade é tamanha que um único Artigo mal conseguiria introduzir o tema. Assim, o foco
estará nas munições de armas curtas ou arma de porte, conforme a definição regulamentar
brasileira (BRASIL, 2018). Há que se tratar rapidamente, a partir daqui, de uma introdução
aos conceitos básicos da balística, ciência que estuda o funcionamento, trajetória e efeitos das
munições e armas de fogo.

3.5.1 Energia e Velocidade

O lançamento de um projétil, provocado pela pressão gerada em uma câmara


confinada, que possui um cano de único direcionamento, através da combustão de um
propelente é um fenômeno estudado há centenas de anos. A física ajuda a entender como esse
processo de funcionamento da arma de fogo deve ser racionalizado dentro dos mais variados
objetivos, tal como o policial:
17

Quando um agente utiliza sua arma de fogo ele objetiva imediatamente incapacitar o
agressor. Incapacitar é fazer com que o agressor fique impossibilitado de fisiológica
ou psicologicamente causar uma ameaça ou danos a alguém. Como o fator
psicológico é extremamente variável e está relacionado diretamente ao indivíduo e
fatores como determinação, utilização de drogas e álcool, estado emocional entre
outros comuns e típicos dos seres humanos não podemos contar com este fator para
determinar a eficiência de incapacitação de uma determinada munição.
(MOLITERNO, 2017, p. 12)
Relembrando, então, a pergunta problema desta pesquisa: que características
práticas são necessárias a uma munição ou cartucho - caracterizado pelo conjunto do
estojo (invólucro), espoleta (que contém a mistura iniciadora da combustão), carga propelente
(pólvora) e projétil (ponta ou ogiva de disparo), segundo Tocchetto (2018) - de uso policial,
ou seja, aquela com maior eficiência de incapacitação, em legítima defesa real? Para
continuar desvendando esta problemática precisamos fechar ou isolar valências de análise,
tomando por base estudos científicos de incapacitação humana nos confrontos armados.

Delimitando aqui o objeto, as munições estudadas se limitarão à disponibilidade de


fabricação nacional, muito em razão da conveniência de acesso e, sobretudo, pela obediência
a legislação de reserva de mercado, hoje vigente. Em outras palavras, as munições analisadas
aqui serão da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), detentora do monopólio de
fabricação nacional dos cartuchos para armamentos leves, mais especificamente nos calibres
0.40 polegadas Smith & Wesson e o 9x19 milímetros Luger , por serem estatisticamente os
mais utilizados pelas forças de segurança do mundo.

Pesquisas médicas comprovam que cerca de 20% dos indivíduos atingidos por um
único disparo em áreas vitais não causam incapacitação instantaneamente do
agressor, mesmo que na prática, seja uma questão de pouco tempo para que estejam
mortos. Cerca de 13% deles resistem conscientemente por até 3 minutos, e 7%
resistem por mais tempo, isso se deve às condições psicofísicas do agressor. (Estudo
FBI apud PACCOLA, 2017, p.13-14)
A maioria das detenções efetuadas por agentes de segurança no cumprimento da lei
tem por fator psicológico a causa principal, pois estes as realizam sem disparos de arma de
fogo. Assim, a desistência do ato ilegal, seja pelo procedimento técnico, pela surpresa da ação
policial, causando medo dos resultados do confronto continuado, se deu pela vontade própria
do agressor logo após a exposição da arma de fogo, mesmo sem ser efetuado nenhum disparo,
apenas pelo alerta da possibilidade de tiro, por exemplo. No exercício da legítima defesa,
porém, não se pode dar o luxo de apostar em fatores variáveis como a reação psicológica do
agressor ao uso da arma de fogo. Como visto anteriormente, estando os requisitos legais
presentes, o tempo é decisivo para o resultado favorável da ação legítima do policial.
Incapacitar, cessar a injusta agressão é o objetivo, mais também o é no menor espaço de
tempo possível, inclusive quando em defesa de outrem, salvando vidas inocentes.
18

No pressuposto da mentalidade correta de sobrevivência armada já considerada


anteriormente, e atentando para atuação técnica e metodológica necessária do agente público,
precisamos agora esclarecer como então se incapacita um ser humano com razões científicas,
ou seja, de forma metodologicamente comprovada. Na ciência médica, Josselson (1982, 1983)
para verificar se determinada munição é eficaz para incapacitar, devem-se entender quais seus
efeitos no corpo humano analisando quatro fatores, que mesmo não sendo diretamente
relacionados à incapacitação, podem ter relação com a mesma:

Penetração: Quanto um projétil penetrou em seu alvo.


Cavidade Permanente: Volume que era ocupado pelos tecidos do corpo e que foi
destruído na passagem do projétil durante sua trajetória. Resumidamente, é o buraco,
geralmente do diâmetro do projétil, deixado no corpo.
Cavidade Temporária: É a expansão da cavidade permanente causada pela
transferência energia cinética do projétil no momento sua passagem pelos tecidos.
Fragmentação: São partes do projétil ou fragmentos de osso que são encontrados
fora da cavidade permanente e que podem danificar tecidos ou vasos sanguíneos.
Nem sempre é presente em ferimentos causados por projéteis e quando presentes são
considerados um efeito secundário. (LEANDRO, 2016, p. 38)
Considerando especificamente as armas de porte convencionais, consideradas de
média energia e velocidade, as características acima citadas devem ser analisadas
isoladamente para um melhor entendimento. Di Maio (1999) explica que o importante para
a incapacitação de um alvo humano é a região anatômica atingida, a penetração do
projétil e a cavidade permanente formada, em se estudando arma curta.

A partir dessa afirmativa, apartam-se os conceitos de fragmentação e cavidade


temporária para armas de porte. Pois suas influências são mínimas para real incapacitação do
alvo humano, conforme estudo de Leandro (2016, p. 40):

Justifica-se esse enfoque, pois o senso comum, no que se refere à balística terminal,
basicamente tem como parâmetro apelos visuais divulgados por meio de vídeos que
mostram projéteis desintegrando frutas, balões de líquidos ou latas de refrigerantes,
bem como pessoas sendo arremessadas pelos projéteis que as atingem
Sobre balística, o presente trabalho não pretendeu analisar dados referentes à
quantidade de propelente dos cartuchos, a energia na saída do cano, ao alcance útil dos
projéteis, ou mesmo estudar ilustrações e tabelas, contendo diversos conteúdos já explorados
exaustivamente na respectiva literatura como a de Tocchetto (2018) ou os informativos
técnicos de fábrica, como os da CBC trazidos ilustrativamente no anexo deste artigo.

É sabido dentro desses especializados estudos que as relações de energia, como


produto da massa pela aceleração, depõem sutilmente a favor das munições calibre .40, em
comparação as 9x19mm, mesmo que as velocidades sejam maiores nesta. O que não se
admite nos últimos estudos é que essas sejam as características mais importantes a
19

incapacitação imediata de um agressor, como adiante será mais bem discorrido, de acordo
com os ensinos de Pinizzotto et al (2006), e também pelos dados coletados pelo autor no
presente trabalho

3.5.2 Poder de parada

Um ponto final deve ser posto sobre a energia cinética e a formação de cavidades
temporárias. Não importa quão grande seja uma cavidade temporária produzida por
um projétil, ele terá pouco ou nenhum efeito a não ser que se forme em um órgão
sensível à lesão gerada por tal cavidade. (DI MAIO (1999) apud LEANDRO, 2016,
p. 47)
O poder de parada (Stopping Power) se mistificou há décadas por uma massiva
política de propaganda comercial que teve sua origem na criação do denominado “calibre
policial” da americana Smith & Wesson em meados de 1990: evolução do 10mm, o
considerado “milagroso” .40 polegadas. Hoje, o FBI, que na época fomentou a proposta de
mudança do calibre padrão de seus agentes, repercutindo na mesma decisão de órgãos
policiais mundo a fora, admitiu o retorno do calibre 9x19mm (FBI, 2017), muito em razão da
evolução tecnológica dos projéteis de hoje que causam semelhantes efeitos balísticos em
comparação ao .40.

A mudança de opinião é oriunda do processo de busca de um projétil que incapacitasse


imediatamente, relacionando-se diretamente com a equivocada veneração à cavidade
temporária e a supervalorização da “transferência de energia cinética”. Todavia, estudos mais
recentes concluem que as inúmeras tentativas de definir o poder de parada de uma munição
que atinge um alvo humano não passaram de vãs promessas, pois a metodologia científica
nunca foi, em nenhuma delas, garantida 100%, dada a impossibilidade real de aferir os
variados fatores biológicos e psíquicos envolvidos na sua determinação.

Os estudos biológicos e da área médica são os únicos confiáveis cientificamente pra


determinar a incapacitação de um humano por ferimento de arma de fogo. Nessa esteira de
pensamento, vale vangloriar os estudos de Fackler (1987) apud Leandro (2016, p.130):

Incapacitação Imediata: nesse caso, a ameaça é neutralizada provavelmente por ser


atingida por disparos na região da caixa craniana ou por receber disparos na coluna
cervical. Em ambas as situações, o Sistema Nervoso Central é prejudicado, gerando
uma incapacitação imediata por falha nesse sistema ou através de incapacitação
psicológica.
Afirma-se que o treinamento das forças policiais não deve ser exclusivamente baseado
nessa alternativa de incapacitação, principalmente por decisão tática, visto que logicamente a
área de alvo é extremamente reduzida, impossibilitando em situações de confronto armado a
exigência dessa precisão por parte do policial, apesar de legal e tecnicamente respaldada.
20

Incapacitação Tardia: nessa possibilidade, a ameaça recebe vários disparos na


região do tórax e, após o rompimento de vasos e tecido musculares, sofre um
colapso no Sistema Circulatório, causando lesões no Sistema Neural. O tempo
entre a perda de volume sanguíneo e a sua influencia sobre o Sistema Neural não é
exato, depende da gravidade do dano, dos órgãos e vasos sanguíneos atingidos.
Nenhuma Incapacitação: nessa hipótese, os disparos não atingem nenhuma área
vital, como coração ou caixa craniana, o volume sanguíneo não é suficiente pra
causar colapso no Sistema Nervoso Central e o s fatores psicológicos e emocionais
não exercem influencia sobre a ameaça. Tal situação pode ocorrer no caso de uso de
substancias que alterem o ânimo do agente ou pelo uso de coletes ou placas
balísticas, bem como pela falta de acerácea do atirador. (LEANDRO, 2016, P. 130)
Dentre os resultados apresentados, e sempre lembrando que em uma atuação desse
nível o agente público está com sua vida ou a de terceiros em risco, o objetivo sempre será a
incapacitação mais rápida possível, pra isso é necessário decidir como se preparar, como
treinar e que tecnologias priorizar.

No caso de colapso do Sistema Circulatório, o resultado incapacitação ocorre pela


quantidade de danos produzidos nos vasos sanguíneos, no coração, nos órgãos e
nos tecidos, que, ao serem destruídos ou rompidos, causam um extravazamento
sanguíneo ou hemorragias capazes de diminuir o fluxo sanguíneo, ocasionando uma
diminuição na taxa de oxigenação do cérebro. (LEANDRO, 2016, P. 131)
Com os conhecimentos acima balizando a formação da doutrina moderna e
contextualizada com a realidade policial no mundo e nacional, os programas de treinamento e
aperfeiçoamento dos agentes de segurança, somados com as escolhas técnicas de novas
tecnologias dos armamentos, munições e equipamentos, e adicionalmente com os objetivos
metodológicos expostos, nos dá a esperança de cada vez mais aumentar a eficácia das forças
policiais brasileiras, bem como a qualidade na prestação do serviço público de segurança.

A doutrina conhecida como Non Standard Response (“Resposta Não Convencional”)


tem tomado espaço nas academias de polícia do Brasil recentemente, porém no exterior essa
já é há muito a única resposta aceitável de um policial armado cuja vida é posta em risco por
um agressor. Ela consiste na realização de múltiplos disparos contra a ameaça letal, visando
seu centro de massa, maior área de alvo, geralmente o tórax, para sua incapacitação imediata
ou o mais próximo disso. A quantidade de disparos é definida pela resposta apresentada pelo
alvo, cansando os fogos, na mentalidade de combate, após o agressor não representar mais
perigo letal.

Logo, em resumo, o calibre padrão das forças de segurança, conclui-se que este deve
proporcionar em primeiro lugar, um bom índice de acertos, pois nenhuma característica
balística de efeitos será aproveitada se o conjunto arma e operador não for capaz de colocar o
projétil onde deve para incapacitar. Em segundo lugar, a munição deve ter como fator mais
relevante na efetividade de um ferimento a um alvo humano a penetração em uma
21

profundidade cientificamente válida, o FBI usa de 12 a 18 polegadas. E em terceiro, a


capacidade de cartuchos de uso imediato na arma, além é claro da confiabilidade no
mecanismo de funcionamento.

3.5.3 Comparativos balísticos entre 9x19mm Luger e .40 S&W

Tudo até aqui tratado baseou-se no fruto da extensa pesquisa realisada pela Academia
do FBI, que concluiu pela decisão de retorno ao calibre 9mm das armas de seus agentes, tendo
com principais fundamentos:

O policial perde entre 70 e 80 por cento dos tiros disparados durante um tiroteio.
Projéteis fabricados a partir de 2007 possuem maior eficácia da balística terminal de
muitos projéteis policiais de linha premium (especialmente os Luger 9mm).
O calibre 9mm Luger oferece projéteis premium que são, sob condições de teste,
idênticos ou superiores a maior parte da linha premium .40 S&W e .45 Auto
(testados pelo FBI).
O calibre 9mm Luger oferece maior capacidade de tiros nos carregadores, menos
recuo, menor custo (em munição e reparos nas armas) e índices de confiabilidade
mais elevados quanto ao funcionamento (em armas do FBI)
A maioria dos atiradores do FBI em linhas de tiro, mais rápidos e mais precisos com
a Luger 9mm em comparação com a .40 (armas de porte semelhantes) S&W.
Há pouca ou nenhuma diferença perceptível nas linhas de perfuração do projéteis
premium de 9 milímetros Luger até .45 Auto pelos exames cadavéricos.
Dada construção das munições contemporâneas, policiais que tem munição Luger
9mm podem ter o potencial de desempenho final de qualquer outro calibre de
pistola com nenhuma desvantagens quando comparada aos calibres “maiores”.
(PINIZZOTTO et al, 2006)
Com base nas conclusões do estudo acima, restou ao presente estudo adaptá-los à
realidade brasileira. Nesse intuito foram realizados testes comparativos de tiro com sujeitos de
pesquisa da Polícia Militar do Pará. A ideia central baseou-se na aferição dos resultados de
precisão e tempo dos disparos com armas no calibre 9x19mm e .40 S&W, pois essas são as
características importantes, somadas às opiniões da perspectiva dos atiradores coletadas por
meio de questionários aplicados aos pesquisados, conforme se vê nos resultados adiante.

3.6 RESULTADOS NA PERSPECTIVA DOS OPERADORES DA PMPA


Partindo dos estudos apresentados até aqui, seguiu-se a parte experimental desta
pesquisa. Foi feita uma seleção aleatória e por conveniência de 15 (quinze) policiais militares
do Pará da ativa que trabalham em unidades da Região Metropolitana de Belém e tenham
participado diretamente de confronto armado nos últimos 06 anos. Por meio da consulta
cadastral junto ao banco de dados do Centro de Psicologia e Assistência Social CIPAS da
corporação, órgão da PMPA responsável pelo acompanhamento psicológico dos policiais
envolvidos em ocorrências com resultado morte, constatou-se que a unidade da capital com o
maior público nesse quesito é o Batalhão de Polícia Tática (BPOT), unidade da PMPA
22

responsável pelo patrulhamento de segundo esforço, atuando em ocorrências que necessitam


de um aparelhamento ou treinamento especial.

Após o esclarecimento dos objetivos da pesquisa e o livre consentimento dos 15


(quinze) sujeitos devidamente registrado, em uma manhã no Instituto de Ensino de Segurança
do Pará (IESP) os participantes foram orientados sobre a sequência dos testes aos quais
seriam submetidos, envolvendo disparos de pistolas a 5 (cinco) e 10 (dez) metros, com
calibres .40S&W e 9x19mm Luger. As séries de tiros eram também divididas em quatro, cada
uma de três disparos consecutivos, na maior velocidade que pudessem, mantendo-se a melhor
precisão. Logo após os testes práticos os participantes responderam um questionário de dez
questões que visou colher a perspectiva destes na operação das armas pós uso e com
conhecimentos próprios.

As armas utilizadas nos testes foram disponibilizas pela fabricante Forjas Taurus
através da solicitação feita em apoio a pesquisa, bem como as munições, pela Companhia
Brasileira de Cartuchos (CBC). Os modelos de pistola T-Series foram escolhidos em razão
das suas idênticas dimensões e sistemas de funcionamento, alem da pouquíssima diferença
nos pesos: Pistolas TH40 e TH9 todas Full Size (tamanho normal de fábrica). As munições
foram do tipo Expansiva Ponta Oca (EXPO) modelo Gold Hex, mesmo usado no serviço pela
corporação, nos calibres 9mm Luger +P+, projétil de 115 grains de peso e .40 S&W, projétil
de 155 grains.

Os alvos de papel para os testes se dividiram em dois tipos, na configuração Fogo


Central (retângulos concêntricos) – padrão método Giraldi PM/L-4 de tiro, com 56x38cm e de
silhueta humanoide – padrão Seção de Armamento Tiro (SAT) da Polícia Federal, com
64x46cm, todos com imagens ilustrativas no apenso. Os disparos foram realizados nas
distâncias de 10 e 5 metros nos respectivos alvos, repetindo-se os atiradores nos dois calibres
para fins de comparação individual e coletiva. Os tempos do primeiro e ultimo disparos foram
registrados em cada sequência por meio de equipamento específico denominado Timer Shot,
no modelo Pocket Pro II, da Competition Electronics, aferido e atestado.

A análise dos impactos nos alvos se deu por meio de técnicas de georreferenciamento
computadorizado, em parceria com o Instituto Espaço Inovação do Parque de Ciência e
Tecnologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Após os tiros os alvos foram
digitalizados, metrificados e vetorizados no software Qgis 2.18 Las Palmas para cálculo dos
resultados em processamento dos agrupamentos e distâncias dos impactos em relação aos
pontos de visada dos alvos, ou seja, o local onde se mirou no alvo. As comparações seguiram-
23

se entre os calibres dos tiros do mesmo operador e na média dos diferentes operadores,
buscando os resultados de precisão e índices de erros.

Todas as planilhas criadas com os resultados buscaram medir os tempos e a precisão


dos tiros tão somente. Nenhum experimento se preocupou com efeitos balísticos nos alvos
como capacidade de penetração, energia cinética, fragmentação ou coisas do tipo foi feito,
pois não traduz o foco deste trabalho, e sim a perspectiva do operador em conjunto com a
arma e a munição utilizada, definida como característica prática da problemática. Justificando
assim a fuga dos tradicionais testes, exaustivamente repetidos por estudos pretéritos, usando
massas ou gelatinas balísticas para produção de feitos visuais. Entretanto, os resultados de tais
estudos se mostram extremamente similares quando comparados os efeitos dos modernos
projéteis 9x19mm Luger e .40S&W, principalmente de fabricação especializada como no caso
das tipo Gold Hex da CBC.

A conclusão a que se chegou ao fim deste estudo divide-se na listagem das


características necessárias a uma munição de arma de porte policial, sobressaindo-se a
velocidade e a precisão dos tiros e na forma de treinamento ideal. Portanto, dentre os
principais resultados obtidos destacou-se claramente na pesquisa que a munição 9x19mm
Luger superou as qualidades do calibre .40S&W sob o prisma das características necessárias
ao confronto armado, fundamentadas principalmente pelos estudos da Academia do FBI e
ratificadas pelas respostas do questionário aplicado (pergunta 1), que solicitava a indicação
desse principais atributos necessários a uma arma de porte:

Figura 1 – Características das Armas de Porte

Fonte: Dados obtidos pelo autor, 2018.


24

Concatenando com os estudos de Zanotta (2017), se vê no gráfico acima a importância


dada pelos pesquisados a segurança no funcionamento e precisão que alcança 53,3% das
opiniões dentre as 11 características disponíveis para opção. Concluindo, pode-se citar a
médias de 20% maior confiabilidade e durabilidade da 9mm, segundo Zanotta (2017), em
relação a .40 Igualmente, em média 8% maior capacidade de cartuchos de acordo com os
dados de fábrica e 13% menor custo de compra considerando o valor para pessoa física. E em
termos de durabilidade as pistolas em calibre 9mm possuem sobrevida de peças 20% maior
do que as em calibre .40. Apesar de não ser uma característica importante para os
questionados, visto que não receberam votos; para a administração pública os custos são
essenciais.

Depreendeu-se também dos questionários aplicados que a maior parte dos policiais
militares pesquisados tem uma concepção bem formada dos recentes estudos das
características do calibre ideal à legítima defesa e, após experimentarem os tiros nos testes,
dos 15 pesquisados, 14 afirmaram que optariam pelo 9x19mm para uso nos armamentos
de porte se disponível, restando apenas um que opinou pela .40S&W. Ressaltando-se que o
perfil desses sujeitos de pesquisa reforça a credibilidade de suas opiniões sendo a média de
tempo de serviço ativo de quase 12 anos e meio, onde 13 participantes declararam terem sido
na atividade fim policial militar, ou seja, no policiamento ostensivo de fato.

Os pesquisados também responderam sobre o nível de satisfação com o calibre e


armamento de atual padrão na PMPA, o .40S&W, conforme o resultado abaixo que
demonstrou agradar parcialmente a maioria, exceto nos quesitos controlabilidade e
necessidade de treinamento, cruciais ao efetivo uso em legítima defesa como visto nas
discussões teóricas.

Tabela – Resultados dos questionários aplicados acerca dos níveis de satisfação com
as atuais armas de porte da PMPA no calibre .40S&W
Muito Muito Não sabe/sem
Satisfeito(a); Insatisfeito(a);
satisfeito(a); insatisfeito(a); resposta.
Confiabilidade (segura) 3 9 3 0 0
Durabilidade (resistente) 0 8 4 2 1
Precisão (disparos certeiros) 0 9 4 2 0
Facilidade de operação
(simplicidade)
5 8 0 1 1
Quantidade de disparos
disponíveis (capacidade) 3 9 2 1 0
Tamanho e peso
(portabilidade) 3 8 3 0 1
Velocidade (em tiros rápidos) 4 6 3 2 0
Enquadramento (visada de
tiro) 2 9 4 0 0
25

Poder de incapacitação
(parada) 2 8 2 1 2
Controlabilidade (recuo no
tiro)
1 3 8 3 0
Necessidade de treinamento 1 2 7 3 2
Custos (preços) 1 1 5 4 4
Fonte: Dados obtidos pelo autor, 2018.

Vale comentar que 100% dos pesquisados afirmou ser preciso repensar o calibre
padrão da PMPA, com justificativas desde a busca constante de melhor eficiência da atividade
policial, até o aumento da segurança do próprio PM, passando por várias vantagens do 9mm e
desvantagens do .40. Bem como, contraditoriamente, 53,3% dos participantes relataram
sentirem-se seguros com o uso da arma calibre .40 institucional, considerando seu
treinamento suficiente para superar as dificuldades admitidas como naturais do calibre, mas
que se tivessem a oportunidade, trocariam pra 9mm.

Interessante destacar, também que esses mesmos 53,3% de policiais que sentiram
segurança no uso do calibre .40S&W em razão do treinamento próprio (militares de unidade
especializadas tendem a treinar mais que a tropa ordinária), afirmaram também que seu
treinamento precisa melhorar, justificando em maioria a necessidade do aumento da
frequência de instruções práticas simuladas de tiro real. Notou-se com essa reafirmação do
paradigma de calibre uma divergência, talvez causada por interpretações anêmicas da melhor
metodologia de preparo policial para o confronto armado, como em uma única afirmação de
um pesquisado que disse ser necessário o aumento da prática de tiro em pistas que visem à
simulação da realidade.

Indicaram os questionários por fim a necessidade de buscar a simulação cada vez


melhor de situações aproximadas a do confronto armado real, visando o preparo dos agentes
de segurança pública paraense e a melhoria constante das características dos equipamentos,
armamentos e munições, que devem sempre acompanhar a evolução científica tecnológica,
com o crivo dos estudos estatísticos temáticos. Além da melhoria de meios disponíveis para
esse preparo policial:

O calibre 9x19mm apresenta vantagem em relação ao .40 S&W pelo custo das
munições. Comparando os preços para pessoa física de munição da marca CBC,
única fabricante brasileira de munições (na data de setembro/2018), a munição
9mm é 13,37% mais barata que a .40 S&W. Como o calibre 9mm apresenta um
custo menor, e é possível treinar o operador com mais números de disparos o que
resulta na melhoria da qualidade técnica e faz com que em uma situação de
confronto o operador esteja mais preparado, aumentando as chances de sucesso.
(MOLITERNO, 2017, p. 28)
Outrossim, destacando-se os resultados da aferição dos alvos atingidos, verificou-se
que dentre os calibre testados, o 9mm Luger demonstrou melhores índices de precisão com
26

36,2% mais acertos nas áreas válidas do alvo e controlabilidade dos disparos com intervalos
de 0,5 segundo mais rápidos dentro da sequência a 5 metros, fundamentando um melhor
reenquadramento e autoconfiança do operador, corroborada pela observação dos comentários
registrados nos questionários, assegurando a confiabilidade da 9mm pelo menor índice geral
de mal funcionamento.

Concluindo, expõem-se os resultados das aferições de tempo onde o policial deve ter
em mãos uma arma/munição que, além de ter possibilidade de incapacitar o agressor, deve
possibilitar ao usuário extrair o máximo de sua capacidade técnica no momento do confronto.
O melhor conjunto arma/munição do mundo de nada servirá se o tiro for perdido ou este não
conseguir repeti-lo (por necessidade) com acuaria pelo excessivo recuo da arma. Por isso,
passa-se a analisar mais especificamente os tempos aferidos nos testes realizados:
Figura 2 – Gráfico comparativo da média do tempo de disparos por sequencia de três.

Fonte: Dados obtidos pelo autor, 2018.


Conota-se do gráfico acima que a média geral do tempo das séries de disparos dos
atiradores foi mais rápida no calibre 9mm, para a distância de 5 metros. E, interessantemente,
o inverso ocorreu na distância de 10 metros. Criticando mais profundamente, há uma
justificativa técnica, se avaliada em conjunto com os impactos nos alvos. Quando da série de
impactos de .40S&W a 10 metros, o autor notou uma frustração aparente por parte de alguns
atiradores, acabando esses por priorizar a velocidade em relação a precisão. O fato é que
muitos erros foram observados nos alvos a 10m de .40, e os participantes podem ter desistido
de melhoras a precisão naquele momento, preferido garantir a velocidade.
27

Porém, o intuito dos testes foi exatamente de avaliar o comportamento do tiro de


combate, mesmo simulado, cujas estatísticas nos indicam ser em média a 3 metros (FBI apud
PACCOLA, 2017, p.13-14). O tiro a distancias maiores, naturalmente demandam um tempo
de mira maior, tornam-se suplementares para fins desse estudo. Logo, pode-se destacar que os
segundos ganhos, somados especialmente com a estabilidade de performance da 9mm
salvariam vidas policiais em risco pelo uso acertado da tecnologia disponível e bem orientada.
Figura 3 – Gráfico comparativo da precisão no alvos teste

Fonte: Dados obtidos pelo autor, 2018.


Finalmente, os acertos foram 29,17% mais precisos nos tiros de 9mm do que os de
.40, considerando toda a área do alvo. Quando se considera somente a região de silhueta
humanoide do alvo a 5m esse índice de acertos passa a ser de 92,3% com 9mm, contra 49,4%
de .40. Tudo fica mais aparente quando a análise relaciona o centro do grupamento médio de
impactos (GMI) com o ponto de visada (ponto central do alvo), percebe-se que novamente a
munição calibre .40 não favorece a precisão, com uma distância média de 09 centímetros
longe do centro do alvo para 5 metros de distância, resultando em 12 centímetros a 10
metros. Já no calibre 9mm essas mesmas medidas foram de apenas 6cm e 8cm,
respectivamente.
28

4 CONCLUSÕES

Desta feita, constatou-se diante do estudo realizado que ambos os calibres (9mm e .40)
possuem respeitáveis características e qualidades, contudo, quando há a necessidade de
classificá-los utilizando a variável eficiência na utilização pelos agentes de segurança pública,
os resultados mostraram que o calibre 9mm Luger é superior para defesa pessoal.
Respondendo a pergunta problema que originou esta pesquisa, quais as características
necessárias à munição de porte para legítima defesa: ter maior capacidade de tiro, melhor
administração do recuo de disparo pelo operador, melhor controlabilidade em múltiplos
disparos e melhor agrupamento de tiros rápidos sequenciais, além de manter o poder de
incapacitação de um alvo humano agressor com a penetração ideal.
Finalmente, afirma-se que, tanto do ponto de vista técnico quanto dos instrumentos de
coleta utilizados (questionários e testes de tiro), o calibre 9mm Luger demonstrou sua
superioridade analisando-se as características necessárias a uma munição de emprego na
legítima defesa policial, considerada em conjunto arma e operador: atirar repetidamente com
maior velocidade, manter a maior precisão em um menor tempo, engajar alvos múltiplos de
maneira mais efetiva e principalmente, gerar maior autoconfiança no operador.
Isso tudo levou à afirmação de que o desempenho e consequentemente a efetividade
do calibre 9mm é superior a do .40S&W, já que hoje os projéteis desse calibre atingiram um
nível de tecnologia em que faz todo o efeito necessário como o calibre .40S&W, apresentando
menor custo de treinamento, menor risco de disparos com trajetos indesejados ("balas
perdidas"), maior confiabilidade no mecanismo, capacidade de cartuchos, precisão e
controlabilidade dos tiros, bem como, as principais vantagens táticas que decidem um
confronto armado.
Cabem agora planejamentos mais aprofundados para a implementação do calibre 9mm
como novo padrão para as armas de porte da PMPA. Há que se estudar a legalidade de
compra, o treinamento inicial, o orçamento com seus ganhos e economia certa, o modo de
substituição progressiva, o reaparelhamento do setor de manutenções e inclusive as vantagens
na aquisição de munições de serviço e treinamento, com a certeza de ser um investimento que
em curto prazo se pagaria com as economias relacionadas na comparação com o atual calibre
.40. Que esse trabalho possa contribuir para a melhor prestação dos serviços de segurança no
estado e, sobretudo, melhorar as condições de combate na legitima defesa de vidas policiais e
da sociedade.
29

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estudo sobre a percepção dos policiais militares empregados no serviço operacional nas
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31

APÊNDICE
32

APÊNDICE A – Agradecimentos

Agradeço a Deus, Senhor dos Exércitos, Autor da liberdade, Campeão dos oprimidos,
por adestrar minhas mãos para batalha e meus dedos para guerra.

A minha família: minha esposa Erika Bechara, minha filha Júlia Bechara, que me
deram a compreensão para o apoio necessário, estando presentes nos momentos de glória e de
dificuldade.

Aos meus orientadores Cel Erika e Cel César, pelas revisões, apoio, incentivo e por
me levar a luz em momentos que só havia trevas. E aos representantes das empresas Forjas
Taurus e Compania Brasileira de Cartuchos nas pessoas do Sr Coutinho e Sr Nelson,
respectivamente.

Aos grandes amigos e colaboradores TCel PMESP Valério, TCel PMPA Mariúba,
TCel PMMT Paccola, Maj PMPA Nelson, Cap PMPA Eli, Cap PMPA Monteiro, Ten PMPA
Ramiro, Ten PMPA Veríssimo, Cad PMPA Sidônio, Cad PMPA Susane, Cb PMPA Martins,
Sd PMPA Miranda, Sd PMPA Lindyneia, Sr Cleber Siqueira do CTB e Prof. Luis Sadeck da
UFPA e outros, os quais me incentivaram, e sem eles não teria se concretizado este trabalho.
E aos amigos da PMPA, corporação que amo e pela qual me predispus ao presente estudo.

Aos companheiros de farda da APM Cel Fontoura e Comando de Missões Especiais,


sobretudo, os participantes desta pesquisa, pelo auxílio e apoio durante os testes, e demais
autoridades no assunto pelo Brasil, que contribuíram significativamente com os trabalhos
realizados.

Aos homens de Segurança Pública.

ADSUMUS...
33

APÊNDICE B – Questionário aplicado


Questionário nº: _______
Local: Marituba/PA (IESP) - Data: ___/___/______
Responsável: CAP QOPM BECHARA

Prezado Policial Militar,


O objetivo deste questionário é identificar sua percepção a respeito do armamento de porte na PMPA e do calibre
atualmente utilizado, sob a ótica das ocorrências de confronto armado; as informações serão tratadas com o sigilo necessário ao
anonimato dos questionados.

Sua participação é fundamental.


Sexo: 1( ) Masculino 2( ) Feminino Idade: ____ anos Escolaridade: 1( ) Fundamental 2( ) Médio 3( ) Superior

Unidade onde é lotado (OPM): __________________________ Tempo Efetivo de serviço PM: _____________________________

Posto/Graduação:______________________________ Maior tempo na carreira: 1( ) Atividade fim / 2( ) Atividade Meio

1. Quais as 03 (três) principais características que uma arma de (1) (2) (3) (4) (5) Velocidade (em tiros rápidos)
fogo de porte (uso em coldre) policial deve ter?
(1) (2) (3) (4) (5) Enquadramento (visada de tiro)
1( ) Segurança no funcionamento
(1) (2) (3) (4) (5) Poder de incapacitação (parada)
2( ) Precisão (no alvo)
(1) (2) (3) (4) (5) Controlabilidade (recuo no tiro)
3( ) Capacidade de munições
(1) (2) (3) (4) (5) Necessidade de treinamento
4( ) Controlabilidade (controle dos disparos)
(1) (2) (3) (4) (5) Custos (preços)
5( ) Velocidade de disparos

6( ) Custo / preço 4. Em sua opinião a PMPA precisa repensar o calibre padrão


das suas armas de porte? 1( ) Sim 2( ) Não
7( ) Poder de incapacitação
Por que?
8( ) Letalidade
____________________________________________________
9( ) Durabilidade ____________________________________________________
____________________________________________________
10( ) Portabilidade ________________________________
10( ) Outras: ______________________________ 5. Você se sente seguro com a utilização da arma de porte da
PMPA? 1( ) Sim 2( ) Não
2. Qual o melhor calibre para o uso ordinário policial em armas Por que?
de porte?
____________________________________________________
1( ) .40 S&W ____________________________________________________
____________________________________________________
2( ) 9mm Luger ou Parabellum
________________________________
3( ) .380 ACP
6. Você já esteve diretamente envolvido em um confronto com
4( ) .357 Magnum armas de fogo, após ingressar na PMPA?
1( ) Sim 2( ) Não
5( ) .45 NATO
Se sim, qual arma você utilizava? _________________________
6( ) .38SPL
7. Se você fosse livre pra escolher, qual calibre de arma de fogo
7( ) .22LR você portaria como sua arma institucional?
1( ) .40S&W; 2 ( ) .45NATO; 3 ( ) .357Magnum; 4 ( )
3. Qual o seu nível de satisfação em relação aos seguintes itens, .380ACP; 5 ( ) 9mm Luger; 6 ( ) .38SPL; ou . 7 ( ) 22LR.
na sua arma de fogo de porte institucional (pistola
calibre.40S&W)? Por que?
Use a numeração para marcar nas características abaixo: ____________________________________________________
(1) Muito satisfeito(a); (2) Satisfeito(a); (3) Insatisfeito(a); (4) ____________________________________________________
____________________________________________________
Muito insatisfeito(a); (5) Não sabe/sem resposta. ________________________________

(1) (2) (3) (4) (5) Confiabilidade (segura) 8. Você considera o seu treinamento para o uso da arma de
fogo em confronto real adequado?
(1) (2) (3) (4) (5) Durabilidade (resistente)
( ) Sim ( ) Não ( ) em parte
(1) (2) (3) (4) (5) Precisão (disparos certeiros)
Por que?
(1) (2) (3) (4) (5) Facilidade de operação (simplicidade)
____________________________________________________
Quantidade de disparos disponíveis ____________________________________________________
(1) (2) (3) (4) (5) ____________________________________________________
(capacidade) ________________________________
(1) (2) (3) (4) (5) Tamanho e peso (portabilidade) 9. Quanto tempo se passou desde seu ultimo treinamento de tiro
real ofertado por sua instituição?
34

ANEXOS
35

ANEXO A – Informativo Técnico N 43 da CBC, 2005 (Munições para Armas Curtas)


NO 43 – Emitido em Junho de 2005.
MUNIÇÕES PARA ARMAS CURTAS

Este Informativo Técnico tem por objetivo relacionar as diferentes munições para armas curtas fabricadas pela
CBC permitindo a escolha mais adequada para cada tipo de situação.

MUNIÇÕES GOLD

As munições Gold têm desempenho Premium e atingem o máximo em poder de parada (stopping power). Isso se
dá em função de sua extraordinária expansão e energia.
Os projéteis Gold são caracterizados por apresentarem ponta oca (EXPO) e camisa de tombak (liga de cobre e
zinco), o que garante perfeita expansão e penetração ideal, sem transfixação do alvo, permitindo, assim, que toda
a energia balística gerada seja transmitida para o alvo.
As munições Gold possuem projéteis com geometria ideal de ponta, a qual aliada à sua alta velocidade permite,
no momento do impacto com o alvo a expansão do seu diâmetro causando choque traumático capaz de
incapacitar instantaneamente o agressor. Em vista disso, são as melhores opções quando o objetivo é a defesa
pessoal.

GELATINA BALÍSTICA
Cavidade permanente, resultante de teste realizado com munição .45 EXPO+P Gold.
Disparo realizado à distância de 5 metros em gelatina balística de 36 cm de comprimento.
O teste com gelatina balística foi desenvolvido pelo FBI para realização de ensaios
balísticos, sendo o mais utilizado por renomados institutos de pesquisa balística em todo o
mundo. Por espelhar os resultados de expansão mais próximos à realizada, é o principal
método de comparação do poder de parada (stopping power).
TABELA BALÍSTICA

Projétil Balística
Peso V E Provete Utilização Recomendada
Tipo Cód.
(gr) (m/s) joule cm
.380 Auto
Expansivo Ponta Munição “top” de linha em calibre .380 auto, desenvolvendo
EXPO 85 330 300 9,5 excelente expansão e poder de parada.
Oca +P Gold
.38 SPL
Munição apresentando excelente expansão do projétil e o máximo
Expansivo Ponta
EXPO 125 310 389 10,2 V em poder de parada (stopping power). Ótimo para arma com canos
Oca +P+ Gold curtos.
.40 S&W
Expansivo Ponta
EXPO 155 364 665 10,2 Excelente expansão e poder de parada.
Oca Gold
.45 Auto
Expansivo Ponta
EXPO 185 345 712 12,7 Excelente expansão e poder de parada.
Oca +P Gold
9mm Luger
Expansivo Ponta
EXPO 115 405 610 10,2 Excelente expansão e poder de parada.
Oca +P+ Gold
V – Provete Ventilado. Velocidade (V) e Energia (E) medidas à distância de 4,6 metros.

MUNIÇÕES PARA PISTOLAS

Cada vez mais utilizadas pelo público civil, as munições para pistola são, também, amplamente usadas no meio
policial e militar. Essa opção é decorrente da sua capacidade de municiamento, da facilidade de recarregamento e
à própria evolução técnica das armas semi-automáticas.
A CBC fabrica munições para pistolas com dois tipos de projéteis: os de chumbo, destinados a treinamento, de
baixo custo e que causam menor desgaste dos canos das armas, e os encamisados, que podem ser impelidos a
velocidades superiores àquelas dos projéteis de chumbo. A família de munições “Silver Point” foi desenvolvida
para uso profissional e é caracterizada por apresentar desempenho balístico superior.
As munições para pistola são voltadas para defesa, treinamento e esporte. O consumidor civil pode adquirir desde
as munições calibre .25 Auto até o calibre .380 Auto. Para o uso policial, são bastante usadas as munições de
calibre .40S&W, .45 Auto e 9mm, sendo esta última também utilizada como calibre de dotação das Forças
Armadas.
TABELA BALÍSTICA

Projétil Balística
Peso V E Provete Utilização Recomendada
Tipo Cód.
(gr) (m/s) joule cm
.25 Auto
Encamisado Total
ETOG 50 232 87 5,1 Para arma de pequenas dimensões e fácil porte dissimulado.
Ogival
.32 Auto
Encamisado Total
ETOG 71 276 175 10,2 Para armas de pequenas dimensões e fácil porte dissimulado.
Ogival

Expansivo Ponta Projétil expansivo, com o mesmo nível de pressão que o ETOG
EXPO 71 276 175 10,2 convencional.
Oca
.380 Auto

Chumbo Ogival
CHOG 95 288 256 9,5 Uso exclusivo em treinamento.
Treina
Encamisado Total
Ogival +P Silver ETOG 95 308 293 9,5 Grande penetração contra alvos barricados.
Point
Munição com projétil expansivo mas com o mesmo nível de
Expansivo Ponta pressão que o ETOG convencional, podendo, portanto, ser
EXPO 95 288 256 9,5 utilizado em qualquer arma de boa fabricação e em condições
Oca
adequadas de manutenção.

Expansivo Ponta Opção com projétil de boa penetração e expansão. A versão +P


EXPO 95 308 293 9,5 é mais potente do que a convencional.
Oca +P Silver Point
Encamisado Total Munição com projétil tradicional encamisado e destinado a uso
ETOG 95 288 256 9,5 geral.
Ogival
.40 S&W

Chumbo Ponta Treinamento e adaptação de atiradores não acostumados ao


CHPP 160 355 653 10,2 calibre.
Plana Treina
Encamisado Total
ETPP 180 300 524 10,2 Grande penetração em alvos barricados.
Ponta Plana
Chumbo Semi Alta precisão e baixo desgaste do cano. Destinado
CSCV 160 355 653 10,2 especificamente para competições na modalidade de Tiro Prático
Canto Vivo

Projétil destinado a romper-se facilmente ao impacto com uma


Frangível - 125 360 525 10,2 superfície dura, reduzindo ao máximo a possibilidade de
ricochete.

.45 Auto
Treinamento e adaptação de atiradores. Para perfeito
Chumbo Semi
CSCV 200 290 545 12,7 funcionamento em alguns tipos de arma, pode haver
Canto Vivo necessidade de adaptação da rampa de alimentação.

Encamisado Total Projétil de boa penetração para o uso das forças armadas
ETOG 230 253 477 12,7 policiais.
Ogival
Velocidade (V) e Energia (E) à distância de 4,6 metros.
Projétil Balística
Utilização Recomendada
Peso V E Provete
Tipo Cód.
(gr) (m/s) joule cm

9mm Luger

Munição destinada a treinamento, inclusive com


Chumbo Ogival
CHOG 124 332 443 10,2 submetralhadoras, pois é carregado com nível de pressão que
Treina permite tanto o tiro semi-automático quanto automático.

Projétil de uso militar com grande penetração e permitindo o


Encamisado Total
ETOG 124 332 443 10,2 funcionamento perfeito de qualquer tipo de arma semi ou
Ogival totalmente automática.

Expansivo Ponta Projétil expansivo com excelentes características balísticas para


EXPO 115 349 455 10,2 uso policial.
Oca
Expansivo Ponta
EXPP 95 405 506 10,2 Projétil expansivo de alto impacto.
Plana (Flat)
Encamisado Total Projétil de grande penetração que funciona com perfeição em
ETOG 115 343 440 10,2 qualquer tipo de arma semi ou totalmente automática.
Ogival
Encamisado Total
Ponta Plana ETPP 147 300 428 10,2 Destinadas a armas equipadas com silenciadores.
Subsônico
Projétil destinado a romper-se facilmente ao impacto com uma
Frangível - 100 370 443 10,2 superfície dura, reduzindo ao máximo a possibilidade de
ricochete.
Velocidade (V) e Energia (E) à distância de 4,6 metros.

MUNIÇÕES PARA REVÓLVERES

As munições para revólveres são destinadas à defesa, caça e esporte. Elas são as mais utilizadas pelo público
civil para defesa pessoal, embora seu uso seja também tradicional no meio policial.
O consumidor civil pode adquirir munições desde o calibre .32 S&W até o .38 SPL. Para o uso policial, destacam-
se o .38 SPL, .357 Magnum e .44 Magnum.
O Calibre .38 Treina, reduz a necessidade de se manter um processo de recarga de munições de alto custo fixo e,
por isso, é bastante utilizado no treinamento de profissionais de segurança pública e privada.
As munições chamadas +P (maior pressão) ou +P+ (pressão ainda maior) desenvolvem pressões de disparo
acima das normais, devendo ser utilizadas em armas de projeto e fabricação modernos e apropriados para a elas
resistir por ocasião do tiro.
TABELA BALÍSTICA

Projétil Balística

Peso V E Provete Utilização Recomendada


Tipo Cód.
(gr) (m/s) joule cm

.32 S&W

Chumbo Ogival CHOG 85 213 125 9,9 Para arma de pequenas dimensões e fácil porte dissimulado.

Utilizada para dar “partida” em competições de atletismo,


Festim - - - - - espetáculos teatrais, cênicos ou similares.
.32 S&W L

Chumbo Ogival CHOG 98 213 144 10,2 V

Expansivo Ponta Oca EXPO 98 235 175 10,2 V Para arma de pequenas dimensões e fácil porte dissimulado.
Para defesa, utilizar a versão Silver Point.
Expansivo Ponta Oca
EXPO 98 258 211 10,2 V
Silver Point

Chumbo Canto Vivo CHCV 98 224 159 13,5 Utilizada em competições de tiro ao alvo.

.38 SPL

Chumbo Ogival
CHOG 125 229 213 10,2 V Uso exclusivo em treinamento.
Treina

Munição tradicional para o uso policial, mas hoje já


Chumbo Ogival CHOG 158 229 268 10,2 V tecnicamente superado. Sugerimos utilizá-lo somente para
treinamento.

Pode ser utilizada como opção em revólveres .38 SPL.


Chumbo Ogival Curto CHOG 125 207 174 10,2 V Apresenta menor energia, recuo e estampido em relação à
munição .38 SPL CHOG convencional.

Chumbo Canto Vivo CHCV 148 244 285 19,5 Competições de tiro ao alvo.

Munição com poder de parada superior ao de chumbo ogival


tradicional, desenvolvendo pressão que permite sua utilização
Expansivo Ponta Oca EXPO 158 245 307 10,2 V em qualquer arma no calibre, desde que de boa fabricação e
em boas condições de manutenção.

Expansivo Ponta Oca Munição com poder de parada superior ao EXPO de 158
EXPO 158 268 368 10,2 V “grains” convencional.
+P

Expansivo Ponta Oca Munição com expansão superior ao EXPO +P de 158 “grains”.
EXPO 125 305 377 10,2 V Ótimo para armas com canos curtos.
+P+ Silver Point
Face à sua alta penetração são destinados a serem utilizados
Encamisado Total contra alvos dentro de veículos ou protegidos por qualquer
Ponta Plana +P ETPP 125 287 334 10,2 V outro tipo de barricada. Embora encamisado, possui ponta
Silver Point plana o que permite sua utilização segura em armas longas
com carregadores tubulares (Puma e similares).

Utilizada para dar “partida” em competições de atletismo,


Festim - - - - - espetáculos teatrais, cênicos ou similares.

.357 Magnum

Chumbo Semi Canto Munição ideal para treinamento e adaptação dos usuários ao
CSCV 158 372 710 10,2 V respeitável recuo do calibre.
Vivo Treina
Opção com excelente expansão, penetração e poder de
Expansivo Ponta Oca EXPO 158 372 710 10,2 V parada.

Expansivo Ponta
EXPP 158 372 710 10,2 V Penetração superior ao tipo EXPO, oferecendo boa expansão.
Plana
V – Provete Ventilado. Velocidade (V) e Energia (E) à distância de 4,6 metros.
Projétil Balística

Peso V E Provete Utilização Recomendada


Tipo Cód.
(gr) (m/s) joule cm

.44 Magnum

Expansivo Ponta
EXPP 240 357 991 10,2 V Caça de animais de pêlo.
Plana

.44-40 Winchester

‘Chumbo Ponta Caça de animais de pêlo. Uso nas carabinas Puma e de outros
CHPP 200 358 833 61 fabricantes adequadas para o calibre.
Plana

.454 Casull
Expansivo Ponta
EXPP 260 548 2.530 19
Plana
Encamisado Total
ETPP 260 548 2.530 19 Caça de animais de pêlo de grande porte.
Ponta Plana
Expansivo Ponta
EXPP 240 540 2.267 19
Plana

.500 S&W

Expansivo Ponta
EXPP 400 490 3.113 25,4
Plana
Caça de animais de pêlo de grande porte.
Expansivo Ponta
EXPP 325 549 3.174 25,4
Plana
V – Provete Ventilado. Velocidade (V) e Energia (E) à distância de 4,6 metros.

MUNIÇÃO ORIGINAL

Com o objetivo de proteger seus clientes de falsificações e fraudes, a CBC criou o blíster, uma
embalagem inviolável contendo 10 munições. Todas munições para pistolas e revólveres CBC são
caracterizadas por possuírem espoleta com cápsula fabricada em latão na cor dourada; e na qual é
estampada, em baixo-relevo, a letra “V”, com exceção dos calibres .357 Magnum, .454 Casull e .500
S&W cuja letra gravada é “C”, permitindo assim a identificação fácil e rápida das munições originais

de fábrica. Comprando o blíster CBC e verificando a gravação da espoleta, o consumidor pode ter
certeza de estar adquirindo munições originais de fábrica.

Obs: apenas as munições de uso permitido vendidas no comércio especializado são embaladas em blíster. As
munições de uso permitido e restrito fornecidas às instituições policiais, empresas de segurança, clubes e
federações de tiro são embaladas em caixetas de papelão com 50 unidades.
INFORMAÇÕES GERAIS

As munições constantes neste Informativo Técnico, quando de seu uso permitido, poderão ser adquiridas nas
lojas especializadas do segmento. Aquelas de calibre restrito, somente poderão ser adquiridas através de Clubes
e Federações de tiro, por atiradores devidamente registrados no SFPC de sua residência, ou por policiais federais
e militares através de anexo, de acordo com o R105.

RECOMENDAÇÕES DE USO E SEGURANÇA

- A CBC não se responsabiliza pelo uso incorreto dessas munições, bem como de munições recarregadas
utilizando estojos CBC.
- A venda de munição recarregada é proibida pelo Decreto 3665/00, Portaria Ministerial nº 1024/97 e Lei
10.826/03.
- Antes de municiar sua arma, certifique-se que o cano esteja desobstruído.
- Se a arma falhar, mantenha o cano apontado para local seguro, aguarde 30 segundos, descarregue
cuidadosamente, evitando se expor à culatra da arma.
- Mantenha armas e munições guardadas separadamente e fora do alcance de crianças e pessoas não
habilitadas.
- Durante a prática do tiro, use sempre protetor auricular e óculos de segurança.
- Não tome bebidas alcoólicas antes ou durante o tiro.
- Nunca atire em água, rocha ou qualquer superfície nas quais os projéteis possam ricochetear.
- Para que a munição não seja inutilizada, evite a contaminação da espoleta e/ou pólvora. Assim, não utilizar
óleo lubrificante em excesso e jamais lubrifique o tambor do revólver ou o carregador da pistola quando estes
já estiverem municiados.
- Mantenha as munições sempre protegidas da variação de temperatura e umidade. Utilize-as em até 6 meses
após a data da compra.
44

ANEXO B – Imagem do Alvo Silhueta padrão SAT/PF


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ANEXO C – Imagem do Alvo Fogo Central padrão PM/L-4 Método Giraldi

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