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Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício


ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE FORÇA E FLEXIBILIDADE DE IDOSOS


PRATICANTES DE ATIVIDADES FÍSICAS

Edson Silva de Moura1,2, Henrique de Oliveira Castro3


Samuel Silva Aguiar3, Marcos Borges Júnior4
Gustavo de Conti Teixeira Costa5, Flávio de Oliveira Pires2,6
Karla Virginia Bezerra de Castro Soares1

RESUMO ABSTRACT

Introdução: O envelhecimento é um fenômeno Evaluation of the level of strength and flexibility


progressivo e inevitável, que acarreta diversas of prostican practiceers of physical activities
alterações nos sistemas corporais, dentre eles
o anatomofuncional onde ocorre perda gradual Introduction: Aging is a progressive and
da força e da flexibilidade. Por outro lado, o inevitable phenomenon, which causes several
treinamento físico possui papel fundamental changes in the body systems, among them the
na manutenção da autonomia funcional de anatomofunctional where there is gradual loss
idosos. Objetivo: Avaliar os níveis de força e of strength and flexibility. On the other hand,
flexibilidade de idosas participantes de physical training has a fundamental role in the
ginástica aeróbica, hidroginástica e maintenance of the functional autonomy of the
treinamento de força. Materiais e métodos: elderly. Objective: To evaluate the strength
Estudo transversal, analítico realizado na and flexibility levels of elderly women
Universidade Ceuma, com amostra de 30 participating in aerobics gymnastic,
idosas praticantes de atividade física, sendo hydrogymnastics and strength training.
eles: grupo ginástica (GG), grupo Materials and methods: A cross-sectional,
hidroginástica (GH) e grupo musculação (GM). analytical study carried out at the Ceuma
A avaliação da força foi medida por meio do University, with a sample of 30 elderly women
teste de sentar e levantar e a flexibilidade foi practicing physical activity, being: gymnastic
mensurada com um flexímetro. Resultados: O group (GG), hydrogimnastic group (HG) and
GM apresentou maior força de membros strength training group (STG). The strength
inferiores (p< 0,05) do que o GH e os GG e assessment was assessment by the sit and
GH apresentaram maior flexibilidade de stand test and the flexibility was measured with
quadríceps do que o GM (p< 0,05). Conclusão: a fleximeter. Results: GM presented higher
Os resultados concluem que as idosas do GM limb strength (p <0.05) than GH and GG and
possuem maior nível de força de membros GH presented greater quadriceps flexibility
inferiores e que os GG e GH possuem maior than GM (p <0.05). Conclusion: The results
flexibilidade. conclude that the elderly of STG have a higher
level of strength of lower limbs and that GG
Palavras-chave: Força. Flexibilidade. Idosas. and HG have greater flexibility.

Keywords: Strength. Flexibility. Elderly

1-Universidade CEUMA, São Luís-MA, Brasil.


2-Universidade Federal do Maranhão (UFMA),
São Luís-MA, Brasil.
3-Centro Universitário Estácio Brasília, E-mails dos autores:
Taguatinga-DF, Brasil. edsonsilvademoura@gmail.com
4-Centro Universitário Metodista Izabela henriquecastro88@yahoo.com.br
Hendrix, Belo Horizonte-MG, Brasil. sdsa10@hotmail.com
5-Universidade Federal de Goiás, Goiânia-GO, marcosborgesjunior@yahoo.com.br
Brasil. conti02@hotmail.com
6-Rede Nordeste de Biotecnologia-Renorbio, flaviooliveirapires@gmail.com
Universidade Federal do Maranhão (UFMA), karla1441@yahoo.com.br
São Luis-MA, Brasil.

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INTRODUÇÃO envelhecimento podem ser minimizados, já


que o exercício físico promove melhorias na
A população idosa tem apresentado capacidade funcional, autonomia e qualidade
um crescimento acelerado nas últimas de vida dessa população (Ruzene e Navega,
décadas e segundo dados apresentados pela 2014).
organização mundial de saúde (OMS), haverá Vasconcelos e colaboradores (2016)
um aumento considerável da população com avaliaram a capacidade funcional e
mais de 60 anos de idade nos próximos anos. parâmetros antropométricos de 148 idosas em
Estima-se que em 2025 essa população diferentes modalidades de exercício físico
ultrapasse 800 milhões de pessoas e que no (ginástica funcional, treino de força e pilates
ano de 2050 a população de idosos será maior combinado com hidroginástica).
do que o número de jovens no mundo todo Após 16 semanas de treinamento, os
(Fechine, 2012). resultados indicaram que o treinamento
No Brasil o crescimento da população combinado reduziu significativamente as
idosa tem se dado de forma rápida e radical, mensurações antropométricas dos grupos
projeções indicam que em 2020 o país terá a estudados. Além disso, embora não tenha
sexta maior população de idosos do mundo, havido diferenças estatísticas entre os grupos,
com mais de 30 milhões de pessoas (Picorelli todas as idosas apresentaram melhoras na
e colaboradores, 2014), podendo assim, capacidade funcional.
onerar consideravelmente os cofres públicos. Atualmente, embora a população
Ao envelhecer o idoso sofre idosa tenha uma grande variedade de opções
modificações em todos os sistemas, de praticar exercícios físicos, a ginástica
especialmente anatomofuncional que afeta a aeróbica, a hidroginástica e o treinamento de
força e a flexibilidade, estes por sua vez, estão força parecem ser as mais populares. No
diretamente associadas ao bom desempenho entanto, poucos estudos avaliaram a influência
das atividades da vida diária (Silva e Menezes, dessas modalidades sobre a força e
2013; Wecheman, Ruzene e Navega, 2013; flexibilidade em idosos (Fatouros e
Zambon e colaboradores, 2015). colaboradores, 2005; Grabiner e
No período entre a quinta e a sétima colaboradores, 2014; Vasconcelos e
década de vida há uma redução de colaboradores, 2016).
aproximadamente 15% da força muscular e Portanto, o objetivo do presente
após 80 anos essa redução pode chagar a estudo foi avaliar os níveis de força e
30%. Acredita-se que a perda de força faz flexibilidade de idosas participantes de
parte do processo de envelhecimento “normal” ginástica aeróbica, hidroginástica e
ou “primário” (Dodds e Sayer, 2014). treinamento de força.
Da mesma forma a flexibilidade de um
adulto saudável pode sofrer uma diminuição MATERIAIS E MÉTODOS
em torno de 8 a 10 centímetros na região
lombar e na articulação do quadril. No idoso Todos os procedimentos foram
essa perda parece se tornar maior, já que a conduzidos de acordo com a resolução
elasticidade dos tendões, ligamentos e 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e
capsulas articulares diminuem, devido a com a Declaração de Helsinque para
deficiências no colágeno (Albino e experimentos realizados com seres humanos.
colaboradores, 2012). Após a aprovação do Comitê de Ética
A perda da força associada à para Pesquisa com seres humanos da
diminuição da flexibilidade nas articulações Universidade Federal do Maranhão (parecer
pode afetar o equilíbrio, a postura, diminuir a número: 847.132), os voluntários receberam
velocidade da marcha, além de aumentar o uma explicação completa sobre os propósitos
risco de quedas e dificultar as atividades de e procedimentos do estudo e emitiram o
vida diária, comprometendo a transição da consentimento por escrito.
posição de sentado para em pé, que é um dos Trata-se de estudo transversal,
movimentos mais realizados na vida diária analítico, onde a seleção das participantes foi
(Fidelis, Patrizzi e Walsh, 2013). realizada por conveniência. A amostra foi
Por outro lado, a prática regular de composta por 30 mulheres idosas
exercício físico os declínios associados ao participantes de atividade física do projeto

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Uniceuma Sem Fronteiras. As voluntárias com a perna para verificar a ADM de extensão
foram selecionadas conforme as modalidades do joelho (Muyor e Campos, 2016).
que praticavam: grupo ginastica (GG), grupo Para avaliação da ADM dos
hidroginástica (GH) e grupo musculação (GM). extensores do joelho, a voluntária foi
Foram excluídas as idosas que posicionada em decúbito ventral na maca e
possuíam histórico de lesões incapacitantes lentamente o primeiro avaliador fixou a pelve
para realização dos testes, infarto agudo do de forma que a mesma se mantivesse na
miocárdio nos últimos três meses antes da posição neutra evitando a anteversão pélvica e
realização dos testes, utilização de próteses ao mesmo tempo este avaliador movimentou a
de membros inferiores e complicações perna até o mesmo sentir resistência e o
neurológicas. avaliado relatar qualquer desconforto na
Inicialmente realizou-se uma musculatura anterior da coxa. Enquanto isto, o
anamnese, em que eram fornecidos as outro avaliador mediu a ADM de flexão de
informações pessoais e dados sobre a prática joelho através do flexímetro (Silva e
de atividades físicas. Após a anamnese foram colaboradores, 2016).
realizados os testes de força e de flexibilidade, Após avaliar a normalidade e
sendo realizado sempre pelo mesmo homogeneidade dos dados por meio dos
avaliador. testes de Shapiro-Wilk e Levene,
Para a avaliação da força de membros respectivamente, os dados foram
inferiores foi utilizado o Teste de Sentar e apresentados em média e desvio padrão (±).
Levantar da Cadeia. Esse instrumento faz Para a comparação entre os grupos foi
parte da bateria de testes Senior Fitnes Test, utilizado o teste one-way ANOVA com Post-
desenvolvida e validada para a população Hoc de Bonferroni. O nível de significância foi
idosa (Mazo e colaboradores, 2015). fixado em 5% (p < 0,05). Todos os
O teste consiste em se levantar e procedimentos foram realizados com auxílio
sentar em uma cadeira sem o auxílio dos do software Statistical Package for the Social
membros superiores durante 30 segundos Sciences (SPSS 21.0).
(Langhammer e Stanghelle, 2015).
O teste foi demonstrado previamente RESULTADOS
pelo avaliador, e as voluntárias realizaram 3
repetições para familiarização com o teste. Não foram encontradas diferenças
A avaliação da flexibilidade foi significativas para idade (p = 0,99), peso (p =
realizada por meio de flexímetro da marca 0,10), estatura (p = 1,02) e IMC (p = 0,87) nos
Sanny® e os grupos musculares avaliados grupos estudados (tabela 1).
foram os flexores e extensores do joelho. O grupo musculação apresentou maior
A amplitude de movimento (ADM) dos tempo, frequência e volume de treinamento do
flexores do joelho foi realizada seguindo o que o grupo ginástica (p = 0,02; p = 0,03; p =
protocolo: na posição em decúbito dorsal na 0,01, respectivamente).
maca, o membro a ser avaliado foi mantido por Além disso, a frequência semanal de
um primeiro avaliador em flexão de quadril a treino do grupo musculação foi maior (p =
90 graus. Lentamente e passivamente a perna 0,01) do que o grupo hidroginástica (tabela 2).
foi movimentada para extensão por este Os grupos ginástica e hidroginástica
avaliador até o mesmo sentir resistência e o apresentaram maiores níveis de flexibilidade
avaliado relatar qualquer desconforto na do quadríceps direito comparado com o grupo
musculatura posterior da coxa. musculação (p = 0,02).
Enquanto isto, um segundo avaliador Enquanto que, o grupo musculação
posicionou o flexímetro para verificar se a coxa tem maior força de membros inferiores (p =
se encontrava a 90 graus com o plano da 0,03) do que o grupo hidroginástica (tabela 3).
maca e em seguida posicionou o flexímetro

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Tabela 1 - Média e DP (±) de idade e características antropométricas (peso, estatura e IMC) dos
grupos estudados.
GG GH GM
Idade (anos) 69,7 ± 7,7 67,3 ± 3,7 68,3 ± 5,9
Peso (kg) 61,2 ± 10,5 69,9 ± 9,5 68,3 ± 11,7
Estatura (m) 1,5 ± 0,05 1,5 ± 0,06 1,6 ± 0,06
IMC (kg∙m-2) 26,1 ± 4,3 29,3 ± 3,6 26,9 ± 4,1
Legenda: IMC= índice de massa corporal.

Tabela 2 - Características dos treinamentos dos grupos estudados.


GG GH GM
Média ± DP 27,8 ± 23,5 33,6 ± 21,6 61,5 ± 34,0*
Tempo de treino (meses)
Amplitude (mín-máx) 4 - 72 3 - 60 3 – 120
Média ± DP 3,6 ± 1,1 3,0 ± 1,2† 4,8 ± 0,4*
Frequência (sessões∙sem ) -1
Amplitude (mín-máx) 2-5 2-5 4–5
Média ± DP 48,0 ± 11,1 52,5 ± 7,2 71,0 ± 26,0*
Volume (min∙dia ) -1
Amplitude (mín-máx) 30 - 60 40 - 60 50 – 120
Legenda: * significativamente diferente do grupo ginástica; † significativamente diferente do grupo musculação.

Tabela 3 - Comparação entre a força de membros inferiores e flexibilidade dos grupos estudados.
Flexibilidade GG GH GM
Média ± DP 72,6 ± 5,7 73,5 ± 3,1 76,2 ± 8,2
Ísquio D
Amplitude (mín-máx) 60 - 80 70 - 81 65 – 86
Média ± DP 74,0 ± 6,2 76,7 ± 4,8 75,2 ± 9,4
Ísquio E
Amplitude (mín-máx) 60 - 86 70 - 85 61 – 90
Média ± DP 138,1 ± 5,2 137,6 ± 9,7† 127,3 ± 5,2*
Quadríceps D
Amplitude (mín-máx) 131 - 149 116 - 149 122 – 140
Média ± DP 136,0 ± 10,7 135,1 ± 11,6 128,1 ± 6,6
Quadríceps E
Amplitude (mín-máx) 121 - 151 114 - 148 119 – 140
Média ± DP 12,4 ± 2,7 11,7 ± 2,4† 14,9 ± 3,0
Força de MMII
Amplitude (mín-máx) 8 - 16 9 - 16 9 - 19
Legenda: D= direito; E= esquerdo; MMII= membros inferiores; *= significativamente diferente do grupo ginástica;
†= significativamente diferente do grupo musculação.

DISCUSSÃO principal terapia para modular positivamente


os parâmetros morfológicos e funcionais de
Os principais achados do presente idosos, uma vez que, esse tipo de exercício é
estudo demonstraram que o grupo capaz de manter ou até mesmo aumentar a
musculação apresentou maior força de massa muscular esquelética, funcionalidade
membros inferiores comparado com o grupo física, força e potência muscular de pessoas
hidroginástica. Enquanto que, os grupos idosas (Chodzko-Zajko, 2009; Garber, 2011).
ginástica e hidroginástica tem maior De fato, Wiechmann, Ruzene e
flexibilidade do que o grupo musculação. Navega (2013) ao avaliar os efeitos do
As adaptações neuromusculares treinamento de força sobre a flexibilidade,
advindas do treinamento de força como o mobilidade, força muscular e equilíbrio de
aumento no recrutamento e na frequência de idosas, demonstraram que após 13 semanas
disparo das unidades motoras e adaptações de treinamento de força foi verificada uma
morfológicas como aumento da área de melhora na força muscular de membros
secção transversa e espessura muscular, inferiores, porém sem aumentos na
parecem ser as principais causas aumento na flexibilidade, corroborando com o presente
capacidade de produção de força e hipertrofia estudo.
muscular (Cadore, Pinto e Kruel, 2012). Por outro lado, Correia e
Além disso, as recentes diretrizes do colaboradores (2014) realizaram uma revisão
American College of Sports Medicine (ACSM) sistemática sobre os efeitos do treinamento de
apontam o treinamento de força como a força sobre a flexibilidade. De 16 artigos

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inclusos na revisão apenas 5 eram com a Além disso, o estudo de Fidelis,


população idosa e ao analisarem esses Patrizzi e Walsh (2013), avaliou os resultados
estudos, os autores concluíram que o da prática de exercícios físicos sobre a força
treinamento de força aumenta a flexibilidade muscular manual, flexibilidade e mobilidade
de indivíduos idosos. funcional em idosos. O protocolo de exercícios
Deste modo, o aumento da utilizado consistia na realização de
flexibilidade advindo do treinamento de força alongamentos globais, fortalecimento com e
pode diminuir os efeitos deletérios do sem resistência, treino de equilíbrio estático e
envelhecimento, levando a uma melhor dinâmico e exercícios de coordenação motora,
qualidade de vida desses indivíduos semelhante ao protocolo realizado no grupo
(Chodzko-Zajko, 2009; Garber, 2011). ginástica do presente estudo. Os resultados
Fatouros e colaboradores (2006), sugeriram um aumento significativo na
investigaram se a intensidade do exercício flexibilidade dos idosos que participaram do
afetaria a flexibilidade e a força. Os autores estudo, corroborando com o presente estudo.
dividiram a amostra em quatro grupos: Este estudo apresenta como
controle, baixa, média e alta intensidade e limitações a falta de um grupo não praticante
após a aplicação do protocolo de treinamento de atividade física (controle) para comparação
de força durante 24 semanas, concluíram que com os demais grupos e a coleta não ter sido
a força aumenta exponencialmente realizada antes do início das atividades do
independente da intensidade do treinamento e projeto Uniceuma sem fronteiras e ao final das
que a flexibilidade possui um ganho atividades para mensuração real das
satisfatório apenas no treinamento de alta alterações de força e flexibilidade pelas três
intensidade. Embora nós não tenhamos modalidades de atividades físicas realizadas.
avaliado a intensidade do treinamento, o grupo
musculação do presente estudo apresentou CONCLUSÃO
maior volume de treinamento do que o grupo
hidroginástica, que pode ter influenciado Conclui-se que as idosas praticantes
positivamente para uma maior força. de musculação possuem maior nível de força
Em relação à flexibilidade, os grupos de membros inferiores e os grupos ginástica e
ginástica e hidroginástica do presente estudo hidroginástica possuem maior flexibilidade de
apresentaram valores significativamente quadríceps.
maiores, comparado com o grupo musculação.
A hidroginástica é uma modalidade que vem REFERÊNCIAS
sendo bastante utilizada pela população idosa
por proporcionar uma redução do impacto 1-Alberton, C.L.; Tartaruga, M.P.; Pinto, S.S.;
articular de membros inferiores (Alberton e Cadore, E.L.; Antunes, A.H.; Finatto, P.; Kruel,
colaboradores, 2014), preservando as L.F. Vertical Ground Reaction Force during
articulações devido as propriedades físicas da Water Exercises Performed at Different
água (Alberton e colaboradores 2013; Fontana Intensities. International Journal of Sports
e colaboradores, 2012). Medicine. Vol. 34. Num. 10. 2013. p. 881-887.
Em uma recente metanálise publicada
por Reichert e colaboradores (2016), 2-Alberton, C.L.; Finatto, P.; Pinto, S.S.;
demonstraram que o alongamento utilizado Antunes, A.H.; Cadore, E.L.; Tartaruga, M.P.;
como aquecimento ou volta a calma e a Kruel, L.F. Vertical ground reaction force
prática de exercícios em grandes amplitudes responses to different head-out aquatic
de movimento na hidroginástica parece exercises performed in water and on dry land.
favorecer o ganho de flexibilidade de idosos. Journal of Sports Sciences. Vol. 33. Num. 8.
Além disso, Bergamin e colaboradores 2014. p. 795-805.
(2013) evidenciaram que indivíduos idosos
que apresentam boa flexibilidade, seja pela 3-Albino, I.L.R.; Freitas, C.L.R.; Teixeira, A.R.;
ginástica aeróbica ou pela hidroginástica, Gonçalves, A.K.; Santos, A.M.P.V.; Bós,
conseguem realizar movimentos com uma A.J.G. Influência do treinamento de força
amplitude articular maior, melhorando assim o muscular e de flexibilidade articular sobre o
desempenho nas AVDs e por consequência equilíbrio corporal em idosas. Revista
tornando mais independente.

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Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

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Recebido para publicação 28/08/2017


Aceito em 01/01/2018

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.12. n.75. Suplementar 1. p.496-502. Jan./Jun. 2018.
ISSN 1981-9900.

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