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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS - EQA


ENGENHARIA DE ALIMENTOS

Frederico Bandeira Porto - 87569


Luciane G Mendes - 108109
William Silva da Cruz - 85287

DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE CORANTES


ARTIFICIAIS POR ESPECTROFOTOMETRIA

Disciplina: Processamento de Alimentos I


Professora: Vilásia Martins

Rio Grande
2019
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Sumário

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3

2 DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................... 4

2.1 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 4

2.1.1 MATERIAL .............................................................................................................. 4

2.1.2 MÉTODOS ................................................................................................................ 4

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 7

4 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 11

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 11
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1 INTRODUÇÃO

As características sensoriais de um alimento, como sabor, aroma, textura e cor,


influenciam significativamente na aceitação do produto pelo mercado consumidor. A aparência
do alimento pode exercer efeito estimulante ou inibidor do apetite e no prazer e satisfação na
ingestão do produto. Por essa razão, o setor alimentício preocupa-se com a aplicação de cores
e obtenção de alimentos que agradem aos olhos do consumidor (ADITIVOS E
INGREDIENTES).

Segundo a Portaria nº 540, de 27 de outubro de 1997, emitida pelos órgãos SVS/MS, os


corantes são definidos como aditivos alimentares, que são qualquer ingrediente adicionado
intencionalmente aos alimentos, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as
características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento,
preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou
manipulação de um alimento (ANVISA, 1997).

No Brasil, existem três categorias de corantes permitidas pela legislação para uso em
alimentos: os corantes naturais, o corante caramelo e os corantes artificiais. Considera-se
corante natural, o pigmento extraído de substância vegetal ou animal, sendo os mais utilizados
pela indústria, extratos de urucum, carmim de cochonilha, curcumina. O corante caramelo é o
produto obtido a partir de açúcares pelo aquecimento em temperatura superior ao seu ponto de
fusão e tratamento indicado pela tecnologia. Já o corante artificial é a substância obtida por
processo de síntese, os permitidos são o amarelo crepúsculo, azul brilhante FCF, bordeaux S
ou amaranto, eritrosina, indigotina, ponceau 4R, tartrazina e o vermelho 40 (FOOD
INGREDIENTS, 2016).

A determinação do teor de corantes nos alimentos, é um fator importante para a garantia


da segurança alimentar. Alguns métodos, têm sido empregados na determinação de corantes
sintéticos, como a identificação espectrofotométrica de corantes artificiais que permite a análise
por comparação com espectros de padrões na região ultravioleta/visível (UV/VIS) e a
quantificação baseada em cálculos computacionais por regressão linear. Técnicas
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cromatográficas, foram bastante utilizadas, porém são muito demoradas e produzem dados com
baixa exatidão e precisão (PRADO; GODOY, 2003).
O objetivo deste experimento foi quantificar corantes presentes em alimentos através da
identificação espectrofotométrica e determinar a ingestão máxima dos alimentos dispostos para
o experimento, para uma criança de 20 kg e para um adulto de 70 kg considerando os valores
de IDA para corantes.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 MATERIAL E MÉTODOS

2.1.1 MATERIAL

● Balança analítica;
● Espectro UV/Vis;
● Béquer;
● Balões volumétricos;
● Erlenmeyer;
● Metanol amoniacal;
● Amostra: Pó para refresco sabor laranja e morango

2.1.2 MÉTODOS

● Pesou-se 3,00 g de pó para refresco em um béquer de 150 mL;


● Foi adicionado 90 mL de metanol amoniacal e agitou-se com o auxílio de
bastão de vidro;
● Deixou-se decantar e o líquido colorido foi transferido para um balão
volumétrico de 100 mL, filtrando em papel filtro;
● Repetiu-se a extração com mais uma porção de metanol amoniacal (30 mL);
● As bordas do papel filtro foram recortadas e juntou-se ao resíduo da amostra
no béquer, repetindo-se a extração com metanol amoniacal (30 mL);
● Completou-se o volume do balão com metanol amoniacal;
● A absorbância foi lida em espectrofotômetro nos comprimentos de onda
(Tabela 1) dos corantes presentes na amostra (rótulo).
● Para calibrar o espectrofotômetro utilizou-se metanol amoniacal.
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Cálculo:
a) Amostra com um só corante: calcular o teor usando o valor de

𝑬𝟏%
𝟏𝒄𝒎 do respectivo corante, segundo a Tabela 1.
b) Amostra com dois corantes cujas absorções máximas são bem distintas entre
si: As leituras foram feitas nos dois comprimentos de onda respectivos na
mesma solução. Como os corantes absorvem em regiões distintas, a absorção
de um não interfere na absorção do outro. Foi calculado o teor de corante

usando o valor 𝑬𝟏%


𝟏𝒄𝒎 de cada corante.

Tabela 1 – Valores de absortividade molar e comprimento de onda de absorção de alguns


corantes.

Corantes 𝑬𝟏%
𝟏𝒄𝒎
Absorção máxima no visível
(nm)

Amarelo-crepúsculo 564,1 481

Tartrazina 536,6 426

Azul-brilhante 1640 630

Indigotina 449,3 610

Azul-patente V 2089 640

Borseaux S ou Amaranto 436 519

Eritrosina 1130 524

Ponceau 4R ou N cocina 442,5 507

Vermelho 40 536 505

Azorrubina ou carmoisina 518,6 515


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(1)
Onde:
A= absorbância da amostra

𝑬𝟏%
𝟏𝒄𝒎 (Absortividade molar) = obtida na Tabela 1
C= concentração da solução da amostra (g/100 mL)

c) Amostra com dois corantes cujas absorções máximas são bem próximas uma
da outra: fez-se as leituras das absorbâncias nos comprimentos de onda de
cada corante na mesma solução. Como as regiões de absorções máximas são
bem próximas, a absorção de um dos corantes interfere na absorção do outro.
Em amostras contendo tartrazina e amarelo crepúsculo, como por exemplo ao
fazer a leitura a 426 nm, na realidade, estamos considerando a absorção da
tartrazina mais a do amarelo-crepúsculo; a 481 nm, estamos considerando a
absorção do amarelo-crepúsculo mais a da tartrazina. O que ocorre é a
aditividade das absorbâncias. Para a devida correção, estabelecemos valores
de 426 nm e a 481 nm com o padrão do corante tartrazina com 96,36% de
pureza (no mínimo) e com o padrão do corante amarelo-crepúsculo com
90,29% de pureza (no mínimo), conforme Tabela 2.
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Tabela 2 – Valores de comprimento de onda de máxima absorção e de absortividade molar


para a mistura dos corantes amarelo crepúsculo e tartrazina

Corantes 𝑬𝟏%
𝟏𝒄𝒎
Absorção máxima
no visível (nm)

Tartrazina 535 426

Tartrazina 170 481

Amarelo- 221 426


crepúsculo

Amarelo- 592 481


crepúsculo

Substituindo esses valores na equação de Lambert-Beer, (A=abc), a


concentração do corante é obtida com a resolução do sistema de equação com duas
incógnitas.

(2)

Onde:
X= concentração do corante tartrazina
Y= concentração do corante amarelo crepúsculo

= absorbância da solução a 426 nm

= absorbância da solução a 481 nm

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra analisada em aula prática foi um pó para refresco sabor morango e laranja
que continha em sua composição cinco corantes: Amarelo-crepúsculo, Amarelo Tartrazina
Vermelho 40, caramelo IV e TiO2.
O corante Amarelo-crepúsculo é utilizado frequentemente em alimentos fermentados,
mas também pode ser encontrado em bebidas de sabor laranja. Já o Amarelo Tartrazina é usado
na indústria alimentícia, mas também nas é encontrado em cosméticos e fármacos. O Vermelho
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40 além de ser aplicado em alimentos é também utilizado em medicamentos e cosméticos. O


corante Caramelo IV é utilizado em alimentos (principalmente em bebidas do tipo cola, molhos,
chocolates cervejas, dentre outros), medicamentos e até em alimentos para cães. Já o corante
Dióxido de Titânio (TiO2) é utilizado, além da área alimentícia, em cosméticos, tintas,
bloqueadores solares, dentre outros. Porém, os dois últimos não foram calculados pois a
legislação não define um limite de utilização, só afirma que pode-se adicionar o necessário para
alcançar o efeito tecnológico.
Para realizar a quantificação dos corantes presentes na amostra foram coletados os
dados das absorbâncias no espectrofotômetro, que podem ser encontrados na Tabela 3 a
seguir:
Tabela 3 – Medidas das absorbâncias dos corantes Amarelo-crepúsculo, Amarelo Tartrazina
e Vermelho 40.

Corantes 𝑬𝟏%
𝟏𝒄𝒎
Absorção Absorbâncias Média das
máxima no medidas absorbâncias
visível (nm) medidas
Amarelo- 564,1 481 0,284 / 0,284 / 0,2843
crepúsculo 0,285
Amarelo tartrazina 536,6 436 0,135 / 0,135 / 0,1350
0,135
Vermelho 40 536 505 0,353 / 0,355 / 0,3547
0,356

Com o auxílio da Equação 1 e os dados da Tabela 3 foram obtidos os seguintes


resultados:

Tabela 4 – Resultados obtidos da quantificação dos corantes

Corantes Quantidade de corante (%m/m)

Amarelo-crepúsculo 0,0504

Amarelo tartrazina 0,0251

Vermelho 40 0,0661
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Analisando os dados da Tabela 4, nota-se a grande diferença na quantidade dos corantes


Vermelho 40 e Amarelo-crepúsculo frente àquela encontrada para o Amarelo tartrazina, que
obteve a menor quantidade dos três.

A Resolução RDC nº 5, de 15 de janeiro de 2007, da Agência Nacional de Vigilância


Sanitária (ANVISA) dispõe sobre a atribuição e os limites máximos de aditivos em bebidas não
alcoólicas, como os pós para o preparo de bebidas gaseificadas e não gaseificadas (categoria da
amostra analisada nesta aula prática). Os limites máximos permitidos para Amarelo-crepúsculo,
Amarelo Tartrazina, Vermelho 40, Caramelo IV e Dióxido de Titânio (TiO2) estão postos na
Tabela 5 abaixo.

Tabela 5 – Valores da legislação vigente

Corantes Amarelo- Amarelo Vermelho Caramelo IV TiO2


crepúsculo Tartrazina 40

Limite 0,01 0,01 0,01 Adiciona-se a Adiciona-se a


Máximo quantidade quantidade necessária
(g/100g necessária para para atingir o efeito
ou atingir o efeito tecnológico
g/100mL) tecnológico necessário
necessário

Mesmo tendo sido feita diluição em aula, ao compararmos os valores de limite máximo
com os dados obtidos em aula, é possível perceber que a quantidade encontrada foi muito
superior nos três corantes, com destaque para o corante Vermelho 40.

Para avaliar a ingestão diária máxima do pó para refresco em estudo para um criança de
20 kg e para um adulto de 70 kg, foram considerados os seguintes valores de Ingestão Diária
Aceitável (IDA): 7 mg/kg de peso corpóreo, 4 mg/kg peso corpóreo e 7,5 mg/kg peso corpóreo
para o Vermelho 40, Amarelo-crepúsculo e Amarelo tartrazina, respectivamente.

Desta forma, calculou-se qual seria a ingestão diária máxima de cada corante para a
criança e para o adulto e os cálculos estão demonstrados a seguir:
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Vermelho 40

Criança 20 kg: Adulto 70 kg:

7 mg -- 1 kg 7 mg --- 1 kg

x --- 20kg x= 140 mg = 0,14 g x ---- 70 kg x= 490 mg = 0,49 g

Amarelo-crepúsculo

Criança 20 kg: Adulto 70 kg:

4mg -- 1 kg 4mg --- 1 kg

x --- 20kg x= 80 mg = 0,08 g x ---- 70 kg x= 280 mg = 0,28 g

Amarelo tartrazina

Criança 20 kg: Adulto 70 kg:

7,5 mg -- 1 kg 7,5 mg --- 1 kg

x ------ 20kg x= 150 mg = 0,15 g x ----- 70 kg x= 525 mg = 0,525 g

Com as quantidades de corante encontradas na Tabela 4 e sabendo que o pó para


refresco estava num pacote de 25 g, calculou-se a quantidade total de cada corante no
alimento:

Vermelho 40 Amarelo tartrazina

0,0661 g ------ 100g de pó 0,0251g ---------- 100g de pó

x ------- 25 g de pó x = 0,0165 g x --------- 25 g de pó x= 0,0062 g

Amarelo-crepúsculo

0,0504----- 100 g de pó

x -------- 25 g de pó x= 0,0126 g

Assim, uma criança de 20 kg, para não ultrapassar a IDA de nenhum dos três corantes,
deveria ingerir no máximo cerca de 160 g do alimento. Já um adulto de 70 kg, para não
ultrapassar a IDA dos corantes, deveria ingerir no máximo cerca de 550 g do alimento.
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Portanto, é de extrema importância estar atento aos rótulos dos alimentos para ter
conhecimento dos corantes que são utilizados, já que estes são substâncias que podem causar
efeitos tóxicos no organismo dependendo do tipo de corante utilizado ou da quantidade
ingerida. De acordo com Gonsalves (2002), alguns corantes como o amaranto, tartrazina e o
vermelho 40 são conhecidos por possuir efeito cancerígenos, já outros podem causar alergias e
até mesmo hiperatividade.

4 CONCLUSÃO

Através do experimento foi possível quantificar os corantes presentes no alimento, os


valores encontrados no pacote de 25 g de suco para os corantes vemelho 40, amarelo tartrazina
e amarelo-crepúsculo foram respectivamente 0,0165 g, 0,0062 g e 0,0126 g. Segundo a
ANVISA é necessário ingerir uma quantidade muito maior que 25 g para ultrapassar o limite
de ingestão diária para crianças de 20 kg, assim como para adultos de 70 kg.
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REFERÊNCIAS

-BRASIL ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 540, de 27 de


outubro de 1997. Regulamento Técnico: Aditivos Alimentares - definições, classificação e
emprego. Outubro, 1997.

-BRASIL ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC Nº 5, de 15


de janeiro de 2007. Regulamento técnico sobre atribuição de aditivos e seus limites máximos
para a categoria de alimentos Bebidas Não Alcoólicas. Janeiro, 2007.

-Dossiê Corantes. Revista Food Ingredients Brasil. Edição nº 39, 2016.

-GONSALVES, P. E. Livro dos alimentos. MG Editores: São Paulo, 2002.

-MARTINS, M. S. Uso de corantes artificiais em alimentos: Legislação brasileira. Revista


Aditivos & Ingredientes, São Paulo, n. 122, p. 32-37, 2015.

-Os corantes alimentícios. Revista Aditivos & Ingredientes, São Paulo. Disponível em:
<http://insumos.com.br/aditivos_e_ingredientes/materias/119.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2019.

-PRADO, M. A.; GODOY, H. T. Corantes artificiais em alimentos. Alim. Nutr.,Araraquara,


v.14, n.2, p. 237-250, 2003.

-PORTAL ANVISA. Relação de corantes permitidos. Disponível em:


< http://portal.anvisa.gov.br/documents/219201/219401/Comp%25C3%25AAndio%2B-
%2BJaneiro%2B2016_.pdf/eff5c6d9-b910-4915-bfd8-bbeeda6dffc2>. Acesso em: 14 jun.
2019.

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