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0020
A C Ó R D Ã O
(5ª Turma)
GMDAR/crx/LPLM
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
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fls.8
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
V O T O
1. CONHECIMENTO
2. MÉRITO
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PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO /
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA / COMPETÊNCIA.
Alegação(ões):
- violação do(s) art(s). 114,1, da Constituição Federal.
- violação do(s) art(s). 267 do CPC;
- divergência jurisprudencial.
O Colegiado rejeitou a arguição de incompetência da Justiça do
Trabalho para decidir a controvérsia, nos seguintes termos: "Prevê o art.
114, inciso I, da Constituição Federal, que à Justiça do Trabalho compete
processar e julgar "as ações oriundas da relação de trabalho (...)". Nesse
contexto, seja na forma de contratação direta envolvendo relação de
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PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
MÉRITO.
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA.
1. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
A reclamada argui a incompetência da Justiça do Trabalho para
decidir a controvérsia. Salienta que a obrigação de carregamento de
combustíveis por motoristas-carreteiros decorre do contrato de prestação de
serviços firmado entre a recorrente e as empresas transportadoras, e a
demanda, tal como proposta, pretende interferir na autonomia privada das
empresas, fato que transcende a competência desta Justiça Especializada.
Menciona parecer de Carmem Camino acerca da questão.
Razão não lhe assiste.
Prevê o art. 114, inciso I, da Constituição, Federal, que à Justiça do
Trabalho compete processar e julgar "as ações oriundas da relação de
trabalho (...)".
Nesse contexto, seja na forma de contratação direta envolvendo
relação de emprego, seja por meio de vínculo indireto do qual é exemplo a
terceirização de serviços, a contratação de trabalhadores para a realização
de atividade produtiva da empresa mediante o pagamento de salário é, por
expressa previsão constitucional, matéria intrinsecamente sujeita à análise
da Justiça do Trabalho.
Ressalto, ao contrário do afirmado no recurso, que a investigação
sobre a legalidade ou não da contratação de trabalhadores por empresa
interposta não interfere na autonomia privada das empresas, gerando a
interpretação judicial efeitos tão-somente quanto à regularidade do vínculo
jurídico dos trabalhadores que a ela disponibilizam sua força de trabalho,
matéria, frise-se, vinculada à competência constitucional da Justiça do
Trabalho.
Nego provimento.
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PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / PROCESSO
COLETIVO / AÇÃO CIVIL PÚBLICA / LEGITIMIDADE ATIVA.
Alegação(ões):
- violação do(s) art(s). 127 e 129, III, da Constituição Federal.
- violação do(s) art(s). 6°, 83 da LC 75/93; 81, 117 do CDC-; 21 da
Lei 7.347/85; dentre outros.
A Turma manteve a sentença que reconheceu a legitimidade ativa do
Ministério Público do Trabalho para defender os interesses coletivos dos
trabalhadores que prestam e que prestarão serviços à empresa ré.
Considerou que, "Os pedidos formulados na petição inicial envolvem: a) a
abstenção da empresa em "exigir ou permitir, nos estabelecimentos que
possui, opera ou administra, que os motoristas dos caminhões executem
atividades de carregamento dos veículos, sejam esses motoristas
empregados próprios ou de terceiros ou' mesmo trabalhadores autônomos,
podendo eles apenas acompanhar, estar presentes, quando das operações
de carregamento"; e b) a determinação para que a reclamada passe "a
executar diretamente, com empregados próprios, todas as atividades
relacionadas ao carregamento dos combustíveis e demais produtos que
comercializa, notadamente quanto ao carregamento dos caminhões-tanque,
abstendo-se de contratar ou utilizar terceiros, pessoas físicas ou jurídicas,
para realização dessas atividades" (itens 2.1 e 2.2 -fls. 21-2). Nesse
contexto, observo que o provimento jurisdicional defendido pelo Parquet,
além de ensejar a proteção a futuros trabalhadores que, na função de
motoristas-carreteiros, possam ser expostos ao risco das operações de
carregamento, igualmente almeja resguardar os interesses que são
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PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
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fls.17
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
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PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
a) a abstenção da empresa em "exigir ou permitir, nos
estabelecimentos que possui, opera ou administra, que os motoristas dos
caminhões executem atividades de carregamento dos veículos, sejam esses
motoristas empregados próprios ou de terceiros ou mesmo trabalhadores
autônomos, podendo eles apenas acompanhar, estar presentes, quando das
operações de carregamento"; e b) a determinação para que a reclamada
passe "a executar diretamente, com empregados próprios, todas as
atividades relacionadas ao carregamento dos combustíveis e demais
produtos que comercializa, notadamente quanto ao carregamento dos
caminhões-tanque, abstendo-se de contratar ou utilizar terceiros, pessoas
físicas ou jurídicas, para realização dessas atividades.
(...) (fl. 17863).
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PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
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fls.27
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
RECURSO DE: IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S.A.
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Recurso tempestivo (decisão publicada em 13/11/2015 - fl. 8954;
recurso apresentado em 20/11/2015 - fl. 8958).
Representação processual regular (fl. 9002).
Preparo satisfeito (fls. 9003).
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
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fls.30
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
RECURSO DE: IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S.A.
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Recurso tempestivo (decisão publicada em 13/11/2015 - fl. 8954;
recurso apresentado em 20/11/2015 - fl. 8958).
Representação processual regular (fl. 9002).
Preparo satisfeito (fls. 9003).
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / ATOS
PROCESSUAIS / NULIDADE / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA/SUBSIDIÁRIA / TOMADOR
DE SERVIÇOS/TERCEIRIZAÇÃO / LICITUDE / ILICITUDE DA
TERCEIRIZAÇÃO.
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fls.37
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
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fls.39
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
reconhecendo que todos os requisitos para tanto foram atendidos pela empresa, representa violação
literal às disposição contidas no artigo 97 da Constituição Federal e na Súmula Vinculante n° 10."
(fl. 18196).
Aponta ofensa aos artigos 5º, II, e 97 da
Constituição Federal e contrariedade à Súmula Vinculante 10/STF.
À análise.
O debate proposto nos autos diz respeito à
possibilidade de os motoristas de caminhões que prestam serviços à
empresa Ré executarem sozinhos, em adição, atividades de
carregamento de combustível dos veículos.
Nos termos das normas que regulamentam o
transporte rodoviário de produtos perigosos, não há, em tese,
impedimento para a realização das operações de carregamento desses
itens, desde que atendido o comando normativo vinculado à proteção e
segurança da atividade.
Nesse sentido, editado o Decreto 96.044/88, com a
redação introduzida pelo Decreto 4.097/2002, que assim dispõe: "Art.
19. O condutor não participará das operações de carregamento, descarregamento e transbordo da
carga, salvo se devidamente orientado e autorizado pelo expedidor ou pelo destinatário, e com a
anuência do transportador".
A Resolução 3886/2012 da Agência Nacional de
Transportes Terrestres - ANTT, especificamente acerca do transporte
de produtos perigosos, conforme redação do art. 25, preconiza: "As
operações de carregamento, descarregamento e transbordo de produtos perigosos devem ser
realizadas atendendo às normas e instruções de segurança e saúde do trabalho, estabelecidas pelo
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE."
Na situação em apreço, a Corte Regional, embora
constatando que a farta documentação trazida aos autos demonstra o
rigoroso processo de verificação formal quanto à capacitação dos
motoristas para a realização do transporte de carga especial, que
representam risco para a saúde – e sem se reportar à eventual
descumprimento de norma de segurança e saúde-, concluiu que o
carregamento de material combustível os sujeita a riscos adicionais,
não inerentes à atividade profissional contratual, em contrariedade
ao que dispõe a norma fundamental inscrita no art. 7º, XXII, da CF.
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fls.43
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
RECURSO DE: IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S.A.
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
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fls.44
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.49
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
4. CARREGAMENTO DOS COMBUSTÍVEIS. OBRIGAÇÃO
DE NÃO EXIGIR OU PERMITIR QUE OS MOTORISTAS-
CARRETEIROS EXECUTEM AS ATIVIDADES SOZINHOS.
A sentença decidiu a controvérsia consoante os seguintes
fundamentos (fls. 8723V-6):
Anteriormente, a matéria era regulada pelo art. 19 do
Decreto 96.044/88, com a redação que lhe foi dada pelo
Decreto 4.097/2002: "O condutor não participará das
operações de carregamento, descarregamento e transbordo da
carga, salvo se devidamente orientado e autorizado pelo
expedidor ou pelo destinatário, e com a anuência do
transportador"
(...)
A Resolução ANTT n° 3886, de 06 de setembro.de 2012
alterou o teor da norma referida, a qual passou a ter a seguinte
redação:
"Art. 25. As operações de carregamento,
descarregamento e transbordo de produtos perigosos devem ser
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fls.50
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
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fls.52
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
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fls.54
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
1. CONHECIMENTO
2. MÉRITO
(...)
RECURSO DE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Recurso tempestivo (decisão publicada em 27/07/2015 - fl. 8910;
recurso apresentado em 03/08/2015 - fl. 8911).
Regular a representação processual.
Isento de preparo - art. 790-A da CLT e DL 779/69.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA/SUBSIDIARIA / TOMADOR DE
SERVIÇOS/TERCEIRIZAÇÃO ILICITUDE / ILICITUDE DA
TERCEIRIZAÇÃO.
Alegação(Ões):
- contrariedade à(s) Súmula(s) 331, I, do Tribunal Superior do
Trabalho.
- violação do(s) art(s). 2° e 3° da CLT;
A Turma absolveu a reclamada da obrigação de executar com
empregados próprios as, atividades relacionadas ao carregamento dos
combustíveis e demais produtos que comercializa, notadamente quanto ao
carregamento de caminhões-tanque em relação ao Pool de Passo Fundo, por
entender que, "... No particular, o artigo 3º dos Estatuto da reclamada, que
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.55
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
trata de seu objeto social, dispõe (fl. 73): A Companhia, agindo por conta
própria ou de terceiros, tem por fim a importação, exportação,
armazenamento, beneficiamento, venda, transporte e distribuição de
produtos de petróleo, seus derivados e outros produtos conexos, inclusive
pneumáticos, baterias e acessórios automobilísticos, como também os
respectivos equipamentos, instalações, aparelhos e máquinas do ramo em
geral, seja de origem nacional ou estrangeira, podendo prestar serviços
correlatos e ainda realizar quaisquer atividades acessórias. A situação é
análoga à examinada pela 3ª Turma deste Tribunal na ação civil pública
0000109-11.2010.5.04.0201, ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho
contra Petrobrás Distribuidora S.A. cujos fundamentos adoto: Apesar do
transporte de derivados de petróleo também ser sua atividade-fim, é
razoável que a reclamada delegue tal atividade quando realiza a venda dos
seus produtos, uma vez que atividade de suporte ao comércio e
distribuição. O carregamento dos produtos, ainda que em suas próprias
dependências, caracteriza mera atividade-meio, pois a essência de sua
atuação econômica está na produção, distribuição e comércio dos
derivados de petróleo e outros combustíveis. Sequer se perquire, por
exemplo, da necessidade de cada posto de combustíveis contar com
empregados da recorrida para fazer o descarregamento dos derivados de
petróleo distribuídos pelo país. Nesse sentido, a prestação de serviços
representada pelo contrato das fls. 61-103 - suporte operacional na
atividade de carregamento e descarga de caminhões (cláusula 1.1) - não
pode ser considerada atividade-fim, pois não inserta nas atividades
essenciais da recorrida. Embora os equipamentos necessários à prestação
dos serviços sejam da própria reclamada, conforme se depreende da
especificação dos serviços (Anexo II, fl. 84), todos os equipamentos a
serem utilizados pelos trabalhadores são fornecidos pela empresa de
prestação de serviços (Cláusula 3.1.6 do Contrato de prestação de
serviços, à fl. 62). A terceirização das atividades de carregamento e
descarga para empresa prestadora de serviços foi opção gerencial
enquanto a recorrida adota medidas para atender as condições de saúde,
medicina e segurança no trabalho, capazes de atender os termos da
decisão proferida na Ação Civil Pública nº 00075-2003-024-04-00-0, com
o objetivo de que as atividades voltem a ser realizadas pelos motoristas de
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fls.56
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
3. CARREGAMENTO DOS COMBUSTÍVEIS. OBRIGAÇÃO
DE CONTRATAR EMPREGADOS PRÓPRIOS. TERCEIRIZAÇÃO
ILÍCITA.
A sentença (fls. 8726-7v) reconheceu que a função de carregamento
de combustível é indispensável à consecução da atividade-fim do
empreendimento econômico, o que impede sua terceirização, nos termos da
Súmula n° 331 do TST. Assim, determinou à ré que:
passe a executar diretamente, com empregados próprios,
todas as atividades relacionadas ao carregamento dos
combustíveis e demais produtos que comercializa, notadamente
quanto ao carregamento dos caminhões-tanque, abstendo-se de
contratar ou utilizar terceiros, pessoas físicas ou jurídicas,
para realização dessas atividades, sob pena, em caso de
descumprimento de, sem prejuízo da observância da obrigação
de fazer, pagar multa diária de R$ 100,000,00 em favor do
Fundo de Defesa de Direitos Difusos -FDD. (dispositivo à fl.
8729).
Inconformada, a reclamada afirma inexistir vedação legal que
autorize a terceirização tão-somente nas funções empresariais
caracterizadas como atividades-meio. Salienta que a aplicação do
entendimento consubstanciado na Súmula n° 331 do TST importa em
violação direta ao art. 5°, inciso 11, da Constituição Federal. Argumenta
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.60
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
VOTO
DESEMBARGADORA MARIA DA GRAÇA RIBEIRO
CENTENO (RELATORA):
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA RECLAMADA.
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fls.64
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
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fls.67
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
1. CONHECIMENTO
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
(...)
4. CARREGAMENTO DOS COMBUSTÍVEIS. OBRIGAÇÃO
DE NÃO EXIGIR OU PERMITIR QUE OS MOTORISTAS-
CARRETEIROS EXECUTEM AS ATIVIDADES SOZINHOS.
A sentença decidiu a controvérsia consoante os seguintes
fundamentos (fls. 8723V-6):
Anteriormente, a matéria era regulada pelo art. 19 do
Decreto 96.044/88, com a redação que lhe foi dada pelo
Decreto 4.097/2002: "O condutor não participará das
operações de carregamento, descarregamento e transbordo da
carga, salvo se devidamente orientado e autorizado pelo
expedidor ou pelo destinatário, e com a anuência do
transportador"
(...)
A Resolução ANTT n° 3886, de 06 de setembro.de 2012
alterou o teor da norma referida, a qual passou a ter a seguinte
redação:
"Art. 25. As operações de carregamento,
descarregamento e transbordo de produtos perigosos devem ser
realizadas atendendo às normas e instruções de segurança e
saúde do trabalho, estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e
Emprego - MTE."
A nova redação dada à norma não autoriza, no entanto, a
conclusão defendida pela ré, no sentido de que os motoristas
poderiam, sozinhos, ser responsáveis pelo carregamento da
carga perigosa a ser transportada.
A ANTT não detém competência para dispor sobre
normas relativas à segurança e à saúde do trabalhador e, até
por isso, a nova-redação da Resolução deixa de tratar sobre a
questão, remetendo a regulamentação às normas estabelecidas
pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Assim, é necessário concluir que, enquanto não for
publicado regramento específico pelo órgão referido, aplica-se
a estas atividades o disposto no Decreto 90.044/88, o qual
permanece em vigor até que o Ministério do Trabalho e
Emprego disponha em sentido diverso por meio de nova Norma
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fls.69
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
PROCESSO Nº TST-ARR-2-25.2010.5.04.0020
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Firmado por assinatura digital em 26/06/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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2. MÉRITO
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ISTO POSTO
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