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CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA: PSICOLOGIA EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE
PROFESSORA: ANA MARIA MELO DE PINHO
EQUIPE:
Fortaleza -CE
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1 INTRODUÇÃO
A palavra suicídio é conhecida desde o século XVII. Suas várias definições costumam
conter uma ideia central, mais evidente, relacionada ao ato de terminar com a própria vida.
Podemos passear pela história da humanidade, e perceber que o fenômeno suicido não é algo
recente. Há muitos anos atrás já existiam diversos casos. Em certas sociedades nômades
primitivas, o suicídio de idosos ocorria de forma ritualística e com certo grau de coerção social,
ainda que velada. A pessoa idosa se matava em um ato de suprema honra e altruísmo, a fim de
não se transformar em um ônus para seu povo. Fazia-o, também, para poupar os membros mais
jovens da tribo do trabalho e da culpa de matá-los. Uma cultura tida como primitiva encontra-
se com a chamada civilização. Sob condições extremas, como na escravidão, o mecanismo
psíquico de autopreservação inverte-se para pôr fim ao suplício de uma nação inteira. [NT]. Foi
o que se observou entre os aborígenes da Tasmânia e da América:
A história da conquista espanhola do novo mundo é a história de um genocídio
deliberado que teve a colaboração dos próprios habitantes nativos. O tratamento que
recebiam nas mãos dos espanhóis era de tal forma cruel que os índios se matavam aos
milhares para não ter de passar por aquilo. [...]. No final, os espanhóis, confrontados
com uma constrangedora escassez de mão de obra, deram fim à epidemia de suicídios
convencendo os índios de que eles próprios [os espanhóis] também iriam se matar só
para persegui-los no outro mundo com crueldades ainda piores.
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Mais de um milhão de pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo. Trata-se
de um problema social de grande relevância para a saúde pública, e que pode ser evitado.
Pensando em aproximar psicólogas (os) do tema, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) lança
esta publicação “Suicídio e os Desafios para a Psicologia”. Além disso, os serviços são escassos
e, quando existem, são de difícil acesso e contam com poucos recursos econômicos. As atenções
apropriadas são essenciais para a saúde e bem-estar, bem como a acessibilidade a profissionais
capacitados para identificar os sintomas e a intervir no processo antecipadamente. Uma grande
questão vinculada ao suicídio é que a prevenção, de forma global, é possível. Logo, os
comportamentos suicidas podem ser contextualizados como um processo complexo, que pode
variar desde a ideia de retirar a própria vida, que pode ser comunicada por meios verbais e não
verbais, até o planejamento do ato, a tentativa e, no pior dos casos, a morte. (Conselho Federal
de Psicologia – CFP O suicídio e os desafios para a psicologia, 2013).
Estima-se que anualmente 4,8 milhões de pessoas sejam impactadas pelo suicídio no
mundo (entre familiares, amigos, colegas de trabalho e outros). Diante a esse número existe
outro ponto do fenômeno bastante relevante e que precisa se da muita atenção são as famílias
sobreviventes.
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Convencionou-se chamar de posvenção as atividades que podem ajudar a diminuir o
estresse causado pelo suicídio, ou seja, o suporte oferecido aos enlutados e a prevenção de um
novo suicídio dentro desta população de sobreviventes. Segundo a psicóloga e Dra. Karen
Scavacini a posvenção ainda é muito incipiente no país, apesar de sua extrema importância para
os enlutados. O luto do suicídio é mais duradouro e traz algumas características específicas: o
estigma, o tabu, a busca incessante do porquê, ou a prisão do “e se” (“e se tivesse feito isso ou
aquilo”) e o aumento do desejo de suicídio entre os enlutados. Segundo a OMS de 08 a 10
pessoas são abaladas emocionalmente por um suicídio. É preciso se dá uma atenção especial
para esses sobreviventes, a saúde pública precisa disponibilizar alguns projetos para cuidar
desses indivíduos. Não podemos esquecer que um dos fatores de risco é um suicídio na família,
então os familiares que passam por um luto de suicídio são pessoas a qual tem um fator de risco.
De início, temos que entender o suicídio, para saber agir e prevenir. O suicídio é um
fenômeno complexo, multifatorial, de diferentes origens, classes sociais, idades, orientação
sexual identidade de gênero entre outros, ele resulta em uma interação de fatores biológicos,
genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais e está associado ao contexto sócio
econômico. Além disso, o ato de suicídio não afeta somente quem comete, e sim toda a
comunidade, família e amigos. Mas o suicídio pode ser prevenido! Como? Sabendo reconhecer
os sinais de alerta em si mesmo ou em pessoas próximas, esse é o primeiro e mais importante
passo, por isso é sempre bom está atento se a pessoa demonstra ter comportamento suicida e
procurar ajudar. Para se dar a devida atenção a pessoa que está em sofrimento, precisamos falar
sobre o assunto, mas lembrando sempre de como falar e quando falar, quando se vai realizar a
prevenção. E esse tema sendo abordado de forma correta e responsável ele pode ser falado o
ano todo, não somente em algumas datas taxadas pela sociedade. Os profissionais de saúde
serão os primeiros a serem acionados e principalmente os de saúde mental, como psiquiatras,
psicólogos e muitas vezes os agentes de saúde.
Sei que é bem difícil de explicar como algumas pessoas cometem suicídio, sendo que
muitas vezes tem outras em situações parecidas ou piores e que não fazem, mesmo com toda
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essa situação muitos dos suicídios podem ser prevenidos. Hoje o suicídio é uma grande
preocupação para a Saúde Pública em todos os países. E com isso estão capacitando a equipe
de atenção primária a saúde para identificar, manejar e encaminhar um suicida corretamente
nas comunidades, e isso é um passo muito importante, pois essa equipe tem uma proximidade
maior com a comunidade e são bem aceitos por eles. Mesmo com essa preocupação e empenho
para a prevenção ao suicídio as taxas só aumentam, as taxas de tentativa de suicídio são bem
mais altas que as de suicídios consumados. Se entende que o suicídio não é um gesto com
mecanismos bem esclarecidos, são muitos os fatores de risco que requerem compreensão como
o social e comportamental, o comportamento suicida é visto pelos biomédicos como um
transtorno psiquiátrico com causas apenas biológicas. Na verdade, o comportamento suicida é
um tabu, e com isso é difícil compreender como alguém idealiza a sua morte, e até mesmo como
planeja e põe em prática essa ação. Supõe-se, que a vontade de se aliviar do sofrimento
emocional é tão grande, que aproxima o sujeito ao comportamento suicida, e esse
comportamento é definido de uma forma ampla como uma ação na qual o sujeito tem
pensamentos de autodestruição, a autoagressão, manifestada por gestos suicidas e tentativas de
suicídio, e por fim o próprio suicídio, e não se importando com o nível ou a razão verdadeiro
da ação. Para Durkheim (1977, p. 382-383):
O que explica, julgamos nós, esta temporização, é a maneira como o tempo age sobre
a tendência para o suicídio. É um fator auxiliar, mas importante desta. Com efeito, é
do conhecimento geral que esta progride ininterruptamente desde a juventude até a
maturidade, e que é dez vezes mais elevada no fim da vida do que no princípio.
Portanto, a força coletiva que leva o homem a matar-se vai penetrando nele
lentamente. Nas mesmas condições, é à medida que a idade avança que o homem se
torna mais acessível, sem dúvida porque necessita de experiências repetidas para
sentir o vazio de uma existência egoísta ou a pobreza das ambições sem limites. Eis a
razão por que os suicídios só cumprem o seu destino por camadas sucessivas de
gerações.
Estudos mostram que pessoas que cometem suicídio tem um transtorno mental
diagnosticável, e que comportamentos suicidas são mais frequentes em pacientes psiquiátricos,
sendo eles, depressivos, transtornos de personalidade, alcoolismo, esquizofrenia, e transtornos
mentais orgânicos, e apesar da maioria das pessoas com risco de suicídio apresentarem
transtornos mentais, a grande maioria não procura ajuda de um profissional de saúde mental, e
sendo assim o papel da equipe de atenção primária torna-se indispensável, pois esses
profissionais são a porta de entrada aos serviços de saúde para os que deles necessitam. Alguns
estudos mostram que homens comentem mais suicídios que as mulheres, mas mais mulheres
tentam suicídio, e as taxas de suicídios tem dois picos em jovens de 15 a 35 anos e em idosos
acima de 75 anos. Pessoas divorciadas, viúva e solteira tem maior risco de suicídios do que
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pessoas casadas, pois essas pessoas são mais vulneráveis por viverem sozinhas. E com isso
algumas profissões têm uma média maior de suicídios como, Médicos, Veterinários,
Farmacêuticos, Químicos e Agricultores. E a taxa de suicídio para quem está desempregado
também está cada vez maior.
Existem três características em particular que são próprias do estado das mentes
suicidas, primeira Ambivalência: pensamentos confusos de cometer suicídio, elas têm o desejo
de viver e ao mesmo tempo o desejo de morrer, então pessoas com esse pensamento só estão
infelizes com a vida e se for dado o apoio necessário à vontade morrer diminui e aumenta o
desejo de viver. A segunda é Impulsividade: o suicida tem ato impulsivo, como qualquer outro
impulso que pode durar alguns minutos ou horas, isso pode ser causado por alguns
acontecimentos negativos do dia-a-dia, o profissional de saúde acalmado essa pessoa pode
diminuir o desejo suicida, e terceiro e último a Rigidez: pessoas suicidas tem pensamento e
ações constantes em suicídio e não são capazes de perceber outras maneiras de sair do problema,
elas pensam rígidas e drasticamente. Devemos ajudar essas pessoas, conversando com
tranquilidade em um lugar adequado, ouvir atentamente o que elas têm para falar, e presta
atenção em cada detalhe, tentar entender o sentimento da pessoa, expressa respeito pelas
opiniões e valores da pessoa, conversar honestamente, mostrar sua preocupação cuidado e
afeição, uma abordagem calma aberta e sem julgamento é fundamental para a comunicação.
Esta demanda não é uma tarefa fácil, além das informações acima, podemos entender
que a atenção primária é a principal porta de entrada para a pessoa que está em sofrimento
busque ajuda. Entender o comportamento suicida em sua totalidade é fundamental para um bom
acolhimento, pois, o ato suicida por ter aspectos que denotam fragilidade, resultam em certos
preconceitos, onde colocam rótulos e estigmatizam a pessoa que está em sofrimento, o que pode
trazer graves consequências. Estratégias que atuam na Rede de Atenção à Saúde visam facilitar
a identificação precoce de situações vulneráveis para que assim possa ser feita uma intervenção
adequada de uma equipe multiprofissional. A equipe de atenção primária é de extrema
importância, pois ela tem um contato próximo com a comunidade, provendo um elo entre esta
comunidade e o sistema de saúde, sendo possível um apoio mais eficaz ao idivíduo e seus
familiares. Existem também outras fontes de prevenção e combate ao suicídio, como as
organizações sem fins lucrativos. As ONGs trabalham dando um apoio emocional e
acolhimento às pessoas que precisam de um ombro amigo, fazendo emergir a temática como
discussão necessária à sociedade a fim de debater, desmistificar e conscientizar sobre a
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temática. Podem atuar por meio de grupos de apoio, tanto para o paciente quanto para a família,
atendimento individual, palestras visando a psicoeducação, capacitação profissional,
informando sobre toda a complexidade e o manejo a ser trabalhado nesta temática, tendo em
vista que cada vez mais a temática sobre o suicídio vem emergindo e, a melhor forma de lidar
com isso é falar sobre, prevenir e conscientizar.
As discussões sobre suicídio vêm aos poucos chamando mais atenção das pessoas sobre
o assunto, que tem tomado proporções de campanhas como, por exemplo, o “Setembro
Amarelo” para chamar cada vez mais atenção para as mortes causadas pelo suicídio.
Dentre muitos fatores de risco temos as doenças física e mental, que está muito
relacionada com a depressão. A depressão é o transtorno mais comumente conhecido e
divulgado como causa para o ato do suicídio, porém não é a única, é necessário que possamos
conhecer e expandir esses conhecimentos sobre outras doenças que possam levar o indivíduo
tirar a própria vida. Conforme Pimenta (2017) outros distúrbios mentais com maior incidência
ao suicídio além da depressão:
O risco aumenta em doenças crônicas e dolorosas. Vale ressaltar que todas essas doenças
causam impacto emocional muito grande no individuo, muitos transtornos podem ser
desencadeados após o diagnóstico, no entanto o apoio e acompanhamento familiar e equipe
médica que ele recebe é de suma importância para diminuir os fatores de risco.
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4 FATORES SOCIAIS E AMBIENTAIS
O tema suicídios e comportamentos suicidas está a cada dia mais presente na nossa
sociedade causando impactos importantes a serem analisados e estudados, e com isso já ultrapassam
o campo da saúde pública se tornando um problema social. Sobre as tentativas de suicídio ou sua
prática efetiva envolvem sempre uma grande dose de sofrimento, tensão, angústia, desespero e
isolamento do indivíduo sobre o nível social e ambiental. Esta dor da alma em o indivíduo sente,
pode ser real ou ser a consequência de uma crise de natureza afetiva ou de uma conturbação mental.
É triste dizer que geralmente a sociedade responde a essas atitudes com o véu do silêncio, ou seja,
como se estive lidando com um tabu, que sabemos que nessa sociedade este assunto é tido como
“frescura” pela sociedade. O suicídio é considerado um ato intencional, com o intuito de dar fim a
própria vida, e que está associado a diversos fatores, um deles são os biológicos, sociais, ambientais
e os relacionados à própria história do indivíduo. E são afetados profundamente socialmente e
economicamente, ou seja, é por tanto uma ação que está ligada aos fatores biológicos e psicológicos
associados ao contexto socioeconômico de cada indivíduo. E por conta disso é preciso levar em
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consideração que atualmente na sociedade as situações sociais, como empregabilidade e
desemprego, estrutura familiar, condições socioeconômicas, padrão de possibilidades de consumo,
esses tipos de situações de qualquer forma interagem com as predisposições do aparecimento do
comportamento suicida. A melhor coisa que você pode fazer para ajudar quem passa por uma crise
intensa com ideações suicidas, além de acolher sem qualquer tipo de preconceito, é apoia e
encaminhá para o tratamento adequado com o profissional de saúde mental, pois uma tentativa de
suicídio representa um momento de grande desesperança e sofrimento psíquico, e que pode estar
associada também a um transtorno mental. Cabe ao profissional dessa área saber escutar o que estes
sinais querem dizer a respeito do cliente e ajuda a se perceber como indivíduo dentro da sociedade,
e a partir daí, é importante estar com o cliente para ajuda a se dar conta de si mesmo, para que então
ele possa tornar ciente de que apenas ele é o autor de sua própria vida, e mostra que ele é o detentor
do poder de realizar a suas próprias escolhas, ou seja, e assim tendo a capacidade de decidir o que
fazer e o que será melhor para si. Bertolote diz que o Suicídio é um problema complexo para o qual
não existe uma única causa ou uma única razão. Ele resulta de uma complexa interação de fatores
biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais. (2000, p.3). Por tanto o suicídio
não tem uma causa única. Sempre envolve diversos fatores, os principais fatores relacionados com
o suicídio são os fatores ambientais que são os problemas interpessoais. Os fatores de risco como
doenças mentais, aspectos sociais, aspectos psicológicos e condições de saúde. Fatores de proteção
que são padrões familiares, personalidade e estilo cognitivo, fatores culturais e sociodemográficos.
Este tema requer atenção de profissionais de diversas áreas que possam tratar dos riscos e
das possibilidades de prevenção ao suicídio. O comportamento suicida constitui em uma
preocupação para a sociedade e em especial, para os profissionais de saúde. O suicídio é um gesto
de autodestruição do indivíduo, realização do desejo de morrer, de dar fim à própria vida. Portanto
é uma escolha ou ação que tem graves implicações sociais. O suicídio não tem idade e classe social,
pessoas de todas as idades e classes sociais cometem suicídio. O suicídio por tanto continua sendo
um tabu entre a sociedade, pela a maioria das pessoas. É um assunto proibido de falar e que agride
várias crenças religiosas. O tabu também se sustenta porque muitos veem o suicida como um
fracassado. Esse tabu piora a situação de muitos, mesmo aqueles que seguem religiões que
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condenam o suicídio não conseguem respeitar suas crenças e acabam dando fim à própria vida. O
ato suicida é, portanto, considerado um pecado em algumas religiões e um crime em certas
legislações. Portanto reduzir a facilidade de acesso a métodos de cometer suicídio é uma estratégia
efetiva de prevenção ao suicídio. O suicídio requer sensibilidade, atenção e de qualquer forma
preocupação com outro ser humano, é a crença de que a vida é um aprendizado que vale a pena
viver, por isso a importância dos profissionais de saúde, pois o papel deles é fundamental na
vigilância, prevenção e acompanhamento das situações de suicídio, pois são os principais recursos
que os profissionais de saúde primária têm, apoiados nisso eles podem ajudar a prevenir o suicídio.
Por tanto promover a vida é prevenir o suicídio.
Esse fenômeno tão cheio de tabus, complexo, multifacetado, uma vez, que não exista
um padrão de indivíduos, idade, sexo, orientação sexual e/ou identidade de gênero que poderia
completar as estatísticas de suicídios que ocorrem no mundo inteiro. Foram esses motivos que
levaram Émile Durkheim, que nasceu em Epinal, na Alsácia, descendente de uma família de
rabinos, e morreu em 1917 na França, a perceber que os fatos sociais exercem uma influência
no comportamento social bastante relevante, podendo, por assim dizer, ser estudado à luz das
ciências sociais.
Durkheim estuda o suicídio, onde considera o mesmo, um fato social por sua presença
universal em toda e qualquer sociedade e por suas características exteriores e mensuráveis.
Durkheim detecta que completamente diferente das razões pelas quais cada suicida acaba com
sua própria vida existe um forte motivo social que escapa às consciências individuais dos
envolvidos, tanto dos suicidas, quando daqueles que o cercam. A prova de que o suicídio é
fortemente influenciado por leis sociais, e não tão somente pela vontade individual, seria a
regularidade com que o fenômeno ocorre a partir da regularidade com a variação das taxas de
suicídios de acordo com a alternância das condições históricas. Durkheim verificou, por
exemplo, que as taxas de suicídios aumentavam nas sociedades em que havia uma aceitação de
uma fé religiosa que projetava uma felicidade além da morte.
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Durkheim defende e categoriza o suicídio em três tipos: o egoísta, que ocorre quando o
indivíduo já não possui seus laços sociais sólidos ante as instituições sociais (família, Igreja,
dentre outros...), pelas quais já não exercem quaisquer influências sobre o indivíduo; o altruísta,
que o ocorre quando o indivíduo comete o suicídio por uma causa social, podendo ser em forma
de protesto ou atividade missionária, tanto os budistas naturais do Tibet, que tiram a vida em
protesto para voltar ao seu país de origem, quanto os kamikazes na Segunda Grande Guerra
Mundial que usavam a sua vida como mártir de seu país; e o anômico, onde o indivíduo se
encontra enfermo do ponto de vista social, haja vista que a anomia significa doença social, logo
o indivíduo é afetado pelo desvio de comportamento a partir da não identificação com a
sociedade, tal como no exemplo em que um trabalhador é demitido de uma empresa, onde o
mesmo, trabalhou por mais de vinte anos, tendo como resultado desse processo demissional a
perda da identidade ou da perda de suas raízes de identidade com o corpo social.
6 OS POSSÍVEIS ENCAMINHAMENTOS
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que a crença ou o julgamento não se imponha sobre a prática (Botega, 2015). É por meio do
acolhimento, enquanto estratégia balizadora da organização do SUS no Brasil, que será
garantido o acesso e o referenciamento dos usuários aos serviços de saúde de maneira integral
nos diferentes níveis de complexidade (Ministério da Saúde, 2010).
É necessária uma capacitação dos profissionais para lidar com esta demanda bem como
de melhor articulação do Sistema de Saúde e outras políticas para acolher os usuários após sua
alta, pois a atitude dos profissionais de saúde é uma variável importante nesta procura. Estudos
apontam atitudes negativas dos profissionais de saúde no atendimento às tentativas de suicídio
(Silva & Boemer, 2004; Vidal & Gontijo, 2013). Consumo de tempo desnecessário que poderia
ser dedicado a pacientes mais graves, em especial quando há baixo risco de morte, raiva,
irritação, descaso, negação ou a avaliação de que a demanda não é legítima para as emergências
hospitalares, são aspectos apontados na literatura e que impactam negativamente no cuidado
ofertado aos pacientes. (Freitas & Martins-Borges, 2014; Srivastava & Tiwari, 2012). Desta
forma, entende-se que a relação do paciente com o profissional de saúde, da acolhida até a saída
do serviço, é um importante instrumento para a continuidade ou não dos encaminhamentos
realizados, bem como para a prevenção de novas tentativas de suicídio (Vidal & Gontijo, 2013).
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2013). Assim, entendendo a necessidade da prestação de uma assistência adequada às pessoas
que tentaram suicídio, seja por meio da qualificação da prática profissional ou do
aprimoramento de políticas públicas que levem a um cuidado mais humanizado.
Uma prática que pode ser encontrada nos serviços de saúde são os encaminhamentos
pós-alta para outras instituições ou por meio de orientações à rede de apoio. Nos
encaminhamentos feitos às instituições, destacam-se os encaminhamentos dirigidos às
Unidades da Rede Municipal de Saúde, à avaliação psiquiátrica ou à internação em Institutos
de Psiquiatria e os encaminhamentos à rede não governamental. Já as orientações à rede de
apoio são direcionadas às famílias e à rede de apoio próxima.
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A Rede Municipal de Saúde configura-se como fonte primária de encaminhamentos dos
pacientes após alta hospitalar, com duas opções importantes. A primeira são as Unidades
Básicas de Saúde (UBS), onde o paciente poderá dar continuidade ao seu tratamento próximo
à sua residência. Uma segunda opção são os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial),
equipamentos da atenção secundária. Contudo, se o paciente mantiver ideação suicida ou
oferecer risco a si mesmo ou a outras pessoas, a conduta adotada é encaminhá-lo para avaliação
psiquiátrica ou internação em Instituto de Psiquiatria da região.
A importância da família nesse processo pode ser avaliada positivamente no tocante que
uma adequada instrução da família auxilia na prevenção do suicídio. Nunca deixar o paciente
sozinho, informar demais familiares sobre a tentativa praticada, para que possam ficar
vigilantes, mas ao mesmo tempo oferecer suporte emocional, e procurar atendimento
especializado nos serviços de saúde mental são orientações importantes (Barrero, 2008).
As mortes causadas por suicídio como também as tentativas de suicídio têm deixado o
mundo em alerta, sendo considerado um grave problema de saúde pública. Segundo a
Organização Mundial da Saúde - OMS, cerca de 800.000 pessoas comentem suicídio todos os
anos e muitas outras já tentaram cometê-lo. Isso significa que a cada 40 segundos uma pessoa
comete suicídio.
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De acordo com a OMS as mortes por suicídio representam 57% do total de mortes ao
ano, isso significa que as causas das mortes por suicídio já são maiores que as causadas pelas
guerras e pelos homicídios. Ainda segundo o órgão, em 2016 79% das mortes ocorreram em
países que tem renda média ou baixa. É também a segunda principal causa de morte na faixa
etária dos 15 aos 29 anos. Os métodos mais utilizados são envenenamento por pesticidas,
seguido de enforcamento e o uso de armas de fogo.
Em 2008, a OMS lançou o Plano de Ação para a Saúde Mental 2013-2020, com o
objetivo de realizar ações conjuntas com os países membros, tendo como principal objetivo
reduzir as taxas de suicídio nesses países em 10% até o ano de 2020. O Brasil é um dos países
assinou o acordo e se comprometeu a desenvolver programas de prevenção e acompanhar o
número anual de mortes por suicídio.
Segundo o Ministério da Saúde, tendo como fonte os dados do SIM (2017), em média,
cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos no Brasil. Dentre os óbitos que são
notificados no sistema, as lesões autoprovocadas voluntariamente, como é classificado o
suicídio, é a quarta maior causa entre as pessoas com idades entre 15 e 29 anos, sendo nos
homens a terceira maior causa e entre as mulheres a oitava maior causa. Foi somente com a
sanção da lei 12.461 de 26/07/2011, que as notificações dos casos de suicídios passaram a ser
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obrigatórias. A partir dessa obrigatoriedade podemos verificar que houve um aumento da taxa
de mortalidade por suicídio todos os anos compreendidos entre o período de 2011 a 2016.
O Ministério da Saúde destaca que entre os anos de 2011 a 2016 foram registradas
48.204 tentativas de suicídio, onde as mulheres representam 69% desse total e os homens 31%.
Ainda segundo os dados, as mulheres são as mais reincidentes. Nas tentativas de suicídio os
meios mais utilizados são: envenenamento ou intoxicação (57,6%), objeto que perfura ou corta
(6,5%), enforcamento (5,8%).
Se por um lado as mulheres são as que mais tentam, por outro os homens são os que
mais morrem por lesões autoprovocadas. Dos 63.970 casos registrados no SIM, 79% são
homens e 21% são de mulheres. O meio que mais foi utilizado é o enforcamento, equivalente a
62%, seguido de armas de fogo e envenenamento.
Das regiões do Brasil, o Nordeste ocupa o segundo lugar em mortes causadas por
suicídio. Dentro do mesmo período, 2011 a 2016, o Ceará registrou 3.374 casos de mortes por
lesão autoprovocadas, representando uma média de 562 casos por ano. O maior número de
casos ocorreu nas regiões de Fortaleza (909), seguido de Sobral (267), Caucaia (246) e
Maracanaú (201). A tabela abaixo detalha as regiões em que ocorreram os casos de suicídio,
conforme dados relatados no SIM.
Diante de números tão alarmantes várias entidades estão se movimento para trabalhar
junto com a sociedade temas sobre a prevenção do suicídio. Uma dessas entidades é o
Ministério Público Estadual do Ceará, que lançou no dia 20 de março o projeto Vidas
Preservadas, que tem como objetivo firmar parcerias com os municípios para desenvolver ações
voltadas para o tema. O evento contou com a participação do prefeito de Fortaleza, Roberto
Claudio, que assinou o temo que institui um grupo de trabalho e prevenção do suicídio. Várias
são as ações que podem ser realizadas, sendo de grande importância a atuação do poder público
e a conscientização da comunidade sobre esse tema.
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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