Você está na página 1de 21

CENTRO UNIVERSITARIO ESTÁCIO DO CEARÁ – VIA CORPVS

CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA: PSICOLOGIA EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE
PROFESSORA: ANA MARIA MELO DE PINHO

EQUIPE:

Aline Rocha Lopes Lemos – 201608035042


Dayanne Mendes – 201504137507
Jefferson Pinheiro da Silva – 201512214281
Jordana Ketuly de Abreu Sabino – 201504137477
Liandra Stefanny Araújo de Oliveira - 201501538081
Lilian Lima de Oliveira – 201511707364
Maria Kethely de Oliveira Silva – 201505088321
Rayane Félix de Almeida – 201509005404
Yeladian Bezerra Sousa – 201403125651
Walber Steffano Almeida de Oliveira - 201308247532

Fortaleza -CE

1
1 INTRODUÇÃO

Liandra Stefanny Araújo de Oliveira – 201501538081


Rayane Félix de Almeida – 201509005404

A palavra suicídio é conhecida desde o século XVII. Suas várias definições costumam
conter uma ideia central, mais evidente, relacionada ao ato de terminar com a própria vida.
Podemos passear pela história da humanidade, e perceber que o fenômeno suicido não é algo
recente. Há muitos anos atrás já existiam diversos casos. Em certas sociedades nômades
primitivas, o suicídio de idosos ocorria de forma ritualística e com certo grau de coerção social,
ainda que velada. A pessoa idosa se matava em um ato de suprema honra e altruísmo, a fim de
não se transformar em um ônus para seu povo. Fazia-o, também, para poupar os membros mais
jovens da tribo do trabalho e da culpa de matá-los. Uma cultura tida como primitiva encontra-
se com a chamada civilização. Sob condições extremas, como na escravidão, o mecanismo
psíquico de autopreservação inverte-se para pôr fim ao suplício de uma nação inteira. [NT]. Foi
o que se observou entre os aborígenes da Tasmânia e da América:
A história da conquista espanhola do novo mundo é a história de um genocídio
deliberado que teve a colaboração dos próprios habitantes nativos. O tratamento que
recebiam nas mãos dos espanhóis era de tal forma cruel que os índios se matavam aos
milhares para não ter de passar por aquilo. [...]. No final, os espanhóis, confrontados
com uma constrangedora escassez de mão de obra, deram fim à epidemia de suicídios
convencendo os índios de que eles próprios [os espanhóis] também iriam se matar só
para persegui-los no outro mundo com crueldades ainda piores.

Continuando passeando pela história, na antiguidade grega romana os suicídios são


relatados de forma natural, revestidos de um caráter heroico, como no caso de Jocasta, mãe de
Édipo. Em vários mitos, o ato suicida aparece sem ser motivo de condenação. A julgar pelos
registros que deixaram, os antigos gregos matavam-se apenas por razões justificadas, como
motivos patrióticos ou a fim de evitar a desonra.
Trazendo para os tempos modernos, a responsabilidade pelo suicídio diluiu-se em um
conjunto complexo de influências que consolidaram, desde o século XVII, o novo olhar sobre
o indivíduo – antes pecador, agora vítima. Vítima de sua fisiologia cerebral, da decepção
amorosa, das misérias humanas, das calamidades sociais; vítima de uma organização política e
econômica que conduz à perda de sentido e ao desespero, a uma vida desprovida de sentido, a
mortes aparentemente sem razão.

2
Mais de um milhão de pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo. Trata-se
de um problema social de grande relevância para a saúde pública, e que pode ser evitado.
Pensando em aproximar psicólogas (os) do tema, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) lança
esta publicação “Suicídio e os Desafios para a Psicologia”. Além disso, os serviços são escassos
e, quando existem, são de difícil acesso e contam com poucos recursos econômicos. As atenções
apropriadas são essenciais para a saúde e bem-estar, bem como a acessibilidade a profissionais
capacitados para identificar os sintomas e a intervir no processo antecipadamente. Uma grande
questão vinculada ao suicídio é que a prevenção, de forma global, é possível. Logo, os
comportamentos suicidas podem ser contextualizados como um processo complexo, que pode
variar desde a ideia de retirar a própria vida, que pode ser comunicada por meios verbais e não
verbais, até o planejamento do ato, a tentativa e, no pior dos casos, a morte. (Conselho Federal
de Psicologia – CFP O suicídio e os desafios para a psicologia, 2013).

O suicídio é uma grande questão de saúde pública em todos os países. Segundo a


Organização Mundial de Saúde (OMS, 2014), é possível prevenir o suicídio, desde que, entre
outras medidas, os profissionais de saúde, de todos os níveis de atenção, estejam aptos a
reconhecerem os fatores de risco presentes, a fim de determinarem medidas para reduzir tal
risco e evitar o suicídio. O risco de suicídio é uma urgência médica devido ao que pode acarretar
ao indivíduo, como desde lesões graves e incapacitantes, até a sua morte. A avaliação
sistemática do risco de suicídio deve fazer parte da prática clínica rotineira de qualquer médico.
Uma tentativa de suicídio é um evento que pode levar os indivíduos a um primeiro contato com
um profissional que os ajude. (Conselho Federal de Psicologia – CFP O suicídio e os desafios
para a psicologia, 2013).

O indivíduo que está passando por um sofrimento psíquico, precisa de compreensão e


atenção, e não de julgamentos nem de perguntas, mas de acolhimento e compaixão. A sociedade
ainda não está totalmente consciente da problemática que esse tema abrange. Todos somos
responsáveis de alguma forma, todos temos que estar atento e de olhos bem abertos para
identificar e poder ajudar essas pessoas. Afinal, essas pessoas estão sofrendo.

Estima-se que anualmente 4,8 milhões de pessoas sejam impactadas pelo suicídio no
mundo (entre familiares, amigos, colegas de trabalho e outros). Diante a esse número existe
outro ponto do fenômeno bastante relevante e que precisa se da muita atenção são as famílias
sobreviventes.

3
Convencionou-se chamar de posvenção as atividades que podem ajudar a diminuir o
estresse causado pelo suicídio, ou seja, o suporte oferecido aos enlutados e a prevenção de um
novo suicídio dentro desta população de sobreviventes. Segundo a psicóloga e Dra. Karen
Scavacini a posvenção ainda é muito incipiente no país, apesar de sua extrema importância para
os enlutados. O luto do suicídio é mais duradouro e traz algumas características específicas: o
estigma, o tabu, a busca incessante do porquê, ou a prisão do “e se” (“e se tivesse feito isso ou
aquilo”) e o aumento do desejo de suicídio entre os enlutados. Segundo a OMS de 08 a 10
pessoas são abaladas emocionalmente por um suicídio. É preciso se dá uma atenção especial
para esses sobreviventes, a saúde pública precisa disponibilizar alguns projetos para cuidar
desses indivíduos. Não podemos esquecer que um dos fatores de risco é um suicídio na família,
então os familiares que passam por um luto de suicídio são pessoas a qual tem um fator de risco.

2 ATENÇÃO PRIMÁRIA NO COMBATE AO SUICÍDIO

Aline Rocha Lopes Lemos – 201608035042

Dayanne Mendes – 201504137507

De início, temos que entender o suicídio, para saber agir e prevenir. O suicídio é um
fenômeno complexo, multifatorial, de diferentes origens, classes sociais, idades, orientação
sexual identidade de gênero entre outros, ele resulta em uma interação de fatores biológicos,
genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais e está associado ao contexto sócio
econômico. Além disso, o ato de suicídio não afeta somente quem comete, e sim toda a
comunidade, família e amigos. Mas o suicídio pode ser prevenido! Como? Sabendo reconhecer
os sinais de alerta em si mesmo ou em pessoas próximas, esse é o primeiro e mais importante
passo, por isso é sempre bom está atento se a pessoa demonstra ter comportamento suicida e
procurar ajudar. Para se dar a devida atenção a pessoa que está em sofrimento, precisamos falar
sobre o assunto, mas lembrando sempre de como falar e quando falar, quando se vai realizar a
prevenção. E esse tema sendo abordado de forma correta e responsável ele pode ser falado o
ano todo, não somente em algumas datas taxadas pela sociedade. Os profissionais de saúde
serão os primeiros a serem acionados e principalmente os de saúde mental, como psiquiatras,
psicólogos e muitas vezes os agentes de saúde.

Sei que é bem difícil de explicar como algumas pessoas cometem suicídio, sendo que
muitas vezes tem outras em situações parecidas ou piores e que não fazem, mesmo com toda
4
essa situação muitos dos suicídios podem ser prevenidos. Hoje o suicídio é uma grande
preocupação para a Saúde Pública em todos os países. E com isso estão capacitando a equipe
de atenção primária a saúde para identificar, manejar e encaminhar um suicida corretamente
nas comunidades, e isso é um passo muito importante, pois essa equipe tem uma proximidade
maior com a comunidade e são bem aceitos por eles. Mesmo com essa preocupação e empenho
para a prevenção ao suicídio as taxas só aumentam, as taxas de tentativa de suicídio são bem
mais altas que as de suicídios consumados. Se entende que o suicídio não é um gesto com
mecanismos bem esclarecidos, são muitos os fatores de risco que requerem compreensão como
o social e comportamental, o comportamento suicida é visto pelos biomédicos como um
transtorno psiquiátrico com causas apenas biológicas. Na verdade, o comportamento suicida é
um tabu, e com isso é difícil compreender como alguém idealiza a sua morte, e até mesmo como
planeja e põe em prática essa ação. Supõe-se, que a vontade de se aliviar do sofrimento
emocional é tão grande, que aproxima o sujeito ao comportamento suicida, e esse
comportamento é definido de uma forma ampla como uma ação na qual o sujeito tem
pensamentos de autodestruição, a autoagressão, manifestada por gestos suicidas e tentativas de
suicídio, e por fim o próprio suicídio, e não se importando com o nível ou a razão verdadeiro
da ação. Para Durkheim (1977, p. 382-383):

O que explica, julgamos nós, esta temporização, é a maneira como o tempo age sobre
a tendência para o suicídio. É um fator auxiliar, mas importante desta. Com efeito, é
do conhecimento geral que esta progride ininterruptamente desde a juventude até a
maturidade, e que é dez vezes mais elevada no fim da vida do que no princípio.
Portanto, a força coletiva que leva o homem a matar-se vai penetrando nele
lentamente. Nas mesmas condições, é à medida que a idade avança que o homem se
torna mais acessível, sem dúvida porque necessita de experiências repetidas para
sentir o vazio de uma existência egoísta ou a pobreza das ambições sem limites. Eis a
razão por que os suicídios só cumprem o seu destino por camadas sucessivas de
gerações.

Estudos mostram que pessoas que cometem suicídio tem um transtorno mental
diagnosticável, e que comportamentos suicidas são mais frequentes em pacientes psiquiátricos,
sendo eles, depressivos, transtornos de personalidade, alcoolismo, esquizofrenia, e transtornos
mentais orgânicos, e apesar da maioria das pessoas com risco de suicídio apresentarem
transtornos mentais, a grande maioria não procura ajuda de um profissional de saúde mental, e
sendo assim o papel da equipe de atenção primária torna-se indispensável, pois esses
profissionais são a porta de entrada aos serviços de saúde para os que deles necessitam. Alguns
estudos mostram que homens comentem mais suicídios que as mulheres, mas mais mulheres
tentam suicídio, e as taxas de suicídios tem dois picos em jovens de 15 a 35 anos e em idosos
acima de 75 anos. Pessoas divorciadas, viúva e solteira tem maior risco de suicídios do que
5
pessoas casadas, pois essas pessoas são mais vulneráveis por viverem sozinhas. E com isso
algumas profissões têm uma média maior de suicídios como, Médicos, Veterinários,
Farmacêuticos, Químicos e Agricultores. E a taxa de suicídio para quem está desempregado
também está cada vez maior.

Existem três características em particular que são próprias do estado das mentes
suicidas, primeira Ambivalência: pensamentos confusos de cometer suicídio, elas têm o desejo
de viver e ao mesmo tempo o desejo de morrer, então pessoas com esse pensamento só estão
infelizes com a vida e se for dado o apoio necessário à vontade morrer diminui e aumenta o
desejo de viver. A segunda é Impulsividade: o suicida tem ato impulsivo, como qualquer outro
impulso que pode durar alguns minutos ou horas, isso pode ser causado por alguns
acontecimentos negativos do dia-a-dia, o profissional de saúde acalmado essa pessoa pode
diminuir o desejo suicida, e terceiro e último a Rigidez: pessoas suicidas tem pensamento e
ações constantes em suicídio e não são capazes de perceber outras maneiras de sair do problema,
elas pensam rígidas e drasticamente. Devemos ajudar essas pessoas, conversando com
tranquilidade em um lugar adequado, ouvir atentamente o que elas têm para falar, e presta
atenção em cada detalhe, tentar entender o sentimento da pessoa, expressa respeito pelas
opiniões e valores da pessoa, conversar honestamente, mostrar sua preocupação cuidado e
afeição, uma abordagem calma aberta e sem julgamento é fundamental para a comunicação.

Esta demanda não é uma tarefa fácil, além das informações acima, podemos entender
que a atenção primária é a principal porta de entrada para a pessoa que está em sofrimento
busque ajuda. Entender o comportamento suicida em sua totalidade é fundamental para um bom
acolhimento, pois, o ato suicida por ter aspectos que denotam fragilidade, resultam em certos
preconceitos, onde colocam rótulos e estigmatizam a pessoa que está em sofrimento, o que pode
trazer graves consequências. Estratégias que atuam na Rede de Atenção à Saúde visam facilitar
a identificação precoce de situações vulneráveis para que assim possa ser feita uma intervenção
adequada de uma equipe multiprofissional. A equipe de atenção primária é de extrema
importância, pois ela tem um contato próximo com a comunidade, provendo um elo entre esta
comunidade e o sistema de saúde, sendo possível um apoio mais eficaz ao idivíduo e seus
familiares. Existem também outras fontes de prevenção e combate ao suicídio, como as
organizações sem fins lucrativos. As ONGs trabalham dando um apoio emocional e
acolhimento às pessoas que precisam de um ombro amigo, fazendo emergir a temática como
discussão necessária à sociedade a fim de debater, desmistificar e conscientizar sobre a

6
temática. Podem atuar por meio de grupos de apoio, tanto para o paciente quanto para a família,
atendimento individual, palestras visando a psicoeducação, capacitação profissional,
informando sobre toda a complexidade e o manejo a ser trabalhado nesta temática, tendo em
vista que cada vez mais a temática sobre o suicídio vem emergindo e, a melhor forma de lidar
com isso é falar sobre, prevenir e conscientizar.

3 DOENÇAS FÍSICAS, MENTAIS E O SUICÍDIO

Jordana Ketuly de Abreu Sabino – 201504137477

As discussões sobre suicídio vêm aos poucos chamando mais atenção das pessoas sobre
o assunto, que tem tomado proporções de campanhas como, por exemplo, o “Setembro
Amarelo” para chamar cada vez mais atenção para as mortes causadas pelo suicídio.

Dentre muitos fatores de risco temos as doenças física e mental, que está muito
relacionada com a depressão. A depressão é o transtorno mais comumente conhecido e
divulgado como causa para o ato do suicídio, porém não é a única, é necessário que possamos
conhecer e expandir esses conhecimentos sobre outras doenças que possam levar o indivíduo
tirar a própria vida. Conforme Pimenta (2017) outros distúrbios mentais com maior incidência
ao suicídio além da depressão:

 Transtorno Afetivo Bipolar: está associado a um maior risco de suicídio, especialmente


nas fases de depressão e nos casos de troca rápida de humor. Caracteriza-se por
alterações de humor que se manifestam, como episódios depressivos, alternando-se com
episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de
intensidade.
 Transtorno relacionado ao uso de álcool e substâncias: geralmente as mortes não são
notificadas como suicídio, confundido muitas vezes com overdose ou acidente de
trânsito. Mesmo assim é, no conjunto, a segunda doença mental mais associada ao
suicídio, após os transtornos do humor. O suicídio se relaciona com, abstinência,
dependência e tolerância pois em algum desses episódios o indivíduo pode tentar contra
sua própria vida.
 A esquizofrenia: que contribui com mais de 10% dos suicídios, por isso a importância
da identificação precoce para a prevenção. Na esquizofrenia o indivíduo está mais
7
vulnerável ao ato em delírios, alucinações, embotamento afetivo, diminuição da vontade
e comportamento desorganizado.
 Transtorno de personalidade: apresentam risco aumentado de suicídio em até 12 vezes
para homens e 20 vezes para mulheres, especialmente os transtornos de personalidade
antissocial e Borderline (limítrofe).

Considerando a relação entre os transtornos mentais e o suicídio, o diagnóstico precoce


dessas doenças deve ser a prioridade. Vale destacar que estamos falando de doenças para as
quais existe tratamento, o que significa que o suicídio, em grande parte, pode ser prevenido a
partir da adoção de medidas adequadas. Assim como as doenças metais algumas doenças físicas
também estão ligadas a um aumento de taxas de suicídio. Conforme OMS (Genebra, 2017, p.9)
dentre elas estão as doenças neurológicas, como a epilepsia, que tem como características a
impulsividade crescente, agressividade e incapacidade física crônica frequentemente vistas em
epilépticos são razões mais fortes para o aumento de comportamento suicida nestes pacientes.
Alcoolismo e abuso de drogas contribuem para isto. Podemos citar também o trauma medular
ou craniano e o acidente vascular cerebral, e quanto mais graves as lesões, maior o risco de
suicídio.

Podemos citar outras doenças como:

 Câncer: há indicações de que doença terminal associa-se ao aumento das taxas de


suicídio. O risco de suicídio é maior em homens no início do diagnóstico (dentro dos
primeiros cinco anos) quando o paciente está em quimioterapia.
 HIV e AIDS; O estigma, pobre prognóstico e a natureza da doença aumentam o risco
de suicídio em pessoas infectadas pelo HIV. Na época do diagnóstico, quando o paciente
não tem aconselhamento pós-teste, o risco de suicídio era ainda mais alto.
 Condições Crônicas: dentre essas condições crônicas que têm possível associação com
risco aumentado de suicídio, podemos citar: esclerose múltipla, condições crônicas
renais, doenças nos ossos ou articulações, com dor crônica, doenças cerebrovasculares
ou neurovasculares e doenças sexuais.

O risco aumenta em doenças crônicas e dolorosas. Vale ressaltar que todas essas doenças
causam impacto emocional muito grande no individuo, muitos transtornos podem ser
desencadeados após o diagnóstico, no entanto o apoio e acompanhamento familiar e equipe
médica que ele recebe é de suma importância para diminuir os fatores de risco.

8
4 FATORES SOCIAIS E AMBIENTAIS

Maria Kethely de Oliveira Silva – 201505088321

O suicídio é a principal causa de morte violenta, portanto é importante que se faça a


identificação dos fatores de risco associados ao comportamento suicida, tanto individualmente
quanto a nível ambiental. Por isso a importância de identificar os fatores de proteção que podem
ajudar a evitar ou reduzir este tipo de caso. Portanto vai ser mais fácil saber identificar o que está
acontecendo e o que podemos fazer a respeito sobre isto. Por isso é significativo a grande
importância de estudar e identificar os fatores associados a esse tipo de comportamento, para que
seja criado programas de prevenção e intervenção ao suicídio. A primeira coisa a se fazer sobre esse
assunto, é estudar os fatores de risco e proteção, para que aja a identificação de alguma pista sobre
como e quando intervir ao ato suicida, ou seja, quanto mais fatores de proteção estiverem em uma
pessoa com um certo risco de desenvolver um comportamento suicida, mais fácil será intervir ou
prevenir este comportamento na pessoa, e assim dando resultados positivos, em relação aos índices
de suicídio. Podemos também concluir que o suicídio é muito mais do que um conjunto de fatores
individuais sobre o indivíduo, como por exemplo um transtorno mental não causa o suicídio por si
só, e sim o ambiente ao redor também tem muito a ver com isso. Portanto podemos se dizer que as
consequências que o suicídio tem sobre a qualidade de vida da população não são poucas, podemos
se dizer também que a grandes motivos, principalmente por conta do impacto psicológico e social
que recai sobre as pessoas mais próximas, como família, amigos etc.

O tema suicídios e comportamentos suicidas está a cada dia mais presente na nossa
sociedade causando impactos importantes a serem analisados e estudados, e com isso já ultrapassam
o campo da saúde pública se tornando um problema social. Sobre as tentativas de suicídio ou sua
prática efetiva envolvem sempre uma grande dose de sofrimento, tensão, angústia, desespero e
isolamento do indivíduo sobre o nível social e ambiental. Esta dor da alma em o indivíduo sente,
pode ser real ou ser a consequência de uma crise de natureza afetiva ou de uma conturbação mental.
É triste dizer que geralmente a sociedade responde a essas atitudes com o véu do silêncio, ou seja,
como se estive lidando com um tabu, que sabemos que nessa sociedade este assunto é tido como
“frescura” pela sociedade. O suicídio é considerado um ato intencional, com o intuito de dar fim a
própria vida, e que está associado a diversos fatores, um deles são os biológicos, sociais, ambientais
e os relacionados à própria história do indivíduo. E são afetados profundamente socialmente e
economicamente, ou seja, é por tanto uma ação que está ligada aos fatores biológicos e psicológicos
associados ao contexto socioeconômico de cada indivíduo. E por conta disso é preciso levar em
9
consideração que atualmente na sociedade as situações sociais, como empregabilidade e
desemprego, estrutura familiar, condições socioeconômicas, padrão de possibilidades de consumo,
esses tipos de situações de qualquer forma interagem com as predisposições do aparecimento do
comportamento suicida. A melhor coisa que você pode fazer para ajudar quem passa por uma crise
intensa com ideações suicidas, além de acolher sem qualquer tipo de preconceito, é apoia e
encaminhá para o tratamento adequado com o profissional de saúde mental, pois uma tentativa de
suicídio representa um momento de grande desesperança e sofrimento psíquico, e que pode estar
associada também a um transtorno mental. Cabe ao profissional dessa área saber escutar o que estes
sinais querem dizer a respeito do cliente e ajuda a se perceber como indivíduo dentro da sociedade,
e a partir daí, é importante estar com o cliente para ajuda a se dar conta de si mesmo, para que então
ele possa tornar ciente de que apenas ele é o autor de sua própria vida, e mostra que ele é o detentor
do poder de realizar a suas próprias escolhas, ou seja, e assim tendo a capacidade de decidir o que
fazer e o que será melhor para si. Bertolote diz que o Suicídio é um problema complexo para o qual
não existe uma única causa ou uma única razão. Ele resulta de uma complexa interação de fatores
biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais. (2000, p.3). Por tanto o suicídio
não tem uma causa única. Sempre envolve diversos fatores, os principais fatores relacionados com
o suicídio são os fatores ambientais que são os problemas interpessoais. Os fatores de risco como
doenças mentais, aspectos sociais, aspectos psicológicos e condições de saúde. Fatores de proteção
que são padrões familiares, personalidade e estilo cognitivo, fatores culturais e sociodemográficos.

Ações que auxiliam na prevenção do comportamento suicida visam à promoção da saúde


mental, como grupos de auto-ajuda e a criação de condições psicossociais que estimulem a
participação da comunidade por meio de atividades educativas que integrem socialmente os
indivíduos, promovendo um estilo de vida saudável. (PIACHESKI et al, 2010, p.198)

Este tema requer atenção de profissionais de diversas áreas que possam tratar dos riscos e
das possibilidades de prevenção ao suicídio. O comportamento suicida constitui em uma
preocupação para a sociedade e em especial, para os profissionais de saúde. O suicídio é um gesto
de autodestruição do indivíduo, realização do desejo de morrer, de dar fim à própria vida. Portanto
é uma escolha ou ação que tem graves implicações sociais. O suicídio não tem idade e classe social,
pessoas de todas as idades e classes sociais cometem suicídio. O suicídio por tanto continua sendo
um tabu entre a sociedade, pela a maioria das pessoas. É um assunto proibido de falar e que agride
várias crenças religiosas. O tabu também se sustenta porque muitos veem o suicida como um
fracassado. Esse tabu piora a situação de muitos, mesmo aqueles que seguem religiões que

10
condenam o suicídio não conseguem respeitar suas crenças e acabam dando fim à própria vida. O
ato suicida é, portanto, considerado um pecado em algumas religiões e um crime em certas
legislações. Portanto reduzir a facilidade de acesso a métodos de cometer suicídio é uma estratégia
efetiva de prevenção ao suicídio. O suicídio requer sensibilidade, atenção e de qualquer forma
preocupação com outro ser humano, é a crença de que a vida é um aprendizado que vale a pena
viver, por isso a importância dos profissionais de saúde, pois o papel deles é fundamental na
vigilância, prevenção e acompanhamento das situações de suicídio, pois são os principais recursos
que os profissionais de saúde primária têm, apoiados nisso eles podem ajudar a prevenir o suicídio.
Por tanto promover a vida é prevenir o suicídio.

5 O SUICÍDIO E A SOCIOLOGIA CLÁSSICA

Walber Steffano Almeida de Oliveira - 201308247532

Esse fenômeno tão cheio de tabus, complexo, multifacetado, uma vez, que não exista
um padrão de indivíduos, idade, sexo, orientação sexual e/ou identidade de gênero que poderia
completar as estatísticas de suicídios que ocorrem no mundo inteiro. Foram esses motivos que
levaram Émile Durkheim, que nasceu em Epinal, na Alsácia, descendente de uma família de
rabinos, e morreu em 1917 na França, a perceber que os fatos sociais exercem uma influência
no comportamento social bastante relevante, podendo, por assim dizer, ser estudado à luz das
ciências sociais.

Durkheim estuda o suicídio, onde considera o mesmo, um fato social por sua presença
universal em toda e qualquer sociedade e por suas características exteriores e mensuráveis.
Durkheim detecta que completamente diferente das razões pelas quais cada suicida acaba com
sua própria vida existe um forte motivo social que escapa às consciências individuais dos
envolvidos, tanto dos suicidas, quando daqueles que o cercam. A prova de que o suicídio é
fortemente influenciado por leis sociais, e não tão somente pela vontade individual, seria a
regularidade com que o fenômeno ocorre a partir da regularidade com a variação das taxas de
suicídios de acordo com a alternância das condições históricas. Durkheim verificou, por
exemplo, que as taxas de suicídios aumentavam nas sociedades em que havia uma aceitação de
uma fé religiosa que projetava uma felicidade além da morte.

11
Durkheim defende e categoriza o suicídio em três tipos: o egoísta, que ocorre quando o
indivíduo já não possui seus laços sociais sólidos ante as instituições sociais (família, Igreja,
dentre outros...), pelas quais já não exercem quaisquer influências sobre o indivíduo; o altruísta,
que o ocorre quando o indivíduo comete o suicídio por uma causa social, podendo ser em forma
de protesto ou atividade missionária, tanto os budistas naturais do Tibet, que tiram a vida em
protesto para voltar ao seu país de origem, quanto os kamikazes na Segunda Grande Guerra
Mundial que usavam a sua vida como mártir de seu país; e o anômico, onde o indivíduo se
encontra enfermo do ponto de vista social, haja vista que a anomia significa doença social, logo
o indivíduo é afetado pelo desvio de comportamento a partir da não identificação com a
sociedade, tal como no exemplo em que um trabalhador é demitido de uma empresa, onde o
mesmo, trabalhou por mais de vinte anos, tendo como resultado desse processo demissional a
perda da identidade ou da perda de suas raízes de identidade com o corpo social.

Ademais tais aprofundamentos contribuíram muito para que a Psicologia, entendesse o


indivíduo de forma integral na prevenção ao suicídio e entendimento desse fenômeno objeto de
curiosidade e angústia de todo nós.

6 OS POSSÍVEIS ENCAMINHAMENTOS

Lilian Lima de Oliveira – 201511707364

Existem diferentes formas de entrada do paciente na Unidade de Saúde para a realização


de triagem pela equipe de enfermagem com classificação de risco em casos de tentativa de
suicídio, podendo ser através dos bombeiros, SAMU ou trazido por familiares. Com base nessa
avaliação inicial, considerando as condições clínicas e sinais vitais, o paciente que tentou
suicídio é classificado com risco alto e tem prioridade de atendimento, ou nos casos em que
chega desacordado ou em situação de crise, vai direto para atendimento médico, que será
direcionado pela tentativa realizada. Em todas as situações o acolhimento desses pacientes é na
maioria dos casos com atendimento prioritário em virtude do quadro clínico apresentado
fazendo-se necessário uma escuta qualificada e uma construção de relações de confiança e de
cuidado ainda no acolhimento dos serviços de urgência/emergência. Diferentes autores têm
reiterado a importância da oferta de educação permanente aos profissionais que atuam nesses
contextos para lidar com situações que desafiam as representações sobre a vida e a morte, para

12
que a crença ou o julgamento não se imponha sobre a prática (Botega, 2015). É por meio do
acolhimento, enquanto estratégia balizadora da organização do SUS no Brasil, que será
garantido o acesso e o referenciamento dos usuários aos serviços de saúde de maneira integral
nos diferentes níveis de complexidade (Ministério da Saúde, 2010).

É necessária uma capacitação dos profissionais para lidar com esta demanda bem como
de melhor articulação do Sistema de Saúde e outras políticas para acolher os usuários após sua
alta, pois a atitude dos profissionais de saúde é uma variável importante nesta procura. Estudos
apontam atitudes negativas dos profissionais de saúde no atendimento às tentativas de suicídio
(Silva & Boemer, 2004; Vidal & Gontijo, 2013). Consumo de tempo desnecessário que poderia
ser dedicado a pacientes mais graves, em especial quando há baixo risco de morte, raiva,
irritação, descaso, negação ou a avaliação de que a demanda não é legítima para as emergências
hospitalares, são aspectos apontados na literatura e que impactam negativamente no cuidado
ofertado aos pacientes. (Freitas & Martins-Borges, 2014; Srivastava & Tiwari, 2012). Desta
forma, entende-se que a relação do paciente com o profissional de saúde, da acolhida até a saída
do serviço, é um importante instrumento para a continuidade ou não dos encaminhamentos
realizados, bem como para a prevenção de novas tentativas de suicídio (Vidal & Gontijo, 2013).

Nesse sentido Gutierrez (2014) assinala que um acolhimento de qualidade realizado no


serviço de saúde pode determinar que o paciente aceite e dê continuidade ao seu tratamento.
Com isso a necessidade deste acolhimento oferecer atenção resolutiva às demandas e a
articulação necessária, caso haja necessidade de continuidade do tratamento. Somado ao
atendimento e aos encaminhamentos, estes momentos constituem um fluxo de trabalho cuja
tarefa é dar conta das diferentes necessidades de saúde/doença trazidas pelo paciente (Gutierrez,
2014).
Ainda que o espaço das emergências se configure como um local privilegiado para o
cuidado e também para a avaliação do risco de novas tentativas, ele nem sempre é aproveitado
em todas as suas potencialidades e os pacientes são liberados sem a avaliação de um psiquiatra
ou sem qualquer outro tipo de encaminhamento (Vidal & Gontijo, 2013). Portanto, a
necessidade de incremento na produção científica sobre a temática apresentada, uma vez que
uma parcela importante dos estudos sobre a mesma tem se debruçado na discussão de aspectos
epidemiológicos, de gênero e sobre a presença de fatores de risco, como transtornos mentais ou
uso de drogas presentes nas tentativas de suicídio (Bando et al., 2012; Santos, Legay, & Lovosi,

13
2013). Assim, entendendo a necessidade da prestação de uma assistência adequada às pessoas
que tentaram suicídio, seja por meio da qualificação da prática profissional ou do
aprimoramento de políticas públicas que levem a um cuidado mais humanizado.

A atenção prestada às pessoas acolhidas por tentativa de suicídio destaca-se os


procedimentos realizados ao paciente após o acolhimento e as dificuldades que são encontradas
neste processo. Existe um fluxo de atendimento que inclui avaliação médica, avaliação do CIT
(Centro de Informações Toxicológicas) e avaliação psicológica. O paciente já estando
estabilizado, entram os serviços de Psicologia e Serviço Social, para dar apoio a equipe
multidisciplinar, que irão procurar coletar o maior número de informações sobre a história de
vida do paciente e da tentativa, com o intuito de ter condições de avaliar o risco de novas
tentativas. Não é possível prever se a pessoa tentará suicídio novamente, mas baseados no
conhecimento dos fatores de risco e de proteção avaliados durante a entrevista clínica, é
possível aferir o risco individual que o paciente apresenta naquele momento. A assistência que
é prestada deve considerar que o paciente possui necessidades de saúde e que naquele momento
tem necessidades hospitalares. Isso deve orientar os profissionais a um cuidado integral que
extrapole a cura de uma doença e considere também que os cuidados em saúde incluirão acabar
com as causas, tratar os danos e diminuir os riscos (Gutierrez, 2014). Procurando manter um
vínculo, que é o que vai garantir a confiança do paciente no profissional e sua participação
efetiva no atendimento, bem como uma escuta e uma adequada avaliação de risco.

A permanência do paciente no serviço de saúde é um momento importante para dar


apoio e ajudá-lo na busca de um novo significado à sua vida, estimulando-o a desenvolver maior
autonomia (Gutierrez, 2014) e uma equipe que apresenta atitudes acolhedoras e respeitosas tem
maiores chances de êxito nessa tarefa.

Uma prática que pode ser encontrada nos serviços de saúde são os encaminhamentos
pós-alta para outras instituições ou por meio de orientações à rede de apoio. Nos
encaminhamentos feitos às instituições, destacam-se os encaminhamentos dirigidos às
Unidades da Rede Municipal de Saúde, à avaliação psiquiátrica ou à internação em Institutos
de Psiquiatria e os encaminhamentos à rede não governamental. Já as orientações à rede de
apoio são direcionadas às famílias e à rede de apoio próxima.

14
A Rede Municipal de Saúde configura-se como fonte primária de encaminhamentos dos
pacientes após alta hospitalar, com duas opções importantes. A primeira são as Unidades
Básicas de Saúde (UBS), onde o paciente poderá dar continuidade ao seu tratamento próximo
à sua residência. Uma segunda opção são os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial),
equipamentos da atenção secundária. Contudo, se o paciente mantiver ideação suicida ou
oferecer risco a si mesmo ou a outras pessoas, a conduta adotada é encaminhá-lo para avaliação
psiquiátrica ou internação em Instituto de Psiquiatria da região.

É salutar a inclusão da avaliação do risco de novas tentativas de suicídio na rotina dos


serviços de urgência e emergência antes que o paciente receba alta, a fim de que o
encaminhamento proposto seja condizente com suas necessidades (Bertolote et al., 2010). Isso
requer que a equipe de saúde tenha competência técnica e utilize os instrumentos adequados
para avaliar todas as vulnerabilidades do paciente enquanto ele estiver no ambiente hospitalar.
Condições físicas, psicológicas, sociais e recursos disponíveis de saúde no território são
variáveis que precisam ser investigadas (Gutierrez, 2014), contudo, precisamos assinalar as
dificuldades para concretizar os encaminhamentos, pontuando que as opções disponíveis na
rede são escassas frente à demanda atendida.

A importância da família nesse processo pode ser avaliada positivamente no tocante que
uma adequada instrução da família auxilia na prevenção do suicídio. Nunca deixar o paciente
sozinho, informar demais familiares sobre a tentativa praticada, para que possam ficar
vigilantes, mas ao mesmo tempo oferecer suporte emocional, e procurar atendimento
especializado nos serviços de saúde mental são orientações importantes (Barrero, 2008).

7 DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE O SUICÍDIO

Jefferson Pinheiro da Silva – 201512214281

As mortes causadas por suicídio como também as tentativas de suicídio têm deixado o
mundo em alerta, sendo considerado um grave problema de saúde pública. Segundo a
Organização Mundial da Saúde - OMS, cerca de 800.000 pessoas comentem suicídio todos os
anos e muitas outras já tentaram cometê-lo. Isso significa que a cada 40 segundos uma pessoa
comete suicídio.

15
De acordo com a OMS as mortes por suicídio representam 57% do total de mortes ao
ano, isso significa que as causas das mortes por suicídio já são maiores que as causadas pelas
guerras e pelos homicídios. Ainda segundo o órgão, em 2016 79% das mortes ocorreram em
países que tem renda média ou baixa. É também a segunda principal causa de morte na faixa
etária dos 15 aos 29 anos. Os métodos mais utilizados são envenenamento por pesticidas,
seguido de enforcamento e o uso de armas de fogo.

Em 2008, a OMS lançou o Plano de Ação para a Saúde Mental 2013-2020, com o
objetivo de realizar ações conjuntas com os países membros, tendo como principal objetivo
reduzir as taxas de suicídio nesses países em 10% até o ano de 2020. O Brasil é um dos países
assinou o acordo e se comprometeu a desenvolver programas de prevenção e acompanhar o
número anual de mortes por suicídio.

O Ministério da Saúde divulgou em 2018, aproveitando a campanha do Setembro


Amarelo – que é o mês dedicado a conscientização e prevenção do suicídio, dados sobre as
tentativas e os óbitos por suicídio que ocorreram no país. Os dados apresentados foram
coletados do Sistema de Informações Sobre Mortalidade – SIM, que teve registrado entre os
anos de 2007 a 2016 o total de 106.374 mortes por suicídio no Brasil. Esses números são
impressionantes, contudo, ainda não correspondem à realidade, porque os casos são
subnotificados pelas famílias, que muitas vezes não o fazem por vergonha e por
desconhecimento do assunto. Muitos outros motivos são responsáveis por essa subnotificação
dos casos, porém segundo Silva (2009, p.27), existem dois que podem ser citados como os
principais “ o primeiro consistiria na imprecisão das informações sobre o tipo de morte violenta
e o segundo seria explicado pelo comportamento da família da vítima, muitas vezes tentando
confundir e esconder o ato”. Diante dessa afirmação, podemos perceber a importância das
campanhas como o Setembro Amarelo e de órgãos como o Centro de Valorização da Vida –
CVV.

Segundo o Ministério da Saúde, tendo como fonte os dados do SIM (2017), em média,
cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos no Brasil. Dentre os óbitos que são
notificados no sistema, as lesões autoprovocadas voluntariamente, como é classificado o
suicídio, é a quarta maior causa entre as pessoas com idades entre 15 e 29 anos, sendo nos
homens a terceira maior causa e entre as mulheres a oitava maior causa. Foi somente com a
sanção da lei 12.461 de 26/07/2011, que as notificações dos casos de suicídios passaram a ser

16
obrigatórias. A partir dessa obrigatoriedade podemos verificar que houve um aumento da taxa
de mortalidade por suicídio todos os anos compreendidos entre o período de 2011 a 2016.

Região/ Ano 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Total


Sudeste 3.900 4.002 3.959 4.283 4.323 4.249 24.716
Nordeste 2.297 2.336 2.494 2.393 2.540 2.722 14.782
Sul 2.156 2.357 2.356 2.319 2.494 2.602 14.293
Centro-Oeste 807 932 956 950 940 1034 5.619
Norte 692 694 759 708 881 826 4.560
Total Geral 9.852 10.321 10.533 10.653 11.178 11.433 63.970
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM

O Ministério da Saúde destaca que entre os anos de 2011 a 2016 foram registradas
48.204 tentativas de suicídio, onde as mulheres representam 69% desse total e os homens 31%.
Ainda segundo os dados, as mulheres são as mais reincidentes. Nas tentativas de suicídio os
meios mais utilizados são: envenenamento ou intoxicação (57,6%), objeto que perfura ou corta
(6,5%), enforcamento (5,8%).

Se por um lado as mulheres são as que mais tentam, por outro os homens são os que
mais morrem por lesões autoprovocadas. Dos 63.970 casos registrados no SIM, 79% são
homens e 21% são de mulheres. O meio que mais foi utilizado é o enforcamento, equivalente a
62%, seguido de armas de fogo e envenenamento.

Das regiões do Brasil, o Nordeste ocupa o segundo lugar em mortes causadas por
suicídio. Dentro do mesmo período, 2011 a 2016, o Ceará registrou 3.374 casos de mortes por
lesão autoprovocadas, representando uma média de 562 casos por ano. O maior número de
casos ocorreu nas regiões de Fortaleza (909), seguido de Sobral (267), Caucaia (246) e
Maracanaú (201). A tabela abaixo detalha as regiões em que ocorreram os casos de suicídio,
conforme dados relatados no SIM.

Região de Saúde (CIR) Nº Óbitos


23001 1ª Região Fortaleza 909
23011 11ª Região Sobral 267
23002 2ª Região Caucaia 246
23003 3ª Região Maracanaú 201
17
23013 13ª Região Tianguá 157
23018 18ª Região Iguatú 147
23015 15ª Região Crateús 142
23021 21ª Região Juazeiro Nort 128
23008 8ª Região Quixadá 125
23020 20ª Região Crato 122
23022 22ª Região Cascavel 112
23006 6ª Região Itapipoca 106
23005 5ª Região Canindé 105
23017 17ª Região Icó 95
23009 9ª Região Russas 89
23010 10ª Região Limoeiro Nort 78
23012 12ª Região Acaraú 75
23019 19ª Região Brejo Santo 72
23014 14ª Região Tauá 66
23016 16ª Região Camocim 52
23004 4ª Região Baturité 47
23007 7ª Região Aracati 33
Total: 3374
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM

Diante de números tão alarmantes várias entidades estão se movimento para trabalhar
junto com a sociedade temas sobre a prevenção do suicídio. Uma dessas entidades é o
Ministério Público Estadual do Ceará, que lançou no dia 20 de março o projeto Vidas
Preservadas, que tem como objetivo firmar parcerias com os municípios para desenvolver ações
voltadas para o tema. O evento contou com a participação do prefeito de Fortaleza, Roberto
Claudio, que assinou o temo que institui um grupo de trabalho e prevenção do suicídio. Várias
são as ações que podem ser realizadas, sendo de grande importância a atuação do poder público
e a conscientização da comunidade sobre esse tema.

18
CONCLUSÃO

Yeladian Bezerra Sousa – 201403125651

O presente texto teve como intuito de mostrar um pouco da realidade do fenômeno do


suicídio, que apesar dos esforços realizados ainda não é suficiente pelo tamanho do desafio
demonstrado no texto.
Note-se que o problema do autoextermínio, não é um problema novo. Nas civilizações
antigas tinha essas questões, mas em cada época havia algum significado por detrás do suicídio,
que nesta questão deve-se estudar de forma histórica, sociológica e antropológica para entender
os motivos. Como Aragão (2014) que o ato de dar cabo a própria vida deve ser interpretado
dependendo do contexto histórico, que até podem ser atos heroicas ou mesmo de liberdade, e
até de reprovação, sendo que na Antiga Grécia existiam pensamentos diferentes.
Botega (2015) cita três filósofos com visões diferentes do tema suicídio, Sócrates era
contra o tal ato de autocídio (porém foi condenado a tomar a cicuta como pena por ateísmo e
por estar corrompendo os jovens com seus ensinamentos); Platão era a favor nas circunstâncias
de extremo sofrimento; Aristóteles alegava que o autoextermínio fragiliza o Estado, pois
interpretava que quando o indivíduo era útil à sociedade devido às questões de contribuição.
Deve ser salientado como profissionais em formação em Psicologia, estar sempre
preparados em relação a essas situações, como os professores da graduação orientam, sobre a
importância de fazer análise e ter uma supervisão que oriente mediante ao contexto em que o
sujeito em sofrimento, e com ajuda no contexto familiar em que aquele sujeito se encontra e o
social.

19
REFERÊNCIAS

ABREU, Kelly Piacheski de. et al. Soares Comportamento. Suicida: fatores de risco e
intervenções preventivas. 31 de março de 2010. Disponível em:
<http://fen.ufg.br/revista/v12/n1/pdf/v12n1a24.pdf> Acesso em: 25 de março de 2019.

ARAGÃO, S. R. D. História do suicídio: aspectos culturais, socioeconômicos e filosóficos.


Consultoria Estratégica em Psicologia Emocional. 31 de maio 2014. Disponível em:
<https://no-consultorio-psi.webnode.com/news/historia-do-suicidio-aspectos-culturais-
socieconomicos-e-filosoficos/>. Acesso em: 08 de junho de 2018

BOTEGA, N. J. Crise suicida: avaliação e manejo [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Artmed, 2015.

Carolina Dantas. Suicídio: é preciso falar sobre esse problema. 28 de setembro de 2016.
Disponível em: <https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/suicidio-e-preciso-falar-sobre-
esse-problema.ghtml > Acesso em: 25 de março de 2019.

BERTOLOTE, J.M. Prevenção do suicídio: Um manual para profissionais da saúde em atenção


primaria. Disponível em:
<https://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/en/suicideprev_phc_port.pdf> Acesso
em : 25 de março de 2019.

COUTINHO, Alberto Henrique Soares de Azeredo. Suicídio e laço social. Junho de 2010.
Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
73952010000100008 > Acesso em: 25 de março de 2019.

DURKHEIM, É. O suicídio. Estudo sociológico. Trad. de Luz Cary, Margarida Garrido e


J.Vasconcelos Esteves. 2. ed. Lisboa: Editorial Presença, 1977.

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Nacional, 1963.

DURKHEIM,Émile. El suicidio. Uruguay: Shapire Editor, 1971.

FERREIRA, M. L. et al. COMPORTAMENTO SUICÍDA E ATENÇÃO PRIMÁRIA À


SAÚDE. Enferm. Foco 2018; 9.

LUOMA JB, Martin CE, Pearson JL. Contact with mental health and primary care providers
before suicide: a review of the evidence. Am J Psychiatry. 2002;159(6):909-16.

20
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório mundial sobre violência e saúde.
Genebra: OMS; 2002
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Prevenção do suicídio: um manual para
profissionais da saúde em atenção primária. Genebra: [s.n.], 22p
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. https://www.who.int/es/news-room/fact-
sheets/detail/suicide. Acesso em 27/03/2019.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, Prevenção Do Suicídio: Um Manual Para


Profissionais da Saúde em Atenção Primária, 2000. Disponível em:
https://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/en/suicideprev_phc_port.pdf. Acesso
em: 15de abril de 2017

PIMENTA, Tatiana. Conheça os transtornos mentais por trás do suicídio, agosto de 2017,
Disponível em: https://www.vittude.com/blog/transtornos-mentais-por-tras-do-suicidio/
Acesso em: 15de abril de 2017.

Presidência da República. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-


2014/2011/Lei/L12461.htm. Acesso em 29/03/219

SILVA, Maria do Carmo Mendonça. Renúncia à Vida Pela Morte Voluntária: O Suicídio aos
olhos da imprensa no Recife dos anos 1950. Recife. 2009. Disponível em
<https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/7124/1/arquivo3283_1.pdf>. Acessos em
29/03/ 2019.

Suicídio e os desafios para a Psicologia – Conselho Federal de Psicologia – Brasília: CFP, 2013.

SANTOS, Walberto Silva dos. et al. A influência de fatores de risco e proteção frente à ideação
suicida. Dezembro de 2016. Disponível em:
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-00862016000300016>
Acesso em: 25 de março de 2019.

SOUZA, E. R. et al. Suicídio de jovens nas principais capitais do Brasil. Cad Saúde Pública.
2002;18(3):673-83.

21

Você também pode gostar