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Livro Eletrônico

Aula 00

Direito Administrativo p/ IPHAN (Analista) Com videoaulas


Professor: Herbert Almeida

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Direito Administrativo
Analista do IPHAN
Teoria e exerc’cios comentados
Prof. Herbert Almeida Ð Aula 0

AULA 0: Poderes administrativos

Sumário

PODERES ADMINISTRATIVOS ........................................................................................................................... 4


PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO ........................................................................................................... 4
PODER HIERÁRQUICO ......................................................................................................................................... 6
PODER DISCIPLINAR ..........................................................................................................................................13
PODER REGULAMENTAR ....................................................................................................................................21
PODER DE POLÍCIA ...........................................................................................................................................28
USO E ABUSO DE PODER .................................................................................................................................40
QUESTÕES MÚLTIPLA ESCOLHA ......................................................................................................................41
QUESTÕES COMENTADAS NA AULA................................................................................................................72
GABARITO.......................................................................................................................................................88
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................88

Ol‡ concurseiros e concurseiras.


ƒ com muita satisfa•‹o que estamos lan•ando o curso de Direito
Administrativo para o concurso de Analista do Instituto do Patrim™nio
Hist—rico e Art’stico Nacional - IPHAN.
De imediato, vejamos as caracter’sticas deste material:
ü todos os itens do edital ser‹o abordados de forma completa, sem perda
da objetividade;
ü grande quantidade de quest›es comentadas;
ü refer•ncias atualizadas, com ampla pesquisa na doutrina e jurisprud•ncia
recente;
ü contato direto com o professor atravŽs do f—rum de dœvidas.
Caso ainda n‹o me conhe•am, meu nome Ž Herbert Almeida, sou Auditor
de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Esp’rito Santo
aprovado em 1¼ lugar no concurso para o cargo. AlŽm disso, obtive o 1¼ lugar
no concurso de Analista Administrativo do TRT/23¼ Regi‹o/2011. Meu
primeiro contato com a Administra•‹o Pœblica ocorreu atravŽs das For•as
Armadas. Durante sete anos, fui militar do ExŽrcito Brasileiro, exercendo
atividades de administra•‹o como Gestor Financeiro, Pregoeiro, Respons‡vel pela
Conformidade de Registros de Gest‹o e Chefe de Se•‹o. Sou professor de Direito
Administrativo e Administra•‹o Pœblica aqui no EstratŽgia Concursos e
palestrante da Turma EstratŽgica.
AlŽm disso, no Tribunal de Contas, participo de atividades relacionadas com
o Direito Administrativo.

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Ademais, os concursos pœblicos em que fui aprovado exigiram diversos
conhecimentos, inclusive sobre Direito Administrativo. Ao longo de meus estudos,
resolvi diversas quest›es, aprendendo a forma como cada organizadora aborda os
temas previstos no edital. Assim, pretendo passar esses conhecimentos para
encurtar o seu caminho em busca de seu objetivo. Ent‹o, de agora em diante,
vamos firmar uma parceria que levar‡ voc• ˆ aprova•‹o no concurso pœblico para
Analista do IPHAN.
Observo ainda que o nosso curso contar‡ com o apoio da Prof. Leticia
Cabral, que nos auxiliar‡ com as respostas no f—rum de dœvidas. A Prof. Leticia
Ž advogada e trabalha tambŽm como assessora de Procurador do Estado em
Vit—ria-ES. Atualmente tambŽm Ž aluna do mestrado em Direito Processual na
UFES (Universidade Federal do Esp’rito Santo). Com isso, daremos uma aten•‹o
mais completa e pontual ao nosso f—rum.
Falando do nosso curso, vamos abordar o seguinte conteœdo para a nossa
disciplina:

DIREITO ADMINISTRATIVO: 1. Lei no. 8.112/90: Provimento, Vacância, Direitos e


Vantagens, Regime Disciplinar. 2. Ato Administrativo: conceito, elementos/requisitos,
atributos, Convalidação, Discricionariedade e Vinculação. 3. Poderes da Administração.
4. Licitação: Princípios, Modalidades, Dispensa e Inexigibilidade. Processo
Administrativo, Lei no. 9.784/99. 5. Código de Ética Profissional do Servidor Público
Civil do Poder Executivo Federal, instituído pelo Decreto no. 1.171, de 22/06/94.

Para maximizar o seu aprendizado, nosso curso estar‡ estruturado em nove


aulas, sendo esta aula demonstrativa e outras oito, vejamos o cronograma:
AULA CONTEÚDO DATA
Aula 0 3. Poderes da Administração. Disponível
2. Ato Administrativo: conceito, elementos/requisitos, atributos, 17/05
Aula 1
Convalidação, Discricionariedade e Vinculação.
4. Licitação: Princípios, Modalidades, Dispensa e Inexigibilidade. 8.
Legislação sobre administração pública: Lei no 8.666/93 - institui 24/05
Aula 2
normas para licitações e contratos da Administração Pública (parte
1)
8. Legislação sobre administração pública: Lei no 8.666/93 - institui
Aula 3 normas para licitações e contratos da Administração Pública (parte 31/05
2)
Aula 4 1. Lei no. 8.112/90: Provimento, Vacância 07/06

Aula 5 1. Lei no. 8.112/90: Direitos e Vantagens 15/06

Aula 6 1. Lei no. 8.112/90: Regime Disciplinar 21/06

Aula 7 Processo Administrativo, Lei no. 9.784/99 28/06

5. Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder 05/07


Aula 8
Executivo Federal, instituído pelo Decreto no. 1.171, de 22/06/94

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Vamos fazer uma observa•‹o importante! Ao longo da aula, vamos colocar
quest›es de verdadeiro ou falso do Cespe, tendo em vista que o tipo de assertiva
desta banca, alŽm de elevado n’vel, facilita a contextualiza•‹o com os assuntos
intermedi‡rios da aula (enquanto o assunto ainda est‡ Òfresco na cabe•aÓ). Ao
final da aula, ap—s apresentar toda a teoria, vamos trabalhar com quest›es de
mœltipla escolha.
Aten•‹o! Este curso Ž completo em pdf, sendo as videoaulas utilizadas
apenas de forma complementar, para facilitar a compreens‹o dos assuntos.
Somente ser‹o disponibilizados v’deos para os principais assuntos (aulas 0 a 7).
Por fim, se voc• quiser receber dicas di‡rias de prepara•‹o para concursos e
de Direito Administrativo, siga-me nas redes sociais (n‹o esque•a de habilitar as
notifica•›es no Instagram, assim voc• ser‡ informado sempre que eu postar uma
novidade por l‡):

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Sem mais delongas, espero que gostem do material e vamos ao nosso curso.
Observa•‹o importante: este curso Ž protegido por direitos autorais (copyright), nos
termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legisla•‹o sobre direitos
autorais e d‡ outras provid•ncias.

Grupos de rateio e pirataria s‹o clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores


que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos
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PODERES ADMINISTRATIVOS

Poder vinculado e poder discricionário

O poder vinculado ou regrado ocorre quando a lei, ao outorgar


determinada compet•ncia ao agente pœblico, n‹o deixa nenhuma margem
de liberdade para o seu exerc’cio. Assim, quando se deparar com a situa•‹o
prevista na lei, caber‡ ao agente decidir exatamente na forma prevista na
lei.
Diversamente, no poder discricion‡rio, o agente pœblico possui
alguma margem de liberdade de atua•‹o. No caso em concreto, o agente
poder‡ fazer o seu ju’zo de conveni•ncia e oportunidade e decidir‡ com
base no mŽrito administrativo.
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, os poderes discricion‡rio e
vinculado n‹o existem como poderes aut™nomos, pois s‹o, quando muito,
atributos de outros poderes ou compet•ncias da Administra•‹o.
Complementa a doutrinadora:
O chamado Òpoder vinculadoÓ, na realidade, n‹o encerra ÒprerrogativaÓ do
Poder Pœblico, mas, ao contr‡rio, d‡ ideia de restri•‹o, pois, quando se diz
que determinada atribui•‹o da Administra•‹o Ž vinculada, quer-se significar
que est‡ sujeita ˆ lei em praticamente todos os aspectos. O legislador,
nessa hip—tese, preestabelece todos os requisitos do ato, de tal forma que,
estando eles presentes, n‹o cabe ˆ autoridade administrativa sen‹o edit‡-
lo, sem aprecia•‹o de aspectos concernentes ˆ oportunidade, conveni•ncia,
interesse pœblico, equidade. Esses aspectos foram previamente valorados
pelo legislador.
A discricionariedade, sim, tem inserida em seu bojo a ideia de prerrogativa,
uma vez que a lei, ao atribuir determinada compet•ncia, deixa alguns
aspectos do ato para serem apreciados pela Administra•‹o diante do caso
concreto; ela implica liberdade a ser exercida nos limites fixados na lei. No
entanto, n‹o se pode dizer que exista como poder aut™nomo; o que ocorre
Ž que as v‡rias compet•ncias exercidas pela Administra•‹o com base nos
poderes regulamentar, disciplinar, de pol’cia, ser‹o vinculadas ou
discricion‡ria, dependendo da liberdade deixada ou n‹o, pelo legislador ˆ
Administra•‹o Pœblica.

Por esse motivo, esses dois ÒpoderesÓ s‹o empregados apenas de


maneira tradicional, pois s‹o apenas aspectos das prerrogativas e
compet•ncias pœblicas.

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1. (Cespe – ATA/SUFRAMA/2014) O poder discricionário confere ao


administrador, em determinadas situações, a prerrogativa de valorar determinada
conduta em um juízo de conveniência e oportunidade que se limita até a prática do
ato, tendo em vista a impossibilidade de revogá-lo após a produção de seus efeitos
por ofensa ao princípio da legalidade e do direito adquirido de terceiros de boa-fé.
Comentário: o item apresenta alguns erros. Primeiro que o juízo de
conveniência e oportunidade não se limita até a prática do ato. Ele persiste
mesmo após a sua prática. Vale lembrar que a decisão quanto à revogação
também é discricionária, logo o juízo de conveniência e oportunidade
prossegue mesmo após a prática do ato administrativo.
Além disso, é possível sim revogar um ato administrativo, mesmo após a
produção de seus efeitos, desde que sejam respeitados os direitos
adquiridos.
Gabarito: errado.

2. (Cespe – AJ/CNJ/2013) O exercício do poder discricionário pode concretizar-


se tanto no momento em que o ato é praticado, bem como posteriormente, como no
momento em que a administração decide por sua revogação.
Comentário: a revogação é um ato administrativo discricionário, pois decorre
da análise de conveniência e oportunidade. Além disso, sabemos que a
revogação aplica-se aos atos administrativos válidos e discricionários.
Portanto, é possível concluir que o poder discricionário pode se concretizar
em dois momentos distintos: (a) na hora da edição do ato; (b) no momento de
decidir sobre a sua revogação. Dessa forma a questão está correta.
Gabarito: correto.

3. (Cespe - ATA/MIN/2013) A fixação do prazo de validade e a prorrogação de


um concurso público não se inserem no âmbito do poder discricionário da
administração.
Comentário: para entender este item, é necessário transcrever o conteúdo do
art. 12 da Lei 8.112/1990:
Art. 12. O concurso pœblico ter‡ validade de atŽ 2 (dois ) anos, podendo
ser prorrogado uma œnica vez, por igual per’odo.
No primeiro momento, a Lei prevê que o concurso deve ter validade de “até”
dois anos. Logo, a autoridade administrativa pode decidir se o concurso terá,
por exemplo, validade de “90 dias”, “seis meses”, “um ano”, ou, até mesmo,
“dois anos”. Enfim, a decisão sobre o prazo de validade é discricionária.

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Da mesma forma, a lei estabelece que o concurso pode ser prorrogado uma
única vez. Novamente, estamos diante do poder discricionário. Assim o item
está errado.
Gabarito: errado.

Poder hierárquico

A hierarquia Ž a rela•‹o de subordina•‹o existente entre os v‡rios


—rg‹os e agentes administrativos, com a distribui•‹o de fun•›es e a
grada•‹o de autoridade de cada um.
ƒ importante destacar que a hierarquia s— ocorre dentro da mesma
pessoa jur’dica, ou seja, n‹o h‡ hierarquia entre a administra•‹o direta e
indireta. Com efeito, tambŽm n‹o se fala em hierarquia entre os Poderes
(Legislativo, Executivo e Judici‡rio) ou entre a Administra•‹o e os
administrados. Por fim, o poder hier‡rquico n‹o se apresenta nos Poderes
Legislativo e Judici‡rio quando no exerc’cio de suas fun•›es t’picas (legislar
e julgar, respectivamente). PorŽm, quando se tratar das atividades meio
(licitar, contratar, comprar, etc.), que se expressam pelo exerc’cio da
fun•‹o administrativa, a’ o poder hier‡rquico tambŽm estar‡ presente nos
—rg‹os do Judici‡rio e do Legislativo.
Segundo Hely Lopes Meirelles, o poder hier‡rquico ÒŽ o de que disp›e
o Executivo para distribuir e escalonar as fun•›es de seus —rg‹os, ordenar
e rever a atua•‹o de seus agentes, estabelecendo a rela•‹o de subordina•‹o
entre os servidores do seu quadro de pessoalÓ.
Nesse contexto, o poder hier‡rquico tem por objetivo:
® dar ordens;
® rever atos;
® avocar atribui•›es;
® delegar compet•ncias; e
® fiscalizar.
Temos como consequ•ncia l—gica da hierarquia o poder de comando
realizado entre as inst‰ncias superiores sobre as inferiores. Essas, por sua
vez, possuem o dever de obedi•ncia para com aqueles, devendo,
portanto, executar as tarefas em conformidade com as determina•›es
superiores. Dessa forma, pelo poder de dar ordens, os superiores fazem

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determina•›es aos subordinados para praticar atos ou tomar determinadas


condutas no caso concreto.
Os subordinados se vinculam ˆs determina•›es superiores, n‹o lhes
cabendo avaliar a conveni•ncia e oportunidade da decis‹o superior, mas
cumpri-las. Essa Ž a base para o desenvolvimento da fun•‹o administrativa,
que pressup›e a exist•ncia de hierarquia. No entanto, os subordinados
podem se negar a cumprir ordens manifestamente ilegais. Isso
porque a pr—pria Constitui•‹o Federal estabelece que ÒninguŽm ser‡
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sen‹o em virtude de leiÓ
(CF, art. 5¼, II). Na esfera federal, o art. 116, IV, da Lei 8.112/1990,
estabelece que Ž dever do servidor Òcumprir as ordens superiores, exceto
quando manifestamente ilegais.Ó Assim, um servidor pœblico deve se
negar, por exemplo, a cumprir uma ordem de destruir um bem pœblico sem
nenhum motivo.

Lucas Rocha Furtado apresenta outras tr•s


situa•›es excepcionais que afastam ou, ao
menos, mitigam o dever de cumprir as ordens
dadas:
® quando a lei tiver conferido compet•ncia exclusiva para a pr‡tica
do ato ao —rg‹o subordinado;
® quando se tratar de atividade de consultoria jur’dica ou tŽcnica,
uma vez que esses atos, que muitas vezes se pronunciam na forma
de pareceres, dependem do convencimento pessoal do agente que o
pratica e podem ensejar sua responsabilidade pessoal; em raz‹o da
pr—pria natureza consultiva desses —rg‹os, eles devem gozar de ampla
autonomia de atua•‹o, o que afasta ou mitiga o dever de cumprir
ordens;
® quando se tratar de —rg‹o incumbido de adotar decis›es
administrativas (por exemplo: o Conselho de Contribuintes da
Receita Federal se encontra subordinado administrativamente ao
superintendente da Receita, mas este n‹o pode definir como as
decis›es do Conselho devem ser adotadas)1.

A fiscaliza•‹o corresponde ao acompanhamento permanente dos atos


dos subordinados com o intuito de mant•-los dentro dos padr›es de
legalidade e legitimidade previstos para a atividade administrativa.

1
Furtado, 2012, p. 576.

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Como consequ•ncia da fiscaliza•‹o, surge a compet•ncia para rever


atos, tambŽm chamada de poder de controle, que permite que o superior
hier‡rquico anule ou revogue os atos de seus subordinados. Dessa forma,
o poder hier‡rquico permite que um superior, de of’cio ou por provoca•‹o,
anule os atos ilegais ou avalie a conveni•ncia e oportunidade para revogar
os atos de seus subordinados. ƒ cab’vel, ainda, realizar a convalida•‹o
dos atos com defeitos san‡veis, desde que seja poss’vel e conveniente.
Quanto ˆ revoga•‹o Ž importante acrescentar algumas informa•›es.
Primeiro que ela s— Ž poss’vel diante de atos v‡lidos e discricion‡rios.
Segundo que a pr—pria revoga•‹o Ž um ato discricion‡rio, isso porque cabe
ˆ autoridade pœblica avaliar a conveni•ncia e oportunidade de revogar um
ato administrativo v‡lido. Por fim, n‹o Ž poss’vel revogar atos
administrativos que j‡ tenham originado direito adquirido para o
administrado.
Uma vez que j‡ estudamos a delega•‹o e a avoca•‹o neste curso,
vamos apenas relembrar os seus aspectos mais importantes.
A delega•‹o ocorre quando se confere a um terceiro atribui•›es que
originalmente competiam ao delegante. A delega•‹o Ž um ato
discricion‡rio, tempor‡rio e revog‡vel a qualquer momento. N‹o se admite
a delega•‹o de atos de natureza pol’tica, como o poder de sancionar uma
lei. TambŽm n‹o Ž poss’vel a delega•‹o de compet•ncia de um Poder ao
outro, salvo quando a Constitui•‹o Federal autorizar expressamente2.
Ademais, a delega•‹o s— alcan•a o exerc’cio da compet•ncia, uma vez que
a sua titularidade Ž irrenunci‡vel. Por fim, Ž poss’vel delegar uma
compet•ncia mesmo quando n‹o h‡ rela•‹o hier‡rquica, ou seja, a
delega•‹o n‹o Ž exclusividade do poder hier‡rquico.
Quando for consequ•ncia do poder hier‡rquico, n‹o ser‡ poss’vel ao
agente subordinado recusar a delega•‹o. AlŽm disso, a subdelega•‹o s— Ž
permitida com a concord‰ncia expressa do delegante. Por fim, n‹o se
admite a delega•‹o de atribui•›es especificamente atribu’das em lei a
determinado —rg‹o ou agente3.

2
Hely Lopes Meirelles entende que não se pode delegar competências de um poder ao outro (2013, p. 131).
Porém, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2011, p. 222) afirmam que é possível a delegação, desde que a
Constituição assim autorize expressamente (eles mencionam como exemplo o caso de leis delegadas, previstas
no art. 68 da Constituição Federal).

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Avocar Ž chamar para si fun•›es que originalmente foram atribu’das


a um subordinado. A avoca•‹o s— Ž poss’vel em car‡ter excepcional, por
motivos relevantes, devidamente justificados e por tempo determinado.
Com efeito, diferentemente da delega•‹o, pressup›e a exist•ncia de rela•‹o
hier‡rquica. Finalmente, o superior n‹o pode avocar uma compet•ncia
atribu’da por lei como exclusiva de seu subordinado.
Um assunto que causa pol•mica no estudo do poder hier‡rquico Ž sobre
a compet•ncia para aplicar san•›es aos agentes pœblicos por infra•›es
disciplinares. A doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro elenca
expressamente essa atribui•‹o no poder hier‡rquico. Todavia, Hely Lopes
Meirelles disp›e que o Òpoder hier‡rquico e o poder disciplinar n‹o se
confundem, mas andam juntos, por serem sustent‡culos de toda a
organiza•‹o administrativaÓ.
Nessa esteira, Lucas Rocha Furtado trata os dois poderes (hier‡rquico
e disciplinar) como disciplinas aut™nomas. Isso porque o poder
disciplinar n‹o se manifesta exclusivamente no descumprimento de ordens
dos agentes pœblicos, ou seja, sua aplica•‹o vai alŽm do poder hier‡rquico.
O autor menciona, como exemplo, que o art. 132, IV, prev• a aplica•‹o da
pena de demiss‹o ao agente que praticar ato de improbidade
administrativa. Neste caso, n‹o houve qualquer rela•‹o hier‡rquica e,
mesmo assim, o poder disciplinar estar‡ presente.
Em s’ntese, podemos concluir que a compet•ncia para aplicar san•‹o
aos agentes pœblicos por infra•›es administrativas se insere no poder
disciplinar.

A aplica•‹o de penas aos servidores n‹o se


insere no poder hier‡rquico e sim no poder
disciplinar.

Para encerrar o assunto, enfatizamos novamente que n‹o se pode


confundir subordina•‹o com vincula•‹o. O poder hier‡rquico se aplica nas
rela•›es de subordina•‹o, permitindo o exerc’cio de todas as formas de
controle. Por outro lado, a vincula•‹o gera uma forma de controle restrita,
em geral sob o aspecto pol’tico. O controle decorrente da vincula•‹o s— pode
ocorrer quando expressamente previsto em lei.
Visto isso, vamos resolver algumas quest›es.

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4. (Cespe – Administrador/Suframa/2014) No âmbito do Poder Executivo, a


prerrogativa de apurar as infrações e impor sanções aos próprios servidores,
independentemente de decisão judicial, decorre diretamente do poder hierárquico,
segundo o qual determinado servidor pode ser demitido pela autoridade competente
após o regular processo administrativo disciplinar, por irregularidades cometidas no
exercício do cargo.
Comentário: o poder para apurar as infrações e impor sanções administrativas
se expressa por meio do poder disciplinar. Veremos diversas questões como
essa que confirmam este entendimento do Cespe (seguindo a doutrina
majoritária).
Gabarito: errado.

5. (Cespe – Agente Administrativo/Suframa/2014) O poder hierárquico confere


aos agentes superiores o poder para avocar e delegar competências.
Comentário: o poder hierárquico confere as seguintes prerrogativas aos
superiores: (a) das ordens; (b) rever os atos; (c) avocar atribuições; (d) delegar
competências; e (e) fiscalizar os subordinados. A avocação ocorre quando o
agente superior assume uma competência originalmente atribuída ao seu
subordinado; já a delegação é o movimento contrário, ou seja, quando se
passa o exercício de uma atribuição ao subordinado. Lembrando que a
delegação pode ocorrer para um órgão ou agente não subordinado, mas nesse
caso não se fundamenta no poder hierárquico.
Gabarito: correto.

6. (Cespe - Procurador/PGE-BA/2014) Ao secretário estadual de finanças é


permitido delegar, por razões técnicas e econômicas e com fundamento no seu
poder hierárquico, parte de sua competência a presidente de empresa pública,
desde que o faça por meio de portaria.
Comentário: não existe hierarquia entre a administração direta e indireta. No
caso da questão, estamos falando de uma secretaria estadual de finanças
(administração direta) e de um presidente de uma empresa pública
(administração indireta). Logo, não podemos falar em poder hierárquico e, por
isso, o item está errado.
Gabarito: errado.

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7. (Cespe - Juiz/TJDFT/2014) Ao ato jurídico de atração, por parte de autoridade


pública, de competência atribuída a agente hierarquicamente inferior dá-se o nome
de
a) deliberação.
b) delegação.
c) avocação.
d) subsunção.
e) incorporação.
Comentário: questão muito simples. O ato jurídico de atração de competência
do subordinado é chamado de avocação (opção C). A delegação é a atribuição
da competência a terceiro. Os demais itens não possuem nenhuma relação
com o poder hierárquico.
Gabarito: alternativa C.

8. (Cespe – AJ/CNJ/2013) É possível que o agente administrativo avoque para a


sua esfera decisória a prática de ato de competência natural de outro agente de
mesma hierarquia, para evitar a ocorrência de decisões eventualmente
contraditórias.
Comentário: a avocação só ocorre na relação entre superior e subordinado,
ou seja, pressupõe a existência de relação de hierarquia entre os agentes
envolvidos. No caso da questão, como os agentes estão em mesmo nível, não
há relação hierárquica e, portanto, o item está errado. Por exemplo, não é
possível que um ministro de Estado avoque a competência de outro ministro,
pois eles estão no mesmo nível hierárquico.
Gabarito: errado.

9. (Cespe- ATA/MIN/2013) Considere que um servidor público, após regular


processo administrativo disciplinar, seja suspenso por decisão da autoridade
competente, por praticar irregularidades no exercício do cargo. Nessa situação, a
imposição pela administração pública da sanção ao servidor, independentemente
de decisão judicial, decorre do poder hierárquico.
Comentário: questão muito simples. Como já enfatizamos, a Prof. Maria Sylvia
Zanella Di Pietro considera que a competência para punir servidor por
infrações disciplinares se insere no poder hierárquico. Todavia, esse não é o
posicionamento dominante. A doutrina majoritária entende que a imposição
de sanção ao servidor que cometer infrações se insere na função disciplinar.
Portanto, a questão está errada.
Gabarito: errado.

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10. (Cespe - Escrivão/PC BA/2013) A relação de subordinação administrativa


decorre do poder hierárquico, segundo o qual o superior deve rever os atos do
subordinado, anulando-os quando ilegais ou revogando-os, por meio de ofício ou
de recurso hierárquico, quando inconvenientes ou inoportunos.
Comentário: o item aparentemente está perfeito. Isso porque o poder
hierárquico permite a revisão dos atos dos subordinados para anulá-los,
quando ilegais, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade.
O item, todavia, foi anulado. Segundo a banca: “Houve prejuízo do julgamento
objetivo do item, pois, onde se lê “por meio de ofício” deveria ler-se “de
ofício”. Dessa forma, opta-se pela anulação do item”.
Gabarito: anulado.

11. (Cespe - ATA/MJ/2013) Decorre da hierarquia administrativa o poder de dar


ordens aos subordinados, que implica o dever de obediência aos superiores,
mesmo para ordens consideradas manifestamente ilegais.
Comentário: realmente o poder de dar ordens aos subordinados, que implica
o dever de obediência decorre da hierarquia administrativa. Todavia, o
subordinado pode se recusar a cumprir ordens manifestamente ilegais.
Portanto, o item está errado.
Gabarito: errado.

12. (Cespe - Procurador/PGDF/2013) Se, fundamentado em razões técnicas, um


secretário estadual delegar parte de sua competência relacionada à gestão e à
execução de determinado programa social para entidade autárquica integrante da
administração pública estadual, tal procedimento caracterizará exemplo de
exercício do poder hierárquico mediante o instituto da descentralização.
Comentário: o item possui dois erros. Primeiro que não há relação de
hierarquia entre a administração direta e indireta, logo não há que se falar em
poder hierárquico. Em segundo lugar, a descentralização para as entidades
da administração indireta se efetiva por meio de lei. Portanto, não se confunde
com a delegação que, em regra, ocorre por meio de ato unilateral, admitindo
apenas algumas exceções em que ocorrerá por ato bilateral.
Gabarito: errado.

13. (Cespe – Agente Administrativo/PRF/2012) No âmbito interno da


administração direta do Poder Executivo, há manifestação do poder hierárquico
entre órgãos e agentes.

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Comentário: a questão tratou da manifestação clássica do poder hierárquico,


que se manifesta no âmbito interno da administração direta do Poder
Executivo. Para exercer a função administrativa, os órgãos e agentes do Poder
Executiva formam uma cadeia hierárquica que permite o cumprimento das
decisões do governo. Dessa forma, o item está correto.
Gabarito: correto.

14. (Cespe – Nível Intermediário/MPOG/2009) O poder hierárquico da


administração pública pode ser corretamente exemplificado na hipótese em que o
ministro de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão, no âmbito de suas
competências constitucionais e legais, aplica punição a servidor público federal com
relação a conduta administrativa específica, previamente estipulada pela legislação
de regência da disciplina funcional dessa categoria.
Comentário: essa é para não errar. A aplicação de punições aos servidores
públicos, em relação às suas condutas administrativas, se insere no exercício
do poder disciplinar. Assim, o item está errado.
Gabarito: errado.

Poder disciplinar

O poder disciplinar Ž o poder-dever de punir internamente as


infra•›es funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas ˆ disciplina
dos —rg‹os e servi•os da Administra•‹o.
N‹o podemos confundir Òpoder disciplinarÓ com poder punitivo do
Estado. Este œltimo pode se referir ˆ capacidade punitiva do Estado contra
os crimes e contraven•›es penais, sendo compet•ncia do Poder Judici‡rio;
ou, no direito administrativo, pode designar a capacidade punitiva da
Administra•‹o Pœblica que se expressa no poder disciplinar ou no poder de
pol’cia4.
Vale dizer, o poder punitivo, no ‰mbito administrativo, se manifesta
no poder disciplinar e no poder de pol’cia. Os poderes disciplinar e de pol’cia
distinguem-se por atuarem em campos distintos.

4
Alguns autores utilizam a expressão “poder punitivo do Estado” para se referir apenas ao exercício da
capacidade punitiva em decorrência de crimes e contravenções penais. Nesse caso, o poder punitivo é realizado
pelo Poder Judiciário e não pela Administração Pública. Adotamos, todavia, a designação de Lucas Rocha Furtado,
que utiliza a expressão para designar a capacidade punitiva tanto no Direito Penal quanto no Direito
Administrativo, que, neste último caso, apresenta-se no poder disciplinar e no poder de polícia (Furtado, 2012,
pp. 576-577).

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O poder de pol’cia se insere na esfera privada, permitindo que se


apliquem restri•›es ou condicionamentos nas atividades privadas. Assim, o
v’nculo entre a Administra•‹o e o particular Ž geral, ou seja, Ž o mesmo
que ocorre com toda a coletividade. Por exemplo, Ž o poder de pol’cia que
fundamenta a aplica•‹o de uma multa de tr‰nsito ao particular que cometa
infra•›es contra o C—digo de Tr‰nsito Brasileiro.
Por outro lado, o poder disciplinar permite a aplica•‹o de puni•›es
em decorr•ncia de infra•›es relacionadas com atividades exercidas no
‰mbito da pr—pria Administra•‹o Pœblica. Assim, o poder disciplinar se
aplica somente aos servidores pœblicos ou aos particulares que
estejam ligados por algum v’nculo jur’dico espec’fico ˆ
Administra•‹o, como uma empresa particular que tenha firmado algum
contrato administrativo.
Em resumo, o poder disciplinar possibilita que a Administra•‹o Pœblica:
a) puna internamente os seus servidores pelo cometimento de infra•›es;
b) puna os particulares que cometam infra•›es no ‰mbito de algum
v’nculo jur’dico espec’fico com a Administra•‹o (empresas contratadas
pela Administra•‹o Pœblica).
Como destacamos acima, o poder disciplinar se relaciona com o poder
hier‡rquico. Assim, muitas vezes, quando se aplica uma puni•‹o ao agente
pœblico, diz-se que a san•‹o decorre diretamente do poder disciplinar e
mediatamente do poder hier‡rquico. Contudo, existem deveres funcionais
dos servidores que n‹o se relacionam com o poder hier‡rquico, mas podem
ensejar a aplica•‹o de san•›es. Por exemplo, os servidores possuem o
dever de probidade, podendo ser punidos com demiss‹o se desrespeitarem
tal dever (Lei 8.112, art. 132, IV5).
O exerc’cio do poder disciplinar Ž em parte vinculado e em parte
discricion‡rio.
O agente pœblico tem o poder-dever de responsabilizar subordinado
que cometeu infra•‹o no exerc’cio do cargo ou, se n‹o for competente para
puni-lo, Ž obrigado a dar conhecimento do fato ˆ autoridade competente.
Caso n‹o o fa•a, estar‡ cometendo crime de condescend•ncia criminosa,
previsto no art. 320 do C—digo Penal, e tambŽm ato de improbidade
administrativa, conforme art. 11, II, da Lei 8.429/1992. Dessa forma, pode-
se dizer que Ž vinculada a compet•ncia para instaurar o procedimento

5
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: [...] IV - improbidade administrativa;

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administrativo para apurar a falta e, se comprovado o il’cito


administrativo, a autoridade Ž obrigada a responsabilizar o agente
faltoso.
Por outro lado, em regra, Ž discricion‡ria a compet•ncia para
tipifica•‹o da falta e para a escolha e grada•‹o da penalidade. A
tipifica•‹o se refere ao enquadramento da conduta do agente em algum
dispositivo legal. Isso porque, no direito administrativo, ao contr‡rio do que
ocorre no direito penal, n‹o h‡ uma tipifica•‹o exaustiva das infra•›es.
Existem diversas condutas que podem ser enquadradas em uma ou outra
infra•‹o. Ës vezes, o legislador se utiliza de express›es genŽricas, ou
conceitos jur’dicos indeterminados, para descrever alguma infra•‹o
administrativa.
Por exemplo, o art. 132, VI, da Lei 8.112/1990 prev• que a pena de
demiss‹o ser‡ aplicada no caso de Òinsubordina•‹o grave em servi•oÓ. O
que vem a ser insubordina•‹o ÒgraveÓ? Mesmo que se comprove a
insubordina•‹o, caber‡ ˆ autoridade competente enquadrar ou n‹o a
conduta do agente como grave. Eis porque, em regra, Ž discricion‡ria a
compet•ncia para a tipifica•‹o das faltas.
Da mesma forma, a discricionariedade se apresenta quando a lei prev•
um limite m‡ximo e m’nimo para a san•‹o. Por exemplo, a lei pode prever
a aplica•‹o de multa Òentre R$ 1.000,00 e R$ 10.000,00Ó. No caso concreto,
a autoridade dever‡ analisar os fatos e decidir, discricionariamente, qual o
valor adequado da multa.
Assim, a escolha da grada•‹o da multa Ž discricion‡ria, por se inserir
no mŽrito administrativo. Todavia, n‹o se pode confundir discricionariedade
com a arbitrariedade. Os exageros cometidos pelas autoridades
administrativas na aplica•‹o de san•›es podem ser invalidados pelo Poder
Judici‡rios, pois, nesses casos, n‹o estaremos diante de an‡lise de
conveni•ncia e oportunidade, mas sim de legalidade e legitimidade da
san•‹o.
Por fim, Ž importante tecer alguns coment‡rios sobre o direito de
defesa e a motiva•‹o dos atos de aplica•‹o de penalidades.
Antes da aplica•‹o de qualquer medida de car‡ter punitivo, deve a
autoridade competente proporcionar o contradit—rio e a ampla defesa
do interessado. No caso dos servidores pœblicos federais, por exemplo, a
Lei 8.112/1990 determina a Òautoridade que tiver ci•ncia de irregularidade
no servi•o pœblico Ž obrigada a promover a sua apura•‹o imediata,

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mediante sindic‰ncia ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao


acusado ampla defesaÓ (art. 143). Quanto ˆ aplica•‹o de san•›es aos
particulares que tenham firmado contratos administrativos com a
Administra•‹o Pœblica, o art. 87, ¤2¼, da Lei 8.666/1993 determina que
seja Òfacultada a defesa prŽvia do interessado, no respectivo processo, no
prazo de 5 (cinco) dias œteisÓ.
Finalmente, todo ato de aplica•‹o de penalidade deve ser motivado.
N‹o h‡ nenhuma exce•‹o dessa regra. Sempre que decidir punir alguŽm, a
autoridade administrativa deve expor os motivos da puni•‹o. A motiva•‹o
se destina a evidenciar a conforma•‹o da penalidade com a falta, sendo
pressuposto do direito de defesa do administrado.
Vamos resolver algumas quest›es sobre o poder disciplinar.

15. (Cespe - Oficial/PM-CE/2014) O poder disciplinar fundamenta tanto a


aplicação de sanções às pessoas que tenham vínculo com a administração, caso
dos servidores públicos, como às que, não estando sujeitas à disciplina interna da
administração, cometam infrações que atentem contra o interesse coletivo.
Comentário: o poder disciplinar possui dois destinatários: (a) os servidores
públicos; (b) os particulares que possuam algum vínculo jurídico específico
com a Administração, a exemplo dos contratos administrativos.
Caso o particular não esteja sujeito à disciplina interna da Administração, ou
seja, a infração não seja cometida dentro de um vínculo jurídico específico, a
competência para aplicar restrições ou condicionamentos decorrerá do poder
de polícia. Dessa forma, a questão está errada, pois as infrações contra o
interesse coletivo, mas que não estão sujeitas à disciplina interna da
Administração, decorrem do poder de polícia.
Gabarito: errado.

16. (Cespe – Agente Administrativo/DPRF/2014) O poder para a instauração de


processo administrativo disciplinar e aplicação da respectiva penalidade decorre do
poder de polícia da administração.
Comentário: processo administrativo disciplinar é o procedimento previsto na
Lei 8.112/1990 para apurar infrações cuja penalidade seja de demissão,
destituição, cassação ou superior aos 30 dias de suspensão. Dessa forma,

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como se trata de aplicação de penalidade ao servidor por infrações funcionais,


trata-se do poder disciplinar. Logo, a questão está errada.
Gabarito: errado.

17. (Cespe – Analista Judiciário/TJDFT/2013) A atribuição conferida a


autoridades administrativas com o objetivo de apurar e punir faltas funcionais, ou
seja, condutas contrárias à realização normal das atividades do órgão e
irregularidades de diversos tipos traduz-se, especificamente, no chamado poder
hierárquico.
Comentário: esse é um tipo de questão recorrente. Vimos vários itens com o
mesmo conteúdo, sendo vários aplicados entre 2013 e 2014. A competência
para apurar e punir faltas de natureza funcional se insere no poder disciplinar.
Portanto, o item está errado.
Gabarito: errado.

18. (Cespe - ATA/MJ/2013) O poder administrativo disciplinar consiste na


possibilidade de a administração pública aplicar punições aos agentes públicos e
aos particulares em geral que cometam infrações.
Comentário: o poder disciplinar não alcança os particulares em geral, mas
somente aqueles que possuam algum vínculo jurídico específico com a
Administração. Assim, a questão está errada.
Vale acrescentar que não basta o vínculo jurídico específico, é necessário
também que a infração tenha relação com este vínculo. Assim, se o motorista
de uma empresa particular, contratada pela Administração, levar uma multa
de trânsito com o veículo da empresa, a penalidade é decorrente do poder de
polícia, pois não há nenhuma relação entre o contrato e a infração de trânsito.
Gabarito: errado.

19. (Cespe - Administrador/MJ/2013) Considerando-se que o poder


administrativo disciplinar é discricionário, a administração tem a liberdade de
escolha entre punir e não punir a suposta infração cometida por servidor púbico.
Comentário: Hely Lopes Meirelles considera que o poder disciplinar é
discricionário, pois administrador possui liberdade de escolher a pena a ser
aplicada dentre as várias previstas em lei. Todavia, a discricionariedade se
resume à tipificação legal (enquadramento da conduta na lei) e na escolha da
pena entre as que estão previstas na lei.

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Porém, a autoridade tem o dever de instaurar o procedimento administrativo


para apurar a infração e, se comprovada, deverá aplicar a sanção. Logo, não
há liberdade para punir ou não punir, motivo pela qual a questão está errada.
Gabarito: errado.

20. (Cespe – Analista/Seger-ES/2013) Considere que, após o regular


procedimento administrativo específico, um servidor público, tenha sido suspenso
por ter praticado atos irregulares no exercício do cargo. A sanção a ele imposta
decorreu diretamente da prerrogativa da administração pública de exercer o poder
a) regulamentar.
b) vinculado.
c) hierárquico.
d) disciplinar.
e) discricionário.
Comentário: a aplicação de sanção ao servidor por prática de atos irregulares
no exercício de seu cargo decorre do poder disciplinar (letra D).
O poder regulamentar é a competência para editar decretos regulamentares
para a fiel execução de leis (vamos detalhar isso no próximo tópico). O poder
vinculado ocorre quando a lei não deixa margem de escolha ao agente
público, enquanto, no poder discricionário, há alguma liberdade (em particular
no motivo e no objeto do ato). Por fim, o poder hierárquico é aquele utilizado
para distribuir e escalonar as funções dos órgãos administrativos, ordenar e
rever a atuação dos seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação
entre os servidores.
Gabarito: alternativa D.

21. (Cespe – Analista Judiciário/TJ-AL/2012) Assinale a opção correta com


relação aos poderes hierárquico e disciplinar e suas manifestações.
a) As delegações administrativas emanam do poder hierárquico, não podendo, por
isso, ser recusadas pelo subordinado, que pode, contudo, subdelegá-las livremente
a seu próprio subordinado.
b) Toda punição disciplinar por delito funcional acarreta condenação criminal.
c) No âmbito do Poder Legislativo, o poder hierárquico manifesta-se mediante a
distribuição de competências entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
d) O poder disciplinar da administração pública autoriza-lhe a apurar infrações e a
aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina
administrativa, assim como aos invasores de terras públicas.

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e) A aplicação de pena disciplinar tem, para o superior hierárquico, o caráter de um


poder-dever, uma vez que a condescendência na punição é considerada crime
contra a administração pública.
Comentário: o superior hierárquico possui o poder-dever de aplicar a pena
disciplinar ao subordinado que cometer alguma falta. Se não o fizer, estará
cometendo o crime de condescendência administrativa, previsto no art. 320
do Código Penal. Dessa forma, a opção E está correta. Vamos analisar
os erros das demais opções.
a) Errada: o item começa correto, pois as delegações decorrem do poder
hierárquico. Porém, parte da doutrina defende que somente é possível a
subdelegação com expressa autorização da autoridade delegante. Por esse
motivo, a alternativa foi dada como0 incorreta. Entretanto, no âmbito federal, o
Decreto 83.937/79 dispõe que o ato de delegação pressupõe a autorização
para subdelegação. Dessa forma, se fosse aplicada no âmbito federal, a
questão estaria correta.
b) Errada: nem todo delito funcional é também um delito penal. O Código Penal
apresenta exemplos muito mais restritos de condutas enquadradas como
crime. Por exemplo, se um servidor chegar atrasado meia hora, de forma
injustificada, mas que não acarrete maiores prejuízos, estará cometendo uma
infração administrativa, porém não é um caso de punição na esfera penal.
Claro que outra situação seria se este servidor fosse um médico e sua falta
injustificada tivesse gerado a morte de um paciente. De qualquer forma, na
maior parte das vezes, os delitos funcionais não geram punição criminal.
c) Errada: não há subordinação entre a Câmara dos Deputados e o Senado
Federal. Assim, não se pode falar em controle hierárquico. Lembramos que o
poder hierárquico não se manifesta no exercício da função típica do Poder
Legislativo e do Poder Judiciário.
d) Errada: os invasores de terras públicas não possuem nenhum vínculo com
a Administração, logo a punição desses infratores não se insere no poder
discricionário. Essa situação, na verdade, será disciplinada pela legislação
civil e penal, conforme o caso.
Gabarito: alternativa E.

22. (Cespe – Agente Administrativo/PRF/2012) Suponha que um particular


vinculado à administração pública por meio de um contrato descumpra as
obrigações contratuais que assumiu. Nesse caso, a administração pode, no
exercício do poder disciplinar, punir o particular.

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Comentário: nesse caso, como estamos diante de uma relação de vínculo


específico, é possível aplicar a penalidade com base no poder disciplinar.
Logo, o item está correto.
Alguns alunos podem contestar o “pode”, uma vez que a aplicação de punição
é um poder-dever. Todavia, o Cespe não costuma considerar este tipo de
questão como errada. O “pode”, para a banca, é utilizado no sentido de
empoderamento, ou seja, de capacidade para realizar alguma coisa. Somente
nos casos em que essa diferenciação é muito clara, ou seja, quando for o
centro da questão é que devemos considerar um item assim como errado.
Gabarito: correto.

23. (Cespe – Agente Administrativo/DPRF/2012) Ao aplicar penalidade a servidor


público, em processo administrativo, o Estado exerce seu poder regulamentar.
Comentário: muito simples. A aplicação de penalidade ao servidor, em
processo administrativo, decorre do poder disciplinar.
Gabarito: errado.

24. (Cespe - Inspetor/PC-CE/2012) O ato de aplicação de penalidade


administrativa deve ser sempre motivado.
Comentário: a doutrina entende como indispensável a motivação dos atos de
aplicação de penalidade administrativa. Por conseguinte, o item está correto.
Salienta-se que, no caso específico dos servidores públicos federais, a Lei
8.112/1990 determina expressamente a motivação:
Art. 128. Na aplica•‹o das penalidades ser‹o consideradas a natureza e
a gravidade da infra•‹o cometida, os danos que dela provierem para o
servi•o pœblico, as circunst‰ncias agravantes ou atenuantes e os
antecedentes funcionais.
Par‡grafo œnico. O ato de imposi•‹o da penalidade mencionar‡
sempre o fundamento legal e a causa da san•‹o disciplinar. (grifos
nossos)
Gabarito: correto.

25. (Cespe – Técnico/IBAMA/2012) Mesmo estando no exercício do poder


disciplinar, a autoridade competente não pode impor penalidade administrativa ao
agente público sem o devido processo administrativo.
Comentário: não se pode aplicar sanção sem realizar procedimento
administrativo competente para apurar os fatos e conceder o direito ao
contraditório e à ampla defesa do servidor. Assim, o item está correto.

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Gabarito: correto.

Poder regulamentar

Apesar de se falar normalmente em Òpoder regulamentarÓ, a


doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro disp›e que Ž melhor se falar em
Òpoder normativoÓ, j‡ que aquele n‹o esgota toda a compet•ncia normativa
da Administra•‹o Pœblica, sendo apenas uma de suas formas de express‹o.
Assim, o poder regulamentar Ž apenas uma das formas de
manifesta•‹o do poder normativo.
O poder regulamentar Ž o poder conferido ao chefe do Poder
Executivo (presidente, governadores e prefeitos), para a edi•‹o de normas
complementares ˆ lei, permitindo a sua fiel execu•‹o. Essas Ònormas
complementares ˆ leiÓ s‹o atos administrativos normativos, que, quando
editados pelo chefe do Poder Executivo, revestem-se na forma de decreto.
Portanto, o poder regulamentar ocorre, em regra, pela edi•‹o de
decretos e regulamentos que se destinam ˆ fiel execu•‹o das leis. A
compet•ncia para o exerc’cio do poder regulamentar est‡ prevista no art.
84, IV, da CF6, sendo atribui•‹o privativa do Presidente da Repœblica. Vale
dizer que se trata de compet•ncia indeleg‡vel, ou seja, o Presidente da
Repœblica n‹o pode deleg‡-la aos ministros de Estado ou outras
autoridades. Com efeito, em decorr•ncia do princ’pio da simetria, esse
poder se aplica aos demais chefes do Poder Executivo (governadores e
prefeitos).
Neste momento, Ž importante informar que os atos normativos
dividem-se em prim‡rios e secund‡rios. Os atos normativos prim‡rios
encontram fundamento direto na Constitui•‹o e, por conseguinte, podem
inovar na ordem jur’dica. Em regra, esse tipo de ato Ž formalizado por
meio de lei, mas admite outras espŽcies como as medidas provis—rias. A
caracter’stica fundamental do ato normativo prim‡rio Ž que eles possuem
capacidade para inovar na ordem jur’dica, ou seja, eles podem criar deveres
e obriga•›es novas.
Assim, a edi•‹o de emendas ˆ constitui•‹o, de leis, de medidas
provis—rias e outros atos normativas prim‡rios n‹o se insere no poder

6
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...] IV - sancionar, promulgar e fazer
publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; (grifos nossos)

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regulamentar. Destacamos, porŽm, que existe uma exce•‹o de ato


normativo prim‡rio editado no ‰mbito desse poder, conforme iremos
discutir logo mais.
Os atos normativos secund‡rios, por sua vez, encontram
fundamento nos atos normativos prim‡rios e, por conseguinte, est‹o
delimitados por estes. Dessa forma, os atos normativos secund‡rios n‹o
podem inovar na ordem jur’dica. Vale dizer, os atos secund‡rios possuem
car‡ter infralegal e, portanto, est‹o subordinados aos limites da lei.
Por meio do poder regulamentar o chefe do Poder Executivo expede
atos normativos secund‡rios, destinados a dar fiel execu•‹o ˆs leis.
Como dito acima, este poder se reveste da forma de decreto.
Nesse contexto, podemos comentar que existem dois tipos de decretos
ou regulamentos. O primeiro deles Ž o decreto executivo (ou decreto
regulamentar), que Ž aquele previsto no art. 84, IV, utilizado para dar fiel
execu•‹o ˆs leis.
Todavia, a Emenda Constitucional 32/2001 realizou importantes
modifica•›es nas compet•ncias do chefe do Poder Executivo. A partir da
promulga•‹o dessa Emenda o nosso ordenamento jur’dico os chamados
decretos aut™nomos, que s‹o decretos que n‹o se destinam a
regulamentar determinada lei. Os decretos aut™nomos tratam de matŽrias
n‹o disciplinadas em lei, inserindo-se nas restritas hip—teses do art. 84, VI,
da CF:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repœblica: [...]
VI Ð dispor, mediante decreto, sobre:
a) organiza•‹o e funcionamento da administra•‹o federal, quando n‹o
implicar aumento de despesa nem cria•‹o ou extin•‹o de —rg‹os pœblicos;
b) extin•‹o de fun•›es ou cargos pœblicos, quando vagos;
ƒ importante notar que os casos s‹o bem limitados. Na al’nea ÒaÓ, a
expedi•‹o do decreto aut™nomo s— pode ocorrer quando, simultaneamente:
(a) n‹o implicar aumento de despesa; e (b) n‹o criar nem extinguir
—rg‹os pœblicos. Dessa forma, a cria•‹o ou extin•‹o de —rg‹os pœblicos
depende, ainda, de lei. Da mesma forma, as altera•›es sobre a organiza•‹o
e o funcionamento, caso impliquem em aumento de despesas, tambŽm
depender‹o de lei.
Por fim, na hip—tese da al’nea ÒbÓ, a limita•‹o Ž que os cargos ou
fun•›es devem estar vagos.

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Vamos fazer algumas observa•›es sobre os


decretos aut™nomos:

® n‹o se trata de uma autoriza•‹o genŽrica para edi•‹o de


regulamentos aut™nomos, pois s— se aplica nos casos das al’neas ÒaÓ
e ÒbÓ do inc. VI, art. 84, da Constitui•‹o Federal.
® por decorrerem diretamente da Constitui•‹o Federal, essas s‹o
hip—teses restritas de decretos como atos normativos prim‡rios;
® essas matŽrias s‹o de compet•ncia privativa do Presidente da
Repœblica e, portanto, se submetem ao princ’pio da reserva
administrativa. Portanto, o Poder Legislativo n‹o possui compet•ncia
para disciplinar esses casos;
® se aplica a todos os chefes do Poder Executivo (presidente,
governadores e prefeitos).
® por determina•‹o do art. 84, par‡grafo œnico, da CF, a atribui•‹o de
dispor sobre essas matŽrias pode ser delegada a outras
autoridades, como os ministros de Estado e o Advogado-Geral da
Uni‹o.

Encerrando o assunto sobre os decretos aut™nomos, Ž importante


mencionar que, na verdade, somente a compet•ncia prevista al’nea ÒaÓ do
art. 84, VI, da CF, se refere ˆ edi•‹o de ato normativo. Isso porque o
conteœdo da al’nea ÒbÓ do mesmo inciso Ž um t’pico ato de efeitos
concretos. Isso porque a compet•ncia se limita a extinguir os cargos ou
fun•›es, quando vagos, mas n‹o h‡ nenhum ato normativo (geral e
abstrato). Nesse sentido s‹o os ensinamentos da Prof. Maria Sylvia Zanella
Di Pietro7:
Quanto ˆ al’nea b, n‹o se trata de fun•‹o regulamentar, mas de t’pico ato
de efeitos concretos, porque a compet•ncia do Presidente da Repœblica se
limitar‡ a extinguir cargos ou fun•›es, quando vagos, e n‹o a estabelecer
normas sobre a matŽria.
Com a altera•‹o do dispositivo constitucional, fica restabelecida, de forma
muito limitada, o regulamento aut™nomo no direito brasileiro, para a
hip—tese espec’fica inserida na al’nea a.

A edi•‹o de decretos regulamentares para a fiel execu•‹o n‹o se


aplicado a todas as leis. A doutrina ensina que somente as leis

7
Di Pietro, 2014, pp. 93-94.

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administrativas, ou seja, aquelas que devem ser executadas pela


Administra•‹o, Ž que demandam regulamenta•‹o. Dessa forma, as demais
leis (processuais, trabalhistas, civis, etc.) s‹o aplic‡veis
independentemente de qualquer regulamenta•‹o.
Com efeito, a regulamenta•‹o de lei administrativo pode ocorrer
quando h‡ ou n‹o determina•‹o expressa para sua regulamenta•‹o. Por
exemplo, pode constar na lei uma determina•‹o do tipo: Òo Presidente da
Repœblica dever‡ regulamentar, por decreto, o conteœdo dessa leiÓ.
Todavia, ainda que n‹o consta tal determina•‹o, Ž poss’vel que o chefe do
Poder Executivo exer•a o seu poder regulamentar, pois essa atribui•‹o vem
diretamente da Constitui•‹o Federal (art. 84, IV).
Nesse contexto, uma coisa que causa diverg•ncia na doutrina Ž se as
leis administrativas s‹o exequ’veis antes de sua regulamenta•‹o. Para n‹o
aprofundarmos demais o assunto, vamos acatar o posicionamento de Hely
Lopes Meirelles, que entende que as leis que contenham recomenda•‹o de
serem regulamentadas n‹o s‹o exequ’veis antes da expedi•‹o do decreto
regulamentar. Dessa forma, o decreto opera como condi•‹o suspensiva da
execu•‹o da norma legal, sendo que seus efeitos ficam pendentes atŽ a
edi•‹o do ato normativo do Executivo.
ƒ importante frisar, tambŽm, que Ž compet•ncia do Congresso
Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar (CF, art. 49, V). Cita-se, como
exemplo, as recentes discuss›es do Congresso Nacional sobre a
possibilidade de susta•‹o do Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que
trata da Pol’tica Nacional de Participa•‹o Social - PNPS e do Sistema
Nacional de Participa•‹o Social Ð SNPS (vulgo ÒDecreto dos Conselhos
PopularesÓ. Atualmente, est‡ em discuss‹o o Projeto de Decreto Legislativo
1491/148, que tem por objetivo sustar o mencionado decreto do Poder
Executivo.
Ap—s essas observa•›es, podemos resolver mais algumas quest›es.

8
Disponível em: PDC 1491/2014.

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26. (Cespe – Agente Administrativo/Suframa/2014) Poder regulamentar é o


poder que a administração possui de editar leis, medidas provisórias, decretos e
demais atos normativos para disciplinar a atividade dos particulares.
Comentário: as leis e medidas provisórias são atos normativos primários, pois
encontram respaldo diretamente no texto constitucional. Dessa forma, a
elaboração desses atos não faz parte do poder normativo. Logo, a questão
está errada.
Gabarito: errado.

27. (Cespe - Procurador/TC-DF/2013) Segundo jurisprudência do STJ, no direito


brasileiro admite-se o regulamento autônomo, de modo que podem os chefes de
Poder Executivo expedir decretos autônomos sobre matérias de sua competência
ainda não disciplinadas por lei.
Comentário: a questão foi muito genérica ao dizer que o chefe do Poder
Executivo pode expedir decretos autônomos “sobre matérias de sua
competência”, pois são apenas as matérias específicas previstas no art. 84,
VI, da CF. Nesse sentido, vejamos dois precedentes do STJ:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.
MANDADO DE SEGURAN‚A. TRANSPORTE RODOVIçRIO
INTERESTADUAL DE PASSAGEIROS. EXECU‚ÌO DO SERVI‚O SEM
AUTORIZA‚ÌO. FISCALIZA‚ÌO. COMPETæNCIA. POLêCIA RODOVIçRIA
FEDERAL. AUTUA‚ÌO. APREENSÌO DO VEêCULO (ïNIBUS) E LIBERA‚ÌO
CONDICIONADA AO PAGAMENTO DA MULTA E DESPESAS DE
TRANSBORDO (DECRETO 2.521/98, ART. 85). ILEGALIDADE. LEIS
8.987/95 E 10.233/2001. PODER REGULAMENTAR. LIMITES. DOUTRINA.
PRECEDENTE. DESPROVIMENTO.
[...]
2. No regime constitucional vigente, o Poder Executivo n‹o pode
editar regulamentos aut™nomos ou independentes Ð atos
destinados a prover situa•›es n‹o-predefinidas na lei Ð, mas, t‹o-
somente, os regulamentos de execu•‹o, destinados a explicitar o
modo de execu•‹o da lei regulamentada (CF/88, art. 84, IV).
(REsp 751.398/MG, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, Primeira Turma,
julgado em 05/09/2006, DJ 05/10/2006, p. 251)9. (grifos nossos)
------------
ADMINISTRATIVO. IMPORTA‚ÌO DE BEBIDAS ALCîOLICAS. PORTARIA
N¼ 113Ú99, DO MINISTƒRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO.
IMPOSI‚ÌO DE OBRIGA‚ÌO NÌO PREVISTA EM LEI. AFRONTA AO
PRINCêPIO DA LEGALIDADE.
1. O ato administrativo, no Estado Democr‡tico de Direito, est‡
subordinado ao princ’pio da legalidade (CFÚ88, arts. 5¼, II, 37, caput, 84,
IV), o que equivale assentar que a Administra•‹o s— pode atuar de acordo
com o que a lei determina. Desta sorte, ao expedir um ato que tem por

9
Disponível em: REsp 751.398/MG.

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finalidade regulamentar a lei (decreto, regulamento, instru•‹o, portaria,


etc.), n‹o pode a Administra•‹o inovar na ordem jur’dica, impondo
obriga•›es ou limita•›es a direitos de terceiros.
[...]
4. Deveras, a imposi•‹o de requisito para importa•‹o de bebidas
alc—olicas n‹o pode ser inaugurada por Portaria, por isso que, muito
embora seja ato administrativo de car‡ter normativo, subordina-
se ao ordenamento jur’dico hierarquicamente superior, in casu, ˆ
lei e ˆ Constitui•‹o Federal, n‹o sendo admiss’vel que o poder
regulamentar extrapole seus limites, ensejando a edi•‹o dos
chamados "regulamentos aut™nomos", vedados em nosso
ordenamento jur’dico, a n‹o ser pela exce•‹o do art. 84, VI, da
Constitui•‹o Federal. (grifos nossos)
(REsp 584.798/PE, Rel. Ministro LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em
04/11/2004, DJ 06/12/2004)10. (grifos nossos)
Dessa forma, não se admite, de forma genérica, a expedição dos decretos
autônomos, motivo pelo qual a questão está errada.
Gabarito: errado.

28. (Cespe – Técnico Judiciário/TRT 10/2013) Toda lei, para sua execução,
depende de regulamentação, que consiste em um ato administrativo geral e
normativo expedido pelo chefe do Poder Executivo.
Comentário: o item está errado, pois nem toda lei depende de regulamentação.
A doutrina majoritária adota o posicionamento de que somente as leis
administrativas, isto é, aqueles que dependem de atuação da Administração
Pública para serem colocadas em prática é que dependem de regulamentação.
As demais leis (civis, penais, trabalhistas), em regra, não necessitam de
regulamentação.
Gabarito: errado.

29. (Cespe – AJ/TRT-10/2013) Encontra-se dentro do poder regulamentar do


presidente da República a edição de decreto autônomo para a criação de autarquia
prestadora de serviço público.
Comentário: a criação de autarquia ocorre por meio de lei. Dessa forma, não
é possível criar uma autarquia por decreto autônomo do presidente da
República. Ademais, os casos de decreto autônomo são apenas os previstos
no art. 84, VI, da Constituição Federal:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repœblica: [...]
VI Ð dispor, mediante decreto, sobre:

10
Disponível em: REsp 584.798/PE.

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a) organiza•‹o e funcionamento da administra•‹o federal, quando n‹o


implicar aumento de despesa nem cria•‹o ou extin•‹o de —rg‹os
pœblicos;
b) extin•‹o de fun•›es ou cargos pœblicos, quando vagos;
Portanto, a questão está errada.
Gabarito: errado.

30. (Cespe – Escrivão/PC-BA/2013) Em razão do poder regulamentar da


administração pública, é possível estabelecer normas relativas ao cumprimento de
leis e criar direitos, obrigações, proibições e medidas punitivas.
Comentário: a criação de direitos, obrigações, proibições e medidas punitivas
deve ocorrer por meio de ato normativo primário, em regra, por meio de lei.
Dessa forma, não se admite esse tipo de inovação jurídica por meio do poder
regulamentar. Portanto, o item está errado.
Gabarito: errado.

31. (Cespe - AUFC/AGO/TCU/2013) Se, ao editar um decreto de natureza


regulamentar, a Presidência da República invadir a esfera de competência do Poder
Legislativo, este poderá sustar o decreto presidencial sob a justificativa de que o
decreto extrapolou os limites do poder de regulamentação.
Comentário: de acordo com a CF, art. 49, V, compete ao Congresso Nacional
sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar. Dessa forma, se o Presidente da República invadir a
competência do Poder Legislativo, este poder poderá sustar o decreto que
extrapolou os limites do poder de regulamentação. Perfeito, portanto, o item.
Gabarito: correto.

32. (Cespe - Escrivão/PC BA/2013) Por ser ato geral e abstrato, a expedição do
regimento interno de determinado órgão público, cuja finalidade é a regularização
da funcionalidade do órgão, decorre do poder hierárquico.
Comentário: trouxe essa questão para enriquecer o nosso conhecimento
sobre o tema. Segundo a Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro é consequência
do poder hierárquico a competência para11:
[...] editar atos normativos (resolu•›es, portarias, instru•›es), com o
objetivo de ordenar a atua•‹o dos —rg‹os subordinados; trata-se de atos
normativos de efeitos apenas internos e, por isso mesmo, inconfund’veis
com os regulamentos; s‹o apenas e t‹o somente decorrentes da rela•‹o
hier‡rquica, raz‹o pela qual n‹o obrigam pessoas a ela estranhas;

11
Di Pietro, 2014, p. 97.

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Na mesma linha, Hely Lopes Meirelles ensina que12:


Enquanto os regulamentos externos emanam do poder regulamentar, os
regimentos prov•m do poder hier‡rquico do Executivo, ou da capacidade
de auto-organiza•‹o interna das compet•ncias legislativas e judici‡rias,
raz‹o pela qual s— se dirigem aos que se acham sujeitos ˆ disciplina do
—rg‹o que os expediu.
Acontece que o gabarito preliminar considerou a questão como errada e, após
os recursos, o item foi anulado. Segundo a banca: “Por haver divergência
doutrinária no que tange ao assunto abordado no item, opta-se pela anulação
do item”.
Gabarito: anulado.

Poder de polícia

Introdução e conceito

De todos os poderes administrativos, o que merece maior aten•‹o Ž o


poder de pol’cia, pois se trata de uma atividade fim da administra•‹o, de
elevada import‰ncia para a preserva•‹o do interesse pœblico.
A defini•‹o legal do poder de pol’cia encontra-se no C—digo Tribut‡rio
Nacional, nos seguintes termos:
Art. 78. Considera-se poder de pol’cia atividade da administra•‹o pœblica
que, limitando ou disciplinando direito, inter•sse ou liberdade, regula a
pr‡tica de ato ou absten•‹o de fato, em raz‹o de int•resse pœblico
concernente ˆ seguran•a, ˆ higiene, ˆ ordem, aos costumes, ˆ disciplina da
produ•‹o e do mercado, ao exerc’cio de atividades econ™micas
dependentes de concess‹o ou autoriza•‹o do Poder Pœblico, ˆ tranqŸilidade
pœblica ou ao respeito ˆ propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Par‡grafo œnico. Considera-se regular o exerc’cio do poder de pol’cia
quando desempenhado pelo —rg‹o competente nos limites da lei aplic‡vel,
com observ‰ncia do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei
tenha como discricion‡ria, sem abuso ou desvio de poder.

Para Hely Lopes Meirelles, o poder de pol’cia Ž Òa faculdade de que


disp›e a Administra•‹o Pœblica para condicionar e restringir o uso e gozo
de bens, atividades, e direitos individuais, em benef’cio da coletividade ou
do pr—prio EstadoÓ13 (grifos nossos).
O conceito apresentado acima abrange apenas o sentido estrito do
poder de pol’cia, isto Ž, aquele que se insere no ‰mbito da fun•‹o
administrativa. PorŽm, alguns doutrinadores apresentam um conceito

12
Meirelles, 2013, p. 192.
13
Meirelles, 2013, p. 139.

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amplo, abarcando os condicionamentos e restri•›es de direitos individuais


realizados no meio administrativo e legislativo. Dessa forma, vamos dar
uma olhada nos ensinamentos da Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro14:
O poder de pol’cia reparte-se entre Legislativo e Executivo. Tomando-se
como pressuposto o princ’pio da legalidade, que impede ˆ Administra•‹o
impor obriga•›es sen‹o em virtude de lei, Ž evidente que, quando se diz
que o poder de pol’cia Ž a faculdade de limitar o exerc’cio de direitos
individuais, est‡-se pressupondo que essa limita•‹o seja prevista em lei.
O poder legislativo, no exerc’cio do poder de pol’cia que incumbe ao
Estado, cria, por lei, as chamadas limita•›es administrativas ao
exerc’cio das liberdades pœblicas.
A Administra•‹o Pœblica, no exerc’cio da parcela que lhe Ž outorgada do
mesmo poder, regulamenta as leis e controla a sua aplica•‹o,
preventivamente (por meio de ordens, notifica•›es, licen•as ou
autoriza•›es) ou repressivamente (mediante imposi•‹o de medidas
coercitivas).

Feita essa observa•‹o, passaremos a analisar o poder de pol’cia sob o


aspecto estrito, ou seja, aquele que se desenvolve no ‰mbito da
Administra•‹o Pœblica. Conforme o conceito da Prof. Di Pietro, o poder de
pol’cia abrange: (a) regulamenta•‹o de leis; (b) controle preventivo
(ordens, notifica•›es, licen•as ou autoriza•›es); e (c) controle repressivo
(imposi•‹o de medidas coercitivas).
Com efeito, a aplica•‹o de restri•›es deve ocorrer sempre nos limites
previstos em lei, mediante adequada motiva•‹o e respeitando o devido
processo legal.
O exerc’cio do poder de pol’cia abrange qualquer ‡rea de interesse
coletivo, como a seguran•a pœblica, a ordem pœblica, higiene, saœde
pœblica, meio-ambiente, urbanismo, tr‰nsito e outras.
Ademais, o fundamento do poder de pol’cia est‡ no predom’nio do
interesse pœblico sobre o particular, que coloca a Administra•‹o em posi•‹o
de hegemonia perante os administrados. Trata-se de uma supremacia geral
da Administra•‹o, que alcan•a indistintamente todos os cidad‹os que est‹o
sob o impŽrio das leis administrativos.

O poder de pol’cia administrativa se norteia


no princ’pio da supremacia do interesse
pœblico sobre o privado.

Nesse contexto, conforme j‡ abordamos no t—pico sobre o poder


disciplinar, o exerc’cio do poder de pol’cia pressup›e um v’nculo genŽrico

14
Di Pietro, 2014, p. 124.

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com os particulares. Este v’nculo alcan•a todos os cidad‹os indistintamente.


Trata-se, pois, de um v’nculo autom‡tico decorrente do mero fato de a
pessoa se encontrar em um territ—rio espec’fico. Portanto, a aplica•‹o de
penalidades contra as pessoas sem qualquer v’nculo espec’fico com a
Administra•‹o decorre do poder de pol’cia.
AlŽm disso, devemos frisar que o poder de pol’cia pode ser exercido
em todas as esferas de governo (Uni‹o, estados, Distrito Federal e
munic’pios). Assim, a compet•ncia para disciplinar cada matŽria vem
prevista na Constitui•‹o Federal, com base no princ’pio da
predomin‰ncia do interesse. Dessa forma, os assuntos de interesse
nacional est‹o sujeitos ˆ regulamenta•‹o e ao policiamento da Uni‹o; as
matŽrias de interesse regional sujeitam-se ˆs normas e ˆ pol’cia estadual;
por fim, os assuntos de interesse local se subordinam aos regulamentos e
policiamento administrativo municipal.
Nessa esteira, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo apresentam os
seguintes exemplos15:
a) a regulamenta•‹o dos mercados de t’tulos e valores mobili‡rios,
assunto de interesse nacional, compete ˆ Uni‹o; a ela cabe, portanto,
a respectiva fiscaliza•‹o, exercida pela Comiss‹o de Valores Mobili‡rios
(CVM);
b) a edi•‹o de normas pertinentes ˆ preven•‹o de inc•ndios compete ˆ
esfera estadual; assim, o poder de pol’cia relativo ao cumprimento
dessas normas ser‡ realizado pelos estados-membros, por meio, entre
outros, da expedi•‹o de alvar‡s, da realiza•‹o de inspe•›es e vistorias,
da interdi•‹o de edifica•›es ou de estabelecimentos comerciais que se
encontram em situa•‹o irregular;
c) a compet•ncia para o planejamento e o controle do uso e ocupa•‹o do
solo urbano Ž dos munic’pios (interesse local); a estes cabe, portanto,
o exerc’cio das atividades de pol’cia relacionadas ˆ concess‹o de
licen•as para edifica•‹o, localiza•‹o e funcionamento de
estabelecimentos industriais e comerciais; assim como ˆ aplica•‹o de
san•›es pelo descumprimento de normas edital’cias, etc.
Finalmente, Ž importante notar que a Constitui•‹o Federal atribuiu ao
Distrito Federal as compet•ncias dos estados e dos munic’pios (CF, art. 32,
¤1¼).

15
Alexandrino e Paulo, 2011, p. 236.

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Sobre a distribui•‹o de compet•ncias no


exerc’cio do poder de pol’cia, s‹o interessantes
as sœmulas 19 do STJ e 38 (vinculante) do STF.
A primeira disp›e que compete ˆ Uni‹o a compet•ncia para regular o
hor‡rio de funcionamento banc‡rio, enquanto a segunda estabelece
como compet•ncia dos munic’pios fixar o hor‡rio de funcionamento dos
estabelecimentos comerciais.
Sœmula 19-STJ: ÒA fixa•‹o do hor‡rio banc‡rio, para atendimento
ao pœblico, Ž da compet•ncia da Uni‹oÓ.
Sœmula Vinculante 38-STF: Òƒ competente o munic’pio para fixar o
hor‡rio de funcionamento de estabelecimento comercialÓ.

Polícia administrativa e polícia judiciária

A pol’cia administrativa n‹o se confunde com o exerc’cio da pol’cia


judici‡ria. Ambas se inserem no exerc’cio da fun•‹o administrativa,
contudo aquela trata dos bens, direitos e atividades que ser‹o restritas
ou condicionadas em prol do interesse coletivo; enquanto esta insurge
sobre as pessoas envolvidas no cometimento de il’citos penais.
Nesse contexto, a pol’cia administrativa apura e pune, quando for o
caso, os il’citos administrativos (infra•‹o de normas de tr‰nsito,
descumprimento de requisitos para construir, etc.), ao passo que a pol’cia
judici‡ria apura os il’citos penais (crimes e contraven•›es penais).
AlŽm disso, a pol’cia administrativa exaure-se em si mesma, ou seja,
a atividade de pol’cia administrativa inicia-se e encerra-se no ‰mbito da
fun•‹o administrativa. Por outro lado, a pol’cia judici‡ria realiza atividades
preparat—rias para o processo jurisdicional penal; ou seja, a despeito de a
atividade da pol’cia judici‡ria ocorrer no ‰mbito da fun•‹o administrativa, a
sua conclus‹o ocorrer‡ em um processo jurisdicional.
Com efeito, a pol’cia judici‡ria Ž realizada por —rg‹os de seguran•a
(pol’cias civil ou militar), enquanto a pol’cia administrativa Ž realizada por
diversos —rg‹os administrativas com compet•ncias fiscalizat—rias,
envolvendo toda a Administra•‹o Pœblica de direito pœblico (prefeituras,
na emiss‹o de alvar‡s; entidades de fiscaliza•‹o de profiss‹o; —rg‹os de
fiscaliza•‹o de tr‰nsito, etc.).
Outra diferen•a relevante Ž que a pol’cia administrativa realiza uma
atividade predominantemente preventiva, com buscar a evitar a

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ocorr•ncia de comportamentos nocivos ˆ coletividade. Por outro lado, a


pol’cia judici‡ria atua predominantemente de forma repressiva, uma vez
que tem por objeto apurar a ocorr•ncia dos il’citos penais. Essa, no entanto,
n‹o Ž uma caracter’stica absoluta. Existem v‡rias atividades de pol’cia
administrativa repressiva (exemplo: interdi•‹o de estabelecimento;
apreens‹o e destrui•‹o de mercadorias); ao mesmo tempo que tambŽm
existe atividade de pol’cia judici‡ria preventiva (exemplo: monitoramento
de atividades).

Polícia Administrativa Judiciária


Atua sobre... Bens, direitos e atividades Indivíduos
Tipo de Administrativa Penal (crimes e contrav.)
ilícito/sanção
Quem realiza Órgãos e entidades da Adm. Órgão de segurança (polícias civil
Pública de direito público e militar)
Natureza Preventiva Repressiva
predominante

Objeto e finalidade do poder de polícia

Segundo Hely Lopes Meirelles, o objeto do poder de pol’cia


administrativa Ž Òtodo bem, direito ou atividade individual que possa afetar
a coletividade ou p™r em risco a seguran•a nacional, exigindo, por isso
mesmo, regulamenta•‹o, controle e conten•‹o pelo poder pœblicoÓ.
Dessa forma, qualquer conduta de um indiv’duo ou empresa que possa
ter repercuss›es prejudiciais ˆ comunidade ou ao Estado, sujeita-se ao
poder de pol’cia, uma vez que ninguŽm pode adquirir direito contra o
interesse pœblico.
Por conseguinte, a finalidade do poder de pol’cia Ž a prote•‹o do
interesse pœblico em sentido amplo.

Atos por meio dos quais se expressa o poder de polícia

Fernanda Marinela classifica o poder de pol’cia como preventivo,


repressivo e fiscalizador.

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No exerc’cio do poder de pol’cia administrativa preventiva,


encontram-se os atos normativos, a exemplo dos regulamentos e
portarias. S‹o disposi•›es genŽricas e abstratas que delimitam a atividade
privada e o interesse do particular, em raz‹o do interesse coletivo. Por
exemplo, um decreto federal que disponha sobre a utiliza•‹o de produtos
controlados, como os fogos de artif’cios e os explosivos em geral.
AlŽm disso, ainda no meio preventivo, a Administra•‹o exige que o
particular possua alvar‡s que comprovem que ele atendeu aos requisitos
ou condi•›es para a pr‡tica da atividade ou para o uso da propriedade que
Ž objeto de fiscaliza•‹o. Os alvar‡s dividem-se em licen•as e
autoriza•›es.
A licen•a Ž o ato administrativo vinculado e unilateral pelo qual a
Administra•‹o faculta ao particular que preencha os requisitos legais o
exerc’cio de uma atividade. As licen•as, portanto, dizem respeito aos
direitos individuais, como, por exemplo, o exerc’cio de uma profiss‹o, ou a
constru•‹o de um edif’cio em terreno de propriedade do particular.
J‡ a autoriza•‹o, no exerc’cio do poder de pol’cia, Ž um ato
administrativo pelo qual a Administra•‹o Pœblica possibilita ao particular a
realiza•‹o de uma atividade privada com predominante interesse deste, ou
a utiliza•‹o de um bem pœblico. Nesse caso, o particular possui o interesse,
mas n‹o o direito subjetivo. Por isso mesmo que a autoriza•‹o Ž ato
discricion‡rio, pois pode ser negado, e prec‡rio, uma vez que permite a
revoga•‹o a qualquer momento.
Com efeito, a pol’cia administrativa repressiva se apresenta na
pr‡tica de atos espec’ficos subordinados ˆ lei e aos regulamentos.
S‹o exemplos a apreens‹o de mercadorias, o fechamento de
estabelecimentos comerciais que descumpram normas de seguran•a, o
guinchamento de ve’culo que obstrua via pœblica, etc.
Por fim, a fun•‹o fiscalizadora do poder de pol’cia tem o objetivo de
prevenir eventuais les›es aos administrados, a exemplo da fiscaliza•‹o de
pesos e medidas, das condi•›es de higiene dos estabelecimentos
comerciais, da vistoria de ve’culos automotores como condi•‹o de
renova•‹o de documenta•‹o, a fiscaliza•‹o da atividade de ca•a, etc.

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Ciclo ou fases de polícia

A doutrina e a jurisprud•ncia nacionais consagraram a express‹o ciclo


de pol’cia para descrever as atividades que envolvem a atividade de
pol’cia, quais sejam:
§ legisla•‹o ou ordem de pol’cia;
§ consentimento de pol’cia;
§ fiscaliza•‹o de pol’cia;
§ san•‹o de pol’cia.
A legisla•‹o ou ordem de pol’cia representa a edi•‹o de normas que
condicionam ou restringem direitos. ƒ nessa fase que as restri•›es ou
limita•›es s‹o criadas e disciplinadas. Com efeito, qualquer restri•‹o ou
condicionamento depende de previs‹o legal, em respeito ao princ’pio da
legalidade, contudo posteriormente poder‹o ser regulamentadas por atos
normativos infralegais.
O consentimento de pol’cia, por outro lado, corresponde ˆ anu•ncia
prŽvia da Administra•‹o, que possibilita ao particular exercer a atividade
privada, aplicando-se aos casos em que a ordem de pol’cia exige prŽvia
controle do poder pœblico para o uso do bem ou exerc’cio de determinada
atividade. Ademais, a anu•ncia ocorre por meio das licen•as e autoriza•›es.
Ressalta-se, porŽm, que nem sempre o ato de consentimento estar‡
presente no ciclo de pol’cia, mas apenas quando h‡ necessidade de prŽvio
controle do Estado. ƒ o caso, por exemplo, do uso da propriedade, que
dever‡ cumprir a sua fun•‹o social. O propriet‡rio n‹o depende de um
prŽvio consentimento de que a sua propriedade cumpre a fun•‹o social,
mas poder‡ sofrer a fiscaliza•‹o do Estado, posteriormente.
A fiscaliza•‹o de pol’cia, por sua vez, ocorre quando se fiscaliza o
cumprimento das normas constantes na ordem de pol’cia ou dos requisitos
previstos no consentimento. Por exemplo: a fiscaliza•‹o do cumprimento
das regras de tr‰nsito como requisito para a perman•ncia do direito de
dirigir.
Por fim, a san•‹o de pol’cia ocorre quando s‹o impostas coer•›es ao
infrator das ordens de pol’cia ou dos requisitos previstos no consentimento.
Nesse contexto, o pr—prio STJ j‡ exemplificou a ocorr•ncia dessas fases
do ciclo de pol’cia, utilizando um caso do C—digo de Tr‰nsito Brasileiro Ð
CTB: Òo CTB estabelece normas genŽricas e abstratas para a obten•‹o da

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Carteira Nacional de Habilita•‹o (legisla•‹o); a emiss‹o da carteira


corporifica a vontade o Poder Pœblico (consentimento); a Administra•‹o
instala equipamentos eletr™nicos para verificar se h‡ respeito ˆ velocidade
estabelecida em lei (fiscaliza•‹o); e tambŽm a Administra•‹o sanciona
aquele que n‹o guarda observ‰ncia ao CTB (san•‹o)Ó16.

Poder de polícia originário e poder de polícia delegado

O poder de pol’cia pode ser classificado em origin‡rio e delegado ou


outorgado.
O poder de pol’cia origin‡rio Ž aquele desempenhado diretamente pelas
entidades pol’ticas (Uni‹o, estados, Distrito Federal e munic’pios), por
intermŽdio de seus —rg‹os administrativos. Em termos mais simples, o
poder de pol’cia origin‡rio Ž aquele exercido pela Administra•‹o Pœblica
direta.
Por outro lado, o poder de pol’cia delegado ou outorgado Ž aquele
desempenhado pelas entidades da Administra•‹o Pœblica indireta, que
receberam tal compet•ncia por meio de outorga legal. Nesse caso, a
entidade pol’cia procede a descentraliza•‹o por outorga, criando uma
entidade administrativa para o desempenho de atividade de pol’cia.
Cumpre observar que, em linhas gerais, tal descentraliza•‹o deve
ocorrer para as entidades administrativas de direito pœblico (autarquias e
funda•›es aut‡rquicas), uma vez que a atividade de impŽrio somente pode
ser realizada por pessoas jur’dicas de direito pœblico. Veremos adiante,
todavia, que o STJ admite a delega•‹o de parte do poder de pol’cia ˆs
pessoas jur’dicas de direito privado integrantes do Estado.
S‹o exemplos do exerc’cio do poder de pol’cia origin‡rio a fiscaliza•‹o
da importa•‹o de produtos perigosos realizada pelo ExŽrcito e o
deferimento de um alvar‡ de constru•‹o por uma prefeitura municipal. Por
outro lado, s‹o exemplos do exerc’cio do poder de pol’cia delegado a
fiscaliza•‹o de atividade profissional realizada pelos conselhos de
fiscaliza•‹o (exceto a OAB) e as atividades desempenhadas pela Comiss‹o
de Valores Mobili‡rios Ð CVM.

16
STJ, REsp 817534/MG, Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 10/11/2009.

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Delegação do poder de polícia

Um dos assuntos que mais causa discuss‹o trata da possibilidade de


se delegar o poder de pol’cia. H‡ muita discuss‹o na doutrina e na
jurisprud•ncia e, em alguns casos, o tema n‹o Ž pac’fico.
O poder de pol’cia, em linhas gerais, envolve o desempenho do poder
de impŽrio do Estado e, como tal, somente poderia ser desempenhado por
entidades de direito pœblico (administra•‹o direta, autarquias e funda•›es
pœblicas de direito pœblico). Dessa forma, n‹o h‡ dœvidas de que Ž poss’vel
delegar o exerc’cio do poder de pol’cia para autarquias e funda•›es
aut‡rquicas.
No entanto, a discuss‹o torna-se relevante em rela•‹o ˆ delega•‹o do
poder de pol’cia para entidades da Administra•‹o Pœblica que possuem
personalidade de direito privado, isto Ž, empresas pœblicas, sociedades
de economia mista e funda•›es pœblicas de direito privado.
A doutrina majorit‡ria entende que n‹o Ž poss’vel delegar o exerc’cio
do poder de pol’cia ˆs pessoas jur’dicas de direito privado, mesmo que
integrantes da Administra•‹o Pœblica. Parte da doutrina, contudo, entende
ser poss’vel tal delega•‹o, desde que por intermŽdio de lei. Por fim, uma
terceira corrente entende que Ž poss’vel delegar parte das atividades do
ciclo de pol’cia, especialmente a fiscaliza•‹o.
No ‰mbito da jurisprud•ncia do STJ, entende-se que Ž poss’vel delegar
ˆs entidades administrativas de direito privado as atividades de
consentimento e de fiscaliza•‹o. Por outro lado, as atividades de ordem de
pol’cia e de san•‹o n‹o podem ser delegadas a pessoas jur’dicas de direito
privado. Por exemplo: uma sociedade de economia mista poderia
encarregar-se da expedi•‹o de uma carteira de habilita•‹o (consentimento)
e tambŽm da fiscaliza•‹o do cumprimento dos limites de velocidade em
equipamentos de tr‰nsito (fiscaliza•‹o); mas n‹o poderia criar normas de
pol’cia (legisla•‹o) nem lavrar o auto de infra•‹o e aplicar as multas
(san•‹o).17
No ‰mbito do STF, entretanto, vigora o entendimento de Ž indeleg‡vel
o exerc’cio do poder de pol’cia a pessoas jur’dicas de direito privado,
integrantes da Administra•‹o ou n‹o.18 No entanto, o STF entende que Ž
poss’vel a delega•‹o de atividades materiais, preparat—rias ou sucessivas

17
STJ, REsp 817534/MG, Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 10/11/2009.
18
ADI 1.717/DF.

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da atua•‹o dos entes pœblicos. ƒ poss’vel, por exemplo, a delega•‹o de


compet•ncias para instalar equipamentos de fiscaliza•‹o de velocidade
(atividade preparat—ria) ou para demolir uma obra (atividade material
sucessiva do poder de pol’cia).
Por fim, h‡ consenso de que n‹o Ž poss’vel delegar o poder de
pol’cia para particulares. Nesse caso, aplica-se o entendimento do STF,
que se pode delegar apenas atividades matŽrias e preparat—rias (por
exemplo: realiza•‹o de demoli•›es, instala•‹o e operacionaliza•‹o de
equipamentos de raio-X em aeroportos, etc.).

® Delegação para entidades administrativas de direito público (autarquias e


fundações públicas): é possível.
® Delegação para entidades administrativas de direito privado (empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações de direito privado):
§ Doutrina majoritária: não pode;
§ STJ: pode, mas somente consentimento e fiscalização;
§ STF: não pode.
® Delegação para particulares: não pode. É possível delegar apenas atividades
materiais (ex.: demolição) e preparatórias (ex.: instalação de equipamentos).

Atributos do poder de polícia

Segundo Hely Lopes Meirelles, s‹o atributos do poder de pol’cia:


a) discricionariedade;
b) autoexecutoriedade; e
c) coercibilidade.
A discricionariedade deve ser analisada em linhas gerais, pois, em
casos espec’ficos o poder de pol’cia administrativa poder‡ se expressar de
forma vinculada. Assim, a discricionariedade se apresenta no momento da
escolha do que se deve fiscalizar e, no caso em concreto, na escolha de
uma san•‹o ou medida dentre diversas previstas em lei. Por exemplo, a
norma pode facultar ˆ Administra•‹o apreender ou destruir um produto que
se encontre fora dos padr›es de seguran•a. Diante dessa situa•‹o, o agente

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pœblico dever‡ analisar a conveni•ncia e oportunidade e decidir entre uma


alternativa ou outra.
Existem situa•›es, porŽm, que o poder de pol’cia se tornar‡ vinculado.
Por exemplo, na concess‹o de licen•a para construir, estando presentes
todos os requisitos previstos em lei, o agente pœblico Ž obrigado a conceder
o a licen•a ao particular.
Segundo Hely Lopes Meirelles, a autoexecutoriedade Ž Òa faculdade
de a Administra•‹o decidir e executar diretamente sua decis‹o por seus
pr—prios meios, sem interven•‹o do Judici‡rioÓ.
Por vezes, a autoexecutoriedade Ž dividida em exigibilidade e
executoriedade. Pela exigibilidade a Administra•‹o se utiliza de meios
indiretos de coa•‹o, como a aplica•‹o de multas ou a impossibilidade de
licenciar um ve’culo enquanto n‹o pagas as multas de tr‰nsito. Por outro
lado, pela executoriedade a Administra•‹o compele materialmente o
administrado, utilizando-se de meios diretos de coa•‹o Ð por exemplo,
dissolu•‹o de uma reuni‹o, apreens‹o de mercadorias, interdi•‹o de uma
f‡brica.
Segundo a Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro a autoexecutoriedade
n‹o est‡ presente em todas as medidas de pol’cia. Para ser aplicada, Ž
necess‡rio que a lei a autorize expressamente, ou que se trate de
medida urgente. Conclui a autora, por fim, que a exigibilidade est‡
presente em todas as medidas de pol’cia, mas a executoriedade n‹o.
O œltimo atributo Ž a coercibilidade, que Ž a caracter’stica que torna
o ato obrigat—rio independentemente da vontade do administrado.
Praticamente n‹o h‡ diferen•a entre autoexecutoriedade e coercibilidade,
ao ponto de a Prof. Di Pietro afirmar que19:
A coercibilidade Ž indissoci‡vel da autoexecutoriedade. O ato de pol’cia s—
Ž autoexecut—rio porque dotado de for•a coercitiva. Ali‡s, a
autoexecutoriedade, tal como conceituamos, n‹o se distingue da
coercibilidade, definida por Hely Lopes Meirelles (2003:134) como Òa
imposi•‹o coativa das medidas adotadas pela Administra•‹o.

Por fim, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo ensinam que nem todos
os atos de pol’cia ostentam o atributo de autoexecutoriedade e
coercibilidade. Assim, os atos preventivos (como a obten•‹o de licen•as ou
autoriza•›es) e alguns atos repressivos (como a cobran•a de multa n‹o
paga espontaneamente) n‹o gozam a autoexecutoriedade e coercibilidade.

19
Di Pietro, 2014, p. 128.

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Vejamos algumas quest›es!

33. (Cespe – Agente Administrativo/Suframa/2014) Em decorrência do poder de


polícia, a administração pode condicionar ou restringir os direitos de terceiros, em
prol do interesse da coletividade.
Comentário: é exatamente essa a definição do poder de polícia. A
Administração condiciona ou restringe os direitos de terceiros, em prol do
interesse da coletividade.
Gabarito: correto.

34. (Cespe - Procurador/PGE-BA/2014) Constitui exemplo de poder de polícia a


interdição de restaurante pela autoridade administrativa de vigilância sanitária.
Comentário: a interdição de um restaurante é um exemplo típico do poder de
polícia administrativo. Nesse caso, trata-se de uma medida repressiva do
poder de polícia. Logo, a questão está correta.
Gabarito: correto.

35. (Cespe – Analista Judiciário/CNJ/2013) O objeto do poder de polícia


administrativa é todo bem, direito ou atividade individual que possa afetar a
coletividade ou pôr em risco a segurança nacional.
Comentário: é exatamente este o objetivo do poder de polícia administrativa
descrito por Hely Lopes Meirelles. Para o renomado autor o objetivo do poder
de polícia administrativa é “todo bem, direito ou atividade individual que
possa afetar a coletividade ou pôr em risco a segurança nacional, exigindo,
por isso mesmo, regulamentação, controle e contenção pelo poder público”.
Gabarito: correto.

36. (Cespe – Analista Judiciário/TJDFT/2013) No que se refere ao exercício do


poder de polícia, denomina-se exigibilidade a prerrogativa da administração de
praticar atos e colocá-los em imediata execução, sem depender de prévia
manifestação judicial.
Comentário: a autoexecutoriedade é a faculdade de decidir e executar
diretamente uma decisão pelos próprios meios da Administração, sem
necessidade de recorrer ao Poder Judiciário. A autoexecutoriedade divide-se
em exigibilidade (meios indiretos de coação) e executoriedade (meios diretos,
materiais, de coação). Nesse caso, a questão estaria correta se substituirmos

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a palavra “exigibilidade” por “autoexecutoriedade” ou por “executoriedade”.


Portanto, a questão está errada.
Gabarito: errado.

37. (Cespe - AUFC/TCU/AGO/2013) As licenças são atos vinculados por meio dos
quais a administração pública, no exercício do poder de polícia, confere ao
interessado consentimento para o desempenho de certa atividade que só pode ser
exercida de forma legítima mediante tal consentimento.
Comentário: as licenças são atos vinculados que permitem o consentimento
para o desempenho de certa atividade. Nesse caso, a Administração
reconhece que o particular cumpriu os requisitos legais e permite que ele
realize a atividade que é de seu direito. Um bom exemplo é a licença para o
exercício de atividade profissional.
Gabarito: correto.

USO E ABUSO DE PODER

O princ’pio da supremacia do interesse pœblico justifica o exerc’cio dos


poderes administrativos na estrita medida em que sejam necess‡rios
ao atingimento dos fins pœblicos.
Dessa forma, o exerc’cio ileg’timo das prerrogativas previstas no
ordenamento jur’dico ˆ Administra•‹o Pœblica se caracteriza, de forma
genŽrica, como abuso de poder.
Segundo Fernanda Marinela,
O abuso de poder Ž o fen™meno que se verifica sempre que uma autoridade
ou um agente pœblico pratica um ato, ultrapassando os limites de suas
atribui•›es ou compet•ncias, ou se desvia das finalidades administrativas
definidas pela lei. Alerte-se que o administrador sujeita-se aos par‰metros
legais, o que significa que a conduta abusiva n‹o merece ser acolhida no
mundo jur’dico, devendo ser corrigida, seja pela pr—pria Administra•‹o
Pœblica, seja pelo Poder Judici‡rio.
Complementa ainda a autora que o reconhecimento do abuso de poder
pode se expressar tanto na conduta comissiva (no fazer) quanto na conduta
omissiva (deixar de fazer). Portanto, em qualquer uma dessas situa•›es o
ato Ž arbitr‡rio, il’cito e nulo, retirando-se a legitimidade da conduta do
agente pœblico, colocando-o na ilegalidade e, atŽ mesmo, no crime de abuso
de autoridade, conforme o caso.
O abuso de poder desdobra-se em duas categorias:

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a) excesso de poder: quando o agente pœblico atua fora dos limites


de sua esfera de compet•ncia;
b) desvio de poder (desvio de finalidade): quando o agente atua
dentro de sua esfera de compet•ncia, porŽm de forma contr‡ria ˆ
finalidade expl’cita ou impl’cita na lei que determinou ou autorizou
o ato. Nesse caso, ser‡ desvio de poder a tanto conduta contr‡ria ˆ
finalidade geral (interesse pœblico, finalidade mediata) quanto ˆ
finalidade espec’fica (imediata).
Dessa forma, o excesso de poder se relaciona com o elemento da
compet•ncia; enquanto o desvio de poder se refere ao elemento da
finalidade.

38. (Cespe - TJDFT/2013) Considere que determinado agente público detentor de


competência para aplicar a penalidade de suspensão resolva impor, sem ter
atribuição para tanto, a penalidade de demissão, por entender que o fato praticado
se encaixaria em uma das hipóteses de demissão. Nesse caso, a conduta do
agente caracterizará abuso de poder, na modalidade denominada excesso de
poder.
Comentário: no caso em análise, o vício decorre da competência, ou seja, o
agente aplicou a penalidade sem possuir atribuição para isso. Por
conseguinte, a conduta se caracteriza como abuso de poder, na modalidade
de excesso de poder. Dessa forma, o item está correto.
Em síntese, o excesso de poder decorre da competência, enquanto o desvio
de poder da finalidade.
Gabarito: correto.

QUESTÕES MÚLTIPLA ESCOLHA

39. (Funiversa – Secretário/IF-AP/2016) Tício, servidor público federal, praticou


infração administrativa em decorrência de suas atribuições em cargo público e a
Administração Pública tomou conhecimento do fato. Considerando esse caso
hipotético e os poderes da Administração, assinale a alternativa correta.
a) A autoridade competente da Administração Pública, tomando conhecimento do fato,
pode, pessoalmente, escolher se vai punir ou não o agente infrator.

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b) No caso descrito, será utilizado o poder de polícia para aplicação das sanções
previstas em lei.
c) A autoridade administrativa competente não poderá, dentro dos limites legais,
definir a intensidade da penalidade a ser aplicada de acordo com a gravidade da
infração cometida.
d) A Administração Pública utilizará o poder disciplinar para aplicar sanções ao
servidor Tício.
e) Por se tratar de infração administrativa, não é garantido à Tício o direito de
contraditório e ampla defesa.
Comentário: o poder disciplinar é o poder-dever de punir internamente as
infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos
órgãos e serviços da Administração. Assim, tendo praticado infração
administrativa em decorrência das atribuições de seu cargo, Tício sofrerá as
sanções aplicadas pela autoridade competente, decorrente do poder disciplinar.
Gabarito: alternativa D.

40. (Funiversa – Assistente em Administração/IF-AP/2016) O Poder Público,


preenchidas todas as exigências legais, ao conceder a particular licença para
construção de imóvel (alvará), está no exercício do poder
a) vinculado.
b) discricionário.
c) de polícia.
d) da continuidade do serviço público.
e) normativo.
Comentário: no exercício do poder de polícia preventivo, a Administração exige
que o particular possua alvarás que comprovem que ele atendeu aos requisitos
ou condições para a prática da atividade ou para o uso da propriedade que é
objeto de fiscalização. A licença é o ato administrativo vinculado e unilateral
pelo qual a Administração faculta ao particular que preencha os requisitos
legais o exercício de uma atividade. Na concessão de licença para construir,
estando presentes todos os requisitos previstos em lei, o agente público é
obrigado a conceder o a licença ao particular.
Gabarito: alternativa C.

41. (Funiversa – Auxiliar de Administração/IF-AP/2016) Quando a Administração


pune infrações administrativas cometidas por particulares, como, por exemplo,
quando há descumprimento de um contrato administrativo assinado com o Poder
Público, tem-se a aplicação do poder
a) disciplinar.
b) hierárquico.
c) da continuidade do serviço público.

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d) normativo.
e) de polícia.
Comentário: vamos aproveitar a questão para relembrar os conceitos
relacionados a cada poder:
¥ poder disciplinar: Ž o poder-dever de punir internamente as
infra•›es funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas ˆ
disciplina dos —rg‹os e servi•os da Administra•‹o (alternativa A);
¥ poder hier‡rquico: Hely Lopes Meirelles define o poder hier‡rquico
como o poder Òde que disp›e o Executivo para distribuir e escalonar
as fun•›es de seus —rg‹os, ordenar e rever a atua•‹o de seus
agentes, estabelecendo a rela•‹o de subordina•‹o entre os
servidores do seu quadro de pessoalÓ. Nesse contexto, o poder
hier‡rquico tem por objetivo: dar ordens; rever atos; avocar
atribui•›es; delegar compet•ncias e fiscalizar. (alternativa B)
¥ poder normativo: a doutrina utiliza o termo poder normativo para
designar todas as formas de expedi•‹o de atos normativos
administrativos, a’ inclu’dos os decretos, as portarias, as instru•›es
normativas, etc. (alternativa D)
¥ poder de pol’cia: a faculdade de que disp›e a Administra•‹o Pœblica
para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades, e
direitos individuais, em benef’cio da coletividade ou do pr—prio
Estado (alternativa E);
Por fim, a continuidade do serviço público (alternativa C) é um princípio, e não
um poder administrativo.
Podemos perceber, portanto, que o enunciado se refere ao poder disciplinar da
administração, conforme alternativa A.
Gabarito: alternativa A.

42. (Funiversa - Ag SP/SAPeJUS-GO/2015) Considere que a Administração Pública


determinou a demolição de edificação erigida em área pública, cujo ocupante não
detinha autorização para a sua ocupação e construção. A situação narrada descreve
o exercício do poder
a) discricionário.
b) de polícia.
c) regulamentar.
d) hierárquico.
e) disciplinar.
Comentário: podemos aproveitar essa questão para relembrar cada um dos
poderes. Vamos lá?!
§ Discricionário: o agente público possui alguma margem de liberdade de
atuação. No caso em concreto, o agente poderá fazer o seu juízo de
conveniência e oportunidade e decidirá com base no mérito
administrativo;

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§ Polícia: faculdade de que dispõe a Administração Pública para
condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades, e direitos
individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado. Ele
abrange: (a) regulamentação de leis; (b) controle preventivo (ordens,
notificações, licenças ou autorizações); e (c) controle repressivo
(imposição de medidas coercitivas). Nesse último caso, se apresenta na
prática de atos específicos subordinados à lei e aos regulamentos. São
exemplos a apreensão de mercadorias, o fechamento de
estabelecimentos comerciais que descumpram normas de segurança, o
guinchamento de veículo que obstrua via pública, etc.;
§ Regulamentar: poder conferido ao chefe do Poder Executivo (presidente,
governadores e prefeitos), para a edição de normas complementares à lei,
permitindo a sua fiel execução;
§ Hierárquico: relação de subordinação existente entre os vários órgãos e
agentes administrativos, com a distribuição de funções e a gradação de
autoridade de cada um;
§ Disciplinar: poder-dever de punir internamente as infrações funcionais
dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e
serviços da Administração.
Sendo assim, após a análise de todos os poderes, é possível identificar que no
caso citado (a demolição de edificação erigida em área pública, cujo ocupante
não detinha autorização para a sua ocupação e construção) o poder em
exercício é o poder de polícia (alternativa B).
Gabarito: alternativa B.

Com relação aos poderes administrativos, julgue o item subsequente.


43. (Funiversa - Ag AP/SEGAD-DF/2015) Consoante a doutrina majoritária,
considera-se exercício do poder hierárquico a atividade do Estado que condiciona a
liberdade e a propriedade do indivíduo aos interesses coletivos.
Comentário: considera-se poder de polícia a atividade da administração pública
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática
de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
O poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar
as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes,

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estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de
pessoal.
Gabarito: errado.

Em relação aos atos e aos poderes administrativos, julgue o item seguinte.


44. (Funiversa - Ag AP/SEGAD-DF/2015) Conforme entendimento do STF, admite-
se a delegação de poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado.
Comentário: a doutrina majoritária entende que não é possível delegar o
exercício do poder de polícia às pessoas jurídicas de direito privado, mesmo
que integrantes da Administração Pública. Parte da doutrina, contudo, entende
ser possível tal delegação, desde que por intermédio de lei. Por fim, uma terceira
corrente entende que é possível delegar parte das atividades do ciclo de polícia,
especialmente a fiscalização.
No âmbito do STF, entretanto, vigora o entendimento de é indelegável o
exercício do poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado, integrantes
da Administração ou não.
Gabarito: errado.

45. (Funiversa - Ag SP/SAPeJUS-GO/2015) Acerca do uso e abuso do poder,


assinale a alternativa correta.
a) O agente que, embora dentro de sua competência, se afasta do interesse público
que deve nortear todo desempenho administrativo atua com excesso de poder.
b) A remoção, de ofício, de servidor para outra localidade, quando não há necessidade
de pessoal, mas apenas intenção de puni-lo, configura uso regular de poder
disciplinar.
c) Uso de poder é toda ação ou omissão que, violando dever ou proibição imposta ao
agente, propicia, contra ele, medidas disciplinares, civis e criminais.
d) O abuso de poder não constitui ato de improbidade administrativa.
e) É abuso de poder tanto o ato praticado na forma da lei, mas que pretende atingir
um objetivo diverso do previsto legalmente, quanto o ato praticado em desobediência
à previsão legal.
Comentário:
a) quando o agente atua dentro de sua esfera de competência, porém de forma
contrária à finalidade explícita ou implícita na lei que determinou ou autorizou o
ato, ele está atuando com abuso de poder (desvio de poder) – ERRADA;
b) de fato, é pelo poder disciplinar que a Administração pode punir os seus
servidores. Porém, o ato de remoção não é uma sanção, mas sim meio de
deslocamento de servidor de uma unidade para outra para readequar a força de
trabalho. Dessa forma, se adotado como sanção, o ato de remoção será
praticado de forma irregular – ERRADA;

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c) o uso de poder é a utilização normal, pelos agentes públicos, das
prerrogativas que a lei lhes confere. Em contrapartida, o abuso de poder ocorre
quando há o uso irregular desses poderes, seja por excesso de poder (atuar fora
de suas competências legais) ou desfio de poder (ou desvio de finalidade) –
ERRADA;
d) acabamos de ver que o abuso de poder desdobra-se em duas categorias:
§ excesso de poder: quando o agente público atua fora dos limites de sua
esfera de competência;
§ desvio de poder (desvio de finalidade): quando o agente atua dentro de
sua esfera de competência, porém de forma contrária à finalidade
explícita ou implícita na lei que determinou ou autorizou o ato. Nesse
caso, será desvio de poder tanto conduta contrária à finalidade geral
(interesse público, finalidade mediata) quanto à finalidade específica
(imediata).
Ademais, podemos ver no texto da Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade
Administrativa) que constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
instituições, e notadamente praticar ato visando fim proibido em lei ou
regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência (art. 11, I).
Isso quer dizer, que a atuação fora dos limites (ato proibido em lei) ou de forma
contrária à finalidade (fim diverso do previsto) configura ato de improbidade
administrativa – ERRADA;
e) respondida acima, não é mesmo? Seja por excesso ou desvio, ambas as
situações configuram o abuso de poder – CORRETA.
Gabarito: alternativa E.

A respeito da administração pública e do uso e abuso do poder, julgue o próximo item.


46. (Funiversa - Ag AP/SEGAD-DF/2015) O excesso de poder é uma das espécies
de abuso de poder e caracteriza-se pela atuação ultra vires do agente público.
Comentário: a expressão ultra vires significa além do conteúdo. Posto isso,
podemos ver a correção da assertiva, pois o excesso de poder é caracterizado
quando o agente público atua fora dos limites de sua esfera de competência.
Gabarito: correto.

A respeito da administração pública e do uso e abuso do poder, julgue o próximo item.

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47. (Funiversa - Ag AP/SEGAD-DF/2015) A remoção de servidor público com o
propósito de puni-lo pela prática de peculato contra a administração pública configura
abuso de poder na modalidade desvio de finalidade.
Comentário: perfeito. O cometimento de peculato pelo servidor enseja uma
punição, mas esse servidor deverá ter direito ao contraditório e ampla defesa,
em um processo administrativo instaurado pela Administração (e também em
processo penal, no âmbito Judicial).
Por outro lado, a remoção é meio de deslocamento do servidor, que tem por
objetivo readequar a força de trabalho nas diversas unidades administrativas. A
remoção não é medida punitiva, não podendo ser utilizada para punir servidor.
Nessa situação, ocorre o que se denomina desvio de finalidade, já que o ato de
remoção foi adotado com uma finalidade distinta da prevista em lei para este
ato.
Gabarito: correto.

48. (FCC – Auditor Fiscal da Receita Estadual/SEFAZ-MA/2016) O poder de


polícia caracteriza-se como atividade da Administração pública que impõe limites ao
exercício de direitos e liberdades, tendo em vista finalidades de interesse público.
Considere os atos ou contratos administrativos a seguir:
I. concessão de serviços públicos.
II. autorização para vendas de material de fogos de artifícios.
III. permissão de serviços públicos.
IV. concessão de licença ambiental para construção.

Caracterizam-se como manifestação do poder de polícia APENAS os constantes em


a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) II e IV.
e) I e III.
Comentário: segundo Hely Lopes Meirelles, o poder de polícia é “a faculdade de
que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo
de bens, atividades, e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do
próprio Estado”.
Assim, atos característicos do poder de polícia são aqueles em que o Estado
concede anuência aos particulares para desempenharem algum tipo de
atividade privada. Por exemplo, para poder dirigir, você precisa de uma licença
para dirigir (a carteira nacional de habilitação).

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Alguns exemplos de atos de polícia são, portanto, a autorização, a permissão e
a licença. As duas primeiras são discricionárias e precárias, diferenciando-se
pelo fato de a autorização ter o interesse do particular como predominante e
pela permissão ter o interesse público como preponderante. Já a licença é ato
vinculado em que o poder público permite que o particular exerça uma atividade
para o qual ele preencheu os requisitos legais (licença para dirigir, licença para
construir, etc.).
Não devemos confundir, entretanto, a permissão do poder de polícia (como ato
administrativo discricionário e precário) com a permissão de serviço público
(que atualmente é um contrato administrativo precário).
Além disso, a concessão de serviços públicos também não é um ato de polícia,
mas sim um contrato administrativo, precedido de licitação, para a prestação de
serviços públicos.
Logo, estão corretos os itens II (autorização para vendas de material de fogos
de artifícios – como uma atividade de fiscalização desse comércio pelo Estado)
e IV (licença ambiental – outra atividade de fiscalização do Estado). Note que o
avaliador colocou o termo “concessão de licença” para confundir o candidato,
mas o ponto central nesse item era a “licença ambiental”.
Portanto, os itens II e IV são atos de polícia, enquanto os itens I e III refletem
contratos de prestação de serviços públicos.
Gabarito: alternativa D.

49. (FCC – Auditor Fiscal da Receita Estadual/SEFAZ-MA/2016) O processo


disciplinar é derivado dos poderes:
a) hierárquico e disciplinar.
b) regulamentar e de polícia.
c) disciplinar e de polícia.
d) de polícia e hierárquico.
e) hierárquico e regulamentar.
Comentário: os poderes administrativos são prerrogativas dos agentes públicos
para exercerem a função administrativa em defesa do interesse público. O
processo disciplinar, por sua vez, é a forma de apurar os indícios de
cometimento de irregularidades e, se for o caso, conceder o direito de defesa e
impor as sanções administrativas cabíveis.
A possibilidade de instaurar o procedimento disciplinar decorre de dois poderes
administrativos:
(i) do poder hierárquico: uma vez que esse poder concede a competência à
autoridade para fiscalizar os seus subordinados, sendo que o procedimento
disciplinar é um dos meios de fiscalização;

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(ii) do poder disciplinar: já que o próprio conceito de poder disciplinar envolve
a capacidade de apurar e sancionar a ocorrência de faltas disciplinares às
pessoas sujeitas à disciplina interna da Administração (servidores públicos e
particulares com vínculo especial com o Poder Público).
Logo, o gabarito é a opção A.
O poder de polícia trata do condicionamento do uso de bens, atividades e
direitos individuais, em benefício da coletividade. No poder de polícia, é possível
apurar e punir as pessoas que não se submetem à disciplina interna do Poder
Público, ou seja, a população em geral. Portanto, o poder de polícia não
fundamenta o procedimento disciplinar, eis que este último (procedimento
disciplinar) se aplica apenas às pessoas sujeitas à disciplina interna da
Administração.
Já o poder regulamentar trata de prerrogativa do chefe do Executivo para
regulamentar as leis, dando-lhes fiel execução.
Gabarito: alternativa A.

50. (FCC – Técnico de Nível Superior/Prefeitura de Teresina-PI/2016) Os poderes


da Administração pública lhe foram atribuídos para possibilitar o exercício de suas
funções, que sempre devem ser norteadas em benefício da coletividade. Conferem,
portanto, prerrogativas à Administração pública, que não são ilimitadas. É exemplo
disso
a) o poder normativo conferido à Administração, por meio da edição de decreto
autônomo, que somente pode ter lugar sempre que houver lacunas ou ausência de
lei.
b) o poder hierárquico, que atribui dever de subordinação dos servidores aos seus
superiores, cabendo a estes a apuração de infrações e aplicação de penalidades
disciplinares.
c) o exercício do poder disciplinar, que se estende aos particulares e empresas
contratados pelo poder público para prestação de serviços em repartições públicas.
d) o exercício do poder de polícia, que pode limitar os direitos individuais com algum
grau de discricionariedade, mas sempre deve ter previsão legal.
e) o exercício do poder normativo-disciplinar, que se exterioriza na edição de normas
de conduta disciplinar, com elenco de infrações e sanções.
Comentário:
a) os decretos autônomos não são meios de suprir lacunas nem falta de leis.
Eles, na verdade, só podem ser adotados nos casos previstos na Constituição
Federal (art. 84, VI, “a” e “b”), ou seja, para dispor sobre “organização e
funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos” e “extinção de funções
ou cargos públicos, quando vagos” – ERRADA;

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b) a aplicação de penalidades decorre do poder disciplinar e não do poder
hierárquico – ERRADA;
c) o poder disciplinar alcança os servidores e os particulares sujeitos à
disciplina interna da Administração (exemplo: empresa que firma um contrato
administrativo). Quando não há vinculo especial, a aplicação de sanções a
particulares decorrerá do poder de polícia. Da forma como está na questão,
parece que todos os particulares se sujeitam ao poder disciplinar – ERRADA;
d) uma das características do poder de polícia é a discricionariedade (exemplos:
escolha do que será fiscalizado; escolha do valor de multas, dentro dos limites
legais, etc.). Logo, no exercício do poder de polícia, é possível restringir direitos
individuais, com algum grau de discricionariedade – CORRETA;
e) a definição de sanções depende sempre de previsão legal. Logo, não existe
poder “normativo-disciplinar”, já que normas infralegais não são hábeis para
criar sanções – ERRADA.
Gabarito: alternativa D.

51. (FCC – Analista Judiciário/TRT-23/2016) Considere:


I. A Administração pública não pode, no exercício do poder de polícia, utilizar-se de
meios diretos de coação, sob pena de afronta ao princípio da proporcionalidade.
II. O objeto da medida de polícia, isto é, o meio de ação, sofre limitações, mesmo
quando a lei lhe dá várias alternativas possíveis.
III. A impossibilidade de licenciamento de veículo enquanto não pagas as multas de
trânsito corresponde a exemplo da utilização de meios indiretos de coação,
absolutamente válido no exercício do poder de polícia.

Está correto o que consta em


a) I, II e III.
b) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) I, apenas.
e) II, apenas.
Comentário: o poder de polícia é atividade administrativa que consiste em
restringir ou condicionar o gozo de direitos, bens e atividades privadas em prol
do interesse coletivo. Com base nisso, vamos julgar os itens:
I – são atributos dos atos de polícia, em regra, a discricionariedade, a
autoexecutoriedade e a coercibilidade. A autoexecutoriedade é formada,
segundo parte da doutrina, pela exigibilidade e executoriedade. A primeira trata
da adoção de meios indiretos de coação, como a aplicação de uma multa; ao
passo que a executoriedade refere-se à adoção de medidas diretas de coação,
a exemplo do uso da força para apreender uma mercadoria ou interditar um

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estabelecimento. Logo, no exercício do poder de polícia, é sim possível adotar
medidas diretas de coação – ERRADA;
II – um dos atributos das medidas de polícia é a presença da discricionariedade.
Contudo, essa discricionariedade não é ilimitada. Em um primeiro momento, a
discricionariedade é limitada pela própria lei, que atribui uma medida máxima e
uma mínima para cada caso. Além disso, mesmo dentro da margem de liberdade
prevista em lei, a ação de polícia limita-se pelos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. Por exemplo, uma lei poderá fixar uma multa “entre R$ 1 mil
e R$ 10 mil”; porém, no caso concreto, o agente público deverá analisar os fatos,
não podendo aplicar uma multa máxima se a infração não for tão grave, sob
pena de ofender os parâmetros da razoabilidade e da proporcionalidade. Logo,
o objeto (conteúdo ou meio de ação) da medida de polícia encontra limitações,
mesmo quando se tratar de um ato discricionário – CORRETA;
III – conforme já mencionado, os atos de polícia possuem autoexecutoriedade,
permitindo o emprego de meios diretos ou indiretos de coação. Um exemplo
típico de meio indireto de coação é a impossibilidade de licenciar um veículo
com multas de trânsito não pagas. Com essa ação, a Administração não
“executa” a multa, mas tenta convencer a pessoa a pagar a multa, o que
representa um meio indireto de coação – CORRETA.
Dessa forma, os itens II e III estão corretos.
Gabarito: alternativa B.

52. (FCC – Analista Judiciário/TRT-23/2016) O exercício dos poderes inerentes à


função executiva e a regular atuação da Administração pública não estão dissociados
da influência dos princípios que regem a Administração pública em toda sua atuação.
Essa relação
a) expressa-se, no caso do poder de polícia, à submissão ao princípio da supremacia
do interesse público, que fundamenta a atuação da Administração pública quando não
houver fundamento legal para embasar as medidas de polícia.
b) de subordinação aos princípios da legalidade e da impessoalidade não afasta a
possibilidade da Administração pública adotar medidas administrativas de urgência ou
de firmar relações jurídicas diretamente com alguns administrados, sem submissão a
procedimento de seleção público, desde que haja previsão legal para tanto.
c) que impõe presunção de legitimidade e veracidade aos atos praticados pela
Administração pública não admite revisão administrativa, somente questionamento
judicial, cabendo ao administrado o ônus da prova em contrário.
d) existente entre o poder disciplinar e o princípio da legalidade informa o poder de
tutela exercido sobre os atos praticados pelos entes que integram a Administração
indireta, permitindo que a Administração central promova a revisão dos mesmos para
adequá-los à legalidade.

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e) que se forma entre o princípio da legalidade e o poder regulamentar autoriza a
edição de atos de natureza originária nas hipóteses de organização administrativa e,
nos demais casos, sempre que houver lacuna ou ausência de lei.
Comentário:
a) o poder de polícia realmente está fundamentado no princípio da supremacia
do interesse público, pois permite a aplicação de restrições e condicionamentos
às atividades individuais em prol do interesse coletivo. No entanto, as atividades
restritivas ou condicionantes de direitos devem estar embasadas na lei –
ERRADA.
b) a atuação administrativa está subordinada aos princípios da legalidade e da
impessoalidade. Isso, no entanto, não impede que, em casos de urgência, a
Administração adote medidas para defender o interesse público, a exemplo das
contratações temporárias para atender a necessidades temporárias de
excepcional interesse público (CF, art. 37, IX) ou dos casos de dispensa e
inexigibilidade de contratação, que podem ser realizados sem procedimento de
seleção20. Portanto, nesses casos, as relações jurídicas foram firmadas com os
administrados sem um processo específico de seleção (concurso público,
licitação pública) – CORRETA.
c) a presunção de legitimidade e de veracidade significa que os atos
administrativos presumem-se legítimos e verdadeiros até que se prova o
contrário. No entanto, essa prova da ilegalidade poderá surgir mediante controle
administrativo (de ofício ou por provocação) ou controle judicial (somente por
provocação) – ERRADA.
d) o controle exercido pela Administração direta sobre a indireta é denominado
tutela. No entanto, esse controle não decorre do “poder disciplinar”, mas sim da
própria tutela ou ainda dos princípios da legalidade e da especialidade. Além
disso, observa-se que o controle do ente central sobre as entidades
administrativas é um controle limitado, já que somente ocorrerá nos casos
previstos em lei – ERRADA.
e) o poder regulamentar surge pela edição de atos normativos complementares
à lei. De fato, o chefe do Poder Executivo até poderá editar normas primárias,
dispondo mediante decreto sobre parte dos assuntos da organização
administrativa, quais sejam (CF, art. 84, VI): (i) organização e funcionamento da
administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação
ou extinção de órgãos públicos; (ii) extinção de funções ou cargos públicos,
quando vagos.

20
As contratações temporárias, em regra, devem ser precedidas de um processo de seleção, que não se confunde
com o concurso público. Porém, em casos de urgência, a contratação poderá ocorrer diretamente, sem a
realização da seleção pública.

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Porém, nas demais hipóteses de organização administrativa, as alterações não
ocorrerão no âmbito do poder regulamentar, pois não poderão ser realizadas
por meio de decreto.
Só que o principal erro está na parte final, já que o poder regulamentar não serve
para suprir falta de lei, mas sim para dar fiel execução a uma lei já editada –
ERRADA
Gabarito: alternativa B.

53. (FCC – Analista Judiciário/TRE-RR/2015) Claudio, fiscal do Procon de Roraima,


ao receber denúncia anônima acerca de irregularidades em restaurante, comparece
ao local e apreende gêneros alimentícios impróprios para o consumo, por estarem
deteriorados. A postura adotada concerne a uma das características do poder de
polícia, qual seja,
a) discricionariedade.
b) inexigibilidade.
c) consensualidade.
d) normatividade.
e) autoexecutoriedade.
Comentário: são características (atributos) do poder de polícia a
discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade.
A discricionariedade significa que o agente público possui certa margem de
liberdade no exercício do poder de polícia, como na definição do que será
fiscalizado e na fixação de sanções, dentro dos limites da lei. Ressalta-se que
nem todo ato de polícia é discricionário (exemplo: as licenças são atos de polícia
vinculados).
A autoexecutoriedade significa que a Administração poderá decidir e executar
diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem intervenção do
Judiciário. A apreensão e a destruição de mercadorias irregulares ou estragadas
são exemplos de atividades autoexecutórias por parte da Administração. Assim
como ocorre com a discricionariedade, nem todos os atos de polícia são
autoexecutórios (exemplo: a cobrança de multas não quitadas depende, em
regra, de manifestação do Judiciário).
Por fim, coercibilidade significa que o ato se tornará obrigatório
independentemente da vontade do administrado (exemplo: a interdição de um
estabelecimento ocorrerá independente de concordância do particular – o
máximo que ele poderá fazer é interpor recursos ou ações judiciais para afastar
a interdição). Novamente, nem todo ato de polícia terá coercibilidade (exemplo:
a concessão de licença não é coercitiva, já que depende de prévia requisição do
beneficiário).

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Pelo que vimos, a apreensão de gêneros alimentícios impróprios para o
consumo, por estarem deteriorados, é exemplo de manifestação da
autoexecutoriedade (letra E).
Gabarito: alternativa E.

54. (FCC – Técnico Judiciário/TRE-RR/2015) A edição de atos normativos de


efeitos internos, com o objetivo de ordenar a atuação dos órgãos subordinados
decorre do poder
a) regulamentar.
b) hierárquico.
c) de polícia.
d) normativo.
e) disciplinar.
Comentário: a hierarquia é a relação de subordinação existente entre os vários
órgãos e agentes administrativos, com a distribuição de funções e a gradação
de autoridade de cada um. Com esse foco, poder hierárquico “é o de que dispõe
o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e
rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre
os servidores do seu quadro de pessoal”.
Uma das consequências do poder hierárquico é a possibilidade de a autoridade
estabelecer os denominados atos ordinatórios, que são atos internos que
veiculam determinações concernentes ao adequado desempenho das funções
dos subordinados.
O que poderia causar bastante confusão é que a questão trata da edição de
“atos normativos de efeitos internos”, o que também abrangeria o exercício do
poder normativo. Todavia, a questão se direciona muito para os atos
ordinatórios, cujo principal fundamento é o poder hierárquico, já que os atos
são de efeitos internos, direcionados especificamente para ordenar a atuação
dos órgãos subordinados. Logo, a “melhor resposta” é o poder hierárquico
(letra B).
Fique atento para uma futura questão no mesmo estilo!
Gabarito: alternativa B.

55. (FCC – Juiz do Trabalho Substituto/TRT-6/2015) Na lição de Hely Lopes


Meirelles, os poderes administrativos nascem com a Administração e se apresentam
diversificados segundo as exigências do serviço público, o interesse da coletividade e
os objetivos a que se dirigem. Esclarece o renomado administrativista que,
diferentemente dos poderes políticos, que são estruturais e orgânicos, os poderes
administrativos são instrumentais. Uma adequada correlação entre o poder
administrativo citado e sua utilização pela Administração é:

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a) o poder disciplinar possibilita às autoridades administrativas a práticas de atos
restritivos de direitos individuais dos cidadãos, nos limites previstos em lei.
b) o poder normativo autoriza a Administração a estabelecer condutas e as
correspondentes punições aos servidores públicos, para ordenar a atuação
administrativa.
c) o poder de polícia comporta atos preventivos e repressivos, exercidos pela
Administração para condicionar ou restringir atividades ou direitos individuais, no
interesse da coletividade.
d) o poder regulamentar atribuído, pela Constituição Federal, ao Chefe do Executivo,
o autoriza a editar normas autônomas em relação a toda e qualquer matéria de
organização administrativa e complementares à lei em relação às demais matérias.
e) o poder hierárquico autoriza a aplicação de penalidades aos servidores públicos e
demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa em razão de vínculo contratual
estabelecido com a Administração.
Comentário:
a) a prática de atos restritivos de direitos dos cidadãos, dentro dos limites da
lei, ocorre no exercício do poder de polícia – ERRADA;
b) o poder normativo serve para estabelecer atos gerais e abstratos em nível
infralegal, em geral em complemente à legislação. Contudo, o estabelecimento
de infrações e punições é matéria reservada à lei, de tal forma que não pode
ocorrer no exercício do poder normativo – ERRADA;
c) no poder de polícia, a Administração condiciona ou restringe atividades ou
direito individuais para preservar o interesse da coletividade. Tais medidas
podem ocorrer mediante atos preventivos (concessão de anuências, como as
licenças) ou por atos repressivos (apreensões, aplicações de multas, etc.) –
CORRETA;
d) o poder regulamentar, de fato, é atribuído ao Chefe do Executivo. Porém,
serve para estabelecer normas para dar fiel execução às leis, os denominados
decretos regulamentares. Também pode, excepcionalmente, se utilizar dos
denominados decretos autônomos para:
VI Ð dispor, mediante decreto, sobre:
a) organiza•‹o e funcionamento da administra•‹o federal, quando n‹o
implicar aumento de despesa nem cria•‹o ou extin•‹o de —rg‹os pœblicos;
b) extin•‹o de fun•›es ou cargos pœblicos, quando vagos;
Aqui, teríamos dois problemas. Primeiro que não necessariamente o exercício
de tal atribuição representaria o poder regulamentar, até porque a medida da
letra “b” possui efeitos concretos, não constituindo qualquer ato normativo,
enquanto a conduta da letra “a” encontra base na própria Constituição Federal.

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Assim, a doutrina não esclarece se isso seria exercer o poder regulamentar ou
não. Acreditamos que sim, mas o tema não é claro.
Mas o erro certamente não decorre dessa parte, mas sim do fato de que os
decretos autônomos não servem para qualquer matéria, mas apenas para as
duas constantes no art. 84, VI – ERRADA;
e) é o poder disciplinar que permite a aplicação de penalidades aos servidores
e outras pessoas sujeitas à disciplina interna da Administração – ERRADA.
Gabarito: alternativa C.

56. (FCC – Técnico Administrativo/CNMP/2015) A Administração é dotada de


poderes administrativos dentre os quais figuram os poderes
a) político, vinculado, hierárquico e de polícia.
b) disciplinar, discricionário, regulamentar e de polícia.
c) regulamentar, vinculado, disciplinar e militar.
d) militar, disciplinar, discricionário e hierárquico.
e) disciplinar, político, vinculado e hierárquico.
Comentário: os poderes administrativos são: discricionário, hierárquico,
disciplinar, regulamentar e de polícia. Além desses, parte da doutrina ainda fala
no poder vinculado, mas nem todos consideram este um poder, já que não
representa qualquer prerrogativa, pois, diante do caso concreto, o agente
público somente poderá fazer exatamente o que previsto em lei.
De uma forma ou outra, o gabarito é a opção B: disciplinar, discricionário,
regulamentar e de polícia. Não existe poder “político” (letras A e E) e “militar”
(letras C e D).
Gabarito: alternativa B.

57. (FCC – Analista Judiciário/TRT-9/2015) Nos autos do Recurso Extraordinário


632.265 RJ, o Ministro Relator do Supremo Tribunal Federal entendeu que o Estado
do Rio de Janeiro teria editado decreto indevidamente para criar nova forma de
recolhimento de tributo, matéria reservada à lei. A conduta do Poder Executivo em
questão
a) excede o poder de polícia do Chefe do Executivo, que se submete ao estrito
princípio da legalidade.
b) somente seria válida para criação de direitos ou deveres para os servidores
públicos, para o que o poder normativo do Executivo tem natureza originária.
c) exacerba o poder normativo originário que lhe compete, mas pode ser convalidado
em observância ao princípio da eficiência.
d) é expressão do poder regulamentar, não assistindo razão ao STF, na medida em
que se está diante de decreto autônomo.

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e) excede o poder regulamentar e viola o princípio da legalidade, pois adentra matéria
reservada à lei.
Comentário: esse é o tipo de questão em que você não precisa conhecer o
julgado mencionado para respondê-la. Se o Poder Executivo editou ato
normativo para dispor de matéria reservada à lei, ele exorbitou do seu poder
regulamentar, pois adentrou em matéria de lei (e não de regulamento). Além
disso, o ato normativo ofendeu o princípio da legalidade ou, de forma mais
específica, ofendeu o princípio da reserva legal, que seria um desdobramento
mais restrito do princípio da legalidade. Dessa forma, o gabarito é a alternativa
E. Vamos analisar as outras opções:
a) o caso seria de poder normativo e não de poder de polícia – ERRADA;
b) em regra, o poder normativo não tem natureza originária. Na verdade,
mediante o seu poder normativo, o chefe do Executivo somente poderia inovar
na ordem jurídica quando se tratar da organização e do funcionamento da
Administração, desde que não represente extinção nem criação de órgãos ou
aumento de despesa (CF, art. 84, VI, “a”). Ainda é possível dispor, por decreto
autônomo, sobre a extinção de funções ou cargos vagos, mas neste caso não
seria o exercício do poder normativo, mas sim de atividade material. Assim, a
criação de direitos e deveres dos servidores não entra no âmbito do poder
normativo, sendo matéria sujeita à lei – ERRADA;
c) não há que se falar em convalidação neste caso, já que houve extrapolação
de matéria constitucional, de competência do Congresso Nacional – ERRADA;
d) imagine a banca afirmar que o STF não tem razão, só poderia ser brincadeira,
pelo menos em se tratando de concurso, rs. No caso, não era cabível a edição
de decreto autônomo – ERRADA.
Gabarito: alternativa E.

58. (FCC – Analista Judiciário/TRT-9/2015) Marilda é comerciante e possui um


estabelecimento comercial funcionando no mesmo local há alguns anos.
Recentemente recebeu a visita de um fiscal da Administração pública municipal, que
entendeu estar a comerciante descumprindo algumas normas e posturas referentes
ao funcionamento e instalação do estabelecimento. Lavrou auto de infração e de
imposição de multa. Marilda já apresentou defesa, que foi rejeitada. Marilda pretende
apresentar recurso, mas não dispõe do montante necessário para efetuar o depósito
prévio exigido no auto de infração. Neste caso
a) o fiscal cometeu irregularidade no exercício do poder de polícia, posto que já está
sedimentado na jurisprudência ser vedada a exigência de depósito prévio para a
apresentação de recurso administrativo.

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b) houve irregularidade no exercício do poder de polícia, tendo em vista que é vedada
a imposição de multa antes do esgotamento do devido processo legal, com
observância do contraditório e da ampla defesa.
c) ficou prejudicado o recurso administrativo de Marilda, que deverá aguardar a ação
de cobrança judicial para apresentar sua defesa contra a imposição da multa.
d) o princípio da supremacia do interesse público permite o diferimento do contraditório
e da ampla defesa, tanto quanto a garantia do depósito prévio para assegurar o
adimplemento do débito aos cofres públicos.
e) a comerciante deverá ajuizar ação judicial para depositar em juízo o valor da multa
imposta, garantindo que, caso se sagre vencedora, logrará êxito em obter o
levantamento do montante em seu favor de forma mais ágil.
Comentário: sobre este tema, o STF elaborou a Súmula Vinculante 21, que
dispõe que “é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios
de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”.
Logo, o fiscal cometeu irregularidade no exercício do poder de polícia, pois não
poderia ter exigido o depósito prévio como requisito para apresentação de
recurso administrativo (letra A).
Vejamos as demais opções:
b) o que o fiscal fez foi lavrar o auto de infração e de imposição de multa, sendo
a efetiva aplicação da multa um ato posterior. Note que o auto de infração e de
imposição de multa serviu justamente para que Maria pudesse exercer a sua
defesa. Assim, não foi este o motivo da irregularidade cometida – ERRADA;
c) Maria teria o direito de recorrer na via administrativa ou então optar por mover
uma ação judicial para isso. Em nenhum caso ela precisaria aguardar o
processo de cobrança judicial para se defender – ERRADA;
d) a alternativa é errada, pois a exigência da garantia para interpor recurso é
inconstitucional. Além disso, o princípio da supremacia do interesse público até
poderia ensejar o diferimento do direito de defesa (isto é, a concessão da defesa
após a aplicação da medida restritiva), mas somente em casos de urgência
(exemplo: na realização da demolição de um prédio ou na apreensão de
mercadorias estragadas), o que não ocorre no caso de aplicação de sanções –
ERRADA;
e) conforme vimos, não se poderia exigir o depósito, então não é o caso de
depositar o dinheiro em juízo – ERRADA.
Gabarito: alternativa A.

59. (FCC – Técnico Judiciário/TRE-SE/2015) Considere as seguintes assertivas:


I. Dissolução de reunião.
II. Apreensão de mercadorias deterioradas.

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III. Notificação do administrado.
IV. Vistoria.

Constitui exemplo de poder de polícia de caráter repressivo o que consta APENAS


em
a) I e II.
b) I, II e III.
c) II e III.
d) I e IV.
e) III e IV.
Comentário: o poder de polícia pode ser preventivo ou repressivo. O primeiro
ocorre como um controle prévio que a Administração realiza, como na
concessão de licenças ou outros meios de anuência prévia.
No poder de polícia repressivo, a Administração adota medidas para
desconstituir o ato que possa prejudicar a vida em coletividade. São exemplos
do exercício repressivo do poder de polícia: dissolução de reunião, interdição
de atividade, apreensão de mercadorias deterioradas, internação de pessoa com
doença contagiosa.
A vistoria é exemplo típico de controle preventivo, pois nesse caso a
Administração realiza um controle prévio para conceder ou não algum benefício
ao interessado. São exemplos de exercício preventivo do poder de polícia,
segundo a doutrina: fiscalização, vistoria, ordem, notificação, autorização,
licença.
Gabarito: alternativa A.

60. (FCC – Técnico Previdenciário/Manausprev/2015) De acordo com a definição


de José dos Santos Carvalho Filho, a prerrogativa de direito público que, calcada na
lei, autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da
propriedade em favor do interesse da coletividade (Manual de Direito Administrativo,
São Paulo, Atlas 25. ed. p. 75) refere-se ao poder
a) discricionário, que permite à Administração pública atuar nas lacunas da lei.
b) de polícia, que não se restringe às atividades normativas e preventivas, alcançando
também atuação repressiva.
c) vinculado, que exige que a Administração pública faça tudo aquilo que estiver
expressamente previsto na lei.
d) de polícia judiciária, que autoriza a Administração pública a restringir a liberdade
dos administrados.
e) de império, que qualifica todos os atos praticados pela Administração pública.
Comentário: a prerrogativa administrativa de condicionar ou restringir o uso e
o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse da coletividade

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constitui o exercício do poder de polícia. Anota-se ainda que o poder de polícia
não envolve apenas atividades materiais, como também a atividades normativas
(exemplo: edição de regulamento que discipline regras para obter licença para
dirigir). Ademais, a atividade de polícia pode ser preventiva (exemplo: realização
de fiscalizações, de expedição de alvarás, etc.) ou repressiva (exemplo:
apreensão de mercadorias).
As demais alternativas estão incorretas por não tratarem do poder de polícia,
mas também existem outros erros:
a) o poder discricionário não ocorre nas lacunas da lei, mas sim nas situações
em que a lei deixa mais de uma opção para o agente público – ERRADA;
c) o poder vinculado significa que a autoridade não possui margem de liberdade
em sua decisão. A alternativa tratou do princípio da legalidade – ERRADA;
d) a função de polícia judiciário é aquela adotada pelos órgãos policiais para
coibir e investigar a ocorrência de ilícitos penais – ERRADA;
e) o poder de império ou extroverso é aquele praticado pela Administração com
superioridade sobre os particulares, aplicando-se quando a atuação
administrativa pauta-se no direito público. Os atos de polícia de fato ocorrem
com o poder de império, mas tal poder não está em todos os atos praticados
pela Administração, mas apenas naqueles marcados pela superioridade –
ERRADA.
Gabarito: alternativa B.

61. (FCC - PMP/INSS/2012) Quando a Administração Pública limita direitos ou


atividades de particulares sem qualquer vínculo com a Administração, com base na
lei, está atuando como expressão de seu poder
a) hierárquico.
b) de polícia.
c) normativo.
d) regulamentar.
e) disciplinar.
Comentário: primeiramente, vamos definir cada um dos poderes:
® poder hierárquico: é o poder que a Administração possui para distribuir e
escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus
agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do
seu quadro de pessoal;

® poder de polícia: a faculdade de que dispõe a Administração Pública para


condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades, e direitos
individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado;

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® poder regulamentar: é aquele conferido ao chefe do Poder Executivo, para


a edição de normas complementares à lei, permitindo a sua fiel execução.
A doutrina utiliza o termo poder normativo para designar todas as formas
de expedição de atos normativos administrativos, aí incluídos os decretos,
as portarias, as instruções normativas, etc.;

® poder disciplinar: é o poder-dever de punir internamente as infrações


funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos
órgãos e serviços da Administração.
Após essa breve explanação, podemos verificar que o poder que limita direitos
ou atividades de particulares é o poder de polícia. Portanto, nossa resposta é
letra B.
Gabarito: alternativa B.

62. (FCC - JT/TRT 1/2012) A respeito dos poderes da Administração, é correto afirmar
que o poder
a) regulamentar fundamenta a edição, pelo Chefe do Executivo, de normas gerais
destinadas à coletividade, disciplinadoras de atividades individuais.
b) hierárquico autoriza a avocação, pelo Ministério supervisor, de matérias inseridas
na competência das autarquias a ele vinculadas.
c) disciplinar autoriza a Administração a apurar infrações e aplicar penalidades aos
servidores públicos, não alcançando as sanções impostas a particulares não sujeitos
à disciplina interna da Administração.
d) normativo autoriza a edição, pelo Chefe do Poder Executivo, de decretos em
matéria de organização administrativa, tais como a criação de órgãos e cargos
públicos.
e) hierárquico é aquele conferido aos agentes públicos para proferir ordens e aplicar
sanções a seus subordinados, com vistas ao bom desempenho do serviço público.
Comentário:
a) o poder regulamentar fundamenta a edição, pelo Chefe do Executivo, de
normas complementares à lei, permitindo a sua fiel execução. As atividades
individuais são disciplinadas pelos atos normativos primários, como as leis,
coisa que não se insere no poder regulamentar – ERRADO;
b) a hierarquia só ocorre dentro da mesma pessoa jurídica, ou seja, não há
hierarquia entre a administração direta e indireta. Dessa forma, mesmo que
pertença ao poder hierárquico a característica de avocar funções, não é possível
que isso seja feito por um ministério em relação à autarquia – ERRADO;
c) o poder disciplinar tem a capacidade de punir internamente as infrações
funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e
serviços da Administração. No entanto, é o poder de polícia que se insere na

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esfera privada, permitindo que se apliquem restrições ou condicionamentos nas
atividades privadas – CORRETO;
d) compete ao Presidente, na função de Chefe do Poder Executivo, editar
decretos que disponham sobre a organização e funcionamento da
administração federal, desde que não importem em aumento de custos e nem
em criação ou extinção de órgãos públicos. Por outro lado, cabe a ele a extinção
de funções ou cargos públicos, quando vagos (art. 84, VI, a – b) – ERRADO;
e) não há uma homogeneidade em relação à aplicação de sanções através do
poder hierárquico. Enquanto para alguns autores a aplicação de sanções
compete ao poder hierárquico, para outros cabe ao poder disciplinar – que
caminha junto ao hierárquico. Porém, o posicionamento dominante é que a
competência para aplicar sanção aos agentes públicos por infrações
administrativas se insere no poder disciplinar, e não no hierárquico – ERRADO.
Gabarito: alternativa C.

63. (FCC - TJ/TRT 6/2012) O poder regulamentar cabe ao chefe do Poder Executivo
e compreende a edição de normas complementares à lei, para sua fiel execução.
Constitui forma de expressão do poder
a) normativo.
b) hierárquico.
c) discricionário.
d) de polícia.
e) disciplinar.
Comentário: essa foi “de bandeja”! O poder regulamentar ocorre, em regra, pela
edição de decretos e regulamentos que se destinam à fiel execução das leis e
que são editados pelo Chefe do Executivo. O poder regulamentar, no entanto, é
uma forma de manifestação do poder normativo. Este último é mais amplo que
o primeiro, abrangendo todas as formas de atos normativos administrativos, ou
seja, inclui também aqueles que não são editados pelo chefe do Executivo, mas
que se destinam a estabelecer normas administrativas gerais e abstratas.
Assim, nossa resposta é a letra A.
Já vimos acima a definição de quase todos os poderes da Administração; assim,
apenas para complementar, o poder discricionário é aquele em que o agente
poderá fazer o seu juízo de conveniência e oportunidade e decidirá com base no
mérito administrativo.
Gabarito: alternativa A.

64. (FCC - AJ/TRT 6/2012) Constitui exemplo do poder disciplinar da Administração


pública

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a) a imposição de restrições a atividades dos cidadãos, nos limites estabelecidos pela
lei.
b) a imposição de sanção a particulares que contratam com a Administração.
c) a edição de atos normativos para ordenar a atuação de agentes e órgãos
administrativos.
d) a edição de regulamentos para a fiel execução da lei.
e) o poder conferido às autoridades de dar ordens a seus subordinados e rever seus
atos.
Comentário: que tal reescrever as alternativas identificando os poderes?
a) a imposição de restrições a atividades dos cidadãos, nos limites estabelecidos pela
lei – Cabe ao poder de polícia ditar os condicionamentos e restrições de direitos
individuais realizados no meio administrativo e legislativo – ERRADO;
b) a imposição de sanção a particulares que contratam com a Administração – o
poder disciplinar alcança os servidores e os particulares que possuam algum
vínculo específico com a Administração, a exemplo de empresas contratantes –
CORRETO;
c) a edição de atos normativos para ordenar a atuação de agentes e órgãos
administrativos – nesse caso, aplica-se o poder normativo – ERRADO;
d) a edição de regulamentos para a fiel execução da lei – novamente temos a
atuação do poder normativo, e não o poder disciplinar como exigido na assertiva
– ERRADO;
e) o poder conferido às autoridades de dar ordens a seus subordinados e rever seus
atos – essa é a caracterização do poder hierárquico. Portanto, não se enquadra
para a nossa resposta – ERRADO.
Gabarito: alternativa B.

65. (FCC - AJ/TRT 6/2012) A interdição de estabelecimento comercial privado por


autoridade administrativa constitui exemplo do exercício do poder
a) disciplinar.
b) regulamentar.
c) normativo.
d) hierárquico.
e) de polícia.
Comentário: o poder de polícia é meio pelo qual a Administração consegue
limitar ou disciplinar direitos, bens e atividades, em benefício da coletividade.
Logo, nossa opção é a alternativa E.
Gabarito: alternativa E.

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66. (FCC - TJ/TRF 5/2013) O poder que diz respeito ao juízo de conveniência e
oportunidade feito pela Administração Pública ao apreciar certas situações é
denominado
a) vinculado.
b) discricionário.
c) hierárquico.
d) disciplinar.
e) regulamentar.
Comentário: a repetição leva à fixação! A discricionariedade é a característica
que dá ao agente o poder de escolha, segundo conveniência e oportunidade,
sob qual a decisão a ser tomada. Dessa forma, nossa alternativa correta é a letra
B.
Como ainda não falamos dele, cabe saber que o poder vinculado refere-se
àquele disposto em lei, que não deixa qualquer margem de liberdade ao agente.
Os demais já foram abordados, então em linhas rápidas, o poder hierárquico
Gabarito: alternativa B.

67. (FCC - TJ/TRT 5/2013) São Poderes inerentes à Administração pública o poder
normativo, o poder disciplinar e o poder de polícia. Quanto a estes dois últimos, é
correto afirmar que o
a) poder disciplinar alcança as sanções impostas aos servidores públicos, mas não
abrange as sanções impostas às demais pessoas sujeitas à disciplina interna
administrativa, como, por exemplo, os estudantes de uma escola pública.
b) poder de polícia é o que cabe à Administração para apurar infrações e aplicar
penalidades às pessoas sujeitas a sua disciplina interna.
c) poder disciplinar é discricionário, por essa razão a Administração, pautada em juízo
de conveniência e oportunidade, pode decidir entre instaurar ou não procedimento
adequado para apurar falta cuja prática é imputada a servidor público.
d) poder disciplinar é o que cabe à Administração para apurar infrações e aplicar
penalidades às pessoas sujeitas a sua disciplina interna.
e) fundamento do poder de polícia é a hierarquia, por essa razão, referido poder
abrange as sanções impostas a particulares que não integram a estrutura interna
administrativa.
Comentário:
a) desde que vinculados juridicamente à Administração, os terceiros também
poderão ser alcançados pelo poder disciplinar, que atuará também em relação
aos servidores públicos – ERRADO;
b) e d) o poder que apura infrações e aplica penalidades aos servidores é o
poder disciplinar – (ERRADA a alternativa B; CORRETA a alternativa D);

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c) o exercício do poder disciplinar é em parte vinculado e em parte
discricionário. Diz-se que é vinculado quanto à competência para instaurar o
procedimento administrativo para apurar a falta e, se comprovado o ilícito
administrativo, punir o agente. Assim, nesses casos a autoridade é obrigada a
responsabilizar o agente faltoso. Por outro lado, o poder disciplinar é
considerado discricionário quanto à competência para tipificação da falta e para
a escolha e gradação da penalidade – ERRADO;
e) o fundamento do poder de polícia é o interesse da coletividade e não a
hierarquia – ERRADO.
Gabarito: alternativa D.

68. (FCC - TJ/TRT 19/2014) Carlos Eduardo, servidor público estadual e chefe de
determinada repartição pública, adoeceu e, em razão de tal fato, ficou impossibilitado
de comparecer ao serviço público. No entanto, justamente no dia em que o
mencionado servidor faltou ao serviço, fazia-se necessária a prática de importante ato
administrativo. Em razão do episódio, Joaquim, servidor público subordinado de
Carlos Eduardo, praticou o ato, vez que a lei autorizava a delegação. O fato narrado
corresponde a típico exemplo do poder
a) disciplinar.
b) de polícia.
c) regulamentar.
d) hierárquico.
e) normativo-disjuntivo.
Comentário: a delegação de atividade tem relação com o poder hierárquico.
Nesse sentido, como a questão deixou claro que a lei autorizava a delegação e
que Joaquim era subordinado a Carlos Eduardo, ficou fácil constatar que se
trata do poder hierárquico.
As demais alternativas não têm qualquer relação com a assertiva.
Gabarito: alternativa D.

69. (FCC - AJ/TRE SP/2012) Com relação ao poder hierárquico, considere as


afirmativas a seguir:
I. O poder hierárquico tem como objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as
atividades administrativas, no âmbito interno da Administração Pública.
II. Delegar é conferir a outrem delegações originalmente competentes ao que delega.
No nosso sistema político são admitidas delegações entre os diferentes poderes.
III. O poder hierárquico é privativo da função executiva, sendo elemento típico da
organização e ordenação dos serviços administrativos.

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IV. Avocar é trazer para si funções originalmente atribuídas a um subordinado. Nada
impede que seja feita, entretanto, deve ser evitada por importar desprestígio ao seu
inferior.
V. É impossível rever os atos dos inferiores hierárquicos, uma vez realizada a
delegação, pois tais atos não podem ser invalidados em quaisquer dos seus aspectos.
Está correto o que consta APENAS em

a) I, II, III e IV.


b) II e III.
c) I e V.
d) I, III e IV.
e) II, IV e V.
Comentário:
I. O poder hierárquico tem como objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as
atividades administrativas, no âmbito interno da Administração Pública.
Podemos dizer que são objetivos do poder hierárquico: dar ordens, rever atos,
avocar atribuições, delegar competências e fiscalizar atividades internas da
Administração – CORRETO;
II. Delegar é conferir a outrem delegações originalmente competentes ao que delega.
No nosso sistema político são admitidas delegações entre os diferentes poderes.
Delegar é conceder a um terceiro atribuições que originalmente competiam ao
delegante. A possibilidade de delegação é a regra, mas existem situações que
não permitem delegação. Nesse sentido, Hely Lopes Meirelles destaca que “o
que não se admite, no nosso sistema constitucional, é a delegação de
atribuições de um Poder a outro, como também não se permite delegação de
atos de natureza política, como a do poder de tributar, a sanção e o veto de lei”.
– ERRADO;
III. O poder hierárquico é privativo da função executiva, sendo elemento típico da
organização e ordenação dos serviços administrativos.
Não devemos confundir “Poder Executivo” com “função executiva”. Enquanto
aquele é um dos poderes do Estado, este último é sinônimo de função
administrativa. Portanto, todos os poderes realizam a função executiva, seja de
forma típica (no caso do Poder Executivo) ou atípica (para os demais poderes).
Com efeito, o poder hierárquico é privativo da função administrativa ou
executiva – CORRETO;
IV. Avocar é trazer para si funções originalmente atribuídas a um subordinado. Nada
impede que seja feita, entretanto, deve ser evitada por importar desprestígio ao seu
inferior.

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Avocar é chamar para si funções que originalmente foram atribuídas a um
subordinado e, só é possível em caráter excepcional, por motivos relevantes,
devidamente justificados e por tempo determinado. Isso porque, segundo Hely
Lopes Meirelles, a avocação de um ato sempre desprestigia o inferior e, não
raro, desorganiza o normal funcionamento do serviço – CORRETO;
V. É impossível rever os atos dos inferiores hierárquicos, uma vez realizada a
delegação, pois tais atos não podem ser invalidados em quaisquer dos seus aspectos.
Vimos na alternativa I dessa questão que o poder hierárquico possui
determinadas faculdades que são implícitas ao superior. Dentre elas, a função
de rever os atos dos inferiores a ele, ou seja, apreciar tais atos em todos os seus
aspectos para mantê-los ou invalidá-los – ERRADO.
Assim, estão corretas as afirmativas I, III e IV (alternativa D).
Gabarito: alternativa D.

70. (FCC - AJ/TJ PE/2012) Considere sob o foco do poder hierárquico:


I. Chamar a si funções originariamente atribuídas a um subordinado significa avocar,
e só deve ser adotada pelo superior hierárquico e por motivo relevante.
II. A revisão hierárquica é possível, desde que o ato já tenha se tornado definitivo para
a Administração ou criado direito subjetivo para o particular.
III. As delegações quando possíveis, não podem ser recusadas pelo inferior, como
também não podem ser subdelegadas sem expressa autorização do delegante.
IV. A subordinação e a vinculação política significam o mesmo fenômeno e não
admitem todos os meios de controle do superior sobre o inferior hierárquico.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) II, III e IV.
b) II e IV.
c) I, II e III.
d) I e III.
e) I, III e IV.
Comentário:
I. Chamar a si funções originariamente atribuídas a um subordinado significa avocar,
e só deve ser adotada pelo superior hierárquico e por motivo relevante.
Agora ficou fácil. Avocar é requerer para si atividade que era de um subordinado
e, que deve ocorrer apenas em casos estritos, pois normalmente causa
desprestígio ao subordinado – CORRETO;
II. A revisão hierárquica é possível, desde que o ato já tenha se tornado definitivo para
a Administração ou criado direito subjetivo para o particular.

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Podemos chamar de revisão hierárquica o ato praticado pelo superior que, de
ofício ou mediante provocação do interessado, aprecia os atos praticados pelos
subordinados, podendo mantê-lo ou reformá-lo, salvo se ele já produziu direito
adquirido pelo particular e exauriu seus efeitos, hipótese em que a revisão não
é mais possível – ERRADO;
III. As delegações quando possíveis, não podem ser recusadas pelo inferior, como
também não podem ser subdelegadas sem expressa autorização do delegante.
Quando for consequência do poder hierárquico, não será possível ao agente
subordinado recusar a delegação. Além disso, a subdelegação só é permitida
com a concordância expressa do delegante – CORRETO;
IV. A subordinação e a vinculação política significam o mesmo fenômeno e não
admitem todos os meios de controle do superior sobre o inferior hierárquico.
O poder hierárquico se aplica nas relações de subordinação, permitindo o
exercício de todas as formas de controle. Por outro lado, a vinculação gera uma
forma de controle restrita, que só pode ocorrer quando expressamente previsto
em lei – ERRADO.
Em vista disso, temos como corretas as afirmações I e III (alternativa D).
Gabarito: alternativa D.

71. (FCC - AJ/TRE SP/2012) O poder disciplinar, na administração pública, se aplica


a) a todos os que cometerem atos de indisciplina nas vias públicas ou em prédios
públicos.
b) aos servidores públicos e demais pessoas que possuem um vínculo especial com
o poder público.
c) aos crimes cometidos por qualquer cidadão que receba recursos públicos.
d) apenas aos casos de quebra de hierarquia entre as autoridades políticas.
e) sem necessidade de prévia apuração por meio de procedimento legal.
Comentário: mais uma para fixar o assunto! O poder disciplinar se aplica
somente aos servidores públicos ou aos particulares que estejam ligados por
algum vínculo jurídico específico à Administração. Portanto, temos como
resposta a alternativa B.
Vejamos os erros das alternativas:
a) os atos de indisciplina nas vias públicas ou em prédios públicos é
disciplinado pelo poder de polícia;
c) o poder disciplinar é visto apenas na aplicação de penalidades
administrativas, não alcançando o cometimento de crime, que deverá ser
apurado no meio judicial e não da Administração;

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d) esse item é totalmente equivocado. Em primeiro lugar, porque o poder
disciplinar é utilizado na aplicação de penalidades contra servidores e
particulares com vínculo específico com a Administração. Além disso, em regra,
não existe hierarquia entre autoridades políticas, com exceção dos ministros de
Estado, que se subordinam ao Presidente da República;
e) o poder disciplinar é em parte vinculado e em parte discricionário. Ao
primeiro, cabe a ação de instaurar o procedimento administrativo para apurar a
falta e, se comprovado o ilícito administrativo, a autoridade é obrigada a
responsabilizar o agente faltoso. Assim, para a aplicação do poder disciplinar,
deve-se fazer a apuração por meio de procedimento administrativo.
Gabarito: alternativa B.

72. (FCC - AJ/TST/2012) Exemplifica adequadamente o exercício de poder disciplinar


por agente da administração a
a) interdição de restaurante por razão de saúde pública.
b) prisão de criminoso efetuada por policial, mediante o devido mandado judicial.
c) aplicação de penalidade administrativa a servidor público que descumpre seus
deveres funcionais.
d) aplicação de multa de trânsito.
e) emissão de ordem a ser cumprida pelos agentes subordinados.
Comentário: aqui vamos analisar cada situação e adequar ao poder que deve
ser aplicado. Vejamos:
a) a interdição de edificações ou de estabelecimentos comerciais que se
encontram em situação irregular cabe ao poder de polícia – ERRADO;
b) a prisão de um criminoso, por meio de mandado judicial, tem relação com o
poder punitivo do Estado. Isso quer dizer que cabe ao Poder Judiciário tal ação
– ERRADO;
c) aplicação de sanção administrativa para ente administrativo no
(des)cumprimento de suas funções é encargo do poder disciplinar – CORRETO;
d) cabe ao poder de polícia a aplicação de multas – ERRADO;
e) a emissão de ordens aos subordinados é característica do poder hierárquico
– ERRADO.
Gabarito: alternativa C.

73. (FCC - TJ/TRT 1/2013) Entre os poderes atribuídos à Administração pública


insere-se o denominado poder disciplinar, que corresponde ao poder de
a) impor restrições à atuação de particulares, em prol da segurança pública.

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b) coordenar e controlar a atividade de órgãos inferiores, verificando a legalidade dos
atos praticados.
c) editar normas para disciplinar a fiel execução da lei.
d) organizar a atividade administrativa, redistribuindo as unidades de despesas.
e) apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos.
Comentário:
a) errado: impor restrições à atuação de particulares, em prol da segurança pública –
poder de polícia;
b) errado: coordenar e controlar a atividade de órgãos inferiores, verificando a
legalidade dos atos praticados – poder hierárquico;
c) errado: editar normas para disciplinar a fiel execução da lei – poder
regulamentar/normativo;
d) errado: organizar a atividade administrativa, redistribuindo as unidades de
despesas – poder hierárquico;
e) correto: apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos – poder
disciplinar.
Gabarito: alternativa E.

74. (FCC - AJ/TRF 5/2013) Contempla situação concreta que traduz o exercício do
poder disciplinar conferido à Administração Pública:
a) interdição de estabelecimento comercial em função de descumprimento de normas
de segurança.
b) aplicação de penalidade a particular que celebre contrato com a Administração
Pública, em face do descumprimento de obrigação decorrente do referido vínculo.
c) edição de resoluções, portarias, instruções e outros atos normativos para ordenar
a atuação de órgãos subordinados.
d) avocação de atribuições, desde que não sejam de competência exclusiva de órgãos
subordinados.
e) edição de regulamentos administrativos ou de organização, para disciplinar a fiel
execução da lei.
Comentário: mais uma muito simples, vamos relacionar cada opção com o
respectivo poder:
a) interdição de estabelecimento comercial em função de descumprimento de normas
de segurança – poder de polícia;
b) aplicação de penalidade a particular que celebre contrato com a Administração
Pública, em face do descumprimento de obrigação decorrente do referido vínculo –
poder disciplinar – nesse caso, vale observar que há um vínculo específico.
Logo, aplica-se o poder disciplinar;

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c) edição de resoluções, portarias, instruções e outros atos normativos para ordenar
a atuação de órgãos subordinados – poder normativo;
d) avocação de atribuições, desde que não sejam de competência exclusiva de órgãos
subordinados – poder hierárquico;
e) edição de regulamentos administrativos ou de organização, para disciplinar a fiel
execução da lei – poder normativo.
Gabarito: alternativa B.

75. (FCC - ATCI/ALERN/2013) O poder disciplinar se caracteriza


a) pelo poder que detém o superior hierárquico para dar ordens aos administrados.
b) pela existência de níveis de subordinação entre os órgãos e agentes públicos da
mesma pessoa jurídica.
c) pelo dever de obediência dos servidores públicos e seus superiores hierárquicos.
d) pela faculdade da Administração pública para aplicar sanção disciplinar aos seus
servidores.
e) pelo dever da Administração pública em apurar infrações e aplicar penalidades aos
seus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa.
Comentário: de forma resumida, o poder disciplinar possibilita que a
Administração Pública:
® puna internamente os seus servidores pelo cometimento de infrações;
® puna os particulares que cometam infrações no âmbito de algum vínculo
jurídico específico com a Administração (empresas contratadas pela
Administração Pública).
Nesse contexto, o poder disciplinar se caracteriza pelo dever de apurar as
infrações e, se comprovadas, aplicar as devidas penalidades contra os
servidores ou particulares com vínculo específico com a Administração. Logo,
nosso gabarito é opção E. Vejamos as demais opções:
a) pelo poder que detém o superior hierárquico para dar ordens aos administrados –
poder hierárquico;
b) pela existência de níveis de subordinação entre os órgãos e agentes públicos da
mesma pessoa jurídica – poder hierárquico;
c) pelo dever de obediência dos servidores públicos e seus superiores hierárquicos –
poder hierárquico;
d) pela faculdade da Administração pública para aplicar sanção disciplinar aos seus
servidores – não se trata de uma “faculdade”, mas de um dever, ou seja, a
autoridade deve instaurar o processo administrativo e aplicar a penalidade, se
a infração for comprovada. Caso não o faça, estará cometendo crime de
condescendência criminosa, previsto no art. 320 do Código Penal, e também ato
de improbidade administrativa, conforme art. 11, II, da Lei 8.429/1992.
Gabarito: alternativa E.

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76. (FCC - TJ/TST/2012) Pode exercer poder de polícia
a) a Receita Federal do Brasil.
b) a Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS.
c) o Banco do Brasil S.A.
d) o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.
e) o Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO.
Comentário: o poder de polícia é função típica de Estado e, portanto, só pode
ser exercido pelas pessoas de direito público (administração direta, autarquias
e fundações públicas de direito público). Assim, a Petróleo Brasileiro S.A. –
PETROBRAS; o Banco do Brasil S.A.; o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social – BNDES; e o Serviço Federal de Processamento de Dados
– SERPRO não podem exercer o poder de polícia, uma vez que possuem
natureza jurídica de direito privado.
Dessa forma, somente a Receita Federal do Brasil (órgão integrante da
Administração Direta) poderá exercer o poder de polícia.
Gabarito: alternativa A.

ƒ isso! Em nossa pr—xima aula, vamos estudar os atos administrativos.


Espero por voc•s!
Bons estudos e atŽ breve.
HERBERT ALMEIDA.
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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (Cespe – ATA/SUFRAMA/2014) O poder discricionário confere ao administrador,


em determinadas situações, a prerrogativa de valorar determinada conduta em um
juízo de conveniência e oportunidade que se limita até a prática do ato, tendo em vista
a impossibilidade de revogá-lo após a produção de seus efeitos por ofensa ao princípio
da legalidade e do direito adquirido de terceiros de boa-fé.

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2. (Cespe – AJ/CNJ/2013) O exercício do poder discricionário pode concretizar-se
tanto no momento em que o ato é praticado, bem como posteriormente, como no
momento em que a administração decide por sua revogação.
3. (Cespe - ATA/MIN/2013) A fixação do prazo de validade e a prorrogação de um
concurso público não se inserem no âmbito do poder discricionário da administração.
4. (Cespe – Administrador/Suframa/2014) No âmbito do Poder Executivo, a
prerrogativa de apurar as infrações e impor sanções aos próprios servidores,
independentemente de decisão judicial, decorre diretamente do poder hierárquico,
segundo o qual determinado servidor pode ser demitido pela autoridade competente
após o regular processo administrativo disciplinar, por irregularidades cometidas no
exercício do cargo.
5. (Cespe – Agente Administrativo/Suframa/2014) O poder hierárquico confere
aos agentes superiores o poder para avocar e delegar competências.
6. (Cespe - Procurador/PGE-BA/2014) Ao secretário estadual de finanças é
permitido delegar, por razões técnicas e econômicas e com fundamento no seu poder
hierárquico, parte de sua competência a presidente de empresa pública, desde que o
faça por meio de portaria.
7. (Cespe - Juiz/TJDFT/2014) Ao ato jurídico de atração, por parte de autoridade
pública, de competência atribuída a agente hierarquicamente inferior dá-se o nome de
a) deliberação.
b) delegação.
c) avocação.
d) subsunção.
e) incorporação.
8. (Cespe – AJ/CNJ/2013) É possível que o agente administrativo avoque para a
sua esfera decisória a prática de ato de competência natural de outro agente de
mesma hierarquia, para evitar a ocorrência de decisões eventualmente contraditórias.
9. (Cespe- ATA/MIN/2013) Considere que um servidor público, após regular
processo administrativo disciplinar, seja suspenso por decisão da autoridade
competente, por praticar irregularidades no exercício do cargo. Nessa situação, a
imposição pela administração pública da sanção ao servidor, independentemente de
decisão judicial, decorre do poder hierárquico.
10. (Cespe - Escrivão/PC BA/2013) A relação de subordinação administrativa
decorre do poder hierárquico, segundo o qual o superior deve rever os atos do
subordinado, anulando-os quando ilegais ou revogando-os, por meio de ofício ou de
recurso hierárquico, quando inconvenientes ou inoportunos.

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11. (Cespe - ATA/MJ/2013) Decorre da hierarquia administrativa o poder de dar
ordens aos subordinados, que implica o dever de obediência aos superiores, mesmo
para ordens consideradas manifestamente ilegais.
12. (Cespe - Procurador/PGDF/2013) Se, fundamentado em razões técnicas, um
secretário estadual delegar parte de sua competência relacionada à gestão e à
execução de determinado programa social para entidade autárquica integrante da
administração pública estadual, tal procedimento caracterizará exemplo de exercício
do poder hierárquico mediante o instituto da descentralização.
13. (Cespe – Agente Administrativo/PRF/2012) No âmbito interno da administração
direta do Poder Executivo, há manifestação do poder hierárquico entre órgãos e
agentes.
14. (Cespe – Nível Intermediário/MPOG/2009) O poder hierárquico da
administração pública pode ser corretamente exemplificado na hipótese em que o
ministro de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão, no âmbito de suas
competências constitucionais e legais, aplica punição a servidor público federal com
relação a conduta administrativa específica, previamente estipulada pela legislação
de regência da disciplina funcional dessa categoria.
15. (Cespe - Oficial/PM-CE/2014) O poder disciplinar fundamenta tanto a aplicação
de sanções às pessoas que tenham vínculo com a administração, caso dos servidores
públicos, como às que, não estando sujeitas à disciplina interna da administração,
cometam infrações que atentem contra o interesse coletivo.
16. (Cespe – Agente Administrativo/DPRF/2014) O poder para a instauração de
processo administrativo disciplinar e aplicação da respectiva penalidade decorre do
poder de polícia da administração.
17. (Cespe – Analista Judiciário/TJDFT/2013) A atribuição conferida a autoridades
administrativas com o objetivo de apurar e punir faltas funcionais, ou seja, condutas
contrárias à realização normal das atividades do órgão e irregularidades de diversos
tipos traduz-se, especificamente, no chamado poder hierárquico.
18. (Cespe - ATA/MJ/2013) O poder administrativo disciplinar consiste na
possibilidade de a administração pública aplicar punições aos agentes públicos e aos
particulares em geral que cometam infrações.
19. (Cespe - Administrador/MJ/2013) Considerando-se que o poder administrativo
disciplinar é discricionário, a administração tem a liberdade de escolha entre punir e
não punir a suposta infração cometida por servidor púbico.
20. (Cespe – Analista/Seger-ES/2013) Considere que, após o regular procedimento
administrativo específico, um servidor público, tenha sido suspenso por ter praticado

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atos irregulares no exercício do cargo. A sanção a ele imposta decorreu diretamente
da prerrogativa da administração pública de exercer o poder
a) regulamentar.
b) vinculado.
c) hierárquico.
d) disciplinar.
e) discricionário.
21. (Cespe – Analista Judiciário/TJ-AL/2012) Assinale a opção correta com relação
aos poderes hierárquico e disciplinar e suas manifestações.
a) As delegações administrativas emanam do poder hierárquico, não podendo, por
isso, ser recusadas pelo subordinado, que pode, contudo, subdelegá-las livremente a
seu próprio subordinado.
b) Toda punição disciplinar por delito funcional acarreta condenação criminal.
c) No âmbito do Poder Legislativo, o poder hierárquico manifesta-se mediante a
distribuição de competências entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
d) O poder disciplinar da administração pública autoriza-lhe a apurar infrações e a
aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina
administrativa, assim como aos invasores de terras públicas.
e) A aplicação de pena disciplinar tem, para o superior hierárquico, o caráter de um
poder-dever, uma vez que a condescendência na punição é considerada crime contra
a administração pública.
22. (Cespe – Agente Administrativo/PRF/2012) Suponha que um particular
vinculado à administração pública por meio de um contrato descumpra as obrigações
contratuais que assumiu. Nesse caso, a administração pode, no exercício do poder
disciplinar, punir o particular.
23. (Cespe – Agente Administrativo/DPRF/2012) Ao aplicar penalidade a servidor
público, em processo administrativo, o Estado exerce seu poder regulamentar.
24. (Cespe - Inspetor/PC-CE/2012) O ato de aplicação de penalidade administrativa
deve ser sempre motivado.
25. (Cespe – Técnico/IBAMA/2012) Mesmo estando no exercício do poder
disciplinar, a autoridade competente não pode impor penalidade administrativa ao
agente público sem o devido processo administrativo.
26. (Cespe – Agente Administrativo/Suframa/2014) Poder regulamentar é o poder
que a administração possui de editar leis, medidas provisórias, decretos e demais atos
normativos para disciplinar a atividade dos particulares.

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27. (Cespe - Procurador/TC-DF/2013) Segundo jurisprudência do STJ, no direito
brasileiro admite-se o regulamento autônomo, de modo que podem os chefes de
Poder Executivo expedir decretos autônomos sobre matérias de sua competência
ainda não disciplinadas por lei.
28. (Cespe – Técnico Judiciário/TRT 10/2013) Toda lei, para sua execução,
depende de regulamentação, que consiste em um ato administrativo geral e normativo
expedido pelo chefe do Poder Executivo.
29. (Cespe – AJ/TRT-10/2013) Encontra-se dentro do poder regulamentar do
presidente da República a edição de decreto autônomo para a criação de autarquia
prestadora de serviço público.
30. (Cespe – Escrivão/PC-BA/2013) Em razão do poder regulamentar da
administração pública, é possível estabelecer normas relativas ao cumprimento de leis
e criar direitos, obrigações, proibições e medidas punitivas.
31. (Cespe - AUFC/AGO/TCU/2013) Se, ao editar um decreto de natureza
regulamentar, a Presidência da República invadir a esfera de competência do Poder
Legislativo, este poderá sustar o decreto presidencial sob a justificativa de que o
decreto extrapolou os limites do poder de regulamentação.
32. (Cespe - Escrivão/PC BA/2013) Por ser ato geral e abstrato, a expedição do
regimento interno de determinado órgão público, cuja finalidade é a regularização da
funcionalidade do órgão, decorre do poder hierárquico.
33. (Cespe – Agente Administrativo/Suframa/2014) Em decorrência do poder de
polícia, a administração pode condicionar ou restringir os direitos de terceiros, em prol
do interesse da coletividade.
34. (Cespe - Procurador/PGE-BA/2014) Constitui exemplo de poder de polícia a
interdição de restaurante pela autoridade administrativa de vigilância sanitária.
35. (Cespe – Analista Judiciário/CNJ/2013) O objeto do poder de polícia
administrativa é todo bem, direito ou atividade individual que possa afetar a
coletividade ou pôr em risco a segurança nacional.
36. (Cespe – Analista Judiciário/TJDFT/2013) No que se refere ao exercício do
poder de polícia, denomina-se exigibilidade a prerrogativa da administração de
praticar atos e colocá-los em imediata execução, sem depender de prévia
manifestação judicial.
37. (Cespe - AUFC/TCU/AGO/2013) As licenças são atos vinculados por meio dos
quais a administração pública, no exercício do poder de polícia, confere ao
interessado consentimento para o desempenho de certa atividade que só pode ser
exercida de forma legítima mediante tal consentimento.

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38. (Cespe - TJDFT/2013) Considere que determinado agente público detentor de
competência para aplicar a penalidade de suspensão resolva impor, sem ter atribuição
para tanto, a penalidade de demissão, por entender que o fato praticado se encaixaria
em uma das hipóteses de demissão. Nesse caso, a conduta do agente caracterizará
abuso de poder, na modalidade denominada excesso de poder.
39. (Funiversa – Secretário/IF-AP/2016) Tício, servidor público federal, praticou
infração administrativa em decorrência de suas atribuições em cargo público e a
Administração Pública tomou conhecimento do fato. Considerando esse caso
hipotético e os poderes da Administração, assinale a alternativa correta.
a) A autoridade competente da Administração Pública, tomando conhecimento do fato,
pode, pessoalmente, escolher se vai punir ou não o agente infrator.
b) No caso descrito, será utilizado o poder de polícia para aplicação das sanções
previstas em lei.
c) A autoridade administrativa competente não poderá, dentro dos limites legais,
definir a intensidade da penalidade a ser aplicada de acordo com a gravidade da
infração cometida.
d) A Administração Pública utilizará o poder disciplinar para aplicar sanções ao
servidor Tício.
e) Por se tratar de infração administrativa, não é garantido à Tício o direito de
contraditório e ampla defesa.
40. (Funiversa – Assistente em Administração/IF-AP/2016) O Poder Público,
preenchidas todas as exigências legais, ao conceder a particular licença para
construção de imóvel (alvará), está no exercício do poder
a) vinculado.
b) discricionário.
c) de polícia.
d) da continuidade do serviço público.
e) normativo.
41. (Funiversa – Auxiliar de Administração/IF-AP/2016) Quando a Administração
pune infrações administrativas cometidas por particulares, como, por exemplo,
quando há descumprimento de um contrato administrativo assinado com o Poder
Público, tem-se a aplicação do poder
a) disciplinar.
b) hierárquico.
c) da continuidade do serviço público.
d) normativo.
e) de polícia.
42. (Funiversa - Ag SP/SAPeJUS-GO/2015) Considere que a Administração
Pública determinou a demolição de edificação erigida em área pública, cujo ocupante
não detinha autorização para a sua ocupação e construção. A situação narrada
descreve o exercício do poder

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a) discricionário.
b) de polícia.
c) regulamentar.
d) hierárquico.
e) disciplinar.

Com relação aos poderes administrativos, julgue o item subsequente.


43. (Funiversa - Ag AP/SEGAD-DF/2015) Consoante a doutrina majoritária,
considera-se exercício do poder hierárquico a atividade do Estado que condiciona a
liberdade e a propriedade do indivíduo aos interesses coletivos.
Em relação aos atos e aos poderes administrativos, julgue o item seguinte.
44. (Funiversa - Ag AP/SEGAD-DF/2015) Conforme entendimento do STF, admite-
se a delegação de poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado.
45. (Funiversa - Ag SP/SAPeJUS-GO/2015) Acerca do uso e abuso do poder,
assinale a alternativa correta.
a) O agente que, embora dentro de sua competência, se afasta do interesse público
que deve nortear todo desempenho administrativo atua com excesso de poder.
b) A remoção, de ofício, de servidor para outra localidade, quando não há necessidade
de pessoal, mas apenas intenção de puni-lo, configura uso regular de poder
disciplinar.
c) Uso de poder é toda ação ou omissão que, violando dever ou proibição imposta ao
agente, propicia, contra ele, medidas disciplinares, civis e criminais.
d) O abuso de poder não constitui ato de improbidade administrativa.
e) É abuso de poder tanto o ato praticado na forma da lei, mas que pretende atingir
um objetivo diverso do previsto legalmente, quanto o ato praticado em desobediência
à previsão legal.

A respeito da administração pública e do uso e abuso do poder, julgue o próximo item.


46. (Funiversa - Ag AP/SEGAD-DF/2015) O excesso de poder é uma das espécies
de abuso de poder e caracteriza-se pela atuação ultra vires do agente público.
Comentário: a expressão ultra vires significa além do conteúdo. Posto isso,
podemos ver a correção da assertiva, pois o excesso de poder é caracterizado
quando o agente público atua fora dos limites de sua esfera de competência.
Gabarito: correto.

A respeito da administração pública e do uso e abuso do poder, julgue o próximo item.


47. (Funiversa - Ag AP/SEGAD-DF/2015) A remoção de servidor público com o
propósito de puni-lo pela prática de peculato contra a administração pública configura
abuso de poder na modalidade desvio de finalidade.
48. (FCC – Auditor Fiscal da Receita Estadual/SEFAZ-MA/2016) O poder de
polícia caracteriza-se como atividade da Administração pública que impõe limites ao

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exercício de direitos e liberdades, tendo em vista finalidades de interesse público.
Considere os atos ou contratos administrativos a seguir:
I. concessão de serviços públicos.
II. autorização para vendas de material de fogos de artifícios.
III. permissão de serviços públicos.
IV. concessão de licença ambiental para construção.

Caracterizam-se como manifestação do poder de polícia APENAS os constantes em


a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) II e IV.
e) I e III.
49. (FCC – Auditor Fiscal da Receita Estadual/SEFAZ-MA/2016) O processo
disciplinar é derivado dos poderes:
a) hierárquico e disciplinar.
b) regulamentar e de polícia.
c) disciplinar e de polícia.
d) de polícia e hierárquico.
e) hierárquico e regulamentar.
50. (FCC – Técnico de Nível Superior/Prefeitura de Teresina-PI/2016) Os poderes
da Administração pública lhe foram atribuídos para possibilitar o exercício de suas
funções, que sempre devem ser norteadas em benefício da coletividade. Conferem,
portanto, prerrogativas à Administração pública, que não são ilimitadas. É exemplo
disso
a) o poder normativo conferido à Administração, por meio da edição de decreto
autônomo, que somente pode ter lugar sempre que houver lacunas ou ausência de
lei.
b) o poder hierárquico, que atribui dever de subordinação dos servidores aos seus
superiores, cabendo a estes a apuração de infrações e aplicação de penalidades
disciplinares.
c) o exercício do poder disciplinar, que se estende aos particulares e empresas
contratados pelo poder público para prestação de serviços em repartições públicas.
d) o exercício do poder de polícia, que pode limitar os direitos individuais com algum
grau de discricionariedade, mas sempre deve ter previsão legal.
e) o exercício do poder normativo-disciplinar, que se exterioriza na edição de normas
de conduta disciplinar, com elenco de infrações e sanções.
51. (FCC – Analista Judiciário/TRT-23/2016) Considere:
I. A Administração pública não pode, no exercício do poder de polícia, utilizar-se de
meios diretos de coação, sob pena de afronta ao princípio da proporcionalidade.

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II. O objeto da medida de polícia, isto é, o meio de ação, sofre limitações, mesmo
quando a lei lhe dá várias alternativas possíveis.
III. A impossibilidade de licenciamento de veículo enquanto não pagas as multas de
trânsito corresponde a exemplo da utilização de meios indiretos de coação,
absolutamente válido no exercício do poder de polícia.

Está correto o que consta em


a) I, II e III.
b) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) I, apenas.
e) II, apenas.
52. (FCC – Analista Judiciário/TRT-23/2016) O exercício dos poderes inerentes à
função executiva e a regular atuação da Administração pública não estão dissociados
da influência dos princípios que regem a Administração pública em toda sua atuação.
Essa relação
a) expressa-se, no caso do poder de polícia, à submissão ao princípio da supremacia
do interesse público, que fundamenta a atuação da Administração pública quando não
houver fundamento legal para embasar as medidas de polícia.
b) de subordinação aos princípios da legalidade e da impessoalidade não afasta a
possibilidade da Administração pública adotar medidas administrativas de urgência ou
de firmar relações jurídicas diretamente com alguns administrados, sem submissão a
procedimento de seleção público, desde que haja previsão legal para tanto.
c) que impõe presunção de legitimidade e veracidade aos atos praticados pela
Administração pública não admite revisão administrativa, somente questionamento
judicial, cabendo ao administrado o ônus da prova em contrário.
d) existente entre o poder disciplinar e o princípio da legalidade informa o poder de
tutela exercido sobre os atos praticados pelos entes que integram a Administração
indireta, permitindo que a Administração central promova a revisão dos mesmos para
adequá-los à legalidade.
e) que se forma entre o princípio da legalidade e o poder regulamentar autoriza a
edição de atos de natureza originária nas hipóteses de organização administrativa e,
nos demais casos, sempre que houver lacuna ou ausência de lei.
53. (FCC – Analista Judiciário/TRE-RR/2015) Claudio, fiscal do Procon de Roraima,
ao receber denúncia anônima acerca de irregularidades em restaurante, comparece
ao local e apreende gêneros alimentícios impróprios para o consumo, por estarem
deteriorados. A postura adotada concerne a uma das características do poder de
polícia, qual seja,
a) discricionariedade.
b) inexigibilidade.
c) consensualidade.
d) normatividade.

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e) autoexecutoriedade.
54. (FCC – Técnico Judiciário/TRE-RR/2015) A edição de atos normativos de efeitos
internos, com o objetivo de ordenar a atuação dos órgãos subordinados decorre do
poder
a) regulamentar.
b) hierárquico.
c) de polícia.
d) normativo.
e) disciplinar.
55. (FCC – Juiz do Trabalho Substituto/TRT-6/2015) Na lição de Hely Lopes
Meirelles, os poderes administrativos nascem com a Administração e se apresentam
diversificados segundo as exigências do serviço público, o interesse da coletividade e
os objetivos a que se dirigem. Esclarece o renomado administrativista que,
diferentemente dos poderes políticos, que são estruturais e orgânicos, os poderes
administrativos são instrumentais. Uma adequada correlação entre o poder
administrativo citado e sua utilização pela Administração é:
a) o poder disciplinar possibilita às autoridades administrativas a práticas de atos
restritivos de direitos individuais dos cidadãos, nos limites previstos em lei.
b) o poder normativo autoriza a Administração a estabelecer condutas e as
correspondentes punições aos servidores públicos, para ordenar a atuação
administrativa.
c) o poder de polícia comporta atos preventivos e repressivos, exercidos pela
Administração para condicionar ou restringir atividades ou direitos individuais, no
interesse da coletividade.
d) o poder regulamentar atribuído, pela Constituição Federal, ao Chefe do Executivo,
o autoriza a editar normas autônomas em relação a toda e qualquer matéria de
organização administrativa e complementares à lei em relação às demais matérias.
e) o poder hierárquico autoriza a aplicação de penalidades aos servidores públicos e
demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa em razão de vínculo contratual
estabelecido com a Administração.
56. (FCC – Técnico Administrativo/CNMP/2015) A Administração é dotada de
poderes administrativos dentre os quais figuram os poderes
a) político, vinculado, hierárquico e de polícia.
b) disciplinar, discricionário, regulamentar e de polícia.
c) regulamentar, vinculado, disciplinar e militar.
d) militar, disciplinar, discricionário e hierárquico.
e) disciplinar, político, vinculado e hierárquico.
57. (FCC – Analista Judiciário/TRT-9/2015) Nos autos do Recurso Extraordinário
632.265 RJ, o Ministro Relator do Supremo Tribunal Federal entendeu que o Estado

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do Rio de Janeiro teria editado decreto indevidamente para criar nova forma de
recolhimento de tributo, matéria reservada à lei. A conduta do Poder Executivo em
questão
a) excede o poder de polícia do Chefe do Executivo, que se submete ao estrito
princípio da legalidade.
b) somente seria válida para criação de direitos ou deveres para os servidores
públicos, para o que o poder normativo do Executivo tem natureza originária.
c) exacerba o poder normativo originário que lhe compete, mas pode ser convalidado
em observância ao princípio da eficiência.
d) é expressão do poder regulamentar, não assistindo razão ao STF, na medida em
que se está diante de decreto autônomo.
e) excede o poder regulamentar e viola o princípio da legalidade, pois adentra matéria
reservada à lei.
58. (FCC – Analista Judiciário/TRT-9/2015) Marilda é comerciante e possui um
estabelecimento comercial funcionando no mesmo local há alguns anos.
Recentemente recebeu a visita de um fiscal da Administração pública municipal, que
entendeu estar a comerciante descumprindo algumas normas e posturas referentes
ao funcionamento e instalação do estabelecimento. Lavrou auto de infração e de
imposição de multa. Marilda já apresentou defesa, que foi rejeitada. Marilda pretende
apresentar recurso, mas não dispõe do montante necessário para efetuar o depósito
prévio exigido no auto de infração. Neste caso
a) o fiscal cometeu irregularidade no exercício do poder de polícia, posto que já está
sedimentado na jurisprudência ser vedada a exigência de depósito prévio para a
apresentação de recurso administrativo.
b) houve irregularidade no exercício do poder de polícia, tendo em vista que é vedada
a imposição de multa antes do esgotamento do devido processo legal, com
observância do contraditório e da ampla defesa.
c) ficou prejudicado o recurso administrativo de Marilda, que deverá aguardar a ação
de cobrança judicial para apresentar sua defesa contra a imposição da multa.
d) o princípio da supremacia do interesse público permite o diferimento do contraditório
e da ampla defesa, tanto quanto a garantia do depósito prévio para assegurar o
adimplemento do débito aos cofres públicos.
e) a comerciante deverá ajuizar ação judicial para depositar em juízo o valor da multa
imposta, garantindo que, caso se sagre vencedora, logrará êxito em obter o
levantamento do montante em seu favor de forma mais ágil.
59. (FCC – Técnico Judiciário/TRE-SE/2015) Considere as seguintes assertivas:
I. Dissolução de reunião.
II. Apreensão de mercadorias deterioradas.
III. Notificação do administrado.
IV. Vistoria.

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Constitui exemplo de poder de polícia de caráter repressivo o que consta APENAS
em
a) I e II.
b) I, II e III.
c) II e III.
d) I e IV.
e) III e IV.
60. (FCC – Técnico Previdenciário/Manausprev/2015) De acordo com a definição
de José dos Santos Carvalho Filho, a prerrogativa de direito público que, calcada na
lei, autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da
propriedade em favor do interesse da coletividade (Manual de Direito Administrativo,
São Paulo, Atlas 25. ed. p. 75) refere-se ao poder
a) discricionário, que permite à Administração pública atuar nas lacunas da lei.
b) de polícia, que não se restringe às atividades normativas e preventivas, alcançando
também atuação repressiva.
c) vinculado, que exige que a Administração pública faça tudo aquilo que estiver
expressamente previsto na lei.
d) de polícia judiciária, que autoriza a Administração pública a restringir a liberdade
dos administrados.
e) de império, que qualifica todos os atos praticados pela Administração pública.
61. (FCC - PMP/INSS/2012) Quando a Administração Pública limita direitos ou
atividades de particulares sem qualquer vínculo com a Administração, com base na
lei, está atuando como expressão de seu poder
a) hierárquico.
b) de polícia.
c) normativo.
d) regulamentar.
e) disciplinar.
62. (FCC - JT/TRT 1/2012) A respeito dos poderes da Administração, é correto afirmar
que o poder
a) regulamentar fundamenta a edição, pelo Chefe do Executivo, de normas gerais
destinadas à coletividade, disciplinadoras de atividades individuais.
b) hierárquico autoriza a avocação, pelo Ministério supervisor, de matérias inseridas
na competência das autarquias a ele vinculadas.
c) disciplinar autoriza a Administração a apurar infrações e aplicar penalidades aos
servidores públicos, não alcançando as sanções impostas a particulares não sujeitos
à disciplina interna da Administração.
d) normativo autoriza a edição, pelo Chefe do Poder Executivo, de decretos em
matéria de organização administrativa, tais como a criação de órgãos e cargos
públicos.

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e) hierárquico é aquele conferido aos agentes públicos para proferir ordens e aplicar
sanções a seus subordinados, com vistas ao bom desempenho do serviço público.
63. (FCC - TJ/TRT 6/2012) O poder regulamentar cabe ao chefe do Poder Executivo
e compreende a edição de normas complementares à lei, para sua fiel execução.
Constitui forma de expressão do poder
a) normativo.
b) hierárquico.
c) discricionário.
d) de polícia.
e) disciplinar.
64. (FCC - AJ/TRT 6/2012) Constitui exemplo do poder disciplinar da Administração
pública
a) a imposição de restrições a atividades dos cidadãos, nos limites estabelecidos pela
lei.
b) a imposição de sanção a particulares que contratam com a Administração.
c) a edição de atos normativos para ordenar a atuação de agentes e órgãos
administrativos.
d) a edição de regulamentos para a fiel execução da lei.
e) o poder conferido às autoridades de dar ordens a seus subordinados e rever seus
atos.
65. (FCC - AJ/TRT 6/2012) A interdição de estabelecimento comercial privado por
autoridade administrativa constitui exemplo do exercício do poder
a) disciplinar.
b) regulamentar.
c) normativo.
d) hierárquico.
e) de polícia.
66. (FCC - TJ/TRF 5/2013) O poder que diz respeito ao juízo de conveniência e
oportunidade feito pela Administração Pública ao apreciar certas situações é
denominado
a) vinculado.
b) discricionário.
c) hierárquico.
d) disciplinar.
e) regulamentar.
67. (FCC - TJ/TRT 5/2013) São Poderes inerentes à Administração pública o poder
normativo, o poder disciplinar e o poder de polícia. Quanto a estes dois últimos, é
correto afirmar que o

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a) poder disciplinar alcança as sanções impostas aos servidores públicos, mas não
abrange as sanções impostas às demais pessoas sujeitas à disciplina interna
administrativa, como, por exemplo, os estudantes de uma escola pública.
b) poder de polícia é o que cabe à Administração para apurar infrações e aplicar
penalidades às pessoas sujeitas a sua disciplina interna.
c) poder disciplinar é discricionário, por essa razão a Administração, pautada em juízo
de conveniência e oportunidade, pode decidir entre instaurar ou não procedimento
adequado para apurar falta cuja prática é imputada a servidor público.
d) poder disciplinar é o que cabe à Administração para apurar infrações e aplicar
penalidades às pessoas sujeitas a sua disciplina interna.
e) fundamento do poder de polícia é a hierarquia, por essa razão, referido poder
abrange as sanções impostas a particulares que não integram a estrutura interna
administrativa.
68. (FCC - TJ/TRT 19/2014) Carlos Eduardo, servidor público estadual e chefe de
determinada repartição pública, adoeceu e, em razão de tal fato, ficou impossibilitado
de comparecer ao serviço público. No entanto, justamente no dia em que o
mencionado servidor faltou ao serviço, fazia-se necessária a prática de importante ato
administrativo. Em razão do episódio, Joaquim, servidor público subordinado de
Carlos Eduardo, praticou o ato, vez que a lei autorizava a delegação. O fato narrado
corresponde a típico exemplo do poder
a) disciplinar.
b) de polícia.
c) regulamentar.
d) hierárquico.
e) normativo-disjuntivo.
69. (FCC - AJ/TRE SP/2012) Com relação ao poder hierárquico, considere as
afirmativas a seguir:
I. O poder hierárquico tem como objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as
atividades administrativas, no âmbito interno da Administração Pública.
II. Delegar é conferir a outrem delegações originalmente competentes ao que delega.
No nosso sistema político são admitidas delegações entre os diferentes poderes.
III. O poder hierárquico é privativo da função executiva, sendo elemento típico da
organização e ordenação dos serviços administrativos.
IV. Avocar é trazer para si funções originalmente atribuídas a um subordinado. Nada
impede que seja feita, entretanto, deve ser evitada por importar desprestígio ao seu
inferior.
V. É impossível rever os atos dos inferiores hierárquicos, uma vez realizada a
delegação, pois tais atos não podem ser invalidados em quaisquer dos seus aspectos.
Está correto o que consta APENAS em

a) I, II, III e IV.

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b) II e III.
c) I e V.
d) I, III e IV.
e) II, IV e V.
70. (FCC - AJ/TJ PE/2012) Considere sob o foco do poder hierárquico:
I. Chamar a si funções originariamente atribuídas a um subordinado significa avocar,
e só deve ser adotada pelo superior hierárquico e por motivo relevante.
II. A revisão hierárquica é possível, desde que o ato já tenha se tornado definitivo para
a Administração ou criado direito subjetivo para o particular.
III. As delegações quando possíveis, não podem ser recusadas pelo inferior, como
também não podem ser subdelegadas sem expressa autorização do delegante.
IV. A subordinação e a vinculação política significam o mesmo fenômeno e não
admitem todos os meios de controle do superior sobre o inferior hierárquico.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) II, III e IV.
b) II e IV.
c) I, II e III.
d) I e III.
e) I, III e IV.
71. (FCC - AJ/TRE SP/2012) O poder disciplinar, na administração pública, se aplica
a) a todos os que cometerem atos de indisciplina nas vias públicas ou em prédios
públicos.
b) aos servidores públicos e demais pessoas que possuem um vínculo especial com
o poder público.
c) aos crimes cometidos por qualquer cidadão que receba recursos públicos.
d) apenas aos casos de quebra de hierarquia entre as autoridades políticas.
e) sem necessidade de prévia apuração por meio de procedimento legal.
72. (FCC - AJ/TST/2012) Exemplifica adequadamente o exercício de poder disciplinar
por agente da administração a
a) interdição de restaurante por razão de saúde pública.
b) prisão de criminoso efetuada por policial, mediante o devido mandado judicial.
c) aplicação de penalidade administrativa a servidor público que descumpre seus
deveres funcionais.
d) aplicação de multa de trânsito.
e) emissão de ordem a ser cumprida pelos agentes subordinados.
73. (FCC - TJ/TRT 1/2013) Entre os poderes atribuídos à Administração pública
insere-se o denominado poder disciplinar, que corresponde ao poder de
a) impor restrições à atuação de particulares, em prol da segurança pública.
b) coordenar e controlar a atividade de órgãos inferiores, verificando a legalidade dos
atos praticados.

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c) editar normas para disciplinar a fiel execução da lei.
d) organizar a atividade administrativa, redistribuindo as unidades de despesas.
e) apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos.
74. (FCC - AJ/TRF 5/2013) Contempla situação concreta que traduz o exercício do
poder disciplinar conferido à Administração Pública:
a) interdição de estabelecimento comercial em função de descumprimento de normas
de segurança.
b) aplicação de penalidade a particular que celebre contrato com a Administração
Pública, em face do descumprimento de obrigação decorrente do referido vínculo.
c) edição de resoluções, portarias, instruções e outros atos normativos para ordenar
a atuação de órgãos subordinados.
d) avocação de atribuições, desde que não sejam de competência exclusiva de órgãos
==0==

subordinados.
e) edição de regulamentos administrativos ou de organização, para disciplinar a fiel
execução da lei.
75. (FCC - ATCI/ALERN/2013) O poder disciplinar se caracteriza
a) pelo poder que detém o superior hierárquico para dar ordens aos administrados.
b) pela existência de níveis de subordinação entre os órgãos e agentes públicos da
mesma pessoa jurídica.
c) pelo dever de obediência dos servidores públicos e seus superiores hierárquicos.
d) pela faculdade da Administração pública para aplicar sanção disciplinar aos seus
servidores.
e) pelo dever da Administração pública em apurar infrações e aplicar penalidades aos
seus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa.
76. (FCC - TJ/TST/2012) Pode exercer poder de polícia
a) a Receita Federal do Brasil.
b) a Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS.
c) o Banco do Brasil S.A.
d) o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.
e) o Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO.

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GABARITO

1. E 11. E 21. E 31. C 41. A 51. B 61. B 71. B


2. C 12. E 22. C 32. X 42. B 52. B 62. C 72. C
3. E 13. C 23. E 33. C 43. E 53. E 63. A 73. E
4. E 14. E 24. C 34. C 44. E 54. B 64. B 74. B
5. C 15. E 25. C 35. C 45. E 55. C 65. E 75. E
6. E 16. E 26. E 36. E 46. C 56. B 66. B 76. A
7. C 17. E 27. E 37. C 47. C 57. E 67. D
8. E 18. E 28. E 38. C 48. D 58. A 68. D
9. E 19. E 29. E 39. D 49. A 59. A 69. D
10. X 20. D 30. E 40. C 50. D 60. B 70. D

REFERÊNCIAS

ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 19ª Ed. Rio de
Janeiro: Método, 2011.

ARAGÃO, Alexandre Santos de. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 31ª Ed. São Paulo:
Malheiros, 2014.

BARCHET, Gustavo. Direito Administrativo: teoria e questões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27ª Edição. São Paulo: Atlas,
2014.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. “Personalidade judiciária de órgãos públicos”. Salvador:
Revista Eletrônica de Direito do Estado, 2007.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ª Edição. São Paulo: Atlas, 2014.

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 7ª Ed. Niterói: Impetus, 2013.

MEIRELLES, H.L.; ALEIXO, D.B.; BURLE FILHO, J.E. Direito administrativo brasileiro. 39ª Ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2013.

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