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Classificação ou Tipologia das Constituições

1-Quanto ao conteúdo (substância das constituições):

Constituição Formal ou Procedimental = a Constituição formal é o conjunto


de normas escritas, hierarquicamente superior ao conjunto de leis comuns,
independentemente de qual seja o seu conteúdo, isto é, estando na
Constituição é formalmente constitucional, pois tem a forma de Constituição As
Constituições escritas não raro inserem matéria de aparência constitucional,
que assim se designa exclusivamente por haver sido introduzida na
Constituição, enxertada no seu corpo normativo e não porque se refira aos
elementos básicos ou institucionais da organização política. O que importa é o
processo de formação do texto constitucional (os procedimentos). É a norma
fundamental e superior, que regula o modo de produção das demais normas do
ordenamento jurídico e limita seu conteúdo.

Constituição Material ou Substancial = a constituição material no sentido estrito


significa o conjunto de normas constitucionais escritas ou costumeiras,
inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a
organização de seus órgãos e os direitos fundamentais, não se admitindo como
constitucional qualquer outra matéria que não tenha aquele conteúdo
essencialmente constitucional. Vale dizer que é possível separarem-se normas
verdadeiramente constitucionais, isto é, normas que realmente devem fazer
parte do texto de uma Constituição, daquelas outras, que só estão na
Constituição por uma opção política, mas ficariam bem nas leis ordinárias.
Contém as normas fundamentais e estruturais do Estado. A constituição
organiza o exercício do poder político, estabelece os direitos fundamentais,
consagra os fins públicos a serem alcançados.
2-Quanto ao modo de elaboração (de seu conteúdo)
- Dogmáticas: sempre escritas, consubstanciam os dogmas estruturais e
fundamentais do Estado. Refletem teorias preconcebidas, planos e sistemas
prévios de ideologias bem declaradas. São elaboradas de uma só vez pelo
Poder Constituinte.

- Históricas: constituem-se através de um lento e contínuo processo de


formação, ao longo do tempo, reunindo a tradição e a história de um povo.
Aproximam-se assim da costumeira. Ex: Constituição Inglesa.

3-Quanto à origem (forças responsáveis pelo surgimento da Constituição)


-Promulgada ou democrática: constituição fruto do trabalho de uma Assembleia
Nacional Constituinte, eleita diretamente pelo povo, para em nome dele atuar
nascendo, portanto, da representação legítima popular.

-Outorgada ou decretada: são as constituições impostas de maneira unilateral,


pelo agente revolucionário que não recebeu do povo a legitimidade para em
nome dele atuar. Exemplos: as constituições brasileiras de 1824 (Império), de
1937 (inspirada em modelo fascista – Getúlio Vargas), 1967 (ditadura militar).

-Cesarista ou Populista: Constituições outorgadas submetidas a plebiscito e a


referendo, na tentativa de apresentarem legitimidade são denominadas de
constituições cesaristas. Ex: plebiscitos napoleônicos ou por ditadores como
Pinochet no Chile. A participação popular não é democrática, pois somente visa
ratificar a vontade do detentor do poder. Objetivam apenas legitimar a presença
do detentor do poder. Ex: constituições bonapartistas e cartas plebiscitárias do
Chile.
4-Quanto à alterabilidade ou estabilidade ou mutabilidade
-Rígida: constituição que exige para sua alteração um processo legislativo mais
árduo, solene, mais dificultoso do que o processo de alteração das normas não
constitucionais. Todas as constituições brasileiras, exceto a de 1824 foram
rígidas. Normalmente, as constituições escritas são rígidas, mas nem sempre.

-Flexível: constituição que não possui processo legislativo dificultoso de


alteração; a dificuldade de alteração é a mesma para alterar outras leis, não
existindo hierarquia entre a Constituição e as leis infraconstiucionais. Ex:
Constituições Inglesa, Nova Zelândia, Finlândia e África do Sul.

-Semirrígida: é aquela constituição que em que algumas matérias exigem um


processo de alteração mais dificultoso e outras matérias não. Abrigam ao
mesmo tempo rigidez e flexibilidade. Ex: a Constituição brasileira de 1824 e a
Constituição Irlandesa de 1922.

- Fixas: somente podem ser alteradas por um poder de competência igual ao


que as criou, poder constituinte originário. Conhecidas como constituições
silenciosas porque não estabelecem expressamente o procedimento de
reforma. Atualmente, possuem valor meramente histórico. Ex: Carta Espanhola
de 1876.

5-Quanto à extensão (de seu conteúdo)


-Sintética/Concisa: constituições enxutas, com previsão apenas de dos
princípios fundamentais e estruturais do Estado; sem apresentar minúcias. Ex:
Constituição dos EUA, em vigor há mais de 200 anos.

-Analítica/Extensa/Prolixa: são as constituições que abordam todos os


assuntos que os representantes do povo entenderam fundamentais, descem a
minúcias e contém regras que deveriam estar contidas na legislação
infraconstitucional.

6- Quanto à forma (como se apresenta):


- Escritas: constituição formada por um conjunto de normas escritas e
sistematizadas em um único documento. Ex: constituição brasileira de 1988;
constituição espanhola, constituição portuguesa, etc.

-Costumeiras ou não escritas ou consuetudinárias: constituições que não


trazem regras em um único texto solene e codificado. Formada por textos
esparsos, reconhecidos pela sociedade como fundamentais e baseia-se nos
usos, costumes, jurisprudência, convenções. Ex: Constituição do Reino Unido
(Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia, País de Gales)
7-Quanto à dogmática (ideologia)
-Ortodoxas: constituições formadas por uma só ideologia. Ex: a constituição
soviética de 1977 (hoje extinta); as constituições da China marxista;

-Ecléticas: formada por ideologias conciliatórias. Embate de pensamentos que


se conciliam. Ex: portuguesa de 1976

8-Quanto ao Sistema
-Principiológicas: constituições em que predominam os princípios que são
normas consagradoras de valores.

-Preceituais: prevalecem regras individuais com pouco grau de abstração. Ex: a


mexicana de 1917.

9-Quanto à Essência / Método Ontológico por Karl Loewenstein


(correspondência com a realidade)

-Normativas: constituições perfeitamente adaptadas ao fato social, total


consonância com o processo político. Real força normativa das normas
constitucionais. Subordinação do poder político às suas determinações. Ex:
Constituição Americana de 1787.

-Semânticas: encontram-se submetidas ao poder político prevalecente.


Documento político para atender aos interesses dos detentores do poder de
fato. Não tem por objetivo a limitação do poder de fato. Simples reflexo da
realidade política – mero instrumento das elites e dos donos do poder. Ex:
constituições brasileiras de 1937 e 1967.

-Nominais: entre as normativas e semânticas. É válida do ponto de vista


jurídico, mas não consegue por em conformidade o processo político às suas
normas, carecendo de força normativa adequada. A dinâmica do processo
político não se adapta às suas normas, embora elas conservem em sua
estrutura um caráter educativo, com vistas ao futuro da sociedade, voltadas
para um dia serem realizadas na prática. Insuficiente concretização
constitucional. Ex: constituições de 1824, 1946…

10- Quanto à sistemática (critério sistemático)

-Reduzidas ou unitárias: que se materializam em um só código básico e


sistemático. São sistematizadas em num único instrumento.

-Variadas: são aquelas que se distribuem em vários textos e documentos


esparsos, sendo formadas de várias leis constitucionais. Normas jurídicas
espalhadas em diversos documentos legais. Destaque para a francesa de
1875.

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