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IPESSP – INSTITUTO DE PESQUISA E EDUCAÇÃO EM SAÚDE DE SÃO PAULO

PÓS GRADUAÇÃO EM CONSERVAÇÃO E MANEJO DA FAUNA SILVESTRE

ANÁLISE DE RESÍDUOS SÓLIDOS PRESENTES NO CONTEÚDO FECAL


DE JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE (Chelonia mydas) IN SITU NA REGIÃO DE
CERRO VERDE – URUGUAI.

LARISSA PETRELIS DE FRANCO

SÃO PAULO

2011
LARISSA PETRELIS DE FRANCO

ANÁLISE DE RESÍDUOS SÓLIDOS PRESENTES NO CONTEÚDO FECAL


DE JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE (Chelonia mydas) IN SITU NA REGIÃO DE
CERRO VERDE – URUGUAI.

Trabalho de conclusão de Curso


apresentado ao IPESSP, como requisito
parcial para obtenção no título de
Especialista em Conservação e Manejo da
Fauna Silvestre

ORIENTADOR: GUSTAVO MARTINEZ SOUZA

SÃO PAULO

2011
Larissa Petrelis De Franco
Análise de Resíduos Sólidos Presentes no Conteúdo Fecal de Juvenis
de Tartaruga-verde (Chelonia mydas) in situ na Região de Cerro Verde
– Uruguai – São Paulo, 2011. p.35
Orientador: Gustavo Martinez Souza
Trabalho de Conclusão de Curso - Instituto de Pesquisa e Educação
em Saúde de São Paulo. Especialização em Conservação e Manejo da
Fauna Silvestre/IPESSP. Área de concentração: Ecologia. Linha de
Pesquisa: Conservação de Tartarugas Marinhas.
Versão do título para o inglês: Analysis of Solid Debris in the Fecal
Contents of Juvenile Green Turtle (Chelonia mydas) in situ in the
Region of Cerro Verde - Uruguay
Palavras-Chave: resíduos sólidos, plástico, conteúdo fecal.
IPESSP - INSTITUTO DE PESQUISA E EDUCAÇÃO EM SAÚDE
DO ESTADO DE SÃO PAULO

Candidata: Larissa Petrelis De Franco

Trabalho de Conclusão de Curso: Análise de Resíduos Sólidos Presentes no


Conteúdo Fecal de Juvenis de Tartaruga-verde (Chelonia mydas) in situ na Região
de Cerro Verde – Uruguai

Orientador: Gustavo Martinez Souza

A Comissão Julgadora dos Trabalhos de Conclusão de Cursos, em sessão pública


realizada a 26/06/2011 considerou a candidata:

( ) Aprovada ( ) Reprovada

Examinador(a) Assinatura .........................................................................

Nome: .............................................................................

Instituição: .......................................................................

Examinador(a) Assinatura .........................................................................

Nome: .............................................................................

Instituição: .......................................................................

Presidente: Assinatura ...............................................................................

Nome: .............................................................................

Instituição: .......................................................................
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a toda a minha família e ao meu


noivo Régis pela paciência e compreensão pelos finais de semana de
ausência. Amo vocês, e agradeço por tê-los em minha vida!

Agradeço a todos os meus colegas do curso, que tornaram esses dois


anos de pós-graduação muito divertidos e produtivos! Tenho certeza de que
muitos deles se tornaram amigos de verdade, e que apesar da distância, vão
continuar sempre presentes aqui no meu coração.

Aos coordenadores do curso Verônica, Letícia e Rafael por todo o


ensinamento, paciência e motivação que me deram.

Ao meu orientador Gustavo, que me auxiliou desde o início com a


escolha do tema, no trabalho de campo e finalmente no trabalho escrito.
Sempre com muita paciência e disposição para ajudar. Obrigada, querido!

Ao Alejandro Fallabrino, diretor e presidente do projeto Karumbé, que


sempre de bom humor e cheio de disposição, me proporcionou momentos de
muito aprendizado e experiência de vida no período do meu trabalho de
campo.

A todos os voluntários e pesquisadores do Projeto Karumbé, que


tornaram meu trabalho possível. Sem a ajuda deles na captura, observação,
limpeza das piscinas, festas, etc., não seria possível a realização do trabalho.
Obrigada a todos!

À minha amiga e convidada da banca examinadora Ana Bondioli, por


todos os momentos maravilhosos proporcionados até hoje. Por ter me
apresentado às tartarugas marinhas, por ter me indicado ao projeto Karumbé,
e por sua amizade que é tão importante para mim! Obrigada por tudo!
“...Bom mesmo é ir a luta com determinação,
Abraçar a vida e viver com paixão,
Perder com classe e vencer com ousadia,
Porque o mundo pertence a quem se atreve
E a vida é muito para ser insignificante."

(Charles Chaplin)
RESUMO

As tartarugas marinhas são animais muito antigos e atualmente estão ameaçados


de extinção, sendo a poluição dos oceanos uma das principais ameaças. A ingestão
de plásticos é um dos maiores obstáculos para a sobrevivência das tartarugas
marinhas, pois podem causar danos diretos e indiretos a esses animais. A região de
Cerro Verde, localizada no Noroeste do Uruguai, é uma área de alimentação da
espécie Chelonia mydas, popularmente conhecida como tartaruga verde. O objetivo
geral deste trabalho foi analisar os resíduos sólidos evacuados pelas tartarugas
verdes capturadas na região de Cerro Verde, através de sua classificação,
ocorrência e abundância. Para isso, 30 trinta da espécie Chelonia mydas foram
capturados in situ e mantidos em observação durante cinco dias. Foi verificada a
presença de resíduos sólidos de origem antrópica nos conteúdos fecais de 19 dos
25 indivíduos que defecaram. Foram quantificados 140 itens excretados, dos quais
51,24% eram plásticos moles, 17,85% plásticos rígidos, 18,57% materiais de
poliamida (nylon) e 12,14% de outros materiais como pedras, borracha, isopor, entre
outros. Estima-se, portanto que o índice de ingestão de resíduos sólidos por
tartarugas marinhas seja alto, visto que grande parte dos indivíduos apresentou
resíduos sólidos nos conteúdos fecais. Além disso, observou-se que animais sadios
e que se alimentam normalmente podem possuir resíduos sólidos em seu trato
gastrointestinal, estando portanto, potencialmente ameaçados.Tal fato retrata a
preocupante situação da poluição dos oceanos, que acomete não somente as
tartarugas marinhas, mas diversos outros grupos de animais.
ABSTRACT

Sea turtles are ancient animals that nowadays are threatened of extinction and suffer
natural and antropic threats, being pollution of oceans one of the main threats. The
ingestion of plastics is one of the biggest obstacles to sea turtle’s survivor, because
they can cause direct and indirect damages to these animals. The region of Cerro
Verde, located on Uruguay’s northeast, is an area of Chelonia mydas feeding. The
objective of our work is to evaluate the solid residues evacuated by sea turtles
captured on Cerro Verde region, classifying the residues, its occurrence and
abundance. To do that, 30 individuals of Chelonia mydas were captured in situ and
kept for observations during five days. We verified the presence of solid antropic
residues on fecal content of 19 of 25 individuals that defecated. We quantified 140
excreted items, being 51,24% of soft plastic, 17,85% of hard plastic, 18,57%
polyamide materials and 12,14% of other materials, like rocks, rubber, Styrofoam etc.
We estimate, therefore, that the ingestion index of solid residues by sea turtles is
high, since a large part of individuals presented solid residues on fecal content.
Besides, we observed that healthy animals that feed normally can present solid
residues on its intestines, being, therefore, potentially threatened. This fact reflects
the worrying situation of oceans pollution that affects not only sea turtle, as various
other animal groups.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................9

2. OBJETIVOS...................................................................................................15

2.1. Objetivo geral..........................................................................................15

2.2. Objetivos específicos..............................................................................15

3. METODOLOGIA............................................................................................16

4. RESULTADOS...............................................................................................21

5. DISCUSSÃO..................................................................................................23

6. CONCLUSÕES..............................................................................................26

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁRICAS................................................................27

8. ANEXOS........................................................................................................30
9

1. INTRODUÇÃO
1.1. TARTARUGAS MARINHAS

As tartarugas marinhas são classificadas como répteis da ordem Testudines,


inseridas na subordem Cryptodira e superfamília Chelonioidea. Atualmente existem
sete espécies de tartarugas marinhas e estas estão divididas em duas famílias:
Dermochelyidae e Cheloniidae. A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea)
pertence à família Dermochelyidae, e todas as demais: tartaruga cabeçuda (Caretta
caretta), tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga verde (Chelonia
mydas), tartaruga oliva (Lepidochelys olivacea), tartaruga flatback (Natator
depressus), tartaruga kempi (Lepidochelys kempii) pertencem à família Cheloniidae.

Das sete espécies existentes, cinco ocorrem no litoral uruguaio, exceto


Lepidochelys kempii, espécie endêmica do Golfo do México e Natator depressus que
ocorre no litoral da Austrália e no Golfo da Papua Nova Guiné (SECRETARÍA CIT,
2004).

A espécie Chelonia mydas, descrita por Linnaeus em 1758 e popularmente


conhecida como tartaruga verde, é classificada como em perigo de extinção pela
Lista Vermelha de Animais Ameaçados de Extinção da IUCN (União para a
Conservação da Natureza) (IUCN, 2010). Esta espécie possui distribuição
circunglobal, sendo amplamente distribuídas em águas tropicais e subtropicais, perto
das costas continentais e ao redor de ilhas (MARQUEZ, 1990).

Possui como características distintivas: carapaça oval em vista dorsal; cabeça


relativamente pequena (em média 20% do comprimento de sua carapaça); um par
de escamas pré-frontais alongadas entre as órbitas; dorsalmente, distribuem-se 4
pares de escudos laterais, 5 escudos centrais e normalmente 12 pares de escudos
marginais. Na porção ventral denominada plastrão apresentam 4 pares de escudos
infra-marginais e cada nadadeira possui uma unha única e bastante visível. Sua
coloração do lado superior varia muito, podendo ocorrer combinações de amarelo,
marrom e tons de verde e pode possuir listras com formas radiadas (MÁRQUEZ,
1990).
10

Figura 1: Desenhos esquemáticos de Chelonia mydas (tartaruga verde) apresentando suas


características morfológicas (modificado de MÁRQUEZ, 1990).

O ciclo de vida desses animais transcorre em áreas de reprodução, praias de


anidação e áreas de alimentação e desenvolvimento (CARACCIO, 2008).

Figura 2: Ciclo de vida das tartarugas marinhas (Modificado de MILLER, 1996).


11

Após a cópula nas áreas de reprodução, os machos retornam para as áreas


de alimentação e as fêmeas se dirigem às praias de anidação para a colocação dos
ovos, e em seguida as fêmeas vão igualmente para as áreas de alimentação, para
se prepararem novamente para o próximo período reprodutivo (MILLER, 1996).
Sabe-se que as tartarugas marinhas permanecem em média somente 1% de
sua vida em praias de anidação (BJORNDAL, 2000), portanto, estudos com
tartarugas marinhas em áreas de alimentação se fazem necessários para maior
conhecimento da biologia, ecologia, comportamento, entre outros.
Estudos realizados relatam que as tartarugas verdes ocupam a zona pelágica
dos oceanos (BJORNDAL, 1996) e que nos primeiros estágios de vida possuem
hábitos alimentares onívoros, entretanto, quando atingem o estagio juvenil se
alimentam preferencialmente de algas (HIRTH, 1971). As áreas de alimentação das
tartarugas verdes são geralmente águas rasas e áreas de recifes com abundância
de algas marinhas (MILLER, 1996).

1.2. AMEAÇAS

O uso do ambiente terrestre para a ovoposição torna as tartarugas marinhas


vulneráveis à caça predatória. A carapaça desses animais é utilizada na confecção
de artesanatos e são encontradas freqüentemente como enfeites em diversos tipos
de estabelecimentos, tanto comerciais como residenciais. Percebe-se, pelo tamanho
das carapaças, que muitas delas nem chegaram a atingir a maturidade sexual. Além
disso, a carne é bastante apreciada por diversas culturas.

As redes de pesca são igualmente uma ameaça às populações de tartarugas


marinhas em escala global (BUGONI et al., 2008), pois estes animais ficam presos
nas redes e não conseguem subir à superfície para respirar, assim, morrem
afogadas. Além disso, podem ter membros mutilados pelo emaranhamento em
redes e ferimentos causados por anzóis.

Outra ameaça às tartarugas marinhas é a doença conhecida como


fibropapilomatose. É caracterizada pela presença de múltiplas massas tumorais
cutâneas que acomete populações marinhas do mundo todo, sobretudo a espécie
Chelonia mydas (FOLEY et al., 2005). Esses tumores podem se localizar tanto
interna quanto externamente ao animal (AGUIRRE e LUTZ, 2004; FOLEY et al.,
12

2005). Apesar de serem considerados benignos, a medida que os tumores crescem,


ou aumentam em número, podem resultar na debilidade das tartarugas (GEORGE,
1996), prejudicando a capacidade de alimentação, locomoção, respiração e visão.
Sabe-se que esta doença possui origem viral, entretanto, as causas ainda estão
sendo estudadas. Acredita-se que fatores de origem antrópica podem influenciar no
desenvolvimento da doença, como o aumento da incidência dos raios ultravioleta, a
mudança na temperatura das águas dos oceanos e a poluição ambiental (AGUIRRE
e LUTZ, 2004).

1.3. POLUIÇÃO DOS OCEANOS E RESÍDUOS SÓLIDOS NO AMBIENTE


MARINHO.

A poluição dos oceanos com resíduos sólidos é muito mais do que um


simples problema estético, pois se torna um risco a diversos animais marinhos
através da ingestão ou emaranhamento (BALAZS, 1985).

Os resíduos marinhos são definidos como “qualquer material sólido


descartado, manufaturado ou processado (tipicamente inerte) que entra no ambiente
marinho por diversas fontes” (COE e ROGERS, 1997). Esses resíduos podem ser
tanto de origem terrestre, proveniente de rios e águas pluviais ou descartados por
turistas nas praias, quanto de origem aquática, sendo descartado por embarcações
e portos (EPA, 1992).

O assunto da interação das tartarugas marinhas com a poluição dos oceanos


por resíduos antrópicos teve destaque pela primeira vez em 1985 através da
publicação de um trabalho de Balazs, documentando 60 casos de emaranhamento
dos animais em redes de pesca e 79 casos de ingestão de lixo (BJORNDAL, 1994;
LUTCAVAGE, 1996). O emaranhamento em redes de pesca abandonadas ao mar é
um grave problema para as tartarugas, pois podem resultar na redução da
mobilidade, dificultar na alimentação ou na fuga de predadores e até mesmo
ocasionar a constrição do pescoço e amputação de nadadeiras (LUTCAVAGE,
1996).

Bourne (1985) afirma que um dos principais obstáculos para a sobrevivência


das tartarugas marinhas é a poluição dos oceanos por óleos e plásticos resistentes.
O crescimento significativo da produção de plásticos e descarte no ambiente
13

marinho se deu com início da Segunda Guerra Mundial (IVAR DO SUL, 2007), e
atualmente é o resíduo de origem antrópica mais comumente encontrado nos
oceanos (VENIZELOS e SMITH, 1997), por ser muito resistente e possuir baixos
custos de produção. Representa uma das principais ameaças ao ambiente marinho,
pois acomete não somente as tartarugas marinhas, mas diversos outros grupos de
animais, como os peixes, aves e mamíferos (DERRAIK, 2002).

Tartarugas marinhas de todas as espécies são particularmente propensas a


comer pedaços de plástico e outros resíduos flutuantes. Os principais resíduos
ingeridos são plásticos (BJORNDAL, 2004), e tal fato pode ser atribuído ao caráter
oportunístico na dieta das tartarugas verdes, que ingerem itens expostos na coluna
d´água. Além disso, Carr (1987) acredita que as tartarugas podem se alimentar de
plásticos por confundirem com águas vivas e algas, que fazem parte de sua dieta
natural, principalmente a espécie Chelonia mydas que tem hábitos
preferencialmente herbívoros quando juvenis e adultas.

Bjorndal et al. (1994) afirmam que muitas vezes o plástico pode passar pelo
trato gastrointestinal sem se alojar no intestino e ser liberado normalmente pelas
fezes, entretanto, pode ser direcionado de tal forma a bloquear o intestino e levar o
animal a óbito. Tal fato pode ocorrer até mesmo com a ingestão de pequenas
quantidades de plástico.

Existem estudos sobre a ingestão de resíduos sólidos para quase todas as


espécies de tartarugas marinhas e seus estágios de vida (LUTCAVAGE et al., 1996),
entretanto, na maioria dos casos, estes estudos são voltados para animais que são
encontrados mortos nas praias (TOURINHO, 2007) e são realizadas necropsias para
verificação da possível causa da morte do animal e análise do conteúdo intestinal
para a verificação dos resíduos que foram ingeridos (BJORNDAL et al., 1994;
LUTCAVAGE et al., 1996).

Sabemos que o encalhe é um problema sério e que merece atenção pelo alto
índice de animais encontrados mortos ou encaminhados para reabilitação,
entretanto, o estudo de animais varados não é uma amostragem aleatória (HART et
al., 2006), pois esse evento segue um regime sazonal, existindo períodos favoráveis
e desfavoráveis ao encalhe. Além disso, não atinge toda a população de tartarugas
14

marinhas, pois se trata de animais doentes ou machucados, excluindo os animais


sadios e que se alimentam normalmente.

O diferencial do presente trabalho é que o mesmo foi realizado com


tartarugas marinhas vivas, capturadas na Área costeiro-marinha de Cerro Verde e foi
analisado o conteúdo fecal dos animais considerados sadios, ou seja, sem doença
aparente.
15

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral:

- Analisar os resíduos sólidos evacuados pelas nas tartarugas verdes (Chelonia


mydas) capturadas na Área costeiro-marinha de Cerro Verde.

2.2. Objetivos específicos:

- Verificar a ocorrência e abundância de resíduos sólidos de origem antrópica nas


fezes de indivíduos vivos e sadios;

- Classificar os tipos de resíduos sólidos evacuados e analisar uma possível


preferência por tipo de resíduo sólido ingerido.
16

3. METODOLOGIA

a) Área de estudo

O estudo foi realizado na Área Costeiro-marinha de Cerro Verde (33o56’ S;


53o30’W), caracterizada como área de alimentação e desenvolvimento dos
indivíduos de tartaruga verde (Chelonia mydas), espécie de maior ocorrência da
região.

Localizada na região litorânea do Departamento de Rocha no Noroeste do


Uruguai, a região está incorporada ao Sistema Nacional de Áreas Protegidas
(SNAP) e inserida no Parque Del Ejército de Santa Teresa.

Ao longo do ano a região sofre variações na temperatura da água e da


salinidade. No outono e inverno, sofre influência das águas frias provenientes do sul
(corrente das Malvinas) e na primavera e verão sofre influência das águas quentes
provenientes do norte (corrente do Brasil) (KLAPPENBACH e SCARABINO, 1969).
O clima é considerado subtropical-úmido e a temperatura superficial do mar varia de
10ºC no inverno a 25ºC no verão, sendo em alguns anos registradas temperaturas
inferiores a 10ºC durante um terço do inverno (MARTINEZ SOUZA, unpublished).

Esta região é caracterizada como uma região de grande biodiversidade, com


habitats de refúgio, desenvolvimento, reprodução e alimentação de várias espécies
(CARACCIO, 2008), além de abrigar diversas espécies migratórias e ameaçadas de
extinção como golfinhos, baleias, leões marinhos, aves migratórias (LÓPEZ-
MENDILAHARSU et. al, 2005), bem como as tartarugas marinhas.

A região possui grande importância ecológica, pois estudos de telemetria e


marcação e recaptura apresentam dados de fidelidade e permanência de tartarugas
marinhas por longos períodos na região, provavelmente associada à grande
disponibilidade de algas (ALONSO, et al., 2010). Além disso, estudos genéticos nos
permitem determinar que tartarugas que convergem para a região são provenientes
de dez diferentes praias de anidação ao longo do Oceano Atlântico, e portanto, a
região é considerada uma zona de especial interesse na conservação em escala
internacional (ALONSO, et al., 2010).
17

b) Coleta de dados

A coleta de dados se realizou entre os dias 14 de março e 22 de abril de


2010, com a parceria do Projeto Karumbé e foi desenvolvida na Base Científica
Cerro Verde, situada em La Coronilla.

c) Captura

Foram definidos três pontos para a realização das capturas das tartarugas
marinhas, sendo estes: Punta Coronilla (conhecida como Pesquero), Cerro Verde ou
Punta Loberos e Ilhas de La Coronilla.

Figura 3: Localização da Base Científica Cerro Verde e dos pontos de captura (fonte: Google Earth).

As capturas foram realizadas quando as condições oceanográficas


permitiram, ou seja, quando a maré, ondas, ventos e chuva não colocasse em risco
os pesquisadores e voluntários envolvidos.

As tartarugas foram capturadas em uma rede de 50 metros de comprimento,


3 metros de altura e 30 centímetros de malha (entre-nós) específica para a captura
desses animais.
18

Para a realização da captura, a rede era posicionada a 45˚ em relação à praia


e próxima aos costões rochosos, visando a captura das tartarugas verdes que se
alimentam de algas que se fixam nas rochas.

As tartarugas capturadas eram levadas à praia e os procedimentos realizados


eram: tomada de dados biométricos, realização de registros fotográficos de diversas
regiões do corpo do animal para a realização da fotoidentificação, marcação com
anilhas metálicas (se o animal não possuísse marcas de captura anterior), coleta de
tecido e epibiontes para futuras análises genéticas.

d) Observação das tartarugas marinhas capturadas

Para a realização do presente estudo, as tartarugas eram encaminhadas para


a Base Científica Cerro Verde, situada em La Coronilla, Uruguai.

Os espécimes capturados foram numerados de 1 a 30 conforme a ordem de


captura e foram individualmente mantidos em piscinas de plástico contendo em
média 250 litros de água doce. O alto custo de instalação e manutenção devido a
intensa energia morfodinâmica das praias, dificulta a base científica trabalhar com o
bombeamento de água salgada do mar. Porém, curtos períodos em baixa salinidade
não prejudicam o desenvolvimento das tartarugas marinhas (WALSH, 2000).

Somente foram utilizados neste trabalho indivíduos considerados sadios,


identificados como aqueles que não apresentam ferimentos ou doença aparente.

O período de observação dos indivíduos amostrados foi de 5 (cinco) dias. No


período da manhã, eram fornecidas 60 gramas de algas (Ulva sp) e ao longo dos
cinco dias, as piscinas eram monitoradas com o objetivo de verificar a presença de
fezes. Quando verificadas, era realizada a filtração da água da piscina com o
objetivo de coletar todo o conteúdo fecal (que muitas vezes se dissolve na água)
para posterior triagem dos resíduos sólidos de origem antrópica presentes nas fezes
dos animais.
19

Figura 4: (A) Verificação da rede antes da captura ser realizada; (B) Captura sendo realizada; (C)
Tomada de dados biométricos; (D) Piscinas de monitoramento dos animais; (E) Filtração da água
para a coleta de resíduos sólidos excretados pelas tartarugas marinhas; (F) Resíduos sólidos
coletados nas fezes de um dos espécimes observados.

e) Análise dos resíduos coletados

Após a triagem e lavagem, os resíduos sólidos encontrados nos conteúdos


fecais foram classificados, quantificados e pesados em balança digital de precisão
em gramas.

Os resíduos sólidos foram classificados conforme apresenta a Tabela 1, a


seguir.
20

Tabela 1: Classificação dos resíduos sólidos

Tipo de resíduo Característica Especificação

Rótulos de produtos, sacos


de lixo, sacolas de
Moles
supermercados, canudos,
entre outros
Plásticos .

Ponta de caneta, tampinhas


Rígidos de embalagens, brinquedos,
entre outros.

Linha de poliamida (pesca),


Materiais de poliamida
barbante de poliamida,
(nylon) ---
cordão de poliamida

Isopor, borracha, pedra,


Outros ---
espuma, vidro, entre outros.

A análise do conteúdo fecal possibilitou a quantificação dos resíduos sólidos


excretados por cada tartaruga (anexo I). O intuito da quantificação foi de verificar o
número de resíduos excretados e não o número de resíduos ingeridos, portanto,
caso houvesse alguns fragmentos que fossem de um mesmo resíduo ingerido, mas
que foram fracionados pelo processo de digestão e excretados em mais do que um
fragmento, estes foram contados como sendo mais do que um item.
21

4. RESULTADOS

Durante o esforço amostral, foram mantidas em observação 30 tartarugas da


espécie C. mydas.

Foi verificado que cinco indivíduos não defecaram durante o período de


observação. Dentre as 25 tartarugas marinhas que defecaram, foi verificada a
presença de resíduos sólidos nos conteúdos fecais de 19 indivíduos (76,0%).

Através da quantificação dos resíduos sólidos, foram registrados 140 itens


excretados. A quantidade de itens excretados por cada tartaruga variou entre 1 e 28,
sendo a média de 7,36 ± 9,39.

Através da classificação foi possível verificar a predominância de plásticos,


em seguida os resíduos mais abundantes foram os “materiais de poliamida (nylon)”,
seguidos dos resíduos classificados como “outros”, conforme mostra a Tabela 2 a
seguir.

Tabela 2: Freqüência de ocorrência por tipo de resíduo.

Tipo de resíduo Característica Freqüência de Ocorrência

Moles 51,42%

Plásticos

Rígidos 17,85%

Materiais de poliamida
18,57%
(nylon) ---

Outros --- 12,14%

A Figura 5 a seguir representa a proporção de itens ingeridos por cada


indivíduo, segundo sua classificação.
22

Figura 5: Proporção de itens ingeridos por cada indivíduo que apresentou resíduos sólidos nas fezes.

Com a realização da pesagem dos resíduos, foi possível verificar que os


plásticos excretados são muito leves, pois em sua grande maioria são fragmentos de
plásticos moles. Dos 19 indivíduos que possuíam resíduos sólidos em suas fezes,
11 obtiveram valores de massa dos resíduos excretados menor do que 1g, e 8 deles
obtiveram valores maior do que 1g.

Foi verificado que 8 tartarugas não se alimentaram ou ingeriram pequenas


quantidades de algas fornecidas durante o período de observação e uma delas
apresentou flutuabilidade positiva.
23

5. DISCUSSÃO

A quantidade de resíduos evacuados pode representar apenas uma pequena


porcentagem dos resíduos presentes no trato gastrointestinal dos animais
observados, visto que em diversos trabalhos que utilizam a necropsia como
metodologia, é observada grande abundância de resíduos sólidos no estômago e
intestino dos animais, como no trabalho de Tourinho (2007), que relatou a presença
de 134 itens em um dos animais em que a necropsia foi realizada.

O fato de tartarugas marinhas não terem defecado, pode ter sua causa
relacionada à obstrução do intestino, que é considerada por Bjorndal et. al. (1994)
uma das principais ameaças à sobrevivência de tartarugas marinhas causadas por
resíduos sólidos. Uma das causas da obstrução é a presença de fecalomas, que
impede a liberação das fezes acumuladas. Os fecalomas são formados pelo
ressecamento das fezes no intestino, resultando em tumores fecais de consistência
extremamente dura, impedindo que as fezes sejam eliminadas. Os fecalomas
podem ser formados devido a compactação de resíduos sólidos ingeridos
(BJORNDAL et.al., 1994).

Estima-se, portanto que o índice de ingestão de resíduos sólidos por


tartarugas marinhas seja alto, visto que grande parte dos indivíduos apresentou
resíduos sólidos nos conteúdos fecais, e que possivelmente, os animais que não
defecaram, podem igualmente possuir resíduos de origem antrópica em seu trato
gastrointestinal.

Outra conseqüência que a ingestão de plástico pode acarretar é a paralisação


da alimentação. Os plásticos podem causar falsa sensação de saciedade nos
animais e diminuir o volume de armazenamento do estômago (EPA, 1992),
reduzindo o apetite e conseqüentemente resultando na inanição das tartarugas.
Além disso, esses animais quando mantidos em cativeiro, passam por situação de
estresse e podem parar de se alimentar durante longos períodos.

A flutuabilidade positiva verificada, de acordo com Lutcavage (1996) pode


gerar indivíduos mais suscetíveis a colisões com barcos, aumento da chance da
captura incidental em alguns tipos de pescas comerciais e aumento do risco da
predação.
24

Pôde-se perceber durante o período de observação que animais


aparentemente sadios que se alimentavam e se locomoviam normalmente,
excretavam resíduos sólidos. Alguns resíduos podem muitas vezes passar através
do intestino temporariamente, sem se alojar no mesmo, entretanto, podem também
ser conduzidos de forma a obstruir o intestino e provocar a morte do animal
(BJORNDAL et al., 1994). Caso ocorra a ingestão de quantidades suficientes de
resíduos para causar uma paralisação da função intestinal a tartaruga pode morrer
por inanição (LUTCAVAGE et al., 1996), e até mesmo quando não ocorre a
obstrução, somente a presença dos plásticos no intestino causa redução na
eficiência de absorção e danos mecânicos ao revestimento de tal órgão
(LUTZ,1990).

São muito preocupantes os casos em que são ingeridas quantidades muito


menores do que as necessárias para a paralisação do intestino, e que da mesma
forma prejudicam os animais (MROSOVSKY et al., 2009; LUTCAVAGE et al., 1996).
Bjorndal et al. (1994) relataram que até mesmo pequenas quantidades de plástico
ingerido podem matar as tartarugas marinhas.

Balazs (1985) sugeriu diversas explicações para a ingestão de resíduos


sólidos por tartarugas marinhas, sendo estas: (1) a ingestão acidental através de
alimentos que mascaram a presença de resíduos incrustados ; (2) ingestão de
resíduos sólidos quando a disponibilidade de alimento é baixa ou quando estão em
condições de fome extrema; (3) predação de animais que ingeriram resíduos sólidos
e os possuem em seu trato digestivo. Além dessas, acredito que o hábito alimentar
oportunista da tartaruga verde seja outra causa para a ingestão de resíduos, pois se
alimentam de materiais que estão expostos na coluna d´água sem muita
seletividade. O fato de confundirem os plásticos com algas é igualmente uma
possível causa para a ingestão desse tipo de resíduo, visto que algas e plásticos
possuem movimento semelhante quando na coluna d´água.

Como citado anteriormente, no presente estudo foi verificado que a maioria


dos resíduos sólidos excretados foram resíduos plásticos, corroborando o que outros
estudos relataram (BALAZS, 1985; BJORNDAL, et al. 1994; BUGONI et al., 2001;
TOURINHO, 2007; MROSOVSKY et al., 2009; TOMÁS et al., 2002).
25

A alta incidência de resíduos sólidos em conteúdos fecais dos animais


marinhos retrata a preocupante situação da poluição dos oceanos, que ameaça a
sobrevivência dos animais e biodiversidade dos oceanos em escala global. Ações
para a diminuição do descarte de resíduos de origem antrópica nos oceanos se
fazem necessárias para a conservação de espécies como as tartarugas marinhas,
que são classificadas como ameaçadas de extinção. A ingestão de resíduos sólidos
pode acarretar no rápido declínio de populações desses animais, visto que são
animais de distribuição circunglobal e que o problema da poluição dos oceanos
acomete o mundo todo.
26

6. CONCLUSÕES
A incidência de resíduos sólidos verificada indica o alto índice de ingestão de
resíduos de origem antrópica pelas tartarugas marinhas.

Os resíduos sólidos encontrados em maior abundância no presente trabalho


foram os plásticos, em especial os classificados como plásticos moles.

Animais sadios e que se alimentam normalmente podem possuir resíduos


sólidos em seu trato gastrointestinal, estando portanto, potencialmente ameaçados.
27

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO I
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