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INFORMATIVOS

POR ASSUNTO
DE 2016 ATÉ ONTEM

Atualizado até
STF 945
STJ 651

Material elaborado por Roberto Coutinho


professorroberto.com
Instagram @defensorrobertocoutinho
ISBN: 978-85-540444-3-5
Fechamento 06.08.2019
DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................................. 2

DIREITO ADMNISTRATIVO ................................................................................................................................ 30

DIREITO EMPRESARIAL..................................................................................................................................... 82

DIREITO CIVIL.................................................................................................................................................. 62

DIREITO PROCESSUAL CIVIL .............................................................................................................................. 99

DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................................................................................................ 136

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................................................................................ 153

DIREITO PENAL ............................................................................................................................................... 158

DIREITO PROCESSUAL PENAL ......................................................................................................................... 186

EXECUÇÃO PENAL .......................................................................................................................................... 218

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos Fundamentais
Quebra de sigilo e divulgação em site oficial
Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem ser mantidos sob reserva.
Com base nesse entendimento, o Plenário concedeu mandado de segurança para determinar ao Senado Federal
que retire de sua página na Internet os dados obtidos por meio da quebra de sigilo determinada por comissão
parlamentar de inquérito (CPI). MS 25940, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 26.4.2018. (MS-25940)

Ensino religioso nas escolas públicas


O modelo de laicidade adotado no Brasil compreende uma abstenção do Estado, pois impede que o poder
público favoreça corporações religiosas, prejudique indivíduos em razão de suas convicções ou impeça a
liberdade de expressão religiosa. Entretanto, abrange também, por expressa previsão constitucional, condutas
positivas do poder público para assegurar a liberdade religiosa. Nesse contexto, afirmou que a previsão de ensino
religioso nas escolas públicas configura uma atuação positiva do Estado e demonstra a relevância que a CF
conferiu à educação e ao ensino religioso na formação do indivíduo.
Em seguida, pontuou que o art. 210, §1º, da CF, ao prever a oferta do ensino religioso na modalidade facultativa,
resguarda, de um lado, o desejo dos que querem se aprofundar em determinada fé, e de outro, o desejo dos
que não querem se sujeitar a determinados dogmas e preceitos. Por essa razão, a procedência da presente ação
direta acarretaria verdadeira mutação constitucional do sentido da norma, sem os pressupostos que embasam
o processo de alteração informal do texto constitucional.
Entendeu que a solução para garantir o legítimo direito constitucional de quem não adota crença ou de quem
professa religiões minoritárias não pode acarretar a exclusão dos que adotam crenças dominantes do âmbito de
proteção da norma. Explicou que, quando se está diante de uma proteção constitucional ou legal deficiente, seja
por um defeito na sua redação ou por uma falha em sua aplicação, a solução consentânea com o princípio da
dignidade da pessoa humana não se dá pela exclusão dos protegidos, mas pela inclusão dos excluídos.
Assim, concluiu que o ensino religioso confessional pode ser praticado de forma plural dentro das escolas
públicas. Para tanto, a sociedade civil deve ser chamada para definir quais os credos que devem ser ofertados,
respeitando-se, sempre, a facultatividade da matrícula.

Vedação ao homeschooling
A Constituição estabelece princípios, preceitos e regras aplicáveis ao ensino, que integra a educação lato sensu.
Isso vale para o Estado e para a família. Independentemente do ensino a ser trilhado, o texto exige alguns
requisitos inafastáveis: a necessidade de ensino básico obrigatório entre quatro e dezessete anos (art. 208, I); a
existência de núcleo mínimo curricular (art. 210); e a observância de convivência familiar e comunitária (art. 227).
Aparentemente, a CF veda três das quatro espécies mais conhecidas do ensino domiciliar: a desescolarização
radical, a moderada e o ensino domiciliar puro. Isso porque elas afastam completamente o Estado do seu dever
de participar da educação, o que não ocorre com a quarta espécie, denominada homeschooling ou ensino
domiciliar utilitarista ou por conveniência circunstancial. Essa modalidade pode ser estabelecida pelo Congresso
Nacional.
Para o redator, o ensino domiciliar carece de regulamentação prévia que firme mecanismos de avaliação e
fiscalização, e respeite os mandamentos constitucionais, especialmente o art. 208, § 3º. Nesse sentido, é
necessário que a lei prescreva o que será a frequência. Diversamente do ensino público regular, essa frequência
possui, também, o fim de evitar a evasão, garantir a socialização do indivíduo, além da convivência com a

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pluralidade de ideias. RE 888815/RS, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 12.9.2018. (RE-888815)

Constitucionalidade do sistema de cotas raciais em concursos públicos


O STF declarou que essa Lei é constitucional e fixou a seguinte tese de julgamento: "É constitucional a reserva
de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no
âmbito da administração pública direta e indireta., sendo também legítima a utilização, além da autodeclaração,
de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e
garantidos o contraditório e a ampla defesa". STF. Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
8/6/2017 (Info 868).
A finalidade é combater condutas fraudulentas e garantir que os objetivos da política de cotas sejam
efetivamente alcançados. Vale ressaltar que tais critérios deverão respeitar a dignidade da pessoa humana e
assegurar o contraditório e a ampla defesa.

Manifestações em universidades e normas eleitorais


O Plenário referendou, com efeito vinculante e eficácia contra todos, decisão monocrática que, em arguição de
descumprimento de preceito fundamental (ADPF), suspendeu os efeitos de atos judiciais ou administrativos
emanados de autoridade pública que possibilitem, determinem ou promovam o ingresso de agentes públicos em
universidades públicas e privadas, o recolhimento de documentos, a interrupção de aulas, debates ou
manifestações de docentes e discentes universitários, a atividade disciplinar docente e discente e a coleta
irregular de depoimentos desses cidadãos pela prática de manifestação livre de ideias e divulgação do
pensamento em ambientes universitários ou em equipamentos sob a administração de universidades públicas e
privadas e serventes a seus fins e desempenhos.
As autoridades judiciais e policiais, ao impor comportamentos restritivos ou impeditivos do exercício desses
direitos, proferiram decisões com eles incompatíveis e em afronta, ainda, ao princípio democrático e ao modelo
de Estado de Direito erigido e vigente no Brasil.
Por sua vez, as normas previstas nos artigos 206, II e III, e 207 da CF se harmonizam com os direitos às liberdades
de expressão do pensamento, de informar e de ser informado. Esses direitos são constitucionalmente
assegurados, para o que o ensino e a aprendizagem se conjugam, de modo a garantir espaços de libertação da
pessoa, a partir de ideias e compreensões do mundo convindas ou não e expostas para convencer ou
simplesmente expressar o entendimento de cada qual.
A autonomia é o espaço de discricionariedade conferido constitucionalmente à atuação normativa infralegal de
cada universidade para o excelente desempenho de suas funções. As universidades são espaços de liberdade e
de libertação pessoal e política. Seu título indica a pluralidade e o respeito às diferenças, às divergências para se
formarem consensos, legítimos apenas quando decorrentes de manifestações livres. Por isso, a Constituição ali
garante, de modo expresso, a liberdade de aprender e ensinar e, ainda, de divulgar livremente o pensamento.
ADPF 548 MC-Ref/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 31.10.2018. (ADPF-548)

Sistema de Ensino do Exército e possibilidade de cobrança de contribuição


A contribuição dos alunos para o custeio das atividades do Sistema Colégio Militar do Brasil não possui natureza
tributária, considerada a facultatividade do ingresso ao Sistema de Ensino do Exército, segundo critérios
meritocráticos, assim como a natureza contratual do vínculo jurídico formado. ADI 5082/DF, rel. Min. Edson
Fachin, julgamento em 24.10.2018. (ADI-5082)

Lei estadual e sacrifício de animais em rituais


É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual
de animais em cultos de religiões de matriz africana. RE 494601/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.

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Min. Edson Fachin, julgamento em 28.3.2019. (RE-494601)

Multa de trânsito e exercício do direito de propriedade


O Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta para declarar a
constitucionalidade dos arts. 124, VIII, 128, e 131, § 2º, do Código de Trânsito Brasileiro. Além disso, deu
interpretação conforme a Constituição ao art. 161, parágrafo único, do CTB, para afastar a possibilidade de
estabelecimento de sanção por parte do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e, por decisão majoritária,
declarou a nulidade da expressão "ou das Resoluções do Contran" constante do art. 161, caput, do CTB, bem
como reputou prejudicado o pleito referente ao art. 288, § 2º, do CTB. ADI 2998/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 10.04.2019. (ADI-2998)

Direito à informação
Pesquisador tem direito de acesso aos áudios das sessões secretas de julgamento ocorridas no STM durante a
época do regime militar
O STF deu provimento a recurso em mandado de segurança impetrado por pesquisador que queria ter acesso
aos áudios das sessões de julgamento do STM ocorridas na década de 1970, época do regime militar.
Entendeu-se que a coleta de dados históricos a partir de documentos públicos e registros fonográficos, mesmo
que para fins particulares, constitui-se em motivação legítima a garantir o acesso a tais informações.
Ocorre que, mesmo com essa decisão judicial, o STM somente autorizou que o pesquisador tivesse acesso aos
áudios das sessões públicas realizadas (na qual havia leitura do relatório e sustentação oral dos advogados). O
Tribunal se negou, contudo, a fornecer os áudios das sessões secretas, nas quais os votos dos magistrados eram
colhidos.
Ao autorizar a consulta apenas dos registros relacionados com a parte pública das sessões, o STM violou a
decisão do Supremo, que deu acesso amplo aos áudios das sessões. Além disso, a recusa do STM está em
descompasso com a ordem constitucional vigente, que garante o acesso à informação como direito
fundamental. STF. Plenário. Rcl 11949/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017 (Info 857).

Publicação no jornal dos nomes dos clientes que tinham contas de poupança no banco, em determinado
período, representa quebra do sigilo bancário
A divulgação de elementos cadastrais dos beneficiários de decisão proferida em ação civil pública que
determinou o pagamento dos expurgos inflacionários decorrentes de planos econômicos configura quebra de
sigilo bancário. STJ. 3ª Turma. REsp 1.285.437-MS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 23/5/2017 (Info 605).

Censura e liberdade de expressão


A retirada de matéria de circulação configura censura em qualquer hipótese, o que se admite apenas em
situações extremas. Via de regra, a colisão da liberdade de expressão com os direitos da personalidade deve ser
resolvida pela retificação, pelo direito de resposta ou pela reparação civil. Concluiu pela existência de interesse
público presumido na livre circulação de ideias e opiniões. Ademais, a pessoa retratada se apresentou como
pessoa pública a atuar em espaço público, sujeita, portanto, a um grau de crítica maior. Rcl 22328/RJ, rel. Min.
Roberto Barroso, julgamento em 6.3.2018.

A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de
mensalidade em cursos de especialização. STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fáchin, julgádo em

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26/4/2017 (repercussão o geral) (Info 862).

Idade mínima para ingresso na educação infantil e no ensino fundamental


São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para ingresso, respectivamente, na
educação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação da data limite de 31 de março para que referidas
idades estejam completas. ADPF 292/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 1º.8.2018. (ADPF-292) ADC 17/DF,
rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 1º.8.2018. (ADC-17)

Direito à saúde
Direito à saúde: demanda judicial e responsabilidade solidária dos entes federados
Os entes da Federação, em decorrência da competência comum, são solidariamente responsáveis nas demandas
prestacionais na área da saúde e, diante dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização,
compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de repartição de competências e
determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro. RE 855178 ED/SE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/
o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 23.5.2019. (RE-855178)

Possibilidade de ressarcimento dos planos de saúde pelo SUS e ofensa reflexa à constituição
É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei 9.656/1998, o qual é aplicável aos procedimentos
médicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo SUS e posteriores a 4.6.1998, assegurados o contraditório
e a ampla defesa, no âmbito administrativo, em todos os marcos jurídicos.
Com esse entendimento, o Plenário negou provimento a recurso extraordinário no qual discutida a validade de
débitos cobrados a título de ressarcimento ao SUS em decorrência de despesas referentes a atendimentos
prestados a beneficiários de planos de saúde.
A Corte registrou que eventual questão envolvendo a possibilidade de fixação de tabelas de ressarcimento dentro
dos limites mínimo e máximo instituídos pelo § 8º do art. 32 da Lei 9.656/1998 deveria ser resolvida no campo da
análise infraconstitucional. Isso porque eventual conflito entre normas de 1º e 2º graus reflete, no máximo, ofensa
reflexa à Constituição, impassível de análise na via do recurso extraordinário. RE 597064/RJ, rel. Min. Gilmar
Mendes, julgamento em 7.2.2018. (RE - 597064).

Direito à saúde. Medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS. Fornecimento pelo Poder
Público. Obrigatoriedade. Caráter excepcional. Requisitos cumulativos.
A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença cumulativa dos
seguintes requisitos: (I) comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por
médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia,
para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; (II) incapacidade financeira de arcar com o
custo do medicamento prescrito; e (III) existência de registro na ANVISA do medicamento. REsp 1.657.156-RJ, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 25/04/2018, DJe 04/05/2018

Organização do Estado
Alteração dos limites de um Município exige plebiscito
Para que sejam alterados os limites territoriais de um Município é necessária a realização de consulta
prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, nos termos do art. 18, § 4º da
CF/88. STF. Plenário. ADI 2921/RJ, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em
9/8/2017 (Info 872).

Controle de Constitucionalidade

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Homofobia e omissão legislativa
Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou procedentes os pedidos formulados em ação direta
de inconstitucionalidade por omissão (ADO) e em mandado de injunção (MI) para reconhecer a mora do
Congresso Nacional em editar lei que criminalize os atos de homofobia e transfobia. Determinou, também, até
que seja colmatada essa lacuna legislativa, a aplicação da Lei 7.716/1989 (que define os crimes resultantes de
preconceito de raça ou de cor) às condutas de discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, com
efeitos prospectivos e mediante subsunção. ADO 26/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13.6.2019. (ADO-
26), MI 4733/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 13.6.2019. (MI-4733)

Declaração de constitucionalidade sem efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo
Foi proposta ADI contra a Lei nº 3.041/2005, do Estado do Mato Grosso do Sul, que tratava sobre assunto de
competência da União. Ocorre que esta Lei havia revogado outras leis estaduais de mesmo conteúdo. Desse modo,
se a Lei nº 3.041/2005 fosse, isoladamente, declarada inconstitucional, as demais leis revogadas "voltariam" a
vigorar mesmo padecendo de idêntico vício.
A fim de evitar essa "eficácia repristinatória indesejada", o PGR, que ajuizou a ação, impugnou não apenas a Lei nº
3.041/2005, mas também aquelas outras normas por ela revogadas.
O STF concordou com o PGR e, ao declarar inconstitucional a Lei nº 3.041/2005, afirmou que não deveria
haver o efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo. O dispositivo do acórdão ficou,
portanto, com a seguinte redação: "O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente
o pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 3.041/2005, do Estado de Mato Grosso do
Sul, inexistindo efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo, (...)" STF. Plenário. ADI
3.735/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 8/9/2016 (Info 838).

Inaplicabilidade da cláusula de reserva de plenários (SV 10) para atos de efeitos concreto
Não viola o art. 97 da CF/88 nem a SV 10 a decisão de órgão fracionário do Tribunal que declara
inconstitucional decreto legislativo que se refira a uma situação individual e concreta. Isso porque o que se sujeita
ao princípio da reserva de plenário é a lei ou o ato normativo. Se o decreto legislativo tinha um destinatário
específico e referia-se a uma dada situação individual e concreta, exaurindo-se no momento de sua promulgação,
ele não pode ser considerado como ato normativo, mas sim como ato de efeitos concretos. STF. 2ª Turma. Rcl
18165 AgR/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016 (Info 844).

Não violação da clausula de reserva de plenário no afastamento da legislação federal para a situação analisada
Não viola a Súmula Vinculante 10, nem a regra do art. 97 da CF/88, a decisão do órgão fracionário do Tribunal
que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não haver subsunção aos fatos ou, ainda, que a
incidência normativa seja resolvida mediante a sua mesma interpretação, sem potencial ofensa direta à
Constituição.
Além disso, a reclamação constitucional fundada em afronta à SV 10 não pode ser usada como sucedâneo
(substituto) de recurso ou de ação própria que analise a constitucionalidade de normas que foram objeto de
interpretação idônea e legítima pelas autoridades jurídicas competentes. STF. 1ª Turma. Rcl 24284/SP, rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 22/11/2016 (Info 848).

Revogação do ato impugnado em ação objetiva e julgamento da ação pelo STF


Na hipótese do objeto impugnado ter sido revogado antes do julgamento da ação objetiva, em regra, haverá

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perda superveniente do objeto e a ADI não deverá ser conhecida (STF ADI 1203). Vale mencionar as seguintes
exceções:
a) não haverá perda do objeto e a ADI deverá ser conhecida e julgada caso fique demonstrado
que houve "fraude processual", ou seja, que a norma foi revogada de forma proposital a fim
de evitar que o STF a declarasse inconstitucional e anulasse os efeitos por ela produzidos
(STF ADI 3306).
b) não haverá perda do objeto se ficar demonstrado que o conteúdo do ato impugnado
foi repetido, em sua essência, em outro diploma normativo. Neste caso, como não houve
desatualização significativa no conteúdo do instituto, não há obstáculo para o conhecimento
da ação (ADI 2418/DF).
c) caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado previamente que
houve a revogação da norma atacada. Nesta hipótese, não será possível reconhecer, após
o julgamento, a prejudicialidade da ADI já apreciada. STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824). STF. Plenário. ADI 951 ED/SC, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 27/10/2016 (Info 845).

Análise dos requisitos constitucionais de relevância e urgência e MP que trate sobre situação tipicamente
financeira e tributária
O art. 62 da CF/88 prevê que o Presidente da República somente poderá editar medidas provisórias em caso de
relevância e urgência. A definição do que seja relevante e urgente para fins de edição de medidas provisórias
consiste, em regra, em um juízo político (escolha política/discricionária) de competência do Presidente da
República, controlado pelo Congresso Nacional. Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário
não deve se imiscuir na análise dos requisitos da MP. No caso de MP que trate sobre situação tipicamente
financeira e tributária, deve prevalecer, em regra, o juízo do administrador público, não devendo o STF declarar
a norma inconstitucional por afronta ao art. 62 da CF/88. STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 15/12/2016 (Info 851).

TJ pode julgar ADI contra lei municipal tendo como parâmetro norma da Constituição Federal
Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como
parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos
estados. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado
em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852).

Na ADI, ADC e ADPF, a causa de pedir (causa petendi) é aberta.


O STF, ao julgar as ações de controle abstrato de constitucionalidade, não está vinculado aos fundamentos
jurídicos invocados pelo autor.
Isso significa que todo e qualquer dispositivo da Constituição Federal ou do restante do bloco de
constitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF como fundamento jurídico para declarar uma lei ou ato
normativo inconstitucional. STF. Plenário. ADI 3796/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/3/2017 (Info
856).

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Modulação de efeitos em recurso extraordinário
É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em sede de controle incidental de constitucionalidade.
STF. Plenário. RE 522897/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/3/2017 (Info 857).

Cabimento de ADPF contra conjunto de decisões judiciais que determinaram a expropriação de recursos do
Estado-membro
O Governador do Estado ajuizou ADPF no STF com o objetivo de suspender os efeitos de todas as decisões
judiciais do TJRJ e do TRT da 1ª Região que tenham determinado o arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora
ou a liberação de valores das contas administradas pelo Estado do Rio de Janeiro.
O STF afirmou que a ADPF é instrumento processual adequado para esse pedido e deferiu a medida liminar, por
serem as decisões questionadas são típicos do Poder Público passíveis de impugnação por meio de APDF. STF.
Plenário. ADPF 405 MC/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/6/2017 (Info 869).

Não se admite ADI contra lei que teria violado tratado internacional não incorporado ao ordenamento
brasileiro na forma do art. 5º, § 3º da CF/88
Em regra, não é cabível ADI sob o argumento de que uma lei ou ato normativo violou um tratado internacional.
Em regra, os tratados internacionais não podem ser utilizados como parâmetro em sede de controle
concentrado de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 2030/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017
(Info 872).
Exceção: será cabível ADI contra lei ou ato normativo que violou tratado ou convenção internacional que trate
sobre direitos humanos e que tenha sido aprovado segundo a regra do § 3º do art. 5º, da CF/88. Isso porque
neste caso esse tratado será incorporado ao ordenamento brasileiro como se fosse uma emenda constitucional.

Inconstitucionalidade de lei que preveja a vinculação de receitas de impostos


São inconstitucionais as normas que estabelecem vinculação de parcelas das receitas tributárias a órgãos, fundos
ou despesas, por desrespeitarem a vedação contida no art. 167, IV, da Constituição Federal. ADI 553/RJ, rel. Min.
Cármen Lúcia, julgamento em 13.6.2018. (ADI-553)

ADI e representação de inconstitucionalidade


Coexistindo duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante o tribunal de justiça local e outra
perante o Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento da primeira – estadual – somente prejudica o da segunda
– do STF – se preenchidas duas condições cumulativas: 1) se a decisão do tribunal de justiça for pela procedência
da ação e 2) se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da Constituição do Estado sem
correspondência na Constituição Federal. Caso o parâmetro do controle de constitucionalidade tenha
correspondência na Constituição Federal, subsiste a jurisdição do STF para o controle abstrato de
constitucionalidade. ADI 3659/AM, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 13.12.2018. (ADI-3659)

Competências Legislativas
Lei estadual de bloqueadores de celular é inconstitucional
Lei estadual que disponha sobre bloqueadores de sinal de celular em presídio invade a competência da União
para legislar sobre telecomunicações. STF. Plenário. ADI 3835/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, ADI 5356/MS, red.
p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, ADI 5253/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, ADI 5327/PR, Rel. Min Dias Toffoli, ADI

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4861/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/8/2016 (Info 833).

Competência para julgamento de contas dos prefeitos


Para os fins do artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a apreciação das contas de Prefeito,
tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câmaras Municipais, com auxílio dos Tribunais de
Contas competentes, cujo parecer prévio somente deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos vereadores.
STF. Plenário. RE 848826/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).
Parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa, competindo
exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais do chefe do Poder Executivo local, sendo
incabível o julgamento ficto das contas por decurso de prazo. STF. Plenário. RE 729744/MG, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).

Inconstitucionalidade de lei estadual sobre cobrança em estacionamento de veículos


É inconstitucional lei estadual que estabelece regras para a cobrança em estacionamento de veículos. STF.
Plenário. ADI 4862/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/8/2016 (Info 835).

Inconstitucionalidade de lei estadual que interfira na autonomia universitária (plantão criminal em universidade
estadual)
É inconstitucional lei estadual que preveja que o escritório de prática jurídica da Universidade Estadual deverá
manter plantão criminal nos finais de semana e feriados para atender pessoas hipossuficientes que sejam presas
em flagrante. Esta lei viola a autonomia administrativa, financeira, didática e científica assegurada às
universidades no art. 207 da CF/88 (inconstitucionalidade material). Além disso, contém vício de iniciativa
(inconstitucionalidade formal), na medida em que foi usurpada a iniciativa privativa do Governador. STF.
Plenário. ADI 3792/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2016 (Info 840).

Competência privativa da União para estabelecer certidões no âmbito de licitações


É inconstitucional lei estadual que exija Certidão negativa de Violação aos Direitos do Consumidor dos
interessados em participar de licitações e em celebrar contratos com órgãos e entidades estaduais. Esta lei é
inconstitucional porque compete privativamente à União legislar sobre normas gerais de licitação e contratos
(art. 22, XXVII, da CF/88). STF. Plenário. ADI 3.735/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 8/9/2016 (Info
838).

Constitucionalidade de lei municipal que veda a realização de eventos patrocinados por bebidas alcoólicas e
cigarros em imóveis municipais
Não viola a Constituição Federal lei municipal, de iniciativa parlamentar, que veda a realização, em imóveis do
Município, de eventos patrocinados por empresas produtoras, distribuidoras, importadoras ou representantes
de bebidas alcoólicas ou de cigarros, com a utilização da respectiva propaganda. STF. 2ª Turma. RE 305470/SP,
rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016 (Info 844).

Inconstitucionalidade de lei estadual que verse sobre venda de títulos de capitalização


É inconstitucional lei estadual que estabeleça normas sobre a comercialização de títulos de capitalização,

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proibindo a venda casada e prevendo regras para a publicidade desses produtos. STF. Plenário. ADI 2905/MG,
rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 16/11/2016 (Info 847).

Inconstitucionalidade de norma de constituição estadual que confira competência à assembleia legislativa para
julgar suas próprias contas
É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja que compete privativamente à Assembleia
Legislativa julgar as contas do Poder Legislativo estadual. Seguindo o modelo federal, as contas do Poder
Legislativo estadual deverão ser julgadas pelo TCE, nos termos do art. 71, II c/c art. 75, da CF/88. STF. Plenário.
ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847).

Inconstitucionalidade da norma de constituição estadual que dispense o parecer prévio do TCE, se não
apresentado o prazo legal
Determinada Constituição Estadual prevê que, se o TCE não elaborar, no prazo de 180 dias, o parecer prévio na
prestação de contas do Prefeito, o processo deverá ser encaminhado à Câmara Municipal e esta julgará as contas
mesmo sem o parecer.
Esta previsão é inconstitucional por violar o art. 31, § 2º, da CF/88. Pela leitura desse dispositivo, a elaboração
do parecer prévio é sempre necessária e a Câmara Municipal somente poderá dele discordar se houver
manifestação de, no mínimo, 2/3 dos Vereadores.
Assim, a CE/SE criou uma exceção na qual a Câmara Municipal poderia julgar as contas dos Prefeitos mesmo sem
parecer do TCE. Ocorre que esta nova situação não encontra abrigo na Constituição Federal, sendo, portanto,
inconstitucional. STF. Plenário. ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847).

Inconstitucionalidade de dispositivo de constituição estadual que restrinja o acesso ao cargo de Chefe da Polícia
Civil
É inconstitucional dispositivo de CE que exija que o Superintendente da Polícia Civil seja um delegado de polícia
integrante da classe final da carreira. STF. Plenário. ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016
(Info 847).

Possibilidade de lei estadual versar sobre norma de consumo em referencia ao direito de informação
O Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada em face da Lei
3.885/2010 do Estado de Mato Grosso do Sul, que dispõe sobre a obrigatoriedade de entrega ao usuário, por
escrito, de comprovante fundamentado com informações pertinentes a eventual negativa, parcial ou total, de
cobertura de procedimento médico, cirúrgico ou de diagnóstico, bem como de tratamento e internação.
O Tribunal afirmou que, ao exigir da operadora de planos privados de assistência à saúde a entrega imediata e no
local do atendimento médico de informações e documentos, nos termos da lei impugnada, o legislador estadual
atuou dentro da competência legislativa que lhe foi assegurada constitucionalmente.
Salientou que a lei questionada instituiu prática essencialmente extracontratual voltada à proteção do consumidor
e ao acesso à informação. ADI 4512/MS, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 7.2.2018. (ADI - 4512).

Possibilidade de lei estadual versar sobre pagamentos de requisição de pequeno valor (RPV)
O Tribunal afirmou que o art. 87 do ADCT não delimita um piso, irredutível, para o pagamento dos débitos dos
estados e dos municípios por meio de requisição de pequeno valor. Portanto, é lícito aos entes federados fixar o

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valor máximo para essa especial modalidade de pagamento, desde que se obedeça ao princípio constitucional da
proporcionalidade.
Salientou que no julgamento da ADI 2.868/PI a Corte considerou constitucional lei do Estado do Piauí que fixou em
cinco salários mínimos o valor máximo para pagamento por meio de requisição de pequeno valor. No caso em
exame, a Lei 1.788/2007 fixa em dez salários mínimos o pagamento para essa modalidade. Como os índices de
desenvolvimento humano desses dois Estado são muito próximos, reputou atendido o princípio constitucional da
proporcionalidade. ADI 4332/RO, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 7.2.2017. (ADI - 4332)

Estado-membro pode legislar sobre a concessão, por empresas privadas, de bolsa de estudos para professores
É constitucional lei estadual que preveja a possibilidade de empresas patrocinarem bolsas de estudo para
professores em curso superior, tendo como contrapartida a obrigação de que esses docentes ministrem aula de
alfabetização ou aperfeiçoamento para os empregados da empresa patrocinadora. Plenário. ADI 2663/RS, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 8/3/2017 (Info 856).

É inconstitucional lei estadual que disponha sobre a segurança de estacionamentos e o regime de contratação
dos funcionários
Lei estadual que impõe a prestação de serviço de segurança em estacionamento a toda pessoa física ou jurídica
que disponibilize local para estacionamento é inconstitucional, quer por violar a competência privativa da União
para legislar sobre direito civil, quer por violar a livre iniciativa.
Lei estadual que impõe a utilização de empregados próprios na entrada e saída de estacionamento, impedindo
a terceirização, viola a competência privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho. STF. Plenário. ADI
451/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/8/2017 (Info 871).

É inconstitucional lei estadual que exija que os supermercados do Estado ofereçam empacotadores para os
produtos adquiridos
O STF decidiu, em repercussão geral, que são inconstitucionais as leis que obrigam supermercados ou similares à
prestação de serviços de acondicionamento ou embalagem das compras, por violação ao princípio da livre
iniciativa. RE 839950/RS, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 24.10.2018. (RE-839950)

Inconstitucionalidade de lei estadual que estabeleça exigências nos rótulos dos produtos em desconformidade
com a legislação federal
É inconstitucional lei estadual que estabelece a obrigatoriedade de que os rótulos ou embalagens de todos os
produtos alimentícios comercializados no Estado contenham uma série de informações sobre a sua composição,
que não são exigidas pela legislação federal. STF. Plenário. ADI 750/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
3/8/2017 (Info 871).

Constitucionalidade de lei municipal que verse, de modo reflexo, direito do consumidor ou comercial, mas
seja essencialmente, de interesse local
É constitucional lei municipal que proíbe a conferência de produtos, após o cliente efetuar o pagamento nas
caixas registradoras em empresas, assim como prevê sanções administrativas em caso de descumprimento.
Nesse julgado, o STF entendeu que a decisão agravada está de acordo com sua jurisprudência no sentido de que

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os municípios detêm competência para legislar sobre assuntos de interesse local, ainda que, de modo reflexo,
tratem de direito comercial ou do consumidor. RE 1.052.719 AgR/PB, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento
em 25.9.2018. (RE-1052719)

Constitucionalidade de decreto estadual que prevê a contratação temporária de servidor em caso de greve de
serviço essencial
A norma previa a instauração de processo administrativo para se apurar a participação do servidor na greve e as
condições em que ela se deu, bem como o não pagamento dos dias de paralisação, o que está em consonância
com a orientação fixada pela Corte no julgamento do MI 708. Nele, o Plenário determinou, até a edição da
legislação específica a que se refere o art. 37, VII, da CF, a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989 aos
conflitos e às ações judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos civis.
No que se refere à possibilidade de contratação temporária excepcional [CF, art. 37, IX] prevista no decreto,
concluiu que o Poder Público tem o dever constitucional de prestar serviços essenciais que não podem ser
interrompidos, e que a contratação, no caso, foi limitada ao período de duração da greve e apenas para garantir
a continuidade dos serviços. Ademais, a jurisprudência do STF reconhece a inconstitucionalidade da contratação
temporária excepcional para admissão de servidores para funções burocráticas ordinárias e permanentes (ADI
2.987 e ADI 3.430). ADI 1335/BA, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 13.6.2017. (ADI-1335)

Lei estadual e fornecimento de veículo reserva no período de garantia contratual


É inconstitucional lei estadual que impõe às montadoras, concessionárias e importadoras de veículos a obrigação
de fornecer veículo reserva a clientes cujo automóvel fique inabilitado por mais de quinze dias por falta de peças
originais ou por impossibilidade de realização do serviço, durante o período de garantia contratual.
Além do vício formal de extrapolação de competência concorrente, o relator considerou existir violação aos
princípios da isonomia, da livre iniciativa e da livre concorrência. ADI 5158/PE, rel. Min. Roberto Barroso,
julgamento em 6.12.2018. (ADI-5158)

Lei estadual e serviços públicos


O Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta para declarar a
constitucionalidade da Lei 14.040/2003 do estado do Paraná, que veda o corte do fornecimento de água e luz, em
determinados dias, pelas empresas concessionárias, por falta de pagamento.
Com essa lei passou a ser vedado o corte de energia às sextas-feiras, sábados, domingos, feriados e no último dia
útil anterior a feriado sob pena do consumidor de ficar desobrigado do pagamento do débito que originou o
referido corte, possível ainda o ressarcimento por perdas e danos.
O Plenário entendeu que a referida lei dispõe sobre direito do consumidor, de modo que não há vício formal. ADI
5961/PR, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em 19.12.2018. (ADI-5961)
– Info 928

Constitucionalidade de norma estadual que visa a segurança do consumidor


O STF decidiu pela constitucionalidade de norma estadual que determina que as empresas prestadoras de serviço
de televisão a cabo sejam obrigadas a fornecer a identificação dos profissionais que irão prestar serviços na
residência do consumidor, de modo que a norma não se preta a regular serviço de telecomunicação, mas sim a
própria segurança do consumidor. ADI 5745/RJ, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
julgamento em 7.2.2019. (ADI-5745)

ADI e princípio da unicidade de representação judicial e consultoria jurídica nos estados e no Distrito Federal
Declarou a inconstitucionalidade formal da Emenda Constitucional 42/2014, de iniciativa parlamentar, haja vista

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ser reservada ao chefe do Poder Executivo a iniciativa de lei ou emenda constitucional pela qual se discipline a
organização e a definição de atribuições de órgãos ou entidades da Administração Pública Estadual. ADI 4449/AL,
rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 27 e 28.3.2019. (ADI-4449) ADI 5215/GO, rel. Min. Roberto Barroso,
julgamento em 27 e 28.3.2019. (ADI-5215) ADI 5262 MC/RR, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 27 e
28.3.2019. (ADI-5262)

Competência para denominação de próprios, vias e logradouros públicos e suas alterações


a competência para a denominação de vias e logradouros públicos é concorrente. De um lado, representa atos de
gestão do Poder Executivo, por meio de decreto, para a organização administrativa e dos logradouros públicos.
De outro, confere ao Poder Legislativo a faculdade de editar leis tanto para conceder homenagens quanto para
valorizar o patrimônio histórico-cultural do município. RE 1151237 AgR/SP, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes,
red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em 2.4.2019. (RE-1151237)

ADI e uso de armas de menor potencial ofensivo


Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta de
inconstitucionalidade ajuizada contra a Lei 13.060/2014, que disciplina o uso de instrumentos de menor potencial
ofensivo por agentes de segurança pública em todo o território nacional.
O ministro Roberto Barroso registrou que a lei apenas estabelece diretrizes gerais para o uso de armas de fogo
em âmbito nacional, de acordo com critérios razoáveis de proporcionalidade. Segundo ele, cuida-se da
competência da União para edição de normas gerais, que podem até mesmo ser complementadas pelos estados-
membros. ADI 5243/DF, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em
11.4.2019. (ADI-5243)

Investimento de percentuais mínimos de impostos em serviços de saúde


A LC 141/2012 determina que os entes federados observem o disposto nas respectivas Constituições ou Leis
Orgânicas sempre que os percentuais nelas estabelecidos forem superiores aos fixados no diploma federal para
aplicação em ações e serviços públicos de saúde. Os dispositivos constitucionais estaduais estabelecem
percentuais mínimos da arrecadação de impostos a serem investidos nas referidas ações e serviços.
O ministro Luiz Fux (relator) entendeu estarem presentes tanto o vício formal quanto o material nas normas
impugnadas e foi acompanhado integralmente pelos ministros Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski.
Segundo o relator, a Constituição Federal reserva ao Poder Executivo a iniciativa das leis que estabelecem o plano
plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais, o que, em respeito à separação dos Poderes,
consubstancia norma de observância obrigatória pelos demais entes federados. A inserção, nos textos
constitucionais estaduais, dessas matérias, cuja veiculação por lei se submete à iniciativa privativa do chefe do
Poder Executivo, subtrai deste último a possibilidade de manifestação.
O art. 11 da LC 141/2012, ao atribuir ao constituinte estadual ou municipal competência legislativa para dispor
sobre conteúdo que lhe foi delegado excepcional e expressamente pela CF, usurpou a competência reservada ao
poder constituinte nacional, em afronta ao disposto nos arts. 167, IV, e 198, § 3º, I, da CF. ADI 5897/SC, rel. Min.
Luz Fux, julgamento em 24.4.2019. (ADI-5897)

Ações constitucionais
Impossibilidade de reexame de matéria fática por reclamação constitucional
Não cabe reclamação para o STF contra sentença que julgou improcedente pedido de direito de resposta sob o
fundamento de que não houve, no caso concreto, ofensa.
Esta sentença não afronta a autoridade da decisão do STF no julgamento da ADPF 130/DF. Como a sentença não
violou nenhuma decisão do STF proferida em sede de controle concentrado de constitucionalidade, o que se
percebe é que o autor, por meio da reclamação, deseja que o Supremo examine se a sentença afrontou, ou não,

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o art. 5º, V, da CF/88.
Para isso, seria necessário reexaminar matéria de fato, o que não é possível em reclamação, que se presta
unicamente a preservar a autoridade de decisão do STF. Ademais, isso significaria o exame per saltum, ou seja,
"pulando-se" as instâncias recursais do ato impugnado diretamente à luz do art. 5º, V, CF/88. STF. 1ª Turma. Rcl
24459 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 13/12/2016 (Info 851).

Possibilidade de admissão do amicus curiae em reclamação


É cabível a intervenção de amicus curiae em reclamação. STF. Plenário. Rcl 11949/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 15/3/2017 (Info 857).

LEGITIMIDADE POPULAR PARA PROPOSITURA DE EMENDAS À CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO AMAPÁ


O STF assentou que a iniciativa popular de emenda à Constituição do estado do Amapá é compatível com a
Constituição da República
Na democracia, além dos mecanismos tradicionais por meio dos representantes eleitos, há os de participação
direta com projeto de iniciativa popular.
Trata-se de certa democratização no processo de reforma das regras constitucionais estaduais.
No tocante à simetria, revelou não ser obstativa ante a ausência de regra clara que afaste a faculdade de o estado
aumentar os mecanismos de participação direta. ADI 825/AP, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em
25.10.2018. (ADI-825)

Ausência de prazo em dobro para a Fazendo Pública em ações objetivas


Não se conta em dobro o prazo recursal para a Fazenda Pública em processo objetivo, mesmo que seja para
interposição de recurso extraordinário em processo de fiscalização normativa abstrata, uma vez que o tratamento
diferenciado diz respeito à defesa dos interesses subjetivos, e não se aplica ao processo objetivo. ADI 5814 MC-
AgR-AgR/RR, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 6.2.2019. (ADI-5814) e ARE 830727 AgR/SC, rel. orig. Min.
Presidente, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 6.2.2019. (ARE-830727)

Na reclamação fundada no descumprimento de decisão emanada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ato alvo
de controle deve ser posterior ao paradigma. Rcl 32655 AgR/PR, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 23.4.2019.
(Rcl-32655)

Nacionalidade e extradição
Possibilidade de deportação de brasileiro nato que adquiriu nacionalidade secundária
Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o green card decidir adquirir a nacionalidade norte-americana,
ele irá perdera nacionalidade brasileira. Não se pode afirmar que a presente situação se enquadre na exceção
prevista na alínea “b” do § 4º do art. 12 da CF/88. Isso porque, como ele já tinha o green card , não havia
necessidade de ter adquirido a nacionalidade norte- americana como condição para permanência ou para o
exercício de direitos civis. O estrangeiro titular de green card já pode morar e trabalhar livremente nos EUA.
Dessa forma, conclui-se que a aquisição da cidadania americana ocorreu por livre e espontânea vontade. Vale
ressaltar que, perdendo a nacionalidade, ele perde os direitos e garantias inerentes ao brasileiro nato. Assim,
se cometer um crime nos EUA e fugir para o Brasil, poderá ser extraditado sem que isso configure ofensa ao art.
5º, LI, da CF/88.
Art. 12 (...) § 4º —Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II —adquirir outra nacionalidade,
salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

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b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; STF. 1ª Turma. MS
33864/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em19/4/2016 (Info 822).

Possibilidade de extradição de brasileiro naturalizado


É possível conceder extradição para brasileiro naturalizado envolvido em tráfico de droga (art. 5º, LI, da CF/88).
STF. 1ª Turma. Ext 1244/República Francesa, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 9/8/2016 (Info 834).

Qualificação do crime apenas no Estado requerente e inexistência de consequências práticas no Brasil (sem
dupla imputação)
O Brasil não deverá deferir pedido de extradição se o delito praticado pelo extraditando estiver prescrito
segundo as leis brasileiras, considerando que deverá ser respeitado o requisito da dupla punibilidade (art. 77,
VI, do Estatuto do Estrangeiro). O fato de o Estado requerente ter qualificado os delitos imputados ao
extraditando como de lesa-humanidade não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil. Isso porque:
1) o Brasil não subscreveu a Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes
contra a Humanidade, nem aderiu a ela;
2) apenas a lei interna pode dispor sobre prescritibilidade ou imprescritibilidade de crimes no
Brasil. STF. Plenário. Ext 1362/DF, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, julgado em
9/11/2016 (Info 846).

Procedimento simplificado no caso de o extraditando concordar com o pedido


Em regra, o simples fato de o extraditando estar de acordo com o pedido extradicional e de declarar
que deseja retornar ao Estado requerente a fim de se submeter ao processo criminal naquele País não
exonera (não exime) o STF do dever de efetuar o controle da legalidade sobre a postulação formulada
pelo Estado requerente.
No entanto, é possível que ocorra uma peculiaridade. É possível que o tratado que rege a extradição
entre o Brasil e o Estado estrangeiro preveja um procedimento simplificado no caso de o extraditando
concordar com o pedido. É o caso, por exemplo, da “Convenção de Extradição entre os Estados
Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”. Este tratado internacional estabeleceu
regime simplificado de extradição, que autoriza a entrega imediata do extraditando às autoridades
competentes do Estado requerente, sempre que o súdito estrangeiro manifestar, de forma livre e de
modo voluntário e inequívoco, o seu desejo de ser extraditado.
Nesta hipótese, a tarefa do STF será a de homologar (ou não) a declaração do extraditando de que
concorda com a extradição. STF. 2ª Turma. Ext 1476/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/5/2017
(Info 864).

Dupla extradição: requisitos e competência


Em caso de reingresso de extraditando foragido, não é necessária nova decisão jurisdicional acerca da
entrega, basta a emissão de ordem judicial.
Com base nesse entendimento, a Segunda Turma julgou dois agravos regimentais em extradição: negou
provimento ao primeiro e não conheceu do segundo. Ambos foram interpostos pela Defensoria Pública
da União contra a mesma decisão, que determinou a entrega de extraditando ao governo da Espanha.
O caso se refere a indivíduo já extraditado que escapou à ação da justiça espanhola e reingressou em

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território brasileiro. A defesa alegou a incompetência do relator para a realização da entrega, a não
formalização do novo pedido de extradição e a insuficiência de informações sobre o processo para a
avaliação da dupla punibilidade.
A Turma entendeu que, embora o art. XIX do Decreto nº 99.340/1990 e o art. 98 da Lei 13.445/2017
tratem da nova entrega como procedimento administrativo, verifica-se a necessidade de ordem judicial
para a prisão do estrangeiro conforme art. 5º, LXI, da Constituição. A legislação, todavia, não impõe que
a nova entrega se dê por decisão jurisdicional ou julgamento colegiado. Desse modo, a Corte, ao avaliar
novamente a questão, teria concedido mais garantias ao indivíduo do que a lei prevê.
Considerou, ainda, suficiente a nota verbal do governo espanhol que postulou a detenção do fugitivo
para fins de extradição, haja vista a dispensabilidade expressa de formalidades para a nova requisição.
Nessa perspectiva, a Turma concluiu também pela prescindibilidade de nova demonstração acerca da
dupla punibilidade ou outro requisito da extradição, porquanto não respaldada legalmente. Ext
1225/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 21.11.2017. (Ext-1225)

Pedido de extensão
A Primeira Turma asseverou que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica quanto à possibilidade
jurídica de pedido de extensão ou de ampliação nas hipóteses em que já deferida a extradição, desde que
observadas as formalidades em respeito ao direito do súdito estrangeiro. Entendeu estarem atendidos os
requisitos jurídicos que autorizam o deferimento do pedido suplementar. Ext 1363 Extn/DF, rel. Min. Alexandre
de Moraes, 4.12.2018. (Ext-1363)

Poder Legislativo
Cassação de deputado federal e participação do STF
Em se tratando de processos de cunho acentuadamente político, como é o caso da cassação de mandato
parlamentar, o STF deve se pautar pela deferência (respeito) às decisões do Legislativo e pela autocontenção,
somente intervindo em casos excepcionalíssimos. Dessa forma, neste caso, o STF optou pela técnica da
autocontenção (judicial self-restraint), que é o oposto do chamado ativismo judicial. Na autocontenção, o Poder
Judiciário deixa de atuar (interferir) em questões consideradas estritamente políticas. STF. Plenário. MS
34.327/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/9/2016 (Info 838).

Imunidade parlamentar e pertinência temática


A imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) protege os Deputados Federais e Senadores, qualquer que
seja o âmbito espacial (local) em que exerçam a liberdade de opinião. No entanto, para isso é necessário que
as suas declarações tenham conexão (relação) como desempenho da função legislativa ou tenham sido
proferidas em razão dela. Para que as afirmações feitas pelo parlamentar possam ser consideradas como
"relacionadas ao exercício do mandato", elas devem ter, ainda de forma mínima, um teor político. STF. 1ª
Turma. Inq 3932/DF e Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em21/6/2016 (Info 831).

Réu em processo criminal é excluído da linha de sucessão do cargo de Presidente da República


Os substitutos eventuais do Presidente da República a que se refere o art. 80 da CF/88, caso ostentem a
posição de réus criminais perante o STF, ficarão impossibilitados de exercer o ofício de Presidente da República.
No entanto, mesmo sendo réus, podem continuar na chefia do Poder por eles titularizados. STF. Plenário. ADPF
402 MC-REF/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/12/2016 (Info 850).

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Quando a condenação do Deputado Federal ou Senador ultrapassar 120 dias em regime fechado, a perda do
mandato é consequência lógica
Se o STF condenar um parlamentar federal e decidir que ele deverá perder o cargo, isso acontece imediatamente
ou depende de uma deliberação da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal respectivamente?
• Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda do cargo será uma
consequência lógica da condenação. Neste caso, caberá à Mesa da Câmara ou do Senado apenas declarar que
houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF), nos termos do art. 55, III e § 3º da CF/88.
• Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto: a condenação criminal
não gera a perda automática do cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do art. 55,
§ 2º, se o condenado deverá ou não perder o mandato. STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado
em 2/5/2017 (Info 863).
Obs: existem decisões em sentido diverso (AP 565/RO - Info 714 e AP 470/MG - Info 692), mas penso que, para
fins de concurso, deve-se adotar o entendimento acima explicado (AP 694/MT).

Imunidade material alcança o delito do art. 3º da Lei 7.492/86 (“divulgar informação falsa ou prejudicialmente
incompleta sobre instituição financeira”)
Deputado Estadual que, ao defender a privatização de banco estadual, presta declarações supostamente falsas
sobre o montante das dívidas dessa instituição financeira não comete o delito do art. 3º da Lei nº 7.492/86,
estando acobertado pela imunidade material. STF. 1ª Turma. HC 115397/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 16/5/2017 (Info 865).

Impedimento à advocacia envolvendo parlamentares


O art. 30, II, da Lei nº 8.906/94, prevê que os membros do Poder Legislativo (Vereadores, Deputados e
Senadores) são impedidos de exercer a advocacia contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público,
empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas
concessionárias ou permissionárias de serviço público. Essa proibição abrange a advocacia envolvendo qualquer
dos entes federativos (União, Estados, DF e Municípios). Assim, o desempenho de mandato eletivo no Poder
Legislativo impede o exercício da advocacia a favor ou contra pessoa jurídica de direito público pertencente a
qualquer das esferas de governo – municipal, estadual ou federal. STJ. 1ª Seção. EAREsp 519.194-AM, Rel. Min.
Og Fernandes, julgado em 14/6/2017 (Info 607).

Imunidade parlamentar e medidas cautelares de natureza penal


O ministro Edson Fachin (Relator das ADI’s 5.824 e 5.825) reputou preenchidos os requisitos do “fumus boni
iuris” e do “periculum in mora”, e deferiu a medida cautelar, para suspender as normas impugnadas e a eficácia
das resoluções. Ele foi acompanhado pelos ministros Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia (Presidente). O
ministro Fachin fixou interpretação conforme a Constituição, no sentido de assentar que as regras estaduais não
vedam ao Poder Judiciário decretar medidas cautelares de natureza penal em desfavor de deputados estaduais,
nem conferem poderes às assembleias legislativas para revogar ou sustar os atos judiciais respectivos. Ressaltou
que a decretação da prisão preventiva e medidas cautelares alternativas envolve um juízo técnico-jurídico que
não pode ser substituído pelo juízo político emitido pelo Legislativo a respeito de prisão em flagrante. ADI 5.823
MC/RN, rel. Min. Marco Aurélio, ADI 5.824 MC/RJ, ADI 5.825 MC/MT, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 6

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e 7.12.2017. (ADI-5823) (ADI-5824) (ADI-5825)

O trancamento da pauta por conta de MPs não votadas no prazo de 45 dias só alcança projetos de lei que
versem sobre temas passíveis de serem tratados por MP
O art. 62, § 6º da CF/88 afirma que “se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias
contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do
Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas
da Casa em que estiver tramitando”.
Apesar de o dispositivo falar em “todas as demais deliberações”, o STF, ao interpretar esse § 6º, não adotou uma
exegese literal e afirmou que ficarão sobrestadas (paralisadas) apenas as votações de projetos de leis ordinárias
que versem sobre temas que possam ser tratados por medida provisória.
Assim, por exemplo, mesmo havendo medida provisória trancando a pauta pelo fato de não ter sido apreciada
no prazo de 45 dias (art. 62, § 6º), ainda assim a Câmara ou o Senado poderão votar normalmente propostas de
emenda constitucional, projetos de lei complementar, projetos de resolução, projetos de decreto legislativo e
até mesmo projetos de lei ordinária que tratem sobre um dos assuntos do art. 62, § 1º, da CF/88.
Isso porque a MP somente pode tratar sobre assuntos próprios de lei ordinária e desde que não incida em
nenhuma das proibições do art. 62, § 1º. STF. Plenário. MS 27931/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
29/6/2017 (Info 870).

Inconstitucionalidade de medida provisória que verse sobre tema já rejeitado, na mesma sessão legislativa
É inconstitucional medida provisória ou lei decorrente de conversão de medida provisória cujo conteúdo
normativo caracterize a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória anterior rejeitada, de eficácia
exaurida por decurso do prazo ou que ainda não tenha sido apreciada pelo Congresso Nacional dentro do prazo
estabelecido pela Constituição Federal. ADI 5716/DF, ADI 5709/DF, ADI 5717/DF E ADI 5727/DF, rel. Min. Rosa
Weber, julgamento em 27.3.2019.

Atividade parlamentar e o direito à informação


O Tribunal entendeu que o parlamentar, na qualidade de cidadão, não pode ter cerceado o exercício do seu direito
de acesso, via requerimento administrativo ou judicial, a documentos e informações sobre a gestão pública, desde
que não estejam, excepcionalmente, sob regime de sigilo ou sujeitos à aprovação de Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI). O fato de as casas legislativas, em determinadas situações, agirem de forma colegiada, por
intermédio de seus órgãos, não afasta, tampouco restringe, os direitos inerentes ao parlamentar como indivíduo.
(RE-865401)

Tribunal de Contas
Possibilidade de indicação excepcional de ocupante de cargo no MP há menos de 10 anos
Membro do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas de Estados ou do Distrito Federal que ocupa esse
cargo há menos de dez anos, na existência de outro nas condições exigidas por lei, pode ser indicado para
compor lista tríplice destinada à escolha de conselheiro da referida corte. STJ. 2ª Turma. RMS 35.403-DF, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 3/3/2016 (Info 584)

Criação de Procuradoria do Tribunal de Contas e impossibilidade de que tal órgão seja responsável pela
cobrança das multas

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É constitucional a criação de órgãos jurídicos na estrutura de Tribunais de Contas estaduais, vedada a atribuição
de cobrança judicial de multas aplicadas pelo próprio tribunal. É inconstitucional norma estadual que preveja que
compete à Procuradoria do Tribunal de Contas cobrar judicialmente as multas aplicadas pela Corte de Contas.
A Constituição Federal não outorgou aos Tribunais de Contas competência para executar suas próprias decisões.
As decisões dos Tribunais de Contas que acarretem débito ou multa têm eficácia de título executivo, mas não
podem ser executadas por iniciativa do próprio Tribunal. STF. Plenário. ADI 4070/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 19/12/2016 (Info 851).

Prazo prescricional para aplicação de multa pelo TCU


O prazo prescricional para que o TCU aplique multas é de 5 anos, aplicando-se a previsão do art. 1º da Lei nº
9.873/99.
Caso esteja sendo imputada ao agente público a conduta omissiva de ter deixado de tomar providências que eram
de sua responsabilidade, tem-se que, enquanto ele permaneceu no cargo, perdurou a omissão. No momento em
que o agente deixou o cargo, iniciou-se o fluxo do prazo prescricional. STF. 1ª Turma. MS 32201/DF, rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 21/3/2017 (Info 858).

Auditoria do TCU e desnecessidade de participação dos terceiros reflexamente prejudicados


Em auditoria realizada pelo TCU para apurar a gestão administrativa do órgão, os terceiros indiretamente afetados
pelas determinações do Tribunal (ex: pensionistas) não possuem direito de serem ouvidos no processo
fiscalizatório. Não existe, no caso, desrespeito ao devido processo legal.
Nessa espécie de atuação administrativa, a relação processual envolve apenas o órgão fiscalizador e o fiscalizado,
sendo dispensável a participação dos interessados.
O contraditório pressupõe a existência de litigantes ou acusados, o que não ocorre quando o Tribunal de Contas
atua no campo da fiscalização de órgãos e entes administrativos. O contraditório deve ser garantido pelo órgão
de origem, a quem cabe o cumprimento da determinação do Tribunal de Contas.

Não aplicação do art. 54 da Lei nº 9.784/99 para as fiscalizações realizadas pelo TC na forma do art. 71, IV, da
CF/88
Em casos de “fiscalização linear exercida pelo Tribunal de Contas”, nos termos do art. 71, IV, da CF/88, não se
aplica o prazo de decadência previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99. Isso porque em processos de “controle
abstrato”, o Tribunal de Contas não faz o exame de ato específico do qual decorre efeito favorável ao
administrado.
A Corte está examinando a regularidade das contas do órgão e a repercussão sobre eventual direito individual é
apenas indireta. STF. 1ª Turma. MS 34224/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/8/2017 (Info 873).

Mandado de Segurança. Legitimidade do Ministério Público de Contas. Impetração contra acórdão do Tribunal
de Contas Estadual que determinou a extinção e arquivamento de representação.
O membro do Ministério Público que atua perante o Tribunal de Contas possui legitimidade e capacidade
postulatória para impetrar mandado de segurança, em defesa de suas prerrogativas institucionais, contra acórdão
prolatado pela respectiva Corte de Contas. RMS 52.741-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade,
julgado em 8/8/2017, DJe 12/9/2017.

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Poder Executivo
Não há necessidade de prévia autorização da ALE para que o STJ receba denúncia criminal (por crime comum)
contra o Governador do Estado
Se a Constituição Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja processado criminalmente, essa
previsão é considerada inconstitucional. Assim, é vedado às unidades federativas instituir normas que
condicionem a instauração de ação penal contra Governador por crime comum à previa autorização da Casa
Legislativa.
O afastamento do cargo não se dá de forma automática. O STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa, irá
decidir, de forma fundamentada, se há necessidade de o Governador do Estado ser ou não afastado do cargo.
Vale ressaltar que, além do afastamento do cargo, o STJ poderá aplicar qualquer uma das medidas cautelares
penais (exs: prisão preventiva, proibição de ausentar-se da comarca, fiança, monitoração eletrônica etc.). STF.
Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2017 (Info 863). STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI
4797/MT e ADI 4798/PI, Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 4/5/2017 (Info
863).

Procedimento de identificação das comunidades dos quilombos e decreto autônomo


Segundo o STF, o critério da autoidentificação cumpriria a tarefa de trazer à luz os destinatários do art. 68 do
ADCT, e não se prestaria a inventar novos destinatários, de forma a ampliar indevidamente o universo daqueles
a quem a norma fora dirigida. Para os fins específicos da incidência desse dispositivo constitucional transitório,
além de uma dada comunidade ser qualificada como remanescente de quilombo, também se mostraria necessária
a satisfação de um elemento objetivo, empírico: que a reprodução da unidade social, que se afirma originada de
um quilombo, estivesse atrelada a uma ocupação continuada do espaço. ADI 3239/DF, rel. orig. Min. Cezar Peluso,
red.p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgamento em 8.2.2018. (ADI - 3239)

Poder Judiciário
Impossibilidade do Poder Judiciário interferir, no mérito, na elaboração das leis orçamentárias
Salvo em situações graves e excepcionais, não cabe ao Poder Judiciário, sob pena de violação ao princípio da
separação de Poderes, interferir na função do Poder Legislativo de definir receitas e despesas da Administração
Pública, emendando projetos de leis orçamentárias, quando atendidas as condições previstas no art. 166, §§ 3º
e 4º, da Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5468/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29 e 30/6/2016 (Info
832).

Não cabimento de mandado de segurança contra decisões negativas do CNJ


Não cabe mandado de segurança contra ato de deliberação negativa do Conselho Nacional de Justiça, por não se
tratar de ato que importe a substituição ou a revisão do ato praticado por outro órgão do Judiciário. Assim, o STF
não tem competência para processar e julgar ações decorrentes de decisões negativas do CNMP e do CNJ. Como
o conteúdo da decisão do CNJ/CNMP foi “negativo”, o Conselho não decidiu nada.
Se não decidiu nada, não praticou nenhum ato. Se não praticou nenhum ato, não existe ato do CNJ/CNMP a
ser atacado no STF. Em razão do exposto, não compete ao STF julgar MS impetrado contra decisão do CNJ que
julgou improcedente pedido de cassação de um ato normativo editado por vara judicial. STF. 2ª Turma. MS
33085/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/09/2016 (Info 840).

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Possibilidade de se indenizar por erro judiciário condenado que teve equivocadamente reconhecida reincidência
No caso em que o reconhecimento da reincidência tenha origem em infração anterior cuja pena tenha sido
cumprida ou extinta há mais de 5 anos, deferido o pedido revisional para diminuir a pena equivocadamente
fixada, será devida a indenização ao condenado que tenha sofrido prejuízos em virtude do erro judiciário.
A defesa ingressa com revisão criminal alegando que a sentença violou o art. 64, I, do CP. O Tribunal, ao julgar
procedente a revisão, deverá condenar o Poder Público a indenizar o réu pelos prejuízos sofridos (art. 630 do
CPP). STJ. 5ª Turma. REsp 1.243.516-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em22/9/2016 (Info 590).

Análise da constitucionalidade de resolução que permite reeleição para cargos de direção no TJ


É inconstitucional norma do Tribunal de Justiça que permite a reeleição de desembargadores para cargos de
direção após o intervalo de dois mandatos. Esta previsão viola o art. 93, caput, da CF/88, segundo o qual a
regulamentação da matéria afeta à elegibilidade para os órgãos diretivos dos tribunais está reservada a lei
complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal. Além disso, esta norma afronta o tratamento que foi
dado à matéria pelo art. 102 da LOMAN (LC 35/79), que regulamenta o art. 93 da CF/88. STF. Plenário. ADI
5310/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 14/12/2016 (Info 851).

CNJ, no exercício de controle administrativo, pode deixar de aplicar lei inconstitucional


CNJ pode determinar que Tribunal de Justiça exonere servidores nomeados sem concurso público para cargos em
comissão que não se amoldam às atribuições de direção, chefia e assessoramento, contrariando o art. 37, V, da
CF/88. Esta decisão do CNJ não configura controle de constitucionalidade, sendo exercício de controle da validade
dos atos administrativos do Poder Judiciário. STF. Plenário. Pet 4656/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
19/12/2016 (Info 851).

Competência originária e concorrente do CNJ


A CF conferiu competência originária e concorrente ao CNJ para aplicação de medidas disciplinares. Assim, a
competência do CNJ é autônoma (e não subsidiária). Logo, o CNJ pode atuar mesmo que não tenha sido dada
oportunidade para que a corregedoria local pudesse investigar o caso. STF. 1ª Turma. MS 30361 AgR/DF, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 29/8/2017 (Info 875).

Pagamento de diárias. Magistrados federais convocados pelos tribunais regionais. Arts. 65, IV, da LOMAN; 58
e 59 da Lei n. 8.112/1990. Incidência. Dias de efetivo afastamento. Art. 5º da Resolução CJF n. 51/2009.
Limitação das diárias. Ilegalidade.
É ilegal a limitação de duas diárias e meia semanais, à luz do art. 5º da Resolução CJF n. 51/2009, quando o
deslocamento de juiz federal convocado para substituição em tribunais regionais for superior a esse lapso. REsp
1.536.434-SC, Rel. Min. Og Fernandes, por unanimidade, julgado em 17/10/2017, DJe 20/10/2017

Conselho Nacional de Justiça e controle de controvérsia submetida ao Judiciário


Descabe ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujas atribuições são exclusivamente administrativas, o controle
de controvérsia submetida à apreciação do Poder Judiciário.
Com base nesse entendimento, a 1ª Turma indeferiu mandado de segurança impetrado contra o ato, por meio
do qual o CNJ determinou o arquivamento de processo administrativo, ante a alegada inviabilidade de controle,
pelo Órgão, de questão submetida ao crivo do Supremo Tribunal Federal (STF).

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A impetrante postulava no CNJ a sua recondução à titularidade interina de Tabelionato de Notas e Ofício de
Protesto de Títulos e o consequente afastamento de aprovado em concurso público que assumiu o acervo do
cartório. Afirmava o descumprimento da decisão liminar em mandado de segurança que suspendeu o
mencionado certame.
A Turma considerou, inicialmente, que o eventual descumprimento de decisão proferida pelo STF não se resolve
na seara do CNJ, mas, sim, na do próprio Tribunal, mediante reclamação.
Entendeu, ademais, que o CNJ observou, com acerto, o fato de a controvérsia estar submetida ao Judiciário,
quadro impeditivo da própria atuação, tendo em conta o disposto nos parágrafos 4º e 5º do artigo 103-B da
Constituição Federal.MS 28845/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 21.11.2017. (MS-28845)

CNJ: falta de quórum e avocação de processo administrativo


O STF considerou que a regra constitucional que exige o quórum de maioria absoluta do tribunal, contida no art.
93, VIII e X, Constituição Federal e o fato de que as manifestações de suspeição realizadas por 1/3 (um terço) da
Corte acabaram por prejudicar a vontade da maioria dos desembargadores que se consideraram aptos a julgar o
caso.
Entendeu também que a Constituição Federal, o Regimento Interno do CNJ e precedentes do Supremo Tribunal
Federal autorizam o exercício dessa competência pelo CNJ, notadamente quando se verifique a insuficiência de
quórum para produzir uma decisão cristalina por maioria absoluta.

Conselho Nacional de Justiça


O CNJ considerou inconstitucionais as leis estaduais que aumentaram o valor do abono de férias. Por essa razão,
solicitou aos tribunais de justiça a elaboração de projetos de lei com alteração ou revogação das normas em vigor.
Para os agravantes, o Conselho não poderia impor aos tribunais a propositura de lei com o objetivo de majorar
ou reduzir a remuneração dos magistrados. Essa iniciativa, nos termos do texto constitucional, constituiria
hipótese de competência privativa dos próprios tribunais.
A Turma, de início, ressaltou a juridicidade da deliberação do CNJ que determinou a correção de ato de tribunal
que, embora respaldado por legislação estadual, se distancie da interpretação dada pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) aos ditames constitucionais. A decisão agravada reconheceu que o Conselho agiu em sintonia com
o entendimento do STF sobre o tema. Entendeu inexistir óbice à adoção de providência tendente a harmonizar a
ordem normativa do tribunal local à interpretação adotada pela Suprema Corte.
A decisão do CNJ está em consonância com a jurisprudência do STF sobre a uniformidade dos direitos dos
magistrados, em âmbito nacional, contemplados na Lei Orgânica da Magistratura (Loman). Ademais,
considerando que os direitos da magistratura constituem matéria reservada à Loman, somente a ela caberia
estipular fração de abono de férias distinta daquela prevista na CF. MS 31667 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli,
julgamento em 11.9.2018. (MS-31667)

CNJ e estatização de serventia judicial


A Primeira Turma do STF fixou entendimento no sentido de que o art. 31 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias é autoaplicável e que a CF/1988 estabeleceu a obrigatoriedade da estatização das serventias judiciais
à medida que vagassem. Além disso, o ministro sublinhou que a origem dos cargos atualmente exercidos pelos
impetrantes é posterior à CF/1988, de modo que o estado do Paraná promoveu concursos de permuta e de
remoção, para prolongar artificialmente o que foi estabelecido no dispositivo mencionado.
Ainda segundo o ministro Alexandre de Morais, não houve ilegalidade por parte do CNJ, que executou o preceito
integralmente. As pessoas que assumiram as atuais serventias judiciais depois da CF/1988, em caráter privado,
não têm direito líquido e certo de nelas permanecerem, qualquer que seja a forma de provimento. Há flagrante
inconstitucionalidade a partir do momento em que assumem cargo em serventia que deveria ser estatizada, e
esse foi o entendimento do CNJ. Eventual boa-fé, segurança jurídica, mantém-se com a validade de todos os atos,

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sem a devolução dos valores recebidos, pois foram praticados os serviços. MS 29323/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 12.2.2019. (MS-29323), MS 29970/DF, rel. orig.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 12.2.2019. (MS-29970), MS
30267/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 12.2.2019. (MS-
30267) e MS 30268/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em
12.2.2019. (MS-30268)

Limites de atuação do STJ


O STJ não possui, a partir da competência constitucional que lhe é determinada, competência para ampliar as
hipóteses de concessão de benefício a determinado grupo minoritário, com base unicamente no exercício
hermenêutico, de modo a ampliar os modais de transporte interestadual submetidos ao regime da gratuidade,
prevista na Lei n. 8.899/1994 e nos atos normativos secundários que a regulamentam, sob pena de atuar como
legislador positivo. REsp 1.155.590-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, por unanimidade, julgado em 27/11/2018, DJe
07/12/2018

Ministério Público
Ilegitimidade do Procurador Geral para interpor MS em face de decisão em processo administrativo
O Procurador-Geral da República não possui legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança com o
objetivo de questionar decisão que reconheça a prescrição da pretensão punitiva em processo administrativo
disciplinar. A legitimidade para impetrar mandado de segurança pressupõe a titularidade do direito
pretensamente lesado ou ameaçado de lesão por ato de autoridade pública. O Procurador-Geral da República não
tem legitimidade para a impetração, pois não é o titular do direito líquido e certo que afirmara ultrajado. Para a
impetração do MS não basta a demonstração do simples interesse ou atuação como custos legis, uma vez que
os direitos à ordem democrática e à ordem jurídica não são de titularidade do Ministério Público, mas de
toda a sociedade. STF. 2ª Turma. MS 33736/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 21/6/2016 (Info 831).

Necessidade de autorização judicial para que o MPF tenha acesso aos procedimentos de Ética da OAB
O acesso do MPF às informações inseridas em procedimentos disciplinares conduzidos pela OAB depende de
prévia autorização judicial.
O fundamento para esta decisão encontra-se no § 2º do art. 72 da Lei nº 8.906/94, que estabelece que a
obtenção de cópia dos processos ético-disciplinares é matéria submetida à reserva de jurisdição, de modo que
somente mediante autorização judicial poderá ser dado acesso a terceiros. STJ. Corte Especial. REsp 1.217.271-
PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/5/2016 (Info 589).

Conflito de atribuição entre MPE e MPF


Compete ao PGR, na condição de órgão nacional do Ministério Público, dirimir conflitos de atribuições entre
membros do MPF e de Ministérios Públicos estaduais. STF. Plenário. ACO924/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em19/5/2016 (Info 826 e 835) – Nesse julgado foi entendido que o MPF possui caráter nacional.

O MPF possui acesso aos relatórios da Polícia Federal restrito aos de natureza persecutório-penal
O controle externo da atividade policial exercido pelo Ministério Público Federal não lhe garante o acesso irrestrito
a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de Inteligência do Departamento de Polícia
Federal, mas somente aos de natureza persecutório-penal.
O controle externo da atividade policial exercido pelo Parquet deve circunscrever-se à atividade de polícia

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judiciária, conforme a dicção do art. 9º da LC n. 75/93, cabendo-lhe, por essa razão, o acesso aos relatórios
de inteligência policial de natureza persecutório-penal, ou seja, relacionados com a atividade de investigação
criminal.
O poder fiscalizador atribuído ao Ministério Público não lhe confere o acesso irrestrito a "todos os relatórios de
inteligência" produzidos pelo Departamento de Polícia Federal, incluindo aqueles não destinados a aparelhar
procedimentos investigatórios criminais formalizados. STJ. 1ª Turma. REsp 1.439.193-RJ, Rel. Min. Gurgel de
Faria, julgado em 14/6/2016 (Info 587).

No exercício do controle externo da atividade policial o MP pode ter acesso às ordens de missão policial
O Ministério Público, no exercício do controle externo da atividade policial, pode ter acesso a ordens de missão
policial (OMP).
Ressalva: no que se refere às OMPs lançadas em face de atuação como polícia investigativa, decorrente de
cooperação internacional exclusiva da Polícia Federal, e sobre a qual haja acordo de sigilo, o acesso do Ministério
Público não será vedado, mas realizado a posteriori. STJ. 1ª Turma. REsp 1.439.193-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 14/6/2016 (Info 587).

Competência para julgar MS contra ato do chefe do MPDFT no exercício de atividade submetida à administração
federal
É do TRF da 1º Região (e não do TJDFT) a competência para processar e julgar mandado de segurança impetrado
contra ato do Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal que determinou a retenção de Imposto de Renda
(IR) e de contribuição ao Plano de Seguridade Social (PSS) sobre valores decorrentes da conversão em pecúnia de
licenças-prêmio.
O Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal, ao determinar a retenção de tributos federais por ocasião do
pagamento de parcelas remuneratórias (conversão de licenças-prêmio em pecúnia), está no exercício de função
administrativa federal, razão pela qual não se pode reconhecer a competência do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal para o julgamento de mandado de segurança impetrado contra tal ato. STJ. 1ª Turma. REsp 1.303.154-
DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 16/6/2016 (Info 587).

Vitaliciamento e controle de legalidade pelo CNMP


O ato de vitaliciamento tem natureza de ato administrativo, e, assim, se sujeita ao controle de legalidade do
CNMP, por força do art. 130-A, § 2º, II, da CF/88, cuja previsão se harmoniza perfeitamente com o art. 128, § 5º,
I, "a", do texto constitucional. Vale ressaltar que, quando o CNMP tomou esta decisão, o referido Promotor já
estava suspenso do exercício de suas funções e não chegou a completar 2 anos de efetivo exercício. Logo, como
o Promotor ainda não havia acabado seu estágio probatório, poderia perder o cargo por decisão administrativa,
não sendo necessária sentença judicial transitada em julgado (art. 128, § 5º, I, "a", da CF/88). STF. 2ª Turma. MS
27542/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 04/10/2016 (Info 842).

Vedação de mais de uma recondução ao Procurador Geral de Justiça


É inconstitucional dispositivo de CE que permita a recondução ao cargo de Procurador-Geral de Justiça sem limite
de mandatos. Essa previsão contraria o art. 128, § 3º da CF/88, que autoriza uma única recondução. STF.
Plenário. ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847)

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Caso tenha avocado o PAD, o CNMP pode aproveitar os atos instrutórios realizados na origem
Se o CNMP decidir avocar um PAD que está tramitando na Corregedoria local por suspeita de parcialidade do
Corregedor, ele poderá aproveitar os atos instrutórios praticados regularmente na origem pela Comissão
Processante.
Não há motivo para se anular os atos instrutórios já realizados pela Comissão Processante, sem participação do
Corregedor, especialmente se o interessado não demonstra a ocorrência de prejuízo.
O princípio do pas de nullité sans grief é plenamente aplicável no âmbito do Direito Administrativo, inclusive em
processos disciplinares. STF. 2ª Turma. MS 34666 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/8/2017 (Info 875).

Termo inicial da ação civil para a perda do cargo


Na hipótese de membro de Ministério Público Estadual praticar falta administrativa também prevista na lei penal
como crime, o prazo prescricional da ação civil para a aplicação da pena administrativa de perda do cargo somente
tem início com o trânsito em julgado da sentença condenatória na órbita penal. STJ. 2ª Turma. REsp 1.535.222-
MA, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/3/2017 (Info 601).

Súmula 601 - O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço público. Corte
Especial, aprovada em 7/2/2018, DJe 14/2/2018.

Independência funcional das instâncias do Ministério Público


O fato de o promotor natural — aquele com atribuição para atuar na 1ª instância — não se encontrar
tecnicamente subordinado e apresentar entendimento jurídico diverso, afasta qualquer alegação de nulidade
decorrente de alteração do teor da peça acusatória oferecida contra o paciente. HC 137637/DF, rel. Min. Luiz Fux,
julgamento em 6.3.2018. (HC-137637).

CNMP: competência normativa e interceptação telefônica


O Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado em ação direta ajuizada em face da Resolução
36/2009 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que dispõe sobre o pedido e a utilização de
interceptações telefônicas, no âmbito do Ministério Público (MP), nos termos da Lei 9.296/1996.
De início, as preliminares de não conhecimento foram rejeitadas pelos seguintes argumentos: (a) o ato normativo,
de caráter geral e abstrato, foi editado pelo Conselho no exercício de sua competência constitucional e constitui
ato primário, sujeito a controle de constitucionalidade, por ação direta, no Supremo Tribunal Federal (STF); e (b)
as mudanças promovidas no ato impugnado, por resolução posterior, não implicaram na perda do objeto desta
demanda. No que tange à alegação de inépcia apresentada pela Advocacia-Geral da União (AGU), a petição inicial
foi considerada suficientemente clara e não contém vícios formais.
No mérito, ao reconhecer sua constitucionalidade, o Colegiado asseverou que a norma foi editada pelo CNMP no
exercício das atribuições previstas diretamente no art. 130-A, § 2º, I e II, da Constituição Federal. ADI 4263/DF,
rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 25.4.2018. (ADI-4263).

Direito à saúde. Demandas com beneficiários individualizados. Entes federativos no polo passivo. Legitimidade
do Ministério Público. Direito individual indisponível. Art. 1º da Lei n. 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do
Ministério Público). Aplicabilidade. O Ministério Público é parte legítima para pleitear tratamento médico ou
entrega de medicamentos nas demandas de saúde propostas contra os entes federativos, mesmo quando se

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tratar de feitos contendo beneficiários individualizados, porque se refere a direitos individuais indisponíveis, na
forma do art. 1º da Lei n. 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público). REsp 1.682.836-SP, Rel. Min.
Og Fernandes, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 25/04/2018, DJe 30/04/2018

Legitimidade do Ministério Público: ação civil pública e medicamentos


O Ministério Público é parte legítima para ajuizamento de ação civil pública que vise o fornecimento de remédios
a portadores de certa doença.
Cabe ao Ministério Público a promoção do inquérito civil e da ação civil pública na defesa de interesses difusos e
coletivos, a teor do art. 129, III, (1) da Constituição Federal (CF).
Ademais, a ação proposta é definida pelos termos da petição inicial, que, no caso concreto, apontou cidadã sem
condições financeiras para aquisição dos fármacos e negativa de fornecimento destes pela Secretaria de Saúde
local. Acontece que a referida peça se mostrou abrangente — tanto no tocante à narração dos fatos, quanto em
relação ao pedido —, aludindo não apenas à situação daquela paciente como também à dos demais portadores
da doença considerada grave.
Dessa forma, se revelou inquestionável a qualidade do “parquet” para ajuizar ação civil pública objetivando, em
sede de processo coletivo o interesse social que legitima a intervenção e a ação em juízo do Ministério Público, a
defesa de direitos impregnados de transindividualidade ou de direitos individuais homogêneos, notadamente
aqueles de caráter indisponível, porque revestidos de inegável relevância social, como sucede, de modo bastante
particularmente expressivo, com o direito à saúde, que traduz prerrogativa jurídica de índole eminentemente
constitucional.RE 605533/MG, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 15.8.2018. (RE-605533)

Ministério Público. Mandado de Segurança. Membro aposentado. Subsídio. VPNI. Limitação ao teto
constitucional. Ausência de direito líquido e certo. Juízo de retratação. Em adequação ao entendimento do
Supremo Tribunal Federal, o direito à percepção de VPNI não impede a sua eventual absorção pelo subsídio e, do
mesmo modo, não inviabiliza a aplicação do teto constitucional, que inclui a vantagem de caráter pessoal no
cômputo da remuneração do servidor para observância do teto. RMS 33.744-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
por unanimidade, julgado em 05/04/2018, DJe 19/04/2018

Ação Civil Pública. Direito transindividual do consumidor. Abusividade de cláusula contida em contrato de
compra e venda de imóvel. Legitimidade ativa do Ministério Público.
O Ministério Público possui legitimidade ativa para postular em juízo a defesa de direitos transindividuais de
consumidores que celebram contratos de compra e venda de imóveis com cláusulas pretensamente abusivas.
EREsp 1.378.938-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, por unanimidade, julgado em 20/06/2018, DJe 27/06/2018

Defensoria Pública
Defensoria Pública. Determinação judicial de designação de defensor para atuar em processos em trâmite na
Vara da Auditoria Militar do Distrito Federal. Interferência na autonomia funcional e administrativa da
Defensoria Pública
Ao impor a nomeação de Defensores para atuar em processos na Justiça Militar do Distrito Federal, em
discordância com critérios de alocação de pessoal previamente aprovados pelo Conselho Superior da Defensoria
Pública do DF, a autoridade judiciária interfere na autonomia funcional e administrativa do órgão. RMS 59.413-
DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 07/05/2019, DJe
20/05/2019

Necessidade de intimação da Defensoria Pública para o julgamento de habeas corpus


A intimação pessoal da Defensoria Pública quanto à data de julgamento de habeas corpus só é necessária se
houver pedido expresso para a realização de sustentação oral. STF. 2ª Turma. HC 134.904/SP, Rel. Min. Dias

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Toffoli, julgado em 13/9/2016 (Info 839).

Para em dobro para o assistido da Defensoria realizar pagamento voluntário (sob o rito do CPC/73)
Se o devedor for assistido da Defensoria Pública, o prazo do art. 475-J do CPC/1973 deverá ser contado em
dobro, ou seja, o executado terá 30 dias para o débito. A prerrogativa da contagem em dobro dos prazos tem
por objetivo compensar as peculiares condições enfrentadas pelos profissionais que atuam nos serviços de
assistência judiciária do Estado, que enfrentam deficiências de material, pessoal e grande volume de processos.
A intimação para o cumprimento da sentença gera ônus para o representante da parte vencida, que deverá
comunicá-la do desfecho desfavorável da demanda e alertá-la de que a ausência de cumprimento voluntário
implica imposição de sanção processual. Logo, deve ser aplicado o prazo em dobro nesta situação. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.261.856-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/11/2016 (Info 594).

Para que a DPE atue no STJ, é necessário que possua escritório de representação em Brasília
A Defensoria Pública Estadual pode atuar no STJ, no entanto, para isso, é necessário que possua escritório de
representação em Brasília. Se a Defensoria Pública estadual não tiver representação na capital federal, as
intimações das decisões do STJ nos processos de interesse da DPE serão feitas para a DPU.
Assim, enquanto os Estados, mediante lei específica, não organizarem suas Defensorias Públicas para atuarem
continuamente nesta Capital Federal, inclusive com sede própria, o acompanhamento dos processos no STJ
constitui prerrogativa da DPU.
A DPU foi estruturada sob o pálio dos princípios da unidade e da indivisibilidade para dar suporte às Defensorias
Públicas estaduais e fazer as vezes daquelas de Estados-Membros longínquos, que não podem exercer o múnus
a cada recurso endereçado aos tribunais superiores. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 378.088/SC, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 06/12/2016. STF. 1ª Turma. HC 118294/AP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Roberto Barroso, julgado em 7/3/2017 (Info 856).

Inconstitucionalidade da LC55/94 (ES) – Advogados contratados diretamente como defensores públicos


A Lei Complementar 55/1994, do Estado do Espírito Santo, que permitiu a incorporação de advogados admitidos
sem a realização de concurso público à defensoria, foi declarada inconstitucional pela Suprema Corte no
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1199/ES (DJU de 19.4.2006), ressaltados os efeitos “ex
tunc” da decisão.
Dessa forma, a Turma decidiu pela regularização da composição da defensoria, no sentido de substituir os
advogados contratados pelos indivíduos aprovados em concurso que aguardam na fila, visando à organização
mais eficiente e apropriada da administração.
Conforme tese fixada em repercussão geral (Tema 476), os princípios da segurança jurídica e da proteção da
confiança legítima não podem justificar a manutenção no cargo de candidato admitido sem concurso público. O
Colegiado ressaltou, ainda, a inaplicabilidade do disposto no art. 22 (1) do Ato de Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT) ao caso em questão, visto que a contratação dos advogados se deu após a instalação da
constituinte. RE 856550/ES, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em
10.10.2017. (RE-856550).

Intimação da Defensoria Pública em audiência. Contagem dos prazos. Início. Necessidade de remessa dos autos
à instituição.

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Cinge-se a discussão a saber se a intimação da Defensoria Pública em audiência determina o início do cômputo
do prazo para recorrer, ou se o prazo somente se inicia com a remessa dos autos com vista à instituição.
Inicialmente, cumpre destacar que a intimação não se confunde com a contagem do prazo recursal. O CPC/2015
(art. 269) conceitua intimação como "ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo".
Por sua vez, o prazo processual tem relação com o espaço de tempo de que as partes ou os terceiros interessados
dispõem para a prática válida de atos processuais que darão andamento ao processo. Então, conquanto se
reconheça que intimação do ato e respectivo prazo processual caminhem ligados, uma vez que, em regra, a
ciência ou o conhecimento das partes acerca dos atos processuais dispara o início do cômputo do prazo para a
prática de novos atos, o início na contagem do prazo pode e deve ser postergado quando adequado e necessário
ao exercício do contraditório pleno.
A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, notadamente pela defesa, em todos
os graus de jurisdição, dos necessitados (art. 134 da CF) e, para bem desincumbir-se de suas atribuições
constitucionais, assegurou-se à Defensoria Pública um extenso rol de prerrogativas, direitos, garantias e deveres,
de estatura constitucional (art. 134, §§ 1º, 2º e 4º, da CF) e legal (arts. 370, § 4º, do CPP, 5º, § 5º, da Lei n.
1.060/1950, 4º, V e 44, I, da Lei Complementar n. 80/1994), permeados diretamente por princípios que
singularizam tal instituição, dois dos quais – a unidade e a indivisibilidade – interferem na compreensão do tema
objeto de análise.
Tais princípios podem ser traduzidos, inter alia, no fato de que, observados os preceitos legais, um membro da
Defensoria Pública poderá substituir outro quando tal se fizer necessário. Essa circunstância é de sumo relevo
para a percepção da singularidade que caracteriza e diferencia a atuação de um defensor público, notadamente
nas situações em que o agente público, atuando em audiências criminais, fala, produz prova, debate e requer
perante a autoridade judiciária competente, mas nem sempre será ele o membro que, posteriormente, terá o
encargo e a atribuição de falar no processo e, eventualmente, impugnar atos praticados durante essa audiência.
Observa-se também a existência de legislação específica que assegura à Defensoria Pública a remessa dos autos
com vista (art. 4º, V, da LC n. 80/1994). Assim, certamente nas hipóteses em que há ato judicial decisório proferido
em audiência, haverá, em tal momento, a intimação pessoal das partes presentes (defesa e acusação).
No entanto, essa intimação não é suficiente para permitir ao membro da Defensoria Pública o exercício pleno do
contraditório e do consequente direito a impugnar o ato, seja porque o defensor não poderá levar consigo os
autos tão logo encerrada a audiência, seja porque não necessariamente será esse mesmo membro que impugnará
o ato decisório proferido em audiência. Então, a melhor exegese parece ser a que considera poder a intimação
pessoal realizar-se em audiência, mas dependente, para engendrar a contagem do prazo recursal, da remessa dos
autos à Defensoria Pública. HC 296.759-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por maioria, julgado em 23/8/2017,
DJe 21/9/2017.

Concurso público. Defensoria Pública da União. Comprovação de atividade jurídica. Interregno bienal ou trienal.
Previsão legal expressa. Regramento editalício distinto. Ilegalidade.
A disciplina constitucional geral para a regulação dos cargos públicos (art. 37 da CF/88), assim como aquela
específica da Defensoria Pública (art. 134 da CF/88), são inequívocas no que diz respeito à necessidade de edição
de lei em sentido formal e, na presente hipótese, de lei complementar. Vê-se, quanto ao ponto, que o
mandamento constitucional supracitado foi cumprido com a edição da Lei Complementar n. 80/1994, na qual
ficou estabelecido que os candidatos devem comprovar pelo menos dois anos de prática forense, a atividade
jurídica abrangendo o exercício da advocacia, o cumprimento de estágio de Direito reconhecido por lei e o

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desempenho de cargo, emprego ou função, de nível superior, de atividades eminentemente jurídicas. REsp
1.676.831-AL, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, por unanimidade, julgado em 5/9/2017, DJe 14/9/2017.

Defensoria Pública. Inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB. Desnecessidade. Art. 3º, § 1º, da Lei n.
8.906/1994. Interpretação conforme a Constituição Federal. Aplicação do art. 4º, § 6º, da Lei Complementar n.
80/1994.
O art. 3º, § 1º, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil merece interpretação conforme a CF/88 para obstar
a necessidade de inscrição na OAB dos membros das carreiras da Defensoria Pública. REsp 1.710.155-CE, Rel. Min.
Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 01/03/2018, DJe 02/08/2018

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DIREITO ADMNISTRATIVO
Atos Administrativos
Anistia política e prazo decadencial
A Administração Pública não pode, depois de terem se passado mais de 5 anos, anular a anistia política concedida
mesmo que, antes de completar este prazo, a AGU tenha emitido nota questionando os critérios adotados na
concessão. A nota emitida pela AGU teve efeito similar ao de um parecer e, por isso, não impediu o fluxo
do prazo decadencial, não podendo ser classificada como "exercício do direito de anular", para os fins do § 2º
do art. 54 da Lei nº 9.784/99. Vale ressaltar que, no caso concreto, não ficou demonstrada má-fé do interessado.
Além disso, não houve flagrante inconstitucionalidade na concessão de anistia, mas sim nova interpretação da
Administração Pública quanto ao efetivo enquadramento como anistiado político. STF. 1ª Turma. RMS
31841/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 2/8/2016 (Info 833).

Portaria interministerial produzida, em conjunto, por dois Ministérios não pode ser revogada por portaria
posterior editada por apenas uma das Pastas
A regulamentação do valor por aluno do FUNDEB exige um ato administrativo complexo que, para a sua
formação, impõe a manifestação de dois ou mais órgãos para dar existência ao ato (no caso, portaria
interministerial). Por simetria, somente seria possível a revogação do ato administrativo anterior por
autoridade/órgão competente para produzi-lo. Em suma, o primeiro ato somente poderia ser revogado por
outra portaria interministerial das duas Pastas. STJ. 1ª Seção. MS 14.731/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, julgado em 14/12/2016 (Info 597).

Poderes da Administração Pública


Auto de infração. Multa de trânsito. Rodovia federal. Competência do DNIT. Previsão legal. Exegese conjugada
do disposto no art. 82, § 3º, da Lei n. 10.233/2001 e no art. 21, VI, da Lei n. 9.503/1997 (Código de Trânsito
Brasileiro).
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT detém competência para a fiscalização do
trânsito nas rodovias e estradas federais, podendo aplicar, em caráter não exclusivo, penalidade por infração ao
Código de Trânsito Brasileiro, consoante se extrai da conjugada exegese dos arts. 82, § 3º, da Lei n. 10.233/2001 e
21 da Lei n. 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro). REsp 1.588.969-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, Primeira
Seção, por maioria, julgado em 28/02/2018, DJe 11/04/2018

Não cabe ao Banco Central fiscalizar o SERASA


O Banco Central tem o dever de exercer o controle do crédito e fiscalizar a atividade das instituições financeiras.
O Serasa não é uma instituição financeira, considerando que não exerce coleta, intermediação nem aplicação de
recursos financeiros, nem a custódia de valor de propriedade de terceiros, seja como atividade principal ou
acessória. Logo, não é da atribuição do Banco Central a fiscalização das atividades do Serasa. STJ. 4ª Turma. REsp
1.178.768-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 1/12/2016 (Info 595).

Teste de alcoolemia, etilômetro ou bafômetro. Recusa em se submeter ao exame. Sanção administrativa. Art.
277, § 3º c/c art. 165 do CTB. Autonomia das infrações. Identidade de penas. Desnecessidade de prova da
embriaguez.
A sanção do art. 277, § 3º, do CTB dispensa demonstração da embriaguez por outros meios de prova, uma vez
que a infração reprimida não é a de embriaguez ao volante, prevista no art. 165, mas a de recusa em se submeter
aos procedimentos do caput do art. 277, de natureza instrumental e formal, consumada com o comportamento

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contrário ao comando legal. REsp 1.677.380-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em
10/10/2017, DJe 16/10/2017.

Poder de polícia. Apreensão de veículo utilizado no carregamento de madeira sem autorização. Art. 25, § 4º,
da Lei n. 9.605/1998. Art. 2º, § 6º, inc. VIII, do Decreto n. 3.179/1999. Liberação condicionada ao pagamento
de multa. Inviabilidade. Liberação condicionada ao oferecimento de defesa administrativa. Possibilidade. Fiel
depositário na pessoa do proprietário.
O art. 2º, § 6º, inc. VIII, do Decreto n. 3.179/1999 (redação original), quando permite a liberação de veículos e
embarcações mediante pagamento de multa, não é compatível com o que dispõe o art. 25, § 4º, da Lei n.
9.605/1998; entretanto, não há ilegalidade quando o referido dispositivo regulamentar admite a instituição do
depositário fiel na figura do proprietário do bem apreendido por ocasião de infração nos casos em que é
apresentada defesa administrativa - anote-se que não se está defendendo a simplória liberação do veículo, mas
a devolução com a instituição de depósito (e os consectários legais que daí advêm), observado, entretanto, que a
liberação só poderá ocorrer caso o veículo ou a embarcação estejam regulares na forma das legislações de
regência (Código de Trânsito Brasileiro, p. ex.). REsp 1.133.965-BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira
Seção, por unanimidade, julgado em 25/04/2018, DJe 11/05/2018

Administração direta
STJ, 615 - Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros restritivos fundada em
irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação
dos danos eventualmente cometidos. Primeira Seção, aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018.

Administração indireta
Ação cautelar de exibição de documentos. Dados coletados pelo IBGE. Repasse sem finalidades estatísticas.
Impossibilidade. Sigilo das informações individualizadas. Proteção legal.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE é uma Fundação Pública Federal criada pela Lei n. 5.878/73,
cujo objetivo básico é assegurar informações e estudos de natureza estatística, geográfica, cartográfica e
demográfica necessários ao conhecimento da realidade física, econômica e social do país, visando
especificamente ao planejamento econômico e social e à segurança nacional (art. 2º).
De acordo com o art. 6º da Lei instituidora, verifica-se que todo aquele que se encontre sujeito à legislação
brasileira está obrigado a prestar as informações solicitadas pelo IBGE no desempenho de suas funções
institucionais, sob pena de incorrer nas sanções impostas pelos arts. 2º a 5º da Lei n. 5.534/68 (que dispõe sobre
a obrigatoriedade de prestação de informações estatísticas). Mas, como não poderia deixar de ser, do mesmo
modo que o IBGE tem a prerrogativa de obtenção desses dados, preocupou-se o legislador em proteger as
informações fornecidas, estabelecendo, assim, o dever de sigilo sobre as mesmas e impedindo que sejam
utilizadas para outros fins que não os puramente estatísticos.
Em outras palavras, a própria lei impôs ao IBGE e aos seus agentes, de forma peremptória, o dever de guardar
sigilo sobre todo e qualquer dado a que estes tenham acesso em decorrência de suas atividades de pesquisa
(sobre o tema, confira-se o disposto nos arts. 6º da Lei n. 5.878/73; 1º, parágrafo único, da Lei n. 5.534/68 e 2º, §
2º, do Decreto-Lei n. 161/67). Resta claro, portanto, que o sigilo dos dados coletados pelo IBGE, além de
assegurado por Lei, confere a necessária confiança daqueles que prestam as informações, bem como a garantia
da fidedignidade dos dados coletados. REsp 1.353.602-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade,
julgado em 30/11/2017, DJe 07/12/2017.

Extensão do poder de polícia das agências reguladoras (ANVISA)


A função normativa das agências reguladoras, no entanto, notadamente quando atinge direitos e deveres dos
administrados ligados ao Estado tão somente por vínculo de sujeição geral, subordina-se necessariamente ao que
disposto em lei. Assim, embora dotadas de considerável autonomia, a medida da competência normativa em que

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são investidas as agências reguladoras será aquela perfeitamente especificada nas leis pelas quais são criadas.
A ANVISA implementa a política nacional de vigilância sanitária, cuja formulação, no entanto, não lhe compete. A
competência normativa conferida à agência pelo art. 7º, III, da Lei 9.782/1999, não contempla a definição da
pauta política relativamente às medidas para o controle do tabaco, condicionada a atuação do ente regulador, na
matéria, à observância da agenda estabelecida pelo legislador, inclusive por expressa disposição do art. 8º, caput,
§ 1º, X, Lei 9.782/1999. ADI 4874/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 1.2.2018. (ADI-4874)

Conselhos Profissionais
Constitucionalidade da lei 12.514/11 que trata sobre as contribuições devidas aos conselhos profissionais
A Lei nº 12.514/2011, que trata sobre as contribuições (anuidades) devidas aos Conselhos Profissionais, é
constitucional. Sob o ponto de vista formal, esta Lei, apesar de ser fruto de uma MP que originalmente dispunha
sobre outro assunto, não pode ser declarada inconstitucional porque foi editada antes de o STF declarar ilegítima
a prática do “contrabando legislativo” (ADI 5127/DF). Ainda quanto ao aspecto formal, esta Lei não trata sobre
normas gerais de Direito Tributário, motivo pelo qual não precisava ser veiculada por lei complementar. Sob o
ponto de vista material, a Lei respeitou os princípios da capacidade contributiva, da vedação ao confisco e
da legalidade. STF. Plenário. ADI 4697/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 06/10/2016 (Info 842).

Inscrição na OAB de graduado em curso não reconhecido pelo MEC


A inscrição como advogado, nos quadros da OAB, de quem apresente diploma ou certidão de graduação em
Direito "obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada" (art. 8º, II, do Estatuto da
Advocacia) não pode ser impedida pelo fato de o curso de Direito não ter sido reconhecido pelo MEC. STJ. 1ª
Turma. REsp 1.288.991-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 14/6/2016 (Info 586).

Atividade fiscalizatória dos Conselhos Regionais de Contabilidade. Fiscalização de livros e documentos


contábeis de empresário ou sociedade empresária em poder de contadores. Possibilidade legal. Autorização
que decorre do Decreto-Lei n. 9.295/46. Compatibilidade com a restrição prevista no art. 1.190 do Código Civil.
Inocorrência de violação à privacidade e ao sigilo profissional.
O ato do Conselho de Contabilidade que requisita dos contadores e dos técnicos os livros e fichas contábeis de
seus clientes, a fim de promover a fiscalização da atividade contábil dos profissionais nele inscritos, não importa
em ofensa aos princípios da privacidade e do sigilo profissional. REsp 1.420.396-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, por
unanimidade, julgado em 19/09/2017, DJe 29/09/2017

Conselhos profissionais não estão sujeitos ao regime de precatórios


Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fiscalização de caráter
profissional não se submetem ao regime de precatórios. STF. Plenário. RE 938837/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).

Lojas que vendam animais vivos e medicamentos veterinários não precisam se inscrever no Conselho Regional
de Medicina Veterinária
Não estão sujeitas a registro perante o respectivo Conselho Regional de Medicina Veterinária, nem à contratação
de profissionais nele inscritos como responsáveis técnicos, as pessoas jurídicas que explorem as atividades de
comercialização de animais vivos e a venda de medicamentos veterinários, pois não são atividades reservadas à
atuação privativa do médico veterinário. STJ. 1ª Seção. REsp 1.338.942-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
26/4/2017 (recurso repetitivo) (Info 602).

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Suspensão ou cancelamento do registro do profissional que atrasar anuidades
Segundo o art. 8º da Lei nº 12.514/2011, para que os Conselhos Profissionais ajuízem execução fiscal cobrando
anuidades em atraso, é necessário que o total da quantia executada seja de, no mínimo, quatro vezes o valor da
anuidade.
Assim, o fato de os conselhos não poderem executar dívidas inferiores a quatro vezes o valor cobrado anualmente
da pessoa física ou jurídica inadimplente, não impede que seja feita a suspensão ou o cancelamento do registro
do profissional que deixar de efetuar o pagamento das anuidades. Isso está previsto no art. 8º, parágrafo único,
da Lei nº 12.514/2011. STJ. 2ª Turma. REsp 1.659.989-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/4/2017
(Info 603)

Técnico de futebol não precisa ser inscrito no Conselho Regional de Educação Física
O exercício da profissão de técnico ou treinador profissional de futebol não se restringe aos profissionais
graduados em Educação Física, não havendo obrigatoriedade legal de registro junto ao respectivo Conselho
Regional. STJ. 2ª Turma. REsp 1.650.759-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 6/4/2017 (Info 607).

Técnico em farmácia inscrito no Conselho Regional. Assunção de responsabilidade técnica por drogaria.
Possibilidade.
É facultado aos técnicos de farmácia, regularmente inscritos no Conselho Regional de Farmácia, a assunção de
responsabilidade técnica por drogaria, independentemente do preenchimento dos requisitos previstos nos arts.
15, § 3º, da Lei n. 5.991/73, c/c o art. 28 do Decreto n. 74.170/74, entendimento que deve ser aplicado até a
entrada em vigor da Lei n. 13.021/2014. REsp 1.243.994-MG, Rel. Min. Og Fernandes, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 14/6/2017, DJe 19/9/2017. (Tema 727)

Conselho de fiscalização profissional. Automóveis. Registro como veículos oficiais. Autorização legal. Ausência.
Os conselhos de fiscalização profissional não possuem autorização para registrar os veículos de sua propriedade
como oficiais. AREsp 1.029.385-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em 05/12/2017, DJe
09/02/2018

Intervenção do Estado na propriedade


Possibilidade de o proprietário afastar a sanção do art. 243 da CF/88 se provar que não teve culpa
A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada, desde que o proprietário
comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo. STF. Plenário. RE 635336/PE, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2016 (repercussão geral) (Info 851).

Desistência da desapropriação
Admite-se a desistência da desapropriação a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado, desde que:
a) ainda não tenha havido o pagamento integral do preço (pois nessa hipótese já terá se consolidado a
transferência da propriedade do expropriado para o expropriante); e
b) o imóvel possa ser devolvido sem que ele tenha sido alterado de forma substancial (que impeça sua utilização
como antes era possível).
É ônus do expropriado provar a existência de fato impeditivo do direito de desistência da desapropriação. STJ. 2ª

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Turma. REsp 1.368.773-MS, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. para acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em
6/12/2016 (Info 596).

É constitucional o art. 2º, parágrafo único, da LC 152/2015, que prevê regra especial de transição para a idade
da aposentadoria compulsória dos servidores do Serviço Exterior Brasileiro
Não viola o princípio da isonomia o implemento de regra de transição de aposentadoria dos servidores integrantes
do Serviço Exterior Brasileiro (Lei nº 11.440/2006), como está previsto no parágrafo único do art. 2º da LC
152/2015, considerando-se as peculiaridades da carreira, as necessidades do Estado e a ordem constitucional
vigente. STJ. 1ª Seção. MS 22.394-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 9/11/2016 (Info 596).

Ente desapropriante não responde por tributos anteriores à desapropriação


O ente desapropriante não responde por tributos incidentes sobre o imóvel desapropriado nas hipóteses em que
o período de ocorrência dos fatos geradores é anterior ao ato de aquisição originária da propriedade. STJ. 2ª
Turma. REsp 1.668.058-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/6/2017 (Info 606).

Mandado de segurança. Ato de demarcação de terras indígenas. Ciência de interessados. Publicação afixada na
Prefeitura Municipal. Notificação pessoal. Desnecessidade.
Não há nulidade em processo de remarcação de terras indígenas por ausência de notificação direta a eventuais
interessados, bastando que a publicação do resumo do relatório circunstanciado seja afixada na sede da
Prefeitura Municipal da situação do imóvel. MS 22.816-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, por unanimidade,
julgado em 13/9/2017, DJe 19/9/2017.

Reintegração de posse. Mandado judicial. Cumprimento. Impossibilidade. Apossamento administrativo e


ocupação consolidada. Conversão em ação indenizatória de ofício. Viabilidade. Supremacia do interesse público
e social. Julgamento extra petita. Inexistência.
A ação possessória pode ser convertida em indenizatória (desapropriação indireta) – ainda que ausente pedido
explícito nesse sentido – a fim de assegurar tutela alternativa equivalente ao particular, quando a invasão coletiva
consolidada inviabilizar o cumprimento do mandado reintegratório pelo município. REsp 1.442.440-AC, Rel. Min.
Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em 07/12/2017, DJe 15/02/2018

Desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária. Art. 19 da LC n. 76/1993. Assistentes técnicos
do INCRA e do MPF. Servidores Públicos. Restituição de honorários periciais. Impossibilidade.
Nas ações de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária descabe a restituição, pelo
expropriado sucumbente de honorários periciais aos assistentes técnicos do INCRA e do MPF.REsp 1.306.051-MA,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade, julgado em 08/05/2018, DJe 28/05/2018

Bens Públicos
Nulidade de compra e venda do domínio útil de terreno pertencente a Marinha sem pagamento prévio de
laudêmio
É nulo o contrato firmado entre particulares de compra e venda de imóvel de propriedade da União quando
ausentes o prévio recolhimento do laudêmio e a certidão da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), ainda
que o pacto tenha sido registrado no Cartório competente.
Antes de o ocupante vender o domínio útil do imóvel situado em terreno de marinha, ele deverá obter

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autorização da União, por meio da SPU, pagando o laudêmio e cumprindo outras formalidades exigidas. Somente
assim esta alienação será possível de ser feita validamente. STJ. 2ª Turma. REsp 1.590.022-MA, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 9/8/2016 (Info 589).

Possibilidade do particular ajuizar ação possessória cujo objeto seja bem público de uso comum do povo
Particulares podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via municipal (bem
público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.176-MG, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/9/2016 (Info 590).

Demanda possessória entre particulares. Oposição pelo ente público. Defesa incidental do domínio e da posse
de bem público. Possibilidade
Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente público, alegando-se
incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse. E REsp 1.134.446-MT, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, por unanimidade, julgado em 21/03/2018, DJe 04/04/2018

Continuam pertencendo à União os terrenos de marinha situados em ilha costeira que seja sede de Município
A EC 46/2005 não interferiu na propriedade da União, nos moldes do art. 20, VII, da Constituição Federal, sobre
os terrenos de marinha e seus acrescidos situados em ilhas costeiras sede de Municípios. STF. Plenário. RE
636199/ES, Rel. Min. Rosá Weber, julgado em 27/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).

Não se pode caracterizar as terras ocupadas pelos indígenas como devolutas


As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União (art. 20, XI, da CF/88) e, portanto, não
podem ser consideradas como terras devolutas de domínio do Estado-membro. STF. Plenário. ACO 362/MT e
ACO 366/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 16/8/2017 (Info 873).

Ação indenizatória. Locação de área para estação de telefonia celular. Compartilhamento de infraestrutura.
Sublocação não caracterizada. Direito de uso. Servidão administrativa instituída pela lei em benefício das
prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo. Inviabilidade de indenização.
O compartilhamento de infraestrutura é compulsório, sendo inviável atribuir a natureza jurídica de sublocação
à operação. Nesse passo, tendo em vista a ideia de submissão dos direitos subjetivos ao interesse público, o
direito de uso, previsto no art. 73 da Lei n. 9.472/1997, cristaliza servidão administrativa instituída pela lei em
benefício das prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo, constituindo-se direito real, de
natureza pública, a ser exercido sobre bem de propriedade alheia, para fins de utilidade pública, instituído com
base em lei específica.
Deste modo, considerando a característica de servidão administrativa do compartilhamento de infraestrutura,
só haveria de cogitar-se em indenização se houvesse redução do potencial de exploração econômica do bem
imóvel. REsp 1.309.158-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 26/09/2017, DJe
20/10/2017

Responsabilidade civil do Estado


Responsabilidade civil do Estado em caso de morte de detento
Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88, o Estado é

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responsável pela morte de detento. STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016
(repercussão geral) (Info 819).

Estado deve indenizar preso que se encontre em situação degradante


É dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade
previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a
obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da
falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento. STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori
Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017 (repercussão geral) (Info 854).

Furto e responsabilidade civil de concessionária de serviços públicos


A Primeira Turma reconheceu o nexo causal entre a conduta omissiva da empresa prestadora de serviços que deixou de
agir com o cuidado necessário quanto à vigilância no posto de pesagem, por ocasião do estacionamento obrigatório do
veículo para lavratura do auto de infração, e o dano causado ao recorrente. Desse modo, entendeu caracterizada a falha na
prestação e organização do serviço.
Afirmou não haver espaço para afastar a responsabilidade, independentemente de culpa, ainda que sob a óptica da
omissão, ante o princípio da legalidade, presente a teoria do risco administrativo. A responsabilidade objetiva do Estado
tem por fundamento a proteção do cidadão, que se encontra em posição de subordinação e está sujeito aos danos
provenientes da ação ou omissão do Estado, o qual deve suportar o ônus de suas atividades. (RE-598356)

Atividade notarial e de registro: danos a terceiros e responsabilidade objetiva do Estado -


O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas
funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou
culpa, sob pena de improbidade administrativa. RE 842846/RJ, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 27.2.2019. (RE-
842846)

Licitação e contratos administrativos


O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente
ao Poder Público a responsabilidade pelo seu pagamento
O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao
Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos
termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. STF. Plenário. RE 760931/DF, rel. orig. Min. Rosá Weber, red. p/ o ác.
Min. Luiz Fux, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).
Obs: a tese acima foi a fixada pelo STF. No entanto, penso que é importante um esclarecimento revelado durante
os debates: é possível sim, excepcionalmente, que a Administração Pública responda pelas dívidas trabalhistas
contraídas pela empresa contratada e que não foram pagas, desde que o ex-empregado reclamante comprove,
com elementos concretos de prova, que houve efetiva falha do Poder Público na fiscalização do contrato.

Proibição do art. 9º, III, da Lei 8.666/93 permanece mesmo que o servidor esteja licenciado
O fato de o servidor estar licenciado não afasta o entendimento segundo o qual não pode participar de
procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão
contratante ou responsável pela licitação, pois o impedimento de contratar e licitar decorre da própria punição

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e não da publicidade.. STJ. 2ª Turma. REsp 1.607.715-AL, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 7/3/2017 (Info
602).

Mandado de segurança. Penalidade aplicada com base na Lei n. 10.520/2002. Divulgação no Portal da
Transparência gerenciado pela CGU. Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS. Caráter
informativo.
A divulgação do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas – CEIS pela CGU tem mero caráter
informativo, não sendo determinante para que os entes federativos impeçam a participação, em licitações, das
empresas ali constantes. MS 21.750-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade, julgado em
25/10/2017, DJe 07/11/2017

Franquias postais. Lei n. 11.668/2008. Licitação. Necessidade. Encerramento de contratos vigentes antes das
novas contratações. Impossibilidade. Decreto n. 6.639/2008. Extrapolação do poder regulamentar. Violação
ao princípio da legalidade.
Os contratos das Agências de Correios Franqueadas em vigor em 27 de novembro de 2007 que não sejam
precedidos de licitação possuem eficácia até que as novas avenças sejam firmadas, ainda que descumprido o
prazo estabelecido pelo art. 7º, parágrafo único, da Lei n. 11.668/2008. AREsp 613.239-RS, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 07/11/2017, DJe 16/11/2017.

Programa Minha Casa Minha Vida. Caráter social. Legislação própria. Rigorismo da lei de Licitações afastado.
Princípios da administração pública preservados.
As regras gerais previstas na Lei n. 8.666/1993 podem ser flexibilizadas no Programa Minha Casa Minha Vida, por
força do art. 4º, parágrafo único, da Lei n. 10.188/2001, desde que se observem os princípios gerais da
administração pública. REsp 1.687.381-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, por unanimidade, julgado em 17/04/2018,
DJe 23/04/2018

Serviços públicos
É válida a interrupção do serviço público por razões de ordem técnica se houve prévio aviso por meio de rádio
A divulgação da suspensão no fornecimento de serviço de energia elétrica por meio de emissoras de rádio, dias
antes da interrupção, satisfaz a exigência de aviso prévio, prevista no art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95. STJ. 1ª
Turma. REsp 1.270.339-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 15/12/2016 (Info 598).
Em regra, o serviço público deverá ser prestado de forma contínua, ou seja, sem interrupções (princípio da
continuidade do serviço público).
Excepcionalmente, será possível a interrupção do serviço público nas seguintes hipóteses previstas no art. 6º, §
3º da Lei n.º 8.987/95:
a) em caso de emergência (mesmo sem aviso prévio);
b) por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que o usuário seja previamente avisado;
c) Por causa de inadimplemento do usuário, desde que ele seja previamente avisado.

Prazo prescricional em caso de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto


Súmula 412-STJ: A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional
estabelecido no Código Civil.

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O prazo prescricional para as ações de repetição de indébito relativo às tarifas de serviços de água e esgoto
cobradas indevidamente é de:
a) 20 (vinte) anos, na forma do art. 177 do Código Civil de 1916; ou
b) 10 (dez) anos, tal como previsto no art. 205 do Código Civil de 2002, observando-se a regra de direito
intertemporal, estabelecida no art. 2.028 do Código Civil de 2002. STJ. 1ª Seção. REsp 1.532.514-SP, Rel. Min. Og
Fernandes, Primeira Seção, julgado em 10/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 603)

Decisão que suspende reajuste das tarifas de transporte público urbano viola a ordem pública
A interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público urbano viola a ordem
pública, mormente nos casos em que houver, por parte da Fazenda estadual, esclarecimento de que a
metodologia adotada para fixação dos preços era técnica.
Segundo a “doutrina Chenery”, o Poder Judiciário não pode anular um ato político adotado pela Administração
Pública sob o argumento de que ele não se valeu de metodologia técnica. Isso porque, em temas envolvendo
questões técnicas e complexas, os Tribunais não gozam de expertise para concluir se os critérios adotados pela
Administração são corretos ou não.
Assim, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não sejam revestidas de reconhecida
ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário. STJ. Corte Especial. AgInt no AgInt na SLS 2.240-SP,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/6/2017 (Info 605).

Impossibilidade de empresas públicas utilizarem do pagamento de seu passivo judicial via precatórios
As empresas públicas e sociedades de economia mista não têm direito à prerrogativa de execução via precatório.
No caso prático, a agravante, empresa pública constituída com capital integralmente pertencente ao Estado do
Paraná e prestadora de serviço público, sustentava ter direito à execução de débitos via precatório, consoante
o art. 100 da Constituição Federal.
A Turma entendeu pela aplicação do art. 173, §1º, inciso II, da CF, o qual submete a empresa pública ao regime
jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas
e tributários. Assim sendo, observou incongruente considerar os bens integrantes do patrimônio de empresas
públicas, enquanto pessoas jurídicas de direito privado, como bens públicos, a fim de gozar das vantagens
decorrentes. RE 851711 AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12.12.2017. (RE-851711)

Transporte rodoviário interestadual. Idoso. Vagas gratuitas. Isenção das tarifas de pedágio e de utilização dos
terminais rodoviários.
A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-
mínimos, prevista no art. 40, I, do Estatuto do Idoso, não se limita ao valor das passagens, abrangendo eventuais
custos relacionados diretamente com o transporte, em que se incluem as tarifas de pedágio e de utilização dos
terminais. REsp 1.543.465-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade, julgado em 13/12/2018,
DJe 04/02/2019

ADI: registro civil de pessoas naturais e ampliação de serviços remunerados


O Plenário, por maioria, julgou procedente, em parte, pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade
para conceder interpretação conforme a Constituição Federal ao § 3º do art. 29 da Lei 6.015/1973 e declarar a
nulidade parcial, com redução de texto, da expressão “independe de homologação” constante do § 4º do mesmo
artigo, no sentido de possibilitar que os ofícios do registro civil das pessoas naturais prestem outros serviços
conexos remunerados, na forma prevista em convênio devidamente homologado pelo Poder Judiciário local, em

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credenciamento ou em matrícula com órgãos públicos e entidades interessadas, podendo o referido convênio ser
firmado pela entidade de classe dos registradores civis de pessoas naturais de mesma abrangência territorial do
órgão ou da entidade interessada. ADI 5855 MC-REF/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em
10.4.2019. (ADI-5855)

Possibilidade de alienação de controle acionário de empresas públicas


O STF deferiu parcialmente medida cautelar anteriormente concedida em ação direta de inconstitucionalidade,
para conferir ao art. 29, caput, XVIII, da Lei 13.303/2016 interpretação conforme à Constituição Federal, nos
seguintes termos: i) a alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia mista exige
autorização legislativa e licitação; e ii) a exigência de autorização legislativa, todavia, não se aplica à alienação do
controle de suas subsidiárias e controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a necessidade de
licitação, desde que siga procedimentos que observem os princípios da administração pública inscritos no art. 37
da CF, respeitada, sempre, a exigência de necessária competitividade (Informativo 942). ADI 5624 MC-Ref/DF, rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 5 e 6.6.2019. (ADI-5624)

Servidores Públicos
Infrações disciplinares capituladas como crime. Prescrição. Prazo. Lei penal. Art. 142, § 2º, da Lei n. 8.112/1990.
Existência de apuração criminal. Desnecessidade. Mudança de entendimento.
O prazo prescricional previsto na lei penal se aplica às infrações disciplinares também capituladas como crime
independentemente da apuração criminal da conduta do servidor. MS 20.857-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, Primeira Seção, por maioria, julgado em 22/05/2019, DJe 12/06/2019

Monitoramento de email corporativo de servidor público


As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não configuram prova
ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da Administração Pública e da própria
coletividade, especialmente quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso, expressa menção da
sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre
monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou
instruir procedimento administrativo. STJ. 2ª Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og. Fernandes, julgado
em15/9/2015 (Info 576).

Prazo prescricional da ação de ressarcimento ao erário


É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. Dito de outro modo, se o
Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de ilícito civil e deseja ser ressarcido, ele deverá ajuizar a
ação no prazo prescricional previsto em lei. Vale ressaltar, entretanto, que essa tese não alcança prejuízos
que decorram de ato de improbidade administrativa que, até o momento, continuam sendo considerados
imprescritíveis (art. 37, § 5º). STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 3/2/2016
(repercussão geral) (Info 813).

Prescritibilidade de ação de ressarcimento por ato de improbidade administrativa


A imprescritibilidade da ação de ressarcimento se restringe às hipóteses de atos de improbidade dolosa, ou seja,
que impliquem enriquecimento ilícito, favorecimento ilícito de terceiros ou dano intencional à Administração
Pública.
Para tanto, deve-se analisar, no caso concreto, se ficou comprovado o ato de improbidade, na modalidade dolosa,
para, só então e apenas, decidir sobre o pedido de ressarcimento. RE 852475/SP, rel. Min. Alexandre de Moraes,

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red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 8.8.2018. (RE-852475)

Reclamação e nepotismo
A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de secretário municipal, por se tratar de cargo público de
natureza política, por si só, não caracteriza ato de improbidade administrativa.
É cabível o ajuizamento de reclamação para impugnar acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que manteve
decisão condenatória por ato de improbidade administrativa em desacordo com o Enunciado 13 (1) da Súmula
Vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF). Rcl 22339 AgR/SP, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar
Mendes, julgamento em 4.9.2018. (Rcl-22339)

Piso salarial dos professores e reflexos deste nas demais verbas recebidas
A Lei nº 11.738/2008, em seu art. 2º, § 1º, ordena que o vencimento inicial das carreiras do magistério público
da educação básica deve corresponder ao piso salarial profissional nacional, sendo vedada a fixação do
vencimento básico em valor inferior, não havendo determinação de incidência automática em toda a carreira e
reflexo imediato sobre as demais vantagens e gratificações, o que somente ocorrerá se estas determinações
estiverem previstas nas legislações locais. STJ. 1ª Seção. REsp 1.426.210-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado
em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 594).

Aposentadoria compulsória não se aplica a cargos comissionados


Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à regra da aposentadoria
compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, a qual atinge apenas os ocupantes de cargo de provimento efetivo,
inexistindo, também, qualquer idade limite para fins de nomeação a cargo em comissão.
Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não há óbice constitucional a que o servidor efetivo,
aposentado compulsoriamente, permaneça no cargo comissionado que já desempenhava ou a que seja
nomeado para cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de
vínculo efetivo com a Administração. STF. Plenário. RE 786540/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2016
(repercussão geral) (Info 851).

Não se pode cassar a aposentadoria do servidor que ingressou no serviço público por força de provimento
judicial precário e se aposentou durante o processo, antes da decisão ser reformada
Quando o exercício do cargo foi amparado por decisões judiciais precárias e o servidor se aposentou, antes do
julgamento final de mandado de segurança, por tempo de contribuição durante esse exercício e após legítima
contribuição ao sistema, a denegação posterior da segurança que inicialmente permitirá ao servidor prosseguir
no certame não pode ocasionar a cassação da aposentadoria. STJ. 1ª Seção. MS 20.558-DF, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 22/2/2017 (Info 600).

O valor do abono de permanência deverá ser levado em consideração na conversão da licença-prêmio em


pecúnia
O abono de permanência insere-se no conceito de remuneração do cargo efetivo, de forma a compor a base de
cálculo da licença-prêmio não gozada. STJ. 1ª Turma. REsp 1.514.673-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado
em 7/3/2017 (Info 600).

Regime de subsídio e pagamento de 13º e férias a Prefeito e Vice-Prefeito

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O art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento de terço de férias e décimo terceiro
salário. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado
em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852).

Lei de contratação temporária não pode prever hipóteses genéricas nem a prorrogação indefinida dos
contratos
São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF/88, a autorização legislativa genérica para contratação
temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações temporárias. STF. Plenário. ADI
3662/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/3/2017 (Info 858).

Magistrado que estava recebendo abono de permanência e foi promovido terá direito de continuar
percebendo o benefício
A ocupação de novo cargo dentro da estrutura do Poder Judiciário, pelo titular do abono de permanência, não
implica a cessação do benefício. STF. 1ª Turma. MS 33424/DF e MS 33456/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 28/3/2017 (Info 859).

O art. 11 da EC 20/98 não proibiu a percepção de pensão civil com pensão militar
A CF/67 e a CF/88 (antes da EC 20/98) não proibiam que o militar reformado voltasse ao serviço público e,
posteriormente, se aposentasse no cargo civil, acumulando os dois proventos.
O art. 11 da EC 20/98 proibiu, expressamente, a concessão de mais de uma aposentadoria pelo regime de
previdência dos servidores civis. No entanto, este dispositivo não vedou a cumulação de aposentadoria de
servidor público com proventos de militar, assim, sendo possível a cumulação de proventos, é também permitido
que o dependente acumule as duas pensões. STF. 2ª Turma. MS 25097/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
28/3/2017 (Info 859).

Exercentes de mandato eletivo que não forem vinculados a regime próprio deverão pagar contribuição
previdenciária ao RGPS
Incide contribuição previdenciária sobre os rendimentos pagos aos exercentes de mandato eletivo, decorrentes
da prestação de serviços à União, aos Estados e ao Distrito Federal ou aos Municípios, após o advento da Lei nº
10.887/2004, desde que não vinculados a regime próprio de previdência. STF. Plenário. RE 626837/GO, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 25/5/2017 (repercussão geral) (Info 866).

Servidor público. Acumulação de cargos públicos remunerados. Área da saúde. Limitação da carga horária.
Impossibilidade. Compatibilidade de horários. Requisito único. Aferição pela administração pública.
A acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se
sujeita ao limite de 60 horas semanais. REsp 1.746.784-PE, Rel. Min. Og Fernandes, por unanimidade, julgado em
23/08/2018, DJe 30/08/2018

Constitucionalidade da jornada de trabalho de bombeiro civil (12/36h)


O art. 5º da Lei nº 11.901/2009 prevê que a jornada do Bombeiro Civil é de 12h de trabalho por 36h de descanso,
num total de 36h semanais. O STF entende que essa previsão é CONSTITUCIONAL. STF. Plenário. ADI 4.842/DF,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 14/09/2016 (Info 839).

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Bombeiro Civil. Profissional de empresa privada. Uso da nomenclatura. Possibilidade. Proibição legal restrita à
utilização de figuras representativas das instituições públicas em uniformes.
Profissionais de empresas privadas que exerçam atividade de prevenção e combate ao incêndio podem adotar a
nomenclatura "bombeiro civil". Esp 1.549.433-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, por maioria,
julgado em 09/04/2019, DJe 15/05/2019

Se a pessoa acumular licitamente dois cargos públicos ela poderá receber acima do teto
Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art.
37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a
observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público. STF. Plenário. RE
612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Márco Aurelio, julgados em 26 e 27/4/2017 (repercussão geral) (Info
862).

União não deve figurar na ação proposta pedindo a implementação do piso nacional do magistério
Os dispositivos do art. 4º, caput, e §§ 1º e 2º, da Lei nº 11.738/2008 não amparam a tese de que a União é parte
legítima, perante terceiros particulares, em demandas que visam à sua responsabilização pela implementação
do piso nacional do magistério, afigurando-se correta a decisão que a exclui da lide e declara a incompetência
da Justiça Federal para processar e julgar o feito ou, em sendo a única parte na lide, que decreta a extinção da
demanda sem resolução do mérito. STJ. 1ª Seção. REsp 1.559.965-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
14/6/2017 (recurso repetitivo) (Info 606).

Servidor público. Diretor-Presidente de fundação de natureza privada. Processo administrativo disciplinar.


Atos ilícitos. Recursos públicos. Princípios basilares da administração pública. Lei n. 8.112/1990.
Aplicabilidade.
É legal a instauração de procedimento disciplinar, julgamento e sanção, nos moldes da Lei n. 8.112/1990 em face
de servidor público que pratica atos ilícitos na gestão de fundação privada de apoio à instituição federal de
ensino superior. MS 21.669-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em 23/08/2017, DJe
09/10/2017

Servidor Público. Remoção de cônjuge a pedido. Acompanhamento. Art. 36, III, "a", da Lei n. 8.112/1990.
O servidor público federal somente tem direito à remoção prevista no art. 36, parágrafo único, III, "a", da Lei n.
8.112/1990, na hipótese em que o cônjuge/companheiro, também servidor, tenha sido deslocado de ofício, para
atender ao interesse da Administração (nos moldes do inciso I do mesmo dispositivo legal). EREsp 1.247.360-RJ,
Rel. Min. Benedito Gonçalves, por maioria, julgado em 22/11/2017, DJe 29/11/2017

Adicional de Insalubridade. Reconhecimento pela Administração. Retroação dos efeitos do laudo pericial.
Impossibilidade. O termo inicial do adicional de insalubridade a que faz jus o servidor público é a data do laudo
pericial. PUIL 413-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, por unanimidade, julgado em 11/04/2018, DJe 18/04/2018.

Servidor público. Médico do trabalho. Cargo de auditor-fiscal. Enquadramento. Cumulação com outro vínculo
como médico. Impossibilidade.
O Auditor Fiscal do Trabalho, com especialidade em medicina do trabalho, não pode cumular o exercício do seu
cargo com outro da área de saúde. REsp 1.460.331-CE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel
de Faria, por maioria, julgado em 10/04/2018, DJe 07/05/2018

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Indenização por trabalho em região de fronteira e ausência de regulamentação
A Lei n. 12.855/2013, que instituiu a Indenização por Trabalho em Localidade Estratégica, é norma de eficácia
condicionada à prévia regulamentação, para definição das localidades consideradas estratégicas, para fins de
pagamento da referida vantagem, de modo que sua definição depende, ainda, que assim sejam consideradas, por
ato do Poder Executivo, à luz de avaliação discricionária das necessidades que somente a Administração pode
fazer, em certas localidades fronteiriças, em relação à dificuldade de fixação de pessoal, para o combate aos
delitos transfronteiriços. Nesse contexto, definição do que se considera localidade estratégica em região de
fronteira, com dificuldade de fixação de pessoal, cabe ao Poder Executivo regulamentar, nos termos expressos da
Lei n. 12.855/2013, e não ao Poder Judiciário. REsp 1.617.086-PR, Rel. Min. Assusete Magalhães, Primeira Seção,
por maioria, julgado em 28/11/2018, DJe 01/02/2019

Impossibilidade de ingresso imediato em classe mais elevada


A possibilidade de ingresso imediato no último padrão da classe mais elevada do nível superior, afronta os
princípios da igualdade e da impessoalidade, os quais regem o concurso público. A obrigatoriedade do concurso
público, com as exceções constitucionais, é um instrumento de efetivação dos princípios da igualdade, da
impessoalidade e da moralidade, garantindo aos cidadãos o acesso aos cargos públicos em condições de
igualdade. ADI 1240/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 28.2.2019. (ADI-1240)

Limite de remuneração de procuradores municipais


A expressão "Procuradores", contida na parte final do inciso XI (1) do art. 37 da Constituição da República,
compreende os procuradores municipais, uma vez que estes se inserem nas funções essenciais à Justiça, estando,
portanto, submetidos ao teto de noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
espécie, dos ministros do Supremo Tribunal Federal. RE 663696/MG, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 28.2.2019.
(RE-663696)

Militar temporário e sem estabilidade. Incapacidade apenas para as atividades militares e sem relação de causa
e efeito com o serviço militar. Ausência de invalidez. Inexistência de direito à reforma ex officio.
O militar temporário não estável, considerado incapaz apenas para o serviço militar, somente terá direito à
reforma ex officio se comprovar o nexo de causalidade entre a moléstia sofrida e a prestação das atividades
militares. EREsp 1.123.371-RS, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. Acd. Min. Mauro Campbell Marques, por maioria,
julgado em 19/09/2018, DJe 12/03/2019.

Profissionais do magistério público da educação básica. Jornada de trabalho. Art. 2º, § 4º, da Lei n. 11.738/2008.
Reserva de um terço da carga horária para dedicação às atividades complementares.
O cômputo dos dez ou quinze minutos que faltam para que a "hora-aula" complete efetivamente uma "hora de
relógio" não pode ser considerado como tempo de atividade extraclasse dos profissionais do magistério. REsp
1.569.560-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Rel. Ac. Min. Og Fernandes, por maioria, julgado em 21/06/2018, DJe
11/03/2019

Direito de greve de servidores públicos


Possibilidade de desconto dos dias não trabalhos em virtude de greve no serviço público
Não se mostra razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre a remuneração do
servidor público dos dias parados e não compensados provenientes do exercício do direito de greve.
STJ. 2ª Turma. RMS 49.339-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 6/10/2016 (Info 592).
A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de
greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a

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compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público. STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
27/10/2016 (repercussão geral) (Info 845).

Policiais são proibidos de fazer greve


O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os
servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. É obrigatória a participação do Poder
Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art.
165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria. STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).

Compete à Justiça Comum (estadual ou federal) decidir se a greve realizada por servidor público é ou não
abusiva
A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos
celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas. STF. Plenário. RE 846854/SP, rel.
orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871).

Aposentadoria de servidores públicos


Aproveitamento do tempo trabalhado como “aluno aprendiz”
Com a edição da Lei nº 3.353/59, passou-se a exigir, para a contagem do tempo mencionado, a demonstração
de que a mão de obra foi remunerada com o pagamento de encomendas. O elemento essencial à caracterização
do tempo de serviço como aluno-aprendiz não é a percepção de vantagem direta ou indireta, mas a efetiva
execução do ofício para o qual recebia instrução, mediante encomendas de terceiros.
Como consequência, a declaração emitida por instituição de ensino profissionalizante somente comprova o
período de trabalho caso registre expressamente a participação do educando nas atividades laborativas
desenvolvidas para atender aos pedidos feitos às escolas. STF. 1ª Turma. MS 31518/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 7/2/2017 (Info 853).

Não se aplica a aposentadoria compulsória para titulares de serventias judiciais não estatizadas não ocupantes
de cargo público e que não recebam remuneração dos cofres públicos
Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos titulares de serventias judiciais
não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de cargo público efetivo e não recebam remuneração
proveniente dos cofres públicos. STF. Plenário. RE 647827/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/2/2017
(repercussão geral) (Info 854).

EC 70/2012 produz efeitos financeiros somente a partir da data de sua promulgação


Os efeitos financeiros das revisões de aposentadoria concedida com base no art. 6º-A da EC 41/2003, introduzido
pela EC 70/2012, somente se produzirão a partir da data de sua promulgação (30/3/2012). STF. Plenário. RE
924456/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (Info 860).

Guardas municipais e aposentadoria especial


Diante da ausência de legislação específica, não cabe ao Poder Judiciário garantir aposentadoria especial a

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guarda municipal. MI 6515/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20.6.2018. (MI-6515) MI 6770/DF, rel.
Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20.6.2018. (MI-6770) MI 6773/DF,
rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20.6.2018. (MI-6773) MI
6780/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20.6.2018. (MI-
6780) MI 6874/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20.6.2018.
(MI-6874)

Improbidade Administrativa
STJ, 633 - A Lei n. 9.784/1999, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão de atos
administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos estados
e municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria. Primeira Seção, julgado em
12/06/2019, DJe 17/06/2019.

STJ, 634 – Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei de Improbidade Administrativa
para o agente público. Primeira Seção, julgado em 12/06/2019, DJe 17/06/2019.

STJ, 635 - Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n. 8.112/1990 iniciam-se na data em que a
autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato,
interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar
- e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção. Primeira Seção, julgado em
12/06/2019, DJe 17/06/2019.

Possibilidade de dupla condenação pelo mesmo dano causado


Não configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial (acórdão do TCU) e sentença
condenatória em ação civil pública de improbidade administrativa que determinam o ressarcimento ao erário e
se referem ao mesmo fato, desde que seja observada a dedução do valor da obrigação que primeiramente
foi executada no momento da execução do títuloremanescente. STJ. 1ª Turma. REsp 1.413.674-SE, Rel. Min.
Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Rel. para o acórdão Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 17/5/2016 (Info 584).

Aplica-se às ações de improbidade administrativa o reexame necessário previsto no art. 19 da lei da ação
popular
A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade administrativa está sujeita
ao reexame necessário, com base na aplicação subsidiária do CPC e por aplicação analógica da primeira parte do
art. 19 da Lei nº 4.717/65. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.220.667-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
24/5/2017 (Info 607).

Ação de improbidade administrativa: ministro de estado e foro competente


Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a duplo regime
sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade
administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade.
O foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal (CF) em relação às infrações penais
comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa.
Já no concernente à extensão do foro especial, o Tribunal afirmou que o foro privilegiado é destinado a abarcar
apenas as ações penais. A suposta gravidade das sanções previstas no art. 37, § 4º, da CF, não reveste a ação de

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improbidade administrativa de natureza penal. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, julgamento em 10.5.2018. (Pet-3240)

Processo Administrativo Disciplinar


Possibilidade de empréstimo de interceptação telefônica de processo criminal
A prova colhida mediante autorização judicial e para fins de investigação ou processo criminal pode ser utilizada
para instruir procedimento administrativo punitivo. Assim, é possível que as provas provenientes de
interceptações telefônicas autorizadas judicialmente em processo criminal sejam emprestadas para o
processo administrativo disciplinar. STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2016 (Info 834).

Ausência de nulidade pela não transcrição integral dos dados obtidos em interceptação telefônica
Mesmo em matéria penal, a jurisprudência do STF e do STJ é no sentido de que não é necessária a degravação
integral das escutas, sendo bastante que dos autos constem excertos suficientes a embasar o oferecimento
da denúncia. O servidor processado, que também é réu no processo criminal, tem acesso à integralidade das
interceptações e, se entender necessário, pode juntar no processo administrativo os eventuais trechos que
considera pertinentes ao deslinde da controvérsia. O acusado em processo administrativo disciplinar não possui
direito subjetivo ao deferimento de todas as provas requeridas nos autos, ainda mais quando consideradas
impertinentes ou meramente protelatórias pela comissão processante (art. 156, §1º, Lei nº 8.112/90). STF. 1ª
Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
9/8/2016 (Info 834).

Recebimento de auxílio moradia de má fé e inexistência de decadência


Servidor que recebeu auxílio-moradia apresentando declaração falsa de que havia se mudado para outra
cidade terá que ressarcir o erário e devolver os valores recebidos mesmo que já se tenha passado mais de 5
anos desde a data em que o pagamento foi autorizado. STF. 1ª Turma. MS 32.569/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, rel. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 13/09/2016 (Info 839).
Competência para julgamento de ação proposta por servidor que ingressou na Administração sem concurso
público
Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso. STF.
Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/09/2016 (Info 839).
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra órgãos da Administração Pública,
por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o
objetivo de obter prestações de natureza trabalhista. STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki,
julgado em 01/10/2015 (repercussão geral).

Inconstitucionalidade de lei que amplie a incidência do art. 19 da ADCT (estabilidade à servidores ingressos antes
de 1983)
O art. 19 do ADCT da CF/88 previu que os servidores públicos que estavam em exercício há pelo menos 5
anos quando a Constituição Federal foi promulgada, deveriam ser considerados estáveis, mesmo não tendo
sido admitidos por meio de concurso público. Desse modo, quem ingressou no serviço público, sem concurso,

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até 05/10/1983 e assim permaneceu, de forma continuada, tornou-se estável com a edição da CF/88. É
inconstitucional Constituição estadual ou lei estadual que amplie a abrangência do art. 19 do ADCT e preveja
estabilidade para servidores públicos admitidos sem concurso público mesmo após 05/10/1983 (5 anos antes da
CF/88). STF. Plenário. ADI 1241/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2016 (Info 840).

A instauração de processo disciplinar contra servidor efetivo cedido deve ocorrer, preferencialmente, no
órgão em que tenha sido praticada a suposta irregularidade.
Por outro lado, o julgamento e a eventual aplicação de sanção só podem ocorrer no órgão ao qual o servidor
efetivo estiver vinculado. STJ. Corte Especial. MS 21.991-DF, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. para acórdão Min.
João Otávio de Noronha, julgado em 16/11/2016 (Info 598).

Utilização no PAD de dados obtidos em descoberta fortuita na investigação criminal


É possível a utilização de dados obtidos por descoberta fortuita em interceptações telefônicas devidamente
autorizadas como prova emprestada em processo administrativo disciplinar. STF. 1ª Turma. MS 30361 AgR/DF,
Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/8/2017 (Info 875).

Aplicação de crime continuado no PAD


Há fatos ilícitos administrativos que, se cometidos de forma continuada pelo servidor público, não se sujeitam à
sanção com aumento do quantum sancionatório previsto no art. 71, caput, do CP. STJ. 1ª Seção. REsp 1.471.760-
GO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 22/2/2017 (Info 602).

STJ, 611 - Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a
instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de
autotutela imposto à Administração. Primeira Seção, aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018.

Processo administrativo disciplinar. Servidor do Poder Executivo Federal. Cessão para o Poder Legislativo.
Pena de demissão. Competência correicional da Controladoria-Geral da União.
Compete ao Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da União a aplicação da penalidade de demissão
a servidor do Poder Executivo Federal, independentemente de se encontrar cedido à época dos fatos para o
Poder Legislativo Federal. MS 19.994-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, por maioria, julgado em 23/05/2018,
DJe 29/06/2018

Concurso público
Inexistência de direito subjetivo ao candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital
Determinado candidato foi aprovado fora do número de vagas. Todos os aprovados dentro do número de
vagas foram nomeados e empossados. Durante o prazo de validade do concurso, um servidor se aposentou,
mas não houve autorização do Ministério do Planejamento para que o órgão federal fizesse o provimento
desta vaga. Um mês após o fim do prazo de validade do concurso, a Administração Pública abriu novo concurso
para este cargo.
O STF entendeu que este candidato não possui direito líquido e certo à nomeação porque:
a) foi aprovado fora do número de vagas previsto no edital; e
b) o prazo de validade do concurso em que ele foi aprovado expirou antes da abertura do novo certame.
c) realmente surgiu uma vaga decorrente da aposentadoria, mas não houve manifestação do órgão

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competente se havia disponibilidade orçamentária para que este cargo fosse imediatamente provido.
O mero surgimento de vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo não gera direito subjetivo à
nomeação do candidato aprovado fora do número de vagas, cabendo a ele demonstrar, de forma inequívoca, que
houve preterição arbitrária e imotivada por parte da administração pública. No caso concreto, o STF entendeu
que isso não ficou comprovado. Assim, para o Tribunal, a situação não se enquadra nas hipóteses previstas no
RE 837311/PI. STF. 1ª Turma. RMS 31478/DF, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 9/8/2016 (Info
834).

Impossibilidade de restrição a candidatos com tatuagem


Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações
excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais. STF. Plenário. RE 898450/SP, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 17/8/2016 (repercussão geral) (Info 835).

Ação questionando critérios do psicotécnico previstos no edital deve ser proposta contra a entidade que
promoveu o concurso (e não contra a instituição contratada)
Em ação ordinária na qual se discute a eliminação de candidato em concurso público – em razão da subjetividade
dos critérios de avaliação de exame psicotécnico previstos no edital – a legitimidade passiva será da entidade
responsável pela elaboração do certame. STJ. 1ª Turma. REsp 1.425.594-ES, Rel. Min. Regina Helena Costa,
julgado em 7/3/2017 (Info 600).

A nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial não gera direito à promoção retroativa
A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuída
eficácia retroativa, não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam se houvesse
ocorrido, a tempo e modo, a nomeação. STF. Plenário. RE 629392 RG/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
8/6/2017 (repercussão geral)

Concurso Público. Teste de aptidão física. Modificação na ordem de aplicação das provas. Prévia divulgação por
edital complementar. Isonomia. Legalidade.
A simples alteração na ordem de aplicação das provas de teste físico em concurso público, desde que anunciada
com antecedência e aplicada igualmente a todos, não viola direito líquido e certo dos candidatos inscritos.
Isto porque o procedimento assim balizado respeita os princípios constitucionais da publicidade e da
razoabilidade, previstos no artigo 37, caput, da Constituição Federal e nos arts. 2º, parágrafo único, incisos I a VIII
e XIII; 26 e 28 da Lei Federal n. 9.784/1999. Além disso, o objetivo dos concursos públicos de provas ou provas e
títulos, previstos nos incisos I a IV do art. 37 da CF é assegurar a observância do princípio da isonomia para ingresso
nos quadros efetivos da Administração Pública. RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade,
julgado em 13/6/2017, DJe 22/6/2017.

Concurso público. Nomeação tardia. Erro reconhecido pela Administração. Indenização. Remuneração
retroativa. Impossibilidade.
A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público não gera direito à indenização, ainda que a
demora tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração Pública REsp 1.238.344-MG, Rel. Min.
Sérgio Kukina, por maioria, julgado em 30/11/2017, DJe 19/12/2017

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Concurso público. Candidatos aprovados fora do limite de vagas. Surgimento de novas vagas. Manifestação
inequívoca da administração sobre a necessidade de seu provimento. Ausência de prova de restrição
orçamentária. Direito subjetivo à nomeação.
O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação caso
surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame, haja manifestação inequívoca da administração
sobre a necessidade de seu provimento e não tenha restrição orçamentária. MS 22.813-DF, Rel. Min. Og
Fernandes, por maioria, julgado em 13/06/2018, DJe 22/06/2018

Constitucionalidade da previsão de reserva de vagas para pessoas pde


O Plenário do STF, reconheceu a constitucionalidade da previsão de reserva de vagas no serviço público para
pessoas portadoras de deficiência, conforme previsto no art. 307 da CRFB ADI 825/AP, rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgamento em 25.10.2018. (ADI-825)

Concurso público. Agente penitenciário feminino. Curso de formação. Candidata lactante. Proteção
constitucional. Remarcação. Possibilidade.
É constitucional a remarcação de curso de formação para o cargo de agente penitenciário feminino de candidata
que esteja lactante à época de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso
público. RMS 52.622-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em 26/03/2019, DJe 29/03/2019

Direito subjetivo à nomeação e contratação de terceirizados


A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental para julgar improcedente o pedido formulado
em reclamação ajuizada contra acórdão de tribunal regional do trabalho (TRT) que reconheceu o direito subjetivo
à nomeação de candidatos aprovados para cadastro de reserva em concurso público para o cargo de advogado
de sociedade de economia mista, ante a contratação de escritórios de advocacia durante o prazo de vigência do
certame.
Considerou, ademais, não ter ocorrido vedação à terceirização dos serviços. O acórdão reclamado não enfrentou
a questão à luz dos dispositivos legais invocados pelos reclamantes nem fez nenhum juízo expresso ou implícito
da sua constitucionalidade.

Anistia política
Pagamento de valores retroativos aos anistiados políticos
Reconhecido o direito à anistia política, a falta de cumprimento de requisição ou determinação de providências
por parte da União, por intermédio do órgão competente, no prazo previsto nos artigos 12, parágrafo 4º, e 18,
caput, parágrafo único, da Lei 10.559 de 2002, caracteriza ilegalidade e violação de direito líquido e certo.
Havendo rubricas no orçamento destinadas ao pagamento das indenizações devidas aos anistiados políticos, e
não demonstrada a ausência de disponibilidade de caixa, a União há de promover o pagamento do valor ao
anistiado no prazo de 60 dias.
Na ausência ou na insuficiência de disponibilidade orçamentária no exercício em curso, cumpre à União promover
sua previsão no projeto de lei orçamentária imediatamente seguinte. STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 17/11/2016 (repercussão geral) (Info 847).

Não sujeição dos valores da indenização ao regime de precatórios


A decisão judicial que, em julgamento de mandado de segurança, determina que a União faça o pagamento
dos valores atrasados decorrentes de reparação econômica devida a anistiado político não se submete ao regime

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dos precatórios, devendo o pagamento ser feito de forma imediata. STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 17/11/2016 (Info 847).

Cabimento de MS contra ato de Ministro que não efetuou o pagamento de valores atrasados a anistiado político
Cabe mandado de segurança contra ato do Ministro da Defesa que não efetua o pagamento dos valores atrasados
decorrentes da reparação econômica devida a anistiado político (art. 8º do ADCT). Diferentemente de uma
ação de cobrança, que é proposta para o pagamento de valores atrasados, no caso em tela temos um mandado
de segurança impetrado para que seja cumpra norma editada pela própria Administração (Portaria do Ministro
da Justiça). STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2016 (Info 847).

Servidor público. Pretensão de reintegração em cargo público. Afastamento motivado por perseguição política.
Regime militar. Imprescritibilidade.
São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público quando o afastamento se deu em razão de atos de
exceção praticados durante o regime militar. REsp 1.565.166-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, por unanimidade,
julgado em 26/06/2018, DJe 02/08/2018

STJ, 624 - É possível cumular a indenização do dano moral com a reparação econômica da Lei n. 10.559/2002 (Lei
da Anistia Política).

Precatórios
É possível aplicar o regime de precatórios às sociedades de economia mista
É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do
Estado e de natureza não concorrencial. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
23/3/2017 (Info 858).

Incidem juros da mora entre a data da realização dos cálculos e a da requisição ou do precatório
Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos e a da requisição de
pequeno valor (RPV) ou do precatório. STF. Plenário. RE 579431/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).
Obs: cuidado para não confundir com a SV 17: Durante o período previsto no parágrafo 1º (obs: atual § 5º) do
artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos. O período de
que trata este RE 579431/RS é anterior à requisição do precatório, ou seja, anterior ao interregno tratado pela
SV 17.

Empresa pública e precatórios


Não se submetem ao regime de precatório as empresas públicas dotadas de personalidade jurídica de direito
privado com patrimônio próprio e autonomia administrativa que exerçam atividade econômica sem monopólio
e com finalidade de lucro. Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, negou provimento a
recurso extraordinário em que se pretendia a submissão de empresa pública à sistemática dos precatórios.
O colegiado entendeu que, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior
do Trabalho (TST), essas empresas devem se sujeitar ao regime de execução direta. Vencidos os ministros
Alexandre de Moraes (relator) e Roberto Barroso, que entenderam ser possível a cobrança judicial de empresa
pública por meio de precatórios. RE 892727/DF, rel. orig. Min. Alexandre de Morais, red. p/ o ac. Min. Rosa

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Weber, julgamento em 7.8.2018. (RE-892727)

FUNDEF
Possibilidade de retenção de parcela das verbas complementares do FUNDEF referentes à honorários
advocatícios
No caso em que Município obtenha êxito em ação judicial destinada à complementação de repasses efetuados
pela União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(FUNDEF), será legítima a retenção de parte das referidas verbas complementares para o pagamento de
honorários advocatícios contratuais (art. 22,
§4º, da Lei nº 8.906/94). STJ. 2ª Turma. REsp 1.604.440-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
14/6/2016 (Info 585).

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DIREITO AMBIENTAL
STJ, 623 - As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário
ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.

STJ, 629 - Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não fazer
cumulada com a de indenizar

Área de preservação permanente. Patamar mínimo de proteção imposto pelo Código Florestal. Redução do
grau protetivo por legislação municipal. Impossibilidade. Prevalência do Código Florestal.
A legislação municipal não pode reduzir o patamar mínimo de proteção marginal dos cursos d’água, em toda sua
extensão, fixado pelo Código Florestal. AREsp 1.312.435-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, por unanimidade, julgado em
07/02/2019, DJe 21/02/2019

Animal silvestre. Habitat natural. Reintegração. Inviabilidade. Dimensão ecológica do princípio da dignidade
humana.
Viola a dimensão ecológica da dignidade humana a reintegração, ao seu habitat natural, de ave silvestre que já
possui hábitos de animal de estimação e convivência habitual duradoura com seu dono. REsp 1.797.175-SP, Rel.
Min. Og Fernandes, por unanimidade, julgado em 21/03/2019, DJe 28/03/2019

Competência legislativa ambiental


Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam fundamentadamente
Os Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam fundamentadamente. STF. 2ª Turma.
ARE 748206 AgR/SC, Rel Min. Celso de Mello, julgado em 14/3/2017 (Info 857).

Compete aos Municípios legislar sobre meio ambiente em assuntos de interesse local
O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar de
interesse local. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado
em 29/6/2017 (Info 870).

Normas municipais podem prever multas para os proprietários de veículos que emitem fumaça acima dos
padrões aceitáveis
É constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de multas para os proprietários
de veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados aceitáveis.
O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar de
interesse local. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado
em 29/6/2017 (Info 870).

Estado-membro pode legislar sobre controle de resíduos de embarcações, oleodutos e instalações costeiras
Em tese, o Estado-membro detém competência para legislar sobre controle de resíduos de embarcações,
oleodutos e instalações costeiras. Isso porque o objeto dessa lei é a tutela ao meio ambiente, sendo essa matéria
de competência concorrente, nos termos do art. 24, VI e VIII, da CF/88. STF. Plenário. ADI 2030/SC, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017 (Info 872).

As leis estaduais que proíbem o uso do amianto são constitucionais.

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O art. 2º da Lei federal nº 9.055/95, que autorizava a utilização da crisotila (espécie de amianto), é
inconstitucional.
Houve a inconstitucionalidade superveniente (sob a óptica material) da Lei nº 9.055/95, por ofensa ao direito à
saúde (art. 6º e 196, CF/88); ao dever estatal de redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de
saúde, higiene e segurança (art. 7º, inciso XXII, CF/88); e à proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88). STF.
Plenário. ADI 3937/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/8/2017 (Info
874).

Intimação eletrônica prevalece sobre o Diário da Justiça Eletrônico


Na hipótese de duplicidade de intimações, prevalece a intimação eletrônica sobre aquela realizada por meio do
DJe. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 903.091-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 16/3/2017 (Info
601).

Início do prazo em caso de intimação/citação realizadas por correio, oficial de justiça ou por carta de ordem,
precatória ou rogatória
Nos casos de intimação/citação realizadas por correio, oficial de justiça, ou por carta de ordem, precatória ou
rogatória, o prazo recursal inicia-se com a juntada aos autos do aviso de recebimento, do mandado cumprido, ou
da juntada da carta. STJ. Corte Especial. REsp 1.632.777-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
17/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604).

STJ, 613 - Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental. Primeira
Seção, aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018.

Responsabilidade
Dano ambiental. Responsabilidade administrativa ambiental. Dolo ou culpa. Demonstração. Necessidade.
A responsabilidade administrativa ambiental é de natureza subjetiva. EREsp 1.318.051-RJ, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 08/05/2019, DJe 12/06/2019.

Responsabilidade civil ambiental. Ação indenizatória. Danos extrapatrimoniais. Acidente ambiental. Explosão
do navio Vicuña. Porto de Paranaguá. Pescadores profissionais. Proibição temporária de pesca. Empresas
adquirentes da carga transportada. Ausência de responsabilidade. Nexo de causalidade não configurado.
As empresas adquirentes da carga transportada pelo navio Vicunã no momento de sua explosão, no Porto de
Paranaguá/PR, em 15/11/2004, não respondem pela reparação dos danos alegadamente suportados por
pescadores da região atingida, haja vista a ausência de nexo causal a ligar tais prejuízos (decorrentes da proibição
temporária da pesca) à conduta por elas perpetrada (mera aquisição pretérita do metanol transportado).
Isso porque, não sendo as adquirentes da carga do referido navio responsáveis diretas pelo acidente ocorrido, só
haveria falar em sua responsabilização - na condição de indiretamente responsável pelo dano ambiental - caso
restasse demonstrada (i) a existência de comportamento omissivo de sua parte; (ii) que o risco de acidentes no
transporte marítimo fosse ínsito à sua atividade ou (iii) que estivesse a seu encargo, e não a encargo da empresa
vendedora, a contratação do transporte da carga que lhe seria destinada. Sendo certo que nenhuma das
mencionadas situações se verificou, afasta-se o dever de indenizar, por ausência do nexo causal imprescindível à
sua configuração. REsp 1.602.106-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por unanimidade,

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julgado em 25/10/2017, DJe 22/11/2017

STJ, 618 - A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental.

Crimes ambientais
Crime ambiental. Transporte de produtos tóxicos, nocivos ou perigosos. Art. 56, caput, da Lei n. 9.605/1998.
Resolução da ANTT n. 420/2004. Crime de perigo abstrato. Perícia. Prescindibilidade
O crime previsto no art. 56, caput da Lei n. 9.605/1998 é de perigo abstrato, sendo dispensável a produção de
prova pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade dos produtos transportados, bastando que estes
estejam elencados na Resolução n. 420/2004 da ANTT. REsp 1.439.150-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por
unanimidade, julgado em 05/10/2017, DJe 16/10/2017

Art. 54, § 2º, V da Lei n. 9.605/98. Poluição. Deságue de esgoto em nascentes localizadas em área de proteção
ambiental. Programa habitacional popular. Fiscalização da aplicação dos recursos públicos pela Caixa Econômica
Federal (CEF). Atuação como mero agente financeiro. Contrato que isenta a CEF de responsabilidade pela higidez
da obra. Competência da Justiça estadual.
Compete à Justiça estadual o julgamento de crime ambiental decorrente de construção de moradias de programa
habitacional popular, nas hipóteses em que a Caixa Econômica Federal atue, tão somente, na qualidade de agente
financiador da obra. CC 139.197-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, por unanimidade, julgado em 25/10/2017, DJe
09/11/2017.

Crime do art. 54 da Lei n. 9.605/1998. Natureza formal do delito. Realização de perícia. Desnecessidade.
Potencialidade de dano à saúde.
O delito previsto na primeira parte do artigo 54 da Lei n. 9.605/1998 possui natureza formal, sendo suficiente a
potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta delitiva. EREsp 1.417.279-SC, Rel. Min.
Joel Ilan Paciornik, por unanimidade, julgado em 11/04/2018, DJe 20/04/2018

54
DIREITO CIVIL
Direitos da Personalidade
Possibilidade de alteração do registro civil após aquisição de dupla cidadania
O brasileiro que adquiriu dupla cidadania pode ter seu nome retificado no registro civil do Brasil, desde que
isso não cause prejuízo a terceiros, quando vier a sofrer transtornos no exercício da cidadania por força da
apresentação de documentos estrangeiros com sobrenome imposto por lei estrangeira e diferente do que
consta em seus documentos brasileiros. STJ. 3ª Turma. REsp 1.310.088-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha,
Rel. para acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 17/5/2016 (Info 588).

Transexual: alteração de nome e gênero e cirurgia de redesignação de sexo


O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no
registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá
exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa.
Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”.
Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de
certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial.
Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento do
interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou
privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, ao apreciar o Tema 761 da repercussão geral, deu
provimento a recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de alteração de gênero no assento de
registro civil de transexual — como masculino ou feminino — independentemente da realização de procedimento
cirúrgico de redesignação de sexo (Informativo 885). RE 670422/RS, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em
15.8.2018. (ADI-670422)
Prevaleceu o voto do ministro Dias Toffoli (relator). Este reajustou o voto proferido na assentada anterior para se
adequar ao que decidido na ADI 4.275/DF (Informativo 892), no sentido de conceder aos transgêneros, e não só
aos transexuais, o direito a referidas alterações, na via administrativa ou judicial, em procedimento de jurisdição
voluntária.

Ação indenizatória. Documentário biográfico. Dano moral. Não configuração. Representação do autor da
demanda por ator contratado. Autorização prévia. Desnecessidade. Uso indevido da imagem. Não ocorrência.
Súmula 403/STJ. Inaplicabilidade.
A Súmula 403/STJ é inaplicável às hipóteses de representação da imagem de pessoa como coadjuvante em obra
biográfica audiovisual que tem por objeto a história profissional de terceiro. REsp 1.454.016-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por maioria, julgado em 12/12/2017, DJe 12/03/2018.

Responsabilidade civil. Obra literária. Figura pública. Informação inverossímil. Abuso do direito de expressão e
de informação. Direito à retratação e ao esclarecimento da verdade. Cabimento. Julgamento da ADPF n.
130/DF. Não recepção da Lei de Imprensa.
O direito à retratação e ao esclarecimento da verdade possui previsão na Constituição da República e na Lei Civil,
não tendo sido afastado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF n. 130/DF. REsp 1.771.866-DF,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 12/02/2019, DJe 19/02/2019

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Direito ao cadáver. Destinação do corpo humano após a morte. Manifestação de última vontade do indivíduo.
Inexistência de formalidade específica. Criogenia. Possibilidade.
Não há exigência de formalidade específica acerca da manifestação de última vontade do indivíduo sobre a
destinação de seu corpo após a morte, sendo possível a submissão do cadáver ao procedimento de criogenia em
atenção à vontade manifestada em vida. REsp 1.693.718-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade,
julgado em 26/03/2019, DJe 04/04/2019

Direito autoral
Transmissão de músicas por streaming exige pagamento de direitos autorais ao ECAD
A transmissão de músicas por meio da rede mundial de computadores mediante o emprego da tecnologia
streaming (webcasting e simulcasting) demanda autorização prévia e expressa pelo titular dos direitos de autor
e caracteriza fato gerador de cobrança pelo ECAD relativa à exploração econômica desses direitos. STJ. 2ª Seção.
REsp 1559264/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 08/02/2017 (Info 597).

Ideias e indicações de bibliografia não gozam de proteção dos direitos de autor


As ideias que servem de base e a bibliografia de que se vale autor de texto de dissertação de mestrado não estão
abarcadas pela proteção aos direitos de autor. STJ. 3ª Turma. REsp 1.528.627-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 7/3/2017 (Info 600).

A criação de nova espécie de seguro não possui a proteção da Lei de Direitos Autorais
A Lei de Direitos Autorais não pode tolher a criatividade e a livre iniciativa, nem o avanço das relações comerciais
e da ciência jurídica, que ficaria estagnada com o direito de exclusividade de certos tipos contratuais. Assim, a
criação de nova espécie de seguro não possui a proteção da Lei de Direitos Autorais. STJ. 3ª Turma. REsp
1.627.606/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 02/05/2017 (Info 603).

Gravação de mensagem de voz para central telefônica não pode ser enquadrada como direito conexo ao de
autor
Gravação de mensagem de voz para central telefônica não pode ser enquadrada como direito conexo ao de
autor, por não representar execução de obra literária ou artística ou de expressão do folclore.
O uso indevido de voz de locutora profissional em gravação de saudação telefônica, que não se enquadre como
direito conexo ao de autor, não encontra proteção na Lei de Direitos Autorais. Isso porque a Lei nº 9.610/98
protege apenas os intérpretes ou executantes: de obras literárias ou artísticas; ou de expressões do folclore.
A simples locução de uma saudação telefônica não se enquadra nessas situações que merecem proteção da Lei
nº 9.610/98. STJ. 3ª Turma. REsp 1.630.851-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/4/2017
(Info 606).

Pessoa Jurídica
O art. 1.023 do CC, que trata da responsabilidade subsidiária dos sócios da sociedade simples, não se aplica às
associações civis
O Código Civil, ao tratar sobre a responsabilidade das sociedades simples, estabelece o seguinte:
Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção
em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária.

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As associações civis são caracterizadas pela união de pessoas que se organizam para a execução de atividades
sem fins lucrativos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.398.438-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/4/2017 (Info 602).

Responsabilidade civil
Abuso de direito em ação proposta por terceiro para impedir que mulher realize aborto
Caracteriza abuso de direito ou ação passível de gerar responsabilidade civil pelos danos causados a impetração
do habeas corpus por terceiro com o fim de impedir a interrupção, deferida judicialmente, de gestação de
feto portador de síndrome incompatível com a vida extrauterina. STJ. 3ª Turma. REsp 1.467.888-GO, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 20/10/2016 (Info 592).

Agressões físicas ou verbais praticadas por adulto contra criança geram dano moral in re ipsa
A conduta de um adulto que pratica agressão verbal ou física contra criança ou adolescente configura elemento
caracterizador da espécie do dano moral in re ipsa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.642.318-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 7/2/2017 (Info 598).

A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária, condicional, mitigada e equitativa
Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão responsabilidade
subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC.
Subsidiária: porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para ressarcir a vítima.
Condicional e mitigada: porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio mínimo do infante.
Equitativa: tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação do mínimo necessário para a
sobrevivência digna do incapaz.
A responsabilidade dos pais dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária.

A vítima de um ato ilícito praticado por menor pode propor a ação somente contra o pai do garoto, não sendo
necessário incluir o adolescente no polo passivo
Em ação indenizatória decorrente de ato ilícito, não há litisconsórcio necessário entre o genitor responsável pela
reparação (art. 932, I, do CC) e o menor causador do dano.
É possível, no entanto, que o autor, por sua opção e liberalidade, tendo em conta que os direitos ou obrigações
derivem do mesmo fundamento de fato ou de direito, intente ação contra ambos – pai e filho –, formando-se
um litisconsórcio facultativo e simples.

Não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de que ele não estava
fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta
O art. 932 do CC prevê que os pais são responsáveis pela reparação civil em relação aos atos praticados por seus
filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
O art. 932, I do CC, ao se referir à autoridade e companhia dos pais em relação aos filhos, quis explicitar o poder
familiar (a autoridade parental não se esgota na guarda), compreendendo um plexo de deveres, como proteção,
cuidado, educação, informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e diária,
sendo irrelevante a proximidade física no momento em que os menores venham a causar danos.
Em outras palavras, não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de
que ele não estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta. STJ. 4ª Turma. REsp 1.436.401-MG,

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Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599).

Execução de título extrajudicial. Mensalidades escolares. Dívidas contraídas em nome dos filhos da executada.
Ausência de bens em nome da mãe para a satisfação do débito. Pretensão de inclusão do pai na relação
jurídica processual. Possibilidade. Sustento e manutenção do menor matriculado em ensino regular.
Responsável solidário. Legitimidade extraordinária.
A execução de título extrajudicial por inadimplemento de mensalidades escolares de filhos do casal pode ser
redirecionada ao outro consorte, ainda que não esteja nominado nos instrumentos contratuais que deram
origem à dívida. REsp 1.472.316-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em
05/12/2017, DJe 18/12/2017

Se for realizada nova alienação do terreno onde iria ser construído o imóvel, é necessário que o
proprietário/vendedor faça a indenização dos antigos adquirentes
O proprietário de terreno objeto de contrato de permuta com incorporadora/construtora, rescindido por
decisão judicial no curso do processo falimentar desta, tem responsabilidade pelos danos sofridos pelos antigos
adquirentes de unidades autônomas no empreendimento imobiliário inacabado. STJ. 3ª Turma. REsp
1.537.012-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 20/6/2017 (Info 607).

Ação indenizatória. Danos morais e materiais. Acidente automobilístico. Transporte de passageiros. Morte do
genitor. Filhas menores. Demora para ajuizamento da demanda. Desinfluência no arbitramento.
A demora na busca da compensação por dano moral, quando justificada pela interrupção prescricional da
pretensão dos autores – menores à época do evento danoso – não configura desídia apta a influenciar a fixação
do valor indenizatório. REsp 1.529.971-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em
12/9/2017, DJe 19/9/2017.

Danos morais. Pessoa jurídica. Natureza in re ipsa. Impossibilidade. Comprovação necessária.


O dano moral sofrido pela pessoa jurídica não se configura in re ipsa, o que não obsta, contudo, que sua
comprovação ocorra por meio da utilização de presunções e regras de experiência no julgamento da controvérsia.
REsp 1.564.955-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 06/02/2018, DJe 15/02/2018

Roubo e sequestro praticados em rodovia e ausência de responsabilidade da concessionária


Concessionária de rodovia não responde por roubo e sequestro ocorridos nas dependências de estabelecimento
por ela mantido para a utilização de usuários, por se tratar de fato de terceiro, a sua atividade (fortuito externo),
apto a afastar o nexo de causalidade. REsp 1.749.941-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
04/12/2018, DJe 07/12/2018.

Impossibilidade de afastar a dobra de frete


A multa prevista no art. 8º da Lei n. 10.209/2001, conhecida como "dobra do frete", é uma sanção legal, de caráter
especial, razão pela qual não é possível a convenção das partes para lhe alterar o conteúdo, bem assim a de se
fazer incidir o art. 412 do CC/2002. Ademais, por se tratar de norma cogente, não lhe é aplicável o instituto da
supressio.
Desse modo, no caso, deve prevalecer, o critério da especialidade, com a aplicação dos exatos termos do disposto
no art. 2º, § 2º, da LINDB. Assim, por se tratar de norma especial, a Lei n. 10.209/2001 afasta a possibilidade de
convenção das partes para alterar o conteúdo do seu art. 8º, bem assim a possibilidade de se fazer incidir o

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ponderado art. 412 do CC/2002, lei geral. REsp 1.694.324-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Moura
Ribeiro, por maioria, julgado em 27/11/2018, DJe 05/12/2018

Ato libidinoso praticado contra passageira no interior de trem. Ausência de responsabilidade civil da
transportadora. Fato exclusivo de terceiro e estranho ao contrato de transporte. Fortuito externo.
A concessionária de transporte ferroviário não responde por ato ilícito cometido por terceiro e estranho ao
contrato de transporte. REsp 1.748.295-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Marco Buzzi, por maioria,
julgado em 13/12/2018, DJe 13/02/2019

Estabelecimento comercial. Estacionamento gratuito, externo e de livre acesso. Roubo. Emprego de arma de
fogo. Fortuito externo. Súmula 130/STJ. Inaplicabilidade. Exclusão da Responsabilidade
O roubo à mão armada em estacionamento gratuito, externo e de livre acesso configura fortuito externo,
afastando a responsabilização do estabelecimento comercial. EREsp 1.431.606-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
Segunda Seção, por maioria, julgado em 27/03/2019, DJe 02/05/2019

Responsabilidade civil de advogado. Ato praticado exclusivamente pelo substabelecido. Responsabilidade do


substabelecente. Culpa in eligendo. Inexistência. Necessidade de circunstância contemporânea à escolha e de
conhecimento do substabelecente.
O advogado substabelecente somente irá responder por ato ilícito cometido pelo advogado substabelecido se
ficar evidenciado que, no momento da escolha, a despeito de possuir inequívoca ciência acerca da inidoneidade
do aludido causídico, ainda assim o elegeu para o desempenho do mandato. REsp 1.742.246-ES, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 19/03/2019, DJe 22/03/2019

Acidente de trânsito. Condução de motocicleta sob estado de embriaguez. Presunção de culpabilidade do


infrator. Responsabilidade civil. Configuração. Inversão do ônus probatório. Cabimento.
Em ação destinada a apurar a responsabilidade civil decorrente de acidente de trânsito, presume-se culpado o
condutor de veículo automotor que se encontra em estado de embriaguez, cabendo-lhe o ônus de comprovar a
ocorrência de alguma excludente do nexo de causalidade. REsp 1.749.954-RO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
por unanimidade, julgado em 26/02/2019, DJe 15/03/2019

Negócios jurídicos e obrigações


Impossibilidade de convalidação de negócio jurídico celebrado sob assinatura falsificada de sócio
Não são convalidáveis os negócios jurídicos celebrados com o intuito de alterar o quadro societário de
sociedade empresária por meio da falsificação de assinatura de sócio, ainda que o próprio sócio
prejudicado pelo falso tenha, por escritura pública, concedido ampla, geral e irrevogável quitação, a
fim de ratificar os negócios jurídicos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.368.960-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 7/6/2016 (Info 585).

É indevida a cobrança de direitos autorais em caso de execução de música em evento educacional sem finalidade
lucrativa
É indevida a cobrança de direitos autorais pela execução, sem autorização prévia dos titulares dos direitos autorais
ou de seus substitutos, de músicas folclóricas e culturais em festa junina realizada no interior de estabelecimento
de ensino, na hipótese em que o evento tenha sido organizado como parte de projeto pedagógico, reunindo
pais, alunos e professores, com vistas à integração escola-família, sem venda de ingressos e sem a utilização
econômica das obras. STJ. 2ª Seção. REsp 1.575.225-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 22/6/2016 (Info 587).

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A capitalização de juros, seja qual for a sua periodicidade, somente será considerada válida se estiver
expressamente pactuada no contrato
A cobrança de juros capitalizados nos contratos de mútuo é permitida quando houver expressa pactuação.
Isso significa que a capitalização de juros, seja qual for a sua periodicidade (anual, semestral, mensal), somente
será considerada válida se estiver expressamente pactuada no contrato, inclusive para a periodicidade anual. O
art. 591 do Código Civil permite a capitalização anual, mas não determina a sua aplicação automaticamente. STJ.
2ª Seção. REsp 1.388.972-SC, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 8/2/2017 (recurso repetitivo) (Info 599).

Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos
pelo DL 911/69
Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos
pelo Decreto-Lei 911/69. STJ. 2ª Seção. REsp 1.622.555-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 22/2/2017 (Info 599).

OSCIP não pode ajuizar ação de busca e apreensão do DL 911/69


Caso o mutuário de um contrato de alienação fiduciária se torne inadimplente, a instituição financeira mutuante
poderá ingressar com busca e apreensão do bem, sendo essa uma ação especial e muito célere, prevista no
Decreto-Lei nº 911/69.
A organização da sociedade civil de interesse público - OSCIP -, mesmo ligada ao Programa Nacional de
Microcrédito Produtivo Orientado - PNMPO, não pode ser classificada ou equiparada à instituição financeira,
carecendo, portanto, de legitimidade ativa para requerer busca e apreensão de bens com fulcro no Decreto-Lei
nº 911/69.
O procedimento judicial de busca e apreensão previsto no DL 911/69 é um instrumento exclusivo das instituições
financeiras lato sensu ou das pessoas jurídicas de direito público titulares de créditos fiscais e previdenciários,
de modo que a OSCIP não se insere no conceito de instituição financeira nem pode ser a ela equiparada. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.311.071-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/3/2017 (Info 600).

Em caso de compra e venda com reserva de domínio, é possível a comprovação da mora por meio de
notificação extrajudicial enviada pelo RTD
A mora do comprador, na ação ajuizada pelo vendedor com o intuito de recuperação da coisa vendida com
cláusula de reserva de domínio, pode ser comprovada por meio de notificação extrajudicial enviada pelo Cartório
de Títulos e Documentos (RTD).
Assim, em caso de cláusula de reserva de domínio, existem três formas pelas quais o vendedor (credor) poderá
comprovar a mora do comprador (devedor): a) mediante protesto do título; b) por meio de interpelação judicial;
c) por notificação extrajudicial enviada pelo Cartório de Títulos e Documentos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.000-
MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/3/2017 (Info 601).

Pretensão estimatória (quanti minoris). Negócio jurídico. Vício redibitório. Direito de uso, gozo e fruição da
área de laje da cobertura. Autorização municipal posterior. Afastamento da pretensão de abatimento do preço.
O saneamento de vício redibitório limitador do uso, gozo e fruição da área de terraço na cobertura de imóvel
objeto de negócio jurídico de compra e venda – que garante o seu uso de acordo com a destinação e impede a

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diminuição do valor –, afasta o pleito de abatimento do preço. REsp 1.478.254-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
por unanimidade, julgado em 8/8/2017, DJe 4/9/2017.

Cláusula penal. Controle judicial. Norma de ordem pública. Redução de ofício. Possibilidade.
Constatado o caráter manifestamente excessivo da cláusula penal contratada, o magistrado deverá,
independentemente de requerimento do devedor, proceder à sua redução. REsp 1.447.247-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 19/04/2018, DJe 04/06/2018

Compra e venda de veículo com intermediação. Impossibilidade de transferência da propriedade pela


adquirente. Bloqueio judicial. Existência de gravame. Resolução do contrato. Evicção.
Caracteriza-se evicção a inclusão de gravame capaz de impedir a transferência livre e desembaraçada de veículo
objeto de negócio jurídico de compra e venda. REsp 1.713.096-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade,
julgado em 20/02/2018, DJe 23/02/2018

Compra e venda de imóvel na planta. Atraso na entrega. Negócio jurídico anterior à Lei n. 13.786/2018. Não
incidência. Contrato de adesão. Cláusula penal moratória. Cumulação com lucros cessantes. Inviabilidade.
Tema 970
A cláusula penal moratória tem a finalidade de indenizar pelo adimplemento tardio da obrigação, e, em regra,
estabelecida em valor equivalente ao locativo, afasta-se sua cumulação com lucros cessantes.
No contrato de adesão firmado entre o comprador e a construtora/incorporadora, havendo previsão de cláusula
penal apenas para o inadimplemento do adquirente, deverá ela ser considerada para a fixação da indenização
pelo inadimplemento do vendedor. As obrigações heterogêneas (obrigações de fazer e de dar) serão convertidas
em dinheiro, por arbitramento judicial. REsp 1.498.484-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, por
maioria, julgado em 22/05/2019, DJe 25/06/2019 (Tema 970)

Interpretação. Cláusula de inalienabilidade. Maior amplitude. Pressuposição ex vi lege de impenhorabilidade e


incomunicabilidade. Cláusula de impenhorabilidade e/ou incomunicabilidade. Pressuposição de cláusula de
inalienabilidade.
A melhor interpretação do caput do art. 1.911 do Código Civil de 2002 é aquela que conduz ao entendimento de
que: a) há possibilidade de imposição autônoma das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e
incomunicabilidade, a critério do doador/instituidor; b) uma vez aposto o gravame da inalienabilidade, pressupõe-
se, ex vi lege, automaticamente, a impenhorabilidade e a incomunicabilidade; c) a inserção exclusiva da proibição
de não penhorar e/ou não comunicar não gera a presunção da inalienabilidade; d) a instituição autônoma da
impenhorabilidade não pressupõe a incomunicabilidade e vice-versa. REsp 1.155.547-MG, Rel. Min. Marco Buzzi,
por unanimidade, julgado em 06/11/2018, DJe 09/11/2018

Contrato de locação
Contrato de locação comercial. Incêndio. Perecimento do imóvel. Entrega das chaves. Momento posterior.
Cobrança de aluguel. Impossibilidade
Não são exigíveis aluguéis no período compreendido entre o incêndio que destruiu imóvel objeto de locação
comercial e a efetiva entrega das chaves pelo locatário. REsp 1.707.405-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Rel. Acd. Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, por maioria, julgado em 07/05/2019, DJe 10/06/2019

Locação. Contrato por prazo determinado. Notificação exoneratória dos fiadores. Possibilidade. Art. 40, inciso
X, da Lei n. 8.245/1991. Interpretação. Prazo de 120 dias. Termo inicial. Data da alteração para contrato por
prazo indeterminado.
Notificado o locador ainda no período determinado da locação acerca da pretensão de exoneração dos fiadores,

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os efeitos desta exoneração somente serão produzidos após o prazo de 120 dias da data em que se tornou
indeterminado o contrato de locação, e não da notificação. REsp 1.798.924-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 14/05/2019, DJe 21/05/2019

É de 3 anos o prazo para o fiador cobrar do locatário inadimplente o valor que pagou ao locador
É trienal o prazo de prescrição para fiador que pagou integralmente dívida objeto de contrato de locação pleitear
o ressarcimento dos valores despendidos contra os locatários inadimplentes cujo termo inicial é a data em que
houve o pagamento do débito pelo fiador, considerando que é a partir daí que ocorre a sub-rogação, e, via de
consequência, inaugura-se ao fiador a possibilidade de demandar judicialmente a satisfação de seu direito. STJ.
3ª Turma. REsp 1.432.999-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/5/2017 (Info 605).

Locação. Imóvel urbano residencial. Denúncia vazia. Art. 46 da Lei n. 8.245/1991. Accessio temporis. Contagem
dos prazos de prorrogações. Impossibilidade.
De início, cumpre salientar que a denúncia vazia é a possiblidade de o locador solicitar a retomada do imóvel sem
a necessidade de apresentar justificativas. Em contrapartida, a denúncia cheia exige que sejam indicadas as
motivações expressas em lei. Ocorrendo qualquer das duas situações, o contrato de locação será extinto. Nesse
sentido, o caput do art. 46 da Lei do Inquilinato assenta a hipótese em que se operará a cessação do contrato,
sem a exigência de notificação ou aviso. Ou seja, encerra-se o negócio jurídico com o mero decurso do prazo. No
entanto, se o locatário prosseguir na posse do imóvel por período superior a 30 (trinta) dias, prorroga-se o
contrato por prazo indeterminado e a denúncia só poderá ser feita mediante notificação. Importante ressaltar
que o artigo supra traz a expressão "por prazo igual ou superior a trinta meses", sem permitir explicitamente a
contagem de múltiplos instrumentos negociais, ainda que haja apenas a prorrogação dos períodos locatícios, sem
a alteração das condições originalmente pactuadas. Assim, a lei é clara quanto à imprescindibilidade do requisito
temporal em um único pacto, cujo objetivo é garantir a estabilidade contratual em favor do locatário. REsp
1.364.668-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 07/11/2017, DJe 17/11/2017

Prescrição
Empresa de telefonia fixa. Serviços não contratados. Cobrança indevida de valores. Repetição de indébito.
Prazo prescricional decenal. Art. 205 do Código Civil. Súmula 412/STJ. Inexistência de enriquecimento ilícito
A ação de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços não contratados de
telefonia fixa tem prazo prescricional de 10 (dez) anos. EAREsp 738.991-RS, Rel. Min. Og Fernandes, Corte
Especial, por maioria, julgado em 20/02/2019, DJe 11/06/2019

Responsabilidade civil contratual. Prescrição. Inaplicabilidade do art. 206, § 3º, V, do Código Civil. Subsunção à
regra geral do art. 205 do Código Civil. Prazo prescricional decenal.
A pretensão indenizatória decorrente do inadimplemento contratual sujeita-se ao prazo prescricional decenal
(art. 205 do Código Civil), se não houver previsão legal de prazo diferenciado. EREsp 1.281.594-SP, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, Rel. Acd. Min. Felix Fischer, Corte Especial, por maioria, julgado em 15/05/2019, DJe
23/05/2019.

Prazo de 3 anos para a entidade de previdência privada complementar reaver benefício apropriado por terceiro
É de 3 anos o prazo prescricional de ação proposta por entidade de previdência privada complementar contra
terceiro que se apropriou indevidamente de verbas relativas a benefício previdenciário. STJ. 4ª Turma. REsp
1.334.442-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 7/6/2016 (Info 588).

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Não há previsão específica para este caso na LC 109/2001, razão pela qual se aplica o art. 206, § 3º, IV, do
Código Civil (pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa).
Ex: o segurado morreu e, como a entidade de previdência não foi informada, continuou a depositar, todos os
meses, o valor da aposentadoria; tais quantias foram sacadas indevidamente da conta bancária por uma sobrinha
do falecido; a entidade terá o prazo de 3 anos para reaver os valores.

Prazo prescricional de 1 ano da pretensão indenizatória por dano em mercadoria em contêiner


É de 1 ano o prazo de prescrição da pretensão do segurador, sub-rogado nos direitos do segurado, de
indenização pela deterioração de carga em navio por falha em contêiner. Aplica-se, neste caso, o art. 8º do
Decreto-Lei 116/1967, que trata sobre o prazo prescricional envolvendo as ações por extravio, perdas e avarias
de carga. STJ. 4ª Turma. REsp 1.278.722-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/5/2016 (Info 586).
Não se aplica o art. 206, § 3º, V, do CC considerando que se trata de norma geral e, por isso, não revogou o art.
8º do DL nº 116/1967, que é considerado norma especial. Aplica-se à presente situação a Súmula 151 do
STF que, apesar de antiga, continua vigente:
Súmula 151-STF: Prescreve em um ano a ação do segurador sub-rogado para haver indenização por extravio ou
perda de carga transportada por navio.

Prazo prescricional da ação de repetição de indébito envolvendo cédula de crédito rural


É de 20 anos o prazo prescricional caso a cédula de crédito rural tenha sido firmada sob a vigência do Código Civil
de 1916, ao passo que será de 3 anos se na vigência do Codex em vigor, a contar, em ambos os casos, da data do
pagamento, por ser esta em que se deu a efetivação da lesão. STJ. 2ª Seção. REsp 1.361.730-RS, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 592).

Prazo trienal da prescrição de ação indenizatório por evicção


A pretensão deduzida em demanda baseada na garantia da evicção submete-se ao prazo prescricional de 3 anos
para que o evicto a promova em face do alienante STJ. 3ª Turma. REsp 1.577.229-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 8/11/2016 (Info 593).

Prazo prescricional para cobrança de cotas condominiais: 5 anos


Na vigência do Código Civil de 2002, é quinquenal o prazo prescricional para que o condomínio geral ou edilício
(vertical ou horizontal) exercite a pretensão de cobrança de taxa condominial ordinária ou extraordinária,
constante em instrumento público ou particular, a contar do dia seguinte ao vencimento da prestação. STJ. 2ª
Seção. REsp 1.483.930-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 596).

Plágio. Prescrição trienal. Termo inicial. Data da ciência.


O termo inicial da pretensão de ressarcimento nas hipóteses de plágio se dá quando o autor originário tem
comprovada ciência da lesão a seu direito subjetivo e de sua extensão, não servindo a data da publicação da obra
plagiária, por si só, como presunção de conhecimento do dano. REsp 1.645.746-BA, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, por maioria, julgado em 6/6/2017, DJe 10/8/2017.

Ação monitória. Prescrição. Interrupção. Ato inequívoco pelo devedor que reconheça direito. Pedido de prazo.
Análise de documentos. Dívida não reconhecida.

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O pedido de concessão de prazo para analisar documentos com o fim de verificar a existência de débito não tem
o condão de interromper a prescrição. REsp 1.677.895-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado
em 06/02/2018, DJe 08/02/2018

Responsabilidade civil contratual e extracontratual. Regimes jurídicos distintos. Prescrição. Unificação.


Impossibilidade.
É adequada a distinção dos prazos prescricionais da pretensão de reparação civil advinda de responsabilidades
contratual e extracontratual. EREsp 1.280.825-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por maioria, julgado em 27/06/2018,
DJe 02/08/2018

Responsabilidade civil. Prescrição. Inadimplemento contratual. Prazo decenal. Interpretação sistemática.


É decenal o prazo prescricional aplicável às hipóteses de pretensão fundamentadas em inadimplemento
contratual. EREsp 1.280.825-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por maioria, julgado em 27/06/2018, DJe 02/08/2018

Juros, aval e fiança


O termo inicial em caso de abuso de mandato é a data da citação
O termo inicial dos juros moratórios deve ser determinado a partir da natureza da relação jurídica mantida entre
as partes. No caso, tratando-se de mandato, a relação jurídica tem natureza contratual, sendo o termo inicial
dos juros moratórios a data da citação (art. 405 do CC). STJ. 3ª Turma. REsp 1.403.005-MG, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 6/4/2017 (Info 602).
No caso concreto, reconhecido o abuso de mandato por desacerto contratual, em razão de o advogado ter
repassado valores a menor para seu mandatário, o marco inicial dos juros moratórios é a data da citação.

A interrupção do prazo prescricional operada contra o devedor principal prejudica o fiador


Em regra, o ato interruptivo da prescrição apresenta caráter pessoal e somente aproveitará a quem o promover
ou prejudicará aquele contra quem for dirigido (persona ad personam non fit interruptio). Isso está previsto no
art. 204 do CC.
Exceção a esta regra: interrompida a prescrição contra o devedor afiançado, por via de consequência, estará
interrompida a prescrição contra o fiador em razão do princípio da gravitação jurídica (o acessório segue o
principal), nos termos do art. 204, § 3º, do CC: § 3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica
o fiador.

A interrupção do prazo prescricional operada contra o fiador não prejudica o devedor afiançado, salvo nas
hipóteses em que os devedores sejam solidários
Como regra, a interrupção operada contra o fiador não prejudica o devedor afiançado. Isso porque o principal
não segue a sorte do acessório.
Existe, no entanto, uma exceção: a interrupção em face do fiador poderá, sim, excepcionalmente, acabar
prejudicando o devedor principal nas hipóteses em que a referida relação for reconhecida como de devedores
solidários, ou seja, caso o fiador tenha renunciado ao benefício ou se obrigue como principal pagador ou devedor
solidário. STJ. 4ª Turma. STJ. 4ª Turma. REsp 1.276.778-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/3/2017
(Info 602).

A correção monetária dos depósitos judiciais deve incluir os expurgos inflacionários

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A correção monetária dos depósitos judiciais deve incluir os expurgos inflacionários. STJ. Corte Especial. REsp
1.131.360-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 3/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 607).

DPVAT
Termo inicial da prescrição nas ações de indenização de seguro DPVAT
Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter permanente da
invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico, exceto nos casos
de invalidez permanente notória ou naqueles em que o conhecimento anterior resulte comprovado
na fase de instrução. STJ. 2ª Seção. Aprovada em 22/06/2016, DJe 27/06/2016.

Possibilidade de aplicação da teoria da aparência no pagamento de indenização de seguro DPVAT


É válido o pagamento de indenização do Seguro DPVAT aos pais - e não ao filho - do de cujus no caso em que
os genitores, apresentando-se como únicos herdeiros, entregaram os documentos exigidos pela Lei nº 6.194/74
para o aludido pagamento (art. 5º, § 1º), dentre os quais certidão de óbito que afirmava que o falecido era solteiro
e não tinha filhos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.601.533-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/6/2016
(Info 585).

Obrigatoriedade de intimação pessoal da parte para submissão a perícia médica em ação de cobrança de DPVAT
Em ação de cobrança de seguro DPVAT, a intimação da parte para o comparecimento à perícia médica deve ser
pessoal, e não por intermédio de advogado. Não pode a intimação ser feita ao representante processual se o
ato deve ser pessoalmente praticado pela própria parte, como é o caso. Recaindo a perícia sobre a própria parte,
é necessária a sua intimação pessoal, não por meio do seu advogado, uma vez que se trata de ato personalíssimo.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.364.911-GO, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 1/9/2016 (Info 589).

A correção monetária nas indenizações de seguro DPVAT por morte ou invalidez incide desde a data do evento
danoso
Súmula 580-STJ: A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou invalidez, prevista no §
7º do art. 5º da Lei nº 6.194/1974, redação dada pela Lei nº 11.482/2007, incide desde a data do evento danoso.
STJ. 2ª Seção. Aprovada em 14/09/2016, DJe 19/09/2016 (Info 590).

Sucessores do falecido podem cobrar a indenização DPVAT por invalidez permanente que a vítima deveria ter
recebido quando estava viva
O direito à indenização do seguro DPVAT por invalidez permanente integra o patrimônio da vítima e transmite-
se aos seus sucessores com o falecimento do titular. Os sucessores, portanto, têm legitimidade para propor a
ação de cobrança da quantia correspondente. STJ. 4ª Turma. REsp 1.185.907-CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 14/2/2017 (Info 598).

Não há indenização DPVAT se a vítima estava praticando um crime com o veículo no momento do acidente
É indevida a indenização relativa ao seguro obrigatório – DPVAT, na hipótese em que o acidente de trânsito que
vitimou o segurado tenha ocorrido no momento de prática de ilícito penal doloso. STJ. 3ª Turma. REsp 1.661.120-
RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 9/5/2017 (Info 604).

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Ação de cobrança de seguro obrigatório (DPVAT). Obrigação imposta por lei. Inexistência de relação de
consumo. Código de Defesa do Consumidor. Inaplicabilidade.
As normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor não se aplicam ao seguro obrigatório (DPVAT). REsp
1.635.398-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 17/10/2017, DJe 23/10/2017

Direito de vizinhança
Impossibilidade de se proibir o uso das áreas comuns pelo condômino inadimplente
O condomínio, independentemente de previsão em regimento interno, não pode proibir, em razão de
inadimplência, condômino e seus familiares de usar áreas comuns, ainda que destinadas apenas a lazer. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.564.030-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 9/8/2016 (Info 588).

Possibilidade do proprietário de imóvel construir em terreno alheio aqueduto para passagem de águas
O proprietário de imóvel tem direito de construir aqueduto no terreno do seu vizinho, independentemente do
consentimento deste, para receber águas provenientes de outro imóvel, desde que não existam outros meios
de passagem de águas para a sua propriedade e haja o pagamento de prévia indenização ao vizinho prejudicado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.616.038-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/9/2016 (Info 591).

Ação de cobrança. Cotas condominiais. Obrigação propter rem. Legitimidade da arrendatária de imóvel para
figurar no polo passivo da demanda juntamente com o proprietário.
A ação de cobrança de débitos condominiais pode ser proposta contra o arrendatário do imóvel. REsp 1.704.498-
SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 17/04/2018, DJe 24/04/2018

Condomínio. Convenção. Criação e guarda de animais de quaisquer espécies. Proibição genérica.


Impossibilidade.
É ilegítima a restrição genérica contida em convenção condominial que proíbe a criação e guarda de animais de
quaisquer espécies em unidades autônomas. REsp 1.783.076-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 14/05/2019, DJe 24/05/2019

Posse e propriedade
Possibilidade de deferimento de usucapião cuja área seja inferior ao módulo urbano
Preenchidos os requisitos do art. 183 da Constituição Federal, o reconhecimento do direito à usucapião especial
urbana não pode ser obstado por legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na respectiva
área em que situado o imóvel (dimensão do lote). STF. Plenário. RE 422349, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
29/04/2015 (Info 783 STF).

Invalidade de penhora sobre a integralidade de imóvel submetido ao regime de “time sharing”


É inválida a penhora da integralidade de imóvel submetido ao regime de multipropriedade (time-sharing) em
decorrência de dívida de condomínio de responsabilidade do organizador do compartilhamento.
A multipropriedade imobiliária, mesmo não efetivamente codificada, possui natureza jurídica de direito real,
harmonizando- se com os institutos constantes do rol previsto no art. 1.225 do Código Civil. STJ. 3ª Turma. REsp
1.546.165-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em
26/4/2016 (Info 589).

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Responsabilidade do proprietário do solo pelas despesas havidas com a construção realizada em seu terreno
O construtor proprietário dos materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida
pela construção, quando não puder havê-la do contratante. STJ. 4ª Turma. REsp 963.199- DF, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em 11/10/2016 (Info 593).

Indivíduo que comprou e tem a posse de veículo pode propor usucapião se o automóvel estiver registrado
em nome de terceiro
O indivíduo que tem a propriedade de um veículo que, no entanto, está registrado em nome de um terceiro no
DETRAN, possui interesse de agir para propor ação de usucapião extraordinária (art. 1.261 do CC) já que, com
a sentença favorável, poderá regularizar o bem no órgão de trânsito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.177-RJ, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2016 (Info 593).

Possibilidade parcial de intentar ação possessória em caso de ocupação de bem público


O particular que invade imóvel público e deseja proteção possessória em face do poder público não poderá
intentar ação possessória, pois exerce mera detenção. Em contrapartida, o particular invade que imóvel público
e deseja proteção possessória em face de outro poderá intentá-la, pois entre ambos a disputa será relativa à
posse. STJ. 4ª Turma. REsp 1.296.964-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/10/2016 (Info 594).

Inexigência de notificação prévia para propositura de ação de reintegração de posse


A notificação prévia dos ocupantes não é documento essencial à propositura da ação possessória. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.263.164-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/11/2016 (Info 594).

O art. 12, § 2º do Estatuto da Cidade estabelece uma presunção relativa de que o autor da ação de usucapião
especial urbana é hipossuficiente
O art. 12, § 2º da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) estabelece uma presunção relativa de que o autor da
ação de usucapião especial urbana é hipossuficiente. Isso significa que essa presunção pode ser ilidida (refutada)
a partir da comprovação inequívoca de que o autor não é considerado "necessitado". STJ. 3ª Turma. REsp
1.517.822-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/2/2017 (Info 599).

Ação de reintegração de posse. Veículo. Reparo. Serviço contratado. Pagamento. Recusa. Direito de Retenção.
Concessionária. Benfeitoria. Impossibilidade. Posse de boa-fé. Ausência. Detenção do bem.
O veículo é deixado pelo proprietário somente para a realização de reparos, sem que isso caracterize posse, pois
jamais a empresa poderia exercer poderes inerentes à propriedade do bem, relativos à sua fruição ou mesmo
inerentes ao referido direito real (propriedade), nos termos do art. 1.196 do CC/2002. Assim, não há o direito de
retenção, sob a alegação da realização de benfeitoria no veículo, pois, nos termos do art. 1.219 do CC/2002, tal
providência é permitida ao possuidor de boa-fé, mas não ao mero detentor do bem. REsp 1.628.385-ES, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 22/8/2017, DJe 29/8/2017.

Aquisição de imóvel com proventos de crime. Ocupação posterior por terceiros. Alegação de usucapião.
Sequestro e posterior confisco do bem pelo juízo criminal. Prevalência sobre o juízo cível. Extinção da ação de
usucapião. Perda de objeto.

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Há perda de objeto da ação de usucapião proposta em juízo cível na hipótese em que juízo criminal decreta a
perda do imóvel usucapiendo em razão de ter sido adquirido com proventos de crime., cabendo à parte
interessada insurgir-se perante aquele juízo, por meio dos embargos do art. 130, CPP. REsp 1.471.563-AL, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em 26/09/2017, DJe 10/10/2017

Ação de usucapião. CPC/73. Cumulação de pretensões: usucapião e delimitatória. Citação do cônjuge do


confinante. Não ocorrência. Nulidade relativa do feito. Necessidade de demonstração do prejuízo.
A ausência de citação dos confinantes e respectivos cônjuges na ação de usucapião ensejará nulidade relativa,
caso se constate o efetivo prejuízo. REsp 1.432.579-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado em
24/10/2017, DJe 23/11/2017

Usucapião extraordinária. Prescrição aquisitiva. Prazo. Implementação. Curso da demanda. Possibilidade. Fato
superveniente. Art. 462 do Código de Processo Civil de 1973. Contestação. Interrupção da posse. Inexistência.
É possível o reconhecimento da usucapião de bem imóvel com a implementação do requisito temporal no curso
da demanda. REsp 1.361.226-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 05/06/2018,
DJe 09/08/2018

STJ, 619 - A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de
retenção ou indenização por acessões e benfeitorias

Despesas condominiais. Imóvel objeto de alienação fiduciária. Responsabilidade do credor fiduciário.


Consolidação de sua propriedade plena. Necessidade.
A responsabilidade do credor fiduciário pelo pagamento das despesas condominiais dá-se quando da
consolidação de sua propriedade plena quanto ao bem dado em garantia, ou seja, quando de sua imissão na posse
do imóvel. REsp 1.731.735-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 13/11/2018, DJe
22/11/2018

Bem de família
Impenhorabilidade do imóvel no qual reside sócio (bem de família)
A impenhorabilidade do bem de família no qual reside o sócio devedor não é afastada pelo fato de
o imóvel pertencer à sociedade empresária. STJ. 4ª Turma. EDcl no AREsp 511.486-SC, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em3/3/2016 (Info 579).

Possibilidade de penhora de bem de família dado em hipoteca, ainda que não registrada
A ausência de registro da hipoteca em cartório de registro de imóveis não afasta a exceção à regra de
impenhorabilidade prevista no art. 3º, V, da Lei nº 8.009/90. Em outras palavras, o fato de a hipoteca não ter sido
registrada não pode ser utilizado como argumento pelo devedor para evitar a penhora do bem de família. STJ.
3ª Turma. REsp 1.455.554-RN, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/6/2016 (Info 585).

Impenhorabilidade do único imóvel comercial do devedor que esteja alugado


É impenhorável o único imóvel comercial do devedor que esteja alugado quando o valor do aluguel é destinado
unicamente ao pagamento de locação residencial por sua entidade familiar. STJ. 2ª Turma. REsp 1.616.475-PE,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/9/2016 (Info 591).

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Impenhorabilidade do bem de família e contratos de locação comercial
Não é penhorável o bem de família do fiador, no caso de contratos de locação comercial. Com base neste
entendimento, a Primeira Turma, por maioria e em conclusão de julgamento, deu provimento a recurso
extraordinário em que se discutia a possibilidade de penhora de bem de família do fiador em contexto de locação
comercial. RE 605709/SP, rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Rosa Weber, julgamento em 12.6.2018. (RE-
605709)

Bem de família. Garantia real hipotecária. Proprietários do imóvel e únicos sócios da Pessoa Jurídica devedora.
Proveito revertido em benefício da entidade familiar. Presunção. Impenhorabilidade. Exceção.
É possível a penhora de bem de família dado em garantia hipotecária pelo casal quando os cônjuges forem os
únicos sócios da pessoa jurídica devedora. EAREsp 848.498-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade,
julgado em 25/04/2018, DJe
07/06/2018

Seguro de vida. Indenização. Natureza alimentar. Impenhorabilidade. 40 (quarenta) salários mínimos.


Limitação. Aplicação analógica do art. 649, X, do CPC/1973.
A impenhorabilidade dos valores recebidos pelo beneficiário do seguro de vida limita-se ao montante de 40
(quarenta) salários mínimos. REsp 1.361.354-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado
em 22/05/2018, DJe 25/06/2018

Responsabilidade do condomínio por danos a terceiro. Obrigação do condômino em sua cota-parte. Fato
anterior à constituição da propriedade. Dívida propter rem. Penhorabilidade do bem de família. Possibilidade.
É possível a penhora de bem de família de condômino, na proporção de sua fração ideal, se inexistente patrimônio
próprio do condomínio, para responder por dívida oriunda de danos a terceiros. REsp 1.473.484-RS, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 21/06/2018, DJe 23/08/2018

Bem imóvel. Alienação fiduciária em garantia. Direitos do devedor fiduciante. Penhora. Impossibilidade. Bem
de família legal. Lei n. 8.009/1990.
Os direitos do devedor fiduciante sobre imóvel objeto de contrato de alienação fiduciária em garantia possuem a
proteção da impenhorabilidade do bem de família legal. REsp 1.677.079-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
por unanimidade, julgado em 25/09/2018, DJe 01/10/2018

Divórcio
Direito de Família. Emenda Constitucional n. 66/2010. Divórcio Direto. Requisito Temporal. Extinção. Separação
Judicial ou extrajudicial. Coexistência. Institutos distintos. Princípio da autonomia da vontade. Preservação.
Legislação infraconstitucional. Observância.
A supressão dos requisitos para o divórcio pela Emenda Constitucional não afasta categoricamente a existência
de um procedimento judicial ou extrajudicial de separação conjugal, que passou a ser opcional a partir da sua
promulgação. Essa orientação, aliás, foi ratificada: (i) pelos Enunciados n.s 514, 515, 516 e 517 da V Jornada de
Direito Civil do Conselho da Justiça Federal (CJF), ocorrida em 2010; (ii) pela nova codificação processual civil (Lei
n. 13.102/2015), que manteve, em diversos dispositivos, referências ao instituto da separação judicial (Capítulo X
– Das Ações de Família – art. 693 e Capítulo XV – dos Procedimentos de Jurisdição Voluntária – arts. 731, 732 e

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733); (iii) pela Quarta Turma desta Corte Superior, por ocasião do julgamento do REsp 1.247.098-MS, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, DJe 16/5/2017. REsp 1.431.370-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade,
julgado em 15/8/2017, DJe 22/8/2017.

Restabelecimento de nome do solteiro. Falecimento do cônjuge. Possibilidade.


É admissível o restabelecimento do nome de solteiro na hipótese de dissolução do vínculo conjugal pelo
falecimento do cônjuge. REsp 1.724.718-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 22/05/2018,
DJe 29/05/2018

Possiblidade excepcional de ajuizamento de ação de divórcio pelo curador definitivo


Em virtude de se tratar de representação de natureza absolutamente excepcional, a regra que autoriza terceiros
a ajuizarem a ação de dissolução de vínculo conjugal deverá ser interpretada restritivamente, limitando-se a sua
incidência apenas à hipótese de curatela definitiva; (iv) em situações ainda mais excepcionais, poderá o curador
provisório ajuizar a ação de dissolução do vínculo conjugal em representação do cônjuge potencialmente incapaz,
desde que expressa e previamente autorizado pelo juiz após a oitiva do Ministério Público, como orientam os
arts. 749, parágrafo único, do CPC/2015, e 87 da Lei n. 13.146/2015. REsp 1.645.612-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
por unanimidade, julgado em 16/10/2018, DJe 12/11/2018

Curatela. Cônjuge. Regime da comunhão absoluta de bens. Dever de prestar contas. Desnecessidade. Exceções.
Indícios de malversação dos bens. Bens incomunicáveis.
O magistrado poderá decretar a prestação de contas pelo cônjuge curador, resguardando o interesse prevalente
do curatelado e a proteção especial do interdito quando: a) houver qualquer indício ou dúvida de malversação
dos bens do incapaz, com a periclitação de prejuízo ou desvio de seu patrimônio, no caso de bens comuns; e b)
se tratar de bens incomunicáveis, excluídos da comunhão, ressalvadas situações excepcionais.
REsp 1.515.701-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 02/10/2018, DJe 31/10/2018

Partilha de bens
Impossibilidade de se querer a partilha de lucros de sociedade empresária se destinados à conta reserva
O lucro destinado à conta de reserva, ou seja, que não é distribuído aos sócios, continua pertencendo à sociedade
empresária (e não ao sócio, de modo que essa quantia não será partilhada caso um dos sócios termine a união
estável que mantinha. STJ. 3ª Turma. REsp 1.595.775-AP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
9/8/2016 (Info 588).

A cotas sociais a serem partilhadas obedecem ao valor referente ao momento da partilha


Verificada a existência de mancomunhão, o pagamento da expressão patrimonial das cotas societárias à ex-
cônjuge, não sócia, deve corresponder ao momento efetivo da partilha, e não àquele em que estabelecido
acordo prévio sobre os bens que fariam parte do acervo patrimonial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.537.107-PR, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 17/11/2016 (Info 594).

É possível que o herdeiro testamentário suceda autor de ação investigatória de paternidade cumulada com
partilha
Ocorrido o falecimento do autor da ação de investigação de paternidade cumulada com nulidade da partilha antes
da prolação da sentença, sem deixar herdeiros necessários, detém o herdeiro testamentário, que o sucedeu a
título universal, legitimidade e interesse para prosseguir com o feito, notadamente, pela repercussão patrimonial

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advinda do potencial reconhecimento do vínculo biológico do testador. STJ. 3ª Turma. REsp 1.392.314-SC, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/10/2016 (Info 592).

Ex-cônjuge que está utilizando o bem comum de forma exclusiva poderá ser condenado a indenizar o outro
mesmo que ainda não tenha havido partilha
A indenização pelo uso exclusivo do bem por parte do alimentante pode influir no valor da prestação de
alimentos, pois afeta a renda do obrigado, devendo as obrigações serem reciprocamente consideradas pelo juiz,
sempre atento às peculiaridades do caso concreto. STJ. 2ª Seção. REsp 1.250.362-RS, Rel. Min. Raul Araújo,
julgado em 8/2/2017 (Info 598).

Possibilidade da justiça brasileira dispor sobre partilha de bem situado no exterior


É possível, em processo de dissolução de casamento em curso no país, que se disponha sobre direitos
patrimoniais decorrentes do regime de bens da sociedade conjugal aqui estabelecida, ainda que a decisão tenha
reflexos sobre bens situados no exterior para efeitos da referida partilha. STJ. 4ª Turma. REsp 1.552.913-RJ, Rel.
Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 8/11/2016 (Info 597).

Prazo para anular partilha de bens em dissolução de união estável por vício de consentimento é de 4 anos
É de 4 anos o prazo de decadência para anular partilha de bens em dissolução de união estável, por vício de
consentimento (coação), nos termos do art. 178 do Código Civil. STJ. 4ª Turma. REsp 1.621.610-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 7/2/2017 (Info 600).
Cuidado:
• Prazo para anulação da partilha do direito sucessório (morte): 1 ano.
• Prazo para anulação da partilha em caso de divórcio ou dissolução de união estável: 4 anos.

Ação de reconhecimento e dissolução de união estável. Partilha de direitos sobre concessão de uso de bem
público. Possibilidade.
Na dissolução de união estável, é possível a partilha dos direitos de concessão de uso para moradia de imóvel
público. REsp 1.494.302-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 13/6/2017, DJe
15/8/2017.

Ação de prestação de contas. Bens e direitos em estado de mancomunhão (entre a separação de fato e a efetiva
partilha). Patrimônio comum administrado exclusivamente por ex-cônjuge.
No tocante especificamente à relação decorrente do fim da convivência matrimonial, infere-se que, após a
separação de fato ou de corpos, o cônjuge que estiver na posse ou na administração do patrimônio partilhável -
seja na condição de administrador provisório, seja na de inventariante - terá o dever de prestar contas ao ex-
consorte.
Isso porque, uma vez cessada a afeição e a confiança entre os cônjuges, aquele titular de bens ou negócios
administrados pelo outro tem o legítimo interesse ao pleno conhecimento da forma como são conduzidos, não
se revelando necessária a demonstração de qualquer irregularidade, prejuízo ou crédito em detrimento do gestor.
Por fim, registre-se que a Terceira Turma do STJ já se manifestou nesse sentido, conforme se depreende dos
seguintes julgados: REsp 1.300.250-SP, DJe 19/4/12; REsp 1.287.579-RN, DJe 2/8/13 e REsp 1.470.906-SP, DJe
15/10/15. REsp 1.274.639-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado em 12/09/2017, DJe 23/10/2017

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Dissolução de união estável. Partilha de bens. Companheiro sexagenário. Súmula 377 do STF. Bens adquiridos
na constância da união estável. Partilha igualitária. Demonstração do esforço comum dos companheiros para
legitimar a divisão. Necessidade. Prêmio de loteria. Fato eventual ocorrido na constância da união estável.
Necessidade de meação.
O prêmio de loteria, recebido por ex-companheiro sexagenário, durante a relação de união estável, deve ser
objeto de meação entre o casal. REsp 1.689.152-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
24/10/2017, DJe 22/11/2017

Divórcio Consensual. Acordo sobre partilha de bens. Homologação por sentença. Posterior ajuste consensual
acerca da destinação dos bens. Violação à coisa julgada. Inocorrência. Convenção sobre partilha de bens
privados e disponíveis. Partes maiores e capazes. Possibilidade.
A coisa julgada material formada em virtude de acordo celebrado por partes maiores e capazes, versando sobre
a partilha de bens imóveis privados e disponíveis e que fora homologado judicialmente por ocasião de divórcio
consensual, não impede que haja um novo acordo sobre o destino dos referidos bens. REsp 1.623.475-PR, Rel.
Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 17/04/2018, DJe 20/04/2018

Casamento contraído sob causa suspensiva. Separação obrigatória de bens (CC/1916, art. 258, II; CC/2002, art.
1.641, II). Partilha. Bens adquiridos onerosamente. Necessidade de prova do esforço comum. Pressuposto da
pretensão. Moderna compreensão da Súmula 377/STF.
No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento, desde que
comprovado o esforço comum para sua aquisição. EREsp 1.623.858-MG, Rel. Min. Lázaro Guimarães
(Desembargador Convocado do TRF 5ª Região), por unanimidade, julgado em 23/05/2018, DJe 30/05/2018

Ação de divórcio. Exclusão de patronímico adotado pela cônjuge por ocasião do casamento. Revelia.
Manifestação expressa da vontade. Necessidade. Direito da Personalidade. Indisponibilidade.
A revelia em ação de divórcio na qual se pretende, também, a exclusão do patronímico adotado por ocasião do
casamento não significa concordância tácita com a modificação do nome civil. REsp 1.732.807-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, por unanimidade, julgado em 14/08/2018, DJe 17/08/2018

Ação de partilha posterior ao divórcio. Conexão substancial entre as ações. Competência funcional de natureza
absoluta. Prevenção. Incapacidade superveniente de uma das partes. Foro de domicílio do incapaz.
Competência territorial especial de natureza relativa.
A incapacidade superveniente de uma das partes, após a decretação do divórcio, não tem o condão de alterar a
competência funcional do juízo prevento. CC 160.329-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/02/2019, DJe
06/03/2019

Sucessões
Pedido de abertura de inventário com a regularização processual por meio de nomeação de advogado implica
aceitação tácita da herança
O pedido de abertura de inventário e o arrolamento de bens, com a regularização processual por
meio de nomeação de advogado, implicam a aceitação tácita da herança que torna definitiva a
qualidade de herdeiro, constituindo ato irrevogável e irretratável. STJ. 3ª Turma. REsp 1.622.331-SP, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 8/11/2016 (Info 593).

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Em caso de sucessão causa mortis do companheiro deverão ser aplicadas as mesmas regras da sucessão causa
mortis do cônjuge
No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios entre cônjuges e
companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil.
STF. Plenário. RE 646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso e RE 878694/MG, Rel.
Min. Roberto Barroso, julgados em 10/5/2017 (repercussão geral) (Info 864).

Testamento. Formalidades legais não observadas. Nulidade. Não ocorrência. Primazia da manifestação de
vontade.
O descumprimento de exigência legal para a confecção de testamento público – segunda leitura e expressa
menção no corpo do documento da condição de cego – não gera a sua nulidade se mantida a higidez da
manifestação de vontade do testador. REsp 1.677.931-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado
em 15/8/2017, DJe 22/8/2017.

Ação de dissolução parcial de sociedade. Apuração de haveres. Coerdeiro necessário. Ilegitimidade ativa.
O herdeiro necessário não possui legitimidade ativa para propositura de ação de dissolução parcial de sociedade
em que se busca o pagamento de quotas sociais integrantes do acervo hereditário quando não for em defesa de
interesse do espólio. REsp 1.645.672-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em
22/8/2017, DJe 29/8/2017.

Venda de cotas societárias de ascendente a descendente. Reconhecimento de paternidade post mortem. Falta
de anuência da filha. Nulidade do negócio jurídico. Inexistência.
O reconhecimento de paternidade post mortem não invalida a alteração de contrato social com a transferência
de todas as cotas societárias realizada pelo genitor a outro descendente. REsp 1.356.431-DF, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, por unanimidade, julgado em 8/8/2017, DJe 21/9/2017.

Ação de inventário. Arrolamento de bens. Distinção de regime sucessório entre cônjuges e companheiros.
Impossibilidade. Art. 1.790 do CC/02. Inconstitucionalidade reconhecida pelo STF.
Cinge-se a controvérsia a definir se é possível a diferenciação dos regimes jurídicos sucessórios entre o casamento
e a união estável. A respeito desse tema o STF, por maioria, ao concluir a análise dos Recursos Extraordinários nos
646.721 e 878.694, julgados sob a égide do regime da repercussão geral, reconheceu, incidentalmente, a
inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil, dispositivo que estabelecia a diferenciação dos direitos de
cônjuges e companheiros para fins sucessórios.
A tese fixada pela Corte Suprema em ambos os casos ficou assim sintetizada: "(...) No sistema constitucional
vigente, é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser
aplicado em ambos os casos o regime estabelecido no artigo 1.829 do CC/02".
Extrai-se do voto do Ministro Luís Roberto Barroso, relator do RE n. 878.694, que o STF já equiparou as uniões
homoafetivas às uniões "convencionais", o que implicaria utilizar argumentos semelhantes em ambos os casos,
especialmente porque após a Constituição de 1988 foram editadas as Leis nos 8.971/1994 e 9.278/1996 que
equipararam os regimes jurídicos sucessórios do casamento e da união estável. Salientou, ainda, que o Código
Civil, ao diferenciar o casamento e as uniões estáveis no plano sucessório, promoveu um retrocesso e uma
inconstitucional hierarquização entre as famílias, por reduzir o nível de proteção estatal conferido aos indivíduos

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somente pelo fato de não estarem casados, motivo pelo qual o art. 1.790 do Código Civil de 2002 viola a igualdade,
a dignidade da pessoa humana, a proporcionalidade e contraria a vedação à proteção insuficiente, bem como a
proibição ao retrocesso. Havendo, portanto, respaldo na jurisprudência do Supremo, não há justo motivo para o
discrímen. REsp 1.332.773-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 27/6/2017, DJe
1/8/2017

Ação de inventário. Suspensão. Possibilidade. Regularização dos bens imóveis. Averbação. Condicionante
razoável.
É legítima a decisão judicial que determina a averbação, no respectivo registro, das modificações realizadas em
bens imóveis submetidos à partilha como condição de procedibilidade da ação de inventário. REsp 1.637.359-
RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 08/05/2018, DJe 11/05/2018

Sucessão. Bens à colação. Valor dos bens doados. Valor atribuído no ato de liberalidade com correção
monetária até a data da sucessão. Aplicação do art. 2.004, caput, do CC/2002
O valor de colação dos bens doados deverá ser aquele atribuído ao tempo da liberalidade, corrigido
monetariamente até a data da abertura da sucessão. REsp 1.166.568-SP, Rel. Min. Lázaro Guimarães
(Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), por unanimidade, julgado em 12/12/2017, DJe 15/12/2017

Inventário. Exame de questões de alta indagação. Juízo universal. Não exclusividade. Ação autônoma.
Possibilidade. Celeridade processual. Art. 984 do CPC/1973.
É cabível o ajuizamento de ação autônoma perante o juízo cível quando se constatar, desde logo, a necessidade
de dilação probatória incompatível com o rito especial do inventário. REsp 1.480.810-ES, Rel. Min. Nancy
Andrighi, por unanimidade, julgado em 20/03/2018, DJe 26/03/2018

Direito das sucessões. Direito real de habitação. Art. 1.831 do Código Civil. União estável reconhecida.
Companheiro sobrevivente. Patrimônio. Inexistência de outros bens. Irrelevância.
O reconhecimento do direito real de habitação, a que se refere o artigo 1.831 do Código Civil, não pressupõe a
inexistência de outros bens no patrimônio do cônjuge/companheiro sobrevivente. REsp 1.582.178-RJ, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, por maioria, julgado em 11/09/2018, DJe 14/09/2018

Sucessão. Inventário. Imóvel residencial. Ocupação e uso gratuito (comodato). Herdeiro. Adiantamento da
legítima. Inocorrência. Colação. Desnecessidade.
É prescindível que herdeiro necessário traga à colação o valor correspondente à ocupação e ao uso a título
gratuito de imóvel que pertencia ao autor da herança. REsp 1.722.691-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
por unanimidade, julgado em 12/03/2019, DJe 15/03/2019

Sucessão. Inventário. União estável. Filhos comuns e exclusivos do autor da herança. Concorrência híbrida.
Reserva da quarta parte da herança. Inaplicabilidade. Art. 1.832, parte final, do CC. Interpretação restritiva.
Quinhão hereditário do companheiro igual ao dos descendentes.
A reserva da quarta parte da herança, prevista no art. 1.832 do Código Civil, não se aplica à hipótese de
concorrência sucessória híbrida. REsp 1.617.650-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 11/06/2019, DJe 01/07/2019

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União Estável
Não incidência da proteção ao idoso quanto ao regime de bens não se aplica em caso de união estável anterior
A proteção matrimonial conferida ao noivo, nos termos do art. 258, parágrafo único, II, do Código Civil de 1916,
não se revela necessária quando o enlace for precedido de longo relacionamento em união estável, que se iniciou
quando os cônjuges não tinham restrição legal à escolha do regime de bens. STJ. 4ª Turma. REsp 1.318.281-PE,
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 1/12/2016 (Info 595).

União estável. Vocação hereditária. Partilha. Companheiro. Exclusividade. Colaterais. Afastamento. Arts.
1.838 e 1.839 do CC/2002. Incidência.
Na falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge ou companheiro
sobrevivente, não concorrendo com parentes colaterais do de cujus. REsp 1.357.117-MG, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 13/03/2018, DJe 26/03/2018.

Inexigência de escritura pública para o contrato de união estável


É válido, desde que escrito, o pacto de convivência formulado pelo casal no qual se opta pela adoção da
regulação patrimonial da futura relação como símil (igual) ao regime de comunhão universal, ainda que não
tenha sido feito por meio de escritura pública. Em outras palavras, um casal que vive (ou viverá) em união estável
pode celebrar contrato de convivência dizendo que aquela relação será regida por um regime de bens igual ao
regime da comunhão universal. Esse contrato, para ser válido, precisa ser feito por escrito, mas não é necessário
que seja realizado por escritura pública. STJ. 3ª Turma. REsp 1.459.597-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
1/12/2016 (Info 595).

Imóvel doado por um companheiro para o outro deve ser excluído do montante partilhável, nos termos do
art. 1.659, I, do CC
O bem imóvel adquirido a título oneroso na constância da união estável regida pelo estatuto da comunhão
parcial, mas recebido individualmente por um dos companheiros, através de doação pura e simples realizada
pelo outro, deve ser excluído do monte partilhável, nos termos do art. 1.659, I, do CC/2002 STJ. 4ª Turma. REsp
1.171.488-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 4/4/2017 (Info 603).
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação
ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;

Benefício de previdência privada fechada não entra na partilha em caso de fim de relação
O benefício de previdência privada fechada é excluído da partilha em dissolução de união estável regida pela
comunhão parcial de bens. STJ. 3ª Turma. REsp 1.477.937-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
27/4/2017 (Info 606).

Paternidade e alimentos
Direito de família. União homoafetiva. Reprodução assistida heteróloga. Gestação por substituição. Dupla
paternidade. Possibilidade. Parentalidade biológica e socioafetiva. Registro simultâneo no assento de
nascimento.
É possível a inclusão de dupla paternidade em assento de nascimento de criança concebida mediante as técnicas
de reprodução assistida heteróloga e com gestação por substituição, não configurando violação ao instituto da

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adoção unilateral. REsp 1.608.005-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 14/05/2019, DJe 21/05/2019

Extensão dos efeitos da sentença que reconhece o parentesco aos avós


Os efeitos da sentença transitada em julgado que reconhece o vínculo de parentesco entre filho e pai em ação
de investigação de paternidade alcançam o avô, ainda que este não tenha participado da relação jurídica
processual. STJ. 4ª Turma. REsp 1.331.815-SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 16/6/2016 (Info 587).

Possibilidade de se buscar o reconhecimento da paternidade biológica e a anulação do registro de nascimento


O filho tem direito de desconstituir a denominada "adoção à brasileira" para fazer constar o nome de seu pai
biológico em seu registro de nascimento, ainda que preexista vínculo socioafetivo de filiação como pai registral.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.417.598-CE, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 17/12/2015 (Info 577).

Direito à filiação biológica e presunção legal de paternidade


O filho tem direito de ter reconhecida sua verdadeira filiação. Assim, mesmo que ele tenha nascido durante a
constância do casamento de sua mãe e de seu pai registrais, ele poderá ingressar com ação de investigação de
paternidade contra o suposto pai biológico. A presunção legal de que os filhos nascidos durante o casamento
são filhos do marido não pode servir como obstáculo para impedir o indivíduo de buscar a sua verdadeira
paternidade. STF. Plenário. AR 1244 EI/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/09/2016 (Info 840).

Paternidade socioafetiva e responsabilidade do pai biológico (pluriparentalidade)


A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo
de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios, inclusive no campo
sucessório. STF. Plenário. RE 898060/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21 e 22/09/2016 (Info 840).

Não se pode mais rediscutir a coisa julgada em situação na qual a ação de investigação foi julgada
procedente pelo fato de o investigado ter se recusado a fazer o DNA
A relativização da coisa julgada estabelecida em ação de investigação de paternidade não se aplica às hipóteses
em que o reconhecimento do vínculo se deu, exclusivamente, pela recusa do investigado ou seus herdeiros em
comparecer ao laboratório para a coleta do material biológico. STJ. 3ª Turma. REsp 1.562.239/MS, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, julgado em 09/05/2017 (Info 604).

Devedor de alimentos e inclusão em cadastro de inadimplentes


Em execução de alimentos devidos a filho menor de idade, é possível o protesto e a inscrição do nome do

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devedor em cadastros de proteção ao crédito. Mostra-se juridicamente possível o pedido do credor
para que seja realizado protesto e inclusão do nome do devedor de alimentos nos cadastros de
proteção ao crédito (SPC e Serasa), como medida executiva a ser adotada pelo magistrado para
garantir a efetivação dos direitos fundamentais da criança e do adolescente. No CPC 2015 existe previsão
expressa nesse sentido (art. 528, § 1º e art. 782, §§ 3º e 4º). STJ. 3ª Turma. REsp 1.469.102-SP, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 8/3/2016 (Info 579). STJ. 4ª Turma. REsp 1.533.206-
MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17⁄11⁄2015.

Inexistência de transferência automática do dever de alimentar pelos avós (responsabilidade subsidiária e


complementar)
O falecimento do pai do alimentante não implica a automática transmissão do dever alimentar aos
avós. STJ. 4ª Turma. REsp 1.249.133-SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Rel. para acórdão Min. Raul
Araújo, julgado em 16/6/2016 (Info 587).

Impossibilidade do filho requerer que sua genitora falecida seja reconhecida como filha por seus avós
O filho, em nome próprio, não tem legitimidade para deduzir em juízo pretensão declaratória de filiação
socioafetiva entre sua mãe - que era maior, capaz e, ao tempo do ajuizamento da ação, pré-morta (já
falecida) - e os supostos pais socioafetivos dela. STJ. 3ª Turma. REsp 1.492.861-RS, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 2/8/2016 (Info 588).

É possível a fixação de astreintes para forçar a genitora que está com a guarda da criança a respeitar o direito
de visita do pai
É válida a aplicação de astreintes quando o genitor detentor da guarda da criança descumpre acordo homologado
judicialmente sobre o regime de visitas, uma vez que é a medida menos drástica para a criança. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.481.531-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 16/2/2017 (Info 599).

Possibilidade da genitora prosseguir com execução de alimentos a fim de que seja ressarcida prestações
pretéritas
A genitora que, ao tempo em que exercia a guarda judicial do filho, representou-o em ação de execução de débitos
alimentares possui legitimidade para prosseguir no processo executivo com intuito de ser ressarcida, ainda
que, no curso da cobrança judicial, a guarda tenha sido transferida ao genitor (executado). STJ. 4ª Turma.
REsp 1.410.815-SC, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 9/8/2016 (Info 590).

Execução de alimentos. Obrigação fixada em pecúnia. Abatimento de prestação "in natura". Possibilidade.
Princípio da incompensabilidade dos alimentos. Mitigação.
É possível, em sede de execução de alimentos, a dedução na pensão alimentícia fixada exclusivamente em pecúnia
das despesas pagas "in natura", com o consentimento do credor, referentes a aluguel, condomínio e IPTU do
imóvel onde residia o exequente. REsp 1.501.992-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade,
julgado em 20/03/2018, DJe 20/04/2018

Execução de alimentos e admissão da prova da impossibilidade por meio de prova testemunhal

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Na execução de alimentos pelo rito do art. 733 do CPC/1973 (art. 528 do CPC/2015), o executado pode comprovar
a impossibilidade de pagamento por meio de prova testemunhal, desde que a oitiva ocorra no tríduo previsto
para a justificação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.601.338-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min.
Nancy Andrighi, julgado em 13/12/2016 (Info 599).
Na execução de alimentos pelo rito do art. 733 do CPC/1973 (art. 528 do CPC/2015), o executado é intimado
pessoalmente para, em 3 dias:
a) pagar o débito;
b) provar que o fez (provar que já pagou a dívida); ou
c) justificar a impossibilidade de efetuá-lo (provar que não tem condições de pagar).

Prisão por dívida de alimentos. Execução iniciada na vigência do CPC/1973. Aplicação imediata do art. 528, §
7º, do CPC/2015. Possibilidade.
É possível a aplicação imediata do art. 528, § 7º (prisão por dívida alimentar), do CPC/2015 em execução de
alimentos iniciada e processada, em parte, na vigência do CPC/1973. RHC 92.211-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
por unanimidade, julgado em 27/02/2018, DJe 02/03/2018

Se o filho é maior de 18 anos, mas apresenta doença mental incapacitante, seus pais têm dever de prestar
alimentos, sendo a necessidade presumida
É presumida a necessidade de percepção de alimentos do portador de doença mental incapacitante, devendo ser
suprida nos mesmos moldes dos alimentos prestados em razão do poder familiar, independentemente da
maioridade civil do alimentado. STJ. 3ª Turma. REsp 1.642.323-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
28/3/2017 (Info 600)

A prisão por dívida de natureza alimentícia está ligada ao inadimplemento inescusável de prestação
A prisão por dívida de natureza alimentícia está ligada ao inadimplemento inescusável de prestação, não
alcançando a cobrança de saldo devedor (STF. 1ª Turma. HC 121426/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
14/3/2017 (Info 857).

Ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o nascimento da criança
A ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o nascimento da criança, pois os referidos
alimentos ficam convertidos em pensão alimentícia até eventual ação revisional em que se solicite a exoneração,
redução ou majoração de seu valor ou até mesmo eventual resultado em ação de investigação ou negatória de
paternidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.423-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/6/2017 (Info 606).

Termo inicial do prazo prescricional para cumprimento de sentença de alimentos


O prazo prescricional para o cumprimento de sentença que condenou ao pagamento de verba alimentícia
retroativa se inicia tão somente com o trânsito em julgado da decisão que reconheceu a paternidade. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.634.063-AC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 20/6/2017 (Info 607).

Revisional de alimentos. Antecipação de tutela. Alteração para valor ilíquido. Descabimento. Subtração da
eficácia da obrigação de alimentos. Contrariedade ao interesse do menor alimentante.

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Não é possível, em tutela antecipada deferida na ação revisional de alimentos, a alteração de valor fixo de pensão
alimentícia para um valor ilíquido, correspondente a percentual de rendimentos que virão a ser apurados no curso
do processo, uma vez que atenta contra o interesse do menor alimentando, pois a pensão alimentícia foi alterada
de um valor fixo, passível de imediata execução, para um valor ilíquido, a ser determinado no curso da demanda
revisional, impedindo a imediata execução. REsp 1.442.975-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por
unanimidade, julgado em 27/6/2017, DJe 1/8/2017.

Família. Abandono material. Menor. Descumprimento do dever de prestar assistência material ao filho. Ato
ilícito. Danos morais. Compensação. Possibilidade.
A omissão voluntária e injustificada do pai quanto ao amparo material do filho gera danos morais, passíveis de
compensação pecuniária. REsp 1.087.561-RS, Rel. Min. Raul Araújo, por unanimidade, julgado em 13/6/2017, DJe
18/8/2017.

Família. Alimentos. Inclusão dos valores percebidos pelo devedor a título de participação em lucros e
resultados. Impossibilidade e desnecessidade. (STJ dividido)
Os valores recebidos a título de participação nos lucros e resultados não se incorporam à verba alimentar devida
ao menor.
Ademais, o próprio art. 3º da Lei n. 10.101/2000 estabelece, em sintonia com o texto constitucional, que a
participação nos lucros e resultados da empresa não substitui ou complementa a remuneração devida ao
trabalhador, não se configura em fator de incidência de quaisquer encargos trabalhistas e não tem caráter
habitual, não havendo que se falar em incorporação automática desta bonificação aos alimentos prestados à
menor. REsp 1.465.679-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 09/11/2017, DJe 17/11/2017.

Ação de oferta de alimentos. Participação nos lucros e resultados. Integração na base de cálculo da verba
alimentar. Acréscimo patrimonial decorrente do contrato de trabalho. Incremento da possibilidade do
alimentante. (STJ dividido)
A participação nos lucros ou resultados deve ser considerada como base de cálculo para se aferir o quantum
devido a título de alimentos, fixados sobre a "remuneração líquida", "salário líquido", "rendimentos líquidos".
Dessa forma, com base em tais premissas e para fins de apuração do valor relativo aos alimentos, deve ser
reconhecida a natureza salarial/remuneratória da verba em questão, porquanto inegavelmente implica um
acréscimo em uma das variáveis do binômio da prestação alimentar, isto é, na possibilidade do alimentante.
Reitera-se, por oportuno, o entendimento já adotado pela Quarta Turma, quando do julgamento do REsp n.
1.332.808/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 24/02/2015 (Informativo de Jurisprudência n. 553).

Prisão civil por alimentos. Obrigação alimentar avoenga. Natureza complementar e subsidiária. Existência de
meios executivos e técnicas mais adequadas. Desnecessidade da medida coativa extrema.
Havendo meios executivos mais adequados e igualmente eficazes para a satisfação da dívida alimentar dos avós,
é admissível a conversão da execução para o rito da penhora e da expropriação, a fim de afastar o decreto prisional
em desfavor dos executados. HC 416.886-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 12/12/2017,
DJe 18/12/2017

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Ação de prestação de contas. Demanda ajuizada pelo filho em desfavor da mãe. Condição de administradora
de seus bens por ocasião de sua menoridade. Art. 1.689, I e II do CC/2002. Causa de pedir fundada em abuso
de direito. Pedido juridicamente possível. Caráter excepcional.
A ação de prestação de contas ajuizada pelo filho em desfavor dos pais é possível quando a causa de pedir estiver
relacionada com suposto abuso do direito ao usufruto legal e à administração dos bens dos filhos. REsp 1.623.098-
MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 13/03/2018, DJe 23/03/2018

Ação de alimentos. Diferença de valor ou percentual entre filhos. Possibilidade. Excepcionalidade.


Necessidades distintas entre os alimentandos. Capacidades de contribuições diferenciadas dos genitores.
Excepcionalmente, é admissível a fixação de alimentos em valores ou em percentuais diferentes entre os filhos.
REsp 1.624.050-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 19/06/2018, DJe 22/06/2018

Prisão civil. Débito alimentar incontroverso. Teoria do adimplemento substancial. Não aplicabilidade pela via
estreita do writ.
A teoria do adimplemento substancial não tem incidência nos vínculos jurídicos familiares, revelando-se
inadequada para solver controvérsias relacionadas a obrigações de natureza alimentar. HC 439.973-MG, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Antonio Carlos Ferreira, por maioria, julgado em 16/08/2018, DJe 04/09/2018

STJ, 621 - Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o alimentante do pagamento retroagem à data
da citação, vedadas a compensação e a repetibilidade

Ação de alimentos. Mecanismo de integração posterior do polo passivo. Natureza jurídica. Litisconsórcio
facultativo ulterior simples. Art. 1.698 do CC/2002. Autor com plena capacidade processual. Exclusividade.
Em ação de alimentos, quando se trata de credor com plena capacidade processual, cabe exclusivamente a ele
provocar a integração posterior no polo passivo. REsp 1.715.438-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade,
julgado em 13/11/2018, DJe 21/11/2018

Possibilidade de cumulação de medidas na execução de alimentos


É admissível o uso da técnica executiva de desconto em folha de dívida de natureza alimentar ainda que haja
anterior penhora de bens do devedor. REsp 1.733.697-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
11/12/2018, DJe 13/12/2018

Possibilidade de decretação de prisão civil no âmbito da Lei Maria da Penha


A decisão proferida em processo penal que fixa alimentos provisórios ou provisionais em favor da companheira e
da filha, em razão da prática de violência doméstica, constitui título hábil para imediata cobrança e, em caso de
inadimplemento, passível de decretação de prisão civil. RHC 100.446-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por
unanimidade, julgado em 27/11/2018, DJe 05/12/2018

Tutela e legitimidade
O rol de legitimados do art. 756, §1º, do CPC/2015, acerca dos possíveis legitimados para a ação de levantamento
de curatela, não é taxativo. REsp 1.735.668-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
11/12/2018, DJe 14/12/2018

Possibilidade de cumulação de medidas na execução de alimentos


É admissível o uso da técnica executiva de desconto em folha de dívida de natureza alimentar ainda que haja
anterior penhora de bens do devedor. REsp 1.733.697-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
11/12/2018, DJe 13/12/2018

80
Verba alimentar entre ex-cônjuges. Direito disponível. Natureza contratual do acordo. Critério de atualização
monetária. Necessidade de previsão no contrato.
Em caso de alimentos acordados voluntariamente entre ex-cônjuges, a incidência de correção monetária para
atualização da obrigação ao longo do tempo deve estar expressamente prevista no contrato. REsp 1.705.669-SP,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 12/02/2019, DJe 15/02/2019

81
DIREITO EMPRESARIAL
Sociedades empresárias
Possibilidade de arrolamento de bens mesmo já tendo sido decretada a indisponibilidade
Mesmo que já tenha sido decretada a indisponibilidade de bens, nos termos do art. 36 da Lei nº 6.024/74, o
Ministério Público continua tendo interesse de agir para pedir o arrolamento de bens do administrador da
instituição financeira em liquidação extrajudicial. Isso porque tais institutos possuem finalidades, limites e efeitos
distintos.
O arrolamento tem por finalidade conservar bens ameaçados de dissipação e, assim, garantir a responsabilidade
do administrador de instituição financeira.
A prévia indisponibilidade visa salvaguardar o interesse público, em caso de fraude ou ilícito no curso
da liquidação extrajudicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.375.540-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
18/10/2016 (Info 592).

Sociedade empresária. Integralização de capital social por meio de imóveis. Contrato social. Registro Público
de Empresas Mercantis. Título translativo. Transferência de titularidade. Registro no cartório de registro de
imóveis. Necessidade.
O registro do título translativo no Cartório Registro de Imóveis, como condição imprescindível à transferência de
propriedade de bem imóvel entre vivos, propugnada pela lei civil, não se confunde, tampouco pode ser
substituído para esse efeito, pelo registro do contrato social na Junta Comercial. REsp 1.743.088-PR, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/03/2019, DJe 22/03/2019

Momento em que se considera dissolvida a sociedade empresária para fins de apuração de haveres
Na hipótese em que o sócio de sociedade limitada constituída por tempo indeterminado exerce o direito de
retirada por meio de inequívoca e incontroversa notificação aos demais sócios, a data-base para apuração de
haveres é o termo final do prazo de 60 dias, estabelecido pelo art. 1.029 do CC/02. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.240-
MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/12/2016 (Info 595).

Possiblidade de dissolução parcial da AS que não gera lucros (ainda que não formada por grupo familiar)
É possível que sociedade anônima de capital fechado, ainda que não formada por grupos familiares, seja dissolvida
parcialmente quando, a despeito de não atingir seu fim – consubstanciado no auferimento de lucros e na
distribuição de dividendos aos acionistas –, restar configurada a viabilidade da continuação dos negócios da
companhia. STJ. 3ª Turma. REsp 1.321.263-PR, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 6/12/2016 (Info 595).

Sociedade Anônima. Alienação de ações. Direito aos dividendos. Proprietário ou usufrutuário das ações. Marco
temporal. Data do ato de declaração. Dano para o ex-proprietário. Inexistência.
Não faz jus ao recebimento de dividendos o sócio que manteve essa condição durante o exercício financeiro sobre
o qual é apurado o lucro, mas se desliga da empresa, por alienação de suas ações, em data anterior ao ato de
declaração do benefício. REsp 1.326.281-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
3/8/2017, DJe 1/9/2017.

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Sociedade anônima de capital fechado. Incorporação, pela controladora, de companhia controlada. Direito de
retirada. Exercício. Sócio minoritário dissidente. Reembolso. Valor das ações. Critérios de cálculo. Valor justo
de mercado. Infringência aos ditames da Lei n. 6.404/1976. Inexistência
A definição do valor justo de mercado como critério a ser utilizado para o cálculo do valor de reembolso das ações
do acionista dissidente retirante, por ocasião da incorporação da companhia controlada, não infringe o disposto
no art. 45, § 1º, da Lei n. 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações). REsp 1.572.648-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 12/9/2017, DJe 20/9/2017.

Sociedade limitada. Ação de dissolução parcial. Sócio majoritário. Prática de falta grave. Exclusão. Iniciativa dos
sócios minoritários. Dispensa da maioria de capital social. Possibilidade.
O quorum deliberativo para exclusão judicial do sócio majoritário por falta grave no cumprimento de suas
obrigações deve levar em conta a maioria do capital social de sociedade limitada, excluindo-se do cálculo o sócio
que se pretende jubilar. REsp 1.653.421-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em
10/10/2017, DJe 13/11/2017

Ação regressiva. Condenação ao pagamento de diferença de ações. Debêntures conversíveis em ação


preferencial. Cisão parcial. Dívidas próprias de natureza societária.
Cabe ação de regresso para ressarcimento de condenação relativa a obrigações tipicamente societárias suportada
exclusivamente por empresa cindida contra empresa resultante da cisão parcial, observando-se a proporção do
patrimônio recebido. REsp 1.642.118-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze,
por maioria, julgado em 12/09/2017, DJe 20/02/2018

Contratos
Validade da cláusula de 13º aluguel em contrato de locação de espaço em shopping center
Não é abusiva a mera previsão contratual que estabelece a duplicação do valor do aluguel no mês de dezembro
em contrato de locação de espaço em shopping center. Assim, é válida a chamada cláusula de "aluguel dúplice"
(ou "13º aluguel") nos contratos de locação de espaço em shopping center. Fundamento: princípio da
autonomia privada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.409.849-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
26/4/2016 (Info 582).

Validade da cláusula de raio em contrato de locação de espaço em shopping center


Em tese, não é abusiva a previsão, em normas gerais de empreendimento de shopping center ("estatuto"), da
denominada "cláusula de raio", segundo a qual o locatário de um espaço comercial se obriga - perante o locador
- a não exercer atividade similar à praticada no imóvel objeto da locação em outro estabelecimento situado a um
determinado raio de distância contado a partir de certo ponto do terreno do shopping center. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.535.727-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 10/5/2016 (Info 585).

Legitimidade ativa da sociedade empresária para pleitear ação de indenização em face de shopping center,
ainda que apenas o sócio figure no contrato de locação
Em um contrato de shopping center, a sociedade empresária tem legitimidade ativa ad causam, em
concorrência com o locatário (pessoa física), para demandar o empreendedor nas causas em que houver
interesses relativos ao estabelecimento empresarial, desde que, no contrato firmado entre as partes, haja a
expressa destinação do espaço para a realização das atividades empresariais da sociedade da qual faça parte.

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STJ. 4ª Turma. REsp 1.358.410-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/8/2016 (Info 589).

Prazo mínimo de 5 anos para o contrato de arrendamento rural para a criação de gado bovino
É de cinco anos o prazo mínimo para a duração de contrato de arrendamento rural em que ocorra pecuária de
gado bovino, independentemente da maior ou menor escala da atividade exploratória ou da extensão da área
a que se refira o contrato. STJ. 3ª Turma. REsp 1.336.293-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
24/5/2016 (Info 584).

Possibilidade de cobrança da tarifa de renovação de cadastro (TRC) até 14.09.09 (Circular 3.466/09 BACEN)
É válida cláusula contratual que prevê a cobrança da tarifa de renovação de cadastro (TRC) em contrato bancário
celebrado ainda no período de vigência da Circular 3.371/2007 do BACEN, considerando que ela autorizava
que os bancos exigissem a TRC. Posteriormente, com a edição da Circular 3.466/2009 do BACEN, que entrou
em vigor no dia 14/09/2009, foi proibida a cobrança da referida tarifa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.303.646-RJ, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/5/2016 (Info 584).

Inexistência de direito de retenção por benfeitorias realizadas antes da adjudicação do imóvel vinculado ao SFH
O ex-mutuário de imóvel dado em garantia hipotecária em financiamento do Sistema Financeiro da Habitação
(SFH) não tem direito à retenção pelas benfeitorias realizadas no bem antes da adjudicação.
Quanto às benfeitorias realizadas após a adjudicação, deve-se analisar se há boa-fé ou má-fé na posse. Havendo
má-fé do ex- mutuário possuidor (o que é a regra), ele não tem direito de retenção pelas benfeitorias
realizadas no imóvel após a adjudicação, mas poderá ser indenizado pelas benfeitorias necessárias (art. 1.220
do CC). STJ. 3ª Turma. REsp 1.399.143-MS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 7/6/2016 (Info 585).

Transferir ao comprador a responsabilidade pela desocupação do imóvel que lhe é alienado pela CEF não é
abusivo
A cláusula contratual que impõe ao comprador a responsabilidade pela desocupação de imóvel que lhe é
alienado pela CEF não é abusiva.
Não há abusividade porque a alienação se dá por preço consideravelmente inferior ao valor real do imóvel,
exatamente pela situação peculiar que o imóvel possa se encontrar.
A obrigação do adquirente de ter que tomar medidas para que o terceiro desocupe o imóvel é um ônus que já
é informado pela CEF aos interessados antes da contratação. Tal informação consta expressamente no edital de
concorrência pública e no contrato que é celebrado.
A rápida alienação do imóvel, no estado em que se encontre, favorece o SFH porque libera recursos financeiros
que serão revertidos para novas operações de crédito em favor de famílias sem casa própria. STJ. 3ª Turma. REsp
1.509.933-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 4/10/2016 (Info 592).

Impossibilidade de usucapião de imóvel vinculado ao SFH


O imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação, como está afetado à
prestação de um serviço público, deve ser tratado como bem público, sendo, pois, imprescritível (insuscetível
de usucapião). STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.026-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/11/2016 (Info 594).
Súmula 586-STJ: A exigência de acordo entre o credor e o devedor na escolha do agente fiduciário aplica-se,
exclusivamente, aos contratos não vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação – SFH. STJ. Corte Especial.

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Aprovada em 19/12/2016.

O termo inicial para purgação da mora na ação de busca e apreensão em alienação fiduciária é a data da
juntada dos mandados aos autos
Em ação de busca e apreensão de bem alienado fiduciariamente, o termo inicial para a contagem do prazo de
15 dias para o oferecimento de resposta pelo devedor fiduciante é a data de juntada aos autos do mandado
de citação devidamente cumprido (e não a data da execução da medida liminar).
O mandado de busca e apreensão/citação veicula, simultaneamente, a comunicação ao devedor acerca da
retomada do bem alienado fiduciariamente e sua citação, daí decorrendo dois prazos diversos:
a) de 5 dias, contados da execução da liminar, para o pagamento da dívida; e
b) de 15 dias, a contar da juntada do mandado aos autos, para o
oferecimento de resposta. STJ. 3ª Turma. REsp 1.321.052-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 16/8/2016 (Info 588).

Legitimidade ativa da cobrança da taxa de ocupação (art. 37-A da Lei nº 9.514/97) em alienação fiduciária de
bens imóveis
A legitimidade ativa para a ação de cobrança da taxa de ocupação é, nos termos do art. 37-A da Lei nº 9.514/97,
do credor fiduciário ou do arrematante do bem dado em garantia fiduciária, a depender do momento em que
proposta a demanda e o período de sua abrangência. Ajuizada a ação de cobrança em momento anterior à
arrematação do bem, é o credor fiduciário o legitimado para a cobrança da taxa referida. Por outro lado,
proposta em momento em que já havida a arrematação, é do arrematante a legitimidade ativa da ação de
cobrança da taxa de ocupação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.622.102-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
15/9/2016 (Info 592).

Direito de retirada de equipamento de adaptação em caso de apreensão de veículo em alienação fiduciária


Havendo adaptação de veículo, em momento posterior à celebração do pacto fiduciário, com aparelhos para
direção por deficiente físico, o devedor fiduciante tem direito a retirá-los quando houver o descumprimento do
pacto e a consequente busca e apreensão do bem. STJ. 4ª Turma. REsp 1.305.183-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 18/10/2016 (Info 594).

Busca e apreensão. Caminhão. Garantia fiduciária. Inadimplemento de contrato de empréstimo. Equipamento


de monitoramento. Pertença. Restituição ao devedor. Necessidade.
O equipamento de monitoramento acoplado em caminhão é qualificado como pertença e pode ser retirado pelo
devedor fiduciante que o colocou. REsp 1.667.227-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado
em 26/06/2018, DJe 29/06/2018

Ação de Consignação em pagamento proposta por mutuário do SFH que não quer renegociação de dívida é
improcedente
No contrato de financiamento habitacional regido pelo Plano de Comprometimento da Renda –PCR (Lei nº
8.692/93) as parcelas que irão ser pagas pelo mutuário deverão ser fixadas em um valor que não ultrapasse 30%
da sua renda bruta mensal.
Em caso de redução da renda, a Lei determina que o mutuário deverá procurar a instituição financeira e renegociar

85
as condições de amortização. Assim, a parcela irá ser reduzida para ficar no máximo legal, mas haverá dilação
do prazo de liquidação do financiamento – alongamento de dívida.
Determinado mutuário adquiriu uma casa por meio de financiamento bancário regido pelo SFH em conformidade
com o PCR. Houve uma redução de sua renda mensal e, em razão disso, ele ajuizou ação de consignação em
pagamento pedindo a quitação e extinção de suas obrigações tão somente por meio da consignação dos
valores que ele unilateralmente entende como devidos.
Esta ação deverá ser julgada improcedente. A solução prevista pela Lei para esta situação é a renegociação da
dívida, com a redução negociada das parcelas mediante prolongamento do prazo de pagamento. STJ. 4ª Turma.
REsp 886.846-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 7/6/2016 (Info 586).

Impossibilidade do de recusa de levantamento de garantia em unidade habitacional quitada


A recusa do banco em substituir a garantia dada pela incorporadora em contrato de financiamento imobiliário,
mesmo após a ciência de que a unidade habitacional se encontrava quitada, viola os deveres contratuais da
informação e cooperação, tornando ineficaz o gravame perante o adquirente. STJ. 3ª Turma. REsp 1.478.814-
DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 6/12/2016 (Info 594).

Impossibilidade de revisão de cláusulas contratuais em ação de prestação de contas


Não é possível a revisão de cláusulas contratuais em ação de exigir contas (ação de prestação de contas). STJ. 2ª
Seção. REsp 1.497.831-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 592).

Termo inicial de purgação da mora nos contratos de locação cujos valores tenham sido contestados pelo
locatárioNa ação de despejo por falta de pagamento, o locatário ou o fiador poderão evitar a rescisão da locação
efetuando, no prazo de 15 dias, contado da citação, o pagamento do débito atualizado mediante depósito
judicial (art. 62, II, da Lei nº 8.245/91), que deve ser contado a partir da juntada aos autos do mandado de
citação ou aviso de recebimento devidamente cumprido.
A contestação de parte do débito na ação de despejo por falta de pagamento é incompatível com a intimação
do locatário para fins de complementação do depósito em relação às parcelas tidas por ele como indevidas.
Não se deve intimar o locatário para efetuar a purgação complementar da mora (art. 62, III, da Lei nº 8.245/91)
se houve manifestação contrária de sua parte, em contestação, quanto à intenção de efetuar o pagamento das
parcelas não depositadas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.624.005-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
25/10/2016 (Info 593).

Impossibilidade de clausula penal na hipótese de renúncia, pelo contratado, em contrato de serviços


advocatícios
Não é possível a estipulação de multa no contrato de honorários para as hipóteses de renúncia ou revogação
unilateral do mandato do advogado, independentemente de motivação, respeitado o direito de recebimento
dos honorários proporcionais ao serviço prestado.
É direito do advogado renunciar ou da parte revogar o mandato a qualquer momento e sem necessidade de
declinar as razões. Isso porque a relação entre advogado e cliente é pautada pela confiança, fidúcia, sendo um
contrato personalíssimo (intuitu personae). STJ. 4ª Turma. REsp 1.346.171-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 11/10/2016 (Info 593).

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Advogado. Mandato. Descumprimento. Abuso de poder. Responsabilidade civil. Configuração. Anulação prévia
do ato praticado. Desnecessidade.
A responsabilidade pelos danos decorrentes do abuso de poder pelo advogado-mandatário independe da prévia
anulação judicial do ato praticado. REsp 1.750.570-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade,
julgado em 11/09/2018, DJe 14/09/2018

Fiança, honorários advocatícios e limite da responsabilidade do fiador aos valores que anuiu
A fiança limitada decorre da lei e do contrato, de modo que o fiador não pode ser compelido a pagar valor
superior ao que foi avençado, devendo responder tão somente até o limite da garantia por ele assumida, o que
afasta sua responsabilização em relação aos acessórios da dívida principal e aos honorários advocatícios,
que deverão ser cobrados apenas do devedor afiançado.
Por se tratar de contrato benéfico, as disposições relativas à fiança devem ser interpretadas de forma
restritiva (art. 819 do CC), razão pela qual, nos casos em que ela é limitada (art. 822), a responsabilidade
do fiador não pode superar os limites nela indicados. STJ. 3ª Turma. REsp 1.482.565-SP, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 6/12/2016 (Info 595).

Juros moratórios e cédula de produto rural financeira


No caso de cédulas de produto rural financeira (CPR-F), os juros também estão limitados a 1% ao ano, conforme
prevê o DL 167/67 para as cédulas de CRÉDITO rural?
1ª corrente: NÃO. A limitação dos juros moratórios ao patamar de 1% ao ano, estabelecida pelo art. 5º, parágrafo
único, do Decreto-Lei 167/67, não se aplica à cédula de produto rural financeira (CPR-F). STJ. 3ª Turma. REsp
1.435.979-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 30/3/2017 (Info 603).
2ª corrente: SIM. Os juros de mora no caso de CPR-F deverão ficar limitados em 1% ao ano, nos termos do art. 5º
do Decreto-Lei nº 167/1967. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 906.114/PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em
06/10/2016.

Contrato de arrendamento mercantil (leasing). Descaracterização. Prazo mínimo de vigência. Vida útil do bem
arrendado.
Fica descaracterizado o contrato de arrendamento mercantil (leasing) se o prazo de vigência do acordo celebrado
não respeitar o período mínimo estabelecido com base na vida útil do bem arrendado. REsp 1.569.840-MT, Rel.
Min. Francisco Falcão, por unanimidade, julgado em 16/08/2018, DJe 27/08/2018

Prestações de mútuo firmado com instituição financeira. Desconto em conta-corrente e desconto em folha.
Hipóteses distintas. Aplicação, por analogia, da limitação legal ao empréstimo consignado ao mero desconto
em conta-corrente, superveniente ao recebimento da remuneração. Inviabilidade. Dirigismo contratual sem
supedâneo legal. Impossibilidade
A limitação de desconto ao empréstimo consignado, em percentual estabelecido pelos arts. 45 da Lei n.
8.112/1990 e 1º da Lei n. 10.820/2003, não se aplica aos contratos de mútuo bancário em que o cliente autoriza
o débito das prestações em conta-corrente. REsp 1.586.910-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado
em 29/08/2017, DJe 03/10/2017

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Parceria agrícola. Falecimento do parceiro outorgante. Extinção do contrato. Não ocorrência. Sucessores. Sub-
rogação. Direitos e obrigações do outorgante. Retomada. Exercício. Hipóteses legais.
O falecimento do parceiro outorgante não extingue o contrato de parceria rural, podendo os herdeiros exercer o
direito de retomada ao término do contrato, desde que obedeçam ao regramento legal quanto ao prazo para
notificação e às causas para retomada. REsp 1.459.668-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade,
julgado em 05/12/2017, DJe 18/12/2017

Rescisão contratual. Compra e venda de imóvel. Inadimplemento do vendedor. Pagamento de aluguéis pelo
tempo de permanência. Cabimento. Vedação ao enriquecimento sem causa.
É devida a condenação ao pagamento de taxa de ocupação (aluguéis) pelo período em que o comprador
permanece na posse do bem imóvel, no caso de rescisão do contrato de promessa de compra e venda,
independentemente de ter sido o vendedor quem deu causa ao desfazimento do negócio. REsp 1.613.613-RJ, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 12/06/2018, DJe 18/06/2018

Condomínio horizontal. Shopping center. Cláusula de convenção de condomínio. Uso exclusivo de partes de
área comum. Possibilidade.
A cláusula prevista em convenção de condomínio de shopping center, permitindo a alguns condôminos - lojistas
- o uso, gozo e fruição de áreas comuns, não é, em regra, nula. REsp 1.677.737-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, por unanimidade, julgado em 19/06/2018, DJe 29/06/2018

Loteamento. Obras e serviços de manutenção e/ou infraestrutura. Contrato-padrão submetido a registro


imobiliário. Cláusula que autoriza a cobrança das despesas. Validade
É válida a estipulação, na escritura de compra e venda, espelhada no contrato-padrão depositado no registro
imobiliário, de cláusula que preveja a cobrança, pela administradora do loteamento, das despesas realizadas com
obras e serviços de manutenção e/ou infraestrutura. REsp 1.569.609-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma,
por unanimidade, julgado em 07/05/2019, DJe 09/05/2019.

Loteamento. Regularização. Poder-dever municipal. Limitação às obras de infraestrutura essenciais. Cobrança


do loteador dos custos da atuação saneadora
Existe o poder-dever do Município de regularizar loteamentos clandestinos ou irregulares restrito às obras
essenciais a serem implantadas em conformidade com a legislação urbanística local, sem prejuízo do também
poder-dever da Administração de cobrar dos responsáveis os custos em que incorrer a sua atuação saneadora.
REsp 1.164.893-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 23/11/2016, DJe
01/07/2019

Representação comercial
Presunção da existência de exclusividade em zona
É possível presumir a existência de exclusividade em zona de atuação de representante comercial quando:
a) não houver previsão expressa em sentido contrário; e
b) houver demonstração por outros meios da existência da exclusividade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.077-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 9/3/2017 (Info 601).

Contrato de seguro
É necessária omissão dolosa na hipótese de não comunicação de sinistro imediata à seguradora para que se
perda o direito à indenização
O art. 771 do CC determina que o segurado deverá comunicar imediatamente à seguradora quando ocorrer
algum sinistro envolvendo o veículo, já que isso possibilita que esta tome medidas que possam amenizar os

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prejuízos da realização do risco, bem como a sua propagação.
Esse dispositivo legal prevê que, se não houver esta comunicação imediata, o segurado perderá o direito à
indenização.
Vale ressaltar, no entanto, que, para que ocorra a sanção prevista no art. 771 do CC, é necessário que fique
demonstrada a ocorrência de uma omissão dolosa do segurado, que beire a má-fé, ou culpa grave e que,
com isso, prejudique, de forma desproporcional, a atuação da seguradora.
Assim, se o segurado demorou três dias para comunicar à seguradora que o veículo foi roubado porque foi
ameaçado pelo criminoso, ele não perderá o direito de ser indenizado já que, neste caso, não poderia ser dele
exigido comportamento diverso. STJ. 3ª Turma. REsp 1.404.908-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 2/8/2016 (Info 590).

Direito de a seguradora ser ressarcida pelos gastos que houve com o segurado mesmo que este tenha dado
quitação integral para o autor do dano
Em regra, mesmo que o proprietário do veículo segurado tenha dado termo de quitação ou renúncia ao causador
do sinistro, a seguradora continuará tendo direito de ajuizar ação regressiva contra o autor do dano e de ser
ressarcida pelas despesas que efetuou com o reparo ou substituição do bem sinistrado.
Ex: o segurado combina com o causador do dano que este irá pagar apenas o valor da franquia do seguro, em
troca de um termo de quitação. A seguradora paga, então, os prejuízos e poderá cobrar do causador do dano
porque ela tem direito à sub-rogação por força de lei (art. 786, CC) e este acordo não é eficaz perante ela (art.
786, § 2º).
Exceção: a seguradora não terá direito de regresso contra o autor do dano caso este demonstre que indenizou
realmente o segurado pelos prejuízos sofridos, na justa expectativa de que estivesse quitando, integralmente,
os danos provocados por sua conduta. Neste caso, protege- se o terceiro de boa-fé e a seguradora poderá
cobrar do segurado com base na proibição do enriquecimento ilícito.
Ex: o causador do dano paga todas as despesas do segurado e recebe um termo de quitação; de má-fé, o
segurado, mesmo já tendo sido indenizado, aciona o seguro para consertar seu carro.
Se a seguradora ajuizar ação regressiva contra o causador do dano, ele poderá provar que pagou integralmente
as despesas e, neste caso, a ação será julgada improcedente. Protege-se a boa-fé do terceiro. STJ. 3ª Turma. REsp
1.533.886-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info 591).

Não é devida a indenização prevista em contrato de seguro de RC D&O caso o segurado tenha praticado insider
trading
O seguro de RC D&O (Directors and Officers Insurance) não abrange operações de diretores, administradores ou
conselheiros qualificadas como insider trading.
O RC D&O é um tipo de seguro feito por grandes executivos (exs: CEOs) por meio do qual a seguradora assume
os custos caso eles sejam responsabilizados por algum ato culposo praticado durante a gestão da empresa.
O insider trading ocorre quando uma pessoa (insider), por força do exercício profissional, possui informações
relevantes sobre a empresa e utiliza tais dados para negociar as ações dessa companhia antes que essas
informações sejam reveladas ao público em geral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.601.555-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 14/2/2017 (Info 598).
O administrador que praticou insider trading não tem direito à cobertura securitária do seguro RC D&O por dois
motivos:

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1) o insider trading não é um ato culposo, mas sim doloso (fraudulento);
2) o insider trading não configura ato de gestão, mas sim um ato pessoal do administrador com o objetivo de
gerar proveitos financeiros próprios, em detrimento dos interesses da companhia.

Seguro de vida e sinistro causado pelo segurado em estado de embriaguez: haverá indenização
Não é devida a indenização securitária decorrente de contrato de seguro de automóvel quando o causador do
sinistro (condutor do veículo segurado) estiver em estado de embriaguez, salvo se o segurado demonstrar que
o infortúnio ocorreria independentemente dessa circunstância. STJ. 3ª Turma. REsp 1.485.717-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/11/2016 (Info 594).

Contrato de seguro e agravamento do risco pela embriaguez ao volante


Não é devida a indenização securitária decorrente de contrato de seguro de automóvel quando o causador do
sinistro – preposto da empresa segurada – estiver em estado de embriaguez, salvo se o segurado demonstrar
que o infortúnio ocorreria independentemente dessa circunstância. STJ. 3ª Turma. REsp 1.485.717-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/11/2016 (Info 594).

STJ, 620 - A embriaguez do segurado não exime a seguradora do pagamento da indenização prevista em contrato
de seguro de vida

Seguro de automóvel. Garantia de responsabilidade civil. Acidente de trânsito. Terceiro prejudicado. Ação de
reparação de danos. Inclusão única da seguradora. Possibilidade.
A vítima de acidente de trânsito pode ajuizar demanda direta e exclusivamente contra a seguradora do causador
do dano quando reconhecida, na esfera administrativa, a responsabilidade deste pela ocorrência do sinistro e
quando parte da indenização securitária já tiver sido paga REsp 1.584.970-MT, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, por unanimidade, julgado em 24/10/2017, DJe 30/10/2017

Embargos de divergência. Seguro de vida em grupo e acidentes pessoais. Aposentadoria por invalidez.
Presunção relativa da incapacidade. Perícia médica. Necessidade.
A aposentadoria por invalidez permanente concedida pelo INSS não confere ao segurado o direito automático
de receber indenização de seguro contratado com empresa privada, sendo imprescindível a realização de perícia
médica para atestar o grau de incapacidade e o correto enquadramento na cobertura contratada. EREsp
1.508.190-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 08/11/2017, DJe 20/11/2017

Plano de saúde coletivo. Empresário individual. Ausência de população vinculada à pessoa jurídica. Dois
beneficiários. Rescisão unilateral e imotivada. Invalidade.
Não é válida a rescisão unilateral imotivada de plano de saúde coletivo empresarial por parte da operadora em
face de microempresa com apenas dois beneficiários. REsp 1.701.600-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por
unanimidade, julgado em 06/03/2018, DJe 09/03/2018

Contrato de seguro de vida em grupo. Caráter temporário. Ausência de formação de reserva matemática.
Regime financeiro de repartição simples. Cláusula de não renovação. Ausência de abusividade.
Nos contratos de seguro de vida em grupo não há direito à renovação da apólice sem a concordância da
seguradora ou à restituição dos prêmios pagos em contraprestação à cobertura do risco no período delimitado

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no contrato. REsp 1.569.627-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, por maioria, julgado em 22/02/2018, DJe
02/04/2018.

Seguro de vida. Acidente de trânsito. Embriaguez do segurado. Exclusão de cobertura. Vedação.


É vedada a exclusão de cobertura de seguro de vida em razão da embriaguez do segurado. EREsp 973.725-SP, Rel.
Min. Lázaro Guimarães (Desembargador Convocado Do TRF 5ª Região), por unanimidade, julgado em 25/04/2018,
DJe 02/05/2018

Plano de saúde coletivo empresarial. Contribuição exclusiva do empregador. Ex-empregado aposentado ou


demitido sem justa causa. Assistência médica. Manutenção. Não cabimento. Previsão em negociação coletiva.
Excepcionalidade. Coparticipação do usuário. Irrelevância. Salário indireto. Descaracterização. Tema 989.
Nos planos de saúde coletivos custeados exclusivamente pelo empregador não há direito de permanência do ex-
empregado aposentado ou demitido sem justa causa como beneficiário, salvo disposição contrária expressa
prevista em contrato ou em acordo/convenção coletiva de trabalho, não caracterizando contribuição o
pagamento apenas de coparticipação, tampouco se enquadrando como salário indireto. REsp 1.680.318-SP, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 22/08/2018, DJe 24/08/2018 (Tema
989)

Planos de saúde. Negativa de fornecimento de medicação. Tratamento experimental. Uso fora da bula (off-
label). Ingerência da operadora na atividade médica. Impossibilidade.
A operadora de plano de saúde não pode negar o fornecimento de tratamento prescrito pelo médico, sob o
pretexto de que a sua utilização em favor do paciente está fora das indicações descritas na bula/manual registrado
na ANVISA (uso off-label). REsp 1.721.705-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 28/08/2018,
DJe 06/09/2018

STJ, 610 - O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida, ressalvado
o direito do beneficiário à devolução do montante da reserva técnica formada. Segunda Seção, aprovada em
25/04/2018, DJe 07/05/2018.

STJ, 616 - A indenização securitária é devida quando ausente a comunicação prévia do segurado acerca do atraso
no pagamento do prêmio, por constituir requisito essencial para a suspensão ou resolução do contrato de seguro.
Segunda Seção, julgado em 23/05/2018, DJe 28/05/2018.

Impossibilidade da seguradora negar contratação em caso de pagamento à vista


A seguradora não pode recusar a contratação de seguro a quem se disponha a pronto pagamento se a justificativa
se basear unicamente na restrição financeira do consumidor junto a órgãos de proteção ao crédito. REsp
1.594.024-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 27/11/2018, DJe 05/12/2018

Hipóteses abusivas de exclusão de cobertura de seguro de acidentes pessoais


É abusiva a exclusão do seguro de acidentes pessoais em contrato de adesão para as hipóteses de: I) gravidez,
parto ou aborto e suas consequências; II) perturbações e intoxicações alimentares de qualquer espécie; e III) todas
as intercorrências ou complicações consequentes da realização de exames, tratamentos clínicos ou cirúrgicos.
REsp 1.635.238-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 11/12/2018, DJe 13/12/2018

Títulos de crédito
Cheque pré-datado e seu prazo para apresentação para pagamento
O cheque pós-datado amplia o prazo de apresentação? Em suma, no caso de cheque pós-datado (pré-datado),
a partir de quando é contado o prazo de apresentação?

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1) Pós-datação regular (efetivada no campo referente à data de emissão): SIM. A pactuação
da pós-datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de apresentação à instituição financeira sacada,
deve espelhar a data de emissão estampada no campo específico da cártula. O ordenamento jurídico confere
segurança e eficácia à pós-datação regular (efetivada no campo referente à data de emissão). Ex: no dia
20/05, João emitiu (preencheu) um cheque e o entregou para Pedro (beneficiário). No entanto, no campo
reservado para a data de emissão, ele, em vez de colocar 20/05, escreveu 20/07 (data que ficou combinada
para que Pedro sacasse o cheque). O termo inicial do prazo de apresentação do cheque é o dia 20/07. STJ. 2ª
Seção. REsp 1.423.464-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/4/2016 (recurso repetitivo) (Info 584).
2) Pós-datação extracartular (feita em campo diverso do campo específico): NÃO. A pós-
datação extracartular do cheque não modifica o prazo de apresentação nem o prazo de prescrição do título.
A pós-datação extracartular tem existência jurídica, mas apenas com natureza obrigacional entre as partes
(Súmula 370). Esta pactuação extracartular, contudo, é ineficaz em relação à contagem do prazo de
apresentação e, por conseguinte, não tem o condão de operar o efeito de ampliar o prazo de apresentação
do cheque. Ex: João emitiu o cheque no dia 20/05 e o entregou a Pedro. No campo reservado para a data de
emissão, ele colocou 20/05 (dia atual). No entanto, no verso do cheque escreveu o seguinte: “bom para o dia
20/07” (que foi a data combinada para que Pedro sacasse o dinheiro). O termo inicial do prazo de apresentação
do cheque continua sendo o dia 20/05. STJ. 4ª Turma. REsp 1.124.709-TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em18/6/2013 (Info 528).
Possibilidade de protesto de cheque após o prazo de apresentação
Sempre será possível, no prazo para a execução cambial, o protesto cambiário de cheque com a indicação do
emitente como devedor. STJ. 2ª Seção. REsp 1.423.464-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/4/2016
(recurso repetitivo) (Info 584).

Termo inicial de correção monetária (vencimento) e juros de mora (primeira apresentação) em cobrança de
cheque
Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a correção monetária incide a partir da data
de emissão estampada na cártula, e os juros de mora a contar da primeira apresentação à instituição financeira
sacada ou câmara de compensação. STJ. 2ª Seção. REsp 1.556.834-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
22/6/2016 (recurso repetitivo) (Info 587).

Não é necessária prévia autorização do cônjuge para que a pessoa preste aval em títulos de créditos típicos
O aval dado aos títulos de créditos nominados (típicos) prescinde de outorga uxória ou marital. Exemplos de
títulos de créditos nominados: letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, cédulas e notas de crédito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.526.560-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 16/3/2017 (Info 604). STJ.
4ª Turma. REsp 1.633.399-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/11/2016.
O STJ afirmou que esse art. 1.647, III, do CC somente é aplicado para os títulos de créditos inominados,
considerando que eles são regidos pelo Código Civil.
Por outro lado, os títulos de créditos nominados (típicos), que são regidos por leis especiais, não precisam
obedecer essa regra do art. 1.647, III, do CC.

Protesto legítimo. Quitação da dívida. Ausência da entrega da carta de anuência. Dever de enviar o documento
hábil ao cancelamento do protesto. Imposição tácita ao credor. Impossibilidade.
Não há como impor tacitamente ao credor o dever de enviar, sem provocação, o documento hábil ao

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cancelamento do legítimo protesto. REsp 1.346.584-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado
em 09/10/2018, DJe 22/11/2018

Inoponibilidade de exceções pessoais à terceiros em execução de duplicata


A duplicata mercantil, apesar de causal no momento da emissão, com o aceite e a circulação adquire abstração e
autonomia, desvinculando-se do negócio jurídico subjacente, impedindo a oposição de exceções pessoais a
terceiros endossatários de boa-fé, como a ausência ou a interrupção da prestação de serviços ou a entrega das
mercadorias. EREsp 1.439.749-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, por unanimidade, julgado em 28/11/2018, DJe
06/12/2018

Propriedade industrial
Honorários sucumbenciais em desfavor do INPI somente se este
Em ação de nulidade de registro de marca a que o INPI não deu causa nem ofereceu resistência direta, não cabe
condenação do instituto em honorários advocatícios sucumbenciais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.378.699-PR, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 7/6/2016 (Info 585).
Na ação de nulidade de registro de marca em que o INPI foi indicado como réu ao lado de sociedade empresária
em virtude da concessão indevida do registro e do não processamento do procedimento administrativo para
anular o registro indevidamente concedido, o Instituto responde solidariamente pelos honorários advocatícios
sucumbenciais, ainda que tenha reconhecido a procedência do pedido formulado na Inicial. STJ. 3ª Turma. REsp
1.258.662-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 2/2/2016 (Info 576).

Termo inicial do prazo prescricional de ação de abstenção de uso de marca


A pretensão de abstenção de uso de marca nasce para seu titular com a violação do direito de utilização exclusiva.
No caso concreto, o titular da marca havia autorizado que terceiro a utilizasse até determinada data. A pretensão
inibitória nasceu a partir do momento em que este terceiro desrespeitou a data assinalada como termo final de
vigência da autorização. STJ. 3ª Turma. REsp 1.631.874-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2016 (Info
593).

Termo inicial do prazo prescricional para ação de abstenção de uso da marca


A pretensão de abstenção de uso de marca nasce para seu titular com a violação do direito de utilização exclusiva.
No caso concreto, o titular da marca havia autorizado que terceiro a utilizasse até determinada data. A
pretensão inibitória nasceu a partir do momento em que este terceiro desrespeitou a data assinalada como termo
final de vigência da autorização. STJ. 3ª Turma. REsp 1.631.874-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
25/10/2016 (Info 593).

O autor de projeto de obra faz jus à direito autoral na divulgação de seu projeto em propaganda comercial
O autor de projeto de obra arquitetônica, ainda que situada permanentemente em logradouros públicos,
integrando de modo indissociável o meio ambiente, a compor a paisagem como um todo, faz jus ao
ressarcimento por danos de ordem material e moral em virtude da representação por terceiros de sua obra, com
fins comerciais, sem a devida autorização e indicação de autoria, ainda que tenha havido aquiescência do
proprietário da obra. STJ. 3ª Turma. REsp 1.562.617-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/11/2016
(Info 594).

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A pessoa jurídica pode ser titular de direito autoral
Nos contratos sob encomenda de obras intelectuais, a pessoa jurídica que figura como encomendada na relação
contratual pode ser titular dos direitos autorais, conforme interpretação do art. 11, parágrafo único, da Lei nº
9.610/98. Assim, ocorrendo a utilização indevida da obra encomendada, sem a devida autorização, caberá à
pessoa jurídica contratada pleitear a reparação dos danos sofridos. STJ. 4ª Turma. REsp 1.473.392-SP, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 11/10/2016 (Info 594).

Propriedade industrial. Patentes. Falta de pagamento de retribuição anual. Obrigatoriedade de notificação do


arquivamento do pedido ou da extinção da patente. Restauração garantida pelo art. 87 da Lei n. 9.279/96 até
três meses contados da notificação.
A retribuição anual é devida a partir dohio início do terceiro ano do depósito e deve ser paga nos três primeiros
meses de cada período anual. Nesse contexto, a falta do pagamento da retribuição acarreta, como regra, o
arquivamento do pedido de patente, ou, caso já concedida, a sua extinção. Porém, a regra do art. 87 do referido
diploma legal prevê, como forma de preservar o direito do titular da patente, o instituto da restauração.
Estabelece o dispositivo aludido que, notificado do arquivamento do pedido ou da extinção da patente em razão
do não pagamento da retribuição anual, o depositante ou o titular pode, no prazo de três meses contados dessa
notificação, restaurar o pedido ou a patente, por meio do pagamento de retribuição específica. REsp 1.669.131-
RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em 27/6/2017, DJe 1/8/2017.

Propriedade industrial. Uso indevido de marca de empresa. Dano moral. Aferição in re ipsa
O dano moral por uso indevido da marca é aferível in re ipsa. REsp 1.327.773-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
por maioria, julgado em 28/11/2017, DJe 15/02/2018

Recuperação Judicial e Falência


Possibilidade de credor trabalhista requerer falência de devedor
A natureza trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência do devedor. Assim, o credor
trabalhista tem legitimidade ativa para ingressar com pedido de falência, considerando que o art. 97, IV, da
Lei nº 11.101/2005 não faz distinção entre credores. STJ. 3ª Turma. REsp 1.544.267-DF, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 23/8/2016 (Info 589).

Plano de recuperação judicial. Criação de subclasses. Possibilidade. Parâmetros objetivos. Credores com
interesses homogêneos.
É possível a criação de subclasses entre os credores da recuperação judicial, desde que estabelecido um critério
objetivo, justificado no plano de recuperação judicial, abrangendo credores com interesses homogêneos, ficando
vedada a anulação de direitos de eventuais credores isolados. REsp 1.634.844-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, por unanimidade, julgado em 12/03/2019, DJe 15/03/2019

Prosseguimento das ações executivas em face dos demais devedores ainda que concedida a recuperação judicial
Súmula 581-STJ: A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das ações e
execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial,
real ou fidejussória. STJ. 2ª Seção. Aprovada em 14/09/2016, DJe 19/09/2016 (Info 590).

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Vinculação de todos os credores à determinação de plano de recuperação judicial aprovado por maioria pela
assembleia geral de credores
Se, no âmbito de Assembleia Geral de Credores, a maioria deles - devidamente representados pelas respectivas
classes - optar, por meio de dispositivo expressamente consignado em plano de recuperação judicial, pela
supressão de todas as garantias fidejussórias e reais existentes em nome dos credores na data da aprovação
do plano, todos eles - inclusive os que não compareceram à Assembleia ou os que, ao comparecerem,
abstiveram-se ou votaram contrariamente à homologação do acordo - estarão indistintamente vinculados a
essa determinação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.532.943-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/9/2016
(Info 591).

Na hipótese de falência presumida, o autor do pedido de falência não precisa provar insolvência patrimonial
do devedor
O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou da insuficiência
patrimonial do devedor, bastando que a situação se enquadre em uma das hipóteses do art. 94 da Lei nº
11.101/2005. Assim, independentemente de indícios ou provas de insuficiência patrimonial, é possível a
decretação da quebra do devedor que não paga, sem relevante razão de direito, no vencimento, obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40
(quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005). STJ. 3ª Turma. REsp
1.532.154-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/10/2016 (Info 596).

O juízo da recuperação judicial é o competente para decidir sobre os bens da empresa devedora mesmo que
tramite em outro juízo execução cobrando crédito decorrente de relação de consumo
Depois de ter sido deferido o processamento da recuperação judicial, todas as ações e execuções contra o devedor
que está em recuperação judicial ficam suspensas, excetuadas as que demandarem quantia ilíquida (§ 1º do art.
6º da Lei nº 11.101/2005) e as execuções fiscais (§ 7º).
Além de as ações e execuções contra o devedor em recuperação ficarem suspensas, o destino do patrimônio da
sociedade em processo de recuperação judicial não poderá ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso
daquele onde tramita o processo de reerguimento, sob pena de violação ao princípio maior da preservação da
atividade empresarial.
Em outras palavras, qualquer decisão que afete os bens da empresa em recuperação deverá ser tomada pelo juízo
onde tramita a recuperação.
O juízo onde tramita o processo de recuperação judicial é o competente para decidir sobre o destino dos bens e
valores objeto de execuções singulares movidas contra a recuperanda, ainda que se trate de crédito decorrente
de relação de consumo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.630.702-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 2/02/2017 (Info
598).

O crédito trabalhista decorrente de serviço prestado pelo empregado antes da recuperação judicial a ela estará
sujeito
A consolidação do crédito trabalhista (ainda que inexigível e ilíquido) não depende de provimento judicial que o
declare — e muito menos do transcurso de seu trânsito em julgado —, para efeito de sua sujeição aos efeitos da
recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.046-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 25/4/2017 (Info 604).

95
Em outras palavras, se as verbas trabalhistas estão relacionadas com serviços prestados pelo empregado em
momento anterior ao pedido de recuperação judicial, tais verbas também estarão sujeitas a esse procedimento,
mesmo que a sentença trabalhista tenha sido prolatada somente depois do deferimento da recuperação.

Os bondholders podem votar no plano de recuperação da empresa


Os bondholders – detentores de títulos de dívida emitidos por sociedades em recuperação judicial e
representados por agente fiduciário – têm assegurados o direito de voto nas deliberações sobre o plano de
soerguimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.670.096-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/6/2017 (Info 607).

A extinção das obrigações do falido não depende da quitação dos tributos


Nos processos de falência ajuizados anteriormente à vigência da Lei nº 11.101/2005, a decretação da extinção
das obrigações do falido prescinde da apresentação de prova da quitação de tributos. STJ. 3ª Turma. REsp
1.426.422-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/3/2017 (Info 601).
Existe divergência se, na vigência da Lei nº 11.101/2005, a quitação dos tributos é condição para a extinção das
obrigações do falido. A Min. Nancy Andrighi sustenta que sim. Em provas objetivas, fique atento porque pode ser
cobrada a redação literal do art. 191 do CTN, devendo essa alternativa ser assinalada como correta: “Art. 191. A
extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos.

A extinção das obrigações do falido não aproveita os codevedores


A extinção das obrigações do falido, em decorrência da aplicação do art. 135, III, do Decreto-Lei nº 7.661/45 (art.
158, III, da Lei nº 11.101/2005), não extingue nem impede o prosseguimento de execução ajuizada contra avalista
e devedor solidário. STJ. 4ª Turma. REsp 1.104.632-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/4/2017 (Info 605).

Se o locatário foi à falência, mas não houve denúncia do contrato de locação, o fiador permanece vinculado à
obrigação
A decretação de falência do locatário, sem a denúncia da locação, nos termos do art. 119, VII, da Lei nº
11.101/2005, não altera a responsabilidade dos fiadores junto ao locador. STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.048-MG, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/3/2017 (Info 602).
Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras:
VII – a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do locatário, o administrador judicial
pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato;

Homologação de sentença estrangeira. Natureza constitutiva. Recuperação judicial. Inexistência de


incompatibilidade. Não incidência do art. 6º da Lei n. 11.101/2005.
A homologação judicial de sentença estrangeira é pressuposto lógico de sua execução, não se confundindo, por
óbvio, com o próprio feito executivo, o qual será instalado posteriormente - se for o caso -, e em conformidade
com a legislação pátria. Nessa linha de intelecção, não há falar na incidência do art. 6º, § 4º, da Lei de Quebras
como óbice à homologação de sentença arbitral internacional, uma vez que se está em fase antecedente, apenas
emprestando eficácia jurídica a esse provimento, a partir do que caberá ao Juízo da execução decidir o
procedimento a ser adotado. SEC 14.408-EX, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
21/6/2017, DJe 31/8/2017.

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Recuperação judicial. Habilitação de crédito. Atualização. Tratamento igualitário. Novação. Juros e correção.
Data do pedido da recuperação.
Não ofende a coisa julgada, a decisão de habilitação de crédito que limita a incidência de juros de mora e correção
monetária, delineados em sentença condenatória de reparação civil, até a data do pedido de recuperação judicial.
REsp 1.662.793-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 8/8/2017, DJe 14/8/2017.

Falência. Cálculo de juros e correção monetária em habilitação de crédito. Decretação da quebra. Efeitos
materiais que incidem desde a prolação da sentença independentemente da publicação.
No processo de falência, a incidência de juros e correção monetária sobre os créditos habilitados deve ocorrer
até a decretação da quebra, entendida como a data da prolação da sentença e não sua publicação. REsp
1.660.198-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 3/8/2017, DJe 10/8/2017.

Ação de usucapião. Efeitos da decretação da falência. Patrimônio afetado como um todo. Usucapião.
Interrupção da prescrição aquisitiva. Massa falida objetiva. Art. 47 do DL n. 7.661/45. Inaplicabilidade.
A doutrina menciona a constrição geral do patrimônio do falido como um ato de penhoramento abstrato
decorrente da decretação da falência.
Isso quer dizer que o Estado, sem necessidade do ato material, retira a posse e preestabelece outros efeitos
jurídicos no tocante à extensão objetiva do concurso de credores. Nesse contexto, o bem imóvel, ocupado por
quem tem expectativa de adquiri-lo por meio da usucapião, passa a compor um só patrimônio afetado na
decretação da falência, correspondente à massa falida objetiva.
Assim, o curso da prescrição aquisitiva da propriedade de bem que compõe a massa falida é interrompido com a
decretação da falência, pois o possuidor (seja ele o falido ou terceiros) perde a posse pela incursão do Estado na
sua esfera jurídica.. REsp 1.680.357-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 10/10/2017, DJe
16/10/2017

Recuperação judicial. Suspensão do processo até o trânsito em julgado da ação de soerguimento. Não
cabimento. Razoabilidade não verificada. Ofensa ao princípio da preservação da empresa. Inocorrência.
Ação de compensação por danos morais movida contra empresa em recuperação judicial não deve permanecer
suspensa até o trânsito em julgado da decisão final proferida no processo de soerguimento. REsp 1.710.750-DF,
Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 15/05/2018, DJe 18/05/2018

Sociedade empresária em recuperação judicial. Participação em licitação. Possibilidade. Certidão de


concordata. Previsão na Lei n. 8.666/1993. Interpretação extensiva. Descabimento. Aptidão econômico-
financeira. Comprovação. Necessidade.
Sociedade empresária em recuperação judicial pode participar de licitação, desde que demonstre, na fase de
habilitação, a sua viabilidade econômica. AREsp 309.867-ES, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado
em 26/06/2018, DJe 08/08/2018

Recuperação Judicial. Relação de Créditos. Edital. Publicação na imprensa oficial. Obrigatoriedade. Art. 191 da
Lei n. 11.101/2005.
É imprescindível a publicação na imprensa oficial do edital previsto no art. 7º, § 2º, da Lei n. 11.101/2005. REsp
1.758.777-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 11/09/2018, DJe 13/09/2018

Falência e recuperação judicial. Sistema recursal. Decisão interlocutória. Ausência de previsão específica na Lei
n. 11.101/2005 (LREF). Agravo de instrumento. Cabimento. Art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015.
Interpretação extensiva.
É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões interlocutórias em processo falimentar e

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recuperacional, ainda que não haja previsão específica de recurso na Lei n. 11.101/2005 REsp 1.722.866-MT, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 25/09/2018, DJe 19/10/2018

Inadimplemento de títulos de créditos. Pedido de falência. Art. 94, I da Lei n. 11.101/2005. Contrato com
cláusula compromissória. Instauração prévia do juízo arbitral. Desnecessidade.
A existência de cláusula compromissória não afeta a executividade do título de crédito inadimplido e não impede
a deflagração do procedimento falimentar, fundamentado no art. 94, I, da Lei n. 11.101/2005. REsp 1.733.685-SP,
Rel. Min. Raul Araújo, por unanimidade, julgado em 06/11/2018, DJe 12/11/2018

Possibilidade de celebração de contrato de factoring por empressa em recuperação judicial


Empresas em processo de recuperação judicial podem celebrar contratos de factoring sem prévia autorização
judicial. REsp 1.783.068-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 05/02/2019, DJe 08/02/2019

Honorários do administrador judicial. Reserva de 40%. Art. 24, § 2º, da Lei n. 11.101/2005. Inaplicabilidade no
âmbito dos processos de recuperação judicial.
A reserva de 40% dos honorários do administrador judicial, prevista no art. 24, § 2º, da Lei n. 11.101/2005, não
se aplica no âmbito da recuperação judicial. REsp 1.700.700-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade,
julgado em 05/02/2019, DJe 08/02/2019

Recuperação judicial. Classificação de créditos. Pensionamento decorrente de acidente de trânsito.


Incapacidade definitiva para o trabalho. Natureza Alimentar. Equiparação a crédito derivado da legislação
trabalhista
O pensionamento fixado em sentença judicial, decorrente de ação de indenização por acidente de trânsito, pode
ser equiparado ao crédito derivado da legislação trabalhista para fins de inclusão no quadro geral de credores de
sociedade em recuperação judicial. REsp 1.799.041-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
02/04/2019, DJe 04/04/2019

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Arbitragem
A competência para declarar nulidade de cláusula de compromisso arbitral é do próprio arbitro, salvo manifesta
ilegalidade
Na hipótese de compromissos arbitrais patológicos, o Poder Judiciário pode, nos casos em que prima facie é
identificado um compromisso arbitral claramente ilegal, declarar a nulidade dessa cláusula, independentemente
do estado em que se encontre o procedimento arbitral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.076-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info 591).

O STJ não irá homologar a sentença arbitral estrangeira se constatar que o árbitro que participou do
procedimento não gozava de imparcialidade
A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa direta
à ordem pública nacional, independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema. STJ.
Corte Especial. SEC 9.412-EX, Rel. Min. Felix Fischer, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em
19/4/2017 (Info 605).

Possibilidade de cláusula compromissória no contrato de franquia


A franquia não é um contrato de consumo (regido pelo CDC), mas, mesmo assim, é um contrato de adesão.
Segundo o art. 4º, § 2º da Lei nº 9.307/96, nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se
o aderente:
• tomar a iniciativa de instituir a arbitragem; ou
• concordar, expressamente, com a sua instituição, por escrito, em documento anexo ou em
negrito, com aassinatura ou visto especialmente para essa cláusula.
Todos os contratos de adesão, mesmo aqueles que não consubstanciam relações de consumo, como os contratos
de franquia, devem observar o disposto no art. 4º, § 2º, da Lei nº 9.307/96. Assim, é possível a instituição de
cláusula compromissória em contrato de franquia, desde que observados os requisitos do art. 4º, § 2º, da Lei nº
9.307/96. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.076- SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info 591).

Cláusula compromissória. Competência. Juízo arbitral. Aplicação do princípio kompetenz-kompetenz.


Afastamento do juízo estatal.
A previsão contratual de convenção de arbitragem enseja o reconhecimento da competência do Juízo arbitral
para decidir com primazia sobre o Poder Judiciário as questões acerca da existência, validade e eficácia da
convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória. REsp 1.550.260-RS, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por maioria, julgado em 12/12/2017, DJe
20/03/2018.

Competência
Competência para julgar causas envolvendo a OAB
Compete à justiça federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), quer mediante
o conselho federal, quer seccional, figure na relação processual. STF. Plenário. RE 595332/PR, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 31/8/2016 (repercussão geral) (Info 837).

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Obrigatoriedade de remessa dos autos ao juízo competente, ainda que se trate de processo eletrônico
Se o juízo reconhece a sua incompetência absoluta para conhecer da causa, ele deverá determinar a remessa
dos autos ao juízo competente e não extinguir o processo sem exame do mérito.
O argumento de impossibilidade técnica do Poder Judiciário em remeter os autos para o juízo competente, ante as
dificuldades inerentes ao processamento eletrônico, não pode ser utilizado para prejudicar o jurisdicionado,
sob pena de configurar-se indevido obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional.
Assim, implica indevido obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional a decisão que, após o reconhecimento da
incompetência absoluta do juízo, em vez de determinar a remessa dos autos ao juízo competente, extingue o
feito sem exame do mérito, sob o argumento de impossibilidade técnica do Judiciário em remeter os autos
para o órgão julgador competente, ante as dificuldades inerentes ao processamento eletrônico. STJ. 2ª Turma.
REsp 1.526.914-PE, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em
21/6/2016 (Info 586).

Competência para julgar ação ordinária contra o CNJ e mitigação da interpretação restritiva do art. 102, I, “r”,
da CF/88
De quem é a competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP:
• Ações ordinárias: Juiz federal (1ª instância)
• Ações tipicamente constitucionais (MS, MI, HC e HD): STF.
No entanto, houve um caso concreto no qual o STF conheceu e julgou uma ação ordinária proposta por sindicato
de servidores públicos contra uma decisão do CNJ. Foram invocados dois argumentos para fixar a competência
no STF:
1) O caso concreto discutia os poderes do CNJ para afastar lei inconstitucional. Se o STF não julgasse a causa, isso
significaria conferir à Justiça Federal de 1ª instância a possibilidade de definir os poderes atribuídos ao CNJ para
o cumprimento de sua missão, subvertendo, assim, a relação hierárquica constitucionalmente estabelecida.
2) Além da ação ordinária proposta pelo Sindicato, diversos servidores impetraram mandados de segurança
contra a decisão do CNJ. Assim, mesmo que a ação ordinária fosse remetida para a Justiça Federal de 1ª instância,
continuariam no STF os mandados de segurança individuais.
Desse modo, o mais recomendável seria a reunião dessas ações a fim de garantir, com a tramitação e o julgamento
conjuntos, a prolação de decisões harmônicas sobre a legitimidade da situação jurídica afetada pelo CNJ.
Obs: em concursos públicos, é provável que seja indagada apenas a regra geral considerando que este julgado foi
muito específico e baseado no caso concreto; contudo, é importante que você conheça a existência deste
precedente para a eventualidade de ele ser cobrado; vale ressaltar que você somente deverá adotar o
entendimento excepcional se isso for expressamente perguntado. STF. Plenário. Pet 4656/PB, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 19/12/2016 (Info 851).

É de competência do domicílio do réu a ação pretendendo declarar a violação de direito autoral e cobrar
indenização decorrente deste fato
O pedido cumulado de indenização, quando mediato e dependente do reconhecimento do pedido antecedente
de declaração da autoria da obra, não afasta a regra geral de competência do foro do domicílio do réu.
A análise do pedido de reparação de danos pressupõe o anterior acolhimento do pedido declaratório de
reconhecimento de autoria da obra. Este é o objeto principal da lide. Em outras palavras, não se pode condenar
o réu a indenizar o autor por violação a direito autoral se, antes, não for demonstrado que o requerente é o

100
verdadeiro autor da obra. Nesse contexto, a competência deve ser definida levando-se em conta o pedido
principal, de índole declaratória, de modo que deve incidir a regra geral do art. 46 do CPC. STJ. 2ª Seção. REsp
1.138.522-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 8/2/2017 (Info 599).

É de competência da Justiça Estadual a ação de restituição de indébito proposta pelo usuário contra a
concessionária de energia elétrica
Não há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica – para figurar como ré ou
assistente simples de ação de repetição de indébito relativa a valores cobrados por força de contrato de
fornecimento de energia elétrica celebrado entre usuário do serviço e concessionária do serviço público. Em razão
disso, essa ação é de competência da Justiça Estadual. STJ. 1ª Seção. REsp 1.389.750-RS, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 14/12/2016 (recurso repetitivo) (Info 601)

STF não é competente para julgar ação proposta por juiz federal pleiteando licença-prêmio
O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou
indiretamente interessados é de competência originária do STF.
Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será da competência originária do STF se a matéria discutida, além de
ser do interesse de todos os membros da magistratura, for também do interesse de outras carreiras de servidores
públicos.
Além disso, para incidir o dispositivo, o texto constitucional preconiza que a matéria discutida deverá interessar
a todos os membros da magistratura e não apenas a parte dela.
Com base nesses argumentos, o STF decidiu que não é competente para julgar originariamente ação intentada
por juiz federal postulando a percepção de licença-prêmio com fundamento na simetria existente entre a
magistratura e o Ministério Público. STF. 2ª Turma. AO 2126/PR, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min.
Edson Fachin, julgado em 21/2/2017 (Info 855).

Não compete ao STF julgar execução individual de sentença coletiva mesmo que tenha julgado a lide que
originou o cumprimento de sentença
Não compete originariamente ao STF processar e julgar execução individual
de sentenças genéricas de perfil coletivo, inclusive aquelas proferidas em sede mandamental. Tal atribuição cabe
aos órgãos judiciários competentes de primeira instância. STF. 2ª Turma. PET 6076 QO /DF, rel. Min. Diás Toffoli,
julgado em 25/4/2017 (Info 862).

Não se aplica a regra do art. 53, V, do CPC para a ação de indenização proposta pela seguradora em caso de
acidente de veículo envolvendo o locatário
A competência para julgar ação de reparação de dano sofrido em razão de acidente de veículos é do foro do
domicílio do autor ou do local do fato (art. 53, V, do CPC/2015), salvo em relação a pessoa jurídica locadora de
frota de veículos, em ação de reparação dos danos advindos de acidente de trânsito com o envolvimento do
locatário. STJ. 4ª Turma. STJ. 4ª Turma. EDcl no AgRg no Ag 1.366.967-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para
acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 27/4/2017 (Info 604).

Demanda cível contra massa falida. Pedidos ilíquidos. Pessoa jurídica de direito público. Litisconsórcio passivo.
Art. 6º, § 1º, da Lei n. 11.101/2005. Incidência. Juízo Cível para o exame da ação de conhecimento. Competência.

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A competência para processar e julgar demandas cíveis com pedidos ilíquidos contra massa falida, quando em
litisconsórcio passivo com pessoa jurídica de direito público, é do juízo cível no qual for proposta a ação de
conhecimento, competente para julgar ações contra a Fazenda Pública, de acordo as respectivas normas de
organização judiciária. Rel. Min. Og Fernandes, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 13/12/2017, DJe
19/12/2017. (Tema 976).

Plano de saúde coletivo. Entidade de autogestão. Ex-empregado aposentado. Manutenção no plano original.
Autonomia da saúde suplementar. Não integração no contrato de trabalho. Término da relação de emprego.
Caráter cível da lide. Competência. Justiça Comum Estadual.
Compete à Justiça Comum Estadual o exame e o julgamento de feito que discute direitos de ex-empregado
aposentado ou demitido sem justa causa de permanecer em plano de saúde coletivo oferecido pela própria
empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na modalidade de autogestão. REsp 1.695.986-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 27/02/2018, DJe 06/03/2018

Competência. Plano de saúde coletivo. Entidade de autogestão vinculada ao empregador. Manutenção do ex-
empregado. Natureza predominantemente civil do litígio. Justiça Comum Estadual.
Compete à Justiça Comum Estadual o julgamento de demanda com natureza predominantemente civil entre ex-
empregado aposentado ou demitido sem justa causa e operadoras de plano de saúde na modalidade autogestão
vinculadas ao empregador. CC 157.664-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 23/05/2018,
DJe 25/05/2018

Competência. Juizado Especial Cível. Ação de cobrança. Associação de moradores de loteamento urbano. Taxas
de manutenção de áreas comuns. Morador não associado.
O Juizado Especial Cível é competente para o processamento e o julgamento de ação proposta por associação de
moradores visando à cobrança de taxas de manutenção de loteamento em face de morador não associado. RMS
53.602-AL, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 05/06/2018, DJe 07/06/2018

Ação de indenização por danos morais. Partida de futebol. Agressões físicas e verbais. Responsabilidade civil
configurada. Competência da Justiça Comum. Punição aplicada também na esfera da Justiça Desportiva.
Irrelevância.
Agressões físicas e verbais perpetradas por jogador profissional contra árbitro de futebol, na ocasião de disputa
de partida de futebol, constituem ato ilícito indenizável na Justiça Comum, independentemente de eventual
punição aplicada na esfera da Justiça Desportiva. REsp 1.762.786-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por
maioria, julgado em 23/10/2018, DJe 26/10/2018

Legitimidade
Factoring. Compra e venda em prestações. Cessão do contrato. Anuência do devedor. Legitimidade passiva da
cessionária.
A empresa de factoring, que figura como cessionária dos direitos e obrigações estabelecidos em contrato de
compra e venda em prestações, de cuja cessão foi regularmente cientificado o devedor, tem legitimidade para
figurar no polo passivo de demandas que visem a revisão das condições contratuais. REsp 1.343.313-SC, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Antônio Carlos Ferreira, por maioria, julgado em 1/6/2017, DJe
1/8/2017.

Réu citado por edital. Revelia. Nomeação de curador especial. Legitimidade ativa para reconvir.

102
O curador especial tem legitimidade para propor reconvenção em favor de réu revel citado por edital. REsp
1.088.068-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, por unanimidade, julgado em 29/08/2017, DJe 09/10/2017

Ação de obrigação de fazer. Condições da ação. Teoria da asserção. Plano de saúde coletivo. Rescisão unilateral.
Destinatário final do serviço. Legitimidade ativa.
O beneficiário de plano de saúde coletivo por adesão possui legitimidade ativa para se insurgir contra rescisão
contratual unilateral realizada pela operadora. REsp 1.705.311-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade,
julgado em 09/11/2017, DJe 17/11/2017

Ação de cobrança. Distribuição de lucro. Sociedade empresária limitada. Ilegitimidade passiva do sócio não
configurada. Citação da sociedade. Desnecessidade.
Na ação de cobrança, é desnecessária, nos termos do art. 601, parágrafo único, CPC, a citação da sociedade
empresária se todos os que participam do quadro social integram a lide. REsp 1.731.464-SP, Rel. Min. Moura
Ribeiro, por unanimidade, julgado em 25/09/2018, DJe 01/10/2018

Legitimidade da instituição financeira para ajuizar ação consignatório por erro bancário
A instituição financeira possui legitimidade para ajuizar ação de consignação em pagamento visando quitar débito
de cliente decorrente de título de crédito protestado por falha no serviço bancário. REsp 1.318.747-SP, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 04/10/2018, DJe 31/10/2018

Ação de prestação de contas e administradora de consórcio


É cabível a propositura de ação de prestação de contas para apuração de eventual saldo, e sua posterior execução,
decorrente de contrato relacional firmado entre administradora de consórcios e empresa responsável pela oferta
das quotas consorciais a consumidores. REsp 1.676.623-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade,
julgado em 23/10/2018, DJe 26/10/2018

Justiça Gratuita
Possibilidade de concessão de justiça gratuita ao contratante de serviços advocatícios ad exitum (quota litis)
É possível o deferimento de assistência judiciária gratuita a jurisdicionado que tenha firmado com seu advogado
contrato de honorários com cláusula ad exitum . STJ. 2ª Turma. REsp 1.504.432-RJ, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 13/9/2016 (Info 590).

O art. 12, § 2º do Estatuto da Cidade estabelece uma presunção relativa de que o autor da ação de usucapião
especial urbana é hipossuficiente
O art. 12, § 2º, da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) estabelece uma presunção relativa de que o autor da
ação de usucapião especial urbana é hipossuficiente. Isso significa que essa presunção pode ser ilidida (refutada)
a partir da comprovação inequívoca de que o autor não é considerado "necessitado". STJ. 3ª Turma. REsp
1.517.822-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/2/2017 (Info 599).

Benefício de gratuidade de justiça. Estrangeiro não residente no território nacional. Art. 2º da Lei n. 1.060/1950.
Revogado pelo CPC/2015.
A gratuidade da justiça passou a poder ser concedida a estrangeiro não residente no Brasil após a entrada em
vigor do CPC/2015. Pet 9.815-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 29/11/2017, DJe
15/03/2018

Pedido de gratuidade da justiça. Indeferimento. Preparo. Prévia intimação. Necessidade.

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O interessado deverá ser intimado para a realização do preparo recursal nas hipóteses de indeferimento ou de
não processamento do pedido de gratuidade da justiça. EAREsp 42.240-MG, Rel. Min. Herman Benjamin,
por unanimidade, julgado em 19/09/2018, DJe 27/02/2019

Honorários advocatícios
Honorários advocatícios contratuais. Cláusula quota litis. Cessão de crédito a terceiro. Percentual sobre o valor
apurado em liquidação de sentença. Não cabimento. Cálculo sobre a vantagem econômica efetivamente
auferida.
Os honorários advocatícios contratuais que adotarem a quota litis devem ser calculados com base na quantia
efetivamente recebida pelo cliente, em razão da cessão de seu crédito a terceiro, e não pelo valor apurado na
liquidação da sentença. REsp 1.354.338-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo,
Quarta Turma, por maioria, julgado em 19/03/2019, DJe 24/05/2019

Natureza jurídica híbrida, processual e material. Direito intertemporal. Prolação da sentença. Marco temporal
para a incidência do CPC/2015
A sentença, como ato processual que qualifica o nascedouro do direito à percepção dos honorários advocatícios,
deve ser considerada o marco temporal para a aplicação das regras fixadas pelo CPC/2015. EAREsp 1.255.986-PR,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 20/03/2019, DJe 06/05/2019

Advogado deve receber seus honorários calculados sobre o total do precatório, antes de ser realizada eventual
compensação de crédito
O advogado deve receber os honorários contratuais calculados sobre o valor global do precatório decorrente da
condenação da União ao pagamento a Município da complementação de repasses ao Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), e não sobre o montante que
venha a sobrar após eventual compensação de crédito de que seja titular o Fisco federal. STJ. 1ª Turma. REsp
1.516.636-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 11/10/2016 (Info 597).

Honorários com cláusula ad exitum e renúncia do advogado antes do fim da demanda


Nos contratos em que estipulado o êxito como condição remuneratória dos serviços advocatícios prestados, a
renúncia do patrono originário, antes do julgamento definitivo da causa, não lhe confere o direito imediato ao
arbitramento de verba honorária proporcional ao trabalho realizado, sendo necessário aguardar o desfecho
processual positivo para a apuração da quantia devida. STJ. 4ª Turma. REsp 1.337.749-MS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 14/2/2017 (Info 601).

Fixação de honorários recursais mesmo quando não há a apresentação de contrarrazões ou contraminuta


É cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/2015, mesmo quando não
apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado. STF. Plenário. AO 2063 AgR/CE , rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 18/5/2017 (Info 865).

Para que a cessão do precatório seja válida, é necessário que o crédito cedido esteja expressamente consignado
no precatório
O cessionário de honorários advocatícios tem legitimidade para se habilitar no crédito consignado em precatório
desde que comprovada a validade do ato de cessão por escritura pública e seja discriminado o valor devido a

104
título de verba honorária no próprio requisitório, não preenchendo esse último requisito a simples apresentação
de planilha de cálculo final elaborada pelo Tribunal de Justiça. STJ. Corte Especial. EREsp 1.127.228-RS, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 21/6/2017 (Info 607).

Honorários advocatícios. CPC/73. Astreintes. Valores afastados da base de cálculo. Meio coercitivo. Ausência
de caráter condenatório. Inexistência de coisa julgada material
O valor da multa cominatória (astreintes) não integra a base de cálculo da verba honorária disciplinada pelo
CPC/1973. Ademais, a decisão que arbitra astreintes não faz coisa julgada material, podendo, por isso mesmo, ser
modificada, a requerimento da parte ou de ofício, seja para aumentar ou diminuir o valor da multa ou, ainda, para
suprimi-la. Deste modo, as astreintes, sendo apenas um mecanismo coercitivo posto à disposição do Estado-Juiz
para fazer cumprir as suas decisões, não ostentam caráter condenatório, tampouco transitam em julgado, o que
as afastam da base de cálculo dos honorários advocatícios. REsp 1.367.212-RR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
por unanimidade, julgado em 20/6/2017, DJe 1/8/2017.

Honorários advocatícios de sucumbência. Direito intertemporal. Regime jurídico aplicável. Sentença proferida
na vigência do CPC/2015. Aplicabilidade do art. 85 da novel legislação. Arbitramento pelo STJ. Supressão de
instância.
Configura supressão de grau de jurisdição o arbitramento no STJ de honorários de sucumbência com base no
CPC/2015, na hipótese em que as instâncias ordinárias utilizaram equivocadamente o CPC/1973 para a sua
fixação.
Sendo assim, o arbitramento dos honorários advocatícios com base em normatização errônea (CPC/73), resulta
na devolução dos autos ao Tribunal de origem para que proceda a novo julgamento do recurso e analise a verba
honorária de sucumbência à luz do novo estatuto de processo civil. REsp 1.647.246-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, Rel. Acd. Min. Regina Helena Costa, por maioria, julgado em 21/11/2017, DJe 19/12/2017

Impossibilidade de fracionamento de honorários advocatícios


O Plenário do STF decidiu que a execução dos honorários advocatícios deve ser realizada de forma uma e indivisa.
O fato de o patrono ter atuado em causa plúrima não torna plúrimo também o seu crédito. A verba advocatícia é
única, visto ser calculada sobre o montante total devido, ainda que esse consista na soma de vários créditos
unitários. Como se trata de credor e devedor único, não há como parcelar o débito, sob pena de gerar
desequilíbrio e frustração do que está determinado no art. 100 da Constituição Federal, prejudicando-se a
Fazenda.
A verba honorária goza de autonomia em relação ao crédito principal, podendo ser destacada do montante da
execução. Assim, o fracionamento dessa parcela caracteriza, indubitavelmente, hipótese vedada pelo art. 100, §
8º, da CRFB. Essa mesma conclusão foi adotada pela Segunda Turma deste Tribunal no julgamento do RE 949.383.
O argumento de que o litisconsórcio facultativo simples representa, na verdade, várias causas cumuladas não
pode ser utilizado para justificar a legitimidade do fracionamento da execução dos honorários advocatícios
sucumbenciais se a condenação à verba honorária, no título executivo, tiver sido global, ou seja, tiver buscado
remunerar o trabalho conjunto prestado pelo causídico aos litisconsortes. RE 919269 ED-EDv/RS, rel. Min. Dias
Toffoli, julgamento em 7.2.2019. (RE-919269), ARE 930251 AgR-ED-EDv/RS, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em
7.2.2019. (RE-930251), ARE 797499 AgR-EDv/RS, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 7.2.2019. (ARE-797499) e
RE 919793 AgR-ED-EDv/RS, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 7.2.2019. (RE-919793)

Cumprimento de sentença. Ação coletiva contra a Fazenda Pública. Ausência de Impugnação. Honorários

105
advocatícios. Cabimento. CPC/2015. Mudança no ordenamento jurídico. Entendimento consolidado. Súmula n.
345/STJ. Incidência. Tema 973.
O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não afasta a aplicação do entendimento consolidado na Súmula 345 do STJ, de modo
que são devidos honorários advocatícios nos procedimentos individuais de cumprimento de sentença decorrente
de ação coletiva, ainda que não impugnados e promovidos em litisconsórcio. REsp 1.648.238-RS, Rel. Min. Gurgel
de Faria, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 20/06/2018, DJe 27/06/2018 (Tema 973)

A multa prevista no art. 523, §1º, CPC não incide no cálculo dos honorários advocatícios
A multa de 10% (dez por cento) prevista pelo art. 523, § 1º, do CPC/2015 não integra a base de cálculo dos
honorários advocatícios. REsp 1.757.033-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em
09/10/2018, DJe 15/10/2018

Possibilidade de fixação de honorários advocatícios na hipótese de indeferimento da petição inicial


Em caso de indeferimento da petição inicial seguida de interposição de apelação e a integração do executado à
relação processual, mediante a constituição de advogado e apresentação de contrarrazões, uma vez confirmada
a sentença extintiva do processo, é cabível o arbitramento de honorários em prol do advogado do vencedor (CPC,
art. 85, § 2º). REsp 1.753.990-DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, por maioria, julgado em 09/10/2018, DJe
11/12/2018

Honorários advocatícios. Juízo de equidade. Regra subsidiária (art. 85, § 8º, do CPC/2015). Esgotamento da
regra geral (art. 85, § 2º, do CPC/2015). Obrigatoriedade.
O juízo de equidade na fixação dos honorários advocatícios somente pode ser utilizado de forma subsidiária,
quando não presente qualquer hipótese prevista no § 2º do art. 85 do CPC. REsp 1.746.072-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, por unanimidade, julgado em 13/02/2019, DJe 29/03/2019

Honorários periciais
Mesmo que o dispositivo da sentença mencione apenas a condenação em custas processuais, é possível incluir
a cobrança dos honorários periciais
É adequada a inclusão dos honorários periciais em conta de liquidação mesmo quando o dispositivo de sentença
com trânsito em julgado condena o vencido, genericamente, ao pagamento de custas processuais. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.558.185-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 2/2/2017 (Info 598).

Cumprimento de sentença. Condenação genérica ao pagamento de custas processuais. Honorários periciais.


Inclusão. Art. 20, § 2º, do CPC/1973.
É adequada a inclusão dos honorários periciais em conta de liquidação quando o dispositivo da sentença com
trânsito em julgado condena o vencido, genericamente, ao pagamento de custas processuais EREsp 1.519.445-RJ,
Rel. Min. Og Fernandes, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, por maioria, julgado em 19/09/2018, DJe 10/10/2018.

Honorários sucumbenciais
Ônus da sucumbência em caso de sentença de extinção do processo sem resolução do mérito
Nas hipóteses de extinção do processo sem resolução de mérito provocada pela perda do objeto da ação em
razão de ato de terceiro e sem que exista a possibilidade de se saber qual dos litigantes seria sucumbente se o
mérito da ação fosse julgado, o pagamento das custas e dos honorários advocatícios deve ser rateado entre as
partes. STJ. 3ª Turma. REsp 1.641.160-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/3/2017 (Info 600).

106
Fracionamento de honorários advocatícios: impossibilidade
O Colegiado ressaltou que, apesar de a possibilidade de execução autônoma dos honorários ser ponto pacífico,
eles não se confundem com o crédito dos patrocinados. Salientou que, no caso, inexiste a pluralidade de autores
titulares de crédito e, por conseguinte, o litisconsórcio. A quantia devida a título de honorários advocatícios é
única, e, por se tratar de um único processo, calculada sobre o montante total devido. Por essa razão, o fato de o
advogado ter atuado em causa plúrima não torna plúrimo também o seu crédito à verba advocatícia.
Asseverou que o argumento de que o litisconsórcio facultativo simples representa, na verdade, várias causas
cumuladas não pode ser utilizado para justificar a legitimidade do fracionamento da execuçãodos honorários
advocatícios sucumbenciais. A Turma assentou que a condenação à verba honorária no título executivo foi global,
ou seja, buscou remunerar o trabalho conjunto prestado pelo causídico.
Vencido o ministro Edson Fachin (relator), que desproveu o agravo por entender possível a execução fracionada
dos honorários advocatícios. RE 1038035 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli,
julgamento em 7.11.2017. (RE-1038035)

Em caso de sucumbência de só uma das partes não incide prazo em dobro


É inaplicável a contagem do prazo recursal em dobro quando apenas um dos litisconsortes com procuradores
distintos sucumbe em processo com autos físicos na vigência do CPC/2015. REsp 1.709.562-RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, por unanimidade, julgado em 16/10/2018, DJe 18/10/2018

Astreintes
É possível que as astreintes sejam alteradas de ofício no recurso, no entanto, para isso, é indispensável que o
recurso tenha sido conhecido
O valor das astreintes não pode ser reduzido de ofício em segunda instância quando a questão é suscitada em
recurso de apelação não conhecido. STJ. 3ª Turma. REsp 1.508.929-RN, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
7/3/2017 (Info 600).

É possível a imposição de astreintes contra a Fazenda Pública para fornecimento de medicamento


É permitida a imposição de multa diária (astreintes) a ente público para compeli-lo a fornecer medicamento a
pessoa desprovida de recursos financeiros. STJ. 1ª Seção. REsp 1.474.665-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 26/4/2017 (recurso repetitivo) (Info 606).

Multa compensatória e possível cobrança por descumprimento em demanda anterior


É cabível o pedido de indenização por danos morais em razão de descumprimento de ordem judicial em demanda
pretérita envolvendo as mesmas partes, na qual foi fixada multa cominatória REsp 1.689.074-RS, Rel. Min. Moura
Ribeiro, por unanimidade, julgado em 16/10/2018, DJe 18/10/2018. REsp 1.709.562-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi,
por unanimidade, julgado em 16/10/2018, DJe 18/10/2018

Obrigação de fazer. Descumprimento. Multa diária. Súmula 410/STJ. Prévia intimação pessoal do executado
depois da edição das Leis n. 11.232/2005 e 11.382/2006. Necessidade.
É necessária a prévia intimação pessoal do devedor para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação
de fazer ou não fazer antes e após a edição das Leis n. 11.232/2005 e 11.382/2006, nos termos da Súmula n. 410

107
do STJ. EREsp 1.360.577-MG, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado
em 19/12/2018, DJe 07/03/2019

Intervenção de terceiros
Mesmo apresentada fora do prazo, a denunciação da lide feita pelo réu pode ser admitida se o denunciado
comparece apenas para contestar o pedido do autor
Não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses em que o denunciado
contesta apenas a pretensão de mérito da demanda principal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.108-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 606).

Usucapião extraordinária. Intervenção de terceiros. Oposição. Não cabimento.


Não cabe intervenção de terceiros na modalidade de oposição na ação de usucapião. REsp 1.726.292-CE, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 12/02/2019, DJe 15/02/2019

Litigância de má fé
Para a aplicação da multa por litigância de má-fé não se exige a comprovação de dano
O dano processual não é pressuposto para a aplicação da multa por litigância de má-fé tratando-se de mera
sanção processual, aplicável inclusive de ofício, e que não tem por finalidade indenizar a parte adversa. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.628.065-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 21/2/2017 (Info 601).

Tutela antecipada
Tutela provisória concedida. Desistência da ação. Extinção do processo sem resolução de mérito. Ressarcimento
dos prejuízos à parte ré. Obrigação ex lege. Liquidação nos próprios autos. Arts. 302 e 309 do CPC/2015.
O ressarcimento dos prejuízos advindos com o deferimento da tutela provisória posteriormente revogada por
sentença que extingue o processo sem resolução de mérito, sempre que possível, deverá ser liquidado nos
próprios autos. REsp 1.770.124-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 21/05/2019, DJe 24/05/2019

Tutela antecipada. Requerimento em sustentação oral. Viabilidade.


É possível o requerimento de antecipação dos efeitos da tutela em sede de sustentação oral. Ora, se o pedido
poderia ser formulado ao relator, e o próprio art. 273 do CPC/1973 deixa nítido que novas circunstâncias
autorizam o requerimento, possível também que seja deduzido em sessão de julgamento, em feito que comporta
sustentação oral, ao Colegiado que apreciará o recurso. Isso porque, tal procedimento consiste em manifestação
formal (art. 554 do CPC/1973 e 937 do CPC/2015) a oportunizar à parte adversa até mesmo o contraditório prévio
ao exame do pedido. REsp 1.332.766-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 1/6/2017,
DJe 1/8/2017.

Pedido de tutela antecipada. Caráter antecedente. Arts. 303 e 304 do CPC/2015. Ausência de interposição de
agravo de instrumento. Contestação apresentada pelo réu. Efetiva impugnação. Estabilização da tutela
antecipada. Não ocorrência.
A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 do CPC/2015, torna-se estável somente se não houver
qualquer tipo de impugnação pela parte contrária. REsp 1.760.966-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por

108
unanimidade, julgado em 04/12/2018, DJe 07/12/2018

Suspensão de liminar e de sentença. Legislação de regência. Ausência de requisitos formais. Simples petição
dirigida ao Presidente do Tribunal Competente. Possibilidade.
Para a formalização da pretensão e análise do pedido de suspensão de segurança, basta o requerimento em
simples petição dirigida ao presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento de recurso na causa principal.
AgInt no AgInt na SLS 2.116-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, por unanimidade, julgado em 07/11/2018, DJe 26/02/2019

Mandado de segurança
Mandado de segurança. Decisão questionada. Trânsito em julgado. Anterior impetração do writ.
Conhecimento.
O mandado de segurança deverá ter seu mérito apreciado independentemente de superveniente trânsito em
julgado da decisão questionada pelo mandamus. EDcl no MS 22.157-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Corte
Especial, por maioria, julgado em 14/03/2019, DJe 11/06/2019

O STF já relativizou o prazo de 120 dias do MS em nome da segurança jurídica


Em um caso específico, a A 1ª Turma do STF reconheceu que o MS foi impetrado fora do prazo decadencial, no
entanto, como foi concedida liminar e esta perdurou por mais de 12 anos, os Ministros entenderam que deveria
ser apreciado o mérito da ação, em nome da segurança jurídica. STF. 2ª Turma. MS 25097/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 28/3/2017 (Info 859).

Mandado de segurança e prazo decadencial


A Primeira Turma deu provimento a recurso ordinário em mandado de segurança interposto contra acórdão do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) que reconheceu a decadência da impetração e a inadequação da via
mandamental.
A Turma entendeu que o termo inicial para formalização do mandado de segurança pressupõe a ciência do
impetrante quanto ao ato a ser impugnado, quando esse surgir no âmbito de processo administrativo do qual seja
parte, nos termos dos arts. 3º e 26 da Lei 9.784/1999 (1). Além disso, descartou a hipótese de inadequação da via
mandamental, uma vez que a instrução do processo se deu com documentos suficientes ao exame da pretensão
veiculada na petição inicial.
Vencido o ministro Alexandre de Moraes, que negou provimento ao recurso. Reconheceu a decadência do prazo
de 120 dias, por entender que não há exigência de intimação pessoal expressa na Lei 10.559/2002. RMS 32487/RS,
rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 7.11.2017. (RMS-32487)

Mandado de segurança e intimação do Ministério Público


O colegiado entendeu que a oitiva do Ministério Público Federal é desnecessária quando se tratar de controvérsia
acerca da qual o tribunal já tenha firmado jurisprudência. Inexiste, portanto, qualquer vício na ausência de
remessa dos autos ao “parquet” que enseje nulidade processual, se houver posicionamento sólido da Corte. Nessa
hipótese, considerou legítima a apreciação de pronto pelo relator. É nesse sentido o entendimento pacífico do
Supremo Tribunal Federal. Vencidos os ministros Teori Zavaski e Celso de Mello, que reputaram obrigatória a
prévia oitiva do Ministério Público quando o órgão ministerial não for o impetrante do mandado de segurança.
RMS 32.482/DF, rel. orig. Min. Teori Zavaski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 21.8.2018. (Rcl-
32482)

Possiblidade de manejo de mandado de segurança


Na vigência do novo Código de Processo Civil, é possível a impetração de mandado de segurança, em caso de
dúvida razoável sobre o cabimento de agravo de instrumento, contra decisão interlocutória que examina

109
competência. RMS 58.578-SP, Rel. Min. Raul Araújo, por unanimidade, julgado em 18/10/2018, DJe 25/10/2018

Teoria da encampação e mandado de segurança


STJ, 628 - A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando presentes, cumulativamente, os
seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que
ordenou a prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c)
ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal.

Mandado de Segurança. Portaria n. 718/2017 editada pelo Ministro de Estado da Justiça e Segurança.
Regulamentação do direito dos presos à visita íntima. Política pública de segurança em estabelecimentos
prisionais. Competência interna da Primeira Seção do STJ.
Compete à Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça o processamento e o julgamento de Mandado de
Segurança impetrado contra ato do Ministro de Estado da Justiça e Segurança com o objetivo de anular a Portaria
n. 718/2017. CC 154.670-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por maioria, julgado em 19/12/2018, DJe
07/03/2019

Penhora
Impenhorabilidade de pequena propriedade rural e ônus da prova
Existe uma presunção juris tantum (relativa) de que a pequena propriedade rural é trabalhada pela família. Tal
presunção é relativa e admite prova em sentido contrário. O ônus dessa prova, no entanto, é do exequente
(credor). STJ. 3ª Turma. REsp 1.408.152-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 1/12/2016 (Info 596).

Embargos à execução. Pequena propriedade rural trabalhada pela entidade familiar. Impenhorabilidade
reconhecida. Executado que não reside no imóvel e débito que não se relaciona à atividade produtiva.
Circunstâncias irrelevantes.
A impenhorabilidade da pequena propriedade rural não exige que o débito exequendo seja oriundo da atividade
produtiva, tampouco que o imóvel sirva de moradia ao executado e à sua família.

Créditos vinculados aos FIES. Recurso público recebido por instituição privada para aplicação compulsória em
educação. Art. 649, IX, do CPC/73. Impenhorabilidade.
São absolutamente impenhoráveis os créditos vinculados ao programa Fundo de Financiamento Estudantil - FIES
constituídos em favor de instituição privada de ensino. REsp 1.588.226-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, por
unanimidade, julgado em 17/10/2017, DJe 20/10/2017. REsp 1.591.298-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por
unanimidade, julgado em 14/11/2017, DJe 21/11/2017

Execução. Honorários sucumbenciais. Penhora. CPC/73. Saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
FGTS. Impossibilidade.
Não é possível a penhora do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS para o pagamento de
honorários de sucumbência. REsp 1.619.868-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado
em 24/10/2017, DJe 30/10/2017

Cumprimento de sentença. Título patrimonial. Clube desportivo. Penhora. Cabimento. Art. 649, I, do
CPC/1973. Inaplicabilidade.
O pacto de impenhorabilidade de título patrimonial contido explicitamente em estatuto social de clube
desportivo não pode ser oposto contra exequente/credor não sócio. REsp 1.475.745-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas

110
Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 24/04/2018, DJe 30/04/2018

Execução
Ação de execução. Penhora de direito litigioso no rosto dos autos. Procedimento de arbitragem. Possibilidade.
É possível a penhora no rosto dos autos de procedimento de arbitragem. REsp 1.678.224-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 07/05/2019, DJe 09/05/2019

Necessidade de prévia intimação das partes antes da decretação da prescrição intercorrente (921, §4º, CPC)
Em execução de título extrajudicial, o credor deve ser intimado para opor fato impeditivo à incidência da
prescrição intercorrente antes de sua decretação de ofício. Esse dever de prévia intimação do credor para
decretação da prescrição intercorrente não era previsto expressamente no CPC/1973, sendo aplicado pelo STJ
com base na incidência analógica do art. 40, §§ 4º e 5º, da Lei nº 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal).
O CPC/2015, contudo, resolve a questão e prevê expressamente a prévia oitiva das partes: Art. 921 (...) § 5º O
juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição de
que trata o § 4º e extinguir o processo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.589.753-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 17/5/2016 (Info 584)

Competência para cancelar gravame em matrícula de imóvel arrematado


Arrematado bem imóvel, o Juízo da execução que conduziu a arrematação não pode determinar o cancelamento
automático de constrições determinadas por outros Juízos de mesma hierarquia e registradas na matrícula do
bem, mesmo que o edital de praça e o auto de arrematação tenham sido silentes quanto à existência dos
referidos gravames. STJ. 4ª Turma. RMS 48.609-MT, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 19/5/2016 (Info 585).

A sentença pode ser título executivo judicial, desde que estabeleça obrigação certa e exigível
A sentença, qualquer que seja sua natureza, de procedência ou improcedência do pedido, constitui título
executivo judicial, desde que estabeleça obrigação de pagar quantia, de fazer, não fazer ou entregar coisa,
admite sua prévia liquidação e execução nos próprios autos. STJ. Corte Especial. REsp 1.324.152-SP, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 4/5/2016 (Info 585).
Obs: existe polêmica na doutrina se este entendimento prevalece ou não com o novo CPC, que trata sobre o tema
no art. 515, a posição majoritária é a de que sim. No mesmo sentido, o Min. Rel. Luis Felipe Salomão em determinado
trecho de seu voto dá a entender que o entendimento do STJ proferido neste julgado continua a vigorar com o
CPC 2015.

Cotas de fundo de investimento não são consideradas como “dinheiro” nos moldes da ordem de preferência de
penhora
A cota de fundo de investimento não se subsume à ordem de preferência legal disposta no inciso I do art. 835
do CPC/2015 (art. 655 do CPC/1973). Em outras palavras, as cotas de fundo de investimento não podem ser
consideradas como dinheiro aplicado em instituição financeira. STJ. 2ª Seção. REsp 1.388.642-SP, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 3/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 589).
A recusa da nomeação à penhora de cotas de fundo de investimento, reputada legítima a partir das
particularidades de cada caso concreto, não encerra, em si, excessiva onerosidade ao devedor, violação do
recolhimento dos depósitos compulsórios e voluntários do Banco Central do Brasil ou afronta à impenhorabilidade
das reservas obrigatórias. STJ. 2ª Seção. REsp 1.388.642- SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 3/8/2016

111
(recurso repetitivo) (Info 589).

Momento de reconhecimento de fraude à execução e desconsideração da personalidade jurídica


A fraude à execução só poderá ser reconhecida se o ato de disposição do bem for posterior à citação válida do
sócio devedor, quando redirecionada a execução que fora originariamente proposta em face da pessoa jurídica.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.391.830-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/11/2016 (Info 594).
O entendimento acima exposto permanece válido com o CPC/2015? Haverá polêmica, mas pela redação literal
do novo CPC, não. Isso porque o CPC/2015 traz uma nova regra, que não havia no Código passado, afirmando
que a fraude à execução tem como marco a data da citação da pessoa jurídica que é objeto da desconsideração:
Art. 792 (...) § 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir
da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.

Em caso de divórcio no qual se pede a desconsideração inversa da personalidade jurídica, deve-se incluir no
polo passivo a pessoa que teria participado do conluio com o cônjuge
A sócia da empresa, cuja personalidade jurídica se pretende desconsiderar, que teria sido beneficiada por suposta
transferência fraudulenta de cotas sociais por um dos cônjuges, tem legitimidade passiva para integrar a ação de
divórcio cumulada com partilha de bens, no bojo da qual se requereu a declaração de ineficácia do negócio
jurídico que teve por propósito transferir a participação do sócio/ex-marido à sócia remanescente, dias antes da
consecução da separação de fato. STJ. 3ª Turma. REsp 1.522.142-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
13/6/2017 (Info 606).

Acordo de reparação de danos feito no bojo da suspensão condicional do processo é título executivo judicial
O ato de composição entre denunciado e vítima visando à reparação civil do dano, embutido na decisão
concessiva de suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95), é título judicial apto a lastrear
eventual execução. STJ. 4ª Turma. REsp 1.123.463-DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 21/2/2017 (Info
599).

O fato de ter sido decretada a indisponibilidade do bem não impede que ele seja objeto de adjudicação
decretada em outro processo
A indisponibilidade de bens do executado deferida em ação civil pública não impede a adjudicação de um
determinado bem ao credor que executa o devedor comum com substrato em título executivo judicial. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.493.067-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/3/2017 (Info 600).

A execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda Pública não atrai o regime constitucional dos
precatórios.
Assim, em caso de “obrigação de fazer”, é possível a execução provisória contra a Fazenda Pública, não havendo
incompatibilidade com a Constituição Federal. Ex: sentença determinando que a Administração institua pensão
por morte para dependente de ex-servidor. STF. Plenário. RE 573872/RS, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
24/5/2017 (repercussão geral) (Info 866).

É nula a arrematação de bens do devedor realizada em execução individual proposta após ter sido declarada a
sua insolvência civil

112
A sentença que declara a insolvência civil do devedor tem eficácia imediata, produzindo efeitos na data de sua
prolação, tanto para o devedor como para os credores, independentemente do trânsito em julgado.
A declaração de insolvência faz com que a execução dos débitos que o insolvente possua tenha que ser feita por
meio de concurso universal de todos os credores, inclusive aqueles com garantia real, não sendo possível a
propositura de ações de execução individual.
A execução dos créditos deverá ser realizada perante o Juízo universal da insolvência. É como se fosse uma
“falência”. Diante disso, é nula a arrematação de bens do devedor realizada em ação de execução proposta por
credor individual, após a declaração de insolvência civil do devedor, em foro diverso do Juízo universal da
insolvência. STJ. 4ª Turma. REsp 1.074.724-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 27/4/2017 (Info 604).

Demora de se obter documentos em poder de terceiro e prescrição da execução


A partir da vigência da Lei nº 10.444/2002, que incluiu o § 1º ao art. 604, dispositivo que foi sucedido, conforme
Lei nº 11.232/2005, pelo art. 475-B, §§ 1º e 2º, todos do CPC/1973, não é mais imprescindível, para acertamento
de cálculos, a juntada de documentos pela parte executada ou por terceiros, reputando-se correta a conta
apresentada pelo exequente, quando a requisição judicial de tais documentos deixar de ser atendida,
injustificadamente, depois de transcorrido o prazo legal.
Assim, sob a égide do diploma legal citado, incide o lapso prescricional, pelo prazo respectivo da demanda de
conhecimento (Súmula 150/STF), sem interrupção ou suspensão, não se podendo invocar qualquer demora na
diligência para obtenção de fichas financeiras ou outros documentos perante a administração ou junto a terceiros.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.336.026-PE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/6/2017 (recurso repetitivo) (Info 607).

Embargos de terceiro. Bloqueio de valor depositado em conta-corrente conjunta. Solidariedade passiva em


relação a terceiros. Descabimento. Comprovação da titularidade integral do patrimônio. Inocorrência. Penhora.
Apenas da metade pertencente ao executado
Em se tratando de conta-corrente conjunta solidária, na ausência de comprovação dos valores que integram o
patrimônio de cada um, presume-se a divisão do saldo em partes iguais, de forma que os atos praticados por
quaisquer dos titulares em suas relações com terceiros não afetam os demais correntistas. REsp 1.510.310-RS,
Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 03/10/2017, DJe 13/10/2017

Execução para entrega de coisa incerta. Conversão para procedimento executivo por quantia certa. Coisa
perseguida entregue com atraso. Possibilidade.
É possível a conversão do procedimento de execução para entrega de coisa incerta para execução por quantia
certa na hipótese em que o produto perseguido for entregue com atraso, gerando danos ao credor da obrigação.
REsp 1.507.339-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em 24/10/2017, DJe
30/10/2017

Alienação judicial de bem objeto de compromisso de compra e venda. Possibilidade jurídica do pedido.
Concordância do promitente-vendedor. Condição.
É juridicamente possível o pedido de alienação judicial de bem imóvel objeto de compromisso de compra e venda.
REsp 1.501.549-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 08/05/2018, DJe 11/05/2018

Execução de título extrajudicial. Contrato eletrônico de mútuo assinado digitalmente. Executividade. Ausência

113
de testemunhas. Possibilidade.
O contrato eletrônico de mútuo com assinatura digital pode ser considerado título executivo extrajudicial. REsp
1.495.920-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por maioria, julgado em 15/05/2018, DJe 07/06/2018

Embargos de terceiro. Reconvenção. Não cabimento. CPC/1973. Incompatibilidade de ritos.


Não é cabível a reconvenção apresentada em embargos de terceiro, sob a égide do Código de Processo Civil de
1973. REsp 1.578.848-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 19/06/2018, DJe
25/06/2018

Contrato de mútuo com pacto adjeto de hipoteca. Credor hipotecário. Interesse de agir. Ajuizamento de
execução para a observância de padrões construtivos. Possibilidade.
O credor hipotecário tem interesse de agir para propor ação em face do mutuário visando ao cumprimento de
cláusula contratual que determina a observância dos padrões construtivos do loteamento. REsp 1.400.607-RS,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 17/05/2018, DJe 26/06/2018

Execução de título extrajudicial. Medidas coercitivas atípicas. CPC/2015. Retenção de passaporte. Coação à
liberdade de locomoção. Ilegalidade.
Revela-se ilegal e arbitrária a medida coercitiva de retenção do passaporte em decisão judicial não fundamentada
e que não observou o contraditório, proferida no bojo de execução por título extrajudicial. RHC 97.876-SP, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 05/06/2018, DJe 09/08/2018 , assim como é possível sua
impugnação via habeas corpus. RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
05/06/2018, DJe 09/08/2018

Medidas coercitivas atípicas. Suspensão da Carteira Nacional de Habilitação. Coação à liberdade de locomoção.
Não configuração. Habeas corpus. Não cabimento.
Não cabe Habeas Corpus para impugnar decisão judicial que determinou a suspensão de Carteira Nacional de
Habilitação – CNH. RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 05/06/2018, DJe
09/08/2018

Execução de título extrajudicial. Réu falecido antes do ajuizamento da ação. Habilitação, sucessão ou
substituição processual. Desnecessidade. Ausência de citação válida. Emenda à inicial para correção do polo
passivo. Faculdade. Pretensão dirigida ao espólio. Arts. 43, 265 e 1.055 do CPC/1973.
É admissível a emenda à inicial, antes da citação, para a substituição de executado pelo seu espólio, em execução
ajuizada em face de devedor falecido antes do ajuizamento da ação. REsp 1.559.791-PB, Rel. Min. Nancy Andrighi,
por unanimidade, julgado em 28/08/2018, DJe 31/08/2018

Possibilidade de adjudicação de imóvel independente de hasta pública


Em ação de execução hipotecária, o credor hipotecário pode requerer a adjudicação do imóvel penhorado pelo
valor constante do laudo de avaliação, independentemente da realização de hasta pública. REsp 1.721.731-SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 27/11/2018, DJe 06/12/2018

Execução fiscal
Medida cautelar preparatória. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Débitos referentes a autuações
fiscais distintas. Conexão com anterior medida cautelar de mesma finalidade. Inexistência.

114
O vínculo de conexão a justificar a reunião de medidas cautelares preparatórias está vinculado com a identidade
de objeto e/ou de causa de pedir existente entre as ações principais a serem propostas e não do processo cautelar
em si. AREsp 832.354-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em 21/02/2019, DJe 19/03/2019

O prazo prescricional para cobrança das anuidades dos conselhos somente se inicia quando se atinge o patamar
mínimo do art. 8º da Lei 12.514/2011
O prazo prescricional para cobrança das anuidades pagas aos conselhos profissionais tem início somente quando
o total da dívida inscrita, acrescida dos respectivos consectários legais, atingir o patamar mínimo estabelecido
pela Lei 12.514/2011 STJ. 2ª Turma. REsp 1.524.930-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 2/2/2017 (Info 597).

É válida a penhora realizada sobre bens de sociedade de economia mista que posteriormente foi sucedida pela
União
É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à sucessão desta pela
União, não devendo a execução prosseguir mediante precatório (art. 100, caput e § 1º, da Constituição Federal).
STF. Plenário. STF. Plenário. RE 693112-MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 09/02/2017 (repercussão geral)
(Info 853).

Não cabimento de honorários no caso de desistência da ação pela Fazenda Pública, ainda que logo após
contestar
Aplica-se a dispensa de condenação em honorários advocatícios prevista no art. 19, § 1º, I, da Lei nº 10.522/2002,
na hipótese em que a Fazenda Nacional contesta a demanda, mas, ato contínuo, antes de pronunciamento do
juízo ou da parte contrária, apresenta petição em que reconhece a procedência do pedido e requer a
desconsideração da peça contestatória. STJ. 2ª Turma. REsp 1.551.780-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 9/8/2016 (Info 588).

Execução fiscal. IPTU. Alienação de imóvel após o lançamento. Sujeito passivo. Contribuinte. Alienante.
Responsabilidade solidária. Art. 130 do CTN.
O alienante possui legitimidade passiva para figurar em ação de execução fiscal de débitos constituídos em
momento anterior à alienação voluntária de imóvel. AgInt no AREsp 942.940-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, por
unanimidade, julgado em 15/8/2017, DJe 12/9/2017.

STJ, 614 - O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-tributária de IPTU e de taxas
referentes ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses tributos. Primeira Seção, aprovada em
09/05/2018, DJe 14/05/2018.

Execução contra a Fazenda Pública. RPV. Juros de mora. Período compreendido entre a data da elaboração da
conta de liquidação e a expedição do requisitório. Incidência. Julgamento proferido pelo STF no RE n.
579.431/RS, em regime de repercussão geral. Art. 1.030, II, do CPC/2015. Juízo de retratação.
Em adequação ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Corte Especial do STJ adota orientação
jurisprudencial no sentido de que incidem juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos
cálculos e a da requisição ou do precatório. EREsp 1.150.549-RS, Rel. Min. Og Fernandes, por unanimidade,
julgado em 29/11/2017, DJe 12/12/2017.

115
Execução. Fazenda Pública credora. Medidas expropriatórias. Arts. 647 e 685-C do CPC/73. Adjudicação do bem.
Alienação particular. Desinteresse da parte exequente. Hasta pública. Possibilidade.
Manifestado o desinteresse da parte exequente na adjudicação e na alienação particular do imóvel penhorado
(arts. 647, I e II e 685-C do CPC/73), poderá ela, desde logo, requerer sua alienação em hasta pública. REsp
1.312.509-RN, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado em 07/12/2017, DJe 14/12/2017

Execução fiscal. Prescrição intercorrente. Art. 40 e parágrafos da Lei n. 6.830/1980. Prazo de 1 (um) ano de
suspensão do processo. Ciência da Fazenda Pública quanto à não localização do devedor ou inexistência de
bens penhoráveis no endereço fornecido. Início automático.
O prazo de 1 (um) ano de suspensão do processo e do respectivo prazo prescricional previsto no art. 40, §§ 1º e
2º da Lei n. 6.830/1980 - LEF tem início automaticamente na data da ciência da Fazenda Pública a respeito da não
localização do devedor ou da inexistência de bens penhoráveis no endereço fornecido, havendo, sem prejuízo
dessa contagem automática, o dever de o magistrado declarar ter ocorrido a suspensão da execução. Sem prejuízo
do disposto anteriormente: 1.1) nos casos de execução fiscal para cobrança de dívida ativa de natureza tributária
(cujo despacho ordenador da citação tenha sido proferido antes da vigência da Lei Complementar n. 118/2005),
depois da citação válida, ainda que editalícia, logo após a primeira tentativa infrutífera de localização de bens
penhoráveis, o Juiz declarará suspensa a execução – se realizada a constrição a prescrição é automaticamente
interrompida; e, 1.2) em se tratando de execução fiscal para cobrança de dívida ativa de natureza tributária (cujo
despacho ordenador da citação tenha sido proferido na vigência da Lei Complementar n. 118/2005) e de qualquer
dívida ativa de natureza não tributária, logo após a primeira tentativa frustrada de citação do devedor ou de
localização de bens penhoráveis, o Juiz declarará suspensa a execução, independentemente de pronunciamento
da Fazenda Pública nesse sentido. Assim como, ao reconhecer a prescrição intercorrente, deverá fundamentar o
ato judicial por meio da delimitação dos marcos legais que foram aplicados na contagem do respectivo prazo,
inclusive quanto ao período em que a execução ficou suspensa. REsp 1.340.553-RS, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 12/09/2018, DJe 16/10/2018

Honorários Advocatícios. Execução de sentença contra a Fazenda Pública. Concomitância de embargos à


execução. Bilateralidade de créditos. Inocorrência. Compensação das verbas honorárias. Impossibilidade.
Inexiste reciprocidade das obrigações ou de bilateralidade de créditos (pressupostos do instituto da
compensação, art. 368 do Código Civil), o que implica a impossibilidade de se compensarem os honorários fixados
em embargos à execução com aqueles fixados na própria ação de execução. REsp 1.520.710-SC, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 18/12/2018, DJe 27/02/2019

Execução fiscal. Redirecionamento a pessoa jurídica do mesmo grupo econômico. Certidão de Dívida Ativa. Não
identificação. Hipóteses dos arts. 134 e 135 do CTN. Não enquadramento. Incidente de desconsideração da
personalidade jurídica. Necessidade.
É necessária a instauração do incidente de desconsideração da personalidade da pessoa jurídica devedora para o
redirecionamento de execução fiscal a pessoa jurídica que integra o mesmo grupo econômico, mas que não foi
identificada no ato de lançamento (Certidão de Dívida Ativa) ou que não se enquadra nas hipóteses dos arts. 134
e 135 do CTN. REsp 1.775.269-PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em 21/02/2019, DJe
01/03/2019
Execução de sentença contra a Fazenda Pública. Concomitância de embargos à execução. Autonomia das ações.
Arbitramento de honorários em cada uma delas. Possibilidade.
Os embargos do devedor são ação de conhecimento incidental à execução, razão porque os honorários
advocatícios podem ser fixados em cada uma das duas ações, de forma relativamente autônoma, respeitando-se
os limites de repercussão recíproca entre elas, desde que a cumulação da verba honorária não exceda o limite
máximo previsto no § 3º do art. 20 do CPC/1973. REsp 1.520.710-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Corte
Especial, por unanimidade, julgado em 18/12/2018, DJe 27/02/2019

116
Certidão da Dívida Ativa - CDA. Protesto. Possibilidade. Art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.492/1997 com a
redação da Lei n. 12.767/2012. Legalidade. Tema 777.
A Fazenda Pública possui interesse e pode efetivar o protesto da CDA, documento de dívida, na forma do art. 1º,
parágrafo único, da Lei n. 9.492/1997, com a redação dada pela Lei n. 12.767/2012. REsp 1.686.659-SP, Rel. Min.
Herman Benjamin, Primeira Seção, por maioria, julgado em 28/11/2018, DJe 11/03/2019

Ação monitória
Pedido de alongamento da dívida em embargos à monitória
O pedido de alongamento da dívida originada de crédito rural pode ser feito em sede de embargos à monitória
ou contestação, independentemente de reconvenção.
O preenchimento dos requisitos legais para a securitização da dívida originada de crédito rural (ou alongamento)
constitui matéria de defesa do devedor, passível de ser alegada em embargos à monitória ou contestação,
independentemente de reconvenção. STJ. 3ª Turma. REsp 1.531.676-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
18/5/2017 (Info 604).

Possibilidade de utilização de e-mail para instruir ação monitória


O correio eletrônico (e-mail) pode fundamentar a pretensão monitória, desde que o juízo se convença da
verossimilhança das alegações e da idoneidade das declarações. STJ. 4ª Turma. REsp 1.381.603-MS, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 6/10/2016 (Info 593).

Ação monitória. Cobrança. Dívida de jogo. Cassino norte-americano. Possibilidade.


O art. 9º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, estabelece, no que se refere às obrigações,
duas regras de conexão, associando a lei do local da constituição da obrigação com a lei do local da execução.
No caso em debate, a obrigação foi constituída nos Estados Unidos da América, devendo incidir o caput do
referido dispositivo segundo o qual deve ser aplicada a lei do país em que a obrigação foi constituída, já que não
incide o segundo elemento de conexão. Sob essa perspectiva, a lei material aplicável ao caso é a americana.
Todavia, a incidência do referido direito alienígena está limitada pelas restrições contidas no art. 17 da LINDB, que
retira a eficácia de atos e sentenças que ofendam a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
Em primeiro lugar, não há que se falar em ofensa aos bons costumes e à soberania nacional, seja porque diversos
jogos de azar são autorizados no Brasil, seja pelo fato de a concessão de validade a negócio jurídico realizado no
estrangeiro não retirar o poder soberano do Estado.
No tocante à ordem pública – fundamento mais utilizado nas decisões que obstam a cobrança de dívida contraída
no exterior – cabe salientar tratar-se de critério que deve ser revisto conforme a evolução da sociedade,
procurando-se certa correspondência entre a lei estrangeira e o direito nacional.
Nessa perspectiva, verifica-se que ambos permitem determinados jogos de azar, supervisionados pelo Estado,
sendo quanto a esses, admitida a cobrança. Consigne-se, ademais, que os arts. 884 a 886 do Código Civil atual
vedam o enriquecimento sem causa – circunstância que restaria configurada por aquele que tenta retornar ao
país de origem buscando impunidade civil, após visitar país estrangeiro, usufruir de sua hospitalidade e contrair
livremente obrigações lícitas. REsp 1.628.974-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado
em 13/6/2017, DJe 25/8/2017.

Cumprimento de sentença

117
Inexigibilidade de obrigação fundada em lei não recepcionada pela Constituição Federal ainda que com transito
em julgado
Ainda que tenha havido o trânsito em julgado, é inexigível a obrigação reconhecida em sentença com base
exclusivamente em lei não recepcionada pela Constituição. Fundamento: art. 475-L, II e § 1º, do CPC/1973 (art.
525, § 1º, III e § 12 do CPC/2015). STJ. 3ª Turma. REsp 1.531.095-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 9/8/2016 (Info 588).
Obs: existe uma inovação trazida pelo CPC/2015 que é importante ser ressaltada e que geraria solução diferente
ao caso concreto apreciado. Para que o devedor possa alegar a inexigibilidade da obrigação argumentando que
o título é baseado em lei incompatível com a Constituição, exige-se que a decisão do STF seja anterior à formação
da coisa julgada. Se for posterior, a matéria não poderá ser alegada em impugnação, devendo ser proposta ação
rescisória. É isso que se extrai do art. 525, §§ 14 e 15 do CPC/2015.

Possibilidade de utilização de deduções e presunções para apuração de lucros cessantes em liquidação de


sentença
É possível ao julgador, na fase de liquidação de sentença por arbitramento, acolher as conclusões periciais
fundadas em presunções e deduções para a quantificação do prejuízo sofrido pelo credor a título de lucros
cessantes.
A utilização de presunções não pode ser afastada de plano, uma vez que esta espécie de prova é utilizada
pelo direito processual nacional como forma de facilitação de provas difíceis, desde que razoáveis.
Na apreciação de lucros cessantes, o julgador não pode se afastar de forma absoluta de presunções e deduções,
porquanto deverá perquirir acerca dos benefícios legítimos que não foram realizados por culpa da parte ex
adversa . Exigir prova absoluta do lucro que não ocorreu, seria impor ao lesado o ônus de prova impossível (prova
diabólica). STJ. 3ª Turma. REsp 1.549.467- SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/9/2016 (Info 590).

Assistido da Defensoria goza do prazo em dobro para pagamento do débito (julgado sob o rito do CPC/73)
A prerrogativa da contagem em dobro dos prazos tem por objetivo compensar as peculiares condições
enfrentadas pelos profissionais que atuam nos serviços de assistência judiciária do Estado, que enfrentam
deficiências de material, pessoal e grande volume de processos.
A intimação para o cumprimento da sentença gera ônus para o representante da parte vencida, que deverá
comunicá-la do desfecho desfavorável da demanda e alertá-la de que a ausência de cumprimento voluntário
implica imposição de sanção processual. Logo, deve ser aplicado o prazo em dobro nesta situação. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.261.856-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/11/2016 (Info 594).

Termo inicial do prazo para apresentar impugnação em caso de comparecimento espontâneo logo após a
penhora
No CPC/1973, o termo inicial do prazo para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença era contado a
partir da ciência inequívoca do devedor quanto à penhora “on-line” realizada, não havendo necessidade de sua
intimação formal. STJ. Plenário. EREsp 1.415.522-ES, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 29/3/2017 (Info 601).
No CPC/2015, o prazo para impugnação inicia-se imediatamente após acabar o prazo de 15 dias que o executado
tinha para fazer o pagamento voluntário (art. 525, caput). Não é necessária nova intimação. Acabou um prazo,
começa o outro. Logo, para fins de início do prazo da impugnação, não mais interessa o dia em que ocorreu a
penhora. Isso porque a penhora (garantia do juízo) não é mais um requisito para que haja impugnação no

118
CPC/2015.

Impugnação ao cumprimento de sentença. Penhora. Seguro garantia judicial. Indicação. Possibilidade.


Equiparação a dinheiro.
Na fase de cumprimento de sentença, é incabível a rejeição do seguro garantia judicial pelo exequente, salvo por
insuficiência, defeito formal ou inidoneidade da salvaguarda oferecida. REsp 1.691.748-PR, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 07/11/2017, DJe 17/11/2017

Cumprimento de sentença. Autos físicos. Prazo para pagamento voluntário. Cômputo em dobro em caso de
litisconsortes com procuradores distintos.
O prazo comum para cumprimento voluntário de sentença deverá ser computado em dobro no caso de
litisconsortes com procuradores distintos, em autos físicos. REsp 1.693.784-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por
unanimidade, julgado em 28/11/2017, DJe 05/02/2018

Decisão que julga procedente impugnação em cumprimento de sentença. Encerramento de fase processual.
Recurso cabível. Apelação.
No sistema regido pelo NCPC, o recurso cabível da decisão que acolhe impugnação ao cumprimento de sentença
e extingue a execução é a apelação. REsp 1.698.344-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado
em 22/05/2018, DJe 01/08/2018

Nulidades
Desnecessidade de mencionar todos os tópicos das partes para proferir sentença
O julgador possui o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada
na decisão recorrida. Assim, mesmo após a vigência do CPC/2015, não cabem embargos de declaração contra a
decisão que não se pronunciou sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada.
STJ. 1ª Seção. EDcl no MS 21.315-DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região),
julgado em 8/6/2016 (Info 585).

A autodeclaração de suspeição superveniente não anula os atos processuais anteriores ao fato ensejador da
suspeição
A declaração pelo magistrado ("autodeclaração") de suspeição por motivo superveniente não tem efeitos
retroativos, não importando em nulidade dos atos processuais praticados em momento anterior ao fato
ensejador da suspeição. STJ. 1ª Seção. PET no REsp 1.339.313-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão Min.
Assusete Magalhães, julgado em 13/4/2016 (Info 587).

Exceção de impedimento. Violação dos arts. 136 do CPC/73 e 128 da LOMAN. Desembargador que participa
como revisor no julgamento de apelação quando seu cônjuge, também desembargadora, proferiu decisão em
agravo de instrumento oriundo da mesma causa originária.
O propósito recursal é definir se deve ser reconhecido o impedimento de desembargador para atuar como revisor
em julgamento de apelação, tendo em vista a atuação de seu cônjuge no julgamento de agravo de instrumento
oriundo da mesma causa originária, não obstante tal julgamento tenha se dado sem a análise do mérito da causa,
uma vez que extinto o recurso diante da perda de objeto.

119
De início, cabe salientar que a vedação à atuação concomitante de juízes, consubstanciada nos arts. 136 do
CPC/73 e 128 da LOMAN, tem o nítido escopo de evitar que magistrados que atuem perante órgãos colegiados,
por força de vínculos afetivos e familiares, acabem se influenciando reciprocamente, prejudicando, desta forma,
a autonomia funcional e interpretativa, essencial ao exercício da judicatura.
Na hipótese, a atuação da desembargadora nos autos da ação declaratória ficou restrita à extinção do agravo de
instrumento contra decisão singular que indeferiu o pleito de antecipação dos efeitos da tutela, tendo em vista a
sua superveniente perda de objeto, uma vez que já prolatada sentença nos autos. De fato, não houve qualquer
pronunciamento sobre o mérito da questão, ou qualquer manifestação que pudesse influenciar no julgamento do
mérito da causa, apreciado quando do julgamento da apelação.
Salienta-se, por oportuno, que é de clareza salutar que este Superior Tribunal de Justiça, ao julgar controvérsias
que versam sobre impedimentos de juízes e desembargadores, tem adotado postura tendente a primar pela
aplicação do princípio da instrumentalidade das formas, bem como pela necessidade de demonstração do
prejuízo advindo da participação de magistrados parentes no julgamento do mesmo processo, em atenção ao
princípio pas de nullité sans grief. REsp 1.673.327-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
12/9/2017, DJe 15/9/2017.

Art. 941, § 3º, CPC/2015. Ausência de juntada dos votos divergentes. Nulidade do acórdão configurada.
Republicação. Necessidade. Nulidade do julgamento. Inexistência
Haverá nulidade do acórdão que não contenha a totalidade dos votos declarados, mas não do julgamento, se o
resultado proclamado refletir, com exatidão, a conjunção dos votos proferidos pelos membros do colegiado. REsp
1.729.143-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 12/02/2019, DJe 15/02/2019

Recursos
Impossibilidade de concessão do prazo de 05 para sanar vícios materiais de recursos – 932, § único (limita-se aos
formais)
O prazo de 5 dias previsto no parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 só se aplica aos casos em que seja
necessário sanar vícios formais, como ausência de procuração ou de assinatura, e não à complementação
da fundamentação. STF. 1ª Turma. ARE 953221 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em7/6/2016 (Info 829).

Possibilidade de fixação de honorários recursais ainda que não apresentadas contrarrazões


É cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/2015, mesmo quando não
apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado da parte recorrida. STF. 1ª Turma. AI 864689 AgR/MS
e ARE 951257 AgR/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 27/09/2016 (Info
841).

Possibilidade de rediscussão de repercussão geral no plenário físico, após discussão no plenário virtual.
O reconhecimento da repercussão geral no Plenário Virtual não impede sua rediscussão no Plenário físico,
notadamente quando tal reconhecimento tenha ocorrido por falta de manifestações suficientes. STF. Plenário.
RE 584247/RR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/10/2016 (Info 845).

Inexistência de reclamação de caráter preventivo


A reclamação não tem caráter preventivo, de modo que não serve para impedir a eventual prática de decisão

120
judicial ou ato administrativo. STF. Decisão monocrática. Rcl 25310 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
03/10/2016 (Info 845). STF. Plenário. Rcl 4058 AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 17/02/2010.

Desnecessidade de ratificação do REsp interposto antes de embargos não conhecidos (ou não providos)
Súmula 579-STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do julgamento dos
embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior. STJ. Corte Especial. Aprovada em 01/07/2016,
DJe 01/08/2016.

Cabimento de reclamação no STF e necessidade de esgotamento das instâncias antecedentes


O art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 prevê que é possível reclamação dirigida ao Supremo Tribunal Federal contra
decisão judicial que tenha descumprido tese fixada pelo STF em recurso extraordinário julgado sob o rito da
repercussão geral. O CPC exige, no entanto, que, antes de a parte apresentar a reclamação, ela tenha esgotado
todos os recursos cabíveis nas "instâncias ordinárias".
O STF afirmou que essa hipótese de cabimento prevista no art. 988, § 5º, II, do CPC deve ser interpretada
restritivamente, sob pena de o STF assumir, pela via da reclamação, a competência de pelo menos três tribunais
superiores (STJ, TST e TSE) para o julgamento de recursos contra decisões de tribunais de 2º grau de jurisdição.
Assim, segundo entendeu o STF, quando o CPC exige que se esgotem as instâncias ordinárias, significa que a
parte só poderá apresentar reclamação ao STF depois de ter apresentado todos os recursos cabíveis não apenas
nos Tribunais de 2º grau, mas também nos Tribunais Superiores (STJ, TST e TSE). Se ainda tiver algum recurso
pendente no STJ ou no TSE, por exemplo, não caberá reclamação ao STF.
Em suma, nos casos em que se busca garantir a aplicação de decisão tomada em recurso extraordinário com
repercussão geral, somente é cabível reclamação ao STF quando esgotados todos os recursos cabíveis nas
instâncias antecedentes. STF. 2ª Turma. Rcl 24686 ED-AgR/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/10/2016
(Info 845).

Impossibilidade de fixação de honorários advocatícios (recursais) cujo processo originário não os prevê
Não cabe a fixação de honorários recursais (art. 85, § 11, do CPC/2015) em caso de recurso interposto no curso
de processo cujo rito exclua a possibilidade de condenação em honorários. Em outras palavras, não é possível
fixar honorários recursais quando o processo originário não preveja condenação em honorários. Assim,
suponha que foi proposta uma ação que não admite fixação de honorários advocatícios. Imagine que uma das
partes, no bojo deste processo, interponha recurso extraordinário. O STF, ao julgar este RE, não fixará
honorários recursais, considerando que o rito aplicável ao processo originário não comporta condenação em
honorários advocatícios. Como exemplo desta situação, podemos citar o mandado de segurança, que não admite
condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei nº 12.016/2009, súmula 105-STJ e súmula 512-STF). Logo,
se for interposto um recurso extraordinário neste processo, o Tribunal não fixará honorários recursais. STF. 1ª
Turma. ARE 948578 AgR/RS, ARE 951589 AgR/PR e ARE 952384 AgR/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados
em21/6/2016 (Info 831).

Relativização da vedação de juntada extemporânea de prova documental em recurso interposto perante o STF
Como regra, não se admite a juntada extemporânea de prova documental em recursos interpostos no STF. Assim,
por exemplo, em regra, não se admite que, em um agravo regimental no STF, seja juntado algum documento que
já existia, mas que a parte não havia trazido aos autos por omissão sua.

121
No entanto, em um caso concreto envolvendo uma apreciação de contas do TCE, o STF relativizou esta proibição
e admitiu que o Estado/agravante trouxesse aos autos cópia da intimação do gestor público condenado. O
STF considerou que, na situação concreta, o interesse público indisponível presente na lide justifica que se
admita a análise do documento. STF. 1ª Turma. ARE 916917 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
6/12/2016 (Info 850).

Não aplicação do princípio da fungibilidade na interposição do agravo do art. 1042, CPC ao invés do agravo
interno
O CPC/2015 trouxe previsão legal expressa de que não cabe agravo para o STJ contra decisão que inadmite
recurso especial quando o acórdão recorrido decidiu em conformidade com recurso repetitivo (art. 1.042). Tal
disposição legal aplica-se aos agravos apresentados contra decisão publicada após a entrada em vigor do
Novo CPC, em conformidade com o princípio tempus regit actum .
Caso o Tribunal de origem decida em desconformidade com entendimento firmado pelo STJ em recurso
repetitivo, a parte deverá interpor agravo interno. Se, em vez disso, a parte interpuser o agravo em recurso
especial para o STJ (art. 1.042), cometerá erro grosseiro.
Assim, após a entrada em vigor do CPC/2015, não é mais devida a remessa pelo STJ, ao Tribunal de origem,
do agravo interposto contra decisão que inadmite recurso especial com base na aplicação de entendimento
firmado em recursos repetitivos, para que seja conhecido como agravo interno. STJ. 3ª Turma. AREsp 959.991-
RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/8/2016 (Info 589).

Cabimento de condenação em honorários sucumbenciais em julgamento de embargos de declaração


Após 18 de março de 2016, data do início da vigência do Novo Código de Processo Civil, é possível condenara parte
sucumbente em honorários advocatícios na hipótese de o recurso de embargos de declaração, interposto perante
Tribunal, não atender os requisitos previstos no art. 1.022 e tampouco se enquadrar em situações excepcionais
que autorizem a concessão de efeitos infringentes. STF. 1ª Turma. RE 929925 AgR-ED/RS, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em7/6/2016 (Info 829) - Obs: a doutrina entende que, mesmo com o novo CPC, não cabem honorários
advocatícios no julgamento de embargos de declaração, seja em1ªinstância, seja nos Tribunais. Por todos: Fredie
Didier Jr e Leonardo Carneiro da Cunha.

Possibilidade de aplicação da teoria da causa madura em julgamento de agravo de instrumento


Admite-se a aplicação da teoria da causa madura (art. 1.013, § 3º do CPC/2015) em julgamento de agravo de
instrumento STJ. Corte Especial. REsp 1.215.368-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1/6/2016 (Info 590).

É possível que as peças do agravo de instrumento sejam entregues em DVD


As peças que devem formar o instrumento do agravo podem ser apresentadas em mídia digital (DVD). STJ. 2ª
Turma. REsp 1.608.298-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1/9/2016 (Info 591).

Decisão interlocutória com duplo conteúdo. Agravo de instrumento. Art. 1.015, IX, do CPC/2015. Critérios para
a identificação do cabimento. Exame do elemento preponderante da decisão. Emprego da lógica antecedente-
consequente. Exame do conteúdo das razões recursais apresentadas pela parte irresignada
Em se tratando de decisão interlocutória com duplo conteúdo é possível estabelecer como critérios para a
identificação do cabimento do recurso: (i) o exame do elemento que prepondera na decisão; (ii) o emprego da
lógica do antecedente-consequente e da ideia de questões prejudiciais e de questões prejudicadas; (iii) o exame

122
do conteúdo das razões recursais apresentadas pela parte irresignada. REsp 1.797.991-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 18/06/2019, DJe 21/06/2019

Desconstituída penhora indevida, em regra, não haverá condenação do embargado em honorários se o imóvel
ainda estava no nome do antigo proprietário
Nos embargos de terceiro cujo pedido foi acolhido para desconstituir a constrição judicial, os honorários
advocatícios serão arbitrados com base no princípio da causalidade, responsabilizando-se o atual proprietário
(embargante), se este não atualizou os dados cadastrais. Os encargos de sucumbência serão suportados pela
parte embargada, porém, na hipótese em que esta, depois de tomar ciência da transmissão do bem, apresentar
ou insistir na impugnação ou recurso para manter a penhora sobre o bem cujo domínio foi transferido para
terceiro. STJ. 1ª Seção. REsp 1.452.840-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 14/9/2016 (recurso
repetitivo) (Info 591)

Se o processo é eletrônico na 1ª instância, mas é físico no Tribunal, não se aplica a dispensa de juntada de
documentos prevista no art. 1.017, § 5º do CPC/2015
A disposição constante do art. 1.017, § 5º, do CPC/2015, que dispensa a juntada das peças obrigatórias à formação
do agravo de instrumento em se tratando de processo eletrônico, exige, para sua aplicação, que os autos
tramitem por meio digital tanto no primeiro quanto no segundo grau de jurisdição. STJ. 3ª Turma. REsp 1.643.956-
PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/5/2017 (Info 605).

Interposição de apelação ao invés de agravo de instrumento. Indução a erro pelo juízo. Relativização da dúvida
objetiva. Aplicabilidade do princípio da fungibilidade.
O conceito de "dúvida objetiva", para a aplicação do princípio da fungibilidade recursal, pode ser relativizado,
excepcionalmente, quando o equívoco na interposição do recurso cabível decorrer da prática de ato do próprio
órgão julgador.
Deve-se ter em mente que, assim como existem casos em que a dúvida impera na doutrina e na jurisprudência,
há situações em que os termos em que é redigida a decisão pelo julgador são determinantes para a interposição
equivocada do recurso. Na hipótese analisada, embora a decisão do juiz singular não tenha colocado termo ao
processo de execução, o referido juiz deu-lhe verdadeiro tratamento de sentença - assim denominando-a e
registrando-a, bem como recebendo e processando o recurso de apelação. Dessa forma, o juízo colaborou
diretamente para o surgimento da dúvida quanto ao recurso cabível, afastando-se a eventual má-fé da
embargante na interposição da apelação - o que legitima a aplicação do princípio da fungibilidade.

Assistência judiciária gratuita. Incidente instaurado em autos apartados na vigência dos arts. 4º, 7º e 17 da Lei
n. 1.060/50. Decisão de impugnação prolatada na vigência do CPC/2015. Princípio do "tempus regit actum".
Teoria do isolamento dos atos processuais. Recurso cabível. Agravo de instrumento.
Cabe agravo de instrumento contra o provimento jurisdicional que, após a entrada em vigor do CPC/2015, acolhe
ou rejeita incidente de impugnação à gratuidade de justiça instaurado, em autos apartados, na vigência do
regramento anterior. REsp 1.666.321-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 07/11/2017, DJe
13/11/2017

123
Embargos à execução. Efeito suspensivo. Indeferimento. Agravo de instrumento. Possibilidade. Art. 1.015, X,
do CPC/2015. Interpretação extensiva. Paralelismo com o art. 1.015, I, do CPC/2015. Natureza de tutela
provisória.
É admissível a interposição de agravo de instrumento contra decisão que não concede efeito suspensivo aos
embargos à execução. REsp 1.694.667-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 05/12/2017,
DJe 18/12/2017

Natureza jurídica do rol do art. 1.015 do CPC/2015. Impugnação imediata de decisões interlocutórias não
previstas nos incisos do referido dispositivo legal. Possibilidade. Urgência. Excepcionalidade. Taxatividade
mitigada
O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento
quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação. REsp
1.704.520-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, por maioria, julgado em 05/12/2018, DJe 19/12/2018
(Tema 988)

Exceção de incompetência. Fundamento. CPC/1973. Decisão sob a égide do CPC/2015. Agravo de instrumento.
Admissão. Art. 1.015, III, do NCPC. Interpretação extensiva.
De início, ressalte-se que, diferentemente do Código de Processo Civil de 1973 – que possibilitava a interposição
de agravo de instrumento contra toda e qualquer interlocutória –, a nova codificação definiu que tal recurso só
será cabível em face de decisões expressamente apontadas pelo legislador; que procurou, assim, prestigiar a
estruturação do procedimento comum a partir da oralidade e preservar os poderes de condução do processo pelo
juiz de primeiro grau.
Nessa ordem de ideias, apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015, a decisão interlocutória
relacionada à definição de competência continua desafiando recurso de agravo de instrumento, por uma
interpretação lógico-sistemática do diploma, inclusive porque é o próprio Código que determina que "o juiz
decidirá imediatamente a alegação de incompetência" (§ 3° do art. 64).
Evitam-se, por essa perspectiva: a) as inarredáveis consequências de um processo que tramite perante um juízo
incompetente; b) o risco da invalidação ou substituição das decisões; c) o malferimento do princípio da celeridade;
d) tornar inócua a discussão sobre a (in)competência, já que os efeitos da decisão proferida poderão ser
conservados pelo outro juízo, inclusive deixando de anular os atos praticados pelo juízo incompetente, havendo,
por via transversa, indevida "perpetuação" da competência; e) a angústia da parte em ver seu processo dirimido
por juízo que, talvez, não é o natural da causa.
Trata-se de interpretação extensiva ou analógica do inciso III do art. 1.015 - "rejeição da alegação de convenção
de arbitragem" -, já que ambas possuem a mesma ratio -, qual seja, afastar o juízo incompetente para a causa,
permitindo que o juízo natural e adequado julgue a demanda. REsp 1.679.909-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
por unanimidade, julgado em 14/11/2017, DJe 01/02/2018

Art. 1.035, § 5º, do CPC/2015. Repercussão geral reconhecida no STF. Sobrestamento não automático dos
processos no STJ. Aplicação aos recursos especiais que impugnam acórdão publicado e de repercussão geral
reconhecida na vigência do CPC/1973. Cabimento
O art. 1.035, § 5º do CPC/2015 não determina a suspensão automática dos processos cuja repercussão geral seja
reconhecida, devendo esse entendimento ser aplicado aos recursos especiais que impugnam acórdão publicado
e com a repercussão geral reconhecida na vigência do CPC/1973. REsp 1.202.071-SP, Rel. Min. Herman Benjamin,

124
Corte Especial, por unanimidade, julgado em 01/02/2019, DJe 03/06/2019

Prestação de contas. Primeira fase. Decisão que julga procedente a exigência de contas. CPC/2015. Recurso
cabível. Agravo de instrumento.
O recurso cabível contra decisão que julga procedente, na primeira fase, a ação de exigir contas é o agravo de
instrumento. REsp 1.680.168-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 09/04/2019, DJe 10/06/2019

Cabimento de embargos infringentes em face de julgamento de agravo de instrumento


São cabíveis embargos infringentes contra acórdão que, em julgamento de agravo de instrumento, reforma, por
maioria de votos, decisão interlocutória, para reconhecer a impenhorabilidade de bem, com esteio na Lei n.
8.009/1990. EREsp 1.131.917-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, por
maioria, julgado em 10/10/2018, DJe 31/10/2018

Recuso especial e decisão de inadmissibilidade


A decisão de inadmissibilidade do recurso especial não é formada por capítulos autônomos, mas por um único
dispositivo, o que exige sua impugnação total. EAREsp 831.326-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Rel. Acd.
Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado em 19/09/2018, DJe 30/11/2018

Fase de execução. Art. 1.015, parágrafo único, do CPC. Determinação de elaboração dos cálculos judiciais.
Agravo de instrumento. Não cabimento.
Não cabe agravo de instrumento contra decisão do juiz que determina a elaboração dos cálculos judiciais e
estabelece os parâmetros de sua realização. REsp 1.700.305-PB, Rel. Min. Herman Benjamin, por
unanimidade, julgado em 25/09/2018, DJe 27/11/2018

A técnica de ampliação do colegiado permite a reapreciação da integralidade do recurso


O colegiado formado com a convocação dos novos julgadores (art. 942 do CPC/2015) poderá analisar de forma
ampla todo o conteúdo das razões recursais, não se limitando à matéria sobre a qual houve originalmente
divergência REsp 1.771.815-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 13/11/2018,
DJe 21/11/2018

Técnica de ampliação de julgamento. Apelação não unânime. Reforma ou manutenção da sentença impugnada.
Emprego automático e obrigatório.
A técnica de ampliação de julgamento prevista no CPC/2015 deve ser utilizada quando o resultado da apelação
for não unânime, independentemente de ser julgamento que reforma ou mantém a sentença impugnada. REsp
1.733.820-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado em 02/10/2018, DJe 10/12/2018

Agravo de instrumento. Regime de urgência do art. 37 do CPC/1973 (art. 104, §1º do CPC/2015). Protesto para
juntada posterior da procuração. Instrumento de procuração juntado na origem. Posterior traslado.
Admissibilidade.
É admissível, em caso de urgência, nos termos do art. 37 do CPC/1973 (art. 104, § 1º, do CPC/2015), a
regularização da representação processual do autor/agravante, em segunda instância, a partir do translado do
instrumento de procuração a ser juntado na origem no prazo assinado em lei. EREsp 1.265.639-SC, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, por unanimidade, julgado em 12/12/2018, DJe 18/12/2018

Prescrição. Decisão interlocutória de rejeição. Mérito. Recorribilidade Imediata. Possibilidade. Agravo de


instrumento. Cabimento. Art. 1.015, II, do CPC/2015.

125
A decisão interlocutória que afasta a alegação de prescrição é recorrível, de imediato, por meio de agravo de
instrumento. REsp 1.738.756-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 19/02/2019, DJe
22/02/2019

Agravo de instrumento. Art. 1.015, VII, do CPC/2015. Pedido de exclusão de litisconsorte. Decisão interlocutória
de indeferimento. Irrecorribilidade imediata.
Não cabe agravo de instrumento contra decisão de indeferimento do pedido de exclusão de litisconsorte. REsp
1.724.453-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 19/03/2019, DJe 22/03/2019

Agravo de instrumento. Art. 1.015, I, do CPC/2015. Decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória para
fins de recorribilidade imediata. Abrangência.
O conceito de "decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória" previsto no art. 1.015, I, do CPC/2015,
abrange as decisões que examinam a presença ou não dos pressupostos que justificam o deferimento,
indeferimento, revogação ou alteração da tutela provisória e, também, as decisões que dizem respeito ao prazo
e ao modo de cumprimento da tutela, a adequação, suficiência, proporcionalidade ou razoabilidade da técnica de
efetivação da tutela provisória e, ainda, a necessidade ou dispensa de garantias para a concessão, revogação ou
alteração da tutela provisória. REsp 1.752.049-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
12/03/2019, DJe 15/03/2019

Agravo de instrumento. Art. 1.015, XI c/c art. 373, § 1º, do CPC/2015. Ônus da prova. Distribuição dinâmica.
Atribuições distintas da regra geral. Recorribilidade imediata. Cabimento.
É cabível agravo de instrumento contra decisão interlocutória que defere ou indefere a distribuição dinâmica do
ônus da prova ou quaisquer outras atribuições do ônus da prova distinta da regra geral, desde que se operem ope
judicis e mediante autorização legal. REsp 1.729.110-CE, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
02/04/2019, DJe 04/04/2019.

Fixação da data da separação de fato do casal para fins de partilha. Decisão interlocutória. Mérito da
controvérsia. Recorribilidade imediata. Possibilidade. Art. 1.015, II, do CPC/2015.
Cabe agravo de instrumento, nos termos do art. 1.015, II, do CPC/2015, contra decisão interlocutória que fixa data
da separação de fato do casal para efeitos da partilha dos bens. REsp 1.798.975-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por
unanimidade, julgado em 02/04/2019, DJe 04/04/2019

Tempestividade. Suspensão do prazo recursal. Nascimento do filho do único patrono da causa. Comunicação
imediata ao juízo. Desnecessidade.
A suspensão do processo em razão da paternidade do único patrono da causa se opera tão logo ocorra o fato
gerador (nascimento ou adoção), independentemente da comunicação imediata ao juízo. REsp 1.799.166-GO,
Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 02/04/2019, DJe 04/04/2019

Ação rescisória
Advogado pode ser obrigado a devolver honorários advocatícios na hipótese de rescisão de sentença
O princípio da irrepetibilidade das verbas de natureza alimentar não é absoluto e, no caso, deve ser flexibilizado
para viabilizar a restituição dos honorários de sucumbência já levantados, tendo em vista que, com o provimento
parcial da ação rescisória, não mais subsiste a decisão que lhes deu causa. Devem ser aplicados os princípios da
vedação ao enriquecimento sem causa, da razoabilidade e da máxima efetividade das decisões judiciais. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.549.836-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha,
julgado em 17/5/2016 (Info 589).

126
Não é cabível a propositura de rescisória fundada no art. 485, V, do CPC/1973 com base em julgados que não
sejam de observância obrigatória
Nos casos em que se admite a relativização da Súmula 343 do STF, não é cabível propositura da ação rescisória
com base em julgados que não sejam de observância obrigatória. Não há como autorizar a propositura de ação
rescisória - medida judicial excepcionalíssima - com base em julgados que não sejam de observância obrigatória,
sob pena de se atribuir eficácia vinculante a acórdão que, por lei, não o possui. STJ. 3ª Turma. REsp 1.655.722-SC,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/3/2017 (Info 600).
Obs: prevalece que a Súmula 343 do STF não está mais válida tendo em vista a previsão contida no art. 966, V, §
5º e no art. 525, § 15 do CPC/2015.

Se a ação rescisória busca desconstituir também o capítulo dos honorários advocatícios, o advogado
beneficiado na primeira demanda deverá estar no polo passivo da rescisória
A ação rescisória, quando busca desconstituir sentença condenatória que fixou honorários advocatícios
sucumbenciais, deve ser proposta não apenas contra o titular do crédito principal formado em juízo, mas também
contra o advogado em favor de quem foi fixada a verba honorária. STJ. 3ª Turma. REsp 1.651.057-CE, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 16/5/2017 (Info 605).

Ação rescisória e decisão homologatória de transação (julgado sob o rito do CPC/73)


A decisão judicial homologatória de acordo entre as partes proferida na vigência do Código de Processo Civil (CPC)
de 1973 é impugnável por meio de ação anulatória.
O Tribunal entendeu que a sentença meramente homologatória de transação não está incluída na hipótese do
art. 485, VIII, do CPC/1973, o qual se endereça à desconstituição de decisão de mérito cujas conclusões se baseiam
em transação. Ou seja, a rescisória prevista no aludido inciso VIII é aplicável apenas ao caso em que a transação
tenha servido de fundamento para a sentença de mérito, a influir no conteúdo do comando judicial. Se o juiz não
resolveu o mérito da causa, mas foram as próprias partes que o fizeram mediante autocomposição do litígio,
como no caso, a ação anulatória, prevista no art. 486 do CPC/1973, é a sede própria para a discussão a respeito
dos vícios na transação homologada judicialmente.
O princípio da fungibilidade é inaplicável ao presente caso, porquanto sua aplicação se restringe aos recursos em
sentido estrito, não abrange as ações judiciais, ressalvadas as hipóteses dos interditos possessórios. AR 2440
AgR/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 19.9.2018. (AR-2440)

ALTERAÇÃO POSTERIOR DA JURISPRUDÊNCIA E SEGURANÇA JURÍDICA


A alteração posterior de jurisprudência pelo STF não legitima, conforme sua súmula 343, o pedido rescisório,
notadamente em razão de, à época de sua prolação, a interpretação sobre o tema ser controvertida no próprio
Tribunal.
Em consonância com o instituto da prospective overruling, a mudança jurisprudencial deve ter eficácia ex nunc,
porque, do contrário, surpreende quem obedecia à jurisprudência daquele momento. Ao lado do prestígio do
precedente, há o prestígio da segurança jurídica, princípio segundo o qual a jurisprudência não pode causar uma
surpresa ao jurisdicionado a partir de modificação do panorama jurídico. AR 2422/DF, rel. Min. Luiz Fux,
julgamento em 25.10.2018. (AR-2422)

É constitucional a fixação de depósito prévio como condição de procedibilidade de ação rescisória.


O Tribunal entendeu que o depósito de 20% do valor da causa para ajuizamento da ação rescisória é razoável e
visa desestimular ações temerárias.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que julgou procedente o pleito formulado para declarar a inconstitucionalidade
do referido dispositivo. Entendeu que não se pode exigir depósito prévio para propositura de ação rescisória já

127
que o acesso à Justiça é uma garantia constitucional. ADI 3995/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em
13.12.2018. (ADI-3995)

Ação rescisória. Sentença mantida em segundo grau de jurisdição. Pedido rescisório dirigido contra a sentença
em vez do acórdão. Mera irregularidade formal.
O pedido de rescisão da sentença, em vez do acórdão que a substituiu, não conduz à impossibilidade jurídica do
pedido, constituindo mera irregularidade formal. REsp 1.569.948-AM, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por
unanimidade, julgado em 11/12/2018, DJe 14/12/2018

Ação rescisória. Art. 966, inciso VII, do CPC/2015. Prova nova. Conceito. Inclusão da prova testemunhal.
No novo ordenamento jurídico processual, qualquer modalidade de prova, inclusive a testemunhal, é apta a
amparar o pedido de desconstituição do julgado rescindendo na ação rescisória. REsp 1.770.123-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 26/03/2019, DJe 02/04/2019

Outros temas relevantes


Cautelar. Exibição de documento. Documento comum. Art. 844, II, do CPC/1973.
O conceito de documento comum, previsto no art. 844, II, do CPC/1973, não se limita àquele pertencente a ambas
as partes, mas engloba também o documento sobre o qual elas têm interesse comum, independentemente de o
solicitante ter participado de sua elaboração. REsp 1.645.581-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por
unanimidade, julgado em 8/8/2017, DJe 15/8/2017.

Exibição de documento. Ação autônoma. Possibilidade.


É admissível o ajuizamento da ação de exibição de documentos, de forma autônoma, na vigência do novo CPC.
REsp 1.774.987-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, por unanimidade, julgado em 08/11/2018, DJe 13/11/2018

Acórdão estrangeiro. Homologação. Renúncia. Inadmissibilidade.


A ausência de jurisdição brasileira conduz necessariamente à falta de interesse processual na homologação de
provimento estrangeiro de modo que é inadmissível a renúncia em sede de homologação de provimento
estrangeiro. SEC 8.542-EX, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 29/11/2017, DJe
15/03/2018

Homologação de sentença estrangeira. Requisitos Materiais. Novo regramento. CPC/2015. Aplicação apenas
supletiva do RISTJ. Eficácia da decisão no país de origem. Necessidade.
Com a entrada em vigor do CPC/2015, tornou-se necessário que a sentença estrangeira esteja eficaz no país de
origem para sua homologação no Brasil. SEC 14.812-EX, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
16/05/2018, DJe 23/05/2018

Ação de Inventário. Citação de herdeiros que residem em comarca distinta da que tramita a ação. Art. 999, §
1º do CPC/1973. Vedação de citação por oficial de justiça. Herdeiros conhecidos e que estão em local sabido.
Citação por carta com aviso de recebimento.
Tendo sido declinados na petição inicial todos os dados pessoais indispensáveis à correta identificação dos
herdeiros, inclusive os seus respectivos endereços, devem ser eles citados pessoalmente por carta com aviso de
recebimento, vedada a citação por oficial de justiça. REsp 1.584.088-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, por
unanimidade, julgado em 15/05/2018, DJe 18/05/2018

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Homologação de acordo extrajudicial. Retificação de registo civil de menor. Procedimento legal. Requisitos.
Apuração sobre erro ou falsidade do registro. Participação do Ministério Público. Prova pericial em juízo. Estudo
psicossocial. Obrigatoriedade.
É inadmissível a homologação de acordo extrajudicial de retificação de registro civil de menor em juízo sem a
observância dos requisitos e procedimento legalmente instituído para essa finalidade REsp 1.698.717-MS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 05/06/2018, DJe 07/06/2018

Ação de restauração de autos. Prazo para propositura. Provimento da Corregedoria local. Norma de natureza
processual. Usurpação de competência da União. Violação do devido processo legal.
Tribunal de Justiça não tem competência para, por meio de provimento da respectiva Corregedoria, estabelecer
prazo para a propositura de ação de restauração de autos. REsp 1.722.633-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, por
unanimidade, julgado em 07/08/2018, DJe 10/08/2018

Desnecessidade de preparo e atuação como curadora especial


O recurso interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial, está dispensado do pagamento
de preparo. EAREsp 978.895-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em
18/12/2018, DJe 04/02/2019

Processo eletrônico. Habilitação de advogado. Ciência inequívoca da decisão. Inocorrência. Lógica da


habilitação do advogado em autos físicos. Inaplicabilidade. Efetivo acesso do conteúdo da decisão.
Necessidade. Imediata intimação.
A habilitação de advogado em autos eletrônicos não é suficiente para a presunção de ciência inequívoca das
decisões, sendo inaplicável a lógica dos autos físicos. AgInt no REsp 1.592.443-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, por unanimidade, julgado em 17/12/2018, DJe 01/02/2019

Estatuto do Idoso. Art. 1.048 do CPC/2015. Prioridade na tramitação processual. Requerimento. Legitimidade
exclusiva.
A prioridade na tramitação do feito é direito subjetivo da pessoa idosa e a lei lhe concede legitimidade exclusiva
para a postulação do requerimento do benefício. REsp 1.801.884-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, por maioria, julgado em 21/05/2019, DJe 30/05/2019

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Processo Coletivo
Ajuizamento de Ação Popular. Prazo prescricional de 5 (cinco) anos. Ações coletivas de consumo. Aplicação
analógica do prazo do art. 21 da Lei n. 4.717/1965. Impossibilidade
O prazo de 5 (cinco) anos para o ajuizamento da ação popular não se aplica às ações coletivas de consumo. REsp
1.736.091-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 14/05/2019, DJe
16/05/2019

Necessidade de comprovação de interesse para litisconsórcio entre MPE e MPF


Em ação civil pública, a formação de litisconsórcio ativo facultativo entre o Ministério Público Estadual e o
Federal depende da demonstração de alguma razão específica que justifique a presença de ambos na lide. STJ.
3ª Turma. REsp 1.254.428-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 2/6/2016 (Info 585).

Extensão dos efeitos da coisa julgada coletiva aos autos das demandas individuais
Os autores de ações individuais em cujos autos não foi dada ciência do ajuizamento de ação coletiva e que
não requereram a suspensão das demandas individuais podem se beneficiar dos efeitos da coisa julgada
formada na ação coletiva. STJ. 1ª Turma. REsp 1.593.142-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
7/6/2016 (Info 585).

Legitimidade ativa da associação na defesa dos interesses de seus filiados


A associação não tem legitimidade ativa para defender os interesses dos associados que vierem a se agregar
somente após o ajuizamento da ação de conhecimento. STJ. 2ª Turma. REsp 1.468.734-SP, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em1º/3/2016 (Info 579)

Possibilidade de afastamento do requisito temporal de constituição para ACP em que se visa esclarecimento
alimentar
É dispensável o requisito temporal (pré-constituição há mais de um ano - § 4º do art. 5º da Lei nº 7.347/85) para
associação ajuizar ação civil pública quando o bem jurídico tutelado for a prestação de informações ao
consumidor sobre a existência de glúten em alimentos. STJ. 2ª Turma. REsp 1.600.172-GO, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 15/9/2016 (Info 591).

Cabimento de ACP com o objetivo de proibir tráfico de veículos pesados no Município


É cabível ação civil pública proposta por Ministério Público Estadual para pleitear que Município proíba máquinas
agrícolas e veículos pesados de trafegarem em perímetro urbano deste e torne transitável o anel viário da
região. STJ. 2ª Turma. REsp 1.294.451-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1/9/2016 (Info 591).

Poder judiciário e obrigação de fornecimento de vaga em creche


O Poder Judiciário pode obrigar o Município a fornecer vaga em creche a criança de até 5 anos de idade. A
educação infantil, em creche e pré-escola, representa prerrogativa constitucional indisponível garantida às
crianças até 5 anos de idade, sendo um dever do Estado (art. 208, IV, da CF/88). Os Municípios, que têm o de ver
de atuar prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil (art. 211, § 2º, da CF/88), não podem
se recusar a cumprir este mandato constitucional, juridicamente vinculante, que lhes foi conferido pela
Constituição Federal. STF. Decisão monocrática. RE 956475, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em12/05/2016
(Info 827).

130
Obrigatoriedade de atendimento à crianças com necessidades especiais pela rede de ensino privado
São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº 13.146/2015, que determinam que as escolas privadas
ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem que possam cobrar
valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa
obrigação. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2016 (Info 829).

Possibilidade do poder judiciário determinar a realização de obras de acessibilidade em prédios públicos


O Poder Judiciário pode condenar universidade pública a adequar seus prédios às normas de acessibilidade a fim
de permitir a sua utilização por pessoas com deficiência. No campo dos direitos individuais e sociais de absoluta
prioridade, o juiz não deve se impressionar nem se sensibilizar com alegações de conveniência e oportunidade
trazidas pelo administrador relapso.
Se um direito é qualificado pelo legislador como absoluta prioridade, deixa de integrar o universo de incidência
da reserva do possível, já que a sua possibilidade é obrigatoriamente, fixada pela Constituição ou pela lei. STJ. 2ª
Turma. REsp 1.607.472-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/9/2016 (Info 592).

Para ser beneficiada pela sentença favorável de ação coletiva, proposta por associação, é necessário que a
pessoa esteja filiada no momento da propositura e seja residente no âmbito da jurisdição do órgão julgador
A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação
civil na defesa de interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do
órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da
relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento. STF. Plenário. RE 612043/PR, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 10/5/2017 (repercussão geral) (Info 864).
Sobre o mesmo tema, importante relembrar:
O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra representação específica, não alcançando
previsão genérica do estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses dos associados.
As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é definida pela representação
no processo de conhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a lista destes juntada à inicial.
STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado
em 14/5/2014 (repercussão geral) (Info 746).

MP não pode obter, em ACP, informações bancárias sobre os clientes da instituição porque estas são protegidas
pelo sigilo bancário
O exercício da legitimação extraordinária, conferida para tutelar direitos individuais homogêneos em ação civil
pública, não pode ser estendido para abarcar a disposição de interesses personalíssimos, tais como a intimidade,
a privacidade e o sigilo bancário dos substituídos.
Configura quebra de sigilo bancário a decisão judicial que antecipa os efeitos da tutela para determinar que o banco
forneça os dados cadastrais dos correntistas que assinaram determinado tipo de contrato, a fim de instruir ação
civil pública. STJ. 3ª Turma. REsp 1.611.821-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/6/2017 (Info 607).

Associação de municípios. Representação processual. Impossibilidade.

131
Na representação judicial pelas associações há a necessidade de que lhes seja conferida autorização, que deve
ser expressa, na forma estabelecida no art. 5º, XXI, da CF/88, sendo insuficiente previsão genérica do estatuto da
associação.
No que se refere à representação judicial dos Municípios, sequer deve se considerar a necessidade ou não de
autorização às associações para a tutela em juízo, pois, nos moldes do art. 12, II, do CPC/1973 e do art. 75, III, do
CPC/2015, a representação judicial desses entes federados deve ser, ativa e passivamente, exercida por seu
Prefeito ou Procurador.
Nesse mesmo sentido registre-se que, “a representação do ente municipal não pode ser exercida por associação
de direito privado, haja vista que se submete às normas de direito público. Assim sendo, insuscetível de renúncia
ou de delegação a pessoa jurídica de direito privado, tutelar interesse de pessoa jurídica de direito público sob
forma de substituição processual” (AgRg no AREsp 104.238-CE, Relator Ministro Francisco Falcão, DJe 7/5/2012;
RMS 34.270-MG, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJe 28/10/2011).

Ação Civil Pública. Imposição de obrigação de fazer. Atendimento ao plantão de 24 horas em delegacia de
menores infratores. Normas da Constituição Federal, da Lei n. 8.069/90 (ECA) e da Resolução n. 40/33 da
Assembleia Geral das Nações Unidas. Descumprimento. Controle de legalidade. Possibilidade.
Inicialmente, cumpre salientar que o art. 227 da CF/88 dispõe ser dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão. Referida imposição é destrinchada nos arts. 4º, 18 e 125 da Lei n. 8.069/90 (ECA),
ressaltando sempre a imprescindibilidade de proteção e amparo especializado à criança e adolescente,
evidenciando a importância do bem jurídico tutelado – a proteção ao menor, ainda que na condição de infrator.
Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem se amparou na discricionariedade da Administração para afastar do
Poder Judiciário a análise do tema, que, na sua ótica, estaria atrelado somente ao julgamento de sua conveniência
e oportunidade. Sabe-se, porém, que essa discricionariedade não é absoluta e que seus abusos podem e devem
ser submetidos à apreciação do Poder Judiciário, a quem cabe o controle de sua legalidade, bem como dos
motivos e da finalidade dos atos praticados sob o seu manto.
Nesse ponto, a doutrina especializada, interpretando as disposições do art. 172, parágrafo único, da Lei n.
8.069/90 (ECA), salienta que a existência de repartições policiais especializadas no atendimento de adolescentes
acusados da prática de ato infracional é mais do que necessária, em especial nos grandes centros urbanos, de
modo a garantir um atendimento diferenciado em relação aos estabelecimentos destinados a adultos. REsp
1.612.931-MS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por maioria, julgado em 20/6/2017, DJe 7/8/2017.

Ação coletiva. Direitos individuais homogêneos. Remessa necessária. Não cabimento


As razões que fundamentaram o raciocínio analógico para a aplicação do art. 19 da Lei da Ação Popular a hipóteses
de ação civil pública (Lei n. 7.347/85) - sua transindividualidade e sua relevância para a coletividade como um
todo - não são observadas em litígios que versem exclusivamente sobre direitos individuais homogêneos, os quais
são apenas acidentalmente coletivos. Isso porque a coletivização dos direitos individuais homogêneos tem um
sentido meramente instrumental, com a finalidade de permitir uma tutela mais efetiva em juízo, carecendo de
uma razão essencial ou ontológica para essa classificação., assim, não se admite o cabimento da remessa
necessária, tal como prevista no art. 19 da Lei n. 4.717/65, nas ações coletivas que versem sobre direitos

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individuais homogêneos. REsp 1.374.232-ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 26/09/2017,
DJe 02/10/2017.

Ação civil pública. Petição inicial inepta. Pedido genérico. Emenda após a contestação. Possibilidade.
O propósito recursal consiste em definir se, mesmo após a apresentação de contestação, quando se tratar de
ação civil pública, pode o julgador determinar a emenda da petição inicial, sempre que detectados defeitos e
irregularidades relacionados ao pedido. De início, convém anotar que a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, ao menos quando cuida de ações individuais, diverge sobre o tema.
No que concerne às ações civis públicas, estas são instrumentos processuais de ordem constitucional, dotados de
natureza jurídica de ação pública de caráter civil lato sensu, estando sujeitas, enquanto tal, às garantias e
pressupostos processuais inerentes a toda ação, tendo por mote a defesa de interesses metaindividuais, com
relevância social. De fato, a relevância social do bem envolvido, de natureza social, imprime ao direito processual
civil, na tutela destes bens, a adoção de princípios distintos dos adotados pelo CPC.
Neste contexto, releva-se o princípio da efetividade, previsto no art. 83, caput, da Lei n. 8.078/1990 (CDC) -
inteiramente aplicável à tutela dos interesses difusos e coletivos, por expressa imposição do art. 21 da Lei n.
7.347/1985 -, que deve ser utilizado pelo juiz da causa para abrandar os rigores da intelecção vinculada
exclusivamente ao CPC - desconsiderando as especificidades do micro sistema regente das ações civis -, pois
aquele tem como escopo servir de instrumento para a solução de litígios de caráter individual. A espécie não
revela processo diferenciado, mas, em verdade, é expressão de um conjunto de princípios que devem
necessariamente ser adaptados, a partir do processo civil comum, para viabilizar a defesa de interesses que
extrapolam os simplesmente individuais. Nessa linha de raciocínio, devem ser interpretadas as disposições do
código processual acerca da petição inicial e das hipóteses de extinção por inépcia da peça vestibular.
Aliás, sobre tais institutos, interessa mencionar que o Novo Código de Processo Civil traz regulamentação atinente
à petição inicial, seus requisitos e a sistemática de seu recebimento, muito próximas ao que antes previsto pelo
diploma processual de 1973.
Desse modo, em consonância com a Lei n. 13.105/2015, se o juiz verificar que a petição inicial não preenche os
requisitos dos arts. 319 e 320, ou que "apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de
mérito", assim como ocorria no CPC de 1973 (art. 284) deverá intimar o autor para que emende a inicial ou a
complete, sob pena de indeferimento, conforme previsão do art. 321, mas, agora, num prazo maior, 15 dias - o
que sinaliza verdadeiro compromisso com o aproveitamento dos atos processuais e os princípios da efetividade
e economia processuais.
REsp 1.279.586-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado em 03/10/2017, DJe 17/11/2017

Projeto de Lei de Plano Diretor de Município. Ação civil pública. Alegação da falta de asseguramento da efetiva
participação popular no processo legislativo. Matéria de interesse local. Atribuição típica do Ministério Público
Estadual. Ilegitimidade ativa do parquet federal.
O Ministério Público Federal é parte ilegítima para ajuizar ação civil pública que visa à anulação da tramitação de
Projeto de Lei do Plano Diretor de município, ao argumento da falta de participação popular nos respectivos
trabalhos legislativos.
No que em questão, a causa de pedir da ação proposta pelo MPF diz, exclusivamente, com a afirmada
inobservância, pelos Poderes municipais, do correspondente iter legislativo desenhado para a confecção do Plano
Diretor, inexistindo, desse modo, qualquer pretensão voltada à imediata tutela do meio ambiente. Por fim, não
se tem por influente a circunstância de a União ter sido incluída no polo passivo da lide, ao argumento de ter se
mostrado omissa na fiscalização da atuação do Executivo e do Legislativo locais, quanto a desvios na condução do
processo legislativo do Plano Diretor municipal. Isso porque, como bem delineado pelo Tribunal de origem, "não
cabe à União definir o conteúdo de Planos Diretores, uma vez que, por determinação legal e constitucional, a
matéria é de exclusiva competência municipal". REsp 1.687.821-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
07/11/2017, DJe 21/11/2017

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Ação civil pública. Proteção dos direitos do consumidor. DPVAT. Indenização às vítimas. Ausência de pertinência
temática. Legitimidade ativa ad causam de associação. Ausência.
Associação com fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade para o ajuizamento de ação
civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do seguro DPVAT. REsp 1.091.756-
MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, por maioria, julgado em 13/12/2017, DJe
05/02/2018

Ação civil pública. Dignidade de crianças e adolescentes ofendida por quadros de programa televisivo. Dano
moral coletivo. Existência.
A conduta de emissora de televisão que exibe quadro que, potencialmente, poderia criar situações
discriminatórias, vexatórias, humilhantes às crianças e aos adolescentes configura lesão ao direito transindividual
da coletividade e dá ensejo à indenização por dano moral coletivo. REsp 1.517.973-PE, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, por unanimidade, julgado em 16/11/2017, DJe 01/02/2018

Ação civil pública. Cobrança de tarifa de renovação de cadastro bancário. Interesses Individuais Homogêneos.
Município. Legitimidade ativa. Pertinência temática e representação adequada presumidas.
Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos consumeristas
questionando a cobrança de tarifas bancárias. REsp 1.509.586-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade,
julgado em 15/05/2018, DJe 18/05/2018

A legitimidade ativa do sindicato depende do registro no MPT


A legitimidade dos sindicatos para representação de determinada categoria depende do devido registro no
Ministério do Trabalho em obediência ao princípio constitucional da unicidade sindical (CF, art. 8º, II) RE 740434
AgR/MA, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 19.2.2019. (RE-740343)

Dano ambiental. Ações civis públicas. Tutela dos direitos individuais homogêneos. Inexistência de prejuízo à
reparação dos danos individuais e ao ajuizamento de ações individuais. Conveniência da suspensão dos feitos
individuais. Tema 923.
ajuizada ação coletiva atinente à macrolide geradora de processos multitudinários, suspendem-se as ações
individuais, no aguardo do julgamento da ação coletiva, ponderando que a coletivização da demanda, seja no
polo ativo, seja no polo passivo, é um dos meios mais eficazes para a realização do acesso à justiça, porquanto,
além de reduzir os custos, consubstancia-se em instrumento para a concentração de litigantes em um polo,
evitando-se, assim, os problemas decorrentes dos inúmeros procedimentos semelhantes. Assim, o mais prudente
é o sobrestamento dos feitos individuais até a solução definitiva do litígio coletivo. REsp 1.525.327-PR, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 12/12/2018, DJe 01/03/2019 (Tema 923)

Direito ao trânsito seguro. Tráfego de veículos de carga com excesso de peso. Proteção da saúde e segurança
das pessoas e consumidores, assim como do patrimônio público e privado. Danos materiais e morais coletivos.
Ocorrência. Aplicação de multa civil (astreinte). Cumulatividade com multa administrativa. Possibilidade.
O tráfego de veículos com excesso de peso gera responsabilidade civil em razão dos danos materiais às vias
públicas e do dano moral coletivo consistente no agravamento dos riscos à saúde e à segurança de todos, sendo
viável, como medida coercitiva, a aplicação de multa civil (astreinte), ainda que já imputada multa administrativa.
REsp 1.574.350-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 03/10/2017, DJe 06/03/2019

Defensoria Pública
Defensoria Pública e ação civil pública
A Defensoria Pública pode propor ação civil pública na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais
homogêneos. É constitucional a Lei nº 11.448/2007, que alterou a Lei 7.347/85, prevendo a Defensoria Pública

134
como um dos legitimados para propor ação civil pública. STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 6 e 7/5/2015.

PROCESSO COLETIVO. LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA PARA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REPERCUSSÃO
GERAL
No processo coletivo, vigoram os princípios do máximo benefício, da máxima efetividade e da máxima amplitude.
Dessa feita, podendo haver hipossuficientes beneficiados pelo resultado da demanda, deve-se admitir a
legitimidade da Defensoria Pública. É o caso, por exemplo, de consumidores de energia elétrica, que tanto podem
abranger pessoas com alto poder aquisitivo, como hipossuficientes. STF. Plenário. RE 733433/MG, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 4/11/2015 (repercussão geral)

DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA PARA PROPOR AÇÃO
CIVIL PÚBLICA EM DEFESA DE JURIDICAMENTE NECESSITADOS.
A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa de interesses individuais
homogêneos de consumidores idosos que tiveram plano de saúde reajustado em razão da mudança de faixa
etária, ainda que os titulares não sejam carentes de recursos econômicos.
A atuação primordial da Defensoria Pública, sem dúvida, é a assistência jurídica e a defesa dos necessitados
econômicos. Entretanto, ela também exerce atividades de auxílio aos necessitados jurídicos, os quais não são,
necessariamente, carentes de recursos econômicos. Isso ocorre, por exemplo, quando a Defensoria exerce as
funções de curador especial (art. 9º, II, do CPC) e de defensor dativo (art. 265 do CPP). No caso, além do direito
tutelado ser fundamental (direito à saúde), o grupo de consumidores potencialmente lesado é formado por
idosos, cuja condição de vulnerabilidade já é reconhecida na própria Constituição Federal, a qual dispõe no art.
230 que: "A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua
participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida". Dessa
forma, nos termos do assentado no julgamento do REsp 1.264.116-RS (Segunda Turma, DJe 13/4/2012), "A
expressão 'necessitados' (art. 134, caput, da Constituição), que qualifica, orienta e enobrece a atuação da
Defensoria Pública, deve ser entendida, no campo da Ação Civil Pública, em sentido amplo, de modo a incluir,
ao lado dos estritamente carentes de recursos financeiros - os miseráveis e pobres -, os hipervulneráveis (isto
é, os socialmente estigmatizados ou excluídos, as crianças, os idosos, as gerações futuras), enfim, todos aqueles
que, como indivíduo ou classe, por conta de sua real debilidade perante abusos ou arbítrio dos detentores de
poder econômico ou político, 'necessitem' da mão benevolente e solidarista do Estado para sua proteção,
mesmo que contra o próprio Estado". EREsp 1.192.577-RS, CORTE ESPECIAL. Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
21/10/2015, DJe 13/11/2015.

Defensoria Pública. Promoção dos direitos humanos e defesa dos direitos individuais e coletivos. Unidade de
execução de medidas socioeducativas para crianças e adolescentes. Acesso aos autos de procedimento
verificatório. Possibilidade.
A Defensoria Pública pode ter acesso aos autos de procedimento verificatório instaurado para inspeção judicial e
atividade correicional de unidade de execução de medidas socioeducativas. RMS 52.271-SP, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, por unanimidade, julgado em 19/06/2018, DJe 29/06/2018

135
DIREITO DO CONSUMIDOR
Caracterização de relação de consumo
Contrato Administrativo. Fiança bancária acessória. Código de Defesa do Consumidor e Súmula n. 297/STJ.
Inaplicabilidade.
O Código de Defesa do Consumidor é inaplicável ao contrato de fiança bancária acessório a contrato
administrativo. REsp 1.745.415-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 14/05/2019, DJe 21/05/2019

Caracteriza-se relação de consumo a contratação de serviço de corretagem de valores e títulos mobiliários


Deve ser reconhecida a relação de consumo existente entre a pessoa natural, que visa a atender necessidades
próprias, e as sociedades que prestam, de forma habitual e profissional, o serviço de corretagem de valores e
títulos mobiliários. STJ. 3ª Turma. REsp 1.599.535-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/3/2017 (Info 600).

Promessa de compra e venda de imóvel. Programa Minha Casa, Minha Vida. Comissão de corretagem.
Transferência de obrigação ao consumidor. Possibilidade. Dever de informação. Necessidade. Tema 960.
Na Programa Minha Casa, Minha Vida, desde que previamente informado o preço total da aquisição da unidade
autônoma, com o destaque do valor da comissão de corretagem. REsp 1.601.149-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por maioria, julgado em 13/06/2018, DJe
15/08/2018 (Tema 960)

Se o consumidor é beneficiário de contrato de participação financeira e cede seus direitos, a cessionária não é
consumidora
O consumidor beneficiário de contrato de participação financeira cede seus direitos, a cessionária não será
considerada consumidora A condição de consumidor do promitente-assinante não se transfere aos cessionários
do contrato de participação financeira. As condições personalíssimas do cedente não se transmitem ao
cessionário. STJ. 3ª Turma. REsp 1.608.700-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/3/2017 (Info
600).

Inaplicabilidade do CDC aos contratos de franquia


A relação entre o franqueador e o franqueado não é uma relação de consumo, mas sim de fomento econômico
com o objetivo de estimular as atividades empresariais do franqueado.
O franqueado não é consumidor de produtos ou serviços da franqueadora, mas sim a pessoa que os
comercializa junto a terceiros, estes sim, os destinatários finais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.076-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info 591).

SÚMULA N. 602 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais promovidos
pelas sociedades cooperativas. Segunda Seção, aprovada em 22/2/2018, DJe 26/2/2018.

Embargos de divergência. Ação coletiva. Direito à informação. Dever de informar. Rotulagem de produtos
alimentícios. Presença de glúten. Prejuízos à saúde dos doentes celíacos. Insuficiência da informação-conteúdo
"contém glúten". Necessidade de complementação com a informação-advertência sobre os riscos do glúten à
saúde dos doentes celíacos

136
O fornecedor de alimentos deve complementar a informação-conteúdo "contém glúten" com a informação-
advertência de que o glúten é prejudicial à saúde dos consumidores com doença celíaca. EREsp 1.515.895-MS,
Rel. Min. Humberto Martins, por unanimidade, julgado em 20/09/2017, DJe 27/09/2017

Ação civil pública. Vício do produto. Reparação em 30 dias. Dever de sanação do comerciante, assistência
técnica ou diretamente do fabricante. Direito de escolha do consumidor
Cabe ao consumidor a escolha para exercer seu direito de ter sanado o vício do produto em 30 dias – levar o
produto ao comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao fabricante. REsp 1.634.851-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, por maioria, julgado em 12/09/2017, DJe 15/02/2018

Ação de obrigação de fazer. Provedor de aplicação de pesquisa na internet. Proteção a dados pessoais.
Desvinculação entre nome e resultado de pesquisa. Direito ao esquecimento. Possibilidade.
É possível determinar o rompimento do vínculo estabelecido por provedores de aplicação de busca na internet
entre o nome de prejudicado, utilizado como critério exclusivo de busca, e a notícia apontada nos resultados.
REsp 1.660.168-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, por maioria, julgado em
08/05/2018, DJe 05/06/2018

Ação civil pública. Compra e venda realizada pela internet. Atraso na entrega. Demora na restituição do valor
pago pelo consumidor arrependido. Imposição por sentença coletiva de cláusula penal. Ausência de previsão
legal ou contratual. Inexistência no contrato de multa em prol do fornecedor passível de inversão.
Em compras realizadas na internet, o fato de o consumidor ser penalizado com a obrigação de arcar com multa
moratória, prevista no contrato com a financeira, quando atrasa o pagamento de suas faturas de cartão de crédito
não autoriza a imposição, por sentença coletiva, de cláusula penal ao fornecedor de bens móveis, nos casos de
atraso na entrega da mercadoria e na demora de restituição do valor pago quando do exercício do direito do
arrependimento. REsp 1.412.993-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Maria Isabel Gallotti, por
maioria, julgado em 08/05/2018, DJe 07/06/2018

Tarifa de enérgia elétrica. Inadimplência de órgão público. Multa. Cobrança. Art. 4º, parágrafo único, do
Decreto-Lei n. 2.432/1988. Não aplicabilidade.
A concessionária de fornecimento de energia elétrica não pode exigir de órgão público, usuário do serviço, multa
por inadimplemento no pagamento de fatura, fundamentada no parágrafo único do artigo 4º do Decreto-Lei n.
2.432/1988. REsp 1.396.808-AM, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em 14/08/2018, DJe
06/09/2018

Responsabilidade civil do médico. Inadimplemento do dever de informação. Especialização da informação e de


consentimento específico. Necessidade. Ofensa ao direito à autodeterminação. Dano extrapatrimonial.
Configuração.
A inobservância do dever de informar e de obter o consentimento informado do paciente viola o direito à
autodeterminação e caracteriza responsabilidade extracontratual. REsp 1.540.580-DF, Rel. Min. Lázaro Guimarães
(Desembargador Convocado do TRF 5ª Região), Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado em
02/08/2018, DJe 04/09/2018

Validade do desconto de pontualidade presente em contratos de serviços educacionais


O denominado "desconto de pontualidade", concedido pela instituição de ensino aos alunos que efetuarem o
pagamento das mensalidades até a data do vencimento ajustada, não configura prática comercial abusiva. STJ.
3ª Turma. REsp 1.424.814-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 4/10/2016 (Info 591).

137
Inclusão de valor indevida em fatura de cartão e inocorrência de dano moral in re ipsa
Não configura dano moral in re ipsa a simples remessa de fatura de cartão de crédito para a residência do
consumidor com cobrança indevida. STJ. 4ª Turma. REsp 1.550.509-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em3/3/2016 (Info 579).
Para configurar a existência do dano extrapatrimonial, é necessário que se demonstre que a operadora de cartão
de crédito, além de ter incluído a cobrança na fatura, praticou outras condutas que configurem dano moral, como
por exemplo:
a) reiteração da cobrança indevida mesmo após o consumidor ter reclamado;
b) inscrição do cliente em cadastro de inadimplentes;
c) protesto da dívida;
d) publicidade negativa do nome do suposto devedor; ou
e) cobrança que exponha o consumidor, o submeta à ameaça, coação ou constrangimento.

Protesto de cheques prescritos. Irregularidade. Higidez da dívida. Possibilidade de manejo de ação de cobrança
fundada na relação causal e de ação monitória. Abalo de crédito inexistente. Dano moral não caracterizado.
No âmbito do protesto irregular de título de crédito, o reconhecimento do dano moral está inequivocamente
atrelado à ideia do abalo do crédito causado pela publicidade do ato notarial, que, naturalmente, faz associar ao
devedor a pecha de "mau pagador" perante a praça. Todavia, na hipótese em que o protesto é irregular por estar
prescrita a pretensão executória do credor, havendo, porém, vias alternativas para a cobrança da dívida
consubstanciada no título, não há se falar em abalo de crédito, na medida em que o emitente permanece na
condição de devedor, estando, de fato, impontual no pagamento.
Nesse contexto, enquanto remanescer ao credor a faculdade de cobrança da dívida – seja por meio do
ajuizamento de ação cambial por locupletamento ilícito, de ação de cobrança fundada na relação causal, e ainda,
de ação monitória – permanece o devedor na condição de inadimplente, razão pela qual não está caracterizado
abalo de crédito apto a ensejar dano moral. REsp 1.677.772-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade,
julgado em 14/11/2017, DJe 20/11/2017

Instituição de ensino superior não pode negar a matrícula inicial do aprovado no vestibular por débitos
anteriores
Instituição de ensino superior não pode recusar a matrícula de aluno aprovado em vestibular em razão de
inadimplência em curso diverso anteriormente frequentado por ele na mesma instituição. STJ. 2ª Turma. REsp
1.583.798-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/5/2016 (Info 591).

Desnecessidade das garrafas de vinho indicaram os valores nutricionais


Não existe obrigação legal de se inserir nos rótulos dos vinhos informações acerca da quantidade de sódio e de
calorias (valor energético) existentes no produto. STJ. 3ª Turma. REsp 1.605.489-SP, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 4/10/2016 (Info 592).

Ausência de responsabilidade dos provedores de busca de produtos à venda on-line


O provedor de buscas de produtos à venda on-line que não realiza qualquer intermediação entre consumidor e
vendedor não pode ser responsabilizado por qualquer vício da mercadoria ou inadimplemento contratual. STJ.
3ª Turma. REsp 1.444.008-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2016 (Info 593).

138
Cancelamento de voos sem razões técnicas ou de segurança é prática abusiva
Considera-se prática abusiva o cancelamento de voos sem razões técnicas ou de segurança inequívocas, pois trata-
se de serviço essencial e pressupõe continuidade.
Também é prática abusiva o descumprimento do dever de informar o consumidor, por escrito e justificadamente,
quando tais cancelamentos vierem a ocorrer.
Nas ações coletivas ou individuais, a agência reguladora não integra o feito em litisconsórcio passivo quando
se discute a relação de consumo entre concessionária e consumidores, e não há regulamentação emanada
do ente regulador. STJ. 2ª Turma. REsp 1.469.087-AC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/8/2016 (Info
593).

Atraso em voo internacional. Dano moral presumido (in re ipsa). Inocorrência. Necessidade de comprovação
REsp 1.584.465-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 13/11/2018, DJe 21/11/2018
Na hipótese de atraso de voo, não se admite a configuração do dano moral in re ipsa. No caso concreto foram
aventadas algumas hipóteses, de forma não taxativa, que justificariam o reconhecimento do dano moral, dentre
elas:
I) a averiguação acerca do tempo que se levou para a solução do problema,
isto é, a real duração do atraso;
II) se a companhia aérea ofertou alternativas para melhor atender aos
passageiros;
III) se foram prestadas a tempo e modo informações claras e precisas por
parte da companhia aérea a fim de amenizar os desconfortos inerentes à ocasião;
IV) se foi oferecido suporte material (alimentação, hospedagem, etc.)
quando o atraso for considerável;
V) se o passageiro, devido ao atraso da aeronave, acabou por perder
compromisso inadiável no destino, dentre outros.

Não abusividade da cobrança de taxa de saque à partir do 5º saque mensal


É legítima a cobrança, pelas instituições financeiras, de tarifas relativas a saques quando estes excederem o
quantitativo de quatro realizações por mês. STJ. 3ª Turma. REsp 1.348.154-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 13/12/2016 (Info 596).

É válida a prática de loja que permite a troca direta do produto viciado se feita em até 3 dias da compra
É legal a conduta de fornecedor que concede apenas 3 (três) dias para troca de produtos defeituosos, a contar
da emissão da nota fiscal, e impõe ao consumidor, após tal prazo, a procura de assistência técnica credenciada
pelo fabricante para que realize a análise quanto à existência do vício. STJ. 3ª Turma. REsp 1.459.555-RJ, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/2/2017 (Info 598).

Prestação de serviço de TV a cabo. Cláusula de fidelização. Cobrança proporcional da multa de fidelidade


independentemente do cumprimento parcial do prazo de carência.
Em se tratando do chamado contrato de adesão, ou seja, aquele cujas cláusulas tenham sido estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo (artigo 54 do Código de Defesa do Consumidor). É, sem dúvida, o que ocorre com
o pacto de prestação de serviço de TV a cabo, cuja licitude da cláusula de fidelização extrai-se de normativos

139
expedidos pela ANATEL e da jurisprudência desta Corte. Em relação à forma de cálculo da multa a ser cobrada em
caso de resilição antecipada dos contratos com fidelização, verifica-se que a ANATEL, em 07 de março de 2014,
expediu a Resolução n. 632, que aprovou o Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de
Telecomunicações, que determina o pagamento da multa de fidelidade proporcionalmente ao valor do benefício
concedido e ao período restante para o decurso do prazo mínimo estipulado. No entanto, mesmo antes da
vigência do citado normativo, revelava-se abusiva a prática comercial adotada por prestadora do serviço de TV a
cabo que cobra a multa de fidelidade integral dos consumidores, independentemente do tempo faltante para o
término da relação de fidelização. Isso porque essa prática coloca o fornecedor em vantagem exagerada,
caracterizando conduta iníqua, incompatível com a equidade, consoante disposto no § 1º e inciso IV do artigo 51
do CDC. REsp 1.362.084-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado em 16/5/2017, DJe 1/8/2017.

Ação Civil Pública. Serviço de assistência à saúde. Indicação da Classificação Internacional de Doenças (CID) em
requisições de exames e serviços de saúde. Condicionamento para a cobertura do serviço e pagamento de
honorários médicos. Ausência de abusividade.
Não é abusiva a exigência de indicação da CID (Classificação Internacional de Doenças), como condição de
deferimento, nas requisições de exames e serviços oferecidos pelas prestadoras de plano de saúde, bem como
para o pagamento de honorários médicos. REsp 1.509.055-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por
unanimidade, julgado em 22/8/2017, DJe 25/8/2017.

Ação civil pública. Despesas administrativas para o banco reaver seu crédito. Ligações telefônicas. Repasse ao
consumidor. Abusividade não configurada
Havendo expressa previsão contratual impondo ao consumidor o dever de ressarcimento dos custos resultantes
de cobrança administrativa, não se pode afirmar que a exigibilidade dessas despesas em caso de mora ou
inadimplemento, ainda que em contrato de adesão, seja indevida.
Assim, a necessidade de reposição integral dos danos causados por um dos contratantes ao outro decorre do
sistema jurídico, por extensão legal conferida pelo art. 51, XII, do CDC, de modo que a garantia da reparação total
valerá tanto para o fornecedor quanto para o consumidor, independentemente de expressa previsão contratual.
REsp 1.361.699-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 12/9/2017, DJe 21/9/2017.

Serviços de TV por assinatura. Ponto extra e aluguel de equipamento adicional. Contratação anterior à
Resolução da ANATEL n. 528/2009. Cobrança. Possibilidade.
É lícita a conduta da prestadora de serviço que em período anterior à Resolução da ANATEL n. 528, de 17 de abril
de 2009, efetuava cobranças pelo aluguel de equipamento adicional e ponto extra de TV por assinatura.
Ademais, caso o consumidor não pretenda pagar o aluguel pelos aparelhos disponibilizados pela própria
fornecedora do serviço de TV por assinatura em razão direta dos pontos adicionais requeridos, pode optar por
comprar ou alugar ou obter em comodato de terceiros os equipamentos necessários para a decodificação do sinal
nos exatos termos da faculdade conferida pela normatização regente. Contudo, optando o cliente por adquirir o
pacote de serviços da própria fornecedora do sinal da TV por assinatura contratada, ou seja, com a inclusão do
conversor/decodificador, plenamente justificável a cobrança de valor adicional na mensalidade, não havendo
falar em abuso. REsp 1.449.289-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Marco Buzzi, por maioria, julgado
em 14/11/2017, DJe 13/12/2017.

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Contrato de transporte aéreo de pessoas. Trechos de ida e volta adquiridos conjuntamente. Não
comparecimento do passageiro para o trecho de ida (no show). Cancelamento de viagem de volta. Conduta
abusiva.
É abusiva a prática comercial consistente no cancelamento unilateral e automático de um dos trechos da
passagem aérea, sob a justificativa de não ter o passageiro se apresentado para embarque no voo antecedente.
REsp 1.595.731-RO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 14/11/2017, DJe 01/02/2018

SÚMULA N. 603 - É vedado ao banco mutuante reter, em qualquer extensão, os salários, vencimentos e/ou
proventos de correntista para adimplir o mútuo (comum) contraído, ainda que haja cláusula contratual
autorizativa, excluído o empréstimo garantido por margem salarial consignável, com desconto em folha de
pagamento, que possui regramento legal específico e admite a retenção de percentual. Segunda Seção,
aprovada em 22/2/2018, DJe 26/2/2018. Súmula cancelada

Encerramento de conta corrente de criptomoedas e inexistência de prática abusiva


O encerramento de conta-corrente usada na comercialização de criptomoedas, observada a prévia e regular
notificação, não configura prática comercial abusiva ou exercício abusivo do direito. Vale mencionar também
que essa relação negocial a contratação dessa modalidade de serviços bancários, especificamente o de abertura
de conta-corrente, dá-se com o claro propósito de incrementar sua atividade produtiva de intermediação, não
se caracterizando, pois, como relação jurídica de consumo — mas sim de insumo —, a obstar a aplicação das
normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor. REsp 1.696.214-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por
maioria, julgado em 09/10/2018, DJe 16/10/2018

Cobrança por serviços de terceiros. Ressarcimento pelo consumidor da comissão do correspondente bancário.
Vedação por norma regulamentar. Abusividade apenas a partir da vigência da Resolução CMN 3.954/2011.
É abusiva a cláusula que prevê o ressarcimento pelo consumidor da comissão do correspondente bancário, em
contratos celebrados a partir de 25/02/2011, data de entrada em vigor da Res. CMN 3.954/2011, sendo válida a
cláusula no período anterior a essa resolução, ressalvado o controle da onerosidade excessiva. REsp 1.578.553-
SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 28/11/2018, DJe
06/12/2018
Nesse julgado também foram fixados diversos entendimentos, sendo estes:
• É válida a tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o ressarcimento
de despesa com o registro do contrato, ressalvadas: a abusividade da cobrança por serviço não
efetivamente prestado e a possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada caso concreto.
• É abusiva a cláusula que prevê a cobrança de ressarcimento de serviços prestados por terceiros, sem a
especificação do serviço a ser efetivamente prestado.
• É abusiva a cláusula que prevê o ressarcimento pelo consumidor da despesa com o registro do pré-
gravame, em contratos celebrados a partir de 25/02/2011, data de entrada em vigor da Resolução CMN
3.954/2011, sendo válida a cláusula pactuada no período anterior a essa resolução, ressalvado o controle
da onerosidade excessiva.
• Nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser compelido a contratar seguro com a
instituição financeira ou com seguradora por ela indicada.
• A abusividade de encargos acessórios do contrato não descaracteriza a mora.

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Seguro de automóvel. Garantia de responsabilidade civil. Acidente de trânsito. Embriaguez de preposto do
segurado. Cláusula de exclusão. Ineficácia para terceiros. Proteção à vítima. Finalidade e função social.
Deve ser dotada de ineficácia para terceiros (garantia de responsabilidade civil) a cláusula de exclusão da
cobertura securitária na hipótese de o acidente de trânsito advir da embriaguez do segurado ou daquele a quem,
por este, foi confiada a direção do veículo.
REsp 1.738.247-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por maioria, julgado em 27/11/2018, DJe 10/12/2018

Prestação de serviços de hotelaria. Período da diária (24 horas). Lei n. 11.771/2008 e Decreto n. 3.781/2010.
Horários diversos de check-in e check-out. Legalidade.
Não é abusiva a cobrança de uma diária completa de 24 horas em hotéis que adotam a prática de check-in às
15:00h e de check-out às 12:00h do dia de término da hospedagem. REsp 1.717.111-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, por unanimidade, julgado em 12/03/2019, DJe 15/03/2019

Espetáculos culturais. Aquisição de ingressos na internet. Cobrança de taxa de conveniência. Venda casada
indireta. Prática abusiva. Configuração.
É abusiva a venda de ingressos em meio virtual (internet) vinculada a uma única intermediadora e mediante o
pagamento de taxa de conveniência. REsp 1.737.428-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por maioria, julgado em
12/03/2019, DJe 15/03/2019

Comprovantes de operações bancárias. Emissão em papel termossensível. Baixa durabilidade. Vício do serviço.
Configuração. Emissão gratuita de segunda via do comprovante. Obrigação.
A instituição financeira responde por vício na qualidade do produto ao emitir comprovantes de suas operações
por meio de papel termossensível. REsp 1.414.774-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 16/05/2019, DJe 05/06/2019

Responsabilidade Civil
Produto de periculosidade inerente e ausência de responsabilidade civil
Para a responsabilização do fornecedor por acidente do produto não basta ficar evidenciado que os danos foram
causados pelo medicamento. O defeito do produto deve apresentar-se, concretamente, como sendo o causador
do dano experimentado pelo consumidor.
Em se tratando de produto de periculosidade inerente (medicamento com contraindicações), cujos riscos são
normais à sua natureza e previsíveis, eventual dano por ele causado ao consumidor não enseja a responsabilização
do fornecedor. Isso porque, neste caso, não se pode dizer que o produto é defeituoso. STJ. 3ª Turma. REsp
1.599.405-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 4/4/2017 (Info 603).

O fornecimento de bem durável ao seu destinatário final põe termo à eventual cadeia de seus fornecedores
originais
O fornecimento de bem durável ao seu destinatário final, por removê-lo do mercado de consumo, põe termo à
cadeia de seus fornecedores originais. A posterior revenda desse mesmo bem por seu adquirente constitui nova
relação jurídica obrigacional com o eventual comprador. Assim, os eventuais prejuízos decorrentes dessa segunda
relação não podem ser cobrados do fornecedor original.
Não se pode estender ao integrante daquela primeira cadeia de fornecimento a responsabilidade solidária de que
trata o art. 18 do CDC por eventuais vícios que o adquirente da segunda relação jurídica venha a detectar no

142
produto. STJ. 3ª Turma. REsp 1.517.800-PE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 2/5/2017 (Info 603).

Fabricante de veículo tem o dever de indenizar danos graves decorrentes da abertura do air bag
A comprovação de graves lesões decorrentes da abertura de air bag em acidente automobilístico em baixíssima
velocidade, que extrapolam as expectativas que razoavelmente se espera do mecanismo de segurança, ainda que
de periculosidade inerente, configura a responsabilidade objetiva da montadora de veículos pela reparação dos
danos ao consumidor. STJ. 3ª Turma. REsp 1.656.614-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/5/2017 (Info
605).

A fonte utilizada nas ofertas publicitárias pode ser inferior ao tamanho 12


O art. 54, § 3º do CDC prevê que, nos contratos de adesão, o tamanho da fonte não pode ser inferior a 12.
Essa regra do art. 54, § 3º NÃO se aplica para ofertas publicitárias. Assim, as letras que aparecem no comercial de
TV ou em um encarte publicitário não precisam ter, no mínimo, tamanho 12. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.678-RJ,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 23/5/2017 (Info 605).

Ação indenizatória. Roubo de motocicleta. Emprego de arma de fogo. Área externa de lanchonete.
Estacionamento gratuito. Fortuito externo. Súmula n. 130/STJ. Inaplicabilidade.
A incidência do disposto na Súmula 130/STJ não alcança as hipóteses de crime de roubo a cliente de lanchonete,
praticado mediante grave ameaça e com emprego de arma de fogo, ocorrido no estacionamento externo e
gratuito oferecido pelo estabelecimento comercial. REsp 1.431.606-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por maioria, julgado em 15/08/2017, DJe 13/10/2017

Ação redibitória. Reclamação que obsta a decadência. Forma documental ou verbal. Admissão. Comprovação
pelo consumidor.
A reclamação obstativa da decadência, prevista no art. 26, § 2º, I, do CDC pode ser feita documentalmente ou
verbalmente. REsp 1.442.597-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 24/10/2017, DJe
30/10/2017

Ação de indenização por danos morais. Saque indevido de numerário na conta corrente do autor.
Ressarcimento dos valores pela instituição bancária. Ausência de dano moral in re ipsa.
O saque indevido de numerário em conta corrente, reconhecido e devolvido pela instituição financeira dias após
a prática do ilícito, não configura, por si só, dano moral in re ipsa. REsp 1.573.859-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, por unanimidade, julgado em 07/11/2017, DJe 13/11/2017

Aquisição de pacote de biscoito com corpo estranho no recheio de um dos biscoitos. Não ingestão. Levar à
boca. Exposição do consumidor a risco concreto de lesão à saúde e segurança. Fato do produto. Existência de
dano moral.
O produto ou serviço apresentará defeito de segurança quando, além de não corresponder à expectativa do
consumidor, sua utilização ou fruição for capaz de criar riscos à sua incolumidade ou de terceiros – o que
aconteceu no caso em tela, pois o corpo estranho contido no recheio de um biscoito expôs o consumidor a risco,
na medida em que, levando-o à boca por estar encoberto pelo produto adquirido, sujeitou-se à ocorrência de
diversos tipos de dano, seja à sua saúde física, seja à sua integridade psíquica. O consumidor foi, portanto, exposto
a grave risco, o que torna ipso facto defeituoso o produto. Nesse contexto, verificada a ocorrência de defeito no
produto, a afastar a incidência exclusiva do art. 18 do CDC à espécie (o qual permite a reparação do prejuízo

143
material experimentado), inafastável é o dever do fornecedor de reparar também o dano extrapatrimonial
causado ao consumidor, fruto da exposição de sua saúde e segurança à risco concreto. REsp 1.644.405-RS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 09/11/2017, DJe 17/11/2017

Contrato de mútuo garantido por penhor de joias subtraídas na constância do contrato. Falha no serviço. Ação
de indenização. Prescrição quinquenal. Art. 27 do CDC.
As pretensões indenizatórias decorrentes do furto de joias, objeto de penhor em instituição financeira,
prescrevem em 5 (cinco) anos, de acordo com o disposto no art. 27 do CDC. REsp 1.369.579-PR, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 24/10/2017, DJe 23/11/2017

Ação indenizatória. Defeitos aparentes da obra. Art. 26 do CDC. Prazo decadencial. Inaplicabilidade à pretensão
indenizatória. Sujeição a prazo prescricional. Art. 205 do CC/02.
Aplica-se o prazo prescricional do art. 205 do CC/02 às ações indenizatórias por danos materiais decorrentes de
vícios de qualidade e de quantidade do imóvel adquirido pelo consumidor, e não o prazo decadencial estabelecido
pelo art. 26 do CDC. REsp 1.534.831-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, por
maioria, julgado em 20/02/2018, DJe 02/03/2018

Responsabilidade civil. Cancelamento de voo. Substituição por transporte via terrestre (ônibus). Roubo de
passageiros durante o trajeto. Fortuito externo. Ausência. Culpa concorrente da transportadora. Alteração
substancial e unilateral do contrato.
A alteração substancial e unilateral do contrato firmado de transporte aéreo para terrestre impede a utilização
da excludente de fortuito externo para eximir a empresa de transporte aéreo da responsabilidade civil por danos
causados por roubo ao ônibus. REsp 1.728.068-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em
05/06/2018, DJe 08/06/2018

Responsabilidade civil da transportadora. Ato libidinoso praticado contra passageira no inteior de trem. Dano
moral configurado. Fortuito interno. Conexidade com a atividade de transporte de pessoas.
A concessionária de transporte ferroviário pode responder por dano moral sofrido por passageira, vítima de
assédio sexual, praticado por outro usuário no interior do trem. REsp 1.662.551-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por
maioria, julgado em 15/05/2018, DJe 25/06/2018

Consórcio de empresas. Relação de consumo. Solidariedade. Art. 28, § 3º, do CDC. Interpretação restritiva.
Correlação com as obrigações resultantes do objeto do consórcio. Necessidade.
Há solidariedade entre as sociedades consorciadas em relação às obrigações derivadas de relação de consumo
desde que essas obrigações guardem correlação com a esfera de atividade do consórcio. REsp 1.635.637-RJ, Rel.
Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 18/09/2018, DJe 21/09/2018

Responsabilidade civil e consumidor. Crime de roubo. Emprego de arma de fogo. Drive-thru de lanchonete.
Fortuito interno. Súmula n. 130/STJ. Aplicabilidade.
A lanchonete responde pela reparação de danos sofridos pelo consumidor que foi vítima de crime ocorrido no
drive-thru do estabelecimento comercial. REsp 1.450.434-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade,
julgado em 18/09/2018, DJe 09/11/2018

Dano moral e fila em agência bancária


O descumprimento de normas municipais e federais que estabelecem parâmetros para a adequada prestação do
serviço de atendimento presencial em agências bancárias, gerando a perda do tempo útil do consumidor, é capaz

144
de configurar dano moral de natureza coletiva. REsp 1.737.412-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade,
julgado em 05/02/2019, DJe 08/02/2019

Cigarro. Cartões inserts ou onserts. Cartões informativos no interior das embalagens. Publicidade não
caracterizada. Dano moral coletivo. Inexistência.
A inserção de cartões informativos no interior das embalagens de cigarros não constitui prática de publicidade
abusiva apta a caracterizar dano moral coletivo. REsp 1.703.077-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min.
Moura Ribeiro, por maioria, julgado em 11/12/2018, DJe 15/02/2019

Transporte aéreo. Convenção Internacional dos direitos das pessoas com deficiência. Decreto n. 6.949/2009.
Acessibilidade. Cadeirante. Tratamento indigno ao embarque. Ausência dos meios materiais necessários ao
ingresso desembaraçado no avião. Defeito na prestação do serviço. Responsabilidade da prestadora de serviços
configurada. Fato de terceiro. Inocorrência.
Companhia aérea é civilmente responsável por não promover condições dignas de acessibilidade de pessoa
cadeirante ao interior da aeronave. REsp 1.611.915-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, por unanimidade, julgado em
06/12/2018, DJe 04/02/2019

Relação de consumo. Defeito no produto. Fornecedora aparente. Marca de renome global. Art. 3º do CDC.
Responsabilidade solidária.
A empresa que utiliza marca internacionalmente reconhecida, ainda que não tenha sido a fabricante direta do
produto defeituoso, enquadra-se na categoria de fornecedor aparente. REsp 1.580.432-SP, Rel. Min. Marco Buzzi,
por unanimidade, julgado em 06/12/2018, DJe 04/02/2019

Cadastro de consumidores e cadastros restritivos de crédito


O termo inicial do prazo de 5 anos de manutenção do cadastro negativo é o vencimento da dívida
O termo inicial do prazo de permanência de registro de nome de consumidor em cadastro de proteção ao crédito
(art. 43, § 1º, do CDC) inicia-se no dia subsequente ao vencimento da obrigação não paga, independentemente
da data da inscrição no cadastro.
Assim, vencida e não paga a obrigação, inicia-se no dia seguinte a contagem do prazo de 5 anos previsto no §1º
do art. 43, do CDC, não importando a data em que o nome do consumidor foi negativado. STJ. 3ª Turma. REsp
1.316.117-SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Rel. para acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 26/4/2016 (Info 588).

O valor que seria objeto de mútuo, negado por força de inscrição indevida em cadastro de inadimplentes, não
pode ser ressarcido a título de dano emergente.
Não há perda material efetiva pelo fato de ter sido negado crédito ao consumidor. Dessa forma, o ressarcimento
por dano emergente, neste caso, seria destituído de suporte fático, consistindo a condenação, nessas condições,
em verdadeira hipótese de enriquecimento ilícito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.369.039-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 4/4/2017 (Info 602).

Responsabilidade por notificação do consumidor da inclusão de seu nome em cadastro restritivo


O que acontece se o órgão mantenedor do cadastro restritivo (ex: SERASA) enviar a notificação para um endereço
errado, ou seja, um endereço que não seja o do consumidor? Neste caso, o consumidor terá que ser indenizado,
mas quem pagará a indenização? O consumidor deverá propor a ação contra o credor (ex: loja onde foi feita a
compra) ou contra o órgão mantenedor do cadastro e que enviou a notificação? Depende:

145
• Se o credor informou o endereço certo para o órgão mantenedor do cadastro e este foi quem errou: a
responsabilidade será do órgão mantenedor.
• Se o credor comunicou o endereço errado do consumidor para o órgão mantenedor do cadastro e este enviou
exatamente para o local informado: a responsabilidade será do credor.
Veja, no entanto, uma situação diferente julgada pelo STJ:
É passível de gerar responsabilização civil a atuação do órgão mantenedor de cadastro de proteção ao crédito
que, a despeito da prévia comunicação do consumidor solicitando que futuras notificações fossem remetidas ao
endereço por ele indicado, envia a notificação de inscrição para endereço diverso.
Neste caso concreto, o consumidor informou ao órgão mantenedor do cadastro que seu endereço estava errado
no banco de dados e pediu para ser comunicado no endereço certo em futuras notificações. Apesar disso, o
órgão mandou novamente para o endereço errado. STJ. 3ª Turma. REsp 1.620.394-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 15/12/2016 (Info 597).

Ação civil pública. Cartão de crédito. Cláusulas abusivas. Compartilhamento de dados pessoais. Necessidade de
opção por sua negativa. Desrespeito aos princípios da transparência e confiança.
É abusiva e ilegal cláusula prevista em contrato de prestação de serviços de cartão de crédito que autoriza o banco
contratante a compartilhar dados dos consumidores com outras entidades financeiras ou mantenedoras de
cadastros positivos e negativos de consumidores, sem que seja dada opção de discordar daquele
compartilhamento. REsp 1.348.532-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 10/10/2017,
DJe 30/11/2017

Entidades mantenedoras de cadastros de proteção ao crédito. Princípio da veracidade da informação. Art. 43


do CDC. Prazos de manutenção de informação no cadastro de inadimplentes. Informação decorrente de
protesto de títulos. Informação do prazo de vencimento da dívida. Necessidade. Responsabilidade da
instituição arquivista.
As entidades mantenedoras de cadastros de proteção ao crédito não devem incluir em sua base de dados
informações coletadas dos cartórios de protestos sem a informação do prazo de vencimento da dívida, sendo
responsáveis pelo controle de ambos os limites temporais estabelecidos no art. 43 da Lei n. 8.078/1990. REsp
1.630.889-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, por maioria, julgado em 11/09/2018, DJe 21/09/2018

Licitude da existência de cadastro de consultas anteriores


É lícita a manutenção do banco de dados conhecido como "cadastro de passagem" ou "cadastro de consultas
anteriores", desde que subordinado às exigências previstas no art. 43 do CDC. REsp 1.726.270-BA, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por maioria, julgado em 27/11/2018, DJe 07/02/2019

Contratos de consumo
Ex-empregado demitido sem justa causa tem direito de permanecer vinculado ao plano de saúde em que se
encontrava antes da demissão com as mesmas condições de valor
É indevido cobrar reajuste de ex-empregado demitido sem justa causa que opta por permanecer vinculado ao
plano de saúde em que se encontrava antes da demissão, na condição de beneficiário, pelo prazo que lhe assegura
o art. 30, § 1º, da Lei nº 9.656/98, nas mesmas condições de cobertura assistencial e mediante o pagamento
integral das mensalidades, só lhe podendo ser atribuído algum aumento que também tenha sido estipulado aos
empregados em atividade.
Em 2011, a ANS editou a Resolução ANS 279/2011, prevendo que "a manutenção da condição de beneficiário no

146
mesmo plano privado de assistência à saúde em que se encontrava quando da demissão ou exoneração sem justa
causa ou aposentadoria observará as mesmas condições de reajuste, preço, faixa etária e fator moderador
existentes durante a vigência do contrato de trabalho" (art. 16).
Vale ressaltar, no entanto, que, mesmo antes da Resolução ANS 279/2011, os empregados demitidos sem justa
causa já possuíam esse direito de permanecerem pagando o mesmo valor. Isso porque esse direito decorre
diretamente do art. 30 da Lei nº 9.656/98 (e não da Resolução, que só veio confirmar essa conclusão). STJ. 3ª
Turma. REsp 1.539.815-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 7/2/2017 (Info 599).

Transporte aéreo internacional e aplicabilidade das Convenções de Varsóvia e de Montreal


Em caso de extravio de bagagem ocorrido em transporte internacional envolvendo consumidor, aplica-se o CDC
ou a indenização tarifada prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal?
As Convenções internacionais.
Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da
responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e
Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 25/05/2017 (repercussão geral) (Info
866).
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à
ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da
reciprocidade.
STF.

Prazo prescricional em caso de acidente aéreo


Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da
responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e
Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor, sendo, portanto, aplicado o prazo de
2 anos previsto no art. 29 da Convenção de Varsóvia. STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE
766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866).

Plano de saúde
Súmula 608-STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os
administrados por entidades de autogestão. STJ. 2ª Seção. Aprovada em 11/04/2018.

É abusiva cláusula que autoriza o indeferimento de procedimentos solicitados por médicos não credenciados
O plano de saúde não pode se recusar a custear exames, internações e tratamentos hospitalares usando
como único argumento o fato de que tais procedimentos foram solicitados por médico não integrante da rede de
atendimento do plano.
A cláusula contratual que prevê o indeferimento de quaisquer procedimentos médico- hospitalares, se estes
forem solicitados por médicos não cooperados, deve ser reconhecida como cláusula abusiva, nos termos do art.
51, IV, do CDC. STJ. 4ª Turma. REsp 1.330.919-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/8/2016 (Info 588).

147
Direito do ex empregado de continuar beneficiário de plano de saúde coletivo empresarial
É assegurado ao trabalhador demitido sem justa causa ou ao aposentado que contribuiu para o plano de saúde em
decorrência do vínculo empregatício o direito de continuar no plano durante certo período com as mesmas
condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que
assuma o seu pagamento integral (arts. 30 e 31 da Lei nº 9.656/98).
Para isso, no entanto, é necessário que, durante o vínculo empregatício, ele contribuísse para o pagamento
do plano. (pagamento de mensalidade).
Assim, se apenas a empresa contribuía para o plano, o ex-empregado não terá direito de continuar nele mesmo
que este plano fosse sob a modalidade de coparticipação (quando o usuário, apesar de não pagar contribuição
mensal, paga uma parte do tratamento/consulta). STJ. 3ª Turma. REsp 1.594.346-SP, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 9/8/2016 (Info 588).

Dever de assistência ao neonato pelo plano de saúde


Quando o contrato de plano de saúde incluir atendimento obstétrico, a operadora temo dever de prestar
assistência ao recém- nascido durante os primeiros trinta dias após o parto (art. 12, III, "a", da Lei nº
9.656/1998), independentemente de a operadora ter autorizado a efetivação da cobertura, ter ou não custeado
o parto, tampouco de inscrição do neonato como de pendente nos trinta dias seguintes ao nascimento. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.269.757-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em3/5/2016 (Info 584).

Validade e limite da cláusula de coparticipação nos contratos de plano de saúde


Não é abusiva cláusula contratual de plano privado de assistência à saúde que estabeleça a coparticipação do
usuário nas despesas médico-hospitalares em percentual sobre o custo de tratamento médico realizado sem
internação, desde que a coparticipação não caracterize financiamento integral do procedimento por parte do
usuário, ou fator restritor severo ao acesso aos serviços. STJ. 3ª Turma. REsp 1.566.062-RS, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 21/6/2016 (Info 586).

O hospital deve informar quais serviços não oferece aos usuários de determinado plano, sob pena de se
presumirem todos incluídos
Quando um hospital credenciado não prestar determinados serviços para os usuários do plano, este deverá
informar ao consumidor, de forma clara, qual é a restrição existente e quais as especialidades oferecidas pela
entidade que não estão cobertas, sob pena de todas elas estarem incluídas no credenciamento. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.613.644-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/9/2016 (Info 590).

Prazo prescricional da pretensão condenatória de nulidade de clausula de reajuste de plano ou seguro de


assistência à saúde
Na vigência dos contratos de plano ou de seguro de assistência à saúde, a pretensão condenatória decorrente
da declaração de nulidade de cláusula de reajuste nele prevista prescreve em 20 anos (art. 177 do CC/1916) ou
em 3 anos (art. 206, § 3º, IV, do CC/2002), observada a regra de transição do art. 2.028 do CC/2002. STJ. 2ª Seção.
REsp 1.361.182-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 10/8/2016
(recurso repetitivo) (Info 590).
Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em
vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada.

148
Possibilidade de portabilidade de carência entre planos de saúde por empregado demitido e titular de plano
empresarial
É ilícita a exigência de cumprimento de carência de ex-dependente de plano coletivo empresarial, extinto
em razão da demissão sem justa causa do titular, ao contratar novo plano de saúde, na mesma operadora, mas
em categoria diversa (plano coletivo por adesão).
Nos termos do art. 7º-C da RN nº 186/2009 da ANS, o ex-empregado demitido ou exonerado sem justa causa ou
aposentado ou seus dependentes ficam dispensados do cumprimento de novos períodos de carência na
contratação de novo plano individual ou familiar ou coletivo por adesão, seja na mesma operadora, seja em
outra, desde que peçam a transferência durante o período de manutenção da condição de beneficiário garantida
pelos arts. 30 e 31 da Lei nº 9.656/98. STJ. 3ª Turma. REsp 1.525.109-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 4/10/2016 (Info 592).

Impossibilidade do denunciado (fornecedor) invocar a proibição da denunciação da lide prevista no art. 88 do


CDC
O art. 88 do CDC proíbe que o fornecedor que foi acionado judicialmente pelo consumidor faça a
denunciação da lide, chamando para o processo outros corresponsáveis pelo evento.
Esta norma é uma regra prevista em benefício do consumidor, atuando em prol da brevidade do processo de
ressarcimento de seus prejuízos devendo, por esse motivo, ser arguida pelo próprio consumidor, em seu próprio
benefício.
Assim, se o fornecedor/réu faz a denunciação da lide ao corresponsável e o consumidor não se insurge contra
isso, haverá preclusão, sendo descabido ao denunciado invocar em seu benefício a regra do art. 88.
Em outras palavras, não pode o denunciado à lide invocar em seu benefício a regra de afastamento da
denunciação (art. 88) para eximir-se de suas responsabilidades perante o denunciante.

Plano de saúde. Transtorno mental. Depressão. Tratamento psicoterápico. Limitação do número de consultas.
Abusividade.
Há abusividade na cláusula contratual ou em ato da operadora de plano de saúde que importe em
limitação/interrupção de tratamento psicoterápico por esgotamento do número de sessões anuais asseguradas
no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS, devendo as consultas excedentes ser custeadas em regime
de coparticipação. REsp 1.679.190-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em
26/09/2017, DJe 02/10/2017.

Possibilidade de ressarcimento dos planos de saúde pelo SUS e ofensa reflexa à constituição
É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei 9.656/1998 (1), o qual é aplicável aos procedimentos
médicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo SUS e posteriores a 4.6.1998, assegurados o contraditório
e a ampla defesa, no âmbito administrativo, em todos os marcos jurídicos.
Com esse entendimento, o Plenário negou provimento a recurso extraordinário no qual discutida a validade de
débitos cobrados a título de ressarcimento ao SUS em decorrência de despesas referentes a atendimentos
prestados a beneficiários de planos de saúde.
A Corte registrou que eventual questão envolvendo a possibilidade de fixação de tabelas de ressarcimento dentro
dos limites mínimo e máximo instituídos pelo § 8º do art. 32 da Lei 9.656/1998 deveria ser resolvida no campo da
análise infraconstitucional. Isso porque eventual conflito entre normas de 1º e 2º graus reflete, no máximo, ofensa
reflexa à Constituição, impassível de análise na via do recurso extraordinário. RE 597064/RJ, rel. Min. Gilmar
Mendes, julgamento em 7.2.2018. (RE - 597064)

149
Súmula 609-STJ: A recusa de cobertura securitária sob alegação de doença pré-existente é ilícita se não houve a
exigência de exames prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado.STJ. 2ª Seção. Aprovada em
11/04/2018.

Planos de saúde. Internação psiquiátrica superior a 30 dias por ano contratual. Coparticipação. Validade.
Não é abusiva a cláusula de coparticipação expressamente contratada e informada ao consumidor para a hipótese
de internação superior a 30 (trinta) dias decorrentes de transtornos psiquiátricos. Vale relembrar que a
coparticipação não pode transferir ao segurado ônus excessivo de modo a tornar o exercício do direito inviável,
devendo ser observada a proporcionalidade nessa modalidade contratual. EAREsp 793.323-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, por unanimidade, julgado em 10/10/2018, DJe 15/10/2018

Abusividade da cláusula que limita o tempo de internação hospitalar


O teor do enunciado n. 302 da Súmula do STJ, que dispõe ser abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que
limita no tempo a internação hospitalar do segurado, refere-se, expressamente, à segmentação hospitalar, e não
à ambulatorial. REsp 1.764.859-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 06/11/2018,
DJe 08/11/2018

As operadoras de plano de saúde não estão obrigadas a fornecer medicamento não registrado pela ANVISA REsp
1.712.163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 08/11/2018, DJe
26/11/2018

Direito Imobiliário
Possibilidade de repasse da comissão de corretagem ao consumidor
É válida a cláusula contratual que transfere ao promitente-comprador a obrigação de pagar a comissão de
corretagem nos contratos de promessa de compra e venda de unidade autônoma em regime de incorporação
imobiliária, desde que previamente informado o preço total da aquisição da unidade autônoma, com o destaque
do valor da comissão de corretagem. STJ. 2ª Seção. REsp 1.599.511-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 24/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 589).

Abusividade de cobrança da SATI ao promitente vendedor


É abusiva a cobrança pelo promitente-vendedor do serviço de assessoria técnico-imobiliária (SATI), ou atividade
congênere, vinculado à celebração de promessa de compra e venda de imóvel. STJ. 2ª Seção. REsp 1.599.511-SP,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 589).

Legitimidade passiva “ad causam” da incorporadora na ação de restituição de SATI paga indevidamente pelo
promitente vendedor
Tem legitimidade passiva "ad causam" a incorporadora, na condição de promitente-vendedora, para responder
a demanda em que é pleiteada pelo promitente-comprador a restituição dos valores pagos a título de comissão
de corretagem e de taxa de assessoria técnico-imobiliária, alegando-se prática abusiva na transferência desses
encargos ao consumidor. STJ. 2ª Seção. REsp 1.551.968-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
24/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 589).

Prescreve em 3 anos a ação de restituição de SATI paga indevidamente pelo promitente vendedor
Prescreve em 3 anos a pretensão do promitente-comprador de restituição dos valores pagos a título de

150
comissão de corretagem ou de serviço de assistência técnico-imobiliária (SATI), ou atividade congênere (art. 206,
§ 3º, IV, CC). STJ. 2ª Seção. REsp 1.551.956-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/8/2016
(recurso repetitivo) (Info 589).

Incidência do CDC em ação proposta por condomínio em face de construtora em que se tutela interesse dos
condôminos
Aplica-se o CDC ao condomínio de adquirentes de edifício em construção, nas hipóteses em que atua na defesa
dos interesses dos seus condôminos frente a construtora ou incorporadora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.560.728-
MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/10/2016 (Info 592).

Promessa de compra e venda de imóvel em construção. Atraso da obra. Cláusula de tolerância. Validade.
Previsão legal. Peculiaridades da construção civil. Atenuação de riscos. Benefício aos contratantes.
Não é abusiva a cláusula de tolerância nos contratos de promessa de compra e venda de imóvel em construção
que prevê prorrogação do prazo inicial para a entrega da obra pelo lapso máximo de 180 (cento e oitenta) dias.
REsp 1.582.318-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 12/9/2017, DJe 21/9/2017

Compra e venda de imóvel. Atraso na entrega. Lucros cessantes. Cabimento. Prejuízo presumido.
O atraso na entrega do imóvel enseja pagamento de indenização por lucros cessantes durante o período de mora
do promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo do promitente comprador. EREsp 1.341.138-SP, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, por unanimidade, julgado em 09/05/2018, DJe 22/05/2018

Compra e venda de imóvel. Prévio contrato de locação. Manutenção pelo adquirente. Cláusula de vigência.
Registro de imóveis. Averbação. Imprescindibilidade.
A controvérsia gira em torno de definir se o contrato de locação com cláusula de vigência em caso de alienação
precisa estar averbado na matrícula do imóvel para ter validade ou se é suficiente o conhecimento do adquirente
acerca da cláusula para proteger o locatário. Registre-se que a lei de locações exige, para que a alienação do
imóvel não interrompa a locação, que o contrato seja por prazo determinado, haja cláusula de vigência e que o
ajuste esteja averbado na matrícula do imóvel. Na hipótese, apesar de no contrato de compra e venda haver
cláusula dispondo que o adquirente se sub-rogaria nas obrigações do locador nos inúmeros contratos de locação,
não há referência à existência de cláusula de vigência, muito menos ao fato de que o comprador respeitaria a
locação até o termo final. Assim, ausente o registro, não é possível impor restrição ao direito de propriedade,
afastando disposição expressa de lei, quando o adquirente não se obrigou a respeitar a cláusula de vigência da
locação. REsp 1.669.612-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 07/08/2018, DJe
14/08/2018

Incorporação imobiliária. Registro. Ausência. Multa. Art. 35, § 5º, da Lei n. 4.591/1964. Ação do adquirente.
Prescrição. Prazo decenal. Art. 205 do Código Civil.
É decenal o prazo prescricional aplicável à ação do adquirente contra a incorporadora que visa a cobrança da
multa prevista no art. 35, § 5º, da Lei n. 4.591/1964. REsp 1.497.254-ES, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por
unanimidade, julgado em 18/09/2018, DJe 24/09/2018

A comissão de corretagem independe de alteração da natureza do negócio


É devida a comissão de corretagem ainda que o resultado útil da intermediação imobiliária seja negócio de
natureza diversa da inicialmente contratada. REsp 1.765.004-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por maioria, julgado em 27/11/2018, DJe 05/12/2018

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152
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Guarda
Menor sob guarda é considerado dependente para fins previdenciários
Ao menor sob guarda deve ser assegurado o direito ao benefício da pensão por morte mesmo se o falecimento
se deu após a modificação legislativa promovida pela Lei nº 9.528/97 na Lei nº 8.213/91. O art. 33, § 3º do ECA
deve prevalecer sobre a modificação legislativa promovida na lei geral da Previdência Social, em homenagem ao
princípio da proteção integral e preferência da criança e do adolescente (art. 227 da CF/88). STJ. Corte Especial.
EREsp 1.141.788-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 7/12/2016 (Info 595).

Menor sob guarda judicial. Dependente econômico. Óbito do instituidor da pensão em data posterior à vigência
da MP 1.523/1996, reeditada e convertida na Lei n. 9.528/1997. Manutenção do benefício previdenciário.
Proibição de retrocesso. Diretrizes constitucionais de isonomia, prioridade absoluta e proteção integral à
criança e ao adolescente.
O menor sob guarda tem direito à concessão do benefício de pensão por morte do seu mantenedor, comprovada
sua dependência econômica, nos termos do art. 33, § 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente, ainda que o
óbito do instituidor da pensão seja posterior à vigência da Medida Provisória 1.523/96, reeditada e convertida na
Lei n. 9.528/97. Funda-se essa conclusão na qualidade de lei especial do Estatuto da Criança e do Adolescente
(8.069/90), frente à legislação previdenciária. REsp 1.411.258-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira
Seção, por unanimidade, julgado em 11/10/2017, DJe 21/02/2018. (Tema 732).

Adoção
Impossibilidade da adoção conjunta ser convertida em unilateral post mortem caso um dos candidatos
desista e o outro não tenha manifestado tal intenção
Se, no curso da ação de adoção conjunta, um dos cônjuges desistir do pedido e outro vier a falecer sem ter
manifestado inequívoca intenção de adotar unilateralmente, não poderá ser deferido ao interessado falecido o
pedido de adoção unilateral post mortem.
Tratando-se de adoção em conjunto, um cônjuge não pode adotar sem o consentimento do outro. Assim, se
proposta adoção em conjunto e um dos autores (candidatos a pai/mãe) desiste da ação, a adoção deve ser
indeferida, especialmente se o outro vem a morrer antes de manifestar-se sobre a desistência. STJ. 3ª Turma. REsp
1.421.409-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 18/8/2016 (Info 588).

Maternidade socioafetiva post mortem. Reconhecimento da relação de filiação após falecimento de pessoa
maior. Imprescindibilidade do consentimento. Art. 1.614 do Código Civil. Respeito à memória e a imagem
póstumas.
É imprescindível o consentimento de pessoa maior para o reconhecimento de filiação post mortem. REsp
1.688.470-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 10/04/2018, DJe 13/04/2018

Adoção unilateral. Revogação. Possibilidade.


No caso de adoção unilateral, a irrevogabilidade prevista no art. 39, § 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente
pode ser flexibilizada no melhor interesse do adotando. REsp 1.545.959-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, por maioria, julgado em 6/6/2017, DJe 1/8/2017.

Destituição de poder familiar. Indícios de "adoção à brasileira". Hipótese não prevista ao tempo da ação.

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Princípios protetivos da criança e do adolescente. Estudo psicossocial. Imprescindibilidade. Na hipótese em que
o reconhecimento de "adoção à brasileira" foi fator preponderante para a destituição do poder familiar, à época
em que a entrega de forma irregular do filho para fins de adoção não era hipótese legal de destituição do poder
familiar, a realização da perícia se mostra imprescindível para aferição da presença de causa para a excepcional
medida de destituição e para constatação de existência de uma situação de risco para a infante. REsp 1.674.207-
PR, Rel. Min. Moura Ribeiro, por unanimidade, julgado em 17/04/2018, DJe 24/04/2018

Autorização para viajar


Suprimento de autorização paterna para viagem do infante ao exterior. Guarda unilateral de filho menor.
Pedido incidental. Causa de pedir fundada na violência doméstica. Vara Especializada da Violência Doméstica
e Familiar contra a Mulher. Competência híbrida (criminal e civil). Juízo competente.
A Vara Especializada da Violência Doméstica ou Familiar Contra a Mulher possui competência para o julgamento
de pedido incidental de natureza civil, relacionado à autorização para viagem ao exterior e guarda unilateral do
infante, na hipótese em que a causa de pedir de tal pretensão consistir na prática de violência doméstica e familiar
contra a genitora. REsp 1.550.166-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por maioria, julgado em 21/11/2017, DJe
18/12/2017

Medidas de proteção
Liberdade de expressão e impossibilidade de fixação de horários para programação televisiva pelo poder público
É inconstitucional a expressão “em horário diverso do autorizado” contida no art. 254 do ECA. "Art. 254.
Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua
classificação: Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a
autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias."
O Estado não pode determinar que os programas somente possam ser exibidos em determinados horários.
Isso seria uma imposição, o que é vedado pelo texto constitucional por configurar censura prévia. O Poder
Público pode apenas recomendar os horários adequados. A classificação dos programas é indicativa (e não
obrigatória). STF. Plenário. ADI 2404/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 31/8/2016 (Info 837).

Ação pedindo suplemento para criança lactente não perde o objeto pelo simples fato de terem se passado
vários anos sem o julgamento
A necessidade ou não do fornecimento de leite especial para a criança deverá ser apurada em fase de execução.
Se ficar realmente comprovada a impossibilidade de se acolher o pedido principal, em virtude da longa discussão
judicial acerca do tema, nada impede que a parte requeira a conversão em perdas e danos. STJ. 1ª Turma. AgRg
no RMS 26.647-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, , julgado em 2/2/2017 (Info 601).

Descumprimento dos deveres do poder familiar, multa e hipossuficiência financeira


Nas hipóteses de descumprimento dos deveres inerentes ao poder familiar, é admissível que, em decisão
fundamentada, o julgador adote, dentre as inúmeras possibilidades existentes no microssistema, aquelas que
reputar como as medidas mais adequadas e as mais eficazes para cada situação específica, podendo deixar,
inclusive, de aplicar a multa do art. 249 do ECA. A situação econômica, todavia, não deve parametrizar o exame
da própria adequação da providência determinada, questão que melhor se amolda é ideia de que seja a medida
efetivamente preventiva e inibidora da repetição das condutas censuradas. Daí porque, embora se reconheça que
a regra do art. 249 do ECA não possui incidência e aplicabilidade absoluta, podendo ser sopesada com as demais
medidas previstas no art. 129 do mesmo estatuto. REsp 1.658.508-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade,

154
julgado em 23/10/2018, DJe 26/10/2018

Medidas socioeducativas
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. HIPÓTESE DE NÃO UNIFICAÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS. O
adolescente que cumpria medida de internação e foi transferido para medida menos rigorosa não pode ser
novamente internado por ato infracional praticado antes do início da execução, ainda que cometido em
momento posterior aos atos pelos quais ele já cumpre medida socioeducativa.
Dispõe o caput do art. 45 da Lei 12.594/2012 que: "Se, no transcurso da execução, sobrevier sentença de aplicação
de nova medida, a autoridade judiciária procederá à unificação, ouvidos, previamente, o Ministério Público e o
defensor, no prazo de 3 (três) dias sucessivos, decidindo-se em igual prazo". Já em seu § 1º, tem-se que "É vedado
à autoridade judiciária determinar reinício de cumprimento de medida socioeducativa, ou deixar de considerar
os prazos máximos, e de liberação compulsória previstos na Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente), excetuada a hipótese de medida aplicada por ato infracional praticado durante a
execução". Por sua vez, dispõe o § 2º que "É vedado à autoridade judiciária aplicar nova medida de internação,
por atos infracionais praticados anteriormente, a adolescente que já tenha concluído cumprimento de medida
socioeducativa dessa natureza, ou que tenha sido transferido para cumprimento de medida menos rigorosa,
sendo tais atos absorvidos por aqueles aos quais se impôs a medida socioeducativa extrema". STJ. 5ª Turma. HC
274.565-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 12/5/2015.

Cumprimento imediato da medida socioeducativa fixada em sentença


É possível que o adolescente infrator inicie o imediato cumprimento da medida socioeducativa de internação
que lhe foi imposta na sentença, mesmo que ele tenha interposto recurso de apelação e esteja aguardando seu
julgamento. Esse imediato cumprimento da medida é cabível ainda que durante todo o processo não tenha
sido imposta internação provisória ao adolescente, ou seja, mesmo que ele tenha permanecido em liberdade
durante a tramitação da ação socioeducativa. Em uma linguagem mais simples, o adolescente infrator, em regra,
não tem direito de aguardar em liberdade o julgamento da apelação interposta contra a sentença que lhe impôs
a medida de internação. STJ. 3ª Seção. HC 346.380-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em13/4/2016 (Info 583).

Impossibilidade do magistrado alterar os termos da remissão ofertada pelo Ministério Público


Se o representante do Ministério Público ofereceu a adolescente remissão pré-processual (art. 126, caput, do
ECA) cumulada com medida socioeducativa e o juiz discordou dessa cumulação, ele não pode excluir do
acordo a aplicação da medida socioeducativa e homologar apenas a remissão.
É prerrogativa do Ministério Público, como titular da representação por ato infracional, a iniciativa de propor a
remissão pré- processual como forma de exclusão do processo.
O juiz, no ato da homologação, se discordar da remissão concedida, deverá remeter os autos ao Procurador-
Geral de Justiça para que ele decida, tal como ocorre no art. 28 do CPP.
Assim, mesmo que o juiz discorde parcialmente da remissão, não pode modificar os termos da proposta
oferecida pelo MP para fins de excluir aquilo que não concordou. STJ. 6ª Turma. REsp 1.392.888-MS, Rel.
Min. Rogerio Schietti, julgado em 30/6/2016 (Info 587).

155
O termo "reiteração” no cometimento de outras infrações graves" não se exige um número mínimo para
internação
O ECA não estipulou um número mínimo de atos infracionais graves para justificar a internação do menor infrator
com fulcro no art. 122, II, do ECA (reiteração no cometimento de outras infrações graves).
Logo, cabe ao magistrado analisar as peculiaridades de cada caso e as condições específicas do adolescente a fim
de aplicar ou não a internação. A depender das particularidades e circunstâncias do caso concreto, pode ser
aplicada, com fundamento no art. 122, II, do ECA, medida de internação ao adolescente infrator que antes tenha
cometido apenas uma outra infração grave.
Está superado o entendimento de que a internação com base nesse dispositivo somente seria permitida com a
prática de no mínimo 3 infrações. STF. 1ª Turma. HC 94447, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/04/2011. STJ. 5ª
Turma. HC 332.440/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2015. STJ. 6ª Turma. HC
347.434-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 27/9/2016
(Info 591).

SÚMULA N. 605 - A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na
aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade
de 21 anos. Terceira Seção, aprovada em 14/03/2018, DJe 19/03/2018.

Extinção de medida socioeducativa de liberdade assistida e prestação de serviço à comunidade. Decisão


favorável ao menor infrator. Não unânime. Complementação de julgamento. Artigo 942 do CPC/2015.
Inaplicabilidade. Procedimento mais gravoso que o adotado no processo criminal. Afronta às normas protetivas
que regem o ECA.
É inaplicável a técnica de julgamento prevista no artigo 942 do Código de Processo Civil de 2015 nos
procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude quando a decisão não unânime for favorável ao
adolescente. REsp 1.694.248-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em
03/05/2018, DJe 15/05/2018

Outros julgados relevantes


Apelação julgada por maioria. Nova técnica de complementação de julgamento. Aplicação do art. 942 do
CPC/2015. Possibilidade. Art. 198 do ECA.
Segundo o art. 198 do ECA, nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude, inclusive os relativos
à execução das medidas socioeducativas, deve ser adotado o sistema do Código de Processo Civil, que prevê,
atualmente, em caso de decisão por maioria, nova técnica de complementação de julgamento, com a tomada de
outros votos em sessão subsequente ou na mesma sessão. O procedimento, em tese, nada tem de prejudicial ao
menor. Ao contrário, dependendo da situação, como em caso de voto vencido favorável à tese defensiva, pode
lhe ser benéfico. Não se trata, portanto, de reformatio in pejus indireta, uma vez que estamos diante da
implementação de regra técnica de julgamento, que pode ou não resultar em decisão desfavorável à defesa.
Assim, considerando os termos do art. 198 do ECA, não há, em princípio, ilegalidade no procedimento que impeça
sua aplicação. AgRg no REsp 1.673.215-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em
17/05/2018, DJe 30/05/2018

Estatuto da criança e do adolescente. Medida socioeducativa. Maioridade civil. Aquisição posterior a fato
equiparado a delito penal. Irrelevância para a continuidade do cumprimento da medida até 21 anos. Tema 992.
A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de
medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. REsp
1.705.149-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 13/06/2018, DJe

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13/08/2018 (Tema 992)

157
DIREITO PENAL
Dosimetria da pena
STJ, 636 - A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a
reincidência. Terceira Seção, julgado em 26/06/2019, DJe 27/06/2019

A Primeira Turma, por maioria, concedeu parcialmente a ordem em habeas corpus impetrado em favor de
condenado pela prática do crime de tráfico privilegiado, previsto no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006, para
alterar para aberto o regime inicial de cumprimento da pena. HC 163231/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 25.6.2019. (HC-163231)

Aumento da pena base em virtude do crime de concussão ter sido praticado por policial
É legítima a utilização da condição pessoal de policial civil como circunstância judicial desfavorável para fins de
exasperação da pena-base aplicada a acusado pela prática do crime de concussão. Aquele que está investido
de parcela de autoridade pública — como é o caso de um juiz, um membro do Ministério Público ou uma
autoridade policial —deve ser avaliado, no desempenho da sua função, com maior rigor do que as demais
pessoas não ocupantes de tais cargos. STF. 1ª Turma. HC 132990/PE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão
Min. Edson Fachin, julgado em 16/8/2016 (Info 835).

Vedação a imposição de regime inicial mais severo se fixada pena base no mínimo legal
Se a pena-base foi fixada no mínimo legal (circunstâncias judiciais favoráveis), o juiz deverá estabelecer o
regime inicial semiaberto para o condenado a pena superior a 4 e que não exceda a 8 anos. Aplica-se ao caso a
Súmula 440 do STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. STF. 2ª
Turma. RHC 135298/SP, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, julgado em
18/10/2016 (Info 844).

Elevados custos da investigação e enriquecimento do réu não são suficientes para a exasperação da pena base
Os elevados custos da atuação estatal para apuração da conduta criminosa e o enriquecimento ilícito obtido pelo
agente não constituem motivação idônea para a valoração negativa do vetor "consequências do crime" na 1ª
fase da dosimetria da pena. Em outras palavras, o fato de o Estado ter gasto muitos recursos para investigar os
crimes (no caso, era uma grande operação policial) e de o réu ter obtido enriquecimento ilícito com as práticas
delituosas não servem como motivo para aumentar a pena-base. STF. 2ª Turma. HC 134193/GO, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 26.10.2016.

Impossibilidade de conversão de pena restritiva de direito em privativa de liberdade a pedido do condenado


O condenado que recebeu pena restritiva de direitos e ainda nem sequer iniciou seu cumprimento não tem
o direito de escolher cumprir a pena privativa de liberdade que foi originalmente imposta.
A reconversão da pena restritiva de direitos em pena privativa de liberdade depende da ocorrência dos
requisitos legais (descumprimento das condições impostas pelo juiz da condenação), não cabendo ao
condenado, que nem sequer iniciou o cumprimento da pena, escolher ou decidir a forma como pretende cumprir
a sanção, pleiteando aquela que lhe parece mais cômoda ou conveniente. STJ. 6ª Turma. REsp 1.524.484-PE,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em17/5/2016 (Info 584).

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Obrigatoriedade de reconhecimento da atenuante referente a confissão, ainda que qualificada
A confissão, mesmo que qualificada, dá ensejo à incidência da atenuante prevista no art. 65, III, d, do CP, quando
utilizada para corroborar o acervo probatório e fundamentar a condenação. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.416.247-
GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 22/6/2016 (Info 586).
Importante recordar o entendimento sumulado do STJ sobre o tema: Súmula 545-STJ: Quando a confissão for
utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d,
do Código Penal.

Ausência de bis in idem na aplicação do art. 1º, § 4º, II, da Lei de Tortura em conjunto com a agravante do art.
61, II, "f", CP
No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações domésticas e de
coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de aumento de pena prevista no art. 1º, §
4º, II, da Lei nº 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante genérica estatuída no art. 61, II, "f", do Código Penal.
STJ. 6ª Turma. HC 362.634-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/8/2016 (Info 589).

Impossibilidade de reconhecimento de arrependimento posterior para o crime de homicídio culposo na direção


de veiculo
Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o homicídio culposo na direção de veículo
automotor (art. 302 do CTB) mesmo que tenha sido realizada composição civil entre o autor do crime a família
da vítima.
Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do CP é indispensável que o
crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais. O arrependimento posterior exige a reparação
do dano e isso é impossível no caso do homicídio. STJ. 6ª Turma. REsp 1.561.276-BA, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 28/6/2016 (Info 590).

Causa de aumento do § 1º (repouso noturno) pode ser aplicada tanto para furto simples como qualificado
É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso noturno (art. 155,
§ 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º).
Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do § 4º. São
circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o
agente seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em
1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno.
A posição topográfica do § 1º (vem antes do § 4º) não é fator que impede a sua aplicação para as situações de
furto qualificado (§ 4º). STF. 2ª Turma. HC 130952/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851).
STJ. 6ª Turma. HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554).

Culpabilidade de parlamentar que exerce mandato há muitos anos é mais intensa


Na primeira fase da dosimetria em caso de condenação por lavagem de dinheiro, o órgão julgador poderá
aumentar a pena-base do Deputado Federal que exerce mandato há muitos anos, sob o argumento de que sua
culpabilidade é mais intensa.
A transgressão da lei por parte de quem usualmente é depositário da confiança popular para o exercício do poder
enseja juízo de reprovação muito mais intenso do que seria cabível em se tratando de um cidadão comum. STF.

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1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

Dosimetria. Valoração indevida de uma das circunstâncias judiciais reputadas desfavoráveis ao réu. Utilização
de elementares inerentes aos tipos penais de concussão e corrupção passiva (obtenção de lucro fácil e cobiça)
como motivos dos crimes.
A obtenção de lucro fácil e a cobiça constituem elementares dos tipos de concussão e corrupção passiva (arts.
316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las, para exasperação da pena-base, no momento em que analisados os
motivos do crime – circunstância judicial prevista no art. 59 do CP EDv nos EREsp 1.196.136-RO, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em 24/5/2017, DJe 1/8/2017.

Estatuto da criança e do adolescente. Art. 244-B. Corrupção de menores. Participação de dois adolescentes na
empreitada criminosa. Prática de dois delitos de corrupção de menores. Concurso formal.
De início, cumpre salientar que o caput do art. 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que está
sujeito a pena de 1 a 4 anos de reclusão, aquele que "corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito)
anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la". Segundo a doutrina, o bem jurídico tutelado
pelo art. 244-B do ECA é a formação moral da criança e do adolescente no que se refere à necessidade de eles
não ingressarem ou permanecerem no mundo da criminalidade.
Ora, se o bem jurídico tutelado pelo crime de corrupção de menores é a sua formação moral, caso duas
crianças/adolescentes tiverem seu amadurecimento moral violado, em razão de estímulos a praticar o crime ou
a permanecer na seara criminosa, dois foram os bens jurídicos violados. Da mesma forma, dois são os sujeitos
passivos atingidos, uma vez que a doutrina é unânime em reconhecer que o sujeito passivo do crime de corrupção
de menores é a criança ou o adolescente submetido à corrupção.
O entendimento perfilhado também se coaduna com os princípios da prioridade absoluta e do melhor interesse
da criança e do adolescente, vez que trata cada uma delas como sujeitos de direitos. Ademais, seria desarrazoado
atribuir a prática de crime único ao réu que corrompeu dois adolescentes, assim como ao que corrompeu apenas
um. REsp 1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, por unanimidade, julgado em 10/10/2017, DJe
16/10/2017

Falsificação de documento público por prefeito e dosimetria da pena


Prefeito que, ao sancionar lei aprovada pela Câmara dos Vereadores, inclui artigo que não constava originalmente
no projeto votado pratica o crime de falsificação de documento público (art. 297, § 1º do CP). No momento da
dosimetria, o fato de o réu ser Prefeito não pode ser utilizado como circunstância desfavorável para aumentar a
pena-base na primeira fase e, em seguida, ser empregado como causa de aumento do § 1º do art. 297 do CP. Se
ele for utilizado duas vezes, haverá bis in idem. Assim, essa circunstância (condição de Prefeito) deve ser
considerada apenas uma vez, na terceira fase da pena, como majorante (causa de aumento). STF. 1ª Turma.
AP 971/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/6/2016 (Info 832).

Homicídio qualificado. Qualificadoras com naturezas diversas. Subjetiva e objetiva. Possibilidade. Motivo torpe
e feminicídio. Bis in idem. Ausência.
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de
homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, por unanimidade, julgado em 24/04/2018, DJe 11/05/2018

160
Dosimetria da pena. Art. 59 do CP. Condenação anterior com trânsito em julgado. Negativação da conduta
social. Impossibilidade. Modificação de entendimento.
Não é possível a utilização de condenações anteriores com trânsito em julgado como fundamento para negativar
a conduta social. REsp 1.760.972-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, por unanimidade, julgado em 08/11/2018,
DJe 04/12/2018

Dosimetria da pena. Condenação anterior transitada em julgado. Personalidade do Agente. Valoração negativa.
Fundamentação inidônea.
A existência de condenações definitivas anteriores não se presta a fundamentar a exasperação da pena-base
como personalidade voltada para o crime. HC 472.654-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, por unanimidade, julgado em
21/02/2019, DJe 11/03/2019

Corrupção passiva e lavagem de dinheiro: não absorção de condutas


A Segunda Turma indeferiu habeas corpus impetrado em favor de deputado federal condenado pela prática de
delitos de corrupção passiva, lavagem de bens e evasão de divisas. Os crimes foram cometidos no contexto de
contratos de exploração de campos de petróleo no exterior firmados por empresa estatal brasileira.
O impetrante pretendia o reconhecimento da consunção entre os delitos de corrupção passiva e lavagem de bens,
ao argumento da inexistência de ato de lavagem posterior à consumação do delito de corrupção na modalidade
receber indiretamente. Subsidiariamente, pleiteava o reconhecimento de concurso formal entre as infrações de
corrupção e lavagem, em razão da não ocorrência de pluralidade de condutas (Código Penal, art. 70).
O colegiado afastou a alegada consunção entre o crime de corrupção passiva e o de lavagem.
Reconheceu, de toda forma, que as circunstâncias retratadas pelas instâncias ordinárias não espelham situação
idônea a deflagrar a consunção articulada. Tendo em conta as premissas ali estabelecidas, não se revela possível
extrair inviabilidade normativa de cominação de sanção própria à conduta de lavagem de bens. HC 165036/PR,
rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 9.4.2019. (HC-165036)

Prerrogativa de função – Foro privilegiado


Crime de injúria praticado por deputado federal e retorsão imediata
Determinado Governador afirmou, em rede social, que certo Deputado Federal estava financiando, com a
utilização de “dinheiro sujo”, a produção de injúrias contra ele e que o parlamentar estava sendo processado
pelos crimes de tortura, corrupção e estupro. No dia seguinte, o Deputado, em resposta, afirmou, também em
uma rede social, que o Governador era acusado de corrupção eleitoral, que tinha como costume fazer acusações
falsas para tentar incriminar seus desafetos políticos, que costumava espancar seu pai e que era desequilibrado
mental.
O STF entendeu que o Deputado Federal praticou fato típico, antijurídico e culpável, mas que não deveria ser
punido, com base no art. 140, § 1º, II, do CP.
O Deputado postou as mensagens ofensivas menos de 24 horas depois de o Governador publicar a
manifestação também injuriosa. Dessa forma, as mensagens do parlamentar foram imediatamente
posteriores às veiculadas pelo ofendido e elaboradas em resposta a elas. Ao publicá-las, o acusado citou
parte do conteúdo da mensagem postada pelo ofendido, comprovando o nexo de pertinência entre as
condutas. Dessa maneira, o ofendido não só, de forma reprovável, provocou a injúria, como também, em tese,
praticou o mesmo delito, o que gerou a retorsão imediata do acusado. Logo, o STF entendeu que não havia
razão moral para o Estado punir o Deputado. STF. 1ª Turma. AP 926/AC, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
6/9/2016 (Info 838).

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Investigado sem prerrogativa de função e desmembramento
A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental interposto contra decisão do relator que
havia determinado o desmembramento e a remessa, ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, dos autos de
inquérito instaurado para investigar a suposta prática de crimes cometidos por senador da República e outros
três acusados.
A Turma entendeu que, na hipótese, o Ministério Público investiga um fato único, a respeito do qual pleiteia a
acusação com desmembramento de funções no fato. Dessa forma, não se aplica a conexão ou continência entre
crimes, por haver um único fato separado, o qual deve ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Ministro Roberto Barroso ressaltou que o Plenário considerou excepcional o foro por prerrogativa, mas que é
a união indissociável entre as condutas, e não a mera conexão, que revela a impossibilidade de se proceder ao
desmembramento do processo. Observou que, no caso sob exame, o atual estágio da investigação revela que as
condutas dos investigados sem prerrogativa de foro estão indissociavelmente unidas à conduta do parlamentar.
Desse modo, estão de tal forma unidas que não seria possível apurar os fatos de maneira dissociada, visto que o
desmembramento, diante dos elementos coletados até o presente momento, traria inequívoco prejuízo às
investigações.
Vencido o Ministro Marco Aurélio, relator, que desprovia o agravo por considerar que o STF deveria processar e
julgar unicamente autoridades com prerrogativa de foro, tendo em conta que as normas definidoras de sua
competência são de direito estrito. Inq 4506 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, julgamento em 14.11.2017. (Inq-4506)

Crime imputado a Desembargador, ainda que não tenha relação com o cargo. Competência originária do STJ
O Superior Tribunal de Justiça é o tribunal competente para o julgamento nas hipóteses em que, não fosse a
prerrogativa de foro (art. 105, I, da Constituição Federal), o desembargador acusado houvesse de responder à
ação penal perante juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal. QO na APn 878-DF, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, por maioria, julgado em 21/11/2018, DJe 19/12/2018

Concurso de pessoas
Não se pode invocar a teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra prova
O diretor-geral da empresa de telefonia Vivo foi denunciado pelo fato de que na filial que funciona no Estado de
Pernambuco teriam sido inseridos elementos inexatos em livros fiscais.
Diante disso, o Ministério Público denunciou o referido diretor pela prática de crime contra a ordem tributária
(art. 1º, II, da Lei nº 8.137/90).
A denúncia aponta que, na condição de diretor da empresa, o acusado teria domínio do fato, o poder de
determinar, de decidir, e de fazer com que seus empregados contratados executassem o ato, sendo responsável
pelo delito.
O STF determinou o trancamento da ação penal afirmando que não se pode invocar a teoria do domínio do fato,
pura e simplesmente, sem nenhuma outra prova, citando de forma genérica o diretor estatutário da empresa
para lhe imputar um crime fiscal que teria sido supostamente praticado na filial de um Estado-membro onde ele
nem trabalha de forma fixa.
Em matéria de crimes societários, a denúncia deve apresentar, suficiente e adequadamente, a conduta atribuível
a cada um dos agentes, de modo a possibilitar a identificação do papel desempenhado pelos denunciados na

162
estrutura jurídico-administrativa da empresa.
Não se pode fazer uma acusação baseada apenas no cargo ocupado pelo réu na empresa. STF. 2ª Turma. HC
136250/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

Necessidade de prova de que o Prefeito que assinou documentos do Município tinha ciência inequívoca de que
a declaração era falsa
Prefeito que assina documentos previdenciários com conteúdo parcialmente falso não deve ser condenado por
falsidade ideológica se não foram produzidas provas de que ele tinha ciência inequívoca do conteúdo inverídico
da declaração. Neste caso, ele deverá ser absolvido, nos termos do art. 386, III, do CPP, por ausência de dolo, o
que exclui o crime. STF. 1ª Turma. AP 931/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/6/2017 (Info 868).

Prescrição
Omissão cartorária. Dúvida em relação ao recebimento da sentença. Art. 389 do CPP. Mero lançamento de
movimentação processual na internet. Requisitos não atendidos. Presunção prejudicial ao réu. Extinção da
punibilidade pela prescrição retroativa. Ocorrência.
Havendo dúvida resultante da omissão cartória em certificar a data de recebimento da sentença conforme o art.
389 do CPP, não se pode presumir a data de publicação com o mero lançamento de movimentação dos autos na
internet, a fim de se verificar a ocorrência de prescrição da pretensão punitiva. HC 408.736-ES, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em 06/02/2018, DJe 15/02/2018

Suspensão do prazo prescricional e parcelamento do débito fiscal


O prazo prescricional não corre enquanto estiverem sendo cumpridas as condições do parcelamento do débito
fiscal.
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma negou provimento a agravo regimental em recurso
extraordinário em que se pleiteava o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva do Estado.
O colegiado entendeu que, por estar suspensa a pretensão punitiva durante o período em que estiverem sendo
cumpridas as condições do parcelamento do débito, também fica suspenso o prazo prescricional. Permitir que a
prescrição siga seu curso normal durante o período de adesão voluntária do contribuinte ao programa de
recuperação fiscal serviria como estratégia do réu para alcançar a impunidade.

Perda do cargo
A pena de perdimento deve ser restrita ao cargo ocupado no momento do delito, salvo se o novo cargo tiver
relação com as atribuições anteriores
Assim, a pena de perdimento deve ser restrita ao cargo ocupado ou função pública exercida no momento do
delito, à exceção da hipótese em que o magistrado, motivadamente, entender que o novo cargo ou função guarda
correlação com as atribuições anteriores. STJ. 5ª Turma. REsp 1452935/PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 14/03/2017 (Info 599).
EXCEÇÃO: se o juiz, motivadamente, considerar que o novo cargo guarda correlação com as atribuições do
anterior, ou seja, daquele que o réu ocupava no momento do crime, neste caso mostra-se devida a perda da nova
função como uma forma de anular (evitar) a possibilidade de que o agente pratique novamente delitos da mesma
natureza.

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Crimes Ambientais
O crime do art. 64 (edificação proibida) da Lei 9.605/98 absorve o delito do art. 48 (destruição de vegetação)
O crime de edificação proibida (art. 64 da Lei 9.605/98) absorve o crime de destruição de vegetação (art. 48 da
mesma lei) quando a conduta do agente se realiza com o único intento de construir em local não edificável. STJ.
6ª Turma. REsp 1.639.723-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 7/2/2017 (Info 597).

Lei Maria da Penha


Lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é crime de ação pública incondicionada
A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e
familiar, é pública incondicionada. STJ. 3ª Seção. Pet 11.805-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
10/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604).

Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a
mulher é pública incondicionada.

Recurso em Habeas Corpus. Trancamento da ação penal. Inépcia da denúncia. Lesão corporal leve qualificada
pela violência doméstica familiar. Art. 129, § 9º, do CP. Briga entre irmãos. Ambiente de trabalho. Irrelevância.
Vínculo familiar. Violência doméstica caracterizada.
Não é inepta a denúncia que se fundamenta no art. 129, § 9º, do CP – lesão corporal leve –, qualificada pela
violência doméstica, tão somente em razão de o crime não ter ocorrido no ambiente familiar. RHC 50.026-PA, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em 3/8/2017, DJe 16/8/2017.

Violência doméstica: contravenção penal e possibilidade de substituição da pena


A Primeira Turma, por maioria, indeferiu a ordem de “habeas corpus” em que solicitada a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos em caso de contravenção penal envolvendo violência doméstica.
O paciente foi condenado por vias de fato, nos termos do art. 21 (1) da Lei de Contravenções Penais (LCP), a vinte
dias de prisão simples, em regime aberto. O juízo de 1º grau concedeu a suspensão condicional da pena (“sursis”)
pelo prazo de dois anos.
A Turma julgou improcedente o pedido, com base em interpretação extensiva do art. 44, I do Código Penal (2),
no caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, em que a noção de crime abarcaria qualquer conduta
delituosa, inclusive contravenção penal.
Nesse sentido, reconhecida a necessidade de combate à cultura de violência contra a mulher no Brasil, o Colegiado
considerou a equiparação da conduta do paciente à infração de menor potencial ofensivo incoerente com o
entendimento da violência de gênero como grave violação dos direitos humanos.
Vencido o Ministro Marco Aurélio, que votou pelo deferimento da ordem. Entendeu se tratar de mera
contravenção penal, não abarcada pela Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), e considerou a prisão simples
prejudicial, em termos sociais, especialmente após a reconciliação do casal.

Violência doméstica e familiar contra a mulher. Danos morais. Indenização mínima. Art. 397, IV, do CPP. Pedido
necessário. Produção de prova específica dispensável. Dano in re ipsa.
Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor
mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida,

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ainda que não especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória. REsp 1.643.051-MS, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 28/02/2018, DJe 08/03/2018 (Tema 983).

Contravenção penal. Vias de fato. Violência doméstica. Prisão preventiva. Não cabimento.
Inicialmente cumpre destacar que a prática de vias de fato é hipótese de contravenção penal (art. 21 do Decreto-
Lei n. 3.688/1941), e não crime, o que contraria o disposto no art. 313, II, do Código de Processo Penal. Deste
modo, em se tratando de aplicação da cautela extrema, não há campo para interpretação diversa da literal, uma
vez que não há previsão legal que autorize a prisão preventiva contra autor de uma contravenção, mesmo na
hipótese específica de transgressão das cautelas de urgência já aplicadas. HC 437.535-SP, Rel. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, por maioria, julgado em 26/06/2018, DJe 02/08/2018.

Estatuto Do Desarmamento
Delegado de Polícia que mantém arma em sua casa sem registro no órgão competente pratica crime de posse
irregular de arma de fogo
É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a portar ou possuir arma de fogo, não
observa as imposições legais previstas no Estatuto do Desarmamento, que impõem registro das armas no órgão
competente. STJ. 6ª Turma. RHC 70.141-RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 7/2/2017 (Info 597).

Portar granada de gás lacrimogênio ou de pimenta não configura crime do Estatuto do Desarmamento
A conduta de portar granada de gás lacrimogênio ou granada de gás de pimenta não se subsome (amolda) ao
delito previsto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº 10.826/2003. Isso porque elas não se enquadram no
conceito de artefatos explosivos. STJ. 6ª Turma. REsp 1627028/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 21/02/2017 (Info 599).

Crimes contra a Administração Pública


O crime do art. 89 da Lei 8.666/93 exige resultado danoso (dano ao erário) para se consumar?
O objetivo do art. 89 não é punir o administrador público despreparado, inábil, mas sim o desonesto, que tinha a
intenção de causar dano ao erário ou obter vantagem indevida. Por essa razão, é necessário sempre analisar se a
conduta do agente foi apenas um ilícito civil e administrativo ou se chegou a configurar realmente crime.
Deverão ser analisados três critérios para se verificar se o ilícito administrativo configurou também o crime do
art. 89:
1º) existência ou não de parecer jurídico autorizando a dispensa ou a inexigibilidade. A existência de parecer
jurídico é um indicativo da ausência de dolo do agente, salvo se houver circunstâncias que demonstrem o
contrário.
2º) a denúncia deverá indicar a existência de especial finalidade do agente de lesar o erário ou de promover
enriquecimento ilícito.
3º) a denúncia deverá descrever o vínculo subjetivo entre os agentes.
STF. 1ª Turma. Inq 3674/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856).

Se o software adquirido sem licitação tinha mais especificações do que os das concorrentes e era mais
adequado ao seu objeto, não há o crime do art. 89
O laudo pericial constatou que o “software” da empresa escolhida tinha mais especificações do que os das
concorrentes e era mais adequado ao seu objeto.

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O STF afirmou também que não há nos autos prova de conluio com a empresa escolhida e de recebimento de
qualquer vantagem econômica pelo então Secretário.
Por fim, asseverou que o crime previsto no art. 89 da Lei nº 8.666/1993 exige o dolo, consubstanciado na vontade
livre e consciente de praticar o ilícito penal, que não se faz presente quando o acusado atua com fulcro em parecer
da Procuradoria Jurídica no sentido da inexigibilidade da licitação. STF. 1ª Turma. Inq 3753/DF, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 18/4/2017 (Info 861).

Administrador que contrata empresa para reforma de ginásio sem situação de emergência e que depois faz
aditivo para ampliar o objeto pratica, em tese, os delitos dos arts. 89 e 92
Algumas conclusões do STF no momento do recebimento da denúncia:
1) A declaração de emergência feita por Governador do Estado, por si só, não caracteriza situação que justifique
a dispensa de licitação;
2) O crime do art. 89 da Lei de Licitações não é inconstitucional nem viola o princípio da proporcionalidade;
3) O aditamento realizado descaracterizou o contrato original e, portanto, configura, em tese, a prática do art. 92;
4) O fato de a dispensa de licitação e de o aditamento do contrato terem sido precedidos de parecer jurídico não
é bastante para afastar o dolo caso outros elementos externos indiciem a possibilidade de desvio de finalidade
ou de conluio entre o gestor e o responsável pelo parecer. STF. 1ª Turma. Inq 3621/MA, rel. orig. Min. Rosa Weber,
red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/3/2017 (Info 859).

Inexigibilidade de licitação e tipicidade da conduta


Na hipótese de inexistência de prova indiciária de ter o acusado agido em conluio com os pareceristas, com vistas
a fraudar o procedimento de contratação direta, ausente a prática de conduta dolosa do gestor público para fins
da tipicidade subjetiva do crime previsto no art. 89 da Lei 8.666/1993.
O delito em questão exige, além do dolo genérico — representado pela vontade consciente de dispensar ou
inexigir licitação com descumprimento das formalidades —, a configuração do especial fim de agir, que consiste
no dolo específico de causar dano ao erário ou de gerar o enriquecimento ilícito dos agentes envolvidos na
empreitada criminosa. Inq 3962/DF, rel. Min Rosa Weber, julgamento em 20.2.2018. (Inq 3962)

Crime de dispensa de licitação e dolo específico


A responsabilização penal do administrador público com base no art. 89 da Lei de Licitações — norma penal em
branco —, cumpre aferir se foram violados os pressupostos de dispensa ou inexigibilidade de licitação previstos
nos artigos 24 e 25 do mesmo diploma legal, bem como se houve vontade livre e consciente de violar a competição
e de produzir resultado lesivo ao patrimônio público.
Ademais, a escolha dos livros ideais para alcançar os objetivos do programa governamental em questão é matéria
circunscrita ao mérito do ato administrativo. Desse modo, a seleção do melhor material didático escapa aos
critérios estritamente objetivos sobre os quais o Poder Judiciário poderia exercer controle jurisdicional.
De outro lado, as cartas de exclusividade apresentadas pelas empresas contratadas mostram-se aptas a ensejar a
inexigibilidade de licitação regulamentada pelo art. 25, I (3), da Lei 8.666/1993. A demonstração da exclusividade
do representante comercial pode ter caráter local e dispensa registro em órgão específico, autorizada sua
comprovação por meio de documentos emitidos por entidades idôneas, vinculadas ao setor de mercado
respectivo, como é o caso da Câmara Brasileira do Livro.. AP 946/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento
em 30.8.2018. (AP-946)

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Lavagem de capitais
Condenação por lavagem no “caso Maluf”
Pratica o crime de lavagem de dinheiro o Deputado Federal que encobre (oculta) o dinheiro recebido decorrente
de corrupção passiva, utilizando-se, para tanto, de contas bancárias e fundos de investimentos situados na Ilha
de Jersey, abertos em nome de empresas “offshores”, com o objetivo de encobrir a verdadeira origem, natureza
e propriedade dos referidos aportes financeiros. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
23/5/2017 (Info 866).

Lavagem de dinheiro, na modalidade “ocultar”, é crime permanente


O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de dinheiro”), previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98,
quando praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de crime permanente.
A característica básica dos delitos permanentes está na circunstância de que a execução desses crimes não se dá
em um momento definido e específico, mas em um alongar temporal. Quem oculta e mantém oculto algo,
prolonga a ação até que o fato se torne conhecido.
Assim, o prazo prescricional somente tem início quando as autoridades tomam conhecimento da conduta do
agente. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

Pena pode ser aumentada se a lavagem de dinheiro ocorreu por meio de várias transações financeiras
envolvendo diversos países
A pena-base pode ser aumentada, no que tange às “circunstâncias do crime”, se a lavagem de dinheiro ocorreu
num contexto de múltiplas transações financeiras e de múltipla transnacionalidade, o que interfere na ordem
jurídica de mais de um Estado soberano. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017
(Info 866).

Pena pode ser aumentada se o crime de lavagem envolveu grandes somas de valores
Se a lavagem de dinheiro envolveu valores vultosos, a pena-base poderá ser aumentada (“consequências do
crime”) tendo em vista que, neste caso, considera-se que o delito violou o bem jurídico tutelado de forma muito
mais intensa do que o usual. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

Crimes contra o sistema financeiro


Utilização de “laranjas” para comprar moeda estrangeira configura o crime do art. 21 da Lei 7.492/86
A utilização de terceiros (“laranjas”) para aquisição de moeda estrangeira para outrem, ainda que tenham anuído
com as operações, se subsome à conduta tipificada no art. 21 da Lei nº 7.492/86.
O bem jurídico resta violado com a dissimulação de esconder a real identidade do adquirente da moeda
estrangeira valendo-se da identidade, ainda que verdadeira, de terceiros. STJ. 6ª Turma. REsp 1.595.546-PR, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/5/2017 (Info 604).

O crime do art. 21 da Lei 7.492/96 pressupõe fraude


A conduta prevista no art. 21, Lei nº 7.492/86, pressupõe fraude que tenha o potencial de dificultar ou
impossibilitar a fiscalização sobre a operação de câmbio, com o escopo de impedir a constatação da prática de
condutas delitivas diversas ou mesmo eventuais limites legais para a aquisição de moeda estrangeira. STJ. 6ª

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Turma. REsp 1.595.546-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/5/2017 (Info 604).

Princípio da insignificância
Princípio da insignificância e posse ou porte de arma ou munição
O STJ possui posição consolidada no sentido de que o princípio da insignificância não é aplicável aos crimes de
posse e de porte de arma de fogo, por se tratarem de crimes de perigo abstrato, sendo irrelevante inquirir a
quantidade de munição apreendida. STJ. 5ª Turma. HC 338.153/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
03/05/2016.
No mesmo sentido, a posse (art. 12 da Lei nº 10.826/2003) ou o porte (art. 14) de arma de fogo configura crime
mesmo que ela esteja desmuniciada. Da mesma forma, a posse ou o porte apenas da munição (ou seja,
desacompanhada da arma) configura crime. Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo abstrato,
para cuja caracterização não importa o resultado concreto da ação. STF. 1ª Turma. HC 131771/RJ, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016 (Info 844).
O entendimento acima exposto configura a regra geral e deve ser adotada nos concursos caso não seja
feito nenhum esclarecimento adicional. No entanto, em um caso concreto, o STF reconheceu a incidência do
princípio da insignificância para o crime de porte ilegal de munição de uso restrito. A situação foi a seguinte:
determinado indivíduo foi parado em uma blitz e os policiais encontraram em seu poder um cartucho de
munição calibre 0.40, que é de uso restrito. Não foi encontrada nenhuma arma ou outras munições com o
homem, que afirmou que usaria o cartucho para fazer um pingente que utilizaria como colar. O STF aplicou o
princípio da insignificância afirmando que as peculiaridades do caso concreto justificavam a flexibilização do
entendimento tradicional da jurisprudência, conforme segue “É atípica a conduta daquele que porta, na forma de
pingente, munição desacompanhada de arma. STF. 2ª Turma. HC 133984/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em17/5/2016 (Info 826).

Inaplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes de violência doméstica


Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência doméstica. Os delitos
praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, periculosidade social,
reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem
submeter-se ao direito penal. O STJ e o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da
bagatela imprópria aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no
âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale ressaltar que o fato de o casal ter se
reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou desnecessidade de pena. STJ. 5ª Turma. HC
333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em12/04/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 318.849/MS, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em27/10/2015. STF. 2ª Turma. RHC 133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em10/5/2016 (Info 825).

Impossibilidade de aplicação do princípio da insignificância na disponibilização clandestina de provedor de


internet
O réu que disponibiliza provedor de internet sem fio pratica atividade clandestina de telecomunicação (art.
183 da Lei nº 9.472/97), de modo que a tipicidade da conduta está presente, devendo ser afastada a aplicação
do princípio da insignificância mesmo que, no caso concreto, a potência fosse inferior a 25 watts, o que é
considerado baixa potência, nos termos do art. 1º,

168
§ 1º, da Lei nº 9.612/98. STF. 1ª Turma. HC 118400/RO, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 04/10/2016 (Info 842).
Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de
internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018.

Possibilidade de aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais


A Lei de Crimes Ambientais tipifica a pesca ilegal, nos seguintes termos:
"Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão
competente:"
Se a pessoa é flagrada sem nenhum peixe, mas portando consigo equipamentos de pesca, em um local onde esta
atividade é proibida, ela poderá ser absolvida do delito do art. 34 da Lei de Crimes com base no princípio da
insignificância?
A 2ª Turma do STF possui decisões conflitantes sobre o tema:
SIM. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816).
NÃO. RHC 125566/PR e HC 127926/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 26/10/2016 (Info 845).
STF. 2ª Turma. RHC 125566/PR e HC 127926/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 26/10/2016 (Info 845).

Princípio da insignificância e pesca no período de defeso


O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, “caput” c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/1998
e denegou a ordem de “habeas corpus” em que se pleiteava a aplicação do princípio da insignificância à realização
de pesca em período de defeso com o uso de método não permitido, ante a alegada irrelevância do dano
ambiental causado pela pesca de sete quilos de camarão.
A Primeira Turma afirmou que as circunstâncias da prática delituosa não afastam a configuração do tipo penal.
Tais circunstâncias devem repercutir na fixação da pena. Ademais, a natureza do bem protegido — o meio
ambiente — afasta a construção jurisprudencial do crime de bagatela. HC 122560/SC, rel. Min. Marco Aurélio,
julgamento em 8.5.2018. (HC-122560)

É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio clandestina


STJ: NÃO. É inaplicável o princípio da insignificância ao delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97, nas hipóteses
de exploração irregular ou clandestina de rádio comunitária, mesmo que ela seja de baixa potência, uma vez que
se trata de delito formal de perigo abstrato, que dispensa a comprovação de qualquer dano (resultado) ou do
perigo, presumindo-se este absolutamente pela lei. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 740.434/BA,
Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 14/02/2017.
STF: SIM, é possível, em situações excepcionais, o reconhecimento do princípio da insignificância desde que a
rádio clandestina opere em baixa frequência, em localidades afastadas dos grandes centros e em situações nas
quais ficou demonstrada a inexistência de lesividade. STF. 2ª Turma. HC 138134/BA, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 7/2/2017 (Info 853).

Pesca de um único peixe que é devolvido, ainda vivo, ao rio em que foi pescado: princípio da insignificância
Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98 na hipótese em que há a devolução do único peixe
– ainda vivo – ao rio em que foi pescado. STJ. 6ª Turma. REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
20/4/2017 (Info 602).

169
Princípio da insignificância. Crimes tributários federais e de descaminho. Débito não excedente a R$ 10.000,00
(dez mil reais). Art. 20 da Lei n. 10.522/2002. Portarias n. 75 e 130/MF. Parâmetro de 20.000,00 (vinte mil reais).
Orientação consolidada no STF.
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário
verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei
n.10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. REsp
1.688.878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por maioria, julgado em 28/02/2018, DJe
04/04/2018
(Tema 157).

Furto. Bem de irrelevante valor pecuniário. Induzimento do próprio filho de nove anos a participar do ato de
subtração. Vítima. Associação sem fins lucrativos. Especial reprovabilidade da conduta. Princípio da
insignificância. Não incidência.
Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor pecuniário de associação sem
fins lucrativos com o induzimento de filho menor a participar do ato. RHC 93.472-MS, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, por unanimidade, julgado em 15/03/2018, DJe 27/03/2018

Fixação de regime menos gravoso: princípio da insignificância e reincidência


A Primeira Turma, por maioria, concedeu ordem de “habeas corpus” para fixar o regime de cumprimento de pena
semiaberto a condenado reincidente por crime de furto simples.
O paciente foi condenado por furto simples a um ano e quatro meses de reclusão, em regime inicial fechado. A
defesa postulou a aplicação do regime aberto com base no princípio da insignificância, considerado o objeto
furtado ter sido apenas uma garrafa de licor.
Para o colegiado, o regime semiaberto é o mais plausível para o paciente. De um lado, o regime fechado deve ser
afastado. Por outro, o aberto não beneficia condenado reincidente, uma vez que esse regime pode se tornar um
incentivo à criminalidade, mais ainda em cidades menores, onde o furto é, via de regra, perpetrado no mesmo
estabelecimento. A reincidência delitiva do paciente, que praticou o quinto furto em pequeno município, eleva a
gravidade subjetiva de sua conduta. HC 136385/SC, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 7.8.2018. (HC-136835)

Princípio da insignificância e furto simples


Prevaleceu o voto médio proferido pelo ministro Alexandre de Moraes no sentido da inaplicabilidade do referido
princípio. No entanto, concedeu a ordem de ofício, para que seja substituída a pena aplicada por medida restritiva
de direito.
Registrou que, em pequenas comunidades, a substituição da pena privativa de liberdade por medida restritiva de
direito, a permitir que as pessoas vejam onde está sendo cumprida, tem valor simbólico e pedagógico maior do
que a fixação do regime semiaberto ou aberto. HC 137217/MG, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre
de Moraes, julgamento em 28.8.2018.

Incitação à discriminação religiosa e liberdade de expressão


A Turma considerou que o exercício da liberdade religiosa e de expressão não é absoluto, pois deve respeitar
restrições previstas na própria Constituição. Nessa medida, os postulados da igualdade e da dignidade pessoal
dos seres humanos constituem limitações externas à liberdade de expressão, que não pode e não deve ser
exercida com o propósito subalterno de veicular práticas criminosas tendentes a fomentar e a estimular
situações de intolerância e de ódio público.
As condutas praticadas pelo réu representam abusos graves contra os valores, fundamentos e princípios da

170
Constituição Federal, indo de encontro ao que consigna o preâmbulo. Ele agiu contra a harmonia social e a
fraternidade que os constituintes procuraram construir a partir da promulgação do texto constitucional.
Outrossim, compete ao Estado exercer o papel de pacificador da sociedade, para, assim, evitar uma guerra entre
religiões, como acontece em outras regiões do mundo.
Portanto, não há falar na existência de teratologia apta a ensejar o trancamento da ação penal, na medida em
que os fatos se enquadram na figura delitiva do art. 20, § 2º, da Lei 7.716/1989. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgamento em 6.3.2018.

ADI: proselitismo e liberdade de expressão


A liberdade de pensamento inclui o discurso persuasivo, o uso de argumentos críticos, o consenso e o debate
público informado e pressupõe a livre troca de ideias e não apenas a divulgação de informações.
Acrescentou que, não bastasse a manifesta incompatibilidade com o direito assegurado no art. 5º da CF e em
tratados de direitos humanos, o art. 220 da CF consigna, expressamente, a liberdade de expressão sob qualquer
forma, processo ou veículo. A rádio ou serviço de radiodifusão comunitária se insere nessa hipótese.
Por fim, ponderou o ministro Fachin que, ainda que se verifique uma teleologia compatível com a Constituição,
é preciso levar em conta a veiculação em rádio de discurso proselitista sem incitação ao ódio, ou violação à
própria Constituição, e, evidentemente, sem discriminações, que venham a ser minimamente invasivas em
relação à intimidade, direito a ser potencialmente resguardado. ADI 2.566/DF, rel. orig. Min. Alexandre de
Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 16.5.2018. (ADI-2566)

Princípio da insignificância e regime prisional


A Turma rememorou que o Plenário, ao reconhecer a possibilidade de afastamento do princípio da insignificância
ante a reincidência, aquiesceu não haver impedimento para a fixação do regime aberto na hipótese de aplicação
do referido princípio. HC 135164/MT, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
em 23.4.2019. (HC-135164)

Lei de Drogas
Fixação da pena por tráfico de drogas e pureza da droga apreendida
O grau de pureza da droga é irrelevante para fins de dosimetria da pena. De acordo com a Lei nº 11.343/2006,
preponderam apenas a natureza e a quantidade da droga apreendida para o cálculo da dosimetria da pena.
STF. 2ª Turma. HC 132909/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em15/3/2016 (Info 818).

Trafico privilegiado e não equiparação à crime hediondo


O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), não deve ser
considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC118533, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em23/06/2016 (Info 831).

Possiblidade de fixação de regime inicial aberto para o condenado por tráfico não reincidente a pena de até 4
anos
Se o réu, não reincidente, for condenado, por tráfico de drogas, a pena de até 4 anos, e se as circunstâncias
judiciais do art. 59 do CP forem positivas (favoráveis), o juiz deverá fixar o regime aberto e deverá conceder a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, preenchidos os requisitos do art. 44 do CP.
A gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para justificar a fixação do regime mais

171
gravoso. STF. 1ª Turma. HC 129714/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/10/2016 (Info 843). STF. 1ª
Turma. HC 130411/SP, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 12/4/2016 (Info 821). STF. 2ª Turma. HC
133028/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 12/4/2016 (Info 821).

Grande quantidade de droga pode afastar o privilégio previsto no art. 33, §4ª da Lei de Drogas (controverso)
Não é crível que o réu, surpreendido com mais de 500 kg de maconha, não esteja integrado, de alguma forma, a
organização criminosa, circunstância que justifica o afastamento da causa de diminuição prevista no art. 33, §4º,
da Lei de Drogas. STF. 1ª Turma. HC 130981/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016 (Info 844).
A quantidade de drogas encontrada não constitui, isoladamente, fundamento idôneo para negar o benefício da
redução da pena previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (HC 138138/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 29/11/2016. Info 849). STF. 2ª Turma. HC 138138/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
29/11/2016 (Info 849).

Tráfico cometido nas dependências e estabelecimento prisional e bis in idem


A circunstância de o crime ter sido cometido nas dependências de estabelecimento prisional não pode ser utilizada
como fator negativo para fundamentar uma pequena redução da pena na aplicação da minorante prevista no
§ 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 e, ao mesmo tempo, ser empregada para aumentar a pena como majorante
do inciso III do art. 40. Utilizar duas vezes essa circunstância configura indevido bis in idem .
Desse modo, neste caso, esta circunstância deverá ser utilizada apenas como causa de aumento do art. 40,
III, não sendo valorada negativamente na análise do § 4º do art. 33. STJ. 5ª Turma. HC 313.677-RS, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 21/6/2016 (Info 586).

Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se configura com a
prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018.

Absorção do crime de tráfico pelo previsto no art. 273, CP na hipótese de manutenção de farmácia de fachada
para venda de produtos falsificados destinados à fins terapêuticos ou medicinais
Se o agente criou farmácia de fachada para vender produtos falsificados destinados a fins terapêuticos ou
medicinais, ele deverá responder pelo delito do art. 273 do CP (e não por este crime em concurso com tráfico
de drogas), ainda que fique demonstrado que ele também mantinha em depósito e vendia alguns medicamentos
e substâncias consideradas psicotrópicas no Brasil por estarem na Portaria SVS/MS nº 344/1998.
Assim, mesmo tendo sido encontradas algumas substâncias que podem ser classificadas como droga, o crime do
art. 33 da Lei nº 11.343/2006 ficará absorvido pelo delito do art. 273 do CP, que possui maior abrangência.
Aplica-se aqui o princípio da consunção. STJ. 6ª Turma. REsp 1.537.773-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel.
para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 16/8/2016 (Info 590).

Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais:

Tráfico de drogas, corrupção de menores e bis in idem

172
Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar previsto nos arts. 33 a 37 da Lei
de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção de menores, porém, se a conduta estiver
tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por aquele delito, mas apenas a
majoração da sua pena com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006. STJ. 6ª Turma. REsp 1.622.781-MT, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/11/2016 (Info 595).

Não hediondez do crime de tráfico privilegiado


O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006) não é crime equiparado
a hediondo e, por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça.
STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo)
(Info 595).

Inquéritos policiais e ações penais em cursos podem ser utilizados para afastar o benefício do tráfico
privilegiado
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de que o
réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º
11.343/2006. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info 596).

Ocorrendo o tráfico de drogas nas imediações de presídio, incidirá a causa de aumento do art. 40, III, da LD, não
importando quem seja o comprador
A aplicação da causa de aumento prevista no art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006 se justifica quando constatada a
comercialização de drogas nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, sendo irrelevante se
o agente infrator visa ou não aos frequentadores daquele local.
Assim, se o tráfico de drogas ocorrer nas imediações de um estabelecimento prisional, incidirá a causa de
aumento, não importando quem seja o comprador do entorpecente. STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 858).

Se o réu, não reincidente, for condenado a pena superior a 4 anos e que não exceda a 8 anos, e se as
circunstâncias judiciais forem favoráveis, o juiz deverá fixar o regime semiaberto
O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos e não exceda a 8 anos, tem o direito de cumprir a
pena corporal em regime semiaberto (art. 33, § 2°, b, do CP), caso as circunstâncias judiciais do art. 59 lhe forem
favoráveis. Obs: não importa que a condenação tenha sido por tráfico de drogas.
A imposição de regime de cumprimento de pena mais gravoso deve ser fundamentada, atendendo à
culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima (art. 33, § 3°, do CP).
A gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para justificar a fixação do regime mais gravoso.
STF. 2ª Turma. HC 140441/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 28/3/2017 (Info 859).

O confisco de bens apreendidos em decorrência do tráfico pode ocorrer ainda que o bem não fosse utilizado de
forma habitual e mesmo que ele não tenha sido alterado
É possível o confisco de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas,
sem a necessidade de se perquirir a habitualidade, reiteração do uso do bem para tal finalidade, a sua modificação

173
para dificultar a descoberta do local do acondicionamento da droga ou qualquer outro requisito além daqueles
previstos expressamente no art. 243, parágrafo único, da Constituição Federal. STF. Plenário. RE 638491/PR, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 17/5/2017 (repercussão geral) (Info 865).

A grande quantidade de droga, isoladamente, não constitui fundamento idôneo para afastar a causa de
diminuição de pena do art. 33, § 4º da LD
Se o réu é primário e possui bons antecedentes, o juiz pode, mesmo assim, negar o benefício do art. 33, § 4º da
LD argumentando que a quantidade de drogas encontrada com ele foi muito elevada?
O tema é polêmico.
• 1ª Turma do STF: encontramos precedentes afirmando que a grande quantidade de droga pode ser
utilizada como circunstância para afastar o benefício. Nesse sentido: não é crível que o réu, surpreendido com
mais de 500 kg de maconha, não esteja integrado, de alguma forma, a organização criminosa, circunstância que
justifica o afastamento da causa de diminuição prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas (HC 130981/MS, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016. Info 844).
• 2ª Turma do STF: a quantidade de drogas encontrada não constitui, isoladamente, fundamento idôneo
para negar o benefício da redução da pena previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (RHC 138715/MS, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017. Info 866). STF. 2ª Turma. RHC 138715/MS, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

É possível aplicar o § 4º do art. 33 da lei de drogas às “mulas”


O fato de o agente transportar droga, por si só, não é suficiente para afirmar que ele integre a organização
criminosa.
A simples condição de “mula” não induz automaticamente à conclusão de que o agente integre organização
criminosa, sendo imprescindível, para tanto, prova inequívoca do seu envolvimento estável e permanente com o
grupo criminoso.
Portanto, a exclusão da causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 somente
se justifica quando indicados expressamente os fatos concretos que comprovem que a “mula” integra a
organização criminosa. STF. 1ª Turma. HC 124107, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 04/11/2014. STF. 2ª Turma.
HC 131795, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 03/05/2016. STJ. 5ª Turma. HC 387.077-SP, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 6/4/2017 (Info 602).

Tráfico de entorpecentes. Momento do interrogatório. Último ato da instrução. Novo entendimento firmado
pelo Excelso no bojo do HC 127.900/AM. Modulação dos efeitos. Publicação da ata de julgamento. Acusado
interrogado no início da instrução.
Os procedimentos regidos por leis especiais devem observar, a partir da publicação da ata de julgamento do HC
127.900/AM do STF (11.03.2016), a regra disposta no art. 400 do CPP, cujo conteúdo determina ser o
interrogatório o último ato da instrução criminal. HC 397.382-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por
unanimidade, julgado em 3/8/2017, DJe 14/8/2017.

Tráfico de drogas. Causa especial de diminuição de pena. Art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006. Reincidência.
Reconhecimento equivocado.

174
É inviável o reconhecimento de reincidência com base em único processo anterior em desfavor do réu, no qual –
após desclassificar o delito de tráfico para porte de substância entorpecente para consumo próprio – o juízo
extinguiu a punibilidade por considerar que o tempo da prisão provisória seria mais que suficiente para compensar
eventual condenação. HC 390.038-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
06/02/2018, DJe 15/02/2018

Tráfico ilícito de drogas. Causa de aumento da pena. Art. 40, inciso III, da lei n. 11.343/2006. Infração cometida
nas imediações de estabelecimento de ensino em uma madrugada de domingo. Ausência de exposição de uma
aglomeração de pessoas à atividade criminosa. Interpretação teleológica. Afastamento da majorante.
Não incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei n. 11.343/2006, se a prática de
narcotraficância ocorrer em dia e horário em que não facilite a prática criminosa e a disseminação de drogas em
área de maior aglomeração de pessoas. REsp 1.719.792-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por
unanimidade, julgado em 13/03/2018, DJe 26/03/2018

Tráfico de drogas. Associação para o tráfico. Prisão preventiva. Substituição pela domiciliar. Inadequação.
Delito praticado na própria residência.
Não é cabível a substituição da prisão preventiva pela domiciliar quando o crime é praticado na própria residência
da agente, onde convive com filhos menores de 12 anos. HC 441.781-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade,
julgado em 12/06/2018, DJe 19/06/2018

Semente de maconha e tipicidade


A Segunda Turma, por maioria, concedeu a ordem de habeas corpus para restabelecer decisão do Juízo de
primeiro grau que, em razão da ausência de justa causa, rejeitou a denúncia e determinou o trancamento de ação
penal proposta contra réu acusado de importar, pela internet, 26 sementes de maconha.
A Turma entendeu que a matéria-prima ou insumo deve ter condições e qualidades químicas que permitam,
mediante transformação ou adição, por exemplo, a produção da droga ilícita. Não é esse o caso das sementes da
planta cannabis sativa, as quais não possuem a substância psicoativa THC. HC 144161/SP, rel. Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 11.9.2018. (HC - 144161)

Tráfico de entorpecentes. Condenação anterior pelo delito do artigo 28 da Lei de Drogas. Caracterização da
reincidência. Desproporcionalidade.
É desproporcional o reconhecimento da reincidência no delito de tráfico de drogas que tenha por fundamento a
existência de condenação com trânsito em julgado por crime anterior de posse de droga para uso próprio. REsp
1.672.654-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em 21/08/2018, DJe 30/08/2018

Nocividade a substância entorpecente apreendida (maconha). Reputou que a prisão de jovens pelo tráfico de
pequena quantidade de maconha é mais gravosa do que a eventual permanência em liberdade
A Primeira Turma, diante de empate na votação, concedeu ordem de habeas corpus de ofício em favor de
impetrante preso preventivamente em razão do porte de 887,89 gramas de maconha e R$ 1.730,00.
O ministro Roberto Barroso considerou genéricas as razões da segregação cautelar do réu, que é primário. Além
disso, reconheceu como de pouca nocividade a substância entorpecente apreendida (maconha). Reputou que a
prisão de jovens pelo tráfico de pequena quantidade de maconha é mais gravosa do que a eventual permanência
em liberdade, pois serão fatalmente cooptados ou contaminados por uma criminalidade mais grave ao
ingressarem no ambiente carcerário. A ministra Rosa Weber acompanhou o ministro Roberto Barroso.
Em divergência, votaram os ministros Marco Aurélio e Alexandre de Moraes, que denegaram a ordem.
Consideraram que a quantidade de entorpecente e o valor monetário apreendidos são motivos suficientes para

175
a manutenção da custódia. HC 140379/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento
em 23.10.2018. (HC-140379)

Reincidência e crime de porte de drogas para uso próprio


Condenações anteriores pelo delito do art. 28 da Lei n. 11.343/2006 não são aptas a gerar reincidência. HC
453.437-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em 04/10/2018, DJe 15/10/2018

Crimes sexuais
Natureza hedionda do crime de estrupo (e atentado violento ao pudor)
Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, mesmo que cometidos antes da edição da Lei nº
12.015/2009, são considerados hediondos, ainda que praticados na forma simples. Em outras palavras, seja
antes ou depois da Lei nº 12.015/2009, toda e qualquer forma de estupro (ou atentado violento ao pudor)
é considerada crime hediondo, sendo irrelevante que a prática de qualquer deles tenha causado, ou não, lesões
corporais de natureza grave ou morte. STF. 1ª Turma. HC 100612/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 16/8/2016 (Info 835).

Estupro de vulnerável e desnecessidade de ocorrência de conjunção carnal para sua consumação


O agente que passa as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por dentro de sua roupa, pratica, em
tese, o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). Não importa que não tenha havido penetração vaginal
(conjunção carnal). STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o acórdão Min. Edson
Fachin julgado em 30/8/2016 (Info 837).

Beijo roubado em contexto de violência física pode caracterizar estupro


O agente abordou de forma violenta e sorrateira a vítima com a intenção de satisfazer sua lascívia, o que ficou
demonstrado por sua declarada intenção de "ficar" com a jovem – adolescente de 15 anos – e pela ação de
impingir-lhe, à força, um beijo, após ela ser derrubada ao solo e mantida subjugada pelo agressor, que a imobilizou
pressionando o joelho sobre seu abdômen.
Tal conduta configura o delito do art. 213, § 1º do CP. STJ. 6ª Turma. REsp 1.611.910-MT, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 11/10/2016 (Info 592).

Bisavô é considerado ascendente para os fins da causa de aumento do art. 226, II, do CP
No caso de crimes contra a liberdade sexual (arts. 213 a 216-A) e crimes sexuais contra vulnerável (arts. 217-A a
218-B), se o autor do delito for ascendente da vítima, a pena deverá ser aumentada de metade (art. 226, II, do
CP).
O bisavô está incluído dentro dessa expressão “ascendente”, figurando no terceiro grau da linha reta e não há
nenhuma regra de limitação quanto ao número de gerações.
Assim, se o bisavô pratica estupro de vulnerável contra sua bisneta, deverá incidir a causa de aumento de pena
prevista no art. 226, II, do CP. STF. 2ª Turma. RHC 138717/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
23/5/2017 (Info 866).

Casa de prostituição. Tipicidade. Art. 229 do Código Penal. Exploração sexual. Elemento normativo do tipo.
Violação à dignidade sexual e tolhimento à liberdade. Inexistência. Fato atípico.
O estabelecimento que não se volta exclusivamente à prática de mercância sexual, tampouco envolve menores

176
de idade ou do qual se comprove retirada de proveito, auferindo lucros da atividade sexual alheia mediante
ameaça, coerção, violência ou qualquer outra forma de violação ou tolhimento à liberdade das pessoas, não dá
origem a fato típico a ser punido na seara penal. REsp 1.683.375-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por
unanimidade, julgado em 14/08/2018, DJe 29/08/2018

Julgados pontuais em relação a tipos penais


Alteração no medidor de energia elétrica. Fraude por uso de substância. Redução do consumo de energia.
Induzimento ao erro da companhia elétrica. Tipicidade legal. Estelionato
A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado menor do que o real consumo
de energia elétrica configura estelionato. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 07/05/2019, DJe 13/05/2019

Atipicidade da interrupção da gravidez no primeiro trimestre


A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria gestante (art. 124) ou
com o seu consentimento (art. 126) não é crime.
É preciso conferir interpretação conforme a Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime
de aborto
– para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre.
A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio da
proporcionalidade. STF. 1ª Turma. HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgado em 29/11/2016 (Info 849).

O fato de não ter havido indiciamento não é motivo para desclassificar o crime para o art. 340
Se, em razão da comunicação falsa de crime, houve a instauração de inquérito policial, sendo a falsidade
descoberta durante os atos investigatórios nele realizados, o delito cometido é o de denunciação caluniosa,
previsto no art. 339 do CP.
O fato de o indivíduo apontado falsamente como autor do delito inexistente não ter sido indiciado no curso da
investigação não é motivo suficiente para desclassificar a conduta para o crime do art. 340. STJ. 6ª Turma. REsp
1.482.925-MG, Rel. Min. Sebastião Reis, julgado em 6/10/2016 (Info 592).

Prostituição e exercício arbitrário das próprias razões


A prostituta maior de idade e não vulnerável que, considerando estar exercendo pretensão legítima, arranca
cordão do pescoço de seu cliente pelo fato de ele não ter pago pelo serviço sexual combinado e praticado
consensualmente, pratica o crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP) e não roubo (art.
157 do CP). STJ. 6ª Turma. HC 211.888-TO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em17/5/2016 (Info 584).

Possiblidade de perícia por amostragem no crime de violação de direito autoral


Súmula 574-STJ: Para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação de sua materialidade,
é suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos do material, e é
desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os representem.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 22/06/2016, DJe 27/06/2016.

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Entrega de veículo a pessoa não habilitada é crime de perigo abstrato
Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor à
pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB,
independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. STJ. 3ª Seção.
Aprovada em 22/06/2016, DJe 27/06/2016.

Importação de colete à prova de balas e crime de contrabando


Configura crime de contrabando a importação de colete à prova de balas sem prévia autorização do Comando
do Exército. A importação de colete à prova de balas não se enquadra em nenhum tipo penal previsto no Estatuto
do Desarmamento. Aquele que poderia gerar algum tipo de dúvida seria justamente o art. 18. Ocorre que colete à
prova de balas não pode ser considerado acessório. Isso porque a palavra "acessório" mencionada no art. 18 é
acessório de arma de fogo, ou seja, algo que complementa, que se agrega à arma de fogo para melhorar o
seu funcionamento ou desempenho. Exs: silenciador, mira telescópica etc. O colete à prova de balas é uma
proteção contra armas de fogo e não um acessório desta. STJ. 6ª Turma. RHC 62.851-PR, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em16/2/2016 (Info 577).

Possibilidade do falso ser absorvido no crime de descaminho


Quando o falso se exaure no descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-fim,
condição que não se altera por ser menor a pena a este cominada. STJ. 3ª Seção. REsp 1.378.053-PR, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 10/8/2016 (Info 587).

Não configuração do crime de desobediência por não atendimento de requisição judicial por parte do Defensor
Geral
Não configura o crime de desobediência (art. 330 do CP) a conduta de Defensor Público Geral que deixa de atender
à requisição judicial de nomeação de defensor público para atuar em determinada ação penal. STJ. 6ª Turma. HC
310.901-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 16/6/2016 (Info 586).

Perda de dois dentes configura lesão grave (e não gravíssima)


A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza grave (art. 129, §1º, III, do CP), e
não gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do CP).
A perda de dois dentes pode até gerar uma debilidade permanente (§ 1º, III), ou seja, uma dificuldade maior da
mastigação, mas não configura deformidade permanente (§ 2º, IV). STJ. 6ª Turma. REsp 1.620.158-RJ, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/9/2016 (Info 590).

Atipicidade penal do exercício da acupuntura


O exercício da acupuntura por indivíduo que não é médico não configura o delito previsto no art. 282 do CP
(exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica). Não existe lei federal prevendo que a acupuntura
é uma atividade privativa de médico (art. 22, XVI, da CF/88). STJ. 6ª Turma. RHC 66.641-SP, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em3/3/2016 (Info 578).

Extinção do crédito tributário e ação penal por crime contra a ordem tributária
O reconhecimento de prescrição tributária em execução fiscal não é capaz de justificar o trancamento de ação

178
penal referente aos crimes contra a ordem tributária previstos nos incisos I a IV do art. 1º da Lei nº 8.137/90. A
constituição regular e definitiva do crédito tributário é suficiente para tipificar as condutas previstas no art. 1º, I
a IV, da Lei nº 8.137/90, não influenciando em nada, para fins penais, o fato de ter sido reconhecida a prescrição
tributária. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 202.617/DF, Rel. Min. Campos Marques (Des. Conv. do TJ/PR), julgado
em11/04/2013. STJ. 6ª Turma. RHC 67.771-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em10/3/2016 (Info 579).

Descaminho e desnecessidade de procedimento administrativo fiscal


É dispensada a existência de procedimento administrativo fiscal com a posterior constituição do crédito tributário
para a configuração do crime de descaminho (CP, art. 334), tendo em conta sua natureza formal. HC 121798/BA,
rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 29.5.2018. (HC-121798)

ICMS. Operações próprias. Substituição tributária. Não recolhimento. Apropriação indébita tributária.
A conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em substituição tributária enquadra-se formalmente
no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei n. 8.137/1990 (apropriação indébita tributária), desde que comprovado o
dolo.
HC 399.109-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, por maioria, julgado em 22/08/2018, DJe 31/08/2018

Furto de energia elétrica. Extinção da punibilidade pelo pagamento do débito antes do recebimento da
denúncia. Impossibilidade. Novo entendimento.
Não configura causa de extinção de punibilidade o pagamento de débito oriundo de furto de energia elétrica
antes do oferecimento da denúncia. HC 412.208-SP, Rel. Min. Felix Fischer, por unanimidade, julgado em
20/03/2018, DJe 23/03/2018.

Crime de peculato em continuidade delitiva. Tabelião. Ausência de repasse de verbas destinadas ao Fundo de
Desenvolvimento do Judiciário Estadual. Trancamento da ação penal. Falta de justa causa.
Na presente hipótese, o delito pressupõe um crédito tributário, ainda pendente de deliberação na seara
administrativa. De mais a mais, a imputação penal em exame deve se submeter à mesma ratio que deu origem
ao verbete n. 24 de súmula vinculante do STF – segundo o qual “não se tipifica crime material contra a ordem
tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo” –, já
que os fatos narrados na inaugural acusatória pressupõem a apropriação de valores de natureza sui generis,
porém, com substancial carga tributária, possibilitando, inclusive, o parcelamento do débito perante a
Administração. Diante desse cenário, enquanto pendente de deliberação na esfera administrativa o referido
débito – frise-se, in casu, composto por valores que também têm origem tributária –, não poderá ser imputado
ao impetrante o fato típico descrito na denúncia, considerando o viés de ultima ratio do Direito Penal no
ordenamento jurídico. RHC 75.768-RN, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, por maioria, julgado em 15/8/2017,
DJe 11/9/2017.

Depositário judicial que vende os bens em seu poder. Ausência da ocupação de cargo público. Peculato.
Atipicidade.
O depositário judicial que vende os bens sob sua guarda não comete o crime de peculato. HC 402.949-SP, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em 13/03/2018, DJe 26/03/2018

Crime contra a ordem tributária. Condenação transitada em julgado. Pagamento do tributo. Causa de extinção

179
da punibilidade. Artigo 9º, § 2º, da Lei n. 10.684/2003. Coação ilegal caracterizada.
O pagamento do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o advento do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória, é causa de extinção da punibilidade do acusado. HC 362.478-SP, Rel. Min. Jorge
Mussi, por unanimidade, julgado em 14/9/2017, DJe 20/9/2017.

Corrupção ativa. Emissão de guia de recolhimento de imposto em montante menor do que o devido.
Pagamento da diferença antes do recebimento da denúncia. Causa de extinção da punibilidade. Aplicação
analógica ao delito de corrupção. Impossibilidade.
O pagamento da diferença do imposto devido, antes do recebimento da denúncia, não extingue a punibilidade
pelo crime de corrupção ativa atrelado ao de sonegação fiscal. RHC 95.557-GO, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, por unanimidade, julgado em 21/06/2018, DJe 01/08/2018

Dever da Receita Federal de encaminhar ao MPF os autos da representação fiscal, ainda que não aplicada multa
A Delegacia da Receita Federal deve enviar ao Ministério Público Federal os autos das representações fiscais para
fins penais relativas aos crimes contra a ordem tributária previstos na Lei nº 8.137/1990 e aos crimes contra
a previdência social (arts. 168-A e 337-A do CP) após proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre
a exigência fiscal do crédito tributário correspondente, mesmo quando houver afastamento de multa agravada.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.569.429-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 5/5/2016 (Info 584).

Superfaturamento de licitação envolvendo serviços não configura o crime do art. 96


A conduta de quem frauda licitação destinada a contratação de serviços não se enquadra no art. 96 da Lei nº
8.666/93, pois
esse tipo penal contempla apenas licitação que tenha por objeto aquisição ou venda de bens e mercadorias.
Para que a punição da contratação de serviços fraudulentos fosse possível, seria necessário que esta conduta
estivesse expressamente prevista na redação do tipo, uma vez que o Direito Penal deve obediência ao princípio
da taxatividade, não podendo haver interpretação extensiva em prejuízo do réu. STF. 1ª Turma. Inq 3331,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 01/12/2015. STJ. 6ª Turma. REsp 1.571.527-RS, Rel. Min. Sebastião Reis,
julgado em 16/10/2016 (Info 592).

Consuma-se o crime de roubo com a mera inversão da posse


Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação
da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. STJ. 3ª Seção. Aprovada em
14/09/2016, DJe 19/09/2016 (Info 590).

Possibilidade de aplicação da majorante de emprego de arma (ou concurso) no caso de extorsão qualificada
pela restrição à liberdade da vítima
O § 1º do art. 158 do CP prevê que se a extorsão é cometida por duas ou mais pessoas, ou com emprego de
arma, a pena deverá ser aumentada de um terço até metade.
Essa causa de aumento prevista no § 1º do art. 158 do CP pode ser aplicada tanto para a extorsão simples (caput
do art. 158) como também para o caso de extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima (§ 3º).
Assim, é possível que o agente seja condenado por extorsão pela restrição da liberdade da vítima (§ 3º) e, na

180
terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena de 1/3 até 1/2 se o crime foi cometido por duas ou mais
pessoas, ou com emprego de arma (§ 1º). STJ. 5ª Turma. REsp 1.353.693-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em13/9/2016 (Info 590).

A conduta de falsificar, cartão de crédito ou débito é considerada como crime de falsificação de documento
particular
A inserção do parágrafo único no art. 298 do Código Penal apenas confirmou que cartão de
crédito/débito é considerado documento, sendo a Lei nº 12.737/2012 considerada como lei
interpretativa exemplificativa.
Logo, ainda que praticada antes da Lei nº 12.737/2012, a conduta de falsificar, no todo ou em parte,
cartão de crédito ou débito é considerada como crime de falsificação de documento particular (art.
298 do CP). STJ. 6ª Turma. REsp 1.578.479-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para
acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 2/8/2016 (Info 591).

A extorsão pode ser praticada mediante a ameaça feita pelo agente de causar um "mal espiritual" na vítima
Configura o delito de extorsão (art. 158 do CP) a conduta do agente que submete vítima à grave ameaça espiritual
que se revelou idônea a atemorizá-la e compeli-la a realizar o pagamento de vantagem econômica indevida. STJ.
6ª Turma. REsp 1.299.021-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/2/2017 (Info 598).

Representante legal de empresa que contratou a realização de obra não responde penalmente por
desabamento ocorrido na construção
O representante legal de sociedade empresária contratante de empreitada não responde pelo delito de
desabamento culposo (art. 256, parágrafo único, do CP) ocorrido na obra contratada, quando não demonstrado
o nexo causal, tampouco pode ser responsabilizado, na qualidade de garante, se não havia o dever legal de agir,
a assunção voluntária de custódia ou mesmo a ingerência indevida sobre a consecução da obra. STJ. 6ª Turma.
RHC 80.142-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 28/3/2017 (Info 601).

Agente que participou do roubo pode responder por latrocínio ainda que o disparo que matou a vítima tenha
sido efetuado pelo corréu
Aquele que se associa a comparsa para a prática de roubo, sobrevindo a morte da vítima, responde pelo crime de
latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou que sua participação se revele de menor
importância, pois assumiu o risco de produzir resultado mais grave, ciente de que atuava em crime de roubo, no
qual as vítimas foram mantidas em cárcere sob a mira de arma de fogo. STF. 1ª Turma. RHC 133575/PR, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 21/2/2017 (Info 855).

O que fazer se foi atingido um único patrimônio, mas houve pluralidade de mortes?
Carlos e Luiza estão entrando no carro quando são rendidos por João, assaltante armado, que deseja subtrair o
veículo. Carlos acaba reagindo e João atira contra ele e Luiza, matando o casal. João foge levando o carro. Haverá
dois crimes de latrocínio em concurso formal de ou um único crime de latrocínio?
STJ: concurso formal impróprio (STJ. 5ª Turma. HC 336.680/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/11/2015)
STF e doutrina majoritária: um único crime de latrocínio (STF. 1ª Turma. RHC 133575/PR, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 21/2/2017) (Info 855).

181
Em caso de concurso formal de crimes, o perdão judicial concedido para um deles não necessariamente deverá
abranger o outro
O fato de os delitos terem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos efeitos do perdão
judicial concedido para um dos crimes, se não restou comprovada, quanto ao outro, a existência do liame
subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal. 6ª Turma. REsp 1.444.699-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz,
julgado em 1/6/2017 (Info 606).
Ex: o réu, dirigindo seu veículo imprudentemente, causa a morte de sua noiva e de um amigo; o fato de ter sido
concedido perdão judicial para a morte da noiva não significará a extinção da punibilidade no que tange ao
homicídio culposo do amigo. STJ.

Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela continua a ser crime
Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela continua a ser crime, conforme previsto
no art. 331 do Código Penal. STJ. 3ª Seção. HC 379.269-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Rel. para
acórdão Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 24/5/2017 (Info 607).

Crime de falsidade ideológica. Currículo Lattes. Dado que não condiz com a realidade. Conduta atípica.
A plataforma Lattes é virtual e nela o usuário, mediante imposição do "login" e senha, insere as informações. Não
se trata de um escrito palpável, ou seja, um papel do mundo real, mas de uma página em um sítio eletrônico.
Nesse sentido, embora possa existir "documento eletrônico", não está ele presente no caso concreto, porquanto
somente pode ser assim denominado aquele constante de página ou sítio na rede mundial de computadores que
possa ter sua autenticidade aferida por assinatura digital. A regulamentação que garante a autenticidade, a
integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica se dá pela Medida Provisória n. 2.200-2, de
24 de agosto de 2001, que instituiu a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) e a responsabilidade
por essa base é da Autarquia Federal, o ITI – Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, ligado à Presidência
da República.
Reitere-se que, na hipótese, não se pode ter como documento o currículo inserido na plataforma virtual Lattes
do CNPq, porque desprovido de assinatura digital e, pois, sem validade jurídica. Mas ainda que pudesse ser
considerada a sua validade, para fins penais, tem-se que, como qualquer currículo, seja clássico (papel escrito) ou
digital, o Currículo Lattes é passível de averiguação, ou seja, as informações nele contidas deverão ser objeto de
aferição por quem nelas tem interesse, o que denota atipicidade. Nesse sentido, a doutrina afirma que "havendo
necessidade de comprovação - objetiva e concomitante -, pela autoridade, da autenticidade da declaração, não
se configura o crime, caso ela seja falsa ou, de algum modo, dissociada da realidade". RHC 81.451-RJ, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em 22/8/2017, DJe 31/8/2017.

Lei de anistia e prescrição dos crimes de lesa-humanidade


O ministro Marco Aurélio (relator) votou pela improcedência do pedido. Entendeu que, apesar da dupla tipicidade dos
fatos imputados (no Brasil e na Argentina), não se verifica o requisito da dupla punibilidade, haja vista a não ratificação
pelo Estado brasileiro da Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas, que prevê a
imprescritibilidade dos delitos de lesa-humanidade. Dessa forma, aplica-se o prazo máximo de vinte anos para prescrição,
previsto no Código Penal brasileiro no art. 109, I, CP. Ext 1270/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 17.10.2017.
(Ext-1270)

182
Roubo e extorsão e a continuidade delitiva
Por não constituírem delitos da mesma espécie, não é possível reconhecer a continuidade delitiva na prática dos
crimes de roubo e extorsão. (HC – 114667)

Homicídio. Embriaguez ao volante. Dolo eventual. Ausência de circunstâncias excedentes ao tipo.


Desclassificação. Homicídio culposo.
A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de premissa bastante para a afirmação
do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte. Na primeira fase do Tribunal do Júri, ao juiz togado
cabe apreciar a existência de dolo eventual ou culpa consciente do condutor do veículo que, após a ingestão de
bebida alcoólica, ocasiona acidente de trânsito com resultado morte. REsp 1.689.173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti
Cruz, por maioria, julgado em 21/11/2017, DJe 26/03/2018.

Homicídio na direção de veículo automotor e competência do tribunal do júri


A Primeira Turma, por maioria, denegou a ordem de “habeas corpus” em que se pleiteava a reforma da decisão
que reconheceu a ocorrência de dolo eventual em relação a homicídio cometido por motorista embriagado na
direção de veículo automotor, firmada a competência do tribunal do júri.
O Colegiado considerou legítima a tipificação da conduta como crime doloso, de competência do tribunal do júri,
ante o reconhecimento da evolução jurisprudencial na análise do que vem a ser dolo eventual e culpa consciente.
No caso, verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência de álcool,
além de fazê-lo na contramão. Esse é, portanto, um caso específico que evidencia a diferença entre a culpa
consciente e o dolo eventual. O condutor assumiu o risco ou, no mínimo, não se preocupou com o risco de,
eventualmente, causar lesões ou mesmo a morte de outrem. HC 124687/MS, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 29.5.2018. (HC-124687)

Roubo. Emprego de arma branca. Majorante revogada. Abolitio Criminis. Lei n. 13.654/2018. Novatio legis in
mellius.
Diante da abolitio criminis promovida pela Lei n. 13.654/2018, que deixou de considerar o emprego de arma
branca como causa de aumento de pena, é de rigor a aplicação da novatio legis in mellius. REsp 1.519.860-RJ, Rel.
Min. Jorge Mussi, por unanimidade, julgado em 17/05/2018, DJe 25/05/2018

Conceito de funcionário público para fins penais


Consoante dispõe o art. 327, § 1º (1), do Código Penal (CP), qualifica-se como funcionário público pessoa que
exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal ou trabalha em empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
A Turma entendeu que o art. 84, § 1º, da Lei 8.666/1993, a repercutir no âmbito administrativo, não constitui
parâmetro interpretativo concernente aos tipos definidos no CP. O art. 327, § 1º, do CP versa a conceituação e
delimitação, quanto à relevância penal, de funcionário público. Não se trata de norma penal em branco, cuja
aplicação exige complemento normativo, ou de tipo aberto. Dessa forma, ante o cargo desempenhado pelo
paciente em entidade paraestatal, mostra-se adequada a observância da extensão prevista no aludido dispositivo
penal. HC 138484/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 11.9.2018. (HC-138484)

Tortura-castigo. Art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997. Crime próprio. Agente que ostente posição de garante.
Necessidade.
Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo (art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997) aquele que detiver
outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime próprio). REsp 1.738.264-DF, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, por maioria, julgado em 23/08/2018, DJe 14/09/2018

Moeda falsa. Art. 291 do CP. Petrechos para falsificação. Uso exclusivo. Prescindibilidade.

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Para tipificar o crime descrito no art. 291 do CP, basta que o agente detenha a posse de petrechos com o propósito
de contrafação da moeda, sendo prescindível que o maquinário seja de uso exclusivo para tal fim. REsp 1.758.958-
SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, por unanimidade, julgado em 11/09/2018, DJe 25/09/2018

Corrupção passiva. Art. 317 do CPC. Expressão "em razão dela". Equiparação a "ato de ofício". Inviabilidade.
Ações ou omissões indevidas fora das atribuições formais do funcionário público. Condenação. Possibilidade
O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a solicitação ou recebimento de vantagem indevida, ou a
aceitação da promessa de tal vantagem, esteja relacionada com atos que formalmente não se inserem nas
atribuições do funcionário público, mas que, em razão da função pública, materialmente implicam alguma forma
de facilitação da prática da conduta almejada REsp 1.745.410-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min.
Laurita Vaz, por unanimidade, julgado em 02/10/2018, DJe 23/10/2018

Advocacia administrativa perante a administração fazendária. Art. 3º, III, da Lei n. 8.137/1990. Impugnações
administrativas apresentadas por terceiro particular. Prévia correção quanto aos aspectos gramatical, estilístico
e técnico realizada por agente público. Atipicidade da conduta.
É atípica a conduta de agente público que procede à prévia correção quanto aos aspectos gramatical, estilístico e
técnico das impugnações administrativas, não configurando o crime de advocacia administrativa perante a
Administração Fazendária. REsp 1.770.444-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, por maioria, julgado em
08/11/2018, DJe 03/12/2018

É atípica a conduta contida no art. 307 do CTB quando a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor advém de restrição administrativa. HC 427.472-SP, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, por maioria, julgado em 23/08/2018, DJe 12/12/2018

No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes do recebimento da
denúncia não extingue a punibilidade.
Saliente-se que são três os fundamentos para a não aplicação do instituto de extinção de punibilidade ao crime
de furto de energia elétrica em razão do adimplemento do débito antes do recebimento da denúncia. Em primeiro
lugar, seria diversa a política criminal aplicada aos crimes contra o patrimônio e contra a ordem tributária. O furto
de energia elétrica, além de atingir a esfera individual, tem reflexos coletivos e, não obstante seja tratado na
prática como conduta sem tanta repercussão, se for analisado sob o aspecto social, ganha conotação mais
significativa, ainda mais quando considerada a crise hidroelétrica recentemente vivida em nosso país.
A intenção punitiva do Estado nesse contexto deve estar associada à repreensão da conduta que afeta bem tão
precioso da humanidade. Desse modo, o papel do Estado , nos casos de furto de energia elétrica, não deve estar
adstrito à intenção arrecadatória da tarifa, deve coibir ou prevenir eventual prejuízo ao próprio abastecimento
elétrico do país, que ora se reflete na ausência ou queda do serviço público, ora no repasse, ainda que parcial, do
prejuízo financeiro ao restante dos cidadãos brasileiros. RHC 101.299-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min.
Joel Ilan Paciornik, por unanimidade, julgado em 13/03/2019, DJe 04/04/2019.

Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de


vulnerável (art. 218-B, § 2º, I, do Código Penal). Agente que pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso.
Habitualidade. Desnecessária.
O crime previsto no inciso I do § 2º do artigo 218-B do Código Penal se consuma independentemente da
manutenção de relacionamento sexual habitual entre o ofendido e o agente.
Ainda, para fins do artigo 218-B do Código Penal não basta aferir a idade da vítima, devendo-se averiguar se o
menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa enferma ou doente mental, não tem o necessário discernimento para a

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prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer resistência.HC 371.633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, por
unanimidade, julgado em 19/03/2019, DJe 26/03/2019

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Honorários advocatícios e periciais
Possibilidade de condenação em honorários sucumbenciais em ação penal privada extinta sem julgamento de
mérito
É possível condenar o querelante em honorários advocatícios sucumbenciais na hipótese de rejeição de
queixa-crime por ausência de justa causa. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.218.726-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
22/6/2016 (Info 586).

Citação
Constitucionalidade da citação por hora certa
É constitucional a citação com hora certa no âmbito do processo penal. STF. Plenário. RE 635145/RS,
rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2016 (Info 833)

Direitos e garantias fundamentais


Flexibilização do princípio da duração razoável do processo
Em virtude do grande volume de trabalho que assoberba o STJ, é necessário flexibilizar o princípio constitucional
da razoável duração do processo. Dessa forma, em regra, tolera-se que haja uma natural demora no julgamento
dos recursos que tramitam naquele Tribunal.
Além disso, o STF entende que se a demora no julgamento do recurso pelo STJ deveu-se ao fato de que houve
a troca do Ministro Relator do caso, isso, em regra, justifica o atraso. No entanto, no caso concreto, o Resp estava
aguardando julgamento no STJ há 5 anos, demora muito grande, o que caracteriza evidente constrangimento
ilegal e negativa de prestação jurisdicional.
Diante disso, o STF determinou ao STJ que apresente o recurso especial para ser julgado em, no máximo, cinco
sessões daquele Tribunal, prazo a ser contado da comunicação da ordem. STF. 2ª Turma. HC 136435/PR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 22/11/2016 (Info 848).

Oitiva de testemunhas e devido processo legal


A Segunda Turma, com base no Enunciado 691 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, não conheceu de
impetração, mas concedeu a ordem de ofício para, por força da matriz constitucional do “devido processo legal”
(CF, art. 5º, inciso LIV), assegurar a oitiva das testemunhas arroladas pela defesa dos pacientes.
Na espécie, em fase de defesa prévia, a oitiva de todas as testemunhas indicadas pela defesa dos pacientes fora
indeferida, ao fundamento de que o requerimento seria protelatório, haja vista que as testemunhas não teriam,
em tese, vinculação com os fatos criminosos imputados aos pacientes.
Dessa forma, evidente a infringência à matriz constitucional do devido processo legal, visto que frustrou a
possibilidade de os acusados produzirem as provas que reputam necessárias à demonstração de suas alegações.
(HC-155363)

Condução coercitiva para interrogatório e recepção pela Constituição Federal


O Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado em arguições de descumprimento de preceito
fundamental para declarar a não recepção da expressão "para o interrogatório" constante do art. 260 do CPP, e
a incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou de réus para
interrogatório, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de ilicitude
das provas obtidas, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado (Informativo 905).
O Tribunal destacou que a decisão não desconstitui interrogatórios realizados até a data desse julgamento, ainda

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que os interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos para o referido ato processual. ADPF 395/DF, rel.
Min. Gilmar Mendes, julgamento em 13 e 14.6.2018. (ADPF-395) e ADPF 444/DF, rel. Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 13 e 14.6.2018. (ADPF-444)

Ação penal originária e momento do interrogatório


A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental interposto pela Procuradoria-Geral da
República (PGR) em face de decisão monocrática que determinou o interrogatório do réu como ato inaugural do
processo-crime, conforme previsão do art. 7º (1) da Lei 8.038/1990.

A agravante aduziu que, em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, o interrogatório deve
ser realizado após o término da instrução processual (AP 988 AgR).
Para o Colegiado, apesar de não haver uma alteração específica do art. 7º da Lei 8.038/1990, com base no Código
de Processo Penal, entende-se que o interrogatório é um ato de defesa, mais bem exercido depois de toda a
instrução, porque há possibilidade do contraditório mais amplo. Assim, determinou que a instrução processual
penal se inicie com a oitiva das testemunhas arroladas pela acusação. AP 1027/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o ac. Min. Luís Roberto Barroso, julgamento em 2.10.2018. (AP-1027)

Competência
Balões de ar quente tripulados. Definição jurídica de aeronave. Art. 106 da Lei n. 7.565/1986. Não
enquadramento. Competência da Justiça Estadual
Compete à Justiça Estadual o julgamento de crimes ocorridos a bordo de balões de ar quente tripulados. CC
143.400-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por maioria, julgado em 24/04/2019, DJe 15/05/2019

Crime praticado por militar previsto apenas na lei de licitação é de competência da justiça comum
Compete à Justiça Comum Federal - e não à Justiça Militar - processar e julgar a suposta prática, por militar da
ativa, de crime previsto apenas na Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), ainda que praticado contra a
administração militar. STJ. 3ª Seção. CC 146.388-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/6/2016 (Info 586).

Declarações de particular que ofendem a honra de outro particular deverão ser julgadas na Justiça Estadual,
mesmo que feitas perante órgão federal
Não compete à Justiça Federal julgar queixa-crime proposta por particular contra outro particular pelo simples
fato de as declarações do querelado terem sido prestadas na Procuradoria do Trabalho. A competência será da
Justiça Estadual.
Se o MP entendesse que havia indícios de que o depoente praticou falso testemunho, a competência para apurar
este delito (art. 342 do CP) seria da Justiça Federal, nos termos da Súmula 165-STJ ("Compete a justiça federal
processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista"). STJ. 3ª Seção. CC 148.350-
PI, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 9/11/2016 (Info 593).

Fraudes praticadas na administração de operadora de plano de saúde que não seja seguradora
Compete à justiça estadual o processamento e julgamento de ação penal que apura supostas fraudes praticadas
por administrador na gestão de operadora de plano de saúde não caracterizada como seguradora.
A Lei nº 9.656/98 autoriza que os planos de saúde possam ser constituídos por diferentes formas jurídicas.
Existem planos de saúde que são cooperativas, outros que são sociedades empresárias, entidades de autogestão
etc. A Lei nº 10.185/2001 permite que sociedades seguradoras possam atuar como "plano de saúde". Dessa
forma, existem alguns planos de saúde que são "entidades seguradoras". Outros planos, no entanto, são

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cooperativas, entidades de autogestão etc. Se a operadora de plano de saúde for uma "seguradora", aí sim ela
será considerada como instituição financeira. Caso contrário, ela não se enquadrará no art. 1º, caput ou
parágrafo único, da Lei nº 7.492/86. STJ. 3ª Seção. CC 148.110-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Rel.
para acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/11/2016 (Info 595).

Estelionato praticado por falso tribunal internacional de conciliação é julgado pela Justiça Estadual
Compete à Justiça Estadual apurar suposto crime de estelionato, em que foi obtida vantagem ilícita em prejuízo
de vítimas particulares mantidas em erro mediante a criação de falso Tribunal Internacional de Justiça e
Conciliação para solução de controvérsias. STJ. 3ª Seção. CC 146.726-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 14/12/2016 (Info 597).

Competência da justiça federal para julgar crimes ambientais envolvendo animais silvestres, em extinção,
exóticos ou protegidos por compromissos internacionais
Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais
silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos internacionais
assumidos pelo Brasil. STF. Plenário. RE 835558/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/2/2017 (repercussão geral)
(Info 853)

Conduta de um dos pedófilos conexa com um grupo maior localizado em outro juízo
Se o crime do art. 241-A do ECA for praticado por meio do computador da residência do agente localizada em São
Paulo (SP), mesmo assim ele poderá ser julgado pelo juízo de Curitiba (PR) se ficar demonstrado que a conduta
do agente ocorreu com investigações que tiveram início em Curitiba, onde um grupo de pedófilos ligados ao
agente foi preso e, a partir daí, foram obtidas todas as provas. Neste caso, a competência do juízo de Curitiba
ocorrerá por conexão, não havendo ofensa ao princípio do juiz natural. STF. 1ª Turma. HC 135883/PR, rel. orig.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2017 (Info 868).

Competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA praticado por meio de Whatsapp ou chat do Facebook:
Justiça Estadual
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material
pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B do ECA), quando praticados por meio
da rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/
o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015 (repercussão geral) (Info 805).
O STJ, interpretando a decisão do STF, afirmou que, quando se fala em “praticados por meio da rede mundial de
computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem de conteúdo pedófilo-pornográfico deve ter
sido feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso. Por outro lado, se a troca de material pedófilo ocorreu
entre destinatários certos no Brasil, não há relação de internacionalidade e, portanto, a competência é da Justiça
Estadual. STJ. 3ª Seção. CC 150.564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017 (Info 603).

A competência para a execução provisória do julgado é do juízo originário mesmo que tenha havido
desaforamento
O desaforamento de um caso se encerra com o veredito do júri popular. Por isso, a execução provisória da pena
(que ocorre depois de a condenação ser confirmada pelo Tribunal em 2ª instância) deverá ser determinada pelo

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juízo originário da causa, e não pelo presidente do Tribunal do Júri onde se deu o julgamento.
Em outras palavras, em caso de desaforamento, o deslocamento da competência ocorre apenas para o
julgamento no Tribunal do Júri. Uma vez tendo este sido encerrado, esgota-se a competência da comarca
destinatária, devendo a execução provisória ser conduzida pelo juízo originário da causa. STJ. 6ª Turma. HC
374.713-RS, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 6/6/2017 (Info 605).

Necessidade de submissão ao parlamento decisão do STF que decrete prisão cautelar de parlamentar
A Corte ponderou que, sendo a finalidade da imunidade formal proteger o livre exercício do mandato parlamentar
contra interferências externas, a “ratio” da norma constitucional não pode ser contornada pela via das medidas
cautelares diversas da prisão.
Assim, ato emanado do Poder Judiciário que houver aplicado medida cautelar que impossibilite direta ou
indiretamente o exercício regular do mandato legislativo, deve ser submetido ao controle político da Casa
Legislativa respectiva, nos termos do art. 53, § 2º, da CF. ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 11.10.2017. (ADI-5526).

Lei de Segurança Nacional e competência do STF


A Primeira Turma negou provimento a recurso crime, interposto pelo Ministério Público contra sentença
absolutória proferida pelo juízo de primeira instância e encaminhado ao Supremo pelo Tribunal Federal (STF), nos
termos art. 102, II, b, da Constituição Federal.
A denúncia imputou ao réu a prática de atos preparatórios do crime de sabotagem em virtude de invasão de
hidrelétrica, conforme disposto no art. 15, § 2º, da Lei 7.170/1983 (Lei de Segurança Nacional).
A Turma entendeu não se tratar de crime político. Negou provimento ao recurso e julgou extinta a ação penal,
concluindo pela impropriedade do meio utilizado e pela configuração de crime impossível. RC 1473/SP, rel. Min.
Luiz Fux, julgamento em 14.11.2017. (RC-1473)

Conflito negativo de competência. Compartilhamento de sinal de TV por assinatura, via satélite ou cabo. Card
Sharing. Convenção de Berna. Transnacionalidade da conduta. Competência da Justiça Federal.
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes de violação de direito autoral e contra a lei de software
decorrentes do compartilhamento ilícito de sinal de TV por assinatura, via satélite ou cabo, por meio de serviços
de card sharing. CC 150.629-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade, julgado em 22/02/2018, DJe
28/02/2018.

Furto nas dependências de local sujeito à administração militar. Militar em serviço. Res furtiva sob
administração militar. Competência do juízo castrense.
Compete à Justiça Militar processar e julgar o crime de furto, praticado por civil, de patrimônio que, sob
administração militar, encontra-se nas dependências desta. CC 145.721-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, por
unanimidade, julgado em 22/02/2018, DJe 02/03/2018

Crimes de falsificação de documento e uso de documento falso praticados por brasileiros em território
estrangeiro. Cooperação internacional. Relações com estados estrangeiros e cumprimento de tratados
firmados (CF/88, artigos 21, I, e 84, VII e VIII). Competência da União. Extradição de Nacional. Inadmissibilidade.
Compete à Justiça Federal o processamento e o julgamento da ação penal que versa sobre crime praticado no
exterior que tenha sido transferida para a jurisdição brasileira, por negativa de extradição. CC 154.656-MG, Rel.

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Min. Ribeiro Dantas, por unanimidade, julgado em 25/04/2018, DJe 03/05/2018

Inquérito policial. Descaminho. Venda de cigarros estrangeiros. Importação permitida pela ANVISA. Ausência
de nota fiscal. Conduta anterior à Lei n. 13.008/2014. Art. 334, § 1º, alínea "d", do CP. Súmula 151/STJ.
Competência da Justiça Federal.
Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o cometimento do delito previsto no art. 334, §
1º, IV, do Código Penal, na hipótese de venda de mercadoria estrangeira, permitida pela ANVISA,
desacompanhada de nota fiscal e sem comprovação de pagamento de imposto de importação. CC 159.680-MG,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em 08/08/2018, DJe 20/08/2018

Competência de crime de contrabando de cigarros


Contrabando de cigarros. Indícios de transnacionalidade na conduta do agente. Desnecessidade. Crime que tutela
interesse da União. Competência da Justiça Federal. CC 160.748-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, por
unanimidade, julgado em 26/09/2018, DJe 04/10/2018

Competência de crime de ameaça cometido no Facebook


Compete à Justiça Federal apreciar o pedido de medida protetiva de urgência decorrente de crime de ameaça
contra a mulher cometido, por meio de rede social de grande alcance, quando iniciado no estrangeiro e o seu
resultado ocorrer no Brasil. CC 150.712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, por unanimidade, julgado em 10/10/2018,
DJe 19/10/2018

Captação de recursos de terceiros. Pessoa jurídica praticante de atividade de consórcios. Equiparação a


instituição financeira. Ausência de autorização do Banco Central. Caracterização de crime contra o sistema
financeiro nacional. Lei n. 7.492/1986. Competência da Justiça Federal.
A simulação de consórcio por meio de venda premiada, operada sem autorização do Banco Central do Brasil,
configura crime contra o sistema financeiro, tipificado pelo art. 16 da Lei n. 7.492/1986, o que atrai a competência
da Justiça Federal. CC 160.077-PA, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, por unanimidade, julgado em 10/10/2018, DJe
19/10/2018

Competência da Justiça Eleitoral para o julgamento de crimes conexos


Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos. Inq 4435 AgR-
quarto/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13 e 14.3.2019. (Inq-4435)

Competência estadual para julgamento do Tribunal do Júri contra brasileiro cujo homicioi tenha ocorrido no
exterior contra estrangeiro
O STF fixou a competência de tribunal do júri estadual para julgar ação penal movida contra brasileiro nato,
denunciado pela prática de homicídio de cidadão paraguaio, ocorrido no Paraguai. O pedido de extradição do
brasileiro foi indeferido pelo Supremo Tribunal Federal em razão de sua condição de nacional RE 1.175.638
AgR/PR, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 2.4.2019. (RE-1175638)

Foro por prerrogativa de função


Governador. Mandatos sucessivos. Prerrogativa de foro. Interpretação restritiva. Art. 105, I, "a", da CF/1988.
Contemporaneidade e pertinência temática entre os fatos em apuração e o exercício da função pública.
Imprescindibilidade. Incompetência do STJ.
O STJ é incompetente para examinar o recebimento de denúncia por crime supostamente praticado durante
mandato anterior de governador, ainda que atualmente ocupe referido cargo por força de nova eleição. QO na
APn 874-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, por maioria, julgado em 15/05/2019, DJe 03/06/2019

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Arquivamento da investigação com relação à autoridade com foro privativo e remessa dos autos para a 1ª
instância para continuidade quanto aos demais
Se o STF entende que não há indícios contra a autoridade com foro privativo e se ainda existem outros
investigados, a Corte deverá remeter os autos ao juízo de 1ª instância para que continue a apuração da eventual
responsabilidade penal dos terceiros no suposto fato criminoso. STF. 1ª Turma. Inq 3158 AgR/RO, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 7/2/2017 (Info 853).

Simples menção do nome de autoridade detentora de prerrogativa de foro não obriga a remessa da
investigação ao Tribunal
A simples menção ao nome de autoridades detentoras de prerrogativa de foro, seja em depoimentos prestados
por testemunhas ou investigados, seja em diálogos telefônicos interceptados, assim como a existência de
informações, até então, fluidas e dispersas a seu respeito, são insuficientes para o deslocamento da competência
para o Tribunal hierarquicamente superior.
Assim, por exemplo, não é porque um dos investigados mencionou o nome de uma autoridade com foro privativo,
que deverá haver o deslocamento da competência. Somente deverá haver a remessa da investigação para o foro
por prerrogativa de função se ficar constatada a existência de indícios da participação ativa e concreta do titular
da prerrogativa em ilícitos penais. STF. 2ª Turma. Rcl 25497 AgR/RN, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/2/2017
(Info 854)

Competência para julgar Procurador da República


Compete ao TRF julgar os crimes praticados por Procurador da República, salvo em caso de crimes eleitorais,
hipótese na qual a competência é do TRE.
Vale ressaltar que o Procurador da República é julgado pelo TRF em cuja área exerce suas atribuições, sob pena
de ofensa ao princípio do juiz natural. STF. 2ª Turma. Pet 7063/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/8/2017 (Info 871).
Obs: houve empate na votação (2x2) e a conclusão acima exposta prevaleceu em virtude de a decisão ter sido
tomada em habeas corpus no qual, em caso de empate, prevalece o pedido formulado em favor do paciente.

Impossibilidade de partido político ingressar, como amicus curae, em processo criminal


O STF indeferiu o pedido afirmando que a agremiação partidária, autoqualificando-se como amicus curiae ,
pretendia, na verdade, ingressar numa posição que a relação processual penal não admite, considerados os
estritos termos do CPP. STF. 1ª Turma. AP 504/DF, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Dias
Toffoli, julgado em 9/8/2016 (Info 834).

Medida cautelar de afastamento das funções públicas de vereador e presidente de câmara municipal. ADI n.
5.526/DF. Parlamentares municipais. Não incidência.
É possível que o Juiz de primeiro grau, fundamentadamente, imponha a parlamentares municipais as medidas
cautelares de afastamento de suas funções legislativas sem necessidade de remessa à Casa respectiva para
deliberação. RHC 88.804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, por unanimidade, julgado em 07/11/2017,
DJe 14/11/2017

Execução provisória da pena e prescrição de crime cometido por parlamentar

191
O Colegiado entendeu que, a partir do momento em que o réu se tornou parlamentar, ele está sob a jurisdição
do STF. Desta forma, cabe a esta Corte analisar a ocorrência ou não da prescrição e, por conseguinte, determinar
a execução do julgado.
Reputou que o art. 112, I, do Código Penal, interpretado sistematicamente à luz da jurisprudência que prevaleceu
no STF de 2009 a 2016, segundo a qual só era possível a execução da decisão condenatória depois do trânsito em
julgado, não permite o curso da prescrição da pretensão punitiva. Isso porque não é possível prescrever aquilo
que não pode ser executado.
Vencidos os ministros Marco Aurélio e Rosa Weber, os quais, diante do não conhecimento do recurso especial,
entenderam não ser possível ao STF, mas apenas ao TRF, avaliar a ocorrência ou não da prescrição. RE 696533/SC,
rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 6.2.2018. (RE - 696533).

Medida cautelar penal diversa da prisão. Diplomata. Imunidade à jurisdição executiva. Proibição de ausentar-
se do Brasil sem autorização judicial. Ilegalidade.
A cautelar fixada de proibição para que agente diplomático acusado de homicídio se ausente do país sem
autorização judicial não é adequada na hipótese em que o Estado de origem do réu tenha renunciado à imunidade
de jurisdição cognitiva, mas mantenha a competência para o cumprimento de eventual pena criminal a ele
imposta. RHC 87.825-ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade, julgado em 05/12/2017, DJe 14/12/2017

Reclamação e diligências em residência de parlamentar


A Segunda Turma julgou procedente reclamação para invalidar ordem de busca e apreensão e determinar a
inutilização e o desentranhamento dos autos de todas as provas obtidas por meio da referida diligência, ordenada
por juiz de 1ª grau em imóvel funcional ocupado por senadora da República, em desfavor de seu cônjuge.
A Turma entendeu usurpada a competência do Supremo Tribunal Federal (STF), prevista no art. 102, I, “b” (1), da
Constituição Federal (CF), para processar e julgar, originariamente, nas infrações penais comuns, os membros do
Congresso Nacional.
A ordem judicial impugnada teria sido ampla e vaga, sem prévia individualização dos bens que seriam
de titularidade da parlamentar federal e daqueles pertencentes ao não detentor de prerrogativa de foro.
Rcl 24473/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 26.6.2018. (Rcl-24473)

Encontro fortuito de provas e foro por prerrogativa de função


A Primeira Turma denegou mandado de segurança impetrado contra decisão do Conselho Nacional do Ministério
Público (CNMP) que aplicou a promotor de justiça a pena de disponibilidade compulsória, com proventos
proporcionais, e determinou ao Procurador-Geral de Justiça a formalização de processo judicial destinado à perda
do cargo.
O processo disciplinar decorreu de provas obtidas no bojo de inquérito policial que apurava a prática de homicídio
por policiais militares. Nesse contexto, foi efetivada interceptação telefônica que identificou supostas tratativas
de promotor de justiça com o advogado dos investigados, a indicar a ocorrência de outro crime. Por essa razão, a
autoridade policial comunicou o fato ao juízo original, o qual remeteu as provas ao Procurador-Geral de Justiça.
O impetrante aduz a ilicitude das provas, ao fundamento de que a autoridade policial deveria ter interrompido
imediatamente o inquérito, no momento em que tomou conhecimento das suas conversas, e remetido todo o
processo à autoridade competente, a quem caberia decidir sobre o desmembramento do feito.
Para o colegiado, no entanto, a hipótese foi de encontro fortuito de provas. O telefone interceptado não era do
membro do Ministério Público. Assim que se identificou que uma das vozes seria do impetrante, o qual teria
praticado outro crime que sequer era objeto da investigação inicial, essa parte do procedimento foi deslocada à

192
autoridade competente, que instaurou regular procedimento investigatório criminal. MS 34751/CE, rel. Min.
Marco Aurélio, julgamento em 14.8.2018. (MS-34751)

Foro por prerrogativa de função e iminente prescrição


A iminente prescrição do crime praticado por Desembargador excepciona o entendimento consolidado na APn
937 – o foro por prerrogativa de função é restrito a crimes cometidos ao tempo do exercício do cargo e que
tenham relação com o cargo – e prorroga a competência do Superior Tribunal de Justiça. QO na APn 703-GO, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, por unanimidade, julgado em 01/08/2018, DJe 09/08/2018

Momento de fixação da competência e foro por prerrogativa de função


A Primeira Turma do STF decidiu que o foro privilegiado somente se aplica aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relativos às funções desempenhadas, nos termos do precedente firmado na AP 937 QO.
Ademais, a competência é determinada, de regra, pelo lugar em que se consumar a infração, nos termos do art.
70 do Código de Processo Penal.
No caso concreto, como a apropriação indébita se consuma no ato da inversão da propriedade do bem e os fatos
teriam ocorrido em Brasília/DF, a competência para o processo e o julgamento dos fatos apurados é do Tribunal
de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Por fim, ainda que a efetiva utilização dos recursos tenha ocorrido em
outro ente da Federação, essas circunstâncias representam elementos pos-factum, que não interferem na
consumação do delito. Inq 4619 AgR-segundo/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 19.2.2019. (Inq-4619)

Inquérito Policial
Possibilidade de reabertura de inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude
O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base em provas fraudadas não faz
coisa julgada material. STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/3/2017 (Info
858).
Obs1: o STF entende que o inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude pode ser reaberto mesmo que
não tenha sido baseado em provas fraudadas. Se for com provas fraudadas, como no caso acima, com maior razão
pode ser feito o desarquivamento.
Obs2: ao contrário do STF, o STJ entende que o arquivamento do inquérito policial baseado em excludente de
ilicitude produz coisa julgada material e, portanto, não pode ser reaberto. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. RHC
46.666/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/02/2015.

Não se admite habeas corpus para reexame dos pressupostos de admissibilidade de recurso interposto no STJ
Não cabe habeas corpus para reexame dos pressupostos de admissibilidade de recurso interposto no STJ,
demandar reanalise de provas, na fora da Súmula 7 da Corte (A pretensão de simples reexame de prova não
enseja recurso especial.). Na hipótese, o HC não será conhecido pelo STF porque o impetrante busca questionar
os pressupostos de admissibilidade do Resp. STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
21/3/2017 (Info 858).

Foro por prerrogativa de função e inquérito em curso


O colegiado afirmou que o STF, quando do julgamento da AP 937 QO, alterou entendimento anterior e passou a
compreender que a prerrogativa de foro dos parlamentares federais é limitada aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. Naquela oportunidade, deliberou-se que a nova
linha interpretativa deveria ser aplicada imediatamente aos processos em curso, com a ressalva dos atos já
praticados e das decisões anteriormente proferidas pelo STF e pelos demais juízos com base na jurisprudência

193
pretérita. Ainda naquele julgamento, o Plenário decidiu que, terminada a instrução processual, a ação penal
deveria ser julgada pelo próprio Tribunal, independentemente de se tratar de hipótese que determinaria a baixa
dos autos. Em julgado posterior, esse entendimento foi estendido aos inquéritos (Inq 4.641). Nessa linha, o art.
231, § 4º, “e”, do RISTF, dispõe que o relator deve determinar o arquivamento do inquérito quando verificar a
ausência de indícios mínimos de autoria ou materialidade, nos casos em que forem descumpridos os prazos para
a instrução. Inq 4420/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 21.8.2018. (Inq-4420)

Ação Penal
Desnecessidade de juntada de procuração para a Defensoria Pública quando atuar como assistente de acusação
Quando a Defensoria Pública atuar como representante do assistente de acusação, é dispensável a juntada de
procuração com poderes especiais. Isso porque o defensor público deve juntar procuração judicial somente nas
hipóteses em que a lei exigir poderes especiais (arts. 44, XI, 89, XI, e 128, XI, da LC 80/1994). Ressalte-se que a
Defensoria Pública tem por função institucional patrocinar tanto a ação penal privada quanto a subsidiária da
pública, não havendo incompatibilidade com a função acusatória. Assim, nada impede que a referida instituição
possa prestar assistência jurídica, atuando como assistente de acusação, nos termos dos arts. 268 e seguintes do
CPP (HC 24.079-PB, Quinta Turma, DJ 29/9/2003).HC 293.979-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 5/2/2015,
DJe 12/2/2015.

Necessidade de juntada de procuração para a Defensoria Pública quando opor exceção de suspeição
É exigível procuração com poderes especiais para que seja oposta exceção de suspeição por réu representado
pela Defensoria Pública, mesmo que o acusado esteja ausente do distrito da culpa. STJ. 6ª Turma. REsp 1.431.043-
MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/4/2015

Nomeação do Núcleo de Prática Jurídica em juízo. Procuração. Juntada. Desnecessidade. Inaplicabilidade da


Súmula 115/STJ. A nomeação judicial de Núcleo de Prática Jurídica para patrocinar a defesa de réu dispensa a
juntada de procuração. EAREsp 798.496-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade, julgado em 11/04/2018,
DJe 16/04/2018

É possível a arguição de suspeição de membros do Ministério Público, inclusive do Procurador-Geral da


República nos processos que tramitam no âmbito do STF.
O fato de o PGR dar entrevistas falando sobre o caso, requerer que o inquérito fosse dirigido para determinado
Delegado e ainda que um determinado Procurador, em tese, tenha orientado o advogado do réu acerca da
colaboração premiada não caracterizam hipóteses de suspeição. STF. Plenário. AS 89/DF, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 13/9/2017 (Info 877).

Princípio do promotor natural e substituição de órgão acusador ao longo processo


No caso, a denúncia se deu por promotor que não o atuante em face do Tribunal do Júri, exclusivo para essa
finalidade. O paciente foi denunciado como incurso nas penas dos arts. 121, “caput”, do Código Penal (CP) e 12
da Lei 6.378/1976, por haver ministrado medicamentos em desacordo com a regulamentação legal, tendo a
vítima falecido.
A Turma reconheceu não haver ferimento ao princípio do promotor natural. No caso concreto, a “priori”, houve
o entendimento de que seria crime não doloso contra a vida, fazendo os autos remetidos ao promotor natural
competente. Não obstante, durante toda a instrução se comprovou que, na verdade, tratava-se de crime doloso.
Com isso, o promotor que estava no exercício ofereceu a denúncia e remeteu a ação imediatamente ao promotor
do Júri, que poderia, a qualquer momento, não a ratificar. O colegiado entendeu, dessa maneira, configurada

194
ratificação implícita. Outrossim, asseverou estar-se diante de substituição, consubstanciada nos princípios
constitucionais do Ministério Público (MP) da unidade e da indivisibilidade, e não da designação de um acusador
de exceção.
Vencido o ministro Marco Aurélio, por considerar violado o princípio do promotor natural. HC 114093/PR, rel.
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 3.10.2017. (HC 114093).

Princípio da congruência da definição de “grandes devedores por portaria da Receita Federal


O Colegiado registrou que, não obstante o princípio da correlação entre imputação e sentença — qual seja, princípio da
congruência — representar uma das mais relevantes garantias do direito de defesa, não houve contrariedade no caso,
uma vez que o juízo criminal não desbordou dos limites da imputação oferecida pelo Ministério Público. Ressaltou,
ademais, que a vultosa quantia sonegada — cerca de 4 milhões de reais — é elemento suficiente para caracterização do
grave dano à coletividade, constante no inciso I do art. 12, da lei 8.137/1990 (1). Em síntese, o Colegiado assentou que
os fatos foram suficientemente elucidados na exordial acusatória, sendo que o juiz, não se desbordando dos lindes da
razoabilidade e da proporcionalidade, pode aplicar essa agravante.
Por fim, quanto à Portaria 320/2008 da PGFN, a Turma anotou que essa norma infralegal apenas dispõe sobre o Projeto
Grandes Devedores no âmbito dessa Procuradoria, conceituando, para os seus fins, “grandes devedores”, com o
objetivo de estabelecer, na Secretaria de Receita Federal do Brasil, método de cobrança prioritário a esses sujeitos
passivos de vultosas obrigações tributárias, sem limitar ou definir, no entanto, o grave dano à coletividade. HC
129284/PE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17.10.2017. (HC-129284).

Imputação do mesmo fato delituoso em ações penais diversas que tramitaram em juízos diferentes. Ocorrência de
coisa julgada. Prevalência da condenação mais favorável ao agente.
Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias por fatos idênticos, deve prevalecer a condenação mais
favorável ao réu. HC 281.101-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, por unanimidade, julgado em 03/10/2017, DJe
24/11/2017

Provas
Impossibilidade de extração de conversas de Whatsapp sem autorização judicial
Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração de dados e
de conversas registradas no WhatsApp® presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda
que o aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante. STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, julgado em19/4/2016 (Info 583).

Dados e conversas registradas no whatsapp. Aparelho de propriedade da vítima falecida. Validade da prova.
Autorização judicial. Desnecessidade. Constrangimento ilegal. Inexistência.
Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização judicial, na
hipótese em que seu proprietário – a vítima – foi morto, tendo o referido telefone sido entregue à autoridade
policial por sua esposa. RHC 86.076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, por
maioria, julgado em 19/10/2017, DJe 12/12/2017

É licito o acesso aos dados armazenados em aparelho celular apreendido mediante autorização judicial
A obtenção do conteúdo de conversas e mensagens armazenadas em aparelho de telefone celular ou
smartphones não se subordina aos ditames da Lei nº 9.296/96.

195
O acesso ao conteúdo armazenado em telefone celular ou smartphone, quando determinada judicialmente
a busca e apreensão destes aparelhos, não ofende o art. 5º, XII, da CF/88, considerando que o sigilo a que
se refere esse dispositivo constitucional é em relação à interceptação telefônica ou telemática propriamente
dita, ou seja, é da comunicação de dados, e não dos dados em si mesmos.
Assim, se o juiz determinou a busca e apreensão de telefone celular ou smartphone do investigado, é lícito que as
autoridades tenham acesso aos dados armazenados no aparelho apreendido, especialmente quando a
referida decisão tenha expressamente autorizado o acesso a esse conteúdo. STJ. 5ª Turma. RHC 75.800-PR,
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 15/9/2016 (Info 590).

Impossibilidade de decretação de busca e apreensão com base exclusiva em denúncia anônima


A medida de busca e apreensão representa uma restrição ao direito à intimidade. Logo, para ser decretada, é
necessário que haja indícios mais robustos que uma simples notícia anônima. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS,
Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).

Entrega voluntária de computador para perícia e sigilos das mensagens eletrônicas armazenadas
Não há nulidade se, em mandado de busca e apreensão, o titular do órgão entrega para ser periciado pela Polícia o
computador utilizado pela chefia e, após esse fato, antes de a perícia ser iniciada, o magistrado responsável
pela investigação autoriza a diligência na máquina.
Não há violação do sigilo de correspondência eletrônica se o magistrado autoriza a apreensão e perícia de
computador e nele estão armazenados os e-mails do investigado que, então, são lidos e examinados. A proteção
a que se refere o art. 5º, XII, da CF/88, é da 'comunicação de dados' e não dos 'dados em si mesmos', ainda
quando armazenados em computador. STF. 1ª Turma. RHC 132062/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849).

Peças processuais que fazem menção à prova ilícita e desnecessidade de desentranhamento


Se determinada prova é considerada ilícita, ela deverá ser desentranhada do processo. Por outro lado, as peças
do processo que fazem referência a essa prova (exs: denúncia, pronúncia etc.) não devem ser desentranhadas e
substituídas.
A denúncia, a sentença de pronúncia e as demais peças judiciais não são "provas" do crime e, por essa razão,
estão fora da regra que determina a exclusão das provas obtidas por meios ilícitos prevista art. 157 do CPP.
Assim, a legislação, ao tratar das provas ilícitas e derivadas, não determina a exclusão de "peças processuais" que
a elas façam referência. STF. 2ª Turma. RHC 137368/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/11/2016 (Info
849).

Legitimidade da prova obtida através de cooperação jurídica internacional


A utilização pelo Ministério Público de documentos enviados por outros países para fins de investigação
por meio de cooperação jurídica internacional é legítima mesmo não havendo ainda legislação específica no
Brasil regulamentando o tema. Isso porque a transferência de procedimento criminal encontra abrigo em
convenções internacionais sobre cooperação jurídica, cujas normas, quando ratificadas, assumem status de lei
federal. Dessa forma, é legítima a providência da autoridade brasileira de, com base em material probatório
obtido da Confederação Suíça, por sistema de cooperação jurídica internacional, investigar e processar o
congressista em questão pelo delito de evasão de divisas, já que se trata de fato delituoso diretamente

196
vinculado à persecução penal objeto da cooperação, que tem como foco central delitos de corrupção e lavagem
de capitais. STF. Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 22/6/2016 (Info 831).

Oitiva de estrangeiro preso em processo de extradição e auxílio direto


A oitiva de estrangeiro, preso por ordem do STF em processo de extradição, enquadra-se como providência a ser
cumprida por meio de auxílio direto. Compete ao STF apreciar o pedido de cooperação jurídica internacional na
hipótese em que solicitada, via auxílio direto, a oitiva de estrangeiro custodiado no Brasil por força de decisão
exarada em processo de extradição. STF. 1ª Turma. Pet 5946/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão
Min. Edson Fachin, julgado em 16/8/2016 (Info 835).

Possibilidade de homologação de sentença penal estrangeira e confisco de imóvel situado no Brasil


Não há ofensa ao art. 23, I, do CPC/2015, pois a sentença estrangeira não tratou especificamente sobre a
situação dos bens imóveis, sobre a sua titularidade, mas sim sobre os efeitos civis de uma condenação penal,
determinando o perdimento de bens que foram objeto de crime de lavagem de capitais. STJ. Corte Especial.
SEC 10.612-FI, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 18/5/2016 (Info 586).

Necessidade, a critério do juízo, de tradução de documentos estrangeiros


A tradução para o vernáculo de documentos em idioma estrangeiro juntados aos autos só deverá ser
realizada se tal providência for absolutamente “necessária”. É o que prevê o CPP: "Art. 236. Os documentos
em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor
público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade." A decisão sobre a necessidade ou não
da tradução dos documentos cabe ao juiz da causa. STJ. Corte Especial. AgRg na APn 675/GO, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 17/06/2015. STF. Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 22/6/2016
(Info 831).

Colaboração premiada e forma de registro das declarações (desobrigatoriedade do meio audiovisual)


Não existe obrigatoriedade legal absoluta de que as declarações do colaborador premiado sejam registradas
em meio audiovisual. O § 13 do art. 4º da Lei nº 12.850/2013 prevê que "sempre que possível, o registro dos
atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica
similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações". Desse modo, existe sim uma
recomendação da Lei no sentido de que as declarações sejam registradas em meio audiovisual, mas isso não é
uma obrigação legal absoluta a ponto de gerar nulidade pelo simples fato de o registro não ter sido feito dessa
forma STF. Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 22/6/2016 (Info 831).

Se a colaboração do agente não foi tão efetiva ele terá direito apenas a redução da pena, e não ao perdão
judicial
O réu colaborador não terá direito ao perdão judicial, mas apenas à redução da pena, caso a sua colaboração não
tenha tido grande efetividade como meio para obter provas, considerando que as investigações policiais, em
momento anterior ao da celebração do acordo, já haviam revelado os elementos probatórios acerca do esquema
criminoso integrado. STF. 1ª Turma. HC 129877/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/4/2017 (Info 861).

O § 3º do art. 7º da Lei nº 12.850/2013 prevê um limite máximo de duração do sigilo, sendo possível que ele

197
seja retirado antes do recebimento da denúncia
O sigilo sobre o conteúdo de colaboração premiada deve perdurar, no máximo, até o recebimento da denúncia
(art. 7º, § 3º da Lei nº 12.850/2013).
Esse dispositivo não traz uma regra de observância absoluta, mas sim um termo final máximo. Para que o sigilo
seja mantido até o recebimento da denúncia, deve-se demonstrar a existência de uma necessidade concreta. Não
havendo essa necessidade, deve-se garantir a publicidade do acordo. STF. 1ª Turma. Inq 4435 AgR/DF, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 12/9/2017 (Info 877).

Colaboração premiada. Encontro fortuito de provas. Autoridade com prerrogativa de foro. Competência para
homologação do acordo. Teoria do juiz aparente.
Segundo entendimento do STJ "as provas colhidas ou autorizadas por juízo aparentemente competente à época
da autorização ou produção podem ser ratificadas a posteriori, mesmo que venha aquele a ser considerado
incompetente, ante a aplicação no processo investigativo da teoria do juízo aparente" (HC 106.152, Primeira
Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 24/5/2016 e HC 128.102, Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe de
23/6/2016). Na hipótese, como as investigações até então se referiam a pessoas sem prerrogativa de foro e a
informação a respeito do possível envolvimento de autoridade com prerrogativa de foro no STJ somente surgiu
com a formalização do acordo de colaboração premiada, o juízo de primeiro grau de jurisdição era competente
para sua homologação, não havendo, portanto, nulidade a ser declarada em relação ao ponto. Rcl 31.629-PR, Rel.
Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 20/09/2017, DJe 28/09/2017.

Colaboração premiada. Encontro fortuito de provas. Autoridade com prerrogativa de foro. Remessa imediata
dos autos ao foro prevalente. Inexistência. Usurpação de competência. Caracterização
Ocorrendo a descoberta fortuita de indícios do envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro, os autos devem
ser encaminhados imediatamente ao foro prevalente, definido segundo o art. 78, III, do CPP, o qual é o único
competente para resolver sobre a existência de conexão ou continência e acerca da conveniência do
desmembramento do processo. Rcl 31.629-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
20/09/2017, DJe 28/09/2017

Interceptação telefônica de conversas entre cliente e advogado


O simples fato de o advogado do investigado ter sido interceptado não é causa, por si só, para gerar a anulação
de todo o processo e da condenação que foi imposta ao réu. Se o Tribunal constatar que houve indevida
interceptação do advogado do investigado e que, portanto, foram violadas as prerrogativas da defesa, essa
situação poderá gerar três consequências processuais:
1ª) Cassação ou invalidação do ato judicial que determinou a interceptação;
2ª) Invalidação dos atos processuais subsequentes ao ato atentatório e
com ele relacionados;
3ª) Afastamento do magistrado caso se demonstre que, ao assim agir,
atuava de forma parcial.
Se o próprio juiz, ao perceber que o advogado do investigado foi indevidamente "grampeado", anula as gravações
envolvendo o profissional e, na sentença, não utiliza nenhuma dessas conversas nem qualquer prova derivada
delas, não há motivo para se anular a condenação imposta. STF. 2ª Turma. HC 129706/PR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 28/6/2016 (Info 832).

Acordo de colaboração premiada e delegado de polícia


Prevaleceu o voto do ministro Marco Aurélio (relator), no sentido de que o delegado de polícia pode formalizar

198
acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério
Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial.
No que se refere ao § 2º do art. 4º da Lei 12.850/2013, o relator esclareceu que o texto confere ao delegado de
polícia, no decorrer das investigações, exclusivamente no curso do inquérito policial, a faculdade de representar
ao juiz, ouvido o Ministério Público, pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício
não haja sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Código de Processo Penal
(CPP). O perdão judicial é instituto que possibilita ao juiz deixar de impor sanção diante da existência de
determinadas circunstâncias expressamente previstas em lei.
Considerou que o dispositivo, portanto, traz nova causa de perdão judicial, admitido a depender da efetividade
da colaboração. Não se trata de questão afeta ao modelo acusatório, deixando de caracterizar ofensa ao art. 129,
I, da Constituição Federal (CF), relacionada, apenas, ao direito de punir do Estado, que se manifesta por
intermédio do Poder Judiciário.
A representação pelo perdão judicial, proposta pelo delegado de polícia, ante colaboração premiada, ouvido o
Ministério Público, não é causa impeditiva do oferecimento da denúncia pelo órgão acusador. Uma vez
comprovada a eficácia do acordo, será extinta pelo juiz, a punibilidade do delator. ADI 5508/DF, rel. Min. Marco
Aurélio, julgamento em 20.6.2018. (ADI-5508)

Acordo de leniência e prova emprestada


Na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não há óbice ao compartilhamento das provas, desde
que o pedido se mostre adequadamente delimitado e justificado, observadas cautelas especiais quando se tratar
de colaboração premiada e acordo de leniência. Dessa forma, é legítimo o compartilhamento com o fim de
instrução de inquérito que investiga pessoa a qual não celebrou acordo de leniência, desde que não acarrete
eventual prejuízo aos aderentes do instrumento. Inq 4420/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 21.8.2018

Colaboração premiada e possiblidade de compartilhamento de informações


Não há óbice ao compartilhamento de delação premiada desde que haja delimitação dos fatos.
No caso concreto, a 2ª Turma do STF, entendeu que remanesce a competência do juízo homologador do acordo
de colaboração premiada para deliberação acerca de pretensões que envolvam o compartilhamento de termos
de depoimento prestados pelo colaborador, ainda que haja remessa a outros órgãos do Poder Judiciário. PET
7065/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 30.10.2018. (PET-7065)

Renovação das interceptações


A Lei nº 9.296/96 prevê que a interceptação telefônica "não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável
por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova." (art. 5º).
A interceptação telefônica não pode exceder 15 dias. Contudo, pode ser renovada por igual período, não havendo
restrição legal ao número de vezes para tal renovação, se comprovada a sua necessidade. STF. 2ª Turma. HC
133148/ES, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/2/2017 (Info 855).

Desnecessidade de mandado judicial para realização de busca em veículo


A apreensão de documentos no interior de veículo automotor constitui uma espécie de "busca pessoal" e,
portanto, não necessita de autorização judicial quando houver fundada suspeita de que em seu interior
estão escondidos elementos necessários à elucidação dos fatos investigados. Exceção: será necessária

199
autorização judicial quando o veículo é destinado à habitação do indivíduo, como no caso de trailers, cabines
de caminhão, barcos, entre outros, quando, então, se inserem no conceito jurídico de domicílio. STF. 2ª Turma.
RHC 117767/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 11/10/2016 (Info 843).

Possibilidade de oitiva antecipada de policiais (o STJ admite e o STF possui entendimento anterior pela
impossibilidade)
É justificável a antecipação da colheita da prova testemunhal com arrimo no art. 366 do CPP nas hipóteses em
que as testemunhas são policiais. O atuar constante no combate à criminalidade expõe o agente da segurança
pública a inúmeras situações conflituosas com o ordenamento jurídico, sendo certo que as peculiaridades de
cada uma acabam se perdendo em sua memória, seja pela frequência com que ocorrem, ou pela própria
similitude dos fatos, sem que isso configure violação à garantia da ampla defesa do acusado. STJ. 3ª Seção. RHC
64.086-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/11/2016 (Info
595).
Obs: o STF possui julgado em sentido contrário, ou seja, afirmando que não serve como justificativa a alegação
de que as testemunhas são policiais responsáveis pela prisão, cuja própria atividade contribui, por si só, para o
esquecimento das circunstâncias que cercam a apuração da suposta autoria de cada infração penal (STF. 2ª
Turma. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/11/2015. Info 806).

Antecipação da prova testemunhal pela gravidade do crime e possibilidade concreta de perecimento


A antecipação da prova testemunhal prevista no art. 366 do CPP pode ser justificada como medida necessária
pela gravidade do crime praticado e possibilidade concreta de perecimento, haja vista que as testemunhas
poderiam se esquecer de detalhes importantes dos fatos em decorrência do decurso do tempo. Além disso, a
antecipação da oitiva das testemunhas não traz nenhum prejuízo às garantias inerentes à defesa. Isso porque
quando o processo retomar seu curso, caso haja algum ponto novo a ser esclarecido em favor do réu, basta que
seja feita nova inquirição. STF. 2ª Turma. HC 135386/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 13/12/2016 (Info 851).

Obrigar o suspeito a colocar seu celular em “viva voz” no momento de uma ligação é considerado prova ilícita,
assim como as que derivarem dela
Sem consentimento do réu ou prévia autorização judicial, é ilícita a prova, colhida de forma coercitiva pela polícia,
de conversa travada pelo investigado com terceira pessoa em telefone celular, por meio do recurso "viva-voz",
que conduziu ao flagrante do crime de tráfico ilícito de entorpecentes. STJ. 5ª Turma. REsp 1.630.097-RJ, Rel. Min.
Joel Ilan Paciornik, julgado em 18/4/2017 (Info 603).

Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem mandado judicial ou
consentimento do morador
O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante delito, para que seja
válido, necessita que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da
residência.
A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse autorizar abordagem
policial, em via pública, para averiguação, não configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu
domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação judicial. STJ. 6ª Turma. REsp 1.574.681-RS, Rel. Min.

200
Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606).

O testemunho por ouvir dizer, produzido somente na fase inquisitorial, não serve como fundamento para
pronúncia
O testemunho por ouvir dizer (hearsay rule), produzido somente na fase inquisitorial, não serve como
fundamento exclusivo da decisão de pronúncia, que submete o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri. STJ. 6ª
Turma. REsp 1.373.356-BA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 603).

Crime achado
O Min. Alexandre de Moraes definiu como “crime achado” hipótese em que uma infração penal desconhecida e
não investigada até o momento em que, apurando-se outro fato, descobriu-se esse novo delito.
Para o Min. Alexandre de Moraes, a prova é considerada lícita, mesmo que o “crime achado” não tenha relação
(não seja conexo) com o delito que estava sendo investigado, desde que tenham sido respeitados os requisitos
constitucionais e legais e desde que não tenha havido desvio de finalidade ou fraude. STF. 1ª Turma. HC
129678/SP, rel. orig.
No caso concreto o réu estava sendo investigado pela prática do crime de tráfico de drogas.
Presentes os requisitos constitucionais e legais, o juiz autorizou a interceptação telefônica para apurar o tráfico.
Por meio dos diálogos, descobriu-se que o acusado foi o autor de um homicídio. A prova obtida a respeito da
prática do homicídio é lícita, mesmo a interceptação telefônica tendo sido decretada para investigar outro delito
que não tinha relação com o crime contra a vida.

Busca e apreensão. Nulidade. Ausência de lacre em todo o material apreendido. Prejuízo não demonstrado.
Presunção de validade dos atos praticados por funcionários públicos.
Ante a presunção de validade e legitimidade dos atos praticados por funcionários públicos, compete à defesa
demonstrar de forma concreta o descumprimento das formalidades legais e essenciais do ato e, especificamente,
que o material apreendido e eventualmente não lacrado foi corrompido ou adulterado, de forma a causar prejuízo
à defesa e modificar o conteúdo da prova colhida. RHC 59.414-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por
unanimidade, julgado em 27/6/2017, DJe 3/8/2017.

Crime contra a ordem tributária. Dados bancários obtidos pela Receita Federal. Compartilhamento com o
Ministério Público. Licitude da prova
É possível a utilização de dados obtidos pela Secretaria da Receita Federal, em regular procedimento
administrativo fiscal, para fins de instrução processual penal. HC 422.473-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, por
unanimidade, julgado em 20/03/2018, DJe 27/03/2018

Impossibilidade de analogia entre a interceptação telefônica e o Whatsapp Web


É impossível aplicar a analogia entre o instituto da interceptação telefônica e o espelhamento, por meio do
Whatsapp Web, das conversas realizadas pelo aplicativo Whatsapp. Em termos técnico-jurídicos, o espelhamento
seria melhor qualificado como um tipo híbrido de obtenção de prova consistente, a um só tempo, em
interceptação telefônica (quanto às conversas ex nunc) e em quebra de sigilo de e-mail (quanto às conversas ex
tunc). Não há, todavia, ao menos por agora, previsão legal de um tal meio de obtenção de prova híbrido. Por fim,
ao contrário da interceptação telefônica, que é operacionalizada sem a necessidade simultânea de busca pessoal
ou domiciliar para apreensão de aparelho telefônico, o espelhamento via QR Code depende da abordagem do
indíviduo ou do vasculhamento de sua residência, com apreensão de seu aparelho telefônico por breve período

201
de tempo e posterior devolução desacompanhada de qualquer menção, por parte da autoridade policial, à
realização da medida constritiva, ou mesmo, porventura acompanhada de afirmação falsa de que nada foi feito.
RHC 99.735-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, por unanimidade, julgado em 27/11/2018, DJe 12/12/2018

Desnecessidade de degravação completa de sentença penal condenatória


A ausência de degravação completa da sentença penal condenatória não prejudica o contraditório ou a segurança
do registro nos autos, uma vez a mera assinatura do juiz não poderia gozar de maior relevância do que a própria
gravação da condenação, o que seria mera formalidade em arrepio à celeridade e economicidade processual.
HC 462.253-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade, julgado em 28/11/2018, DJe 04/02/2019

Estupro contra menor e realização de exames por legista mulher


As crianças e adolescentes do sexo feminino vítimas de violência deverão ser, obrigatoriamente, examinadas por
legista mulher, desde que não importe retardamento ou prejuízo da diligência. Atribuiu excepcionais efeitos ex
tunc à decisão, a fim de resguardar as perícias que porventura tenham sido feitas por profissionais do sexo
masculino. ADI 6039 MC/RJ, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 13.3.2019. (ADI-6039)

Não obrigatoriedade de intimação da defesa técnica para depoimento em inquérito policial


A Turma entendeu que, por se tratar de procedimento informativo de natureza inquisitorial destinado
precipuamente à formação do opinio delicti, o inquérito comporta a regular mitigação das garantias do acusatório
e da ampla defesa. Esse entendimento justifica-se pelo fato de os elementos indiciários não se prestarem, por si
sós, ao juízo penal condenatório. Pet 7612/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 12.03.2019. (Pet-7612)

Medidas assecuratórias
Possibilidade de apelar da decisão de defere a contrição de bens prevista no art. 4º da Lei de Lavagem de
Dinheiro
É possível a interposição de apelação, com fundamento no art. 593, II, do CPP, contra decisão que tenha
determinado medida assecuratória prevista no art. 4º, caput, da Lei nº 9.613/98 (Lei de lavagem de Dinheiro),
a despeito da possibilidade de postulação direta ao juiz constritor objetivando a liberação total ou parcial dos
bens, direitos ou valores constritos (art. 4º, §§ 2º e 3º, da mesma Lei).
O indivíduo que sofreu os efeitos da medida assecuratória prevista no art. 4º da Lei nº 9.613/98 tem a possibilidade
de postular diretamente ao juiz a liberação total ou parcial dos bens, direitos ou valores constritos. No entanto,
isso não proíbe que ele decida não ingressar com esse pedido perante o juízo de 1º instância e queira, desde
logo, interpor apelação contra a decisão proferida, na forma do art. 593, II, do CPP. STJ. 5ª Turma. REsp
1.585.781-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 28/6/2016 (Info 587).

Possibilidade de decretação de medidas diversas da prisão ao praticante de lavagem de dinheiro


Na hipótese em que a atuação do sujeito na organização criminosa de tráfico de drogas se limitava à lavagem de
dinheiro, é possível que lhe sejam aplicadas medidas cautelares diversas da prisão quando constatada
impossibilidade da organização continuar a atuar, ante a prisão dos integrantes responsáveis diretamente pelo
tráfico. STJ. 6ª Turma. HC 376.169-GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 1/12/2016 (Info 594).

É cabível RESE contra decisão que revoga medida cautelar diversa da prisão
As hipóteses de cabimento de recurso em sentido estrito trazidas pelo art. 581 do CPP são:
• Exaustivas (taxativas);

202
• Admitem interpretação extensiva
• Não admitem interpretação analógica.
A decisão do juiz que revoga a medida cautelar diversa da prisão de comparecimento periódico em juízo (art.
319, I, do CPP) pode ser impugnada por meio de RESE?
SIM, com base na intepretação extensiva do art. 581, V.
O inciso V expressamente permite RESE contra a decisão do juiz que revogar prisão preventiva. Esta decisão é
similar ao ato de revogar medida cautelar diversa da prisão. Logo, permite-se a interpretação extensiva neste
caso.
Em suma: é cabível recurso em sentido estrito contra decisão que revoga medida cautelar diversa da prisão. STJ.
6ª Turma. REsp 1628262/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/12/2016 (Info 596).

Não se pode determinar a incomunicabilidade entre pai e filho(a), mesmo eles sendo corréus
Não é possível que o juiz determine, como medida cautelar substitutiva da prisão, a incomunicabilidade do
acusado com seu genitor/corréu. A fixação da medida restritiva substitutiva não deve se sobrepor a um bem tão
caro como é a família, sendo isso protegido inclusive pela Constituição Federal, em seu art. 226. STJ. 6ª Turma.
HC 380.734-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 28/3/2017 (Info 601).
É possível o arresto prévio de bens de acusados por suposta prática de crime único de corrupção passiva em
concurso de agentes. Pet 7.069/DF rel. Min. Marco Aurélio, red p/o acordão Min. Luís Roberto Barroso,
julgamento em 13.3.2019. (Pet-7069).

Prisão preventiva
Descumprimento de colaboração premiada não justifica, por si só, prisão preventiva
Não há, sob o ponto de vista jurídico, relação direta entre a prisão preventiva e o acordo de colaboração
premiada. Tampouco há previsão de que, em decorrência do descumprimento do acordo, seja restabelecida
prisão preventiva anteriormente revogada.
Por essa razão, o descumprimento do que foi acordado não justifica a decretação de nova custódia cautelar.
É necessário verificar, no caso concreto, a presença dos requisitos da prisão preventiva, não podendo o decreto
prisional ter como fundamento apenas a quebra do acordo. STF. 1ª Turma. HC 138207/PR, Rel. Min. Edson
Fáchin, julgado em 25/4/2017 (Info 862).

Réu pronunciado e que aguarda Júri há 7 anos preso, sem culpa da defesa, deverá ter direito à revogação da
preventiva
Em um caso concreto, os réus, embora pronunciados, estavam aguardando presos há 7 anos serem julgados
pelo Tribunal do Júri.
Diante disso, o STF concedeu ordem em “habeas corpus” para revogar prisão preventiva em razão do excessivo
prazo de duração da prisão. Além disso, determinou que o STJ julgue recurso especial interposto contra o
acórdão que confirmou a sentença de pronúncia referente no prazo máximo de dez sessões (entre ordinárias e
extraordinárias), contado da comunicação da decisão.
Em nosso sistema jurídico, a prisão meramente processual do indiciado ou do réu reveste-se de caráter
excepcional, mesmo que se trate de crime hediondo ou de delito a este equiparado. O excesso de prazo, quando
exclusivamente imputável ao aparelho judiciário – não derivando, portanto, de qualquer fato procrastinatório
causalmente atribuível ao réu –, traduz situação anômala que compromete a efetividade do processo.
Além de tornar evidente o desprezo estatal pela liberdade do cidadão, frustra uma prerrogativa básica que

203
assiste a qualquer pessoa: o direito à resolução do litígio sem dilações indevidas (art. 5º, LXXVIII, da CF/88).
Ademais, a duração prolongada, abusiva e irrazoável da prisão cautelar ofende, de modo frontal, o postulado da
dignidade da pessoa humana, que representa significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que
conforma e inspira todo o ordenamento constitucional. STF. 2ª Turma. HC 142177/RS, Rel. Min. Celso de Mello,
julgado em 6/6/2017 (Info 868).

Excesso de prazo no julgamento de ação penal


A Turma declarou que houve flagrante excesso de prazo na segregação cautelar que se decretou, porquanto já
se passaram mais de quatro anos desde a prisão preventiva do paciente, sem haver, sequer, audiência de
interrogatório. Asseverou evidente o retardamento injustificado no julgamento da ação penal, configurando,
nesse caso, hipótese de situação anômala capaz de comprometer a efetividade do processo.HC 141583/RN, rel.
Min. Edson Fachin, julgamento em 19.9.2017

Prisão Preventiva. Fundamentação deficiente. Frustração na realização de delação premiada não autoriza a
imposição de segregação cautelar.
O descumprimento de acordo de delação premiada ou a frustração na sua realização, isoladamente, não autoriza
a imposição da segregação cautelar. HC 396.658-SP, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, por unanimidade,
julgado em 27/6/2017, DJe 1/8/2017.

Cerceamento de liberdade e decisão fundamentada


A Turma reiterou entendimento do STF no sentido de que a liberdade de um indivíduo suspeito da prática de
infração penal somente pode sofrer restrições se houver decisão judicial devidamente fundamentada, amparada
em fatos concretos, e não apenas em hipóteses ou conjecturas, na gravidade do crime ou em razão de seu caráter
hediondo.
Nos termos da nova redação do art. 319 do CPP, o juiz pode dispor de outras medidas cautelares de natureza
pessoal, diversas da prisão, e escolher aquela mais ajustada às peculiaridades da espécie, de modo a tutelar o
meio social, mas também dar, mesmo que cautelarmente, resposta justa e proporcional ao mal supostamente
causado pelo acusado. Assim, o perigo que a liberdade do paciente representa à ordem pública ou à aplicação da
lei penal pode ser mitigado por medidas cautelares menos gravosas do que a prisão. HC 157.604/RJ, rel. Min.
Gilmar Mendes, julgamento em 4.9.2018. (HC-157604)

Substituição de prisão preventiva por domiciliar e cuidados maternos


A prisão preventiva poderá ser substituída pela domiciliar quando o agente for mulher com filho de até 12 anos
de idade.
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma concedeu a ordem de “habeas corpus” para implementar a
prisão domiciliar da paciente.
A paciente e o marido foram presos em flagrante como incurso no art. 33, “caput”, da Lei 11.343/2006 (Lei de
Drogas). HC 136408/SP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 5.12.2017. (HC-136408).

Prisão Domiciliar Humanitária e Súmula 691/STF


A Turma, por maioria, conheceu da impetração e concedeu a ordem de habeas corpus para converter a custódia
preventiva do paciente em prisão domiciliar humanitária, na forma do art. 318, II, do Código de Processo Penal
(CPP). Determinou, ainda, que a prisão domiciliar deferida seja reavaliada pelo juízo processante a cada dois
meses, enquanto perdurar a necessidade da custódia preventiva decretada (CPP, art. 312).

204
Os impetrantes sustentaram que as circunstancias do caso autorizam a mitigação do Enunciado 691 da Súmula
do Supremo Tribunal Federal (STF), tendo em vista que o paciente foi operado de tumor maligno e carece de
tratamento pós-operatório adequado, circunstância incompatível com a condição de preso preventivo.
O Colegiado reconheceu a possibilidade de superação excepcional do Enunciado 691 para assegurar ao paciente
a prisão domiciliar humanitária (CPP, art. 318, inciso II).
Enfatizou que, tendo em vista o alto risco de saúde, a grande possibilidade de desenvolver infecções no cárcere
e a impossibilidade de tratamento médico adequado na unidade prisional ou em estabelecimento hospitalar —
tudo demostrado satisfatoriamente no laudo pericial —, a concessão do “writ” se faz necessária para preservar
a integridade física e moral do paciente, em respeito à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III). HC
153961/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 27.3.2018. (HC-153961)

Presos provisórios. Substituição da prisão preventiva por domiciliar. Não cabimento. Inaplicabilidade da Súmula
Vinculante n. 56/STF. Enunciado que versa sobre preso definitivo ou àquele em cumprimento provisório da
condenação.
A Súmula Vinculante n. 56/STF é inaplicável ao preso provisório. RHC 99.006-PA, Rel. Min. Jorge Mussi, por
unanimidade, julgado em 07/02/2019, DJe 14/02/2019

Prisão
Concessão de liberdade provisória sem fiança a flagranteado assistido pela Defensoria Pública
O indivíduo foi preso em flagrante pela prática do crime de tráfico de drogas.
O magistrado concedeu liberdade provisória com a fixação de 2 salários-mínimos de fiança. Como não foi paga a
fiança, o indivíduo permaneceu preso. A Defensoria Pública impetrou habeas corpus e o STF deferiu a liberdade
provisória em favor do paciente com dispensa do pagamento de fiança.
Os Ministros afirmaram que era injusto e desproporcional condicionar a expedição do alvará de soltura ao
recolhimento da fiança.
Segundo entendeu o STF, o réu não tinha condições financeiras de arcar com o valor da fiança, o que se poderia
presumir pelo fato de ser assistido pela Defensoria Pública, o que pressuporia sua hipossuficiência.
Assim, não estando previstos os pressupostos do art. 312 do CPP e não tendo o preso condições de pagar a fiança,
conclui-se que nada justifica a manutenção da prisão cautelar. STF. 1ª Turma. HC 129474/PR, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 22/9/2015

Possibilidade de utilização de atos infracionais pretéritos para decretação ou manutenção de prisão preventiva
A prática de atos infracionais anteriores serve para justificar a decretação ou manutenção da prisão preventiva
como garantia da ordem pública, considerando que indicam que a personalidade do agente é voltada à
criminalidade, havendo fundado receio de reiteração. Não é qualquer ato infracional, em qualquer
circunstância, que pode ser utilizado para caracterizar a periculosidade e justificar a prisão antes da sentença.
É necessário que o magistrado examine três condições: a) a gravidade específica do ato infracional cometido,
independentemente de equivaler a crime considerado em abstrato como grave; b) o tempo decorrido entre o
ato infracional e o crime em razão do qual é decretada a preventiva; e c) a comprovação efetiva da ocorrência
do ato infracional. STJ. 3ª Seção. RHC 63.855-MG, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
11/05/2016).

Possibilidade de prisão domiciliar com base no Marco Legal da Primeira Infância


O Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016), ao alterar as hipóteses autorizativas da concessão

205
de prisão domiciliar, permite que o juiz substitua a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for
gestante ou mulher com filho até 12 anos de idade incompletos (art. 318, IV e V, do CPP). STF. 2ª Turma. HC
134069/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/6/2016 (Info 831).

Possibilidade de execução provisória do acórdão penal condenatório (antes do trânsito em julgado)


A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso
especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência. Em outras
palavras, é possível o início da execução da pena condenatória após a prolação de acórdão condenatório
em 2ºgrau e isso não ofende o princípio constitucional da presunção da inocência. STF. Plenário.
HC126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em17/2/2016 (Info 814).

O advogado suspenso dos quadros da OAB não tem direito a recolhimento em sala de Estado Maior
O advogado só terá direito à prisão em sala de Estado-Maior se estiver no livre exercício da profissão, o que não
é o caso se ele estiver suspenso dos quadros da OAB.
Assim, decretada a prisão preventiva de advogado, este não terá direito ao recolhimento provisório em sala de
Estado Maior caso sua inscrição na ordem esteja suspensa. STJ. 6ª Turma. HC 368.393-MG, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em20/9/2016 (Info 591).

Não cabimento da suspensão condicional do processo se, mesmo desclassificado, a denúncia foi julgada
procedente e um dos delitos extinto pela prescrição
O réu foi denunciado pela prática de dois crimes em concurso formal. A sentença condenou o agente pelos dois
delitos. Em embargos de declaração foi reconhecida a prescrição da pretensão punitiva, pela pena em
concreto, em relação a um dos crimes.
A pena mínima do delito que restou é igual a 1 ano. Mesmo assim, não se poderá conceder suspensão condicional
do processo em relação a este crime remanescente.
A súmula 337 do STJ afirma: "É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na
procedência parcial da pretensão punitiva."
No caso, no entanto, a denúncia foi julgada totalmente procedente e somente após isso foi reconhecida a
prescrição em razão da pena concreta. Assim, não houve procedência PARCIAL da pretensão punitiva, mas sim
integral, não sendo caso de incidência da Súmula 337 do STJ. STJ. 6ª Turma. REsp 1.500.029-SP, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 27/9/2016 (Info 591).

Advogado condenado em 2ª instância ainda tem direito à prisão em sala de Estado-maior?


A prerrogativa conferida ao advogado da prisão em sala de Estado-Maior (art. 7º, V, da Lei nº 8.906/94) continua
existindo mesmo que já estejamos na fase de execução provisória da pena?
• Redação literal da Lei: SIM. O art. 7º, V, afirma que o advogado terá direito de ser preso em sala de Estado-
Maior até que haja o trânsito em julgado.
• STJ: NÃO. A prerrogativa conferida aos advogados pelo art. 7º, V, da Lei nº 8.906/94,
refere-se à prisão cautelar, não se aplicando para o caso de execução provisória da pena
(prisão pena). STJ. 6ª Turma. HC 356.158/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em19/05/2016.

206
• STF: ainda não tem posição expressa sobre o tema. No entanto, a Corte não admite
reclamação contra decisões dos Tribunais que determinam a prisão dos advogados
condenados em 2ª instância em unidades prisionais comuns (STF. 2ª Turma. Rcl 25111
AgR/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 16/5/2017. Info 865).

Ação de compensação por danos morais. Prisão efetuada por policial fora do exercício das funções. Ofensa à
liberdade pessoal. Dano configurado.
A privação da liberdade por policial fora do exercício de suas funções e com reconhecido excesso na conduta
caracteriza dano moral in re ipsa. REsp 1.675.015-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
12/9/2017, DJe 14/9/2017.

Incidente de insanidade mental


Impossibilidade de se obrigar o acusado a se submeter ao exame pericial
O incidente de insanidade mental é prova pericial constituída em favor da defesa. Logo, não é
possível determiná-lo compulsoriamente na hipótese em que a defesa se oponha à sua realização. STF.
2ª Turma. HC 133.078/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/9/2016 (Info 838).

Nulidades
Interceptação telefônica. Prova emprestada. Disponibilização de áudios descontinuados, sem ordenação
sequencial lógica e com omissão de trechos da prova produzida. Falta de acesso à integralidade das conversas
captadas. Nulidade reconhecida.
É dever do Estado a disponibilização da integralidade das conversas advindas nos autos de forma emprestada,
sendo inadmissível a seleção pelas autoridades de persecução de partes dos áudios interceptados. REsp
1.795.341-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 07/05/2019, DJe 14/05/2019

Intimação da defensoria pública e princípio geral das nulidades


A Defensoria Pública, ao tomar ciência de que o processo será julgado em data determinada ou nas sessões
subsequentes, não pode alegar cerceamento de defesa ou nulidade de julgamento quando a audiência não
realizada no dia previamente marcado, ocorrer no dia seguinte à nova intimação. Ex: no dia 17/06/2014, o
Defensor Público se fez presente para realizar a sustentação oral, no entanto, não houve tempo para julgamento
do recurso e este foi adiado sem que fosse informada nova data. No dia 15/09/2014, o Defensor Público foi
intimado pessoalmente de uma lista de 90 processos que seriam julgados no dia seguinte, entre eles a apelação
que havia sido adiada. No dia 16/09/2014, o recurso foi julgado sem que o Defensor Público tenha comparecido
para fazer a sustentação oral. Entendeu-se que não houve qualquer nulidade, já que a Defensoria Pública foi
intimada quanto à nova inclusão dos autos para julgamento em sessão do dia seguinte e mesmo assim não
requereu adiamento ou qualquer outra providência. STF. 1ª Turma. HC 126081/RS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado
em 25/8/2015

Ausência de intimação pessoal da Defensoria Pública e preclusão de sua alegação


A não observância da intimação pessoal da Defensoria Pública deve ser impugnada imediatamente, na primeira
oportunidade processual, sob pena de preclusão. No caso concreto, a Defensoria Pública não foi intimada
pessoalmente do dia de julgamento da apelação. No entanto, apesar de a Defensoria Pública ter oposto
embargos de declaração contra o acórdão, nada falou sobre esse vício, só suscitando tal alegação no
momento em que interpôs recuso especial. O STF entendeu que houve preclusão. STF. 2ª Turma. HC 133476,

207
Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em14/6/2016 (Info 830).

Prazo do agravo interno contra decisão monocrática do Ministro Relator em matéria criminal continua 5 dias
contínuos
O agravo interposto contra decisão monocrática do Ministro Relator no STF e STJ, em recursos ou ações originárias
que versem sobre matéria penal ou processual penal NÃO obedece às regras no novo CPC. Isso significa que:
a) o prazo deste agravo é de 5 dias, nos termos do art. 39 da Lei nº 8.038/90 (não se
aplicando o art. 1.070 do CPC/2015);
b) o prazo é contado em dias corridos, conforme prevê o art. 798 do CPP (não se
aplicando a regra da contagem em dias úteis do art. 219 do CPC/2015).STF.
Decisão monocrática. HC 134554 Rcon, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
10/06/2016 (Info 830).STJ. 3ª Seção. AgRg na Rcl 30.714/PB, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 27/04/2016.

Inexistência de nulidade por processo que tramita em segredo de justiça, por ser a vítima menor de idade,
divulgar o nome do réu e a tipificação penal
No caso de processo penal que tramita sob segredo de justiça em razão da qualidade da vítima (criança ou
adolescente), o nome completo do acusado e a tipificação legal do delito podem constar entre os dados básicos
do processo disponibilizados para consulta livre no sítio eletrônico do Tribunal, ainda que os crimes apurados se
relacionem com pornografia infantil.
Muito embora o delito de divulgação de pornografia infantil possa causar repulsa à sociedade, não constitui
violação ao direito de intimidade do réu a indicação, no site da Justiça, do nome de acusado maior de idade e
da tipificação do delito pelo qual responde em ação penal, ainda que o processo tramite sob segredo de
justiça. STJ. 5ª Turma. RMS 49.920-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 2/8/2016 (Info 587).

Não apresentação de contrarrazões por advogado constituído e devidamente intimado


Não há que se falar em nulidade do julgamento da apelação interposta pelo Ministério Público se a defesa,
regularmente intimada para a apresentação de contrarrazões, permanece inerte. Em outras palavras, a ausência
de contrarrazões à apelação do Ministério Público não é causa de nulidade por cerceamento de defesa se o
defensor constituído pelo réu foi devidamente intimado para apresentá-las, mas não o fez. STF. 1ª Turma. RHC
133121/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o acórdão Min. Edson Fachin julgado em 30/8/2016 (Info 837).

Impossibilidade de alegação de nulidade por habeas corpus de tema não aventado antes do trânsito em julgado
Não se admite habeas corpus para se questionar nulidade cujo tema não foi trazido antes do trânsito em
julgado da ação originária e tampouco antes do trânsito em julgado da revisão criminal. A nulidade não
suscitada no momento oportuno é impassível de ser arguida através de habeas corpus, no afã de superar a
preclusão, sob pena de transformar o writ em sucedâneo da revisão criminal. STF. 1ª Turma. RHC 124041/GO,
rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 30/8/2016 (Info 837).

Inépcia da denúncia de crime empresarial que se limita a narrar a posição hierárquica do denunciado na empresa
O Ministério Público ofereceu denúncia contra alguns sócios da empresa, dentre eles o Diretor-Presidente,
afirmando, quanto a este, que praticou o crime de evasão de divisas porque detinha o domínio do fato e que

208
não seria crível que a empresa movimentasse altos valores para o exterior sem que ele soubesse.
O STF entendeu que esta denúncia é inepta.
Não há óbice para que a denúncia invoque a teoria do domínio do fato para dar suporte à imputação penal, sendo
necessário, contudo, que, além disso, ela aponte indícios convergentes no sentido de que o Presidente da
empresa não só teve conhecimento do crime de evasão de divisas, como dirigiu finalisticamente a atuação dos
demais acusados.
Assim, não basta que o acusado se encontre em posição hierarquicamente superior. Isso porque o próprio estatuto
da empresa prevê que haja divisão de responsabilidades e, em grandes corporações, empresas ou bancos
há controles e auditorias exatamente porque nem mesmo os sócios têm como saber tudo o que se passa. STF.
2ª Turma. HC 127397/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/12/2016 (Info 850).

Ilegitimidade ativa do MP para propor ação civil ex delicto e intimação prévia obrigatória da Defensoria Pública
O reconhecimento da ilegitimidade ativa do Ministério Público para, na qualidade de substituto processual
de menores carentes, propor ação civil pública ex delicto , sem a anterior intimação da Defensoria Pública para
tomar ciência da ação e, sendo o caso, assumir o polo ativo da demanda, configura violação ao art. 68 do CPP.
Antes de o magistrado reconhecer a ilegitimidade ativa do Ministério Público para propor ação civil ex delicto, é
indispensável que a Defensoria Pública seja intimada para tomar ciência da demanda e, sendo o caso, assumir
o polo ativo da ação. STJ. 4ª Turma. REsp 888.081-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 15/9/2016 (Info 592).

"Denúncia anônima" e interceptação telefônica


Segundo a jurisprudência do STJ e do STF, não há ilegalidade em iniciar investigações preliminares com base em
"denúncia anônima" a fim de se verificar a plausibilidade das alegações contidas no documento apócrifo.
No caso em análise o STJ e o STF entenderam que a decisão do magistrado foi correta considerando que a
decretação da interceptação telefônica não foi feita com base unicamente na "denúncia anônima" e sim após a
realização de diligências investigativas por parte do Ministério Público e a constatação de que a interceptação era
indispensável neste caso. STJ. 6ª Turma. RHC 38.566/ES, Rel. Min. Ericson Maranho (Des. Conv. do TJ/SP), julgado
em 19/11/2015. STF. 2ª Turma. HC 133148/ES, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/2/2017 (Info 855).

A investigação criminal contra Prefeito deverá ser feita com o controle jurisdicional do TJ
O prefeito detém prerrogativa de foro, constitucionalmente estabelecida. Desse modo, os procedimentos de
natureza criminal contra ele instaurados devem tramitar perante o Tribunal de Justiça (art. 29, X, da CF/88). Isso
significa dizer que as investigações criminais contra o Prefeito devem ser feitas com o controle (supervisão)
jurisdicional da autoridade competente (no caso, o TJ).

Declarações colhidas em âmbito estritamente privado sem acompanhamento de autoridade pública não
apresentam confiabilidade
Deve ser rejeitada, por ausência de justa causa, a denúncia que, ao arrepio da legalidade, baseia-se em supostas
declarações, colhidas em âmbito estritamente privado, sem acompanhamento de qualquer autoridade pública
(autoridade policial, membro do Ministério Público) habilitada a conferir-lhes fé pública e mínima confiabilidade.

A denúncia contra Prefeito por crime em licitação municipal deve indicar sua participação ou conhecimento
acerca dos fatos

209
Deve ser rejeitada, por ausência de justa causa, a denúncia que, ao arrepio da legalidade, baseia-se em supostas
declarações, colhidas em âmbito estritamente privado, sem acompanhamento de qualquer autoridade pública
(autoridade policial, membro do Ministério Público) habilitada a conferir-lhes fé pública e mínima confiabilidade.
A denúncia contra Prefeito por crime ocorrido em licitação municipal deve indicar, ao menos minimamente, que
o acusado tenha tido participação ou conhecimento dos fatos supostamente ilícitos. O Prefeito não pode ser
incluído entre os acusados unicamente em razão da função pública que ocupa, sob pena de violação à
responsabilidade penal subjetiva, na qual não se admite a responsabilidade presumida.

Em caso de denúncia envolvendo crime do DL 201/67 e delito diverso, deverá ser assegurada a defesa prévia
para ambas as imputações
Se o réu é denunciado por crime previsto no art. 1º do DL 201/67 em concurso com outro delito cujo rito segue o
CPP, ex: art. 312 do CP, art. 90 da Lei nº 8.666/93, o magistrado ou Tribunal, antes de receber a denúncia, deverá
dar oportunidade para que o denunciado ofereça defesa prévia. Não pode a defesa prévia ser concedida apenas
para a imputação referente ao art. 1º do DL 201/67. A defesa prévia antes do recebimento da denúncia é prevista
no art. 2º, I, do DL 201/67, que é considerado procedimento especial e, portanto, prevalece sobre o comum. STF.
1ª Turma. AP 912/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856).

Tribunal do Júri. Juntada de laudo pericial complementar com prévia antecedência de 3 dias úteis. Ciência à
defesa. Necessidade.
O prazo de 3 dias úteis a que se refere o art. 479 do Código de Processo Penal deve ser respeitado não apenas
para a juntada de documento ou objeto, mas também para a ciência da parte contrária a respeito de sua utilização
no Tribunal do Júri.
Nessa linha de raciocínio, a doutrina ratifica que “não se trata de mera juntada do documento aos autos, mas sim
a efetiva ciência da parte contrária, no mínimo três dias úteis antes do julgamento”. Sendo assim, considerando
que a intensão do legislador é garantir o julgamento justo, permitindo às partes (defesa e acusação) conhecer de
documento relevante para o julgamento e, em tempo hábil, se manifestar sobre ele, é de suma importância que
a ciência da parte contrária e a juntada do documento ou exibição de objeto se dê no tríduo legal. REsp 1.637.288-
SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, por unanimidade, julgado em
8/8/2017, DJe 1/9/2017.

Tribunal do Júri. Sustentação oral em plenário. Tempo reduzido. Deficiência de defesa. Nulidade. Ausência.
Imprescindibilidade de demonstração do prejuízo.
A sustentação oral realizada em tempo reduzido no Tribunal do Júri não caracteriza, necessariamente, deficiência
de defesa técnica. HC 365.008-PB, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, por maioria,
julgado em 17/04/2018, DJe 21/05/2018

Tribunal do Júri. Quebra da incomunicabilidade entre os jurados. Membro do Conselho de Sentença que
afirmou em plena fala da acusação que havia crime. Nulidade. Ocorrência.
Deve ser declarado nulo o júri em que membro do conselho de sentença afirma a existência de crime em plena
fala da acusação. HC 436.241-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em
19/06/2018, DJe 27/06/2018

210
Tribunal do Júri. Art. 155 do CPP. Pronúncia fundada exclusivamente em elementos extrajudiciais.
Impossibilidade.
Não se admite a pronúncia de acusado fundada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase
inquisitorial. AgRg no REsp 1.740.921-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, por unanimidade, julgado em 06/11/2018,
DJe 19/11/2018

Sentença proferida de forma oral. Degravação parcial na ata de audiência. Ausência do registro das razões de
decidir. Nulidade absoluta por vício formal.
É nula a sentença proferida de forma oral e degravada parcialmente sem o registro das razões de decidir. HC
470.034-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, por maioria, julgado em 09/10/2018, DJe 19/11/2018

A inquirição de testemunhas pelas partes deve preceder à realizada pelo juízo.


Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, concedeu, em parte, a ordem de “habeas corpus”
para que se proceda a nova oitiva, mantidos todos os demais atos processuais.
No caso, a magistrada primeiro inquiriu as testemunhas e, só então, permitiu que as partes o fizessem.
Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Alexandre de Moraes, que concederam a ordem para assentar a
nulidade do processo-crime a partir da audiência de instrução e julgamento. HC 111815/SP, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento em 14.11.2017. (HC-111815).

Incidente de falsidade. Indeferimento. Documento juntado há mais de dez anos. Impugnação após a sentença.
Preclusão.
Não há nulidade na decisão que indefere pedido de incidente de falsidade referente à prova juntada aos autos há
mais de 10 anos e contra a qual a defesa se insurge somente após a prolação da sentença penal condenatória,
uma vez que a pretensão está preclusa. RHC 79.834-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, por unanimidade, julgado em
07/11/2017, DJe 10/11/2017.

Tráfico e associação para o tráfico de entorpecentes. Disque Denúncia. Ausência de prévia investigação policial
para verificar a veracidade das informações recebidas. Fuga de acusado. Inexistência de elementos idôneos
para entrada em domicílio sem ordem judicial.
A existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado, por si sós, não configuram fundadas razões a
autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou determinação judicial. RHC
83.501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade, julgado em 06/03/2018, DJe 05/04/2018

Tribunal do Júri. Interrogatório do réu. Conduta do juiz. Firmeza. Quebra da imparcialidade. Ausência. Nulidade.
Não ocorrência.
No caso analisado, verifica-se que o tribunal de origem reconheceu a imparcialidade do magistrado, deixando
assente que Sua Excelência, embora tenha sido "firme" com o réu, não desbordou seu comportamento,
conduzindo o julgamento com a isenção que é esperada do togado em um plenário do Júri. Agir com firmeza não
é motivo para imputar ao magistrado a pecha da falta de imparcialidade. O juiz não é mero espectador do
julgamento e tem, não só o direito, mas o dever (art. 497 do Código de Processo Penal) de conduzi-lo.
A quebra da imparcialidade tem de estar atrelada a alguma conduta do magistrado que possa desequilibrar a
balança do contraditório, ou seja, favorecer, para qualquer dos lados, a atuação das partes. HC 410.161-PR, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em 17/04/2018, DJe 27/04/2018

Tribunal do júri: pronúncia e princípio do “in dubio pro reo”


A questão em debate deve ser resolvida a partir da teoria da prova no processo penal, em uma vertente

211
cognitivista, a qual dispõe de critérios racionais para valoração da prova e standards probatórios a serem
atendidos para legitimação da decisão judicial sobre fatos.
É certo que, para a pronúncia, não se exige certeza além da dúvida razoável, diferentemente do que necessário
para a condenação. Contudo, a submissão de um acusado a julgamento pelo tribunal do júri pressupõe a
existência de lastro probatório consistente no sentido da tese acusatória, ou seja, requer-se um standard
probatório um pouco inferior, mas, ainda assim, dependente da preponderância de provas incriminatórias.
De todo modo, a adoção do sistema bifásico no procedimento do júri busca estabelecer um mecanismo de
verificação dos fatos imputados criminalmente pela acusação. Um julgador togado, técnico e com conhecimentos
em direito analisa a acusação e as provas produzidas, para determinar se há base mínima para autorizar o juízo
pelos jurados leigos. Ou seja, a legislação reconhece que o julgamento leigo, ainda que represente uma abertura
para o exercício democrático e a manifestação do povo na justiça criminal, ocasiona riscos em razão da falta de
conhecimentos jurídicos e da ausência do dever de motivação do veredicto.
Diante disso, criam-se mecanismos para reduzir os riscos de arbitrariedades. Um deles é a necessidade da análise
prévia do caso por um juiz togado, que condiciona o envio do processo ao tribunal do júri.
Por fim, o colegiado registrou que a decisão de impronúncia não impede o oferecimento de nova denúncia, se
surgirem novas provas (CPP, art. 414, parágrafo único). ARE 1067392/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento
em 26.3.2019. (ARE-1067392)

Ausência de nulidade se a modificação da tese acusatória ocorrer em audiência


A defesa sustentava a nulidade absoluta do feito, em razão da ausência das alegações finais por abandono da
causa pelo advogado. Sustentava, também, a violação ao devido processo legal, diante da modificação da tese
acusatória em plenário, sem que tivesse sido oportunizado o exercício do contraditório.
A Turma entendeu não ter ocorrido nulidade processual, tendo em vista que, na audiência de instrução, a defesa
técnica postulou a impronúncia. Além disso, não constatou ilegalidade. Afirmou haver correlação entre o que foi
arguido pelo Estado-acusador em plenário e a pronúncia. HC 129.263/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em
15.5.2018. (HC-129263)

Sustentação oral e ausência de nulidade


A sustentação oral do representante do Ministério Público que diverge do parecer juntado ao processo, com
posterior ratificação, não viola a ampla defesa. HC 140780/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em
30.10.2018. (HC-140780)

Sentença
Possibilidade de fixação de indenização mínima para a vítima de danos morais
O juiz, ao proferir sentença penal condenatória, no momento de fixar o valor mínimo para a reparação dos
danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP), pode, sentindo-se apto diante de um caso concreto,
quantificar, ao menos o mínimo, o valor do dano moral sofrido pela vítima, desde que fundamente essa opção.
Isso porque o art. 387, IV, não limita a indenização apenas aos danos materiais e a legislação penal deve
sempre priorizar o ressarcimento da vítima em relação a todos os prejuízos sofridos. STJ. 6ª Turma. REsp
1.585.684-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em9/8/2016 (Info 588).

Duplicidade de ações penais pelo mesmo fato. Prolação de sentença. Trânsito em julgado. Prevalência do
primeiro decisum imutável.
Diante do duplo julgamento do mesmo fato, deve prevalecer a sentença que transitou em julgado em primeiro
lugar. RHC 69.586-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, por maioria, julgado
em 27/11/2018, DJe 04/02/2019

212
Recursos
Prazo de 15 dias (CPC) para interposição de agravo contra decisão de Tribunal que nega seguimento ao RE
Se o Presidente do tribunal de origem nega seguimento ao RE ou Resp (em matéria criminal) e a parte
deseja interpor agravo contra esta decisão, ela terá o prazo de 15 dias (art. 1.003, § 5º, do CPC/2015).
Antes do CPC/2015, este prazo era de 5 dias, conforme previa o art. 38 da Lei nº 8.038/90. Com o novo CPC e a
revogação do art. 38 da Lei nº 8.038/90, ficou superada a Súmula 699-STF. Vale ressaltar que o prazo deste
agravo acima mencionado é contado em dias CORRIDOS (não são dias úteis). Não se aplica o art. 219 do CPC/2015,
considerando que existe regra específica no processo penal determinando que todos os prazos serão contínuos,
não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado (art. 798 do CPP). STF. 1ª Turma. ARE 993407/DF, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 25/10/2016 (Info 845).

Não é possível a interposição de recurso por e-mail


O art. 1º da Lei nº 9.800/99 prevê que "é permitida às partes a utilização de sistema de transmissão de dados e
imagens tipo fac-símile ou outro similar, para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita."
O e-mail não configura meio eletrônico equiparado ao fax, para fins da aplicação do disposto no art. 1º da Lei nº
9.800/99, porquanto não guarda a mesma segurança de transmissão e registro de dados. STJ. 6ª Turma. AgRg no
AREsp 919.403/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/09/2016. STF. 1ª Turma. HC 121225/MG, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017 (Info 857).

A suspensão dos processos em virtude de reconhecimento de repercussão geral (§ 5º do art. 1.035 do CPC)
pode ser aplicada para processos criminais
O § 5º do art. 1.035 do CPC/2015 preconiza que reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal
Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos,
que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.
O STF fixou as seguintes conclusões a respeito desse dispositivo:
a) a suspensão prevista nesse § 5º não é uma consequência automática e necessária do reconhecimento da
repercussão geral. Em outras palavras, ela não acontece sempre. O Ministro Relator do recurso extraordinário
paradigma tem discricionariedade para determiná-la ou modulá-la;
b) a possibilidade de sobrestamento se aplica aos processos de natureza penal. Isso significa que, reconhecida a
repercussão geral em um recurso extraordinário que trata sobre matéria penal, o Ministro Relator poderá
determinar o sobrestamento de todos os processos criminais pendentes que versem sobre a matéria;
c) se for determinado o sobrestamento de processos de natureza penal, haverá, automaticamente, a suspensão
da prescrição da pretensão punitiva relativa aos crimes que forem objeto das ações penais sobrestadas. Isso com
base em uma interpretação conforme a Constituição do art. 116, I, do Código Penal;
d) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos penais determinado com fundamento no art. 1.035, §
5º, do CPC abrangerá inquéritos policiais ou procedimentos investigatórios conduzidos pelo Ministério Público;
e) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos penais determinado com fundamento no art. 1.035, §
5º, do CPC abrangerá ações penais em que haja réu preso provisoriamente;
f) em qualquer caso de sobrestamento de ação penal determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC,
poderá o juízo de piso, no curso da suspensão, proceder, conforme a necessidade, à produção de provas de
natureza urgente. STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2017 (Info 868).

213
Não cabe recurso adesivo no processo penal
Em matéria criminal, não deve ser conhecido recurso especial adesivo interposto pelo Ministério Público
veiculando pedido em desfavor do réu. STJ. 6ª Turma. REsp 1.595.636-RN, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em 2/5/2017 (Info 605).

SÚMULA N. 604 - O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal
interposto pelo Ministério Público. Terceira Seção, aprovada em 28/2/2018, DJe 5/3/2018.

Embargos infringentes e pressupostos


O Tribunal entendeu cabíveis embargos infringentes contra decisão proferida em sede de ação penal de
competência originária das Turmas, e, por maioria, fixou como requisito de cabimento desse recurso a existência
de dois votos minoritários absolutórios em sentido próprio ou a ponto de gerar dúvida razoável sobre o acerto de
determinada decisão. AP 863 EI-AgR/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 18 e 19.4.2018. (AP-863) e HC
152707/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 18 e 19.4.2018. (HC-152707)

Ministério Público e tempestividade de agravo em processo criminal


A Primeira Turma concedeu a ordem de “habeas corpus”, com base no art. 39 (1) da Lei 8.038/1990, para declarar
a intempestividade de agravo regimental interposto pelo Ministério Público no Superior Tribunal de Justiça (STJ)
e reestabelecer as penas impostas pelo juízo de segundo grau, que foram aumentadas a partir do acolhimento do
recurso.
A Turma afirmou que o prazo para interposição de agravo pelo Estado-acusador em processo criminal é de cinco
dias (RE 94.013/DF). O Ministério Público não possui, em matéria criminal, ao contrário da Defensoria Pública, a
prerrogativa de prazo recursal em dobro. HC 120275/PR, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 15.5.2018. (HC-
120275)

Cabimento de RESE em face de decisão que indefere produção antecipada de provas


É cabível recurso em sentido estrito para impugnar decisão que indefere produção antecipada de prova, nas
hipóteses do art. 366 do CPP. EREsp 1.630.121-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade,
julgado em 28/11/2018, DJe 11/12/2018

Revisão Criminal
Laudo pericial juntado quando estava pendente apenas agravo para destrancar recurso especial é considerado
prova nova para fins de revisão criminal
O laudo pericial juntado em autos de ação penal quando ainda pendente de julgamento agravo interposto contra
decisão de inadmissão de recurso especial enquadra-se no conceito de prova nova, para fins de revisão criminal
(art. 621, III, do CPP). STJ. 6ª Turma. REsp 1.660.333-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 6/6/2017
(Info 606).

Possibilidade dos embargos de declaração possuírem efeitos infringentes. Prevalência, em caso de empate, da
decisão mais favorável ao réu
O Plenário concluiu julgamento de embargos de declaração interpostos em face de acórdão proferido em ação
penal na qual os embargantes foram condenados por fraude em licitação.
Constatado o empate na votação, a Corte deliberou conhecer dos embargos de declaração de dois dos corréus, e
os acolher, em parte, com efeitos modificativos; e rejeitar os embargos de declaração de outro dos corréus, porém

214
aplicando-lhe o disposto no art. 580 do Código de Processo Penal
Afirmou que, na linha de precedentes do Tribunal, verificado o empate no julgamento de ação penal, deve
prevalecer a decisão mais favorável ao réu. AP 565 ED-ED/RO, rel. min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min. Dias
Toffoli, julgamento em 14.12.2017. (AP-565)

Habeas Corpus
Possibilidade de interposição de HC de forma monocrática pelo Ministro Relator
Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do Ministro do STJ que não conhece ou
denega habeas corpus que havia sido interposto naquele Tribunal. É necessário que primeiro o impetrante exaure
(esgote), no tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias recursais ainda cabíveis (no caso, o agravo regimental). STF. 1ª
Turma. HC 139612/MG, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/4/2017 (Info 862)
Exceção: essa regra pode ser afastada em casos excepcionais, quando a decisão atacada se mostrar teratológica,
flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF
poderia conceder de ofício o habeas corpus.

Não cabimento de HC contra ato de Ministro do STF


Não cabe habeas corpus se a impetração for ajuizada em face de decisões monocráticas proferidas por Ministro
do Supremo Tribunal Federal. STF. Plenário. HC 115787/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli,
julgado em 18/5/2017 (Info 865).

Não cabe habeas corpus para tutelar o direito à visita em presídio. STF. 1ª Turma. HC 128057/SP, Rel. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1º/8/2017 (Info 871).

“Habeas corpus” e medida cautelar de afastamento de cargo público


O “habeas corpus” pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da prisão.
Com base nessa orientação, ao concluir o julgamento conjunto de duas impetrações, a Segunda Turma, por
maioria, concedeu a ordem para revogar a suspensão do exercício da função pública de Conselheiro do Tribunal de
Contas do Estado do Amapá e demais medidas cautelares pessoais impostas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Asseverou que, no caso, discute-se a ideia de proteção judicial efetiva e que a ação de “habeas corpus” deve ser
admitida para atacar medidas criminais que, embora diversas da prisão, afetem interesses não patrimoniais
importantes da pessoa física.
Se, por um lado, essas medidas são menos gravosas do que os encarceramentos cautelares, por outro, são
consideravelmente onerosas ao implicado. Mais do que isso, se descumpridas, podem ser convertidas em prisão
processual.
Enfatizou que, caso fechada a porta do “habeas corpus”, restaria o mandado de segurança. Nos processos em
primeira instância, talvez fosse suficiente para conferir proteção judicial recursal efetiva ao alvo da medida
cautelar. No entanto, naqueles de competência originária de tribunal, confundem-se, na mesma instância, as
competências para decretá-la e para analisar a respectiva ação de impugnação. Isso, na prática, esvazia a
possibilidade de impugná-la em tempo hábil.
No mérito, a Turma considerou que, conquanto o feito seja complexo, as medidas vigem por prazo excessivo, sem
amparo em fatos excepcionais que justifiquem seu alongamento. Apenas na fase de ação penal, o afastamento
dura mais de dois anos. HC 147303/AP, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 18.12.2017. (HC-147303) HC

215
147426/AP, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 18.12.2017. (HC-147426)

Gestantes e mães presas preventivamente e “habeas corpus” coletivo


A Turma entendeu cabível a impetração coletiva e, por maioria, conheceu do “habeas corpus”. Destacou a ação
coletiva como um dos únicos instrumentos capazes de garantir o acesso à justiça dos grupos mais vulneráveis
socioeconomicamente. Nesse sentido, o STF tem admitido com maior amplitude a utilização da ADPF e do
mandado de injunção coletivo.
O “habeas corpus”, por sua vez, se presta a salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito
de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é
o “habeas corpus”, individual ou coletivo.
Esse remédio constitucional é notadamente maleável diante de lesões a direitos fundamentais, e existem
dispositivos legais que encorajam o cabimento do “writ” na forma coletiva, como o art. 654, § 2º, do CPP, que
preconiza a competência de juízes e tribunais para expedir ordem de “habeas corpus” de ofício. O art. 580 do
mesmo diploma, por sua vez, permite que a ordem concedida em determinado “writ” seja estendida para todos
que se encontram na mesma situação.
Além disso, a existência de outras ferramentas disponíveis para suscitar a defesa coletiva de direitos não deve
obstar o conhecimento desta ação, pois o rol de legitimados não é o mesmo, mas consideravelmente mais restrito
na ADPF, por exemplo. Além disso, o acesso à justiça, sobretudo de mulheres presas e pobres, diante de sua
notória deficiência, não pode prescindir da atuação dos diversos segmentos da sociedade civil em sua defesa.
No mérito, o Colegiado entendeu haver grave deficiência estrutural no sistema carcerário, que faz com que
mulheres grávidas e mães de crianças, bem como as próprias crianças, sejam submetidas a situações degradantes,
resultantes da privação de cuidados pré-natal e pós-parto e da carência de berçários e creches.
A respeito, apenas o STF se revela capaz, ante a situação descrita, de superar os bloqueios políticos e institucionais
que vêm impedindo o avanço de soluções, o que significa cumprir à Corte o papel de retirar os demais Poderes
da inércia, catalisar os debates e novas políticas públicas, coordenar ações e monitorar os resultados.
Além disso, existe a cultura do encarceramento, que se revela pela imposição exagerada de prisões provisórias a
mulheres pobres e vulneráveis, e que resulta em situações que ferem a dignidade de gestantes e mães, com
prejuízos para as respectivas crianças. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 20.2.2018.
(HC-143641)

Decisão judicial transitada em julgado e “habeas corpus”


A Segunda Turma negou provimento a recurso ordinário em “habeas corpus” no qual se pleiteava a anulação de
sentença penal condenatória transitada em julgado.
Preliminarmente, a Turma conheceu do “habeas corpus”. Considerou o “writ” cabível, na espécie, por ser mais
célere e benéfico ao paciente, além de sua impetração estar autorizada no art. 648, VI, do CPP. Ademais, a
negativa de conhecimento do remédio constitucional dificultaria a defesa do direito das pessoas privadas de
liberdade por condenação alegadamente injusta.
No mérito, a Turma ressaltou que, apesar de parte das alegações da defesa não terem sido expressamente
enfrentadas quando do julgamento da apelação interposta na origem — o que ensejaria a nulidade ora apontada
—, cabia à parte interessada opor embargos de declaração, o que não ocorreu. Por outro lado, as referidas
alegações foram apresentadas de forma lacônica, em dois parágrafos das razões de apelação, sem demonstrar
conexão com o ponto de interesse. Concluiu não haver nulidade a ser reconhecida no acórdão condenatório

216
impugnado. RHC 146327/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 27.2.2018. (RHC – 146327).

217
Execução Penal
Súmula 617, STJ - A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do período
de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena. Terceira Seção, aprovada em
26/09/2018, DJe 01/10/2018.

Regressão e regime prisional no caso de inadimplemento injustificado da pena de multa


Como regra, o inadimplemento deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado impede
a progressão no regime prisional, porém pague a pena de multa parceladamente, o apenado poderá progredir
de regime, assumindo o compromisso de quitar todas as prestações da multa. Caso deixe de pagar
injustificadamente o parcelamento, haverá a regressão de regime. O inadimplemento injustificado das parcelas
da pena de multa autoriza a regressão no regime prisional. STF. Plenário. EP 16 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 1º/7/2016 (Info 832)

Consequência da prática de crime doloso e regressão de regime (independe do trânsito em julgado)


A regressão de regime pela prática de fato definido como crime doloso, durante a execução da pena, não
depende do trânsito em julgado da condenação. STJ. 5ª Turma. HC 333.615/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 15/10/2015. STF. Plenário. EP 8 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
1º/7/2016 (Info 832)

Execução penal. Unificação das penas. Superveniência do trânsito em julgado de sentença condenatória. Termo
a quo para concessão de novos benefícios. Ausência de previsão legal para alteração da data-base. Tema 1.006.
A unificação de penas não enseja a alteração da data-base para concessão de novos benefícios executórios.
ProAfR no REsp 1.753.509-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
18/12/2018, DJe 11/03/2019 (Tema 1.006)

Alcance do indulto natalino e momento da pratica do ato que resultou na sanção disciplinar
Se o condenado praticou falta grave no período de 12 meses antes da publicação do decreto de indulto
natalino, ele não poderá receber o benefício mesmo que a homologação judicial desta sanção disciplinar tenha
ocorrido em data posterior à publicação do decreto. Dessa forma, a falta disciplinar é que tem que ter
ocorrido antes da publicação do Decreto, não importando que a homologação judicial seja posterior. STF.
2ª Turma. HC 132236/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/8/2016 (Info 837).

Indulto e pena de multa


O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa que tenha sido objeto de parcelamento
espontaneamente assumido pelo sentenciado.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que deu provimento ao agravo regimental. Ressaltou que o indulto leva à
extinção da punibilidade e alcança não só a pena restritiva de liberdade como também a pena de multa. EP 11
IndCom-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 8.11.2017.

Impossibilidade de condenado que cumpre pena em presídio federal ter seu regime progredido
O cumprimento de pena em penitenciária federal de segurança máxima por motivo de segurança pública não
é compatível com a progressão de regime prisional. STF. 2ª Turma. HC 131.649/RJ, rel. orig. Min. Cármen Lúcia,
rel. p/ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/9/2016 (Info 838).

218
O Juízo competente para processar e julgar os incidentes da execução é o que detém a custódia do apenado, no
caso, o Juízo responsável pelo presídio federal. Não lhe é permitido, contudo, conceder a progressão de regime
prisional ao condenado que esteja recolhido em presídio federal de segurança máxima, uma vez que os
motivos que justificaram sua transferência ou manutenção no sistema federal mostram-se totalmente
incompatíveis com a concessão do benefício, ficando condicionado o deferimento da progressão à ausência dos
motivos que justificaram a sua remoção para o estabelecimento federal. STJ. 3ª Seção. CC 137.110/RJ, Rel.
MIn. Ericson Maranho (Desembargador Convocado do TJ/SP), julgado em 22/4/2015.

A decisão que indefere o pedido do condenado para ser dispensado do uso da tornozeleira eletrônica deverá
apontar a necessidade da medida no caso concreto
A manutenção de monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica sem fundamentação concreta evidencia
constrangimento ilegal ao apenado., devendo, sob pena de nulidade, apontar a necessidde concreta da medida.
STJ. 6ª Turma. HC 351.273-CE, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/2/2017 (Info 597).

Pena privativa de liberdade substituída por restritivas de direitos. Execução provisória. Impossibilidade. Art.
147 da Lei de Execução Penal. Proibição expressa. Ausência de manifestação do STF.
Nos termos do art. 147 da Lei de Execução Penal, as penas restritivas de direitos só podem ser executadas após o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória. EREsp 1.619.087-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, por maioria, julgado em 14/6/2017, DJe 24/8/2017.

“Habeas corpus” e visita íntima


O “habeas corpus” não é o meio adequado para tutelar visita íntima, por não estar envolvido o direito de ir e vir.
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma inadmitiu a impetração. HC 138286, rel. Min. Marco Aurélio,
julgamento em 5.12.2017. (HC-138286)

Execução de sentença penal condenatória. Pena substitutiva de prestação pecuniária. Descumprimento.


Arresto de bem de família. Descabimento. Reconversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade.
O bem de família pode ser objeto de penhora para garantir a execução de sentença penal condenatória, nos
limites do artigo 3º, inciso VI, da Lei 8.009⁄90, excluída apenas a possibilidade de sua utilização para o pagamento
da multa penal e custas. REsp 1.699.665-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado
em 07/08/2018, DJe 15/08/2018

Execução de multa decorrente de sentença penal condenatória e legitimidade ativa do MP


O Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido formulado em ação direta de
inconstitucionalidade ajuizada em face do art. 51 do Código Penal e, em conclusão de julgamento e por maioria,
resolveu questão de ordem em ação penal no sentido de assentar a legitimidade do Ministério Público (MP) para
propor a cobrança de multa decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado, com a
possibilidade subsidiária de cobrança pela Fazenda Pública (Informativo 848).
O colegiado assentou que a Lei 9.268/1996, ao considerar a multa penal como dívida de valor, não retirou dela o
caráter de sanção criminal que lhe é inerente, por força do art. 5º, XLVI, c, da Constituição Federal.
Como consequência, a legitimação prioritária para a execução da multa penal é do MP, perante a vara de
execuções penais. Entretanto, caso o titular da ação penal, devidamente intimado, não proponha a execução da
multa no prazo de noventa dias, o juiz da execução criminal deverá dar ciência do feito ao órgão competente da
Fazenda Pública (federal ou estadual, conforme o caso) para a respectiva cobrança na própria vara de execução

219
fiscal, com a observância do rito da Lei 6.830/1980.
O Plenário registrou que o art. 51 do CP, na redação que lhe havia sido dada pela Lei 7.209/1984, previa a
possibilidade de conversão da multa em pena de detenção, quando o condenado, deliberadamente, deixasse de
honrá-la. Posteriormente, a Lei 9.268/1996 deu nova redação ao dispositivo, referindo-se à multa como dívida de
valor. Assim, a nova redação do referido dispositivo implicou duas consequências: i) não mais permite a conversão
da pena de multa em detenção; e ii) a multa passou a ser considerada dívida de valor.
Contudo, dizer que a multa penal se trata de dívida de valor não significa dizer que tenha perdido o caráter de
sanção criminal. A natureza de sanção penal dessa espécie de multa é prevista na própria CF, razão pela qual o
legislador ordinário não poderia retirar-lhe essa qualidade.
Diante de tal constatação, não há como retirar do MP a competência para a execução da multa penal, considerado
o teor do art. 129 da CF, segundo o qual é função institucional do MP promover privativamente a ação penal
pública, na forma da lei. Promover a ação penal significa conduzi-la ao longo do processo de conhecimento e de
execução, ou seja, buscar a condenação e, uma vez obtida esta, executá-la. Caso contrário, haveria uma
interrupção na função do titular da ação penal.
Ademais, o art. 164 da Lei de Execução Penal é expresso ao reconhecer essa competência do MP. Esse dispositivo
não foi revogado expressamente pela Lei 9.268/1996. ADI 3150/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12 e
13.12.2018. (ADI-3150) AP 470/MG, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 12 e 13.12.2018. (AP-470)

Saída temporária
Possibilidade de concessão de mais de cinco saídas temporárias por ano
Respeitado o limite anual de 35 dias, estabelecido pelo art. 124 da LEP, é cabível a concessão de maior número de
autorizações de curta duração.

Prazo mínimo entre saídas temporárias


As autorizações de saída temporária para visita à família e para participação em atividades que concorram para
o retorno ao convívio social, se limitadas a cinco vezes durante o ano, deverão observar o prazo mínimo de 45
dias de intervalo entre uma e outra. Na hipótese de maior número de saídas temporárias de curta duração, já
intercaladas durante os doze meses do ano e muitas vezes sem pernoite, não se exige o intervalo previsto no art.
124, § 3º, da LEP.

Possibilidade de fixação de calendário anual de saídas temporárias por ato judicial único
É recomendável que cada autorização de saída temporária do preso seja precedida de decisão judicial motivada.
Entretanto, se a apreciação individual do pedido estiver, por deficiência exclusiva do aparato estatal, a interferir
no direito subjetivo do apenado e no escopo ressocializador da pena, deve ser reconhecida, excepcionalmente, a
possibilidade de fixação de calendário anual de saídas temporárias por ato judicial único, observadas as hipóteses
de revogação automática do art. 125 da LEP.

Competência do juiz da execução para fixação do calendário prévio de saídas temporárias


O calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado, obrigatoriamente, pelo Juízo das Execuções,
não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional a escolha das datas específicas nas quais o apenado irá
usufruir os benefícios. STJ. 3ª Seção. REsp 1.544.036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/9/2016
(recurso repetitivo) (Info 590).

Não é possível a execução provisória da pena se ainda estão pendentes embargos de declaração
A execução da pena depois da prolação de acórdão em segundo grau de jurisdição e antes do trânsito em julgado

220
da condenação não é automática quando a decisão ainda é passível de integração pelo Tribunal de Justiça, na
hipótese de embargos de declaração pendentes de julgamento. STJ. 6ª Turma. HC 366.907-PR, Rel. Min. Rogério
Schietti Cruz, julgado em 6/12/2016 (Info 595).

Possibilidade de execução provisória da pena no Tribunal do Júri


Nas condenações pelo tribunal do júri não é necessário aguardar julgamento de recurso em segundo grau de
jurisdição para a execução da pena. A Turma asseverou que as decisões do tribunal do júri são soberanas. Por
isso, o tribunal de justiça pode, eventualmente, anulá-las, mas não pode substituí-las.
No caso concreto, o réu foi condenado por um crime e absolvido por outro, dessa forma, foi determinada a
execução provisória da condenação, com remessa dos autos para o juízo de origem proceder novo julgamento
em relação ao outro crime. HC 140449/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgamento em 6.11.2018. (HC-140449)

Condenado tem direito à progressão a partir da data em que preenche requisitos legais (a decisão de
reconhecimento tem natureza declaratória)
A data-base para subsequente progressão de regime é aquela em que o reeducando preencheu os requisitos do
art. 112 da LEP e não aquela em que o Juízo das Execuções deferiu o benefício. A decisão do Juízo das Execuções
que defere a progressão de regime é declaratória (e não constitutiva). Não se pode desconsiderar, em prejuízo
do reeducando, o período em que permaneceu cumprindo pena enquanto o Judiciário analisava seu
requerimento de progressão. STF. 2ª Turma. HC 115254, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2015. STJ.
6ª Turma. STJ. 6ª Turma. HC 369.774/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/11/2016 (Info 595).

A inobservância do perímetro para rasteado pelo monitoramento eletrônico é considerada falta grave
A não observância do perímetro estabelecido para monitoramento de tornozeleira eletrônica configura mero
descumprimento de condição obrigatória que autoriza a aplicação de sanção disciplinar, mas não configura,
mesmo em tese, a prática de falta grave. STJ. 6ª Turma. REsp 1.519.802-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 10/11/2016 (Info 595).
Não confundir:
• Apenado que rompe a tornozeleira eletrônica ou mantém a bateria sem carga suficiente: falta grave.
• Apenado que descumpre o perímetro estabelecido para tornozeleira eletrônica: não configura a prática
de falta grave.

Progressão de Regime
Não viola a SV 56 a situação do condenado ao regime semiaberto que está cumprindo pena em presídio do
regime fechado, mas em uma ala destinada aos presos do semiaberto
Segundo o STF decidiu no RE 641.320, "os juízes da execução penal podem avaliar os estabelecimentos destinados
aos regimes semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis
estabelecimentos que não se qualifiquem como “colônia agrícola, industrial” (regime semiaberto) ou “casa de
albergado ou estabelecimento adequado” (regime aberto) (art. 33, §1º, “b” e “c”, do CP). No entanto, não deverá
haver alojamento conjunto de presos dos regimes semiaberto e aberto com presos do regime fechado."
Assim, os presos do regime semiaberto podem ficar em outra unidade prisional que não seja colônia agrícola ou
industrial, desde que se trate de estabelecimento similar (adequado às características do semiaberto), sem que

221
se caracterize violação à SV 56. STF. 2ª Turma. Rcl 25123/SC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
18/4/2017 (Info 861).

Data da prisão preventiva como marco inicial do tempo para a progressão de regime
Se o condenado estava preso preventivamente, a data da prisão preventiva deve ser considerada como termo
inicial para fins de obtenção de progressão de regime e demais benefícios da execução penal, desde que não
ocorra condenação posterior por outro crime apta a configurar falta grave. STF. 1ª Turma. RHC 142463/MG, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 12/9/2017 (Info 877).

Execução penal. Unificação das penas. Superveniência do trânsito em julgado de sentença condenatória. Termo
a quo para concessão de novos benefícios. Ausência de previsão legal para alteração da data-base.
A alteração da data-base para concessão de novos benefícios executórios, em razão da unificação das penas, não
encontra respaldo legal. REsp 1.557.461-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, por maioria, julgado em 22/02/2018,
DJe 15/03/2018

Execução Penal. Progressão de Regime. Inexistência de vaga em estabelecimento adequado. Impossibilidade


de concessão imediata da prisão domiciliar. Necessidade de aplicação das providências estabelecidas pelo RE
641.320/RS. Tema 993.
A inexistência de estabelecimento penal adequado ao regime prisional determinado para o cumprimento da pena
não autoriza a concessão imediata do benefício da prisão domiciliar, porquanto, nos termos da Súmula Vinculante
n. 56, é imprescindível que a adoção de tal medida seja precedida das providências estabelecidas no julgamento
do RE 641.320/RS, quais sejam: (i) saída antecipada de outro sentenciado no regime com falta de vagas, abrindo-
se, assim, vagas para os reeducandos que acabaram de progredir; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao
sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; e (iii) cumprimento de
penas restritivas de direitos e/ou estudo aos sentenciados em regime aberto. REsp 1.710.674-MG, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, Terceira Seção, por maioria, julgado em 22/08/2018, DJe 03/09/2018 (Tema 993).

Execução provisória da pena


Se a defesa ainda não foi intimada do acórdão condenatório, não é possível se iniciar a execução provisória da
pena
Se ainda não houve a intimação da Defensoria Pública acerca do acórdão condenatório, mostra-se ilegal a
imediata expedição de mandado de prisão em desfavor do condenado. Como a Defensoria Pública ainda não foi
intimada, não se encerrou a jurisdição em 2ª instância, considerando que é possível que interponha embargos de
declaração, por exemplo. STJ. 5ª Turma. HC 371.870-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 13/12/2016 (Info 597).

Não cabimento de habeas corpus contra decisão do Ministro do STJ que nega a liminar em ação cautelar
Não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do Ministro do STJ que negou o pedido da defesa
formulado em ação cautelar (medida cautelar) proposta com o objetivo de conferir efeito suspensivo ao recurso
especial. Incide, no caso, o óbice previsto na Súmula 691 do STF. STF. 1ª Turma. HC 138633/RJ, rel. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/8/2017 (Info 872).

Remição da pena
Trabalho cumprido em jornada inferior ao mínimo legal pode ser aproveitado para fins de remição caso tenha
sido uma determinação da direção do presídio

222
Segundo o art. 30 da LEP, a jornada diária de trabalho do apenado deve ser de, no mínimo, 6 horas e, no máximo,
8 horas.
Apesar disso, se um condenado, por determinação da direção do presídio, trabalha 4 horas diárias (menos do que
prevê a Lei), este período deverá ser computado para fins de remição de pena. Como esse trabalho do preso foi
feito por orientação ou estipulação da direção do presídio, isso gerou uma legítima expectativa de que ele fosse
aproveitado, não sendo possível que seja desprezado, sob pena de ofensa aos princípios da segurança jurídica e
da proteção da confiança.
Vale ressaltar, mais uma vez, o trabalho era cumprido com essa jornada por conta da determinação do presídio e
não por um ato de insubmissão ou de indisciplina do preso. STF. 2ª Turma. RHC 136509/MG, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 4/4/2017 (Info 860).

Remição de pena por trabalho em domingos e feriados


Se o preso, ainda que sem autorização do juízo ou da direção do estabelecimento prisional, efetivamente
trabalhar nos domingos e feriados, esses dias deverão ser considerados no cálculo da remição da pena. STJ. 5ª
Turma. HC 346.948-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 21/6/2016 (Info 586).

Possibilidade de remissão da pena por leitura e resenha de livros


O fato de o estabelecimento penal onde se encontra o detento assegurar acesso a atividades laborais e à
educação formal, não impede que ele obtenha também a remição pela leitura, que é atividade complementar,
mas não subsidiária, podendo ocorrer concomitantemente, havendo compatibilidade de horários. STJ. 5ª
Turma. HC 353.689-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/6/2016 (Info 587).

Execução penal. Remição. Trabalho em período anterior ao início da execução. Possibilidade se posterior à
prática do delito.
É possível a remição do tempo de trabalho realizado antes do início da execução da pena, desde que em data
posterior à prática do delito. HC 420.257-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por maioria, julgado em 19/04/2018, DJe
11/05/2018

Execução penal. Remição. Atividade realizada em coral. Interpretação extensiva in bonam partem do art. 126
da LEP. Redação aberta. Finalidade da execução atendida. Incentivo ao aprimoramento cultural e profissional.
O art. 126 da Lei de Execução Penal não é taxativo, pois não descreve todas as atividades que poderão auxiliar no
abreviamento da reprimenda. Aliás, o caput do citado artigo possui uma redação aberta, referindo-se apenas ao
estudo e ao trabalho, ficando a cargo do inciso I do primeiro parágrafo a regulação somente no que se refere ao
estudo - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de
requalificação profissional. Na mesma linha, consigna-se que a intenção do legislador ao permitir a remição pelo
trabalho ou pelo estudo é incentivar o aprimoramento do reeducando, afastando-o, assim, do ócio e da prática
de novos delitos, e, por outro lado, proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado
(art. 1º da LEP).
Ao fomentar o estudo e o trabalho, pretende-se a inserção do reeducando ao mercado de trabalho, a fim de que
ele obtenha o seu próprio sustento, de forma lícita, após o cumprimento de sua pena. Nessa toada, observa-se
que o meio musical satisfaz todos esses requisitos, uma vez que além do aprimoramento cultural proporcionado
ao apenado, ele promove sua formação profissional nos âmbitos cultural e artístico.

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A atividade musical realizada pelo reeducando profissionaliza, qualifica e capacita o réu, afastando-o do crime e
reintegrando-o na sociedade. No mais, apesar de se encaixar perfeitamente à hipótese de estudo, vê-se, também,
que a música já foi regulamentada como profissão pela Lei n. 3.857/1960. REsp 1.666.637-ES, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, por unanimidade, julgado em 26/09/2017, DJe 09/10/2017

Remição ficta e omissão do Estado


A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou a ordem de “habeas corpus” em que se
discutia a possibilidade de remição ficta da pena, na hipótese em que o Estado não proporciona atividade laboral
ou educacional aos internos do sistema penitenciário a fim de obterem a remição da pena (Informativo 902)
O Colegiado enfatizou que, embora o Estado tenha o dever de prover trabalho aos internos que desejem laborar,
reconhecer a remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas as pessoas do sistema prisional obtivessem
o benefício, fato que causaria substancial mudança na política pública do sistema carcerário, além de invadir a
esfera do Poder Executivo.
Destacou que o instituto da remição exige, necessariamente, a prática de atividade laboral ou educacional. Trata-
se de reconhecimento pelo Estado do direito à diminuição da pena em virtude de trabalho efetuado pelo detento.
Na espécie, não foi realizado trabalho, estudo ou leitura, em razão de o paciente estar submetido ao Regime
Disciplinar Diferenciado. Portanto, não há que se falar em direito à remição.
Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Rosa Weber, que deferiram a ordem para reconhecer o direito à
remição a título de indenização, uma vez que o paciente não poderia sofrer prejuízo diante da postura omissiva
do Estado. HC 124520/RO, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 29.5.2018.
(HC - 124520)

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