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PROJUDI - Recurso: 0019008-07.2018.8.16.0035 - Ref. mov. 23.

1 - Assinado digitalmente por Alvaro Rodrigues Junior:9430


02/10/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Alvaro Rodrigues Junior - 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS - PROJUDI
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Autos nº. 0019008-07.2018.8.16.0035

Recurso Inominado n° 0019008-07.2018.8.16.0035


2º Juizado Especial Cível de São José dos Pinhais
Recorrente(s): GOL LINHAS AEREAS INTELIGENTES S.A.
Recorrido(s): Carlos Augusto Silva Moreira Lima
Relator: Álvaro Rodrigues Junior

EMENTA: RECURSO INOMINADO. TRANSPORTE AÉREO NACIONAL.


REMARCAÇÃO DE VOO. RESOLUÇÃO DA ANAC N. 400/2016, ARTIGO 12.
FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ATRASO/CANCELAMENTO DE
VOO. INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL PRESUMIDO. LESÃO
EXTRAPATRIMONIAL COMPROVADA. INDENIZAÇÃO MANTIDA.
RECURSO DESPROVIDO.

1. Ação ajuizada em 17/10/2018. Recurso inominado interposto em 28/02/2019


e concluso ao relator em 14/06/2019.

2. Restou incontroversa nos autos a seguinte situação fática: a) o autor é


Defensor Público Estadual e Diretor da Associação dos Defensores Públicos do
Estado do Paraná – ADEPAR (mov. 1.5); b) em 04/10/2018 iria participar do
evento “30 anos da Constituição Federal de 88”, organizado pela Associação
Nacional dos Defensores Públicos – ANADEP (mov. 1.5); c) para tanto, adquiriu
da ré o trecho Curitiba-Brasília (mov. 1.6); d) a saída estava prevista para
04/10/2018, às 07h, e a chegada no mesmo dia, às 8h50 (mov. 1.6); e) o voo
foi alterado com antecedência de 48h (mov. 1.11); f) o autor foi realocado em
outro voo, com saída em 04/10/2018, às 7h50, e chegada no mesmo dia, às
11h40; g) o reclamante, em decorrência do atraso causado pela alteração,
perdeu a palestra magna proferida pelo Min. Ayres Brito e não pode compor a
mesa do evento (mov. 1.8).

3. “As alterações realizadas de forma programada pelo transportador, em


especial quanto ao horário e itinerário originalmente contratados, deverão ser
informadas aos passageiros com antecedência mínima de 72 (setenta e duas)
horas” (Resolução 400/2016 da ANAC, artigo 12, caput).

4. No caso dos autos, denota-se que a companhia aérea comunicou a alteração


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do voo de ida (trecho Curitiba-Brasília) apenas no momento do check-in (mov.

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
1.11), com 48h de antecedência, agindo em dissonância com o que determina
a normativa da ANAC supracitada. À vista disso, presente a responsabilidade
da empresa aérea quanto aos danos causados.

5. Em atual jurisprudência acerca dos danos morais em atraso de voo, o STJ

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firmou entendimento no sentido de que “na específica hipótese de atraso de
voo operado por companhia aérea, não se vislumbra que o dano moral possa
ser presumido em decorrência da mera demora e eventual desconforto, aflição
e transtornos suportados pelo passageiro. Isso porque vários outros fatores
devem ser considerados a fim de que se possa investigar acerca da real
ocorrência do dano moral, exigindo-se, por conseguinte, a prova, por parte do
passageiro, da lesão extrapatrimonial sofrida” (REsp 1584465/MG, Rel. Ministra
Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 13/11/2018, DJe 21/11/2018).

6. Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, “não é adequado


ao sentido técnico-jurídico de dano a sua associação a qualquer prejuízo
economicamente incalculável, como caráter de mera punição, ou com o fito de
imposição de melhoria de qualidade do serviço oferecido pelo suposto ofensor,
visto que o art. 944 do CC proclama que a indenização mede-se pela extensão
do dano efetivamente verificado” (REsp 1647452/RO, Rel. Ministro Luis Felipe
Salomão, Quarta Turma, julgado em 26/02/2019, DJe 28/03/2019).

7. No caso vertente, a situação ultrapassa a mera demora e o eventual


desconforto e configura danos morais, visto que a alteração que ensejou o
atraso ocasionou para o autor a perda de participação importante em evento
profissional. Logo, a falha na prestação dos serviços ofertados pela companhia
aérea gerou constrangimento além do razoável à parte autora, restando
comprovado o abalo moral. No mesmo sentido: TJPR - 2ª Turma Recursal -
0001563-73.2018.8.16.0035 - São José dos Pinhais - Rel.: Juiz Alvaro
Rodrigues Junior - J. 12.02.2019.

8. Desse modo, considerando o caso concreto e em atenção aos princípios da


proporcionalidade e razoabilidade, a indenização a título de danos morais deve
ser mantida no valor de R$ 6.000,00, o qual deverá ser corrigido
monetariamente a partir da data da decisão condenatória e acrescido de juros
moratórios mensais de 1% (um por cento), contados da citação.

9. Recurso desprovido.

10. Condeno a parte recorrente ao pagamento de honorários de sucumbência


de 20% sobre o valor atualizado da condenação. Custas devidas (Lei Estadual
18.413/14, arts. 2º, inc. II e 4º, e instrução normativa – CSJEs, art. 18).

Ante o exposto, esta 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais


resolve, por unanimidade dos votos, em relação ao recurso de GOL LINHAS AEREAS
PROJUDI - Recurso: 0019008-07.2018.8.16.0035 - Ref. mov. 23.1 - Assinado digitalmente por Alvaro Rodrigues Junior:9430
02/10/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Alvaro Rodrigues Junior - 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais)

INTELIGENTES S.A., julgar pelo(a) Com Resolução do Mérito - Não-Provimento nos exatos

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termos do voto.

O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Alvaro Rodrigues Junior


(relator), com voto, e dele participaram os Juízes Marcel Luis Hoffmann e Helder Luis Henrique
Taguchi.

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01 de outubro de 2019

Álvaro Rodrigues Junior

Juiz (a) relator (a)

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