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PROCESSO Nº TST-RR-12181-13.2015.5.15.

0051

A C Ó R D Ã O
(3ª Turma)
GMMGD/per/rmc/aba

A)AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI
13.015/2014 E ANTERIOR À LEI
13.467/2017. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE. COZINHEIRA/MERENDEIRA.
CONTATO INTERMITENTE COM O AGENTE
INSALUBRE. AGENTE FÍSICO "CALOR".
SÚMULA 47/TST. Demonstrado no agravo
de instrumento que o recurso de
revista preenchia os requisitos do
art. 896 da CLT, dá-se provimento ao
agravo de instrumento, para melhor
análise da arguição de contrariedade
à Súmula 47/TST. Agravo de
instrumento provido.
B)RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A
ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À
LEI 13.467/2017. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE. COZINHEIRA/MERENDEIRA.
CONTATO INTERMITENTE COM O AGENTE
INSALUBRE. AGENTE FÍSICO "CALOR".
SÚMULA 47/TST. O trabalho executado
em condições insalubres, em caráter
intermitente, não afasta, só por essa
circunstância, o direito à percepção
do respectivo adicional (Súmula
47/TST). Na hipótese dos autos, o
Tribunal Regional reformou a sentença
para afastar a condenação do
Município Reclamado ao pagamento do
adicional de insalubridade. Extrai-se
do acórdão regional que a sentença,
com base no laudo pericial, concluiu
que a Autora, no exercício da função
de cozinheira/merendeira, desenvolvia
suas atividades em ambiente
insalubre, registrando que a perícia,
após análise do local de trabalho,
apurou que a Reclamante laborava
exposta a uma temperatura de 29,2ºC,
no ambiente que trabalhou entre 2010
e 2011, e 28,6ºC, no ambiente que
trabalha atualmente, enquanto o
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limite de tolerância para sua


atividade, considerada moderada
(trabalho de pé, trabalho leve em
máquina ou bancada, com alguma
movimentação - Quadro 3 da NR-15),
seria de 26,7ºC (por se tratar de
trabalho contínuo). A Corte de
origem, por sua vez, afastou o
adicional de insalubridade em razão
da ausência de continuidade da
exposição alegada pela Reclamante.
Entretanto, do contexto fático
delineado no acórdão regional,
conclui-se que a Reclamante, durante
seu trabalho, tinha contato, ainda
que não permanente, com o agente
físico calor, acima dos limites de
tolerância previstos para sua
atividade, o que enseja o pagamento
do adicional, nos termos da Súmula
47/TST. Assim, impõe-se o deferimento
do adicional de insalubridade em grau
médio e seus reflexos, devendo ser
restabelecida a sentença neste
aspecto. Recurso de revista conhecido
e provido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­12181­13.2015.5.15.0051,   em   que   é
Recorrente ROSI NILDE PASSOS DE MELO SANTOS e é Recorrido MUNICÍPIO
DE PIRACICABA.

O Tribunal Regional do Trabalho de origem denegou


seguimento ao recurso de revista da parte Recorrente.
Inconformada, a Parte interpõe o presente agravo
de instrumento, sustentando que o seu apelo reunia condições de
admissibilidade.
O Ministério Público do Trabalho oficiou pelo
provimento do apelo.
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À LEI 13.467/2017.
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PROCESSO ELETRÔNICO.
É o relatório.

V O T O

Tratando-se de recurso de revista interposto em


processo iniciado anteriormente à vigência das alterações promovidas
pela Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, e considerando que as
relações jurídicas materiais e processuais produziram amplos efeitos
sob a normatividade anterior, as matérias serão analisadas com
observância das normas legais então vigorantes, em respeito ao
princípio da segurança jurídica, assegurando-se a estabilidade das
relações já consolidadas (arts. 5º, XXXVI, CF; 6º da LINDB; 912 da
CLT; 14 do CPC/2015; e 1º da IN 41/2018 do TST).

A) AGRAVO DE INSTRUMENTO

I) CONHECIMENTO

Atendidos todos os pressupostos recursais, CONHEÇO


do apelo.

II) MÉRITO

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. COZINHEIRA/MERENDEIRA.


CONTATO INTERMITENTE COM O AGENTE INSALUBRE. AGENTE FÍSICO "CALOR".
SÚMULA 47/TST

A Corte de origem indeferiu o pagamento do


adicional de insalubridade.
No recurso de revista, a Reclamante alegou que o
contato intermitente com agente insalubre gera direito à percepção
do adicional respectivo. Apontou contrariedade à Súmula 47/TST.
Suscitou divergência jurisprudencial.
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No agravo de instrumento, a Reclamante reitera as


alegações trazidas no recurso de revista, ao argumento de que foram
preenchidos os requisitos de admissibilidade do art. 896 da CLT.
Demonstrado no agravo de instrumento que o recurso
de revista preenchia os requisitos do art. 896 da CLT, dá-se
provimento ao agravo de instrumento, para melhor análise da arguição
de contrariedade à Súmula 47/TST.
Pelo exposto, DOU PROVIMENTO ao agravo de
instrumento para determinar o processamento do recurso de revista.

B) RECURSO DE REVISTA

I) CONHECIMENTO

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Satisfeitos os pressupostos extrínsecos do recurso


de revista, passo ao exame dos requisitos intrínsecos.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. COZINHEIRA/MERENDEIRA.


CONTATO INTERMITENTE COM O AGENTE INSALUBRE. SÚMULA 47/TST.

A egrégia Corte Regional assim decidiu sobre o


tema:

DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Na inicial, a reclamante alegou que foi admitida pelo reclamado em
12/04/2010, para exercer a função de servente de merendeira, laborando em
escola municipal. Aduziu que ‘em todo o período laborou na função de
merendeira sem uso de EPIs, no local com excesso de calor e umidade’,
sendo sua função consistente em ‘preparar os alimentos, descongelar,
cozinhar, assar, fritar, servir, lavar as louças, lavar e higienizar o local de
trabalho’ (Id. 6140a21- Pág. 1).
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Em defesa, o reclamado impugnou o pleito, sob o fundamento que


‘as merendeiras, normalmente, se revezam nas funções do dia a dia’ e que
‘enquanto em um dia, umas fazem a refeição, a outra ou outras, fazem a
limpeza do local e lavagem dos equipamentos e utensílios de cozinha’ (Id
c9280c3 - Pág. 5).
Alegou que as funções desempenhadas pela reclamante são aquelas
descritas no Anexo III do edital de concurso, quais sejam:
‘Prefeitura Municipal de Piracicaba Estado de São Paulo
Anexo III - Atribuições dos Cargos/Empregos.
Merendeiro: preparar refeições, selecionando, lavando,
cortando, temperando e cozinhando os alimentos, conforme
orientação recebida; verificar o estado de conservação dos
alimentos, separando os que não estejam em condições
adequadas de utilização, a fim de assegurar a qualidade das
refeições programadas; distribuir as refeições preparadas,
servindo-as conforme a rotina pré-determinada, para atender
aos comensais; registrar, em formulários específicos, o número
de refeições servidas, bem como a aceitabilidade dos alimentos
oferecidos, para efeito de controle; requisitar os materiais e
mantimentos quando necessário, para suprir a demanda;
receber e armazenar os gêneros alimentícios, de acordo com as
normas e instruções estabelecidas, a fim de atender aos
requisitos de convenção e higiene; proceder a limpeza,
lavagem e guarda de pratos, panelas, garfos, facas e demais
utensílios de copa e cozinha, para deixá-los em condições de
uso; dispor adequadamente os restos de comida e lixo da
cozinha, de forma a evitar proliferação de insetos; zelar pela
conservação e limpeza do local de trabalho, bem como dos
instrumentos e equipamentos que utilizar; seguir todas as
normas e procedimentos relacionados à alimentação escolar,
conforme determinação da Divisão de Alimentação e Nutrição;
executar outras tarefas relacionadas à sua área de atuação
quando determinadas pela Divisão de Alimentação e Nutrição’
(Id c9280c3 - Pág. 2-3).

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Determinada a realização de prova técnica, a sentença acolheu as


conclusões do laudo pericial e deferiu o pagamento do adicional de
insalubridade em grau médio (20%) pela exposição aos efeitos nocivos
do agente físico calor (ID 4d79af1 - Pág. 2), contra o que se insurge o
reclamado.
Aduz o recorrente que ‘nas cozinhas das escolas municipais,
trabalham de três a quatro merendeiras, sendo que elas se revezam nos
afazeres relacionados com a realização das refeições’, que enquanto ‘uma
faz a comida propriamente dita ou seja, cozinha o arroz, o feijão e a carne’,
‘outra lava os legumes e as hortaliças para que seja preparada a salada;
outra lava as louças e as vasilhas usadas para o preparo das refeições; por
vezes a merendeira que faz a lavagem dos utensílios ou prepara a salada,
ajuda na preparação do café da manhã’ (ID 0efc412 - Pág. 6).
Pois bem.
Dispõe o art. 189 da CLT, in verbis:
‘Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que,
por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os
empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância
fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de
exposição aos seus efeitos.’
Incontroverso que a reclamante se ativava nas cozinhas das
escolas municipais do réu tendo como atividades preponderantes o
preparo de alimentos, a limpeza de utensílios e a higienização da
cozinha e refeitórios.
Determinada a perícia técnica e após vistoria aos locais de trabalho,
quais sejam, Escola Municipal Profª. Anna Maria Fontabelli Avansi e
Escola Municipal Angela Sbrogio Furlan, localizadas no município de
Piracicaba, o perito descreveu as seguintes atividades da reclamante:
‘A reclamante trabalha como merendeira na cozinha
das escolas municipais onde são preparadas as refeições dos
alunos e também dos funcionários.
Diariamente a reclamante prepara o café da manhã
com leite com chocolate e café preto dos alunos, logo em
seguida inicia o preparo do almoço colocando o arroz e o

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feijão para cozinhar, corta os legumes e prepara a mistura do


dia.
Na sequência inicia o preparo do jantar com outros
tipos de alimento, tais como tortas, polenta, cuzcuz, risoto,
quibe assado, frango assado, sopas, etc.
Também prepara o café da tarde para ser fornecido aos
alunos.
Todos esses alimentos são cozidos ou assados de forma
que o fogão e o forno funcionam por toda a jornada.’ (ID
b9a23ac - Pág. 4).
Em relação aos esforços físicos da trabalhadora
envolvidos em suas atividades rotineiras, apontou o nobre
vistor que ‘durante as atividades a reclamante trabalha de pé
se movimentando no setor, e também carregando panelas
grandes de até 10 kg. A taxa metabólica referente a atividade
da reclamante é considerada Moderada, conforme Quadro 3
do Anexo 3 da NR 15’, considerando taxa de metabolismo de
220 kcal/h e IBUTG máximo permitido de 26,7’ (ID b9a23ac -
Pág. 8).
A perícia apontou que, no exercício de suas atividades, a autora
estaria exposta ao seguinte agente insalubre:
‘8 - AVALIAÇÃO E ANÁLISE DOS AGENTES
INSALUBRES IDENTIFICADOS.
Calor
- Durante a realização de suas atividades a reclamante
ficava exposto ao calor do fogão. Foi realizada medição do
IBUTG (Índice de Búlbo Úmido e Termômetro de Globo) no
ambiente de trabalho da reclamante nas escolas onde a mesma
trabalhou obtendo-se os seguintes valores:
- 28,6ºC - Escola Prof. Anna Maria Fontabelli Avansi
(onde a reclamante trabalha atualmente)
- 29,2ºC - Escola Municipal Angela Sbrogio Furlan
(onde a reclamante trabalhou nos anos de 2010 e 2011) (ID
b9a23ac - Pág. 7).

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E concluiu que ‘de acordo com o Anexo 3 da NR 15 da


Portaria 3.214/78, e Arts. 189 a 192 da CLT as atividades
desempenhadas pela reclamante, em todo o período
trabalhado, foram classificadas como insalubres em grau
médio por exposição ao calor, fazendo jus ao adicional de
20% sobre o salário mínimo vigente’ (ID b9a23ac - Pág. 9).
Em impugnação ao laudo técnico (ID 115a2fd), o
reclamado discordou da conclusão apresentada asseverando que
‘o Louvado Perito realizou uma única medição de temperatura
ao lado do fogão, justamente numa área em que o calor
encontra-se bem mais elevado se comparado aos demais locais
da cozinha, sendo certo em poucas oportunidades a periciada
aproxima-se do fogão, razão pela qual o laudo oficial restam
prejudicados’
Entretanto, nos termos do artigo 479 do novo CPC,
subsidiariamente aplicável no processo trabalhista por
compatível, o juiz ‘apreciará a prova pericial de acordo com o
disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o
levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões
do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito’.
As constatações da perícia técnica foram embasadas no fato da
autora atuar em regime de trabalho contínuo, que suporta até 26,7ºC
(ID Num. b9a23ac - Pág. 8). Entretanto, não explicou em nenhum
momento porque considerou tal regime, tendo os autos demonstrado
que a reclamante não estava continuamente exposta ao calor.
Com efeito, é incontroverso que as atribuições da reclamante não
se limitavam à tarefa de cozinhar, consistindo também em preparar os
alimentos em uma escola infantil, descongelá-los, servir, lavar louça e
lavar e higienizar a cozinha e o refeitório, tal como aduziu na inicial.
Ademais, não se pode afirmar que o tempo de cozimento dos alimentos
equivaleria ao período em que a reclamante permanecia junto ao fogão
e ao forno, sob efeito do direto do calor emitido, o que denota que não
se ativava de forma contínua em exposição ao calor..

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Diante disso, imperiosa a conclusão de que a autora, como


cozinheira/merendeira de escola municipal, não trabalhava em
condições de insalubridade nos termos do artigo 189 da CLT.
Por tais razões, não há como manter a decisão de piso, pelo que
decido rejeitar a preliminar e dar provimento à remessa oficial e ao recurso
do reclamado para excluir da condenação o pagamento do adicional de
insalubridade em grau médio e reflexos, julgando improcedente a ação.
(g.n.)

No recurso de revista, a Reclamante alega que o


contato intermitente com agente insalubre gera direito à percepção
do adicional respectivo. Aponta contrariedade à Súmula 47/TST.
Suscita divergência jurisprudencial.
O recurso de revista alcança conhecimento.
O trabalho executado em condições insalubres, em
caráter intermitente, não afasta, só por essa circunstância, o
direito à percepção do respectivo adicional (Súmula 47/TST).
Na hipótese dos autos, o Tribunal Regional
reformou a sentença para afastar a condenação do Município Reclamado
ao pagamento do adicional de insalubridade.
Extrai-se do acórdão regional que a sentença, com
base no laudo pericial, concluiu que a Autora, no exercício da
função de cozinheira/merendeira, desenvolvia suas atividades em
ambiente insalubre, registrando que a perícia, após análise do local
de trabalho, apurou que a Reclamante laborava exposta a uma
temperatura de 29,2ºC, no ambiente que trabalhou entre 2010 e 2011,
e 28,6ºC, no ambiente que trabalha atualmente, enquanto o limite de
tolerância para sua atividade, considerada moderada (trabalho de pé,
trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação -
Quadro 3 da NR-15), seria de 26,7ºC (por se tratar de trabalho
contínuo).
A Corte de origem, por sua vez, afastou o
adicional de insalubridade em razão da ausência de continuidade da
exposição alegada pela Reclamante.

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Entretanto, do contexto fático delineado no


acórdão regional, conclui-se que a Reclamante, durante seu trabalho,
tinha contato, ainda que não permanente, com o agente físico calor,
acima dos limites de tolerância previstos para sua atividade, o que
enseja o pagamento do adicional, nos termos da Súmula 47/TST.
Ora, nos termos da Súmula 47/TST, o trabalho
executado em condições insalubres, em caráter intermitente, não
afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do
respectivo adicional.
No mesmo sentido, o seguinte julgado desta
Terceira Turma:

RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI


13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE. AMBIENTE ARTIFICIALMENTE FRIO.
EXPOSIÇÃO AO FRIO EM CÂMARAS FRIGORÍFICAS. CONTATO
REDUZIDO. CABIMENTO DA VERBA. SÚMULA 47 DO TST. Na
hipótese dos autos, não obstante o laudo pericial tenha registrado a
ocorrência de labor em condições insalubres, o TRT manteve a sentença em
que foi julgado improcedente o pedido de adicional de insalubridade, ante a
exposição do Autor a ambiente frio, por período extremamente reduzido, no
exercício da atividade de fiscal de prevenção e perdas. A teor da Súmula 47
do TST, "O trabalho executado em condições insalubres, em caráter
intermitente, não afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do
respectivo adicional". Em consonância com a diretriz que se extrai desse
verbete sumular, a jurisprudência desta Corte Superior tem se sedimentado
no sentido de reconhecer que, em se tratando de labor prestado em
ambientes frios, sendo reconhecida a condição insalubre, a circunstância de
o lapso temporal de permanência do empregado sob essa condição, ter se
verificado de forma reduzida ou intermitente, não elide o direito à
percepção do adicional de insalubridade. Logo, diversamente do
entendimento adotado pelo TRT, não se aplica a lógica que emana da
Súmula 364 do TST - relativa apenas ao adicional de periculosidade.
Recurso de revista conhecido e provido no tema. (RR - 1707-

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35.2012.5.02.0023, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de


Julgamento: 06/12/2017, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 11/12/2017)

A título ilustrativo, cito os seguintes julgados


desta Corte envolvendo o mesmo Município Reclamado:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. 1. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. MERENDEIRA.
AGENTE FÍSICO CALOR. I. A parte Agravante não demonstrou o
desacerto da decisão de origem que denegou seguimento ao recurso de
revista. II. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se nega
provimento. (AIRR - 11642-47.2015.5.15.0051, Relator Ministro:
Alexandre Luiz Ramos, Data de Julgamento: 02/08/2018, 4ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 10/08/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. O direito ao adicional de
insalubridade foi reconhecido a partir da constatação de que a trabalhadora
estava exposta a calor superior ao limite de tolerância, fazendo jus ao
pagamento respectivo. Decisão recorrida em consonância com o item II da
OJ nº 173 da SDI-1 desta Corte Superior. Incidência da Súmula nº 333 do
TST e do art. 896, § 7º, da CLT. Agravo de instrumento conhecido e não
provido. (AIRR - 11741-50.2015.5.15.0137, Relatora Ministra: Dora Maria
da Costa, Data de Julgamento: 17/10/2018, 8ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 19/10/2018)

Por todo o exposto, CONHEÇO do recurso de revista


por contrariedade à Súmula 47/TST.

II) MÉRITO

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. COZINHEIRA/MERENDEIRA.


CONTATO INTERMITENTE COM O AGENTE INSALUBRE. SÚMULA 47/TST

Conhecido o recurso por contrariedade à Súmula


47/TST, DOU-LHE PROVIMENTO para restabelecer a sentença, no
particular.

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PROCESSO Nº TST-RR-12181-13.2015.5.15.0051

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, à unanimidade: I – dar provimento ao agravo de
instrumento para determinar o processamento do recurso de revista;
II – conhecer do recurso de revista da Reclamante, por contrariedade
à Súmula 47/TST, e, no mérito, dar-lhe provimento para restabelecer
a sentença, no particular.
Brasília, 18 de setembro de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


MAURICIO GODINHO DELGADO
Ministro Relator

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