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EXCELENTÍSISMO SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA

VARA CÍVEL DA COMARCA DE CRICIÚMA/SC

JOÃO LÚCIO SODRÉ, brasileiro, casado, eletricista,


endereço eletrônico pj@yahoo.com RG 111.111 e
CPF 111.111.111-11, e MARIA LÚCIA DA SILVA
SODRÉ, brasileira, casada, manicure, email
mjs@yahoo.com, de RG 222.222 e CPF
222.222.222-22) ambos residentes em Criciúma/SC,
Rua Geral Santa Cruz, s/nº, Bairro Santa Cruz, vem,
baseando-se no artigo 319 do CPC e seguintes, por
meio de seu advogado com procuração de poderes
especiais – anexada ao processo- propor AÇÃO DE
USOCAPIÃO de imóvel rural, pelos motivos de fato e
de direito que a seguir passa a expor:

PRELIMINAR
Declara a parte para os devidos fins que sua atual condição econômica
não permite demandar em juízo sem prejuízo do seu sustento próprio e da sua
família, pelo que pede os benefícios da justiça gratuita previstos na Carta
Constitucional de 1988, e mais precisamente, com fulcro no artigo 4º, caput da
Lei 1.060/50 (estabelece normas para a concessão da assistência judiciária aos
necessitados), consorciado com o artigo 1º da Lei 7.115 de 29 de agosto de
1983.

I – DOS FATOS
Os autores são possuidores de uma área de terras localizada no município
de Criciúma de metragem de 50 (cinquenta) hectares, e contém, além da
residência dos autores, uma área destinada a plantações de hortaliças e criação
de animais, atividades estas para sua subsistência.

Desde o ano de 2009, quando celebraram um contrato de compra e venda


junto ao antigo proprietário, qual seja Indústria e Comércio Jaboatão Ltda. Aduz
utilizam o imóvel rural sem que nunca houvesse qualquer contestação acerca de
sua utilização por parte dos vizinhos/confinantes, Srª Magali (ao sul), Sr. Marcelo
e sua esposa Bianca (ao norte) e Sr. José Carlos (ao leste).
A posse é exercida sem qualquer oposição e os autores vem pagando,
inclusive, os tributos relativos ao imóvel. Visando regularizar sua situação
jurídica, tendo em vista a clareza dos elementos que ensejam a ação, buscam
por meio do usocapião propriedade do imóvel.

II – DOS FUNDAMENTOS
A Constituição Federal de 1988 expõe acerca do direito ao
usocapião:

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel


rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona
rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela
sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Para Maria Helena Diniz,( Maria Helena. Curso de Direito Civil. Direito das
Coisas. 22 ed. São Paulo. Saraiva. p.155) a Usucapião é um direito novo,
autônomo, independentemente de qualquer ato negocial provindo de um
possível proprietário, tanto assim que o transmitente da coisa objeto da
usucapião não é o antecessor, o primitivo proprietário, mas a autoridade
judiciária que reconhece e declara por sentença aquisitiva por usucapião.

A importância de tal instituto é tanta que encontra-se também


localizado no Código Civíl:

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel


rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural
não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva
por seu trabalho ou de sua -Imóvel rural com extensão
até 50 hectares;

Em linhas gerais, poder-se-ia organizar os principais requisitos do


usocapião pelo (a) exercício da posse sobre esse imóvel sem oposição e
ininterrupta pelo lapso temporal de 05 anos; também pelo (b) o imóvel utilizado
para fins de moradia; e o possuidor, mediante trabalho seu ou com auxílio da
família, devem ter tornado a terra produtiva e por fim (c) o possuidor não ser
proprietário de nenhum outro imóvel, seja ele rural ou urbano.
A usucapião é forma de aquisição da propriedade, e para o seu
reconhecimento são necessários dois elementos básicos, quais sejam, a posse
(mansa e pacífica) e o tempo (superior à cinco anos). Destaca-se ainda a
necessidade do animus domini, ou seja, intenção da posse.

Deste modo verifica-se o cumprimento dos requisitos ao usocapião, tendo


em vista a posse superior à 5 anos, data do contrato de compra, atestado pelo
pagamento das contas referentes ao imóvel, além do testemunho da vizinhança
que garante não só a posse e moradia dos habitantes, como também o caráter
pacífico da mesma durante todo o tempo decorrido.

Os documentos juntados anexo, referente ao contrato de compra e venda,


guias de pagamentos de luz e negativa do registro na prefeitura de qualquer
outro imóvel se não o em questão, provão a boa fé dos autores e ensejam, no
caso claro e cristalino de direito, a declaração de propriedade.

Uma recente decisão do tribunal de santa catarina ilustra perfeitamente o


cabimento e adequação de tal ação, representando também o entendimento
corrente e majoritário do tribunal:

APELAÇÃO CÍVEL E AGRAVO RETIDO. AÇÃO DE


USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA DE IMÓVEL RURAL.
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. AGRAVO RETIDO
DA RÉ. ALEGAÇÃO DE INÉPCIA DA INICIAL POR
AUSÊNCIA DOS DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS
AO PROCESSAMENTO DA DEMANDA (PLANTA
TOPOGRÁFICA E MEMORIAL DESCRITIVO).
INSUBSISTÊNCIA. DOCUMENTAÇÃO JUNTADA
PELO AUTOR EM EMENDA À INICIAL. MAGISTRADO
QUE, POSTERIORMENTE, DETERMINOU A
REALIZAÇÃO DE NOVO LEVANTAMENTO
TOPOGRÁFICO PELO PERITO. INTIMAÇÃO DAS
PARTES PARA MANIFESTAÇÃO ACERCA DO
TRABALHO REALIZADO PELO EXPERT. AUSÊNCIA
DE IRRESIGNAÇÃO NAQUELA OPORTUNIDADE.
ACERVO PROBATÓRIO QUE PROPICIA A
ESPECIFICAÇÃO DOS LIMITES E DAS
CONFRONTAÇÕES DO IMÓVEL SUB JUDICE.
OBSERVÂNCIA AO ART. 942 DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL DE 1973. TESE DE NULIDADE
REFUTADA. AGRAVO RETIDO NÃO ACOLHIDO.
APELO DA DEMANDADA. ALEGAÇÃO DE
INEXISTÊNCIA DE FIXAÇÃO DE MORADIA NO
IMÓVEL USUCAPIENDO. REQUISITO NÃO EXIGÍVEL
NA MODALIDADE EXTRAORDINÁRIA DE
USUCAPIÃO. EXEGESE DO ART. 1.238 DO CÓDIGO
CIVIL. GLEBA UTILIZADA PELO AUTOR PARA A
EXPLORAÇÃO DE EXTRAÇÃO DE PEDRAS.
FUNÇÃO SOCIAL E DESTINAÇÃO ECONÔMICA
CONFERIDAS AO BEM. AUSÊNCIA DE PROVAS EM
RELAÇÃO À OCUPAÇÃO E À EXPLORAÇÃO POR
EMPRESA CONFRONTANTE. ÔNUS PROBANDI NÃO
ATENDIDO PELA RÉ (ART. 333, II, DO CPC/1973).
ARGUIÇÃO DE IMPRECISÃO DE LOCALIZAÇÃO DA
ÁREA USUCAPIENDA. NÃO CABIMENTO. IMÓVEL
INDIVIDUALIZADO POR INTERMÉDIO DE PERÍCIA
REALIZADA NOS AUTOS. CONJUNTO PROBATÓRIO
QUE DEMONSTRA O EXERCÍCIO DE POSSE MANSA,
PACÍFICA E COM ANIMUS DOMINI DO AUTOR
(SUCEDIDO POR SEUS HERDEIROS) SOBRE O
IMÓVEL POR PRAZO SUFICIENTE À DECLARAÇÃO
DE DOMÍNIO EM SEU FAVOR. CUMPRIMENTO DOS
REQUISITOS DA USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA
PARA FINS DE ATIVIDADE PRODUTIVA (ART. 1.238,
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CC). SENTENÇA MANTIDA.
RECURSOS DE AGRAVO RETIDO E DE APELAÇÃO
CONHECIDOS E DESPROVIDOS. (TJSC, Apelação
Cível n. 0002938-95.2005.8.24.0018, de Chapecó, rel.
Des. Carlos Roberto da Silva, 1ª Câmara de
Enfrentamento de Acervos, j. 30-01-2019).

Entende-se a clareza da situação e o cumprimento de todos os requisitos


legais para que seja reconhecido o direito à propriedade por parte do autor e a
declaração da propriedade via usucapiçao.

III- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

1 – Procedência do pedido de justiça gratuita, com base no artigo 4º, caput


da Lei 1.060/50.

2- Procedência do pedido de usucapião, visto cumprimento dos requisitos


legais, sucedendo-se a declaração da propriedade do imóvel e a inscrição da
matrícula no registro de imóveis.

Valor da causa: R$ 100.000,00 (cem mil reais)

Termos em que pede deferimento.

Criciúma, 15 de maio de 2019


Alex da rosa
OAB/SC
IV - DOCUMENTOS

- contrato de compra e venda;

- cópias dos documentos de identidade dos autores;

- procuração em nome de alex da rosa

- comprovante de pagamento das guias de água e luz;

- planta do imóvel.

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