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3. RESULTADOS 225
203
13
anos, sendo a maior parte situada entre 18 a 24 anos (80%). 7 4 3
Muro Pintado
Internet
Televisão
Rádio
Santinho
Carreata
Revista
Jornal
Cabo Eleitoral
conversas
Outros
Comício
Família
Debates e
Carro de som
Tabela 1. Entrevistados por faixa etária
Faixa Etária Total %
Menos de 18 anos 9 2% Figura 1 – Mídias utilizadas nas Eleições de 2008 pelos
18 a 21 anos 209 49% participantes como fonte de informação sobre os candidatos
22 a 24 anos 134 31%
25 a 30 anos 63 15% Em relação ao pleito de 2010, foi solicitado aos participantes que
Mais de 30 anos 14 3% indicassem apenas um meio que pretenderiam utilizar na obtenção
de informações sobre os candidatos e explicassem o porquê da
Em relação à distribuição dos participantes quanto ao ano em escolha. A Internet foi mencionada por 196 participantes (46%),
curso na Universidade, 30% estão no 1º ou 2º períodos; 23% no 3º ligeiramente mais lembrada que a televisão, que recebeu 179
ou 4º; 14% no 5º ou 6º; 20% no 7º ou 8º; 9% no 9º ou 10º; e 5% menções (42%). Os jornais apareceram em terceiro lugar, citados
em outra situação, incluindo alunos de pós-graduação ou fora da por 32 participantes (7%) e os demais meios juntos não somaram
periodização ideal. Quando perguntados sobre o comparecimento mais do que 5% das respostas.
aos pleitos eleitorais, 12% dos participantes disseram ainda não
terem votado, 23% votaram apenas uma vez, 21% duas vezes e As principais justificativas dos entrevistados para a escolha da
44% votaram três vezes ou mais. Internet foram: facilidade de acesso; praticidade; disponibilidade
para consulta a qualquer momento; quantidade e qualidade das
3.2 Hábitos de uso da Internet informações. Dentre os que indicaram a televisão, as principais
justificativas foram: maior facilidade; [discurso] mais pessoal;
A maioria dos entrevistados (78%) disse acessar a Internet de candidatos podem falar mais; todos têm acesso; não preciso
casa, ficando a Universidade em segundo lugar (12%), o trabalho procurar ou não tenho tempo para procurar. A escolha dos jornais
em terceiro (9%) e outros locais como lan-houses aparecem em foi justificada por respostas como: mais sério; menos tendencioso;
quarto (1%). No que diz respeito ao tempo diário de conexão, a maior acesso.
maior parte dos estudantes permanece até 4h conectado (65%)
principalmente utilizando banda larga (88%). 3.4 Hábitos versus preferências
Tabela 2. Tempo médio de conexão diário Foi encontrada uma baixa correlação negativa (r=-0,11) entre a
Faixa Etária Total % preferência pela Internet como meio de informações sobre os
Até 2h 127 30% políticos nas eleições de 2010 e os participantes de idades entre
2 a 4h 151 35% 26 e 30 anos. Ainda em relação aos meios a serem utilizados em
4 a 6h 81 19% 2010, participantes do sexo masculino apresentaram baixa
Mais de 6h 70 16% correlação positiva (r=0,147) com a preferência pela Internet e
baixa correlação negativa (r=-0,155) com a preferência pela
Tabela 3. Conexão com a Internet televisão. As entrevistadas do sexo feminino apresentaram
Tipo Total % correlações igualmente baixas, porém invertidas: televisão com
Discada 4 1% r=0,155 e Internet com r=-0,146.
Cabo, Velox, GVT 379 88% Nos demais meios nenhuma correlação foi encontrada. O tempo
3G 30 7% gasto na Internet apresentou baixa correlação negativa (r=-0,185)
Não sei 16 4% com os participantes que passam até duas horas conectados
diariamente, e baixa correlação positiva com os que passam mais 3.5.1 Otimistas e pessimistas
de seis horas conectados (r=0,19).
O primeiro grupo temático foi definido por seu otimismo ou
3.5 Opiniões sobre o uso das redes sociais pessimismo em relação ao potencial da Internet como ferramenta
pelos candidatos nas Eleições de 2010 para a aproximação entre eleitores e candidatos, discussão de
propostas e participação do cidadão no processo eleitoral. As
As respostas graduadas na escala Likert a partir das 14 afirmações gradações entre otimistas e pessimistas e seus respectivos escores
que encerraram o questionário foram analisadas a partir de quatro padronizados estão listadas na Tabela 6. Os participantes muito
grupos temáticos que classificaram os participantes em otimistas e otimistas estariam completamente de acordo com todas as
pessimistas, abertos e fechados, inclusivos e seletivos, afirmações, enquanto os muito pessimistas discordariam
preocupados e despreocupados. A Tabela 4 apresenta os escores completamente de todas.
para as alternativas da escala, a partir dos quais os extremos das
pontuações de cada grupo temático foi definida. Tabela 6. Escores padronizados
processo.
5. A capacidade do candidato em se Figura 2 – Otimismo em relação ao uso da Internet nas
NCD
relacionar com seus eleitores via Internet D (2)
(3)
1,08 Eleições 2010 (N=429)
seria fundamental para ser eleito.
6. Candidatos poderiam usar redes sociais No grupo dos entrevistados que disseram optar pela Internet como
(Blog, Twitter, Orkut, Facebook) para C (4) C (4) 1,11 fonte de informação sobre os candidatos (N=196), há uma
conhecer e se aproximar dos seus eleitores.
diminuição do número de pessimistas (8,7%) e moderados
7. Uma boa campanha virtual poderia
substituir uma campanha ruim nas ruas.
D (2) D (2) 1,11 (44,9%) e crescimento dos otimistas (41,8%) e muito otimistas
8. A propaganda política online seria mais (4,6%). Entre os entrevistados que indicaram a televisão como
atraente para quem tem conhecimentos de C (4) C (4) 1,07 fonte de informação (N=179), os pessimistas representam 10,3%,
informática. moderados 60,6%, otimistas 27,9% e muito otimistas 1,1%. Já nos
9. A propaganda política online seria mais participantes que optaram pelos jornais (N=32), quatro
C (4) C (4) 0,97
atraente para os jovens. participantes se disseram pessimistas, 22 moderados e seis
10. O candidato poderia ser eleito apenas otimistas quanto ao uso da Internet pelos políticos.
D (2) D (2) 1,00
fazendo campanha via Internet.
11. Quem adicionasse um candidato no 3.5.2 Abertos e fechados
Orkut ou o seguisse no Twitter seria seu D (2) D (2) 0,90
eleitor. O segundo grupo temático foi definido por sua abertura ou
12. Quanto mais contatos e seguidores
D (2) D (2) 1,00
fechamento em relação à interação com o candidato que utiliza a
online, mais votos. Internet para se aproximar dos seus potenciais eleitores. Os
13. A propaganda eleitoral via Internet escores padronizados para a gradação entre os perfis muito
precisaria ter regras assim como os demais CC (5) CC (5) 0,85 fechados e muito abertos são apresentados na Tabela 7. As
meios.
afirmações que definiram o segundo grupo temático foram: 5, 6,
14. Candidatos e partidos poderiam inserir
propaganda política em qualquer site da D (2) D (2) 1,15
11 e 12.
Internet.
Tabela 7. Escores padronizados nem discordam; 19,1% concordam completamente; 7,2%
discordam; 0,5% discordam completamente.
Avaliação Escore
Muito fechado Até 4 47,1%
Fechado 5a8
Moderado 9 a 12
Aberto 13 a 16
26,1%
Muito aberto 17 a 20
19,1%
71,1%
Uma terceira questão que poderia ser levantada diz respeito
especificamente ao perfil do entrevistado, que não representa a
realidade da maioria da população brasileira. Estima-se que cerca
de 27% dos domicílios brasileiros possuem acesso à Internet [9],
enquanto a amostra deste estudo já está quase integralmente
conectada por meio de conexões de banda larga.
Pode-se sugerir ainda que a Internet e suas ferramentas fazem
15,6%
12,1% parte cotidiano do universitário, o que também contribuiria para a
0,0% 1,2%
manifestação de opiniões mais elaboradas e consistentes sobre
Muito despreocupados Despreocupados Moderados Preocupados Muito Preocupados
questões de privacidade, regulamentação da propaganda política
online ou mesmo sobre o alcance efetivo das redes sociais como
Figura 5 – Preocupados e despreocupados com a ferramentas de mobilização e articulação social.
regulamentação da propaganda política online (N=429) Por fim, vale recuperar o período de realização do estudo como
mais um fator de influência. Após o início oficial do horário
A maior porcentagem de moderados está entre os participantes político na televisão e rádio, muitos candidatos adotaram
que indicaram a Internet como fonte de informação (19,4%), estratégias de comunicação baseadas na Internet que podem
quase o dobro dos moderados que preferem a televisão (10,6%) e mudar as percepções dos participantes deste estudo em especial e
cerca de 50% maior do que os moderados da amostra completa da população brasileira em geral no que tange ao potencial efetivo
(10,6%). Nenhum dos grupos apresentou participantes muito da Internet como mais um espaço democrático para a discussão de
despreocupados e os despreocupados se mantiveram por volta de projetos políticos para o país e para a obtenção de informações
1% das respostas. sobre os candidatos, suas histórias de vida e propostas.
4. DISCUSSÃO 5. REFERÊNCIAS
De forma geral, pode-se entender que o estudante da Ufes é [1] Wikipedia: Barack Obama presidential campaign.
cauteloso quanto ao potencial da Internet como espaço para http://en.wikipedia.org/wiki/Barack_Obama_presidential_ca
debates políticos. Talvez por isso a televisão ainda apareça como mpaign,_2008#Innovations
uma forte alternativa sustentada por justificativas que defendem a
facilidade de acesso e comodidade na obtenção da informação. [2] ReadWriteWeb: Obama’s Social Media Advantage.
Apesar das limitações do presente estudo, principalmente no que http://www.readwriteweb.com/archives/social_media_obama
tange à sua circunscrição ao universo dos alunos da Ufes, pode-se _mccain_comparison.php
observar a emergência de importantes questões sobre a [3] How social media won Obama the US Election.
expectativa dos eleitores em relação à propaganda política na http://www.marketingmag.com.au/blogs/view/how-social-
Internet e do comportamento online dos candidatos. media-won-obama-the-us-election-865
Em primeiro lugar, suposições como quanto mais contatos, mais [4] How Barack Obama Won: A State-by-State Guide to the
votos não parecem fazer sentido para os participantes. Embora a Historic 2008 Presidential Election. Knopf Doubleday
tendência de abertura às interações com os candidatos por meio Publishing/Vintage Press, 2009.
das redes sociais figure nos dados de moderada para aberta, outras [5] O Globo Online: Campanha oficial começa e candidatos não
dimensões como a preocupação sobre a regulamentação da perdem tempo para pedir votos no Twitter.
ocupação das redes pela propaganda política e a discordância em http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/07/06/c
relação à maior acessibilidade e mais oportunidades de ampanha-oficial-comeca-candidatos-nao-perdem-tempo-
participação no processo também devem ser considerados. para-pedir-votos-no-twitter-917078569.asp
Se por um lado a Internet oferece mais oportunidades de conhecer [6] O Globo Online: Candidato posta vídeos picantes no
o passado do candidato, o meio ainda não é suficiente para ser YouTube para fazer propaganda eleitoral.
adotado como única estratégia de campanha, tão pouco é http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/08/17/c
percebido como uma alternativa para aproximar eleitores e andidato-posta-videos-picantes-no-youtube-para-fazer-
candidatos. A percepção de que a Internet ainda é mais atraente propaganda-eleitoral-917413187.asp
para jovens e pessoas com conhecimentos de informática se faz [7] Políticos compram listas de seguidores do Twitter. Correio
presente nas afirmações dos estudantes da Ufes, o que pode ser Braziliense, 27/06/2010.
um indício de que os participantes possuem pessoas em seus http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/201
círculos sociais que ainda não estariam preparados para um debate 0/6/27/politicos-compram-listas-de-seguidores-do-twitter
político mediado pelas tecnologias de informação e comunicação. [8] Cohen, J. Statistical power analysis for the behavioral
Um segundo ponto importante diz respeito às escolhas dos sciences (2nd ed.). Routledge Academic, 1988.
universitários. A opção por um ou outro meio como fonte de [9] Pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e
informação sobre os políticos parece estar relacionada a uma série Comunicação – TIC Domicílios e TIC Empresas 2009.
de fatores: tempo diário dedicado ao veículo, facilidade de acesso Comitê Gestor da Internet no Brasil.
http://www.cetic.br/tic/2009/index.htm