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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

ENGENHARIA CIVIL

PAULO RAMOS

ANÁLISE DO PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES –


QUASE ACIDENTE – E A VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DIRETA NA
CONSTRUÇÃO CIVIL – ESTUDO DE CASO

CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2009


PAULO RAMOS

ANÁLISE DO PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES –


QUASE ACIDENTE – E A VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DIRETA NA
CONSTRUÇÃO CIVIL – ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


para obtenção do grau de Engenheiro Civil no
curso de Engenharia Civil da Universidade do
Extremo Sul Catarinense, UNESC.

Orientador: Prof. Msc. Clovis Norberto Savi

CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2009


PAULO RAMOS

ANÁLISE DO PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – QUASE


ACIDENTE – E A VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DIRETA NA CONSTRUÇÃO
CIVIL – ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso, aprovado pela


Banca Examinadora para obtenção do Grau de
Engenheiro Civil no curso de Engenharia Civil da
Universidade do Extremo Sul Catarinense,
UNESC, com linha de Pesquisa em Segurança do
Trabalho.

Criciúma, 09 de Dezembro de 2009.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________
Prof º Clovis Norberto Savi – Mestre – UNESC – Orientador

_______________________________________________
Prof ª. Ângela Costa Piccinini – Mestre – UNESC – Banca

_______________________________________________
Prof º. Edson Luiz da Silva – Mestre – UNESC - Banca
5

• Dedico este trabalho aos meus pais e meu irmão


que sempre me apoiaram e me ajudaram estando
ao meu lado em todos os momentos.
• À minha noiva pelas palavras de ânimo e apoio
constante.
6

AGRADECIMENTOS

• À DEUS por ser a razão da minha vida, pela ajuda em todos os momentos, por
ser o meu melhor amigo.
• Aos meus familiares, Pai, Mãe, meu irmão (Andy) e Tia Vanda que me ajudaram
com muito amor, carinho, respeito, paciência, incentivo.
• À minha noiva Samanta que com suas palavras de ânimo, amor, carinho me
ajudaram a chegar até aqui com muito sucesso.
• Ao meu orientador Prof º Clovis pela motivação e apoio para a realização deste
trabalho e sempre disponível para as orientações.
• À BUNGE FERTILIZANTES S.A por disponibilizar a empresa para a realização
da pesquisa deste trabalho, assim como a atenção e ajuda de todos funcionários do
setor de Segurança do Trabalho, RH, Manutenção, Mina, à Gerencia Industrial e a
todos que me ajudaram.
• Aos colegas de faculdade que estiveram ao meu lado com incentivo,
companheirismo até chegar ao dia tão esperado da formatura.
7

LISTA DE ILUSTRAÇÃO

FIGURA 1: Placa de aviso.........................................................................................44


FIGURA 2: Fita sinalizadora.................................................................................... ..44
FIGURA 3: Corrente de sinalização...........................................................................44
FIGURA 4: Cone de sinalização..................................... ..........................................45
FIGURA 5: Plataforma de proteção...........................................................................46
FIGURA 6: Detalhes da plataforma de proteção.............................................. .........46
FIGURA 7: Guarda corpo de laje ..............................................................................47
FIGURA 8: Protetor para poço de elevador ..............................................................48
FIGURA 9: Tela fechadeiro........................................................................... ............49
FIGURA 10: Tela leve ................................................. .............................................49
FIGURA 11: Tela tapume ................................................. ........................................50
FIGURA 12: Capacete tipo aba frontal......................................................................53
FIGURA 13: Capacete tipo aba total................................................. ........................53
FIGURA 14: Capacete tipo aba frontal com viseira...................................................54
FIGURA 15: Capacete tipo aba frontal com protetor tipo concha..................... ........54
FIGURA 16: Óculos de segurança para proteção com lente incolo.................... ......55
FIGURA 17: Óculos de segurança para proteção com lente de tonalidade escura ..55
FIGURA 18: Óculos de segurança para proteção tipo ampla visão..........................56
FIGURA 19: Protetor auditivo tipo concha ................................................................57
FIGURA 20: Protetor auditivo tipo inserção (Plug)....................................................57
FIGURA 21: Respirador purificador de ar (descartável) ...........................................58
FIGURA 22: Respirador purificador de ar (com filtro)................................................58
FIGURA 23: Respirador purificador de ar com filtro (descartável)............................ 59
FIGURA 24: Luva de proteção tipo vaqueta..............................................................60
FIGURA 25: Luva de proteção de algodão ...............................................................60
FIGURA 26:Luva de proteção emborrachada..................................... ......................60
FIGURA 27:Luva de proteção de latex .......................................................... ...........61
FIGURA 28:Luva de proteção de PVC cano longo................................... ................61
FIGURA 29:Luva de proteção de raspa.................... ................................................61
FIGURA 30: Cinturão de segurança tipo pára - quedista..................................... .....62
FIGURA 31: Dispositivo tava - quedas.................................................................. ....63
8

FIGURA 32: Botina em couro com elástico.......................................................... .....63


FIGURA 33: Sapato em couro...................................................................................64
FIGURA 34: Bota de borracha...................................................................................64
FIGURA 35: Perneira de raspa..................................................................................64
FIGURA 36:Pirâmide de Frank Bird........................................................................ ..66
FIGURA 37: Bloco de registro de quase acidente.....................................................67
FIGURA 38: Portaria central da Bunge Fertilizantes S.A.-Unidade de Cajati-SP.. ...69
FIGURA 39: Comprometimento com o registro do Quase Acidente na Bunge
Fertilizantes S.A......................... ...............................................................................74
FIGURA 40: Quadro de resultados - Gestão a vista........................................... ......75
FIGURA 41: Estatística de Acidentes na Bunge Fertilizantes-Unidade de Cajati-SP
em 2004. ...................................................................................................................77
FIGURA 42: Estatística de Acidentes na Bunge Fertilizantes-Unidade de Cajati-SP
em 2005.....................................................................................................................78
FIGURA 43: Estatística de Acidentes na Bunge Fertilizantes-Unidade de Cajati-SP
em 2008.....................................................................................................................78
FIGURA 44: Estatística dos relatos de Quase Acidente na construtora de
Criciúma-SC.. ............................................................................................................80
9

RESUMO

A Bunge Fertilizantes S.A. é uma empresa que atua em todas as etapas de


produção de fertilizantes e se dedica em melhorar as condições de trabalho de seus
funcionários com a segurança do trabalho, aplicando e aperfeiçoando programas de
prevenção de acidente como o Quase Acidente. Com isso, este trabalho tem como
objetivo o estudo do programa de prevenção de acidentes - Quase Acidente - da
Bunge Fertilizantes S.A. e analisar a viabilidade da aplicação do programa na
construção civil. Após a coleta de dados estatísticos na Bunge sobre o programa, a
apresentação e a aplicação foram feitas em uma obra residencial localizada na
cidade de Araranguá/SC, de responsabilidade de uma construtora de Criciúma/SC,
onde foram coletados os relatos de Quase Acidente dos funcionários e analisados
posteriormente. Buscou-se fazer a verificação das dificuldades encontradas para a
aplicação do Quase Acidente e o interesse da construtora em aplicar este programa
em suas obras.

Palavras-chave: Segurança do trabalho, Quase Acidente, Viabilidade, Construção


Civil.
10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. ..........12
2 TEMA............................................................................................................. .........13
2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA...................................................................................13
3 PROBLEMA DE PESQUISA ...................................................................... ...........14
4 JUSTIFICATIVA......................................................................................................15
5 OBJETIVOS............................................................................................................16
5.1 Objetivo Geral....................................................................................................16
5.2 Objetivos Específicos .......................................................................................16
6 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA..............................................................................17
6.1 Acidente do Trabalho ................................................. ......................................17
6.1.1 Causas de Acidente do Trabalho ................................................. ................20
6.1.1.1 Atos Inseguros ............................................................................................20
6.1.1.2 Condições Inseguras ..................................................................................22
6.2 Segurança do Trabalho ................................................. ...................................24
6.2.1 Segurança do Trabalho na Construção Civil................................................25
6.3 Prevenção de Acidentes ...................................................................................27
6.4 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) ...................................28
6.5 Análise de Risco da Tarefa (ART) ....................................................................32
6.6 Observação de Risco no Trabalho (ORT)........................................................34
6.6.1 Procedimento da ORT....................................................................................35
6.7 Permissão de Serviço Seguro (PSS)................................................................37
6.7.1 Procedimento da PSS.....................................................................................38
6.8 Diálogo Diário de Segurança (DDS)............................. ....................................40
6.9 Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC)................................................. ....42
6.9.1 Tipos de EPC ..................................................................................................43
6.10 Equipamentos de Proteção Individual (EPI)..................................................50
6.10.1 Tipos de EPI..................................................................................................53
6.11 Quase Acidente................................................................................................65
6.11.1 Importância do Quase Acidente para a Construção Civil......................... 68
7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA......................... ............69
7.1 Local da Pesquisa......................... ....................................................................69
11

7.2 Técnicas de Coleta dos Dados.........................................................................70


7.3 Local da Aplicação da Pesquisa......................... .............................................71
7.4 Limitações..........................................................................................................71
8 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA..................72
8.1 A Aplicação do Quase - Acidente na Bunge Fertilizantes S.A.......................72
8.2 Resultados dos Registros na Bunge Fertilizantes S.A......................... .........76
8.3 A aplicação do Quase Acidente na construtora de Criciúma-SC e os
resultados ................................................................................................................79
9 CONCLUSÃO.........................................................................................................82
REFERÊNCIAS........................................................................... ..............................83
ANEXO 1 - Exemplo da ART (Análise de Risco da Tarefa).................................. 85
ANEXO 2 - Modelo da ORT (Observação de Risco no Trabalho).........................89
ANEXO 2 - Modelo da PSS (Permissão de Serviço Seguro)................................91
ANEXO 4 - Modelo de DDS (Diálogo Diário de Segurança).............................. ...93
ANEXO 5 - Quadro Indicativo de EPI por Função............................................. ....95
ANEXO 6 - Acompanhamento de Pendências do Quase Acidente Na Bunge
Fertilizantes ..............................................................................................................97
ANEXO 7 - Matriz de Risco para os Procedimentos de SSO e PPRA................102
ANEXO 8 - Exemplos de Registros de Quase Acidente na Bunge Fertilizantes
S.A. no Mês de Maio/2009.................................................................................... .105
ANEXO 9 - Resultados da Aplicação do Quase Acidente na Bunge Fertilizantes
S.A. - Unidade de Cajati/SP................................................................................... 110
ANEXO 10 - Exemplos de Registro de Quase Acidente da Construtora de
Criciúma/SC na obra de Araranguá/SC nos Meses de Agosto, Setembro e
Outubro de 2009.....................................................................................................117
12

1 INTRODUÇÃO

Na indústria da construção civil pode ser constatado um grande número


de acidentes, esse número vem crescendo a cada ano. Podemos observar alguns
dos principais fatores determinantes para esse fato ocorrer, como a rotatividade da
mão de obra que também está sem qualificação e sem treinamento de segurança e
um dos principais fatores é a falta de cultura dos funcionários quanto à utilização e
treinamento do uso correto dos EPI’s.
Segundo dados do Ministério da Previdência Social do ano de 2008,
ocorreram 688 mil acidentes de trabalho, sendo 281 mil com afastamento superior a
15 dias e 2804 acidentes com morte. Um dado impressionante é uma média de 31
trabalhadores/dia que não retornaram ao trabalho devido a invalidez ou morte.
Esse número que a cada ano assusta a sociedade pode ser reduzido,
pois nos dias atuais temos a tecnologia a nosso favor para proporcionar meios,
técnicas, ações para a redução dos acidentes.
A solução para essa redução é encontrada na prevenção do acidente,
com essa ação podemos reduzir quase a zero o número de acidentes. Uma
ferramenta de prevenção é o quase-acidente, pouco utilizada na indústria da
construção civil, mas bem aplicada em outros setores das indústrias.
Diante desse quadro, será feito um estudo da aplicação da ferramenta de
prevenção de acidentes o quase-acidente em uma indústria, a Bunge - Nutrição
Animal, onde a aplicação do quase-acidente é muito bem implantada e iremos
verificar através de resultados na redução de acidentes. Mediante a esses
resultados e métodos de aplicação será feito um estudo da viabilidade, dificuldades
e resultado da aplicação desta ferramenta de prevenção de acidente o quase-
acidente na construção civil.
13

2 TEMA

A prevenção de acidente do trabalho aplicado no canteiro de obra.

2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Análise do programa de prevenção de acidentes – Quase Acidente – e a


viabilidade da aplicação direta na construção civil. Estudo de caso.
14

3 PROBLEMA DE PESQUISA

A indústria da construção civil destaca-se por apresentar uma grande


diversidade de risco, em virtude das condições de trabalho e dos aspectos
específicos de cada país, região ou localidade. A taxa de acidentes de trabalho
nessa área é elevada, geralmente classificados como graves ou fatais; resultante de
um ambiente de trabalho onde se encontram riscos ocupacionais. Diante do exposto
o problema de pesquisa se volta para o seguinte questionamento: Com a
implantação do programa de prevenção de acidentes – Quase Acidente – na
construção civil será possível aplicar esse programa para poder diminuir os
acidentes?
15

4 JUSTIFICATIVA

A construção civil vem crescendo a cada ano com inovações


tecnológicas, aplicação de novos métodos construtivos para facilitar e tornar a
construção mais rápida e fácil de executar.
Com obras cada vez maiores e mais complexas há sempre estudos e
treinamento do funcionário para minimizar o desperdício de material e mão-de-obra,
isso é muito importante para a empresa e principalmente para o meio ambiente, mas
não é o suficiente para o funcionário que por muitas vezes se envolve em acidentes
por falta de equipamentos de proteção individual, treinamento e informação.
A maioria desses acidentes poderiam ser evitados se as empresas
desenvolvessem em seus canteiros de obra programas de segurança do trabalho,
além de dar treinamento a seus operários e acompanhá-los em seus serviços.
Diante desse quadro, ao longo desse trabalho será apresentado o
desenvolvimento e aplicação direta do programa de prevenção Quase Acidente, pois
através da prevenção podemos evitar vários acidentes.
16

5 OBJETIVOS

5.1 Objetivo Geral:

Analisar e implementar o programa de prevenção de acidentes – Quase


Acidente - na construção civil, seguindo-se as recomendações da Norma
regulamentadora brasileira de Segurança e Medicina do Trabalho a NR-18
(condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção).

5.2 Objetivos Específicos:

• Implantar um programa de prevenção de acidentes no canteiro de obra;


• Estabelecer medidas de proteção e prevenção para os riscos que derivam do
processo de execução da obra;
• Desenvolver técnicas que reduzam os riscos de acidentes, assegurando a
integridade e a saúde dos trabalhadores;
• Designar atribuições, responsabilidades e autoridade ao pessoal responsável
pela segurança e saúde ocupacional.
17

6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

6.1 Acidente do Trabalho

O conceito definido pela lei 8.213, de 24 de julho de 1991, da Previdência


Social determina, em seu Capitulo II, Seção I, artigo 19, segundo Piza (1997,p.7):

Acidente do Trabalho é o que ocorre no exercício do trabalho a serviço da


empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII
do artigo 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
que cause a morte ou perda ou ainda a redução permanente ou temporal da
capacidade para o trabalho.

Mas o acidente não pode ser tratado quando apenas há ferimentos, morte
ou lesão pode ocorrer quando não houver essas causas, como exemplo a queda de
energia elétrica, furo no pneu, etc.
Também de acordo com a lei, o acidente do trabalho é considerado
quando ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa de acordo com as
seguintes circunstâncias, conforme De Cicco (1982,p.2):

• Doenças profissionais ou do trabalho: aquelas que são adquiridas em


determinados ramos de atividade e que são resultantes das condições
especiais em que o trabalho é realizado;
• Qualquer tipo de lesão, quando ocorre: no local e no horário de trabalho
e quando o caminho ou na volta do trabalho; fora dos limites da empresa e
fora do horário de trabalho; fora do local da empresa, mas em função do
trabalho.

Podemos verificar que o conceito de acidente é muito amplo e não é


limitado apenas no local de trabalho, mas também abrangendo o trajeto e os
ocorridos em função do trabalho.
Com a preocupação que as empresas estão com relação à segurança do
trabalho, o acidente é um fato que nenhuma gostaria de presenciar e vivenciar,
devido as várias preocupações legais que podem repercutir a empresa, outro fato é
o custo que o acidente gera.
18

Os acidentes devem ser evitados em todas as empresas, seja qual for o


ramo de trabalho ou o tamanho desta, pois o acidente pode ocorrer em todos os
lugares.
Podemos verificar os prejuízos decorrentes do acidente para o
empregado como o aspecto humano de acordo com (Zocchio,2002) um dos
aspectos que costumam estar em mais evidência nos acidentes de trabalho quando
destes resulta alguma vítima. A preocupação do empregado é no retorno ao trabalho
depois de um período de afastamento seja ele longo ou curto, como mostra Zocchio
(2002,p.80):

Vítima da incapacidade parcial, o mutilado, embora voltando a trabalhar,


poderá sentir-se inferiorizado diante dos demais ou se sentir piedosamente
aceito pela empresa e pouco útil para o trabalho. Isso ocorre quando não
recebe apoio moral necessário após o acidente ou não lhe é propiciada
uma reintegração psicológica adequada ao trabalho. Pode, mesmo, vir a
representar problemas para a própria segurança do trabalho.

Outro aspecto importante é o social, onde muitas empresas preocupadas


com o funcionário acidentado fornecem a completa assistência social, psicológica,
apoio moral e material tanto ao empregado como a família, por muitas vezes até a
reintegração ao trabalho, essas empresas são dignas de elogios. Essa não é a
realidade da maioria das empresas que não dão a devida importância ao
empregado, assim o dispensando da empresa após o tempo de afastamento
deixando a família e o empregado em uma situação terrível de viver dignamente.
Sem esse apoio as famílias passam por muitas necessidades, de acordo com
Zocchio (2002,p.81):

Muitas vítimas de acidentes sofrem, temporária ou permanentemente,


redução de vencimentos que obriga a família a baixar repentinamente o
padrão de vida, a proceder a cortes no orçamento, a privar-se de coisas até
então usuais, fatos que ferem profundamente a felicidade de indivíduos e de
famílias. Apesar da justiça que se pretende imprimir com o pagamento de
indenizações às vítimas ou seus familiares, o valor indenizatório jamais
compensa os danos físicos ou funcionais das vítimas, e muito menos os
repara.

O aspecto social da empresa não deve ser restrito somente ao RH


(Recursos Humanos) da empresa, também deve ser de responsabilidade da
segurança do trabalho de prevenir os acidentes algo muito mais importante do que
assistir as vítimas de acidentes do trabalho.
19

Um dos piores problemas a serem enfrentados pelo funcionário


acidentado e principalmente pela empresa é o aspecto econômico, segundo
(Zocchio,2002) onde a empresa nem sempre percebe esse lado negativo do
infortúnio do trabalho, embora seja ela inicialmente a mais afetada.
O empregado acidentado recebe muitas vezes o auxilio dentro do previsto
por lei, mas dependendo do acidente este pode até ficar inválido, assim diminuindo a
renda familiar, pois apesar da previdência social amparar legalmente o acidentado,
ele não recebe o que antes recebia da empresa.
Todas as empresas têm condições e fazem orçamentos das despesas, do
serviço, material, mão-de-obra, impostos, etc. Mas o cálculo para o custo dos
acidentes ocorridos na empresa não são contabilizados, o que gera no final um
prejuízo para a empresa. Por muitas vezes apenas consideram a taxa de seguro
paga a previdência social, as diárias pagas aos acidentados até o décimo quinto dia
de afastamento, esse seria o custo direto do acidente, o que seria um parcela
pequena quando temos os custos indiretos.
Os custos indiretos para a empresa segundo De Cicco (1982,p.5):

• Salários pagos durante o tempo perdido por outros trabalhadores que não o
acidentado: em geral, após o acidente, por menor que seja, os companheiros
do acidentado deixam de produzir durante certo tempo, seja para socorre-lo,
seja para comentar o ocorrido, seja por curiosidade, ou porque necessitam
da ajuda do acidentado para a execução de sua tarefa, ou a máquina em que
operavam ficou danificada no acidente;
• Salários adicionais pagos por trabalhos em horas extras: em virtude do
acidente, atrasos na execução da obra podem exigir trabalhos em horas
extraordinárias, representando um adicional de 20% sobre o salário
correspondente ao horário normal de trabalho;
• Salários pagos a funcionários, durante o tempo gasto na investigação do
acidente;
• Diminuição da eficiência do acidentado de volta ao serviço produz menos
(por receio de sofrer novo acidente, por desambientação, por falta de
treinamento muscular, etc.). Em qualquer dos casos, a empresa pagará o
mesmo salário para um trabalhador produzindo menos, o que representa,
portanto, um outro custo adicional;
• Custo de material ou equipamento danificado no acidente;
• Multas contratuais, decorrentes de atrasos na execução da obra, devidos à
queda de produção resultante de acidente.

Além de todas as interferências citadas que os acidentes podem causar a


empresa e ao funcionário podemos ainda mostrar outros aspectos negativos como a
qualidade do serviço que irá ser reduzida devido a acidentes, não somente na
qualidade final do produto, mas sim nas outras fases que antecedem a final. Algo de
20

grande importância é o prazo de entrega dos produtos, onde com a ocorrência de


acidentes estes prazos podem ser alongados e assim prejudicando a empresa.
Outro fato importante a ser tomado cuidado quanto ao prazo é a tentativa de
minimizar esse fato, mas com isso começa a aparecer outras condições de risco que
podem levar a outro acidente.

6.1.1 Causas de Acidentes do Trabalho

Para evitar os acidentes devemos conhecer as causas, e estas ocorrem


pela soma de atos inseguros e condições inseguras. A maioria dos acidentes de
trabalho acontece por influência do homem, seja por influência do meio social, pela
personalidade, educação, entre outras características. De acordo com Zocchio
(2002,p.95):

Tudo se origina do homem e do meio: do homem por meio de


características que lhe são inerentes, fatores hereditários, sociais e de
educação, que são prejudiciais quando falhos; o meio, com os riscos que
lhe são peculiares, ou que nele são criados, e que requerem ações e
medidas corretas por parte do homem para que sejam controlados,
neutralizados e não transformem em fontes de acidentes. Assim começa a
seqüência de fatores, com o homem e o meio como os dois únicos fatores
inseparáveis de toda a série de acontecimentos que dá origem ao acidente
e a todas as suas indesejáveis conseqüências.

Para causar um acidente basta as pessoas não se enquadrarem nas


condições de saúde, estado de ânimo, temperamento, preocupação, entre outras
condições.
Para obter o conhecimento mais profundo das causas dos acidentes, será
separado em dois grupos: atos inseguros e condição insegura.

6.1.1.1 Atos Inseguros

Os atos inseguros são definidos de acordo com (De Cicco,1882), como


causas de acidentes de trabalho que residem exclusivamente no fator humano, isto
21

é, aqueles que decorrem da execução de tarefas de forma contrária às normas de


segurança.
Portanto, de acordo com esta definição, os atos inseguros dependem da
não observância das normas de segurança do trabalho, ou seja, depende do homem
agir de forma correta, observando seus atos e corrigir quando necessário.
Estes atos devem ser reduzidos ao máximo, pois uma sucessão de atos
inseguros pode levar ao acidente.
Como os atos inseguros dependem do homem, podem ser tratados
segundo Zocchio (2002), como atos conscientes, onde as pessoas sabem que estão
se expondo ao perigo; atos inconscientes, aqueles que as pessoas desconhecem o
perigo a que se expõem; atos circunstanciais, ocorre quando as pessoas podem
conhecer ou desconhecer o perigo, mas algo mais forte as leva à prática da ação
insegura.
Para evitar os atos inseguros é necessário conhecer os motivos que levou
o funcionário a praticá-lo e trabalhar através de treinamento, palestras, etc.,
principalmente o comportamento do empregado.
As causas dos atos inseguros devem ser identificadas em cada
funcionário para que assim possam ser tomadas as precauções e ações corretivas.
Podemos citar 3 grandes grupos de causas do ato inseguro, conforme De Cicco
(1982,p.7), explica:
• Inadequação entre homem e função: Alguns trabalhadores cometem atos
inseguros por não apresentarem aptidões necessárias para o exercício da
função. Um operário com movimentos excessivamente lentos poderá
cometer muitos atos inseguros, aparentemente por distração ou falta de
cuidado, mas, pode ser que a máquina que ele opere exija movimentos
rápidos. Este operário deve ser transferido para um tipo de trabalho
adequado às suas características.
• Desconhecimento dos riscos da função e/ou da forma de evitá-los: É
comum um operário praticar atos inseguros, simplesmente por não saber
outra forma de realizar a operação ou mesmo por desconhecer os riscos a
que se está expondo. Trata-se, pois, de uma exposição inconsciente ao risco.
• O ato inseguro pode ser sinal de desajustamento: o ato inseguro se
relaciona com certas condições específicas de trabalho, que influenciam o
desempenho do indivíduo. Incluem-se, nesta categoria, problemas de
relacionamento com chefia e/ou colegas, política salarial e promocional
imprópria, clima de insegurança com relação à manutenção do emprego, etc.
Tais problemas ,interferem com o desempenho do trabalhador, desviando
sua atenção da tarefa, expondo-o, portanto, a acidentes.

Dependendo da área de trabalho, das empresas, podemos citar alguns


exemplos de atos inseguros, conforme segue no quadro abaixo:
22

QUADRO 01 – Exemplos de atos inseguros e suas conseqüências.


ATO INSEGURO CAUSA DO ATO INSEGURO
Desconhecimento dos riscos da função
Ficar junto ou sob cargas suspensas
e/ou da forma de evitá-los
Desconhecimento dos riscos da função
Colocar parte do corpo em lugar
perigoso e/ou da forma de evitá-los
Usar máquina sem habilitação ou Sinal de desajustamento
autorização
Imprimir excesso de velocidade ou Sinal de desajustamento
sobrecarga
Desconhecimento dos riscos da função
Lubrificar, ajustar e limpar máquinas
em movimento e/ou da forma de evitá-los
Improvisação ou mau emprego de Sinal de desajustamento
ferramentas manuais
Uso de dispositivo de segurança Inadequação entre homem e função
inutilizados
Não usar proteção individual Sinal de desajustamento
Uso de roupas inadequadas ou Inadequação entre homem e função
acessórios desnecessários
Manipulação insegura de produtos Inadequação entre homem e função
químicos
Transportar ou empilhar Sinal de desajustamento
inseguramente
Fumar ou usar chamas em lugares Sinal de desajustamento
indevidos
Tentativa de ganhar tempo Sinal de desajustamento

Brincadeiras e exibicionismo Sinal de desajustamento


FONTE – Zocchio,2002

6.1.1.2 Condições Inseguras

Condições inseguras nos locais de trabalho de acordo com Zocchio


(2002), são as que comprometem a segurança, ou seja, falhas, defeitos,
irregularidades técnicas, carência de dispositivo de segurança, desorganização, etc.
que põem em risco a integridade física e/ou a saúde das pessoas.
Não podemos confundir condição insegura com perigo inerente, onde são
aqueles que apresentam perigo pela sua característica agressiva, como exemplo
23

claro podemos citar a corrente elétrica é um perigo inerente aos trabalhadores,


porém, não pode ser considerada condição insegura, por si só. No entanto,
instalações elétricas improvisadas, fios expostos, etc. são consideradas condições
inseguras.
Para evitar as condições inseguras do local de trabalho à empresa tem
um papel muito importante, pois é ela através dos técnicos de segurança,
encarregados e supervisores que deve analisar essas condições antes de ocorrer o
acidente e tomar as devidas ações para corrigir, conforme relata Ribeiro Filho
(1974,p.479,480):
O supervisor, em contato diário com seus subordinados, está em excelente
posição para atuar junto a eles, a fim de que adquiram “mentalidade de
segurança”, evitando, assim, a prática de atos inseguros; de outro lado, é
responsável também pela remoção das condições inseguras existentes em
sua área de trabalho.

Por muitas vezes as condições inseguras estão ligadas diretamente com


os atos inseguros, pois os funcionários verificam uma condição insegura e mesmo
assim realizam o serviço, podendo ocasionar o acidente assim classificando a
condição insegura aliada com o ato inseguro. O funcionário deve avisar a chefia das
condições de trabalho e se recusar a executar o serviço para a sua própria proteção.
Em cada área podemos ter várias condições inseguras, abaixo algumas
das principais e de mais ocorrência de acordo com Zocchio (2002):

• Falta de proteção em máquinas e equipamentos;


• Proteções inadequadas ou defeituosas;
• Deficiência em maquinaria e ferramental;
• Falta de ordem e de limpeza;
• Escassez de espaço;
• Passagens perigosas;
• Defeito nas edificações;
• Instalações elétricas inadequadas ou defeituosas;
• Iluminação inadequada;
• Ventilação inadequada
• Falta de proteção individual (EPI);
• Falta ou falha de manutenção.
24

Mediante a esses indicadores, as empresas podem tomar várias


providências para evitar as condições inseguras no local de trabalho. São ações
rápidas e de fácil execução que levará a redução de acidentes.

6.2 Segurança do Trabalho

A segurança do trabalho sempre deve ter muita importância para as


empresas, seja ela de pequeno, médio ou grande porte, pois o tamanho da empresa
não pode influenciar na importância da segurança. Essa importância deve ser
considerada porque por trás de qualquer máquina existe um homem trabalhando,
assim a segurança do funcionário não está ligada apenas aos ferimentos que ele
pode estar sujeito, mas há muitos outros fatores que influenciam o homem com a
falta de segurança como o aspecto social, aspectos econômicos e aspectos
humanos.
De acordo com Zocchio ( 1980, p.17),

Segurança do trabalho é um conjunto de medidas técnicas, administrativas,


educacionais, médicas e psicológicas aplicadas para prevenir acidentes nas
atividades das empresas. Indispensável à consecução plena de qualquer
trabalho, essas medidas têm por finalidade evitar a criação de condições
inseguras e corrigi-las quando existentes nos locais ou meios de trabalho,
bem como preparar as pessoas para a prática de prevenção de acidentes.

Algo que ocorria muito antigamente era a falta de investimento na


empresa para a área de segurança do trabalho, pois era visto como um investimento
muito alto e não era analisado o custo beneficio de uma boa política de segurança e
saúde do trabalhador. Por esse e por muitos outros motivos, que no passado o
número de acidentes era maior que o dos dias atuais. De acordo com a Revista
Proteção (1997, p. 22 e 24):

As empresas que não investirem em segurança e que continuarem achando


que isso é apenas um custo, começarão a andar na contramão da história
[...] Alguns itens de segurança, por exemplo, prevêem a existência de
equipamentos que não estão disponíveis no mercado brasileiro [...] Os
andaimes mais modernos do mundo não podem ser usados aqui, porque
não atendem nossa norma. Isso mostra que algo está errado.
25

Mesmo com um alto preço a ser pago pela segurança com treinamentos
de utilização de EPC, EPI, técnicas de prevenção e com o fornecimento dos
melhores EPC’s e EPI’s, ainda há empresas que não dão a importância devida.
Alem destas empresas entra o fator dos funcionários que não se interessam com a
sua própria segurança e saúde.
Ao contrário dos pensamentos antigos como cita Zocchio (2002), Sem
acidente ou com acidente, o trabalho é realizado. De fato que este pensamento era
muito aplicado antigamente, mas nos dias de hoje os pensamentos são outros, onde
a segurança este em primeiro lugar, muito acima até mesmo da produção, tanto que
muitas das empresas utilizam outras frases muito mais adequadas para a realidade
que estamos vivendo, conforme a Bunge Fertilizantes AS utiliza: “Não há trabalho
tão importante ou urgente que não possa ser feito com segurança“ ou também ,“
Segurança em primeiro lugar “.

6.2.1 Segurança do Trabalho na Construção Civil

A Segurança do Trabalho na Indústria da Construção Civil tem pouca


importância para a maioria das empresas, porque acreditam aplicar um alto
investimento ou imaginam ser desnecessário.
O julgamento dessas empresas se dá pela alta rotatividade da mão-de-
obra, onde o funcionário não se compromete com a empresa apenas visa o salário
do mês.
De acordo com DE CICCO (1982, p. 10),

[...] Essa tendência de mudar de emprego, que converteu muitos operários


da Construção Civil em verdadeiros nômades, é ainda maior nos períodos
de pleno emprego, ou seja, quando os trabalhadores têm a segurança de
encontrar outra colocação, sem dificuldades.

Desta forma, a empresa e o funcionário são prejudicados, pois há um


aumento de acidentes acarretando no afastamento do funcionário que fica sem
trabalhar, podendo até ficar inválido ou no pior dos casos perder a vida.
26

Há uma grande dificuldade de implementar a segurança principalmente


pela mentalidade do funcionário que por muitas vezes não considera as instruções
de segurança importantes, não entendem os procedimentos que foram dados,
acharem incômodo seguir as normas de segurança e portanto, desrespeitando as
mesmas, contribuindo assim, com o aumento no número de acidentes.
Para diminuir esses acidentes é necessário realizar um trabalho de
educação o funcionário quanto a segurança do trabalho, essa educação é feita
através de palestras, treinamentos e conscientização, mas este trabalho não pode
ser feito de modo compulsivo, não mostrar como se fosse uma obrigação a
segurança, mas sim uma conscientização para ele mesmo. Assim o funcionário
sentirá mais seguro com as informações e treinamento não tratando a segurança
como um fardo.
Também devem ser considerados os fatores de ordem social, como os
baixos salários, que levam os funcionários a alimentar-se mal, facilitando o contágio
das doenças ocupacionais. Muitas vezes o transporte coletivo é inadequado, ou até
mesmo a distância do local de trabalho faz com que o funcionário tenha que acordar
muito cedo.
Existem muitos fatores que expõe os operários aos riscos de acidentes
como:
● Instalações inadequadas;
● Longas jornadas de trabalho;
● Falta do EPI - Equipamento de Proteção Individual ou uso incorreto do
mesmo;
● Falta do EPC - Equipamento de Proteção Coletiva;
• Falta de treinamento.

De acordo com ZOCCHIO (2002), assim começa a seqüência de fatores,


com o homem e o meio como os dois únicos fatores inseparáveis e inevitáveis de
toda a série de acontecimentos que dá origem ao acidente e a todas as suas
indesejáveis conseqüências.
Observa-se ainda a existência de um perfil de insensibilidade com a
Higiene e Segurança no Trabalho. SOUSA (1997), por exemplo, evidenciou em sua
pesquisa alguns levantamentos expedidos pela fiscalização da Delegacia Regional
do Trabalho em João Pessoa, que apontavam dentre os dez itens das Normas
27

Regulamentadoras mais infringidos, os itens "condições sanitárias" e "EPI" como


sendo os que apresentaram maior número de irregularidades. Trata-se, portanto, de
itens sobre os quais todos têm conhecimento e que não dependem de nenhum
conhecimento técnico mais aprofundado.

6.3 Prevenção de Acidentes

A prevenção contra acidentes são técnicas utilizadas para evitá-los, que


não deve ser apenas analisada após o acidente visando às conseqüências e não as
causas do acidente, pois mais de 96% dos acidentes de trabalho são causados por
desvio de comportamento das pessoas, assim a maior preocupação deve ser o
funcionário.
Quando o programa de prevenção é aplicado na empresa, é única e
exclusivamente para a diminuição dos acidentes e para antecipar a ação. Não basta
esperar ocorrer o acidente para depois tomar as atitudes, pois com isso pode levar a
morte de muitos funcionários.
Um dos principais fatores para se prevenir acidentes é a consciência do
funcionário onde tem que atentar para os riscos que pode estar correndo quando
não segue as normas de segurança. Por isso a principal ferramenta para prevenção
está em mostrar os riscos que ele pode estar correndo no canteiro de obra, com isso
instruir e ensinar o trabalhador a se proteger.
De acordo com Ribeiro Filho (1974, p. 79),

A Participação ativa dos trabalhadores no programa de prevenção de


acidentes só será atingida quando os mesmos tiverem consciência da
importância da segurança em sua vida: na fabrica, no lar, em quaisquer
lugares e circunstância. Esse objetivo somente será atingido através de uma
motivação adequada para a segurança do trabalho.

Esta não é uma prática muito comum na indústria da construção civil, pois
a prevenção necessita de investimento, claro que terá um retorno muito grande na
diminuição do acidente, e quando falamos de investimento com relação à segurança
28

na construção civil os empreendedores e proprietários de construtoras tentam por


muitas vezes driblar a legislação e não seguir as normas de segurança.
Há uma frase muito utilizada por várias empresas para a motivação e
conscientização do funcionário que é: “não há trabalho tão importante ou urgente
que não possa ser feito com segurança”, esta era a frase estampada na parede de
entrada da empresa de mineração Metal Ar em Cajati-SP.
Com as técnicas e estudos sendo elaborados sobre a prevenção de
acidentes torna-se mais fácil a sua aplicação. De acordo com Ribeiro Filho
(1974), os meios são ilimitados, cabe ao responsável escolher os métodos
apropriados que, conjugados ou não, muito o ajudarão na prevenção de acidentes.
Podem ser aplicadas algumas técnicas como o Quase-Acidente, Analise de Risco da
Tarefa (ART), Treinamento, Permissão de Serviço Seguro (PSS), Instrução de
Segurança do Trabalho (IST), Diálogo Diário de Segurança (DDS), Observação de
Risco no Trabalho (ORT), a formação da Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA), etc.
Essas ferramentas são aplicadas em muitas empresas, porém na
construção civil são ainda pouco aplicadas e consequentemente se reflete no
aumento do número de acidentes na indústria da construção civil. Quando os
empreendedores e construtores aplicarem essas ferramentas, a tendência é haver
uma redução de acidentes, já que elas requerem treinamento a todos os
funcionários.
Por outro lado há falta de interesse do empreendedor e construtor na
aplicação de programas de segurança e saúde do trabalho, faz com que os
funcionários não desenvolvam a cultura da prevenção de acidentes.

6.4 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

O objetivo principal da CIPA é a prevenção de acidentes e doenças


decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho
com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
A CIPA é composta de representantes dos empregados e do empregador.
De acordo com a NR-5 da Portaria n. 3.214, de 08/06/78, do MTb, as empresas
29

privadas ou públicas e órgãos da administração direta ou indireta, que possuam 20


(vinte) ou mais empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho, estão
obrigados a organizar a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, com
as atribuições legais e finalidades reguladas por esta Norma.
Na Construção Civil, segundo o estudo realizado pelo Ministério do
Trabalho (1983, p. 11),

[...] a representação dos trabalhadores em tais comissões é problemática, já


que, além das dificuldades para a eleição dos representantes, estes podem
também deixar o trabalho, provocando vagas difíceis de serem preenchidas
em um prazo razoável.

Na Construção Civil a falta de organização da CIPA é retratada muito


claramente, pois os trabalhadores deveriam expor coletivamente e individualmente
suas queixas quanto à segurança de seu trabalho, participar dos projetos de
equipamentos de proteção coletiva e na escolha dos EPI's mais adequados para a
realização de suas atividades.
Segue algumas das principais atribuições da CIPA de acordo com a NR 5:
a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos,
com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do
SESMT, onde houver;
b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de
problemas de segurança e saúde no trabalho;
c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de
prevenção necessárias, bem como da avaliação as prioridades de ação nos
locais de trabalho;
d) realizar, periodicamente,verificações nos ambientes e condições de trabalho
visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para a
segurança e saúde dos trabalhadores;
e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu
plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas;
f) divulgar aos trabalhadores informações relativas a segurança e saúde do
trabalho;
30

g) participar, com a SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo


empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo
de trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores;
h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador,a paralisação de
máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e
saúde dos trabalhadores;
i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de
outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;
j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem
como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à
segurança e saúde no trabalho;
k) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com empregador da
análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de
solução dos problemas identificados;
l) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que
tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores;
m) requisitar à empresa as cópias das CAT’s emitidas;
n) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT;
o) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de
Prevenção da AIDS.
Além das atribuições da CIPA, veremos algumas atribuições dos
membros da CIPA de acordo com a NR 5 :

• Cabe aos empregados:

a) participar da eleição de seus representantes;


b) colaborar com a gestão da CIPA;
c) indicar à CIPA, ao SESMT e ao empregador situações de riscos e apresentar
sugestões para melhoria das condições de trabalho;
d) observar e aplicar no ambiente de trabalho as recomendações quanto à
prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho.
31

• Cabe ao Presidente da CIPA:

a) convocar os membros para as reuniões da CIPA;


b) coordenar as reuniões da CIPA, encaminhando ao empregador e ao SESMT,
quando houver, as decisões da comissão;
c) manter o empregador informado sobre os trabalhos da CIPA;
d) coordenar e supervisionar as atividades de secretaria;
e) delegar atribuições ao Vice-Presidente;

• Cabe ao Vice-Presidente:

a) executar atribuições que lhe forem delegadas;


b) substituir o Presidente nos seus impedimentos eventuais ou nos seus
afastamentos temporários;

• O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto, terão as seguintes


atribuições:

a) cuidar para que a CIPA disponha de condições necessárias para o


desenvolvimento de seus trabalhos;
b) coordenar e supervisionar as atividades da CIPA, zelando para que os objetivos
propostos sejam alcançados;
c) delegar atribuições aos membros da CIPA;
d) promover o relacionamento da CIPA com o SESMT, quando houver;
e) divulgar as decisões da CIPA a todos os trabalhadores do estabelecimento;
f) encaminhar os pedidos de reconsideração das decisões da CIPA;
g) constituir a comissão eleitoral.

• O Secretário da CIPA terá por atribuição:

a) acompanhar as reuniões da CIPA e redigir as atas apresentando-as para


aprovação e assinatura dos membros presentes;
b) preparar as correspondências; e
c) outras que lhe forem conferidas.
32

6.5 Análise de Risco da Tarefa (ART)

A palavra risco nos mostra uma situação insegura que poderá ocorrer um
acidente, desde que esse risco seja analisado e tomado às devidas precauções para
que não haja uma perda, seja ela física ou material. O risco pode estar presente de
diversos modos como em gases, produto químico, trabalho em altura ou até mesmo
em uma simples caminhada pela área de trabalho. Por esse motivo deve-se tomar o
devido cuidado para os riscos existentes no ambiente de trabalho, assim fazendo
uma analise de cada risco existente no ambiente de trabalho e em cada atividade
executada.
De acordo com que cita Zocchio (2002,p.179),

A análise prévia tem a finalidade de estudar e determinar medidas de


prevenção de riscos que, incorporadas aos projetos ou processos, previnem
problemas de segurança que poderiam ocorrer na fase operacional do que
foi projetado ou de processos desenvolvidos. A análise operacional
identifica falhas de segurança na fase operacional, que em geral se
constituem em perigos para as pessoas envolvidas e para os próprios
componentes materiais das áreas de trabalho.

Infelizmente a mentalidade das empresas, principalmente da indústria da


construção civil com relação à análise e gerenciamento de riscos encontra-se
bastante distante da prática. O mais comum é esperar a ocorrência de tragédias
como acidentes e doenças graves para se tomar alguma atitude, e freqüentemente
os trabalhadores são acusados como principais responsáveis pelos mesmos.
De acordo com (Souza Porto,1997), o foco principal da análise de riscos
da atividade nos locais de trabalho é a prevenção, ou seja, os riscos devem ser
eliminados sempre que possível, e o controle dos riscos existentes deve seguir os
padrões de qualidade mais elevados em termos técnicos e gerenciais. Segundo
Zocchio (2002), é de indiscutível utilidade a ART (Analise de Risco da Tarefa) para a
melhoria contínua da segurança do trabalho.
Para a elaboração da Análise de risco da tarefa é feito primeiramente uma
análise da atividade a ser realizada no setor, descriminando o que possa ter maior
risco ao funcionário, empresa ou meio ambiente.
33

De acordo com o programa de prevenção de acidentes da BUNGE


FERTILIZANTES SA, a ART é elaborada da seguinte forma e ilustrada em um
exemplo no ANEXO 1:
O técnico de segurança vai até o local que será executado o serviço e faz
a análise dos perigos, riscos e as medidas de controle a serem seguidas, cada etapa
desta deve ser seguido através de cada definição: Perigo: Fonte ou situação com
potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à propriedade,
dano ao meio ambiente do local de trabalho, ou uma combinação destes. Risco:
Combinação da probabilidade de ocorrência (freqüência) e da(s) conseqüência(s)
(gravidade) de um determinado evento perigoso. Tarefa: determinada etapa que o(s)
trabalhador(es) executa(m) durante a realização de uma atividade. Atividade:
conjunto de tarefas que o empregado ou grupo de empregados executa. Por
exemplo: concretagem da laje, armação da ferragem, execução das formas,
execução do telhado, serviço de pintura,etc.
Esta é uma ferramenta muito importante a ser seguida, pois em cada
etapa de serviço da construção o funcionário está ciente dos riscos que passará e
assim tomará as providências pré-estipuladas da análise feita. Uma coisa é muito
clara, não basta aplicar somente a ART e sim deve haver um treinamento do
funcionário para cada risco na atividade.
Um dos principais benefícios da elaboração da ART de acordo com o
Evangelinos e Marchetti ( 2003,p.28) :

Para a empresa ser economicamente saudável, devemos ser eficientes.


• Para fazermos as coisas de maneira correta, sem erro, na primeira vez;
• Para termos um aproveitamento total de pessoas, equipamentos e do local
de trabalho;
• Para proteger os empregados e ter o local de trabalho livre de riscos
desconhecidos;
• Para preservar nossos empregos.
Resumindo, a análise é uma maneira sistemática para o reconhecimento de:
• Exposições a riscos ou acidentes;
• Possíveis problemas e incluindo produção, qualidade ou desperdício;
• Desenvolver maneiras corretas para realização das tarefas de forma que
atos inseguros, condições inseguras, acidentes, falhas, retrabalhos e
desperdícios não ocorram;
• Fazer de maneira certa sem perdas de qualquer espécie.

Mas esta análise não se deve apenas ser feita para ser um documento
burocrático da empresa, mas sim um processo contínuo, pois a cada mudança
34

tecnológica que ocorre no mercado de trabalho podem surgir novos riscos e estes
devem ser analisados e tomados às devidas precauções.

6.6 Observação de Risco no Trabalho (ORT)

Esta é uma ferramenta para a prevenção de acidentes de trabalho de fácil


aplicação, apresenta como objetivo um observador notar as ações, riscos, atitudes,
etc. de todos os funcionários e identificar e corrigir todo comportamento não
conforme que consiste na ação que discorda ou diverge do padrão de referência
(comportamento seguro), expresso em procedimentos operacionais e ou normas de
segurança, para a execução de uma atividade.

Todos da empresa têm a função de cuidar da segurança, segundo Ribeiro


Filho (1974,p.479):

O sucesso de segurança depende, em grande parte, de como os


supervisores aceitam sua responsabilidade em levar a cabo os princípios de
um programa de prevenção de acidentes. É essencial que todos os
empregados da supervisão conheçam e aceitem essa responsabilidade, e
sejam considerados competentes para arcar com elas.

Na utilização da ferramenta ORT, alguns setores têm uma


responsabilidade maior, como a gerência, que apresenta em sua função principal
garantir a operacionalização da ORT e dispor os recursos para manter e aprimorar
esta metodologia. A chefia, supervisores, engenheiros, técnicos, cipeiros e membros
do sub-comitê ORT tem o dever de realizar as ORT buscando multiplicar a
conscientização prevencionista e correção das não conformidades e o contínuo
aprimoramento dos procedimentos e normas da empresa.

O observador tem umas das principais responsabilidades para a boa


aplicação da ferramenta de prevenção ORT, que estão relatadas abaixo:

• Aprender os princípios da observação de comportamento;

• Compreender a lista de verificação, padrões/normas e práticas seguras de


trabalho;

• Realizar um mínimo de observações por mês;


35

• Proteger o anonimato e a objetividade do processo de observação;

• Dar um feedback positivo e de alta qualidade, imediatamente após a observação;

• Obter comentários objetivos de seu colega de trabalho a respeito de observações


de risco;

• Ser positivo e profissional durante as observações. Evitar argumentos, confrontos


ou repreensões;

• Suspender sua observação e intervir “como a preocupação de um colega de


trabalho”, se um acidente for iminente;

• Entregar sua ORT no mesmo dia em que fizer a observação;

• Informar prontamente à equipe ou Comitê de coordenação do sobre interesses


ou questões sobre o processo;

• Participar de novos treinamentos de atualização;

• Ser um exemplo do processo; observar todas os padrões e boas da Cia.

6.6.1 Procedimento da ORT

O Observador deverá observar sistematicamente as operações realizadas


nas áreas da empresa, sob sua responsabilidade, tanto de seus colaboradores como
dos funcionários pertencentes a outros departamentos e também os prestadores de
serviços, a fim de identificar, medir, avaliar, corrigir e controlar as atitudes
comportamentais não conformes.

O Observador, imediatamente após identificar a atitude comportamental


não conforme deverá, no ato, esclarecer os procedimentos e objetivos da
observação, focar primeiramente as atitudes conformes e reagir para as atitudes não
conformes ou inseguras, adotando a medida de controle, apropriada e cabível,
orientando quanto à forma segura para realização da tarefa, e qual ou quais
preparações, deverão ser tomadas, para permitir que o serviço seja continuado,
desta vez, dentro dos padrões e requisitos de segurança, conforto e higiene. No
36

caso de dúvidas, o técnico da empresa poderá ser acionado, para ajudá-lo no que
couber.

O desenvolvimento da sistemática ORT está baseado em quatro


fundamentos: observar, informar, corrigir as irregularidades e relatar.

• Observar

O observador analisa visualmente seus colaboradores diretos e terceiros,


identificando os vícios, más posturas e outras condições de insegurança, em função
do comportamento, adotadas por estes durante a realização das tarefas.

A observação pode ser ocasional onde você identifica o desvio


prontamente, ou também pode ser observação planejada onde a atividade de
observação é definida anteriormente. Na observação planejada é necessário que
haja uma atenção especial, pois se deve informar ao trabalhador o que irá ser feito,
informe que você estará observando-o por alguns minutos e que ele deve continuar
trabalhando normalmente.

Todos devem evitar que ocorram as seguintes falhas, muito comuns no


processo de observação:

a) Nas ORT’s enfocar atos e comportamentos não conformes de pessoas não


pertencentes ao setor do observador. Identificar primeiramente os desvios na sua
área de atuação. Não observe somente funcionários terceiros.

b) Nem sempre o observado é notificado, corrigido e orientado; passando nestes


casos a “ORT” a ser mero instrumento burocrático, o que, em momento algum, é a
finalidade desta ferramenta.

• Informar

Uma vez terminada a observação inicial, o observador tem a obrigação de


dar ciência ao pessoal envolvido, seja ou não seu colaborador, sobre o que foi
37

observado e a(s) não conformidade(s) identificadas, colocando-o a par do(s) risco(s),


de seu(s) efeito(s), severidade(s) e conseqüência(s).

Informar primeiro e sempre os comportamentos seguros e corretos,


exaltando o funcionário dos acertos verificados. Nesta fase verificar o entendimento
e aplicação dos padrões em busca de desvios potenciais.

• Corrigir as Irregularidades

O trabalho é imediatamente paralisado e, através de um diálogo de


segurança franco, honesto, construtivo e objetivo, devem ser corrigidas as falhas
comportamentais.

• Relatar

Preencher corretamente todos os campos do formulário apresentado no


ANEXO 2, e se observado que é uma situação onde exista a probabilidade de
similaridade da ocorrência, encaminhar de imediato uma cópia desta ORT’s as
demais áreas da empresa e a quem possa contribuir para consolidar a correção e a
não reincidência do(s) desvio(s).

Depois de tomadas as providências corretivas adequadas, o supervisor


deverá registrar os fatos, através do preenchimento da ORT.

6.7 Permissão de Serviço Seguro (PSS)

Trata-se de uma prévia análise dos riscos identificados nos serviços não
rotineiros onde são aqueles que não são realizados com freqüência ou sob
condições de risco variadas como: trabalho a quente, trabalhos elétricos, entrada em
espaço confinado, abertura de linhas, trabalho em local elevado e outros que
38

possam gerar risco ao funcionário ou até mesmo ao patrimônio e ao meio ambiente,


e assim seguir as devidas medidas de controle dos riscos através do preenchimento
de um formulário ilustrado no ANEXO 3.
A PSS pode ser tratada como uma ART (Anotações de Responsabilidade
Técnica), ou seja, o funcionário que emitir a PSS está responsável por todo trabalho
referente aquela PSS.
O solicitante é o empregado devidamente treinado e autorizado a emitir a
PSS. O solicitante não pode assumir o papel do responsável pelo executante e
também não pode fazer parte da equipe de executante.
O executante é a pessoa que realizará o serviço solicitado, sendo
orientada e instruída dos cuidados a serem seguidos.

6.7.1 Procedimento da PSS

De acordo com o Programa de Prevenção de Acidentes da BUNGE


FERTILIZANTES S.A., segue o procedimento da PSS:
O solicitante e o responsável pelos executantes devem efetuar o
preenchimento da PSS no local onde o serviço será realizado, analisando os riscos,
os equipamentos necessários, as condições de segurança e as medidas de controle
necessárias para cada tipo de serviço a ser realizado. Uma vez realizada essas
providências, solicitante e responsável devem aprovar a PSS, liberando a atividade.
Em uma mesma PSS não pode ser incluso dois tipos de trabalho.
A primeira via da PSS deverá permanecer no local onde o serviço está
sendo realizado, e a segunda via deverá ficar com a equipe de segurança em um
local seguro de qualquer risco.
É obrigatório interromper a PSS por qualquer pessoa quando:
• For constatada que as medidas de segurança propostas nessas
permissões não estão sendo seguidas;
• Novos membros forem inseridos na equipe;
• Houver mudança de local de serviço;
• Novas atividades não previstas forem inseridas no trabalho;
39

• Houver emergência ou no caso em que situações inesperadas


aconteçam e coloquem em risco a segurança dos envolvidos nas
atividades, nas instalações ou no meio ambiente tais como: erosão,
infiltração, vazamento e desabamento. Após o controle da situação, o
serviço será reiniciado apenas após nova avaliação por parte dos
aprovadores da PSS.

A PSS tem validade até o término do serviço, devendo ser revalidada pelo
solicitante e pelo responsável pelos executantes nas seguintes situações:
• A cada alteração do solicitante, do responsável pelos executantes ou
da equipe executante;
• A cada mudança da equipe de trabalho, seja na entrada de novos
integrantes ou saída dos mesmos;
• Quando houver interrupção na execução do serviço,
independentemente do tempo desta interrupção.

Quando se encerra o serviço, deve-se dar baixa na PSS através do


preenchimento do campo “Quitação e Aceitação do serviço” pelo solicitante e pelo
responsável dos executantes. Logo após a PSS deve ser enviada ao setor de
segurança para que analise a PSS e verifique se há a necessidade de tomar alguma
medida corretiva, após é arquivada a PSS.
Esta medida é de extrema importância, pois assim há sempre um
responsável por qualquer atividade a ser executada e no meio em que vivemos é
muito importante ter essa pessoa ciente de todos os serviços, riscos que o
funcionário está sujeito. A PSS é um documento que responsabiliza todos os atos
inseguros na atividade.
No meio da indústria da construção civil essa é mais uma ferramenta de
prevenção pouco atuante e aplicada. Como tudo que é burocrático e deve seguir
normas, a construção civil apresenta certa resistência, principalmente pela
mentalidade que vem de muito tempo.
Para essa medida ser aplicada na construção civil é necessário um
treinamento e o início da aplicação do programa, que é a principal cobrança da
execução desta ferramenta de prevenção.
40

6.8 Diálogo Diário de Segurança (DDS)

O DDS segundo Zocchio (2002), é um instrumento de eficácia


incontestável das atividades prevencionistas para a segurança e saúde do
funcionário. Uma ferramenta de fácil aplicação em qualquer área e tipo de trabalho,
por ser conversas diárias entre os funcionários, além do baixo custo de aplicação.
O DDS tem como objetivo proporcionar oportunidades para que se
implante a cultura de segurança nas diversas áreas, desenvolvendo nas pessoas o
hábito da conversa sobre assuntos relativos a saúde e segurança do trabalho. São
reuniões rápidas de aproximadamente 5 a 10 minutos realizadas diariamente antes
do início da jornada de trabalho, no local de trabalho para discutir assuntos relativos
aos riscos e prevenção dos mesmos, bem como discutir acidentes e incidentes
ocorridos. Essas reuniões são feitas pelos supervisores, encarregados de cada área
onde este elabora os assuntos que são os mais diversos a serem abordados.
Zocchio (2002,p.121) cita que:

O chefe que tem por hábito dialogar com os subordinados sobre segurança
do trabalho, corrigindo falhas e ensinando a maneira segura de executar as
tarefas, além de prevenir acidentes, promove, ao mesmo tempo, o equilíbrio
da produtividade nas atividades sob sua responsabilidade.

Segue alguns dos principais assuntos abordados no DDS segundo o


Programa de Prevenção de Segurança da BUNGE FERTILIZANTES S.A. :
• Falar das tarefas a serem executadas durante o dia;
• Alertar sobre os riscos de acidentes e quais as medidas preventivas;
• Utilização dos EPI’s e EPC’s;
• Saúde do trabalhador;
• Forma de prevenção de doenças;
• Acidentes ocorridos no local de trabalho;
• O que fazer em caso de acidentes;
• Repita quantas vezes for necessário, os procedimentos para evitar
acidentes;
• Confira sempre se entenderam as instruções que foram transmitidas.
41

São muitos os assuntos a serem abordados. Além dos assuntos


específicos, pode ser lida algumas informações básicas de segurança para que a
cada dia a segurança esteja na mentalidade do funcionário. No ANEXO 4 mostra
alguns exemplos e a lista de presença dos funcionários no DDS.
Abaixo algumas informações segundo o programa de segurança da
BUNGE FERTILIZANTES S.A. para a leitura do encarregado aos funcionários no
DDS:
QUADRO 02: Informações transmitidas no DDS
1 Verifique os Equipamentos de Proteção Individual de sua Equipe,
inclusive faça a programação antecipada das atividades e quais
Equipamentos e Ferramentas que serão utilizadas ;
2 Não se aproxime de máquinas, equipamentos ou caminhões em
movimentação ;
3 Em redes elétricas energizadas somente o eletricista poderá
executar trabalhos, Nunca faça improvisações ;
4 É proibido o uso de bebidas alcóolicas ou drogas alteradoras do
comportamento ;
5 Conserve limpo o local de trabalho ;
6 Obedeça as sinalizações implantadas pela Segurança do Trabalho ;
7 Antes dos inícios das atividades, verifique as condições das
máquinas e equipamentos ;
8 Comunique ao Encarregado todas as condições inseguras que
ofereçam riscos de acidentes, observadas nas fases da Obra ;
9 Sempre que observar um principio de incêndio, combata-o com a
preventiva, conforme instruções recebidas e em seguida comunique
à Segurança do Trabalho ;
10 Usar todo Uniforme e EPIs conforme especialidades de Serviços e
Normas da FAFEN/SE/Qualiman
11 Obedecer as placas de Sinalização instaladas na Refinaria e frentes
de Trabalho ;
12 Andar e não correr nos locais de Trabalho ;
13 Ajudar a manter limpo os locais de refeição, sanitários, vestiários e
veículos de Transporte de Pessoal ;
14 Não fazer brincadeiras de qualquer espécie nos locais de trabalho
ou desviar atenção dos colegas de trabalho ;
15 Nos trabalhos a serem executados em altura superior a (2) dois
metros, fazer uso do cinto de segurança ;
16 Não subir ou descer em veículos em movimento ;
17 Não deixar ferramentas ou equipamentos soltas sob estruturas,
plataformas em cima de tubulações (acondicione-as) ;
18 Somente utilizar ferramentas e equipamentos adequados à atividade
e nunca fazer improvisações ;
42

19 Nunca permanecer de baixo de cargas suspensas nem mesmo


passar
20 Quando precisar comparecer ao Ambulatório Médico, comunique de
imediato ao seu encarregado e este ao serviço de Segurança do
Trabalho ;
21 Não desligar ou ligar chaves elétricas sem a autorização de seu
encarregado, a não ser em casos de emergência ;
22 Obedecer as instruções recebidas do Técnico de Segurança,
quando determinadas a você ;
23 Quando executar atividades com lixadeiras elétricas, pneumáticas e
esmeril, usar óculos de Segurança e Protetor Facial ;
24 Os Empregados não devem acionar, parar, ajustar qualquer
máquina ou equipamento ou instalação que não esteja sob sua
responsabilidade ;
25 Preservar o Meio Ambiente, não jogando lixo em locais
inadequados.
FONTE: Bunge Fertilizantes S.A., 2009

O principal objetivo do DDS é a conscientização do funcionário quanto a


segurança e saúde para que haja uma prevenção e redução dos acidentes ao
funcionário.

6.9 Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC)

EPCs são dispositivos utilizados à proteção de trabalhadores durante


realização de suas atividades. O EPC serve para neutralizar a ação dos agentes
ambientais, evitando acidentes, protegendo contra danos à saúde e a integridade
física dos trabalhadores, uma vez que o ambiente de trabalho não deve oferecer
riscos à saúde ou à a segurança do trabalhador.
Ao pensar em proteção do trabalhador é necessário previnir coletivamente
primeiro, quando o meio não oferece condições seguras de trabalho adota-se o EPI.
Esta ferramenta coletiva ao contrário do que se pensa é um investimento
relativamente barato, claro que temos EPC de alta qualidade e de alta tecnologia
como os sistemas sofisticados de detecção de gases dentro de uma indústria
química.
De acordo com Piza (1997,p.33):
43

Os EPCs para serem perfeitamente definidos e adequados devem respeitar


algumas premissas básicas:
• Ser do tipo adequado em relação ao risco que irão neutralizar;
• Depender de menos possível da atuação do homem para atender
suas finalidades;
• Ser resistentes às agressividades de impactos, corrosão,
desgastes,etc., a que estiverem sujeitos;
• Permitir serviços e acessórios como limpeza, lubrificação e
manutenção;
• Não criar outros tipos de riscos, principalmente mecânicos como
obstrução de passagens, cantos vivos,etc.

Assim a melhor conclusão para o EPC é que esta proteção não atrapalha
em nada o trabalhador, são dispositivos que ajudam e pode até aumentar a
produção do trabalhador.

6.9.1 Tipos de EPC’s

Abaixo alguns dos tipos mais utilizados de EPC’s:

• Sinalização

A sinalização pode ser utilizada tanto internamente e externamente com a


função de sinalizar, interditar, balizamento ou demarcação em geral, por indústrias,
construtoras, transportes, órgãos públicos ou empresas que realizam trabalhos
externos. São equipamentos de fácil visualização e fácil de se encontrar no
mercado. As fitas sinalizadoras podem conter textos, assim possibilitando várias
aplicações. As correntes de sinalização e isolamento em plástico ABS são as mais
utilizadas devido a sua alta durabilidade, resistência mecânica e contra altas
temperaturas, excelente para uso externo, não perdendo cor ou descascando com a
ação de intempéries. (Figura 1, 2, 3 e 4).
44

FIGURA 1: Placa de aviso


FONTE: Bunge Fertilizantes S.A., 2008

FIGURA 2: Fita sinalizadora


FONTE: Bunge Fertilizantes S.A., 2008

FIGURA 3: Corrente de sinalização


FONTE: Bunge Fertilizantes S.A., 2008
45

FIGURA 4: Cone de sinalização


FONTE: Bunge Fertilizantes S.A., 2008

• Plataforma de Proteção

O sistema de plataforma de proteção (bandeja) é composta de quadros


modulares de tamanhos variáveis, com molduras de aço e chapas de compensado,
que são fixadas por intermédio de parafusos a vigas de aço reforçadas. Quando
instalados, os quadros são fixados entre si, proporcionando total segurança ao
conjunto. Devido à variedade de tamanhos e quadros, as bandejas são adaptáveis
aos mais variados desenhos de lajes existentes. Esse tipo de proteção é de muita
importância para os pedestres, pois evita que detritos de construção atinjam pessoas
passando na calçada. (Figura 5 e 6).
46

FIGURA 5: Plataforma de proteção


FONTE: Civil / Mecânica., 2009

FIGURA 6: Detalhes da plataforma de proteção


FONTE: Civil / Mecânica., 2009
47

• Protetor de Periferia – Tipo Guarda Corpo

Conforme exige a norma NR-18, tem suporte para rodapé, travessão


intermediário e travessão superior. A fixação à forma é feita através de um suporte
em tubo redondo preso nos garfos de madeira. Tem, como acessório entre o
travessão intermediário e o superior, dispositivo de passagem de cabo de aço para
amarração dos cintos de segurança dos operários. Muito utilizado nas limitações das
lajes para segurança dos trabalhadores. (Figura 7).

FIGURA 7: Guarda corpo de laje


FONTE: Civil / Mecânica., 2009

• Protetor para Poço de Elevador

Módulo regulável tipo Guarda-corpo Rodapé (GcR), entre 1,50 m e 2,60


m, com suporte para rodapé, travessão intermediário e superior. Os módulos são
montados em apoios rigidamente fixados à estrutura ou em montantes. Os apoios
48

fazem com que o fechamento fique à distância de 0,20 m do poço do elevador,


seguindo a orientação dos fabricantes de elevadores. (Figura 8).

FIGURA 8: Protetor para poço de elevador


FONTE: Civil / Mecânica., 2009

• Telas de Proteção

As telas de extrema utilidade, proporciona uma boa proteção para as


pessoas. Segue as características de cada tela:
• Tela Fachadeiro - ideal para proteger prédios em construção e obras de longa
duração;
• Tela Leve - para proteger prédios em reformas, pintura, recuperação de
fachadas, etc. ;
• Tela Tapume - ideal para cercamento de canteiro de obras, áreas de risco,
desvio de trânsito e corredor para pedestres.
Abaixo ilustrações das telas de proteção. (Figura 9, 10 e 11).
49

FIGURA 9: Tela fachadeiro


FONTE: IBRATE,2009

FIGURA 10: Tela leve


FONTE: IBRATE,2009
50

FIGURA 11: Tela tapume


FONTE: IBRATE,2009

6.10 Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

São todos os equipamentos de uso individual destinados a proteger a


integridade física e preservar a saúde do trabalhador. De acordo com Oliveira Ayres
e Peixoto Corrêa (2001), os EPI’s desempenham importante papel na redução das
lesões provocadas pelos acidentes do trabalho e das doenças profissionais.
Todos os funcionários da obra devem ser treinados e orientados para
utilização adequada dos EPI’s - Equipamentos de Proteção Individual e recebê-los
gratuitamente em perfeito estado de conservação e funcionamento. De acordo com
a lei do ministério do trabalho, CLT – Consolidação das Leis de Trabalho / Capítulo V
– da segurança e medicina do trabalho / Seção IV - do equipamento de proteção
individual - Art.166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados,
gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito
estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral
51

não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos
empregados.
As empresas adotam um sistema para a distribuição e fiscalização dos
EPI’s através de uma ficha, onde essa visa atender, não só as necessidades de
controles administrativas, mas, principalmente, os aspectos legais. Nesta ficha
consta além do termo de responsabilidade do empregado e da empresa, os tipos de
EPI’s requisitados, seus C.A’s (Certificado de Aprovação) e as datas de entrega e
substituição. Todos os EPI’s utilizados pelo empregado deverão ser anotados nessa
ficha. As fichas de Controle de EPI’s ficarão arquivadas no setor de Segurança do
Trabalho enquanto o empregado estiver trabalhando na empresa, após o
desligamento do empregado, sua ficha deverá ser enviada ao setor de RH para
arquivamento junto ao prontuário do empregado desligado.
Outro sistema a ser adotado para a fiscalização e principalmente para a
instrução dos funcionários de acordo com a sua função é uma planilha onde
constam os riscos para cada função e principalmente porque consta o EPI a ser
utilizado na rotina de trabalho ou se a sua utilização é uma eventualidade, conforme
a planilha no ANEXO 5. É muito importante a fixação desta planilha em vário locais
de trabalho para todos os funcionários ficarem instruídos quanto a utilização dos
EPI’s.
O equipamento deve conter o CA (Certificado de Aprovação), que é
expedido pelo ministério do trabalho e emprego. Também quando não é dado o
devido treinamento o funcionário fica com o equipamento, mas, desprotegido, pois
utilizam incorretamente.
Os funcionários devem responsabilizar-se pela guarda e conservação dos
equipamentos de proteção individual e comunicar ao setor de segurança, quando o
EPI tornar-se impróprio para o uso. Além disto, é necessária a sua utilização após o
treinamento e orientação do setor de segurança da empresa.
De acordo com Oliveira Ayres e Peixoto Corrêa (2001,p.26),

É importante que o trabalhador tenha em mente que:


• é necessário que o trabalhador participe dos programas de prevenção de
sua empresa, a fim de que possa, conscientemente, valorizar o uso dos
EPIs;
• é desejável que o EPI seja confortável, que se adapte ao esquema
corporal do usuário e tenha semelhança com objetos comuns;
52

• deve-se deixar ao trabalhador a escolha do tipo de sua preferência, até


mesmo quando a certa característica, como a cor, quando a empresa tiver
selecionado e adquirido mais de um tipo e marca para a mesma finalidade;
• a experiência tem demonstrado que se o trabalhador for levado a
compreender que o EPI é um objeto bom para si, destinado a protegê-lo,
mudará de atitude, passando a considerá-lo como algo de sua estima e,
nesse caso, as perdas ou danos por uso inadequado tendem a
desaparecer;
• empregador e/ou o supervisor deverão ser tolerantes na fase inicial de
adaptação, usando a compreensão e dando as necessárias explicações ao
trabalhador, substituindo a coerção pela atenção e esclarecimento, de
forma que, aos poucos, vá conscientizando o trabalhador da utilidade do
uso do EPI. As ameaças e atitudes coercitivas provocarão traumas e
revoltas do empregado.

Em vários segmentos de trabalhos como em indústrias automobilísticas,


alimentícias, química, mineração, cerâmica entre outras, apresentam uma aplicação
correta dos EPIs conforme as normas de trabalho devido a sua organização,
mentalidade, treinamentos e investimentos feitos. Na indústria da construção civil
onde os acidentes são em maior números segundo o ministério do trabalho, por
muitas vezes apenas fornecem o EPI, mas não há um treinamento e tão pouco uma
reposição do EPI quando necessário. A segurança para a indústria da construção
civil resume em fornecer o EPI sem uma preocupação da sua utilização correta.
Conforme o artigo da Zanpieri Grohmann,

[...] o simples fornecimento de EPIs e exigência de seu uso não podem


evitar acidentes se utilizados isoladamente pois, um eficaz sistema de
segurança é caracterizado não apenas pelo simples cumprimento de
exigências legais,mas, principalmente, pela preocupação em fornecer aos
empregados um ambiente seguro, os mais adequados equipamentos de
proteção individual e um eficiente treinamento do mesmo, sem levar em
conta apenas a minimização dos custos.

Esse fato ocorre devido à alta rotatividade de mão-de-obra na construção


civil, onde os empreendedores não investem em equipamentos e tão pouco em
segurança para não “perder dinheiro”, um pensamento retrogrado nos dias
modernos, onde a segurança tem que estar em primeiro lugar a frente da produção,
pois do que vale produzir com acidentes ou mortes, o prejuízo é certo.
53

6.10.1 Tipos de EPI’s

A variedade de tipos de EPI são imensas, abaixo estão algum dos tipos
de EPI mais utilizados:

• Capacete de proteção

A principal utilização do capacete é para proteção da cabeça do


empregado contra agentes metereológicos (trabalho a céu aberto) e trabalho em
local confinado, impactos provenientes de queda ou projeção de objetos,
queimaduras, choque elétrico e irradiação solar. (Figura 12, 13, 14 e 15).

FIGURA 12: Capacete tipo aba frontal


FONTE: CPNSP,2005

FIGURA 13: Capacete tipo aba total


FONTE: CPNSP,2005
54

FIGURA 14: Capacete tipo aba frontal com viseira


FONTE: CPNSP,2005

FIGURA 15: Capacete tipo aba frontal com protetor tipo concha
FONTE: CPNSP,2005
55

• Óculos de segurança para proteção

Os óculos são utilizados principalmente para evitar perfuração dos olhos


através de corpos estranhos como no corte de arames e cabos, no uso de chave de
boca e talhadeiras, uso de furadeiras, retirada de pregos, partículas sólidas e outros
agentes agressivos que possam prejudicar sua visão, como agentes químicos. Uma
outra aplicação é a utilização do óculos com lente de tonalidade escura, além das
proteções já citadas, podem proteger os olhos dos raios ultravioletas. (Figura 16, 17
e 18).

FIGURA 16: Óculos de segurança para proteção com lente incolor


FONTE: CPNSP,2005

FIGURA 17: Óculos de segurança para proteção com lente de tonalidade escura
FONTE: CPNSP,2005
56

FIGURA 18: Óculos de segurança para proteção tipo ampla visão


FONTE: CPNSP,2005

• Protetor auditivo

Utilizado para proteção dos ouvidos nas atividades e nos locais que
apresentem ruídos excessivos para evitar algumas doenças causadas pelo ruído
como: perda auditiva, cansaço físico, mental, stress, fadigas, pressão arterial
irregular, impotência sexual nos homens e descontrole hormonal nas mulheres e
excesso de nervosismo. É recomendado a utilização desta proteção durante todo o
período de trabalho, assim causando um maior conforto para o trabalho. Na
indústria da construção civil existe alguns setores onde a utilização desta proteção
torna muito necessária como no caso do operador da betoneira, utilização de
ferramentas elétricas como serra circular, serra mármore. Quando não utilizado essa
proteção pode gerar doenças ao longo do tempo. (Figura 19 e 20).
57

FIGURA 19: Protetor auditivo tipo concha


FONTE: CPNSP,2005

FIGURA 20: Protetor auditivo tipo inserção (plug)


FONTE: CPNSP,2005

• Respirador purificador de ar

Utilizado para proteção do sistema respiratório contra gases, vapores,


névoas, poeiras, para evitar contaminações por via respiratória, complicações nos
pulmões e doenças decorrentes de produtos químicos. Em casos de emergência
deverão ser utilizadas máscaras especiais.
58

Na construção civil a poeira é a grande dificuldade no local de trabalho


assim prejudicando a respiração do funcionário, outra dificuldade é na utilização de
serra mármore para cortar paredes que gera uma névoa de pó, com isso é de
extrema necessidade a utilização desta proteção para evitar doenças respiratórias e
no momento do trabalho proporcionar um conforto ao funcionário. (Figura 21, 22 e
23).

FIGURA 21: Respirador purificador de ar (descartável).


FONTE: CPNSP,2005

FIGURA 22: Respirador purificador de ar (com filtro)


FONTE: CPNSP,2005
59

FIGURA 23: Respirador purificador de ar com filtro (descartável).


FONTE: CPNSP,2005

• Luva de proteção

As luvas de proteção são utilizadas para proteção mecânica, e contra


produtos abrasivos, escoriantes e rebarbas. Para cada tipo de luva há uma utilização
correta, como para a construção civil as mais utilizadas são as luvas de raspa para o
transporte de argamassa nos carrinhos, as luvas de látex mais usadas para proteger
as mãos de agentes químicos como o cimento que pode ocorrer várias irritações na
pele.
Para que várias doenças não ocorram com o funcionário é de extrema
necessidade a utilização desta proteção para cada tipo de serviço. (Figura 24, 25,
26, 27, 28 e 29).
60

FIGURA 24: Luva de proteção tipo vaqueta


FONTE: CPNSP,2005

FIGURA 25: Luva de proteção de algodão


FONTE: CPNSP,2005

FIGURA 26: Luva de proteção emborrachada


FONTE: CPNSP,2005
61

FIGURA 27: Luva de proteção de látex


FONTE: DANNY,2009

FIGURA 28: Luva de proteção de PVC cano longo


FONTE: CPNSP,2005

FIGURA 29: Luva de proteção de raspa


FONTE: CPNSP,2005
62

• Cinto de segurança

Cinto de segurança é utilizado para proteção do empregado contra


quedas em serviços onde exista diferença de nível. Na indústria da construção civil
muito utilizado já que os serviços em altura são muito freqüentes na utilização de
andaimes, na construção de telhados, etc. Os cuidados a serem tomados pelo
funcionário é a sua correta utilização, pois quando utilizado frouxo na queda pode
ocorrer um acidente. Deve-se verificar todas as cordas de segurança para que o
funcionário fique bem seguro na altura. A utilização do dispositivo trava – quedas é
de estrema importância, pois impede que o funcionário na queda possa chegar ao
chão, assim travando o funcionário e fazendo com que ele fique preso no local.
(Figura 30 e 31).

FIGURA 30: Cinturão de segurança tipo pára-quedista


FONTE: CPNSP,2005
63

FIGURA 31: Dispositivo trava-quedas


FONTE: CPNSP,2005

• Calçados de segurança

Um dos poucos equipamentos de proteção mais comum na utilização de


todas as empresas, principalmente na construção civil, mas ainda há algumas
empresas que ignoram essa utilização.
Um equipamento de segurança utilizado para a proteção dos pés, dedos
e pernas contra cortes, perfurações, escoriações, queda de objetos, calor, frio,
penetração de objetos, umidade, produtos químicos. No mercado temos diversos
tipos de calçados de segurança. (Figura 32, 33 e 34).

FIGURA 32: Botina em couro com elástico


FONTE: Bunge Fertilizantes S.A., 2008
64

FIGURA 33: Sapato em couro


FONTE: Bunge Fertilizantes S.A., 2008

FIGURA 34: Bota de borracha


FONTE: Bunge Fertilizantes S.A., 2008

FIGURA 35: Perneira de raspa


FONTE: CPNSP,2005
65

6.11 Quase Acidente

Quase acidente é todo e qualquer evento indesejável, não programado,


que tenha o potencial de gerar acidente.
O Quase Acidente é uma ferramenta de muita importância para as
empresas aplicarem em seus estabelecimentos, pois o custo para a sua aplicação é
muito baixo comparando ao custo de um acidente. Esta ferramenta não é aplicada
apenas em áreas industriais, podendo aplicar em escritórios onde também
acontecem acidentes, pela maioria das vezes insignificantes, mas que podem ser
evitados através desta ferramenta de prevenção de acidentes.
É importante conhecer os quase acidentes e desenvolver planos para
reduzir ou eliminar a possibilidade de um acontecimento semelhante. Além disto, os
quase acidentes tendem a ser muito mais freqüentes que os acidentes, indicando
áreas críticas para melhorias na gestão da segurança.
Esses eventos servem para alertar que algo de pior pode ocorrer, pois a
repetição dos quase acidentes e a não conformidade do caso de acordo com o
Programa de Prevenção de Acidentes da BUNGE FERTILIZANTES é o não
cumprimento de procedimentos, regulamentos, legislações ou outros requisitos
associados a gestão de Segurança e que podem ocasionar, direta ou indiretamente,
lesão ou doença, dano patrimonial ou ainda uma combinação destes.
Uma forma didática de mostrar ao funcionário o funcionamento da
ferramenta quase acidente é a pirâmide de Bird onde nos anos de 1967 e 1968, o
norte americano Frank Bird analisou 297 companhias nos Estados Unidos da
América, sendo envolvidas nessa análise 170.000 pessoas de 21 grupos diferentes
de trabalho. Neste período, houveram 1.753.498 acidentes comunicados. A partir
desses dados foi criada a pirâmide de Frank Bird, onde chegou-se a conclusão que,
para que aconteça um acidente que incapacite o trabalhador, anteriormente
acontecerão 600 quase acidente.
66

ACIDENTES
GRAVES
1
ACIDENTES
10 LEVES

ACIDENTES COM
PERDA
30 MATERIAL

QUASE
600 ACIDENTE

FIGURA 36: Pirâmide de Frank Bird


FONTE: Bunge Fertilizantes S.A., 2008

Há uma importância muito grande em registrar os quase acidentes, pois


os benefícios alcançados são da própria pessoa que registrou para colaborar com a
diminuição dos acidentes na empresa. Caso o funcionário tome a decisão de não
registrar ele pode ser a próxima vitima do acidente.
É de extrema importância a empresa fazer um trabalho de
conscientização com os funcionários, pois os registros dependem única e
exclusivamente do funcionário, assim ele podendo ou não registrar, por esse fator é
necessário estimular todos a registrar para ser alcançado metas de registro de
quase acidente por setores da empresa, assim posteriormente alcançando estas
metas estipuladas fazer um sorteio de brindes, festas,etc.
Os registros são feitos através de blocos de anotação, conforme a figura
36, que são distribuídos pela empresa a todos os setores e este repassa aos
funcionários. A supervisão acompanha todos os registros e depois encaminha ao
setor de segurança para assim serem tomadas as devidas providências.
É muito comum o funcionário não registrar com medo de ser punido pela
supervisão, pela burocracia de escrever no bloco de nota ou ainda pelos erros de
português e a caligrafia. Estes fatos devem ser reparados através de conversas
francas dos supervisores com o funcionário explicando e adaptando a melhor forma
de registrar, outra forma é trazer estes assuntos na DDS.
67

FIGURA 37: Bloco de registro de quase acidente


FONTE: Bunge Fertilizantes S.A.,2008

O setor de segurança analisa os registros e classifica em: Quase Acidente


onde é definido por todo e qualquer evento indesejável, não programado, que tenha
o potencial de gerar acidente ou Condição de Risco que é definido por falhas físicas
(Ex.: falta de dispositivo de segurança, instalações inadequadas, instalação elétrica
com fios desencapados, máquinas e/ou ferramentas com defeito, ausência de
proteção mecânica em parte girante, ausência de sinalização, etc.), que ponham em
risco a integridade física, a saúde das pessoas e as instalações ou Comportamento
de Risco que tem por definição todo o ato praticado pela pessoa, de forma
consciente ou não, que está contra os padrões adotados pela empresa. Ex.: não
utilizar os EPI’s recomendados, não adotar procedimento existente, não respeitar
sinalização, etc.
Após a classificação é feito um plano de ação, onde são colocadas as
prioridades para eliminar as condições de risco e os quase acidentes para que estes
não venham a tornar um acidente. Também para eliminar os comportamentos de
risco, são elaboradas palestras aos supervisores e aos funcionários para reduzir
estas condições.
68

Não basta fazer os trabalhos de correção, algo de extrema importância é


a divulgação dos resultados a todos os funcionários da empresa, para que o trabalho
de todos seja valorizado, assim com essas ações os funcionários são de certa forma
estimulados a registrarem, pois estão acompanhando a solução dos seus registros.

6.11.1 Importância do Quase Acidente para a Construção Civil

Muitos incidentes, imprevistos e dificuldades passageiras quase viram


acidentes. São aqueles que não provocam ferimentos apenas porque ninguém se
encontrava numa posição de se machucar. Um claro exemplo de quase acidente é
quando você deixa algo pesado cair e não acerta o próprio pé, isto caracteriza um
quase acidente, mas sem ferimento.
Para a construção civil a implantação desta ferramenta de prevenção de
acidentes, quando registrados, pode trazer muitos benefícios, assim reduzindo o
número de acidentes nesta área que é muito necessitada de prevenção.
O principal objetivo do programa e que é de muita importância para a
construção civil é de reduzir o número de acidentes com e sem afastamentos,
envolvendo funcionários e prestadores de serviços.
Para uma boa implantação do programa segue algumas etapas a serem
seguidas:
• Apresentação do programa Quase Acidente;
• Preocupações dos funcionários em registrar os Quase Acidentes;
• Ajuda aos funcionários quanto à dificuldade em descrever a
ocorrência;
• Reuniões com os engenheiros, para aumentar os registros;
• Contatos diretos através das reuniões diárias de diálogos sobre
segurança;
• Feedback do programa.
69

7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

7.1 Pesquisa

A pesquisa foi realizada na Bunge Fertilizantes S.A. unidade de Cajati –


SP que tem uma área de 180.000 m² e conta com 520 funcionários e 1300 terceiros.
A empresa está localizada na cidade de Cajati-SP na Rodovia BR 116 Km 488,
bairro complexo industrial. A FIGURA 38 ilustra a portaria central da Bunge
Fertilizantes S.A. – unidade de Cajati-SP.

FIGURA 38: Portaria central da Bunge Fertilizantes S.A. – Unidade de Cajati-SP

A empresa atua em todas as etapas da produção de fertilizantes. Suas


operações começam na mineração de rocha fosfática e calcário, passam pelo
processamento químico e vão até a entrega do produto final: fertilizantes, calcário
para correção do solo e componentes para nutrição animal.
70

A Bunge Fertilizantes S.A. tem nos seus valores a integridade, abertura e


confiança, trabalho em equipe, empreendedorismo, cidadania e segurança.
A segurança na Bunge tem estado em primeiro lugar. Há um investimento
muito grande na empresa para aprimorar as técnicas de prevenção de acidentes,
compra de equipamentos, palestras, treinamentos, etc., para conscientizar os
funcionários que a segurança está em primeiro lugar.
Foram criadas e aperfeiçoadas muitas técnicas e métodos para a
prevenção do acidente, uma das técnicas mais recentes são as regras de ouro da
segurança, que consiste em 10 regras básicas de prevenção de acidentes: trabalhos
em eletricidade, entrada em espaço confinado, permissão de serviço seguro, análise
de risco da atividade, escavações, bloqueio de equipamentos, trânsito de veículos
no interior da unidade, trabalhos em locais elevados, trabalho a quente, abertura de
linha. Cada uma das regras apresenta uma série de especificações para a
prevenção de acidentes.
A preocupação com a segurança não é muito antiga, pois as técnicas de
segurança começaram a ser intensificadas na Bunge Fertilizantes S.A. – unidade de
Cajati-SP a partir do ano 2000. Podemos ver que para a segurança no trabalho se
tornar eficaz deve-se haver um tempo para a adaptação dos funcionários, para que
não haja uma rejeição e a segurança não seja aplicada inadequadamente.

7.2 Limitações da Pesquisa

A primeira dificuldade encontrada foi o pouco tempo para a coleta de


dados e a verificação da aplicação do programa Quase Acidente da Bunge
Fertilizantes S.A., pois um programa tão bem aplicado na empresa necessita de
meses para o aprendizado profundo e para a verificação das possíveis falhas e
limitações.
Também encontrou-se dificuldade na coleta de dados na empresa da
construção civil para a realização da pesquisa, onde o pouco tempo para a aplicação
do programa Quase Acidente dificulta a precisão dos resultados, pois este programa
depende de tempo para que os funcionários se conscientizem da segurança no
canteiro de obras.
71

7.3 Técnicas de coleta dos dados

O principal instrumento utilizado para a coleta de dados deste trabalho foi


à ida a unidade da Bunge Fertilizantes S.A. - Unidade de Cajati-SP - e fazer a
verificação e o acompanhamento dos procedimentos do programa de prevenção de
acidentes – Quase Acidente em toda a unidade, coletando dados estatísticos de
quase acidentes dos funcionários e das empresas terceirizadas no período de 2008
a 2009.
Para a aplicação da pesquisa na construção civil, os dados foram
coletados através de blocos de registro de quase acidente fornecido aos
funcionários da obra de Araranguá-SC e recolhidos semanalmente durante o
período de 3 meses.

7.4 Local da aplicação da Pesquisa

Após a coleta dos dados e o estudo do programa de prevenção de


acidentes – Quase Acidente - da Bunge Fertilizantes S.A., aplicou-se o programa
Quase Acidente em uma obra residencial unifamiliar localizada na cidade de
Araranguá-SC de 1100 m² que tem 17 funcionários e está sendo construída por uma
empresa de Criciúma-SC.
O primeiro passo foi apresentar a ferramenta de prevenção de acidente
ao diretor da construtora, mostrando os pontos positivos e as prováveis dificuldades
que seriam encontradas para a aplicação do programa de prevenção de acidentes.
72

8 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA

8.1 A aplicação do Quase Acidente na Bunge Fertilizantes S.A.

A segurança na Bunge Fertilizantes S.A. foi intensificada através do


aperfeiçoamento de técnicas de prevenção de acidentes entre os anos de 2000 a
2003 com o PDSSO (Programa Diretor de Segurança e Saúde Ocupacional), antes
disso a segurança era aplicada, mas não com tanta responsabilidade que nos dias
de hoje onde a segurança na empresa está à frente da produção, da gerência, da
diretoria, etc.

Como tudo que é novo para aplicar na empresa, principalmente a


segurança do trabalho, que sempre apresenta barreiras aos funcionários muitas
vezes pelas normas a serem seguidas, por mudar a rotina de trabalho já realizada a
muito tempo,aos gerentes e diretores pelo custo, não sendo diferente na Bunge, pois
no início da aplicação dos programas de prevenção foi muito difícil e exigindo muita
paciência e insistência no trabalho.
No programa Quase Acidente, tiveram mais dificuldades de aplicação na
empresa que outros métodos como a ART (Análise de Risco da Tarefa) onde essa
análise e aplicação basicamente depende do setor de segurança do trabalho, a PSS
(Permissão de Serviço Seguro), um documento que autoriza a realização do serviço
que depende do supervisor para essa liberação, EPC (Equipamento de Proteção
Coletiva) e EPI (Equipamento de Proteção Individual) que são equipamentos onde a
sua utilização deve ser exigida e fiscalizado através de leis.
O programa Quase Acidente teve início na Bunge em 2004, onde
houveram muitas dificuldades para ser aplicado, as dificuldades já foram
apresentadas no início do programa, pois os funcionários apresentaram bastante
resistência para escrever os registros de quase acidente no bloco de registros
devido a preocupação de escrever com erros de português e com a caligrafia,
também por não ter a obrigação legal de registrar os fatos. A principal dificuldade
encontrada foi onde os funcionários apresentaram um certo receio de registrar o
73

quase acidente e ser punido pela gerência de mostrar alguns atos inseguros feitos
por eles mesmos.
Após a conscientização dos funcionários e gerência, da importância da
aplicação do quase acidente na empresa, fato que levou 1 (um) ano
aproximadamente, outras dificuldades surgiram como tomar as ações de correção
para os atos inseguros e condições inseguras, pois todos os registros são colhidos
pelos setores da empresa e no final de cada mês é entregue para o setor de
segurança que tomará as ações corretivas através de prioridades que são colocadas
pelos técnicos de segurança e supervisionado pelo engenheiro de segurança do
trabalho.
Uma técnica utilizada no início do programa de prevenção Quase
Acidente foi o incentivo aos funcionários para poder alcançar metas de registros,
como o sorteio de brindes para os funcionários que mais registrassem. Essa
estratégia no início foi muito boa para despertar o interesse e a responsabilidade em
registrar, mas com o passar do tempo começaram a aparecer registros falsos para
poderem participar dos sorteios, algo que estava maquiando os resultados.
A partir de 2008 a estratégia foi mudada para a estipulação de metas por
funcionários que deve ser de 2 registros de Quase Acidente, assim apesar de muitos
funcionários registrarem apenas 2 acontecimentos pela obrigação de fazê-los, os
resultados não estão sendo maquiados como anteriormente, pois a filtragem deveria
ser muito mais rigorosa anteriormente, caso que ocorre nos dias de hoje, mas em
menor quantidade.
Na FIGURA 39 mostra o resultado do comprometimento dos funcionários
em relatar os quase acidentes ocorridos na Bunge.
74

FIGURA 39: Comprometimento com o registro do Quase Acidente na Bunge Fertilizantes S.A.
FONTE: Bunge Fertilizantes S.A.,2009

Com o incentivo por parte da equipe de segurança e da empresa os


resultados são positivos nos relatos dos quase acidentes, onde a maior parte dos
funcionários registra, chegando a meta estipulada pela empresa.
Todas as metas e técnicas utilizadas para o controle e aperfeiçoamento
do programa Quase Acidente na Bunge, também são aplicadas nas empresas
prestadoras de serviço.
Depois de analisado os Quase Acidentes pelo setor de segurança do
trabalho, estes registros são colocados em uma planilha, conforme relatado no
ANEXO 6, mostrando o responsável pelo registro, o local do Quase Acidente, data
da ocorrência, a descrição da causa apurada, medida proposta e medida seqüencial.
Esta planilha é encaminhada ao setor de manutenção que por sua vez montou uma
equipe para solucionar todas as condições inseguras que geraram um quase
acidente, esta equipe formada foi denominada de gestão a vista de segurança,
criada em 2008 e gerenciada por um engenheiro.
75

Ao final de cada mês são apresentados em um mural na empresa,


conforme a FIGURA 38, os resultados obtidos, os serviços realizados e quais ainda
estão pendentes, onde são mostrados em uma planilha conforme ANEXO 7. Os
serviços pendentes são analisados e classificados de acordo com os ricos para o
procedimento da SSO (Segurança e Saúde Ocupacional) e para a PPRA (Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais), conforme ANEXO 8.

FIGURA 40: Quadro de resultados – Gestão a Vista

Essa equipe é muito importante para a solução dos problemas e também


para que os funcionários sejam incentivados a continuarem registrando os quase
acidentes, pois estão colhendo resultados positivos e a segurança aumenta em toda
a empresa.
76

8.2 Resultados dos Registros na Bunge Fertilizantes S.A.

Com a aplicação do Quase Acidente na empresa, o retorno foi


apresentado gradativamente ao longo dos anos, a cada ano que passava desde a
sua aplicação a redução dos acidentes foi acontecendo. Ainda até o momento é
necessário que o departamento de segurança do trabalho esteja intensificando a
importância de registrar os quase acidentes, pois através dos registros dos
funcionários, os problemas ocorridos serão vistos e solucionados.
Os funcionários e gerentes apoiaram o programa fazendo os registros,
pois através de muitas palestras, treinamentos, DDS, etc., que vem ocorrendo
resultados positivos. Para essa melhora o departamento de segurança do trabalho
da Bunge tem traçado metas de registros de quase acidentes.
Os resultados da diminuição dos acidentes não são instantâneos, pois é
necessário que haja um trabalho de médio à longo prazo. Conforme dados
levantados na Bunge Fertilizantes S.A., desde o início dos investimentos na
segurança do trabalho e o início do programa de prevenção de acidentes o Quase
Acidente, os casos de acidentes tanto de funcionários como de terceiros vêm
reduzindo a cada ano.
A FIGURA 39 mostra a estatística de acidentes da Bunge Fertilizantes
S.A e das empresas terceiras na unidade de Cajati-SP no ano de 2004:
77
ESTATÍSTICA DE ACIDENTES - BUNGE FERTILIZANTES
UNIDADE DE CAJATI-SP- 2004

114
120
100
80 Estatísticas de
60 37 Acidentes
40 19 Bunge Fertilizantes S.A -
20 6
2004
0
Afastamento

Afastamento

Afastamento

Afastamento
Terceiros

Terceiros
Bunge

Bunge
Com

Com

Sem

Sem
FIGURA 41: Estatística de Acidente na Bunge Fertilizantes – Unidade de Cajati-SP em 2004
FONTE: da pesquisa,2009

Conforme o gráfico acima, estes são dados de acidentes no ano de 2004,


onde teve o início do programa de prevenção de acidentes - Quase Acidente - na
empresa, os acidentes com afastamento estavam muito altos, principalmente nas
empresas terceiras, pois a segurança não era tão cobrada aos terceiros.
No ano seguinte a diminuição já foi notada por todos da empresa, mas
era apenas o início de um trabalho que ainda levaria alguns anos para chegar aos
resultados esperados pela empresa e pela equipe de segurança do trabalho.
A FIGURA 40 mostra as estatísticas de acidentes no ano de 2005:
78

ESTATÍSTICA DE ACIDENTES - BUNGE FERTILIZANTES


UNIDADE DE CAJATI-SP- 2005

90 81
80
70 Estatísticas de
60
50 Acidentes
40 Bunge Fertilizantes
30 21
20 13 S.A - 2005
5
10
0
Afastamento

Afastamento

Afastamento

Afastamento
Terceiros

Terceiros
Bunge

Bunge
Com

Com

Sem

Sem

FIGURA 42: Estatística de Acidente na Bunge Fertilizantes – Unidade de Cajati-SP em 2005


FONTE: da pesquisa,2009

Apenas em 2008 pode-se dizer que a segurança estava começando a dar


resultados na empresa, não podemos falar que está perfeita porque os números
dependem do homem, assim os erros são mais freqüentes e vulneráveis.

ESTATÍSTICA DE ACIDENTES - BUNGE FERTILIZANTES


UNIDADE DE CAJATI-SP- 2008

60 53
50
40 Estatísticas de
23 Acidentes
30
Bunge Fertilizantes S.A
20
- 2008
10 0 1
0
Afastamento

Afastamento

Afastamento

Afastamento
Terceiros

Terceiros
Bunge

Bunge
Com

Com

Sem

Sem

FIGURA 43: Estatística de Acidente na Bunge Fertilizantes – Unidade de Cajati-SP em 2008


FONTE: da pesquisa,2009
79

O gráfico acima relata uma diminuição muito boa, chegando a zero nos
acidentes com afastamento, na Bunge Fertilizantes S.A. e com apenas 1 acidente
nas empresas terceiras, assim constata-se a importância do tempo para o programa
ser aplicado e visto através de números os resultados satisfatórios para os
funcionários e para a empresa.
Os números mostram que o trabalho de prevenção está muito bom, mas a
cada dia é necessário melhorar e intensificar através de palestras, treinamentos,
DDS,etc., a importância da prevenção de acidentes para todos os funcionários da
empresa.
O retorno da aplicação do Quase Acidente é notório para todos os
funcionários através de fotos das condições inseguras e estes problemas sendo
solucionados conforme mostrado no ANEXO 9.

8.3 A aplicação do Quase Acidente na construtora de Criciúma-SC e os


resultados

A aplicação do programa de prevenção de acidente teve início com um


DDS (Dialogo Diário de Segurança) para os funcionários da construtora sobre a
importância da segurança do trabalho para cada funcionário e para a empresa no
canteiro de obras e também a apresentação do Quase Acidente.
Foi mostrada a importância do registro do quase acidente para a
diminuição dos acidentes na obra e entregue os blocos de registro de quase
acidente, para cada funcionário preencher de acordo com a ocorrência do fato.
Todos os funcionários mostraram um grande interesse em realizar os
registros até lembraram de quase acidentes ocorridos anteriormente e comentaram
no DDS (Dialogo Diário de Segurança).
Após a primeira visita e o primeiro contato dos funcionários com o
programa, foi realizado a segunda visita ao canteiro de obras depois de sete dias
para fazer a verificação do andamento dos relatos. Como foi o primeiro contato os
relatos foram poucos, pois não haviam entendido o programa. Assim foi feito um
80

DDS (Dialogo Diário de Segurança) explicando novamente o programa e dando o


incentivo para os funcionários.
As visitas se repetiram semanalmente no período de três meses com a
coleta dos relatos. Mas no início houve poucos relatos, devido ao pouco tempo de
aplicação do programa. Na FIGURA abaixo mostra o crescimento dos relatos de
acordo com os meses.

REGISTRO DE QUASE ACIDENTE DA


CONSTRUTORA DE CRICIÚMA-SC

16 15
14
12
12
10 ago/09
8 7 set/09
6 out/09
4
2
0
Número de registros

FIGURA 44: Estatística dos relatos de Quase Acidente na construtora de Criciúma-SC


FONTE: da pesquisa,2009

Com o pouco tempo de aplicação do programa quase acidente os relatos


foram poucos e não chegaram a um por funcionário, havendo aumento de registros
com o passar dos meses.
No ANEXO 10 mostra os relatos de Quase Acidente dos funcionários da
construtora que na sua maioria apresentou devido a não utilização ou utilização
inadequada dos EPI’s. Com essa maioria de relatos é necessário que se faça um
trabalho de conscientização dos funcionários através de campanhas, palestras de
segurança mostrando a importância dos EPI’s e principalmente da segurança. Além
disso é necessário uma fiscalização dos funcionários para a utilização correta do
EPI, pois na maioria das vezes os funcionários não utilizaram por não ter uma
fiscalização correta na obra e assim realizando a tarefa de maneira mais confortável
para ele.
81

Outro fato com relação a utilização de EPI foi a falha da empresa na


entrega do material, pois era requisitado o EPI e este por vezes não chegava na
obra, assim o funcionário tendo que realizar a tarefa sem a utilização do mesmo, o
que não deveria ser feito. O correto seria interromper a tarefa porque não havia
condições seguras para o funcionário realizar a tarefa. Esta é uma falha inadmissível
da lei, o que poderá gerar multas a empresa.
Outros relatos que se repetiram foram quanto a organização do canteiro
de obra, que por muitas vezes foram simples que poderiam gerar um acidente e
afastar o funcionário, mas essas condições de risco já foram resolvidas
imediatamente, o que não elimina o risco de acidente, o correto a ser feito pela
empresa seria a organização constante do canteiro de obra para eliminar
completamente as condições de risco.
As dificuldades encontradas para a aplicação do quase acidente na
construtora foi a dificuldade dos funcionários de escrever nos blocos de registro
devido a preocupação com a caligrafia e ortografia e também por se tratar de um
programa novo para a construtora e para os funcionários a implantação foi um pouco
difícil. Outro ponto negativo foi com relação ao incentivo da gerencia da construtora
em aplicar e fiscalizar o programa na empresa, mostrando resistência e dificuldades
em cumprir corretamente o programa.
82

9 CONCLUSÃO

Neste trabalho foi feito a pesquisa do programa de prevenção de


acidentes – Quase Acidente na Bunge Fertilizantes S.A. e analisado a viabilidade da
aplicação em uma obra de Construção Civil.
A pesquisa demonstrou que o programa aplicado na Bunge Fertilizantes
S.A na unidade de Cajati/SP atingiu bons resultados, nos seus quatro anos de
implantação e acompanhamento pela equipe de segurança do trabalho.
O programa na Bunge ainda requer melhorias, mesmo com os resultados
atingidos, demonstrando que o mesmo eventualmente força os funcionários a relatar
metas de quase acidente, quando deveria desenvolver uma mentalidade de
comprometimento dos funcionários com a segurança do trabalho.
A aplicação do programa na Construção Civil, não teve o resultado
esperado devido ao curto período de tempo para a implantação e treinamentos
adequados para compreensão dos objetivos deste programa.
Apesar do pouco tempo de aplicação do Quase Acidente na obra da
Construção Civil, ficou claro o crescimento no número de relatos de Quase
Acidentes pelos trabalhadores.
Recomenda-se para a construtora a montagem de uma equipe de
segurança do trabalho para fiscalizar e monitorar os acontecimentos bem como para
reconhecer e corrigir as condições de risco e atos inseguros identificados e não
relatados na obra.
83

REFERÊNCIAS

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Acidentes do Trabalho. São Paulo: Aspectos Técnicos e Legais,2001.

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84

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para se adaptarem às novas normas de segurança. São Paulo, 1997.

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Paulo, 1974.

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São Paulo: Textos básicos para estudantes de engenharia,1981.

SOUSA, Ulysses Freitas de. Proposta de sistema de planejamento e controle de


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1997. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal da
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ZOCCHIO, Álvaro. Prática da Prevenção de Acidentes. 7,ed. São Paulo: ABC da


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ZOCCHIO, Álvaro. Prática da Prevenção de Acidentes. 4,ed. São Paulo: ABC da


Segurança do Trabalho, 1980.

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