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5.

Congressos da Abrasco
a expressão de um espaço consolidado

Soraya Almeida Belisário

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BELISÁRIO, S.A. Congressos da Abrasco: a expressão de um espaço consolidado. In: LIMA, N.T.,
SANTANA, J.P., and PAIVA, C.H.A., orgs. Saúde coletiva: a Abrasco em 35 anos de história
[online]. Rio de Janeiro: editora FIOCRUZ, 2015, pp. 115-136. ISBN: 978-85-7541-590-0. Available
from: doi: 10.7476/9788575415900.0007. Also available in ePUB from:
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Congressos da Abrasco:
a expressão de um espaço consolidado 5

Soraya Almeida Belisário

Ao se comemorarem os 25 anos da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco),


foi elaborada uma publicação que, entre outras temáticas, apresentou a historiografia dos
congressos realizados pela entidade desde sua fundação até o ano de 2006 (Lima & Santana,
2006). Procurou-se, assim, traçar um panorama desses eventos, abrangendo tanto o Abrascão
como os congressos por áreas específicas realizados até então, quais sejam: epidemiologia e
ciências sociais em saúde.
Por ocasião da comemoração dos 35 anos da associação, esta nova publicação é organizada,
e mais uma vez a abordagem desses importantes e significativos eventos se faz presente. Tal
abordagem se justifica não só pela continuidade histórica do registro como também pelas
marcantes mudanças ocorridas no âmbito da instituição e que tiveram nesses congressos um lócus
de discussão e realização. Nesse período, criou-se mais um congresso de área específica da saúde
coletiva: política, planejamento e gestão em saúde, que realizou dois eventos (2010 e 2013).
Uma associação científica como a Abrasco tem, nesses encontros, a possibilidade de
Congressos da Abrasco
divulgar sua produção científica, difundir conhecimentos, trocar experiências, apresentar
propostas políticas e inovações. Momentos também de propiciar reuniões de diversas entidades,
lançamentos editoriais, interação e congraçamento dos associados com a sociedade, o Sistema
Único de Saúde (SUS) e a academia. Acrescente-se a oportunidade do diálogo mais próximo
com seus associados, aproveitando sua presença, para a discussão de novas propostas e projetos
para a entidade.
Assim, foi a partir de uma reunião ampliada da diretoria da Abrasco, realizada em
Salvador (BA), por ocasião do I Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão 115
em Saúde, em 2010, que contou com representantes de grupos temáticos (GTs), comissões
e fóruns da Abrasco na qual foram compiladas diversas propostas dos seus respectivos
representantes, que se introduziu uma importante inovação nos momentos pré-congresso.
Esta, representada pela realização de minicongressos da Abrasco com a participação dos
associados adimplentes, confirmou-se como uma estratégia adequada para discutir pautas
importantes para a associação.
Os minicongressos se materializaram e se firmaram como “espaços internos da
Associação que estão contribuindo para estimular e ampliar os debates e reflexões sobre
a estruturação da Abrasco” (Abrasco, 2012a: 13). Neles têm sido discutidas questões
relativas ao funcionamento e definição de suas comissões, GTs e fóruns, além das relativas
à revisão do estatuto da associação, por meio da convocação de assembleias extraordinárias
específicas para essa finalidade. Foram quatro minicongressos realizados até novembro de
2013, nos quais se verificaram diversas mudanças na vida da entidade e de seus associados.
Assim, foi nesses momentos durante os congressos que a Abrasco regularizou seu corpo
de associados, estimulando a participação dos filiados adimplentes; criou o Fórum de
Coordenadores dos Cursos de Graduação em Saúde Coletiva; alterou seu estatuto; mudou
seu próprio nome; incluiu programas de graduação em seu corpo de associados; aprovou
a criação de novos GTs.
Com importante papel na área científica e acadêmica e também juntamente aos
serviços de saúde, com os quais mantém uma constante e crescente interação, os congressos
da Abrasco perpassaram mais dez anos como eventos de inegável força, importância e
legitimidade – que podem ser traduzidas tanto pela sua capacidade crescente de convocação
e mobilização como pela presença das mais diversas autoridades: presidente da República,
ministros de Estado, secretários, prefeitos, gestores de saúde, além de pesquisadores nacionais
SAÚDE COLETIVA: a Abrasco em 35 anos de história

e internacionais. Constata-se, portanto, não só a manutenção como a intensificação da


surpreendente capacidade convocatória e mobilizadora da associação como também a sua
capacidade de se posicionar diante do novo, de se reinventar.
Na escolha do tema central para nortear cada Abrascão ou os demais congressos,
verifica-se, mais uma vez, a preocupação em abranger temas referenciados em conjunturas
mais ampliadas da vida societal, a amplitude das parcerias estabelecidas em âmbito nacional
e internacional, bem como a diversidade de documentos produzidos nesses eventos.
Utilizando a mesma metodologia do texto que trata dos primeiros 25 anos dos
congressos da Abrasco,1 este capítulo objetiva atualizar a historiografia dos congressos realizados
pela Abrasco de 2006 até 2015, com ênfase no Abrascão, abordando ainda os congressos por
áreas específicas: epidemiologia; ciências sociais e humanas em saúde; política, planejamento
e gestão em saúde.

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BELISÁRIO, S. A. Congressos da Abrasco: a expressão de um espaço construído. In: LIMA, N. T. & SANTANA,
J. P. (Orgs.). Saúde Coletiva como Compromisso: a trajetória da Abrasco. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, Abrasco, 2006.
O trabalho incluirá, além dos aspectos gerais atinentes a cada um dos eventos, referências
aos novos procedimentos na organização e na dinâmica dos congressos, assim como as
importantes mudanças estabelecidas nessas ocasiões.

O Abrascão 35 Anos Depois

11º Congresso Mundial de Saúde Pública e 8º Congresso Brasileiro de


Saúde Coletiva
Na época do lançamento da publicação comemorativa dos 25 anos da Abrasco
(Lima & Santana, 2006), o 11º Congresso Mundial de Saúde Pública e o 8º Congresso
Brasileiro de Saúde Coletiva (CBSC) haviam ocorrido muito recentemente, em agosto de
2006, e ainda não se tinha um balanço do evento. Assim, naquele momento só foi possível
registrar algumas questões iniciais acerca de sua realização, entre elas o tema central, “Saúde
coletiva em um mundo globalizado: rompendo barreiras sociais, econômicas e políticas”.
Contudo, sua dimensão e importância impõem sua retomada aqui neste espaço.
Acredita-se que esses eventos representaram um salto da Abrasco, que se lançou numa
jornada internacional ao promovê-los juntamente com a Federação Mundial das Associações
de Saúde Pública (World Federation of Public Health Associations – WFPHA).
O ex-presidente da Abrasco José Carvalho de Noronha, citado por Belisário (2006),
ilustra bem a entrada da associação no cenário internacional com a afirmativa de que ela
“nunca esteve fora”, uma vez que sua fundação no final dos anos 1970 se deu “sob a égide
largamente aceita de uma reforma democrática internacional da utopia de um mundo de
irmãos”, afirmando que “havia uma visão internacionalista”. Afirma ainda que “em relação
às políticas de saúde, a Abrasco já nasce universalista e imbuída da ideia de solidariedade
latino-americana” (Noronha, 2005 apud Belisário, 2006: 58). Essa vocação, presente ao
longo da atuação da entidade, tem na realização desses congressos a sua consolidação no
cenário internacional.
O 11º Congresso Mundial de Saúde Pública e o 8º CBSC ocorreram em agosto de 2006,
no Rio de Janeiro, sob a presidência de Paulo Gadelha, e em consonância com a tendência
Congressos da Abrasco
já consolidada, apresentaram números grandiosos. Seus 11 mil participantes tiveram acesso
a cerca de seiscentas horas de atividades, incluídas cinco conferências magnas, 16 grandes
debates, 152 painéis e palestras, 168 temas livres, 7.433 pôsteres, 24 oficinas, 15 encontros
científicos, assembleias, fóruns, simpósios internacionais e uma Mostra Internacional de
Saúde com 57 expositores (Abrasco, 2006a).
Ao saudar, em seu discurso na cerimônia de abertura, a presença do vasto público
nacional e internacional, o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,
destacou a importância do evento e “apontou o comprometimento do governo brasileiro 117
com o desenvolvimento social e a saúde e conclamou os países representados para um
esforço conjunto contra a pobreza e as iniquidades sociais” (Abrasco, 2006a: 2). No final,
houve a aprovação da Declaração do Rio, considerada “uma chamada à solidariedade e à
responsabilidade global para enfrentamento dos enormes desafios sanitários contemporâneos”
(Abrasco, 2006a: 2), a qual veio em defesa de valores, princípios e diretrizes em saúde, do
desenvolvimento social e de justiça. Para a Abrasco, os próximos passos se direcionaram no
sentido de transformar a declaração em uma agenda de ação global de forma a “assegurar
que todo ser humano possa viver sua vida com respeito, dignidade, criando desse modo um
futuro melhor para as próximas gerações” (Abrasco, 2006a: 2).
Depoimentos de várias autoridades registrados em edição especial n. 97 do Boletim
Abrasco, publicado em outubro de 2006, reafirmam a importância e o alcance do evento,
dos quais se reproduzirão apenas alguns, para não alongar em demasia este capítulo. Como
afirmou Antônio Horácio Toro Ocampo, representante da Organização Pan-Americana
da Saúde – Opas (escritório regional da Organização Mundial da Saúde – OMS – para
as Américas no Brasil): “O congresso da Abrasco deixou de ser um evento nacional
para se converter em uma convocatória mundial” (Abrasco, 2006b: 3). Já Mirta Periago,
diretora da Opas, afirmou que “colocar a América Latina no centro do debate mundial
foi o ponto forte do evento, alcançado ao vincular um congresso brasileiro com um
mundial” (Abrasco, 2006b: 3).
O Boletim Abrasco destaca também outros depoimentos:
Os trabalhos apresentados demonstram uma comunidade acadêmica que amplia sua qualificação
técnica e seu compromisso com a busca de instrumentos e estratégias capazes de responder aos
nossos problemas de saúde. (Jarbas Barbosa da Silva Júnior, secretário executivo do Ministério
da Saúde) (Abrasco, 2006b: 3)
SAÚDE COLETIVA: a Abrasco em 35 anos de história

Estabelecer paralelos entre a experiência da Reforma Sanitária brasileira e a de outros países


foi um destaque. (Edmundo Costa Gomes, presidente do Conselho Nacional de Secretarias
Municipais de Saúde – Conasems) (Abrasco, 2006b: 4)

Outros depoimentos ressaltaram a crescente participação da comunidade técnico-


científica e a importância de manutenção desses espaços, de modo a possibilitar a análise,
o debate e a proposição de soluções para as questões afeitas ao setor Saúde; a criatividade
do campo, representada pela multiplicidade de temáticas e de formas de abordagem;
e a presença de estudantes, que reivindicavam modos mais acessíveis de participação
(Abrasco, 2006b).
No 11º Congresso Mundial de Saúde Pública e no 8º CBSC foi criado o Espaço Saúde &
Letras, que se tornaria uma tradição dos congressos da associação. Fruto de uma parceria
entre a Abrasco Livros, a Editora Fiocruz e a VideoSaúde, o espaço abriga bate-papos, mostra
de vídeos e lançamentos editoriais, proporcionando encontros entre autores e leitores do
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campo da saúde coletiva.
9º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva
O 9º CBSC foi realizado no período de 31 de outubro a 4 de novembro de 2009, no
Centro de Convenções de Recife/Olinda, em Pernambuco, sob a presidência de José da Rocha
Carvalheiro. Teve como tema central o “Compromisso da ciência, tecnologia e inovação com
o direito à saúde”, a partir do qual foram previstas quatro dimensões, assim denominadas:
Ciência, Tecnologia e Inovação para o Cumprimento dos Princípios e Diretrizes do SUS;
Saúde e Seguridade Social; Desenvolvimento Social e Econômico Sustentável; e Garantia
dos Direitos Humanos. O congresso aconteceu por ocasião dos trinta anos da associação.
Mantendo sua tradição de mobilização e poder de convocação, contou com cerca de seis
mil participantes, entre convidados, congressistas e expositores.
Mais uma vez os números demonstraram a dimensão desses eventos promovidos pela
Abrasco. Inscreveram-se 10.731 resumos. Destes, 8.139 foram selecionados para apresentação
em diferentes formatos – oral (seiscentos) e pôster (4.392), e 3.147 publicados nos anais do
congresso (Abrasco, 2009a).
A programação foi organizada com nove discussões temáticas, 106 comunicações
coordenadas, quatro conferências, 12 grandes debates, quatro palestras, quatro fóruns e 61 painéis.
O congresso prestou homenagens aos centenários do cientista Josué de Castro e da
descoberta da doença de Chagas e aos ex-presidentes da associação e seus colaboradores.
Nas duas primeiras homenagens, estiveram presentes o então presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva, e diversas autoridades como o ministro da Saúde, José Gomes Temporão;
a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef; o governador de Pernambuco, Eduardo
Campos, e seu vice, João Lira Neto; o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco,
deputado Guilherme Uchoa; os prefeitos de Olinda, Remildo Calheiros, e Recife, José da
Costa Bezerra Filho; o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha; a parteira Josefa Maria da Silva
Santos; o presidente da Comissão Científica do Congresso, Eduardo Freese; e o representante
da Opas, José Luis di Fabio. Destaca-se ter sido essa a segunda vez que o então presidente
Lula comparecia a um congresso realizado pela Abrasco.
Em editorial, o Boletim Abrasco afirmou que
O Abrascão também recolocou nossa Associação no lugar privilegiado de anfitriã de dezenas

Congressos da Abrasco
de outras entidades científicas, políticas e sociais, nacionais e internacionais, de pesquisadores,
gestores e trabalhadores de saúde, da sociedade civil e do controle social. Todas elas constituem
uma valiosa parceria na luta em defesa da saúde coletiva e do SUS. (Abrasco, 2009b: 2)

Como de praxe, o congresso foi cenário para a eleição da nova diretoria para o período
2009-2012, a qual divulgou sua carta-compromisso com destaque para o fortalecimento da
entidade na defesa do SUS e da saúde coletiva.
Entre as diversas oficinas realizadas no período pré-congresso, destaca-se a que
discutiu os cursos de graduação em saúde coletiva (CGSC), os quais já estavam em processo 119
de implantação e desenvolvimento. Essa nova realidade traria mudanças importantes no
estatuto e na dinâmica da associação.
Na oficina, foi deliberada a criação de um Fórum de Coordenadores de Cursos de
Graduação em Saúde Coletiva, proposta incorporada ao plano de gestão da nova diretoria
eleita e que seria implantada por ocasião de outro congresso, o 1º Congresso Brasileiro de
Política, Planejamento e Gestão em Saúde, a ser realizado em 2010.
Em entrevista dada por ocasião do congresso, o então recém-eleito presidente Luiz
Augusto Facchini, ao mencionar o momento vivenciado pela associação, destacou:
O surgimento e a rápida expansão dos cursos de graduação em saúde coletiva completam
a formação de pós-graduação em suas diferentes nuances, desde a especialização até o pós-
doutoramento, passando por mestrados profissionais e residências multiprofissionais. Assim, os
desafios da Abrasco para os próximos anos incluem a integração dialética das agendas local,
nacional e internacional. (Abrasco, 2009c: 5)

Assim como nos congressos anteriores, esse também foi palco de diversas e diferentes
manifestações e aprovação de moções e cartas, entre elas a Carta de Olinda, documento final
do evento, que preconizava, entre outras questões,
a construção de uma alternativa para a reversão do atual modelo de produção, acumulação
e distribuição de riquezas. Um modelo que promova a saúde e a qualidade de vida, em um
padrão sustentável de desenvolvimento que permita a superação das iniquidades sociais.
(Abrasco, 2009d: 13)

A Carta aponta também a ainda existente dívida social para com os brasileiros; a
proximidade das eleições e a presença da temática da saúde nas agendas das últimas eleições,
bem como “a redução de seu papel nas diretrizes de parte significativa dos governos assim
SAÚDE COLETIVA: a Abrasco em 35 anos de história

que empossados” (Abrasco, 2009d: 13); a demanda da sociedade por mais recursos para a
saúde; a necessidade de se regulamentar a emenda constitucional n. 29 e de se aumentar o
aporte financeiro advindo do governo federal. Tema do congresso, a inovação com o direito
à saúde foi pontuada na Carta, a qual destacou que
em saúde, inovação é acesso. Não se pode conceber ciência, tecnologia e inovação
apenas em relação a bens materiais. Inovações nas políticas de saúde, na organização e
na produção de serviços são igualmente relevantes. Com efeito, pode-se considerar que a
Atenção Primária à Saúde é a mais importante inovação na nossa área das últimas décadas.
(Abrasco, 2009d: 13)

O documento destaca ainda o crescimento da violência na cidade e no campo e a


necessidade de investimentos na área, as mudanças no campo da formação em saúde coletiva,
o surgimento de novos atores, a graduação, as residências multiprofissionais e os mestrados
profissionais. Sobre a graduação, a qual já se apresentava em âmbito nacional, a Carta antevê
desdobramentos fundamentais no interior da associação.
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10º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva
Com o tema “Saúde é desenvolvimento: ciência para a cidadania” realizou-se no
período de 14 a 18 de novembro de 2012, em Porto Alegre (RS), o 10º CBSC, o 10º Abrascão,
sob a presidência de Luiz Augusto Facchini.
No período pré-congresso, realizaram-se diversas atividades, entre cursos, encontros
e oficinas. Também nesse período ocorreu o 3º minicongresso de GTs, comissões e fóruns da
Abrasco, de reorganização e revisão do estatuto da associação, seguido de uma assembleia
geral extraordinária. Como de costume, no congresso se deu a eleição para a próxima diretoria
da entidade.
O minicongresso teve como pauta a adequação do estatuto ao código civil, o que lhe
dá maior legitimidade legal, e a criação de um regulamento interno a ser elaborado pela
diretoria em determinado tempo, para posterior apreciação da assembleia.
Contando com cerca de oito mil participantes, esse também foi um congresso em que
se organizou uma intensa e diferenciada programação cultural, com atrações para todos os
dias do evento, acessíveis aos participantes.
Ao abordar os desafios em debate nesse 10º CBSC, o texto de apresentação afirma:
Passados mais de 20 anos, apesar dos significativos avanços, o SUS está longe de ser o que se
propunha. E mais: se a democracia político-institucional se consolidou no Brasil, a democracia
social – que garante a todos a mesma igualdade de oportunidades é ainda um sonho. (...) o atual
momento está a exigir da comunidade acadêmica da saúde coletiva a retomada das reflexões sobre
a relação entre saúde e sociedade. Se o mote da Reforma Sanitária brasileira, nos seus primórdios,
foi saúde e democracia, hoje talvez deva ser saúde é desenvolvimento. (Abrasco, 2012b)

Em artigo intitulado “Saúde é desenvolvimento”, publicado na revista Carta Capital


em 22 de novembro de 2012 e reproduzido no número 125 da revista Radis, Luis Eugenio
Portela Fernandes de Souza, presidente da Abrasco, afirma que o debate ocorrido no
congresso demonstrou a existência de pelo menos três dimensões na relação entre saúde e
desenvolvimento. Para ele,
A primeira se refere bem à distinção entre crescimento econômico e desenvolvimento (...).
A segunda dimensão concerne aos efeitos das condições econômicas sobre o crescimento

Congressos da Abrasco
econômico. (...) Finalmente, a terceira dimensão da relação entre saúde e desenvolvimento se
atém à contribuição da produção e circulação de bens e prestação de serviços de saúde para a
geração de riqueza. (Souza, 2013: 35)

Nos moldes dos congressos anteriores, a programação incluiu conferências, mesas-


redondas, grandes debates, painéis, palestras e apresentações de trabalhos nas modalidades
comunicações coordenadas e pôsteres eletrônicos, incluindo intervenções criativas. Algumas
novidades se fizeram presentes.
Reflexo das mudanças pelas quais a associação vinha passando, foi reservado um 121
período específico para comunicações coordenadas e pôsteres produzidos por estudantes
de graduação e pós-graduação em saúde coletiva e outras áreas do conhecimento. Assim, o
10º Abrascão contou com três categorias de apresentação de trabalhos científicos: Abrasco
Jovem, trabalhos de estudantes de graduação e pós-graduação em saúde coletiva (em que
são o primeiro autor); trabalhos científicos da área acadêmica; e relatos de experiências dos
serviços de saúde. No que se refere à Abrasco Jovem, o congresso inovou também no fato
de ter proporcionado a esses estudantes acesso e possibilidade de permanência no evento,
por meio da oferta de hospedagem e alimentação a preços acessíveis, bem como opções de
alojamento coletivo, camping e alojamento solidário.
Por último, o congresso também estimulou a utilização de novas formas de
apresentação, como vídeos, fotos e dramatizações, entre outras. Também nos moldes dos
congressos anteriores, foram aprovadas moções, tanto de apoio como de repúdio, abrangendo
temas diversos.

11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva


Com realização prevista para o período de 27 de julho a 1º de agosto de 2015, em
Goiânia (GO), o 11º Abrascão traz como tema “Saúde, desenvolvimento e democracia: o
desafio do SUS universal”.
Consolidando a iniciativa de congressos anteriores, o 11º Abrascão abre espaço para
inscrição de trabalhos na categoria Abrasco Jovem, voltada para estudantes de graduação e
pós-graduação, ao lado de Relato de Pesquisa e Relato de Experiência em Saúde Coletiva.
Para Carlos Silva (2015), secretário executivo da Abrasco,
A particular localização do evento na região Centro-Oeste consubstancia um desejo de deslocar
o Congresso das frequentes escolhas de sede de eventos nas grandes metrópoles. É possível
SAÚDE COLETIVA: a Abrasco em 35 anos de história

que essa localização facilite o fluxo e a diversidade regional e cultural de congressistas ao se


considerar a especial situação dessa região, que mantém fronteiras geográficas diretas com
todas as outras regiões do Brasil.

No que se refere à expectativa de participação, Silva (2015) afirma esperar que


o Abrascão/2015 amplie a participação mais qualificada do que a quantitativa de congressistas,
mas diversificada e composta por pesquisadores, professores, alunos de graduação e de pós-
graduação, gestores, profissionais, trabalhadores da saúde e representantes de comunidades e
territórios, envolvidos e comprometidos com a saúde coletiva e a Reforma Sanitária brasileira.

Os preparativos para o congresso incluíram eventos como a Oficina de Pirenópolis,


nos dias 13 e 14 de fevereiro de 2014, na qual se debateu o tema “Saúde, democracia e
participação: um debate estrutural”.
Como de praxe, durante a Assembleia Geral da Abrasco, no 11º Abrascão, será eleita
a próxima Diretoria e o Conselho da associação para o período 2015-2018.
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Os Congressos por Áreas Específicas: a epidemiologia

7º Congresso Brasileiro de Epidemiologia e 18º Congresso Mundial de


Epidemiologia
Mais um passo na consolidação do processo de internacionalização da Abrasco se
evidenciou na realização do 7º Congresso Brasileiro de Epidemiologia (EPI 2008) e do
18º Congresso Mundial de Epidemiologia (World Congress  of Epidemiology – WCE),
promovidos respectivamente pela Abrasco e pela International Epidemiological Association
(IEA). Com o tema “Epidemiologia na construção da saúde para todos: métodos para um
mundo em transformação”, o evento foi realizado de 20 a 24 de setembro de 2008 em Porto
Alegre (RS), sob a presidência de José da Rocha Carvalheiro.
Em números, esse também foi um congresso surpreendente. Sua magnitude foi
comemorada pela comissão organizadora em razão do número recorde tanto de participantes
como de trabalhos inscritos (Abrasco, 2008a).
Para Cesar Gomes Victora, então vice-presidente do congresso,
Este será o primeiro Congresso Internacional de Epidemiologia a ser realizado na América
Latina e, mais ainda, o maior Congresso de Epidemiologia jamais realizado (...). Com mais de
6.400 participantes e 5.800 trabalhos inscritos, o Congresso será uma oportunidade única para
mostrar ao mundo a consolidação da epidemiologia em particular, e da saúde coletiva em geral,
como uma das mais importantes áreas da ciência no Brasil. (Abrasco, 2008a: 16)

No que se refere ao tema escolhido, segundo o texto de apresentação do evento, seriam


abordados os seguintes eixos:
Construção: A epidemiologia é uma de várias disciplinas e o epidemiologista um de vários
atores envolvidos na melhoria da saúde das populações. A palavra construção enfatiza o papel-
chave da epidemiologia enquanto disciplina integradora em um contexto multi e transdisciplinar.
Saúde para todos: Ao resgatar essa meta dos anos 1970, salientamos o papel da epidemiologia
em nível nacional e local na criação, manutenção e renovação de um sistema universal de
saúde. Nesse contexto, é essencial abordar o papel das questões relativas à equidade e à
inclusão de grupos marginalizados. As conquistas do Sistema Único de Saúde brasileiro serão
um componente essencial dessa discussão.

Congressos da Abrasco
Métodos: A epidemiologia emprega métodos para estimar frequência de doença, estabelecer
relações exposição-doença, testar novas intervenções e avaliar o sistema de saúde. A ideia de
método engloba também a construção e a avaliação de serviços preventivos e curativos que
propiciem práticas baseadas em evidências em todos os níveis de atenção.
Mundo em transformação: As mudanças enfrentadas pela humanidade no início do século
XXI serão ressaltadas: transições epidemiológica e demográfica, alterações ambientais, progresso
na capacidade de pesquisa ao redor do mundo para investigar problemas de saúde; e as crescentes
desigualdades entre países ricos e pobres, e entre cidadãos de um mesmo país, acompanhadas
de iniquidades no acesso aos benefícios do progresso científico. (Abrasco, 2008b) 123
Um importante desdobramento do congresso foi trazer a presidência da IEA para o
Brasil em 2011. Para o cargo foi eleito Cesar Gomes Victora.

8º Congresso Brasileiro de Epidemiologia


No período de 13 a 16 de novembro de 2011, sob a presidência de Luiz Augusto
Facchini, realizou-se em São Paulo o 8º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, tendo como
tema “Epidemiologia e as políticas públicas de saúde”. O evento propiciou o debate sobre
“o papel da epidemiologia, seu papel na definição de políticas públicas, e a sua articulação
com as demais disciplinas do campo da saúde coletiva” (Abrasco, 2010a).
Mantendo a tradição iniciada no 5º Congresso de Ciências Sociais e Humanas em
Saúde, juntamente foi realizado o 2º Minicongresso com os GTs, comissões e fóruns da
Abrasco. Em continuação à discussão iniciada e aos encaminhamentos dados, foi nesse
congresso que, após 32 anos, em Assembleia geral extraordinária realizada em 13 de
novembro de 2011, aprovou-se a troca do nome da Abrasco, que de Associação Brasileira
de Pós-Graduação em Saúde Coletiva passou a se chamar Associação Brasileira de Saúde
Coletiva. Aprovou-se também a inclusão dos programas de graduação em saúde coletiva
na entidade.
Os números desse 8º Congresso demonstraram mais uma vez o crescimento e a
magnitude do evento, que contou com 3.300 participantes. Houve 3.940 trabalhos inscritos,
dos quais 3.081 foram selecionados para pôsteres e 421 geraram 109 sessões de comunicação
oral. Destes, 11 receberam certificado de menção honrosa (Abrasco, 2012a).
A conferência de abertura, intitulada “As contribuições da epidemiologia para a
construção do SUS”, foi proferida pelo então ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
SAÚDE COLETIVA: a Abrasco em 35 anos de história

Na programação, além de conferências, painéis, mesas-redondas, debates e


comunicações coordenadas, houve três sessões especiais, entre elas a que comemorou os
sessenta anos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A mesa, coordenada pelo presidente da associação, Luiz Augusto Facchini, contou também
com a presença de Emídio Cantídio de Oliveira Filho, diretor de Programas e Bolsas no País
(Capes), e Rita Barradas Barata, representante da área de saúde coletiva na Capes.

9º Congresso Brasileiro de Epidemiologia (EpiVix 2014)


Com o tema “As fronteiras da epidemiologia contemporânea: do conhecimento
científico à ação”, realizou-se no período de 7 a 10 de dezembro de 2014, sob a presidência
de Luiz Eugenio Portela Fernandes de Souza, o 9º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, o
qual recebeu o apelido de EpiVix pelo fato de ter sido realizado em Vitória, Espírito Santo.
Desdobrou-se em cinco eixos: Abordagens Teóricas; Avanços Metodológicos;
124 Contribuições da Epidemiologia para as Políticas de Saúde; Diálogo entre a Epidemiologia
e as Ciências Sociais e Humanas; e Perfil Epidemiológico Brasileiro. A escolha do tema,
segundo a Comissão Científica do congresso,
pretende mobilizar os epidemiologistas brasileiros para a divulgação e o debate de temas
relevantes para a saúde da população com base nas abordagens metodológicas modernas.
A epidemiologia contemporânea tem vivenciado diversos desafios e busca superá-los. Alguns
deles se expressam na mudança da própria conjuntura política do país. Outros, mais específicos,
são visíveis no surgimento de novidades como a criação dos cursos de graduação em saúde
coletiva, onde o estudo da epidemiologia tem se tornado mais precoce e mais intenso. Ou na
expansão dos cursos de pós-graduação stricto sensu, antes restrito ao eixo Sul-Sudeste, com
ampliação da produção do conhecimento epidemiológico. (Abrasco, 2014)

Para o evento, houve 2.952 resumos submetidos, com o aceite de 2.303. Destes, 135
foram selecionados para comunicações coordenadas e sessões plenas; 17 para comunicações
coordenadas Abrasco Jovem; 1.917 pôsteres plenos e 234 pôsteres Abrasco Jovem (Dias, 2014a).
No período pré-congresso, realizaram-se diversos cursos, oficinas e atividades dos GTs,
fóruns e comissões da Abrasco, que se reuniram para discutir pautas específicas e renovar
coordenações.
Entre as autoridades presentes, estiveram o ministro da Saúde, Arthur Chioro, na
solenidade de abertura, e o professor Cesar Gomes Victora presidente da IEA.
Consolidando a iniciativa do 10º CBSC, sua programação também destinou espaço
à Abrasco Jovem. Destaca-se ser essa a primeira vez que tal fato ocorreu em um congresso
de epidemiologia.
Nesse evento também se realizou a Assembleia geral da associação, cuja pauta
compreendeu, entre outras questões: a agenda estratégica da saúde; o 11º CBSC; os GTs; a
Comissão de Ciência e Tecnologia em Saúde da Abrasco e questões relativas ao regimento.
Sobre este último, decidiu-se pela continuidade da discussão e deliberação por ocasião da
realização do 11º Abrascão.
Entre as reflexões suscitadas pelo congresso, destaca-se o artigo publicado como editorial
dos Cadernos de Saúde Pública intitulado “EpiVix: epidemiologia brasileira em transição”,
de autoria do professor Guilherme Loureiro Werneck, do Instituto de Medicina Social da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ). Para ele, a realização do congresso

Congressos da Abrasco
propicia reflexões sobre o desenvolvimento da epidemiologia brasileira e seus desafios. (...)
Esse congresso foi um marco para a epidemiologia brasileira. A começar pela atualidade de
seu tema: “As fronteiras da epidemiologia contemporânea: do conhecimento científico à ação”,
reforçando o caráter científico da epidemiologia e sua conformação como um âmbito de
práticas. A estruturação das atividades do congresso salientou um dos grandes desafios atuais da
epidemiologia: conjugar o aprimoramento teórico-metodológico com uma maior e mais profícua
articulação com as outras disciplinas constitutivas da saúde coletiva. Sem uma abordagem
integrada que permita o fortalecimento das suas bases disciplinares e, simultaneamente, expressar
seu compromisso com o aprofundamento do caráter interdisciplinar da saúde coletiva, não há 125
futuro promissor para a epidemiologia brasileira. (Werneck, 2014: 2.029)
O congresso deu lugar a emocionantes sessões especiais que homenagearam grandes
nomes da saúde coletiva: Cecília Donnangelo, primeira socióloga brasileira a estudar o campo
aplicado das ciências sociais em saúde; Sergio Koifman, epidemiólogo, pesquisador, cujo
falecimento havia ocorrido em momento recente; Gilson Carvalho, um dos idealizadores
do SUS; e Eleutério Rodriguez Neto, sanitarista que lutou para que a saúde fosse definida
na Constituição Federal como um direito do cidadão e um dever do Estado. Em relação a
este último, foi apresentado um documentário em sua homenagem na sessão especial pelas
comemorações dos 35 anos da associação.
Ainda no quesito homenagem e com mais uma inovação introduzida em um congresso,
a Abrasco e a Comissão Científica do evento abriram espaço para homenagear todos os
presidentes dos congressos de epidemiologia até então realizados. Assim, receberam a
escultura confeccionada pela artista capixaba Ana Paula Castro os seguintes presidentes
(Dias, 2014b):
1º Congresso Brasileiro de Epidemiologia: Marilisa Berti Barros.
2º Congresso Brasileiro de Epidemiologia: Maria Fernanda Furtado de Lima e Costa.
3º Congresso Brasileiro de Epidemiologia: Maurício Lima Barreto.
4º Congresso Brasileiro de Epidemiologia: Sergio Koifman (in memoriam).
5º Congresso Brasileiro de Epidemiologia: Moisés Goldbaum.
6º Congresso Brasileiro de Epidemiologia: Ana Bernarda Ludermir.
7º Congresso Brasileiro de Epidemiologia: Maria Inês Schmidt.
8º Congresso Brasileiro de Epidemiologia: José Cássio de Moraes.
9º Congresso Brasileiro de Epidemiologia: Ethel Leonor Noia Maciel

Os Congressos por Áreas Específicas: as ciências sociais e humanas


SAÚDE COLETIVA: a Abrasco em 35 anos de história

em saúde

4º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde,


10º Congresso Latino-Americano de Medicina Social e 14º Congresso
da Associação Internacional de Políticas de Saúde
Com o tema “Equidade, ética e direito à saúde: desafios à saúde coletiva na
mundialização” realizaram-se conjuntamente no período de 13 a 18 de julho de 2007, em
Salvador (BA), sob a presidência de José da Rocha Carvalheiro, o 4º Congresso Brasileiro
de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, o 10º Congresso Latino-Americano de Medicina
Social e o 14º Congresso da Associação Internacional de Políticas de Saúde (International
Association of Health Policy – IAHP). A escolha buscava maior interação com a comunidade
internacional, estratégia já iniciada por ocasião da realização do 8º Abrascão e do
11º Congresso Mundial de Saúde Pública, realizados pela Abrasco em parceria com a WFPHA
126 em agosto de 2006.
Sua temática foi dividida em quatro eixos: Saúde Coletiva Hoje: a prática, o debate
teórico e o debate político; Equidade e Direito à Saúde; Direito à Vida e à Paz; e Mobilização
e Participação Social: imperativo para a saúde coletiva.
Em mais uma demonstração da solidez do processo de internacionalização da Abrasco, o
evento contou com a parceria da Associação Latino-Americana de Medicina Social (Alames)
e da IAHP. As expectativas em relação tanto à sua realização quanto aos desdobramentos
dessa parceria foram expressas em editorial do Boletim Abrasco n. 98, de 2007, o qual se lê
que, no evento, os diversos participantes
terão a oportunidade de atualizar a discussão sobre a inserção dos paradigmas das ciências
sociais e humanas no campo da saúde coletiva, incluindo suas práticas e seu desenvolvimento
teórico, estimulando o intercâmbio com o movimento sanitário da América Latina e em países
da Europa, da África e Caribe, visando fortalecer uma agenda comum em torno da defesa do
direito à saúde. (Abrasco, 2007a: 4)

Participaram quatro mil pessoas, entre congressistas, convidados, gestores, profissionais


da saúde, lideranças de movimentos sociais, pesquisadores, professores e representantes de
18 países.
O expressivo crescimento do número de participantes (foram 1.800 no 3º Congresso),
a diversidade e a quantidade de atividades realizadas demonstraram o crescimento do campo
na saúde coletiva, superando expectativas e, sobretudo, marcando um salto em relação à
realização do congresso anterior.
Assim, o editorial do Boletim Abrasco, edição especial de julho de 2007, registra a
realização no período pré-congresso de 27 oficinas e 17 cursos multidisciplinares, com
a participação de 1.385 pessoas, bem como a realização de duas conferências, quatro grandes
debates, 21 fóruns, 27 reuniões institucionais, 129 painéis, 24 palestras, 133 comunicações
coordenadas e 2.330 apresentações de pôsteres, extrapolando as expectativas da comissão
organizadora (Abrasco, 2007b).
Ainda em seu editorial, o Boletim Abrasco afirma que
o tema central destes congressos sublinha e renova três acontecimentos que colocam a saúde
coletiva brasileira em interação com a comunidade internacional. O primeiro, o mote do último

Congressos da Abrasco
Abrascão – (...) quando em conjunto com a Federação Mundial de Associações de Saúde Pública/
WFPHA, reunimos, em agosto de 2006, no Rio de Janeiro, 12 mil participantes para um debate
crítico em torno dos grandes desafios da saúde coletiva e das ideias e proposições frente aos
impactos da globalização sobre a saúde e a qualidade de vida dos povos. (...) O segundo, a agenda
do Comitê Internacional de Determinantes Sociais da Saúde e seus comitês correlatos na região
(Brasil e Chile). (...) O terceiro acontecimento, a realização da 13ª Conferência Nacional de
Saúde, com o tema Saúde e qualidade de vida: política de estado e desenvolvimento, renova
nossos compromissos e missão. Este fórum nacional envolve o conjunto de membros do CNS
(...). É neste contexto amplo e diverso que situamos a realização destes três congressos em
Salvador. (Abrasco, 2007b: 2) 127
Mantendo a tradição, o congresso aprovou em sua plenária final várias moções versando
sobre diferentes temáticas.

5º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde


No período de 17 a 21 de abril de 2011, realizou-se em São Paulo, sob a presidência de
Luiz Augusto Facchini, o 5º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde.
Este também foi um evento de números expressivos, pois contou com 1.260 participantes e
1.798 trabalhos inscritos, sendo 1.482 aprovados. Destes, 547 foram apresentados oralmente,
524 em sessão de pôster eletrônico e 419 publicados nos anais (Abrasco, 2012a).
O congresso teve como tema central “O lugar das ciências sociais e humanas no
campo da saúde coletiva”, a partir do qual foram definidos cinco grandes eixos temáticos:
Abordagens Teórico-Metodológicas da Relação Saúde, Cultura e Sociedade; Interpretações
de Conjunturas Político-Econômico-Sociais Contemporâneas: Estado, instituições e políticas
públicas; Ética e Bioética na Perspectiva das Ciências Sociais e Humanas em Saúde; Usos
e Abusos das Ciências Sociais na Saúde Coletiva: reflexões críticas sobre ciência, saber e
tecnologia; e Sociedade Civil: movimentos sociais e saúde.
Sobre a escolha do tema, na apresentação no site do evento afirma-se que
a escolha do tema “O lugar das ciências sociais e humanas no campo da saúde coletiva” para o
5º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde (...) tem o sentido de sinalizar
a abrangência e a contribuição destes campos para a área da saúde coletiva, por meio de seus
objetos: conceitos, teorias, ensino e pesquisa. (Abrasco, 2011)

Ainda no que se refere à escolha do tema, em artigo no qual discutiu a produção científica
do evento, a então presidente do 5º Congresso, Leny Alves Bonfim Trad, afirmou que
SAÚDE COLETIVA: a Abrasco em 35 anos de história

a alusão ao“lugar...”refletiu o anseio de problematizar a questão do espaço que tem sido ocupado
pelas ciências sociais e humanas ao largo do processo de construção do campo da saúde coletiva
no Brasil. O texto de apresentação do evento remarcava, em um duplo argumento, a abrangência
e a importância das contribuições da área à saúde coletiva, e os desafios epistemológicos e
políticos inerentes à sua incorporação em um contexto marcado pela diversidade conceitual,
metodológica e organizacional, fonte permanente de tensionamentos entre os intelectuais e
operadores desse campo. (Trad, 2012: 2.374)

Esse foi um congresso que inovou em sua metodologia de organização, já utilizada


em outros congressos da área, mas pela primeira vez em um congresso da Abrasco. O eixo
central da programação científica foi constituído por 21 GTs, no intuito de possibilitar um
debate mais aprofundado em torno dos eixos centrais e favorecer o intercâmbio da produção
científica da área.
A diretoria da Abrasco introduziu também uma nova dinâmica no período pré-
congresso. Assim, esse foi um congresso marcante para a instituição e seus associados.
128
Nele foi realizado, no dia 16 de abril, um evento interno, o 1º Minicongresso dos Grupos
Temáticos, Comissões e Fóruns da Abrasco, com o objetivo de revisar a estrutura e o regimento
e desenvolver diretrizes de constituição e funcionamento de seus GTs, comissões e fóruns.
Na dinâmica, perguntas previamente elaboradas nortearam as discussões. A realização do
minicongresso firmou-se como uma prática que iria se repetir nos eventos subsequentes.

6º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde


O 6º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas aconteceu no período de
13 a 17 de novembro de 2013, no Rio de Janeiro, sob a presidência de Luiz Eugenio Portela
Fernandes de Souza. Teve como tema “Circulação e diálogo entre saberes e práticas no
campo da saúde coletiva”.
Mantendo a metodologia inaugurada no 5º Congresso, também teve os GTs – agora
ampliados para 35 – como eixo central da programação científica.
Sobre o tema, o texto de apresentação do congresso afirma que:
O tema do VI Congresso é um amplo convite ao diálogo para os diversos atores do campo
das ciências sociais e humanas em saúde, independentemente de sua inserção. Modos
diversos de apreensão dos fenômenos complexos no campo da saúde coletiva articulam-se a
práticas igualmente diversas, num caleidoscópio fértil tanto do ponto de vista da produção de
conhecimentos quanto da realização das intervenções. O escrutínio desse rico entrecruzamento
de discursos e ações chama pelas ferramentas críticas das ciências sociais e humanas, e é essa
rica diversidade que estará presente no nosso Congresso. (Abrasco, 2013a)

Em números, o congresso totalizou 1.645 participantes, com 2.415 trabalhos


submetidos, 1.861 trabalhos aceitos, 702 apresentações orais, 643 apresentações em pôsteres
e 516 publicações em anais (Abrasco, 2013b).
Uma iniciativa histórica teve acolhida no 6º Congresso de Ciências Sociais e Humanas
em Saúde: o lançamento da Comissão da Verdade da Reforma Sanitária, fruto de iniciativa
da Abrasco e do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes). A comissão propõe-se a
“recuperar a memória e a verdade e reparar as violações aos Direitos Humanos, ocorridas
durante o regime militar entre os anos de 1964 e 1985” (Abrasco, 2013b).
Foi nesse congresso também que se materializou um importante projeto da área de

Congressos da Abrasco
ciências sociais em saúde. Denominado “Projeto Memória: 30 anos da Comissão de Ciências
Sociais e Humanas em Saúde da Abrasco”, resgatou a história, os pesquisadores, as temáticas
e as ações desenvolvidas ao longo dos anos, por meio de uma exposição e registros em vídeo.
Em seu encerramento, a plenária aprovou, por unanimidade, três importantes moções:
moção em defesa da vida e da saúde contra o agro(negócio)tóxico; moção de apoio à carreira
única para sanitaristas; e moção de apoio à aprovação do Marco Civil da Internet.
Por fim, mantendo a tradição iniciada anteriormente, no período pré-congresso, além
das oficinas e dos cursos de praxe, realizou-se mais um minicongresso, o quarto, dos GTs, 129
fóruns e comissões da Abrasco. Mudanças estatutárias importantes foram votadas nesse
4º minicongresso, entre elas a ampliação do número de membros da diretoria e do conselho
já a partir da próxima eleição, a ser realizada no 11º CBSC, em 2015.
Outro assunto abordado no minicongresso foram os pontos do estatuto relativos às
mudanças da estrutura. Nele foi iniciado o processo de aprovação do regimento interno.
A decisão final acerca das divergências levantadas foi tomada no 9º Congresso de
Epidemiologia, realizado em 2014.
O minicongresso aprovou também a criação do GTs Racionalidades Médicas e Práticas
Integrativas Complementares (GT/RMPIC).

Os Congressos por Áreas Específicas: política, planejamento e gestão em saúde

1º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde


No período de 24 a 26 de agosto de 2010, fruto da parceria da Comissão de Política,
Planejamento e Gestão em Saúde com o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal
da Bahia (ISC/Ufba), realizou-se no Centro de Convenções de Salvador, sob a presidência
de Luiz Augusto Facchini, o 1º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em
Saúde. Seu tema, “Caminhos e descaminhos da política de saúde brasileira”, desdobrou-se
em três grandes eixos temáticos: A Saúde no Contexto das Políticas de Proteção Social e
do Desenvolvimento; Sistemas de Saúde, Modelos Assistenciais e Gestão Pública Relação
Público/Privado; e Saúde Coletiva: os desafios acadêmicos e políticos atuais da área de
política, planejamento e gestão.
Esse foi o primeiro congresso sob a responsabilidade da Comissão de Políticas,
SAÚDE COLETIVA: a Abrasco em 35 anos de história

Planejamento e Gestão em Saúde, e seu bom resultado permitiu que ele passasse a integrar
o calendário de eventos da associação.
Em entrevista, a então presidente do congresso, Ana Luiza d’Ávila Viana, afirmou que
“os temas política e planejamento em saúde sempre foram, e continuam sendo, indissociáveis
de qualquer iniciativa de reflexão, proposição, encontros, seminários ou congressos relativos
à saúde pública” (Abrasco, 2010b: 7). Ela justificou com a seguinte afirmativa a realização de
um congresso específico:“o ineditismo do congresso está no fato de ele responder à demanda
urgente – há anos presente nas reuniões da Comissão de Política da Abrasco e fora delas –
de realizarmos um balanço amplo e consistente dos aportes científicos já consolidados na
área” (Abrasco, 2010b: 7).
Mantendo a tradição de participação de autoridades nos congressos da Abrasco, esse
contou com a presença do então ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o qual proferiu a
conferência inaugural do evento, e também do então secretário de Saúde da Bahia, Jorge Solla.

130
Foi um congresso que inovou e, diferentemente dos demais, privilegiou a participação
de atores institucionais. Contudo, foi também expressiva a participação de pesquisadores,
fato demonstrado pelo grande número de trabalhos submetidos, 946. Destes, 745 foram
aprovados para publicação nos anais e 45 para apresentação oral. Ainda no que se refere aos
números desse congresso, ele contou com 1.513 participantes inscritos, de todos os estados
brasileiros (Abrasco, 2010c).
Outra inovação desse evento foi a realização, no período pré-congresso, de uma
pesquisa com os programas de pós-graduação em saúde coletiva, no intuito de coletar dados
para subsidiar a realização de duas oficinas: “Desenvolvimento científico da área” e “Plano
diretor de desenvolvimento da área”. As oficinas objetivavam “permitir uma visão atualizada
de como estão, o que fazem e o que propõem os programas de pós-graduação, em termos de
ensino e pesquisa na área” (Abrasco, 2010b: 8).
Ainda no campo das inovações, o 1º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento
e Gestão em Saúde foi palco para a realização de uma reunião ampliada da Diretoria da
Abrasco com representantes de GTs, comissões e fóruns, embrião dos minicongressos que
seriam realizados a partir do evento seguinte. Nela foram apresentados os resultados de uma
pesquisa que mapeou as estruturas e agendas dos GTs da associação. O debate que se seguiu
versou sobre questões como:
a identidade da Associação e dos seus grupos, os caminhos para interação/integração desses
coletivos em suas diferentes frentes e representações, seus critérios de participação e renovação,
o planejamento e financiamento de atividades, a realização e compartilhamento de eventos,
as representações externas, entre outros. Com a sistematização das propostas apresentadas foi
organizada a “Agenda de Transformação da Abrasco”, uma série de encaminhamentos para a
reforma orgânica e política da Associação. (Abrasco, 2010d: 19)

Essa agenda seria tema de um minicongresso a ser realizado com os integrantes dos GTs,
comissões e fóruns da associação no 5º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas
em Saúde, em 2011, com o objetivo de repensar a estrutura, a dinâmica de funcionamento,
organicidade e perspectivas da instituição.
Foi também nesse congresso que a associação deu um importante passo em relação aos
cursos de graduação em saúde coletiva e criou, à semelhança do já existente e consolidado
Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, o Fórum
de Coordenadores dos Cursos de Graduação em Saúde Coletiva. Na fala de alguns dos

Congressos da Abrasco
integrantes no momento de sua criação, já despontavam propostas de profundas mudanças
na dinâmica da associação – de estatuto e de nome –, as quais iriam se concretizar nos
próximos congressos.
Na plenária de encerramento, foram feitos o anúncio da realização do 1º Encontro
Nacional dos Estudantes de Saúde Coletiva (Enesc), em 2011, e a leitura de carta aberta à
plenária, elaborada pelos estudantes.
Ainda no encerramento, houve a aprovação da Carta de Salvador: uma agenda estratégica
para a saúde no Brasil 2011, a qual, mesmo reconhecendo os avanços do SUS nos últimos anos, 131
identificava também limitações presentes no momento. Limitações essas importantes para
a efetivação dos princípios e das diretrizes do sistema: as bases de financiamento das ações
e dos serviços públicos de saúde estreitas e iníquas; a relação público-privado na saúde; a
necessidade de consolidação de uma política de pessoal; os problemas de gestão e organização
do sistema e dos estabelecimentos de saúde; o modelo de atenção à saúde do SUS ainda
dominado pelas práticas individualistas, biologicistas, curativistas e hospitalocêntricas; a
relativa desmobilização da sociedade civil brasileira, em particular dos seus setores populares
(Abrasco, 2010e).
A Carta de Salvador serviu de base para a elaboração, em parceria com diversas
entidades, do documento “Agenda Estratégica para a Saúde”, o qual foi entregue à então
recém-eleita presidente Dilma Roussef.

2º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde


O 2º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde ocorreu em
Belo Horizonte (MG), no período de 1º a 3 de outubro de 2013, sob a presidência de Luiz
Eugenio Portela Fernandes de Souza. Com o tema“Universalidade, igualdade e integralidade
da saúde: um projeto possível”, contou com 1.202 participantes, 452 trabalhos submetidos
e 388 aceitos, 362 publicações em anais, 72 apresentações orais/painéis e 54 comunicações
orais curtas (Abrasco, 2013c).
A apresentação no site do congresso informa que ele “tem como propósito discutir o
sistema de saúde na atual conjuntura internacional, nacional e setorial (Abrasco, 2013c).
Informa também que ele se realizará em três momentos:
1) Debate sobre o contexto internacional, a situação política nacional e os desafios da gestão
SAÚDE COLETIVA: a Abrasco em 35 anos de história

pública (...); 2) Sessões de discussão sobre os principais temas envolvendo política, planejamento
e gestão em saúde; 3) Elaboração de uma agenda propositiva como documento-síntese do
Congresso a ser apreciado pela plenária final. (Abrasco, 2013c)

No processo de construção do evento foram realizados quatro seminários preparatórios,


em Campinas (SP), Brasília, Recife (PE) e Belo Horizonte (MG). Na programação pré-
congresso, houve oficinas, entre elas a da Comissão de Política, Planejamento e Gestão em
Saúde, que debateu a constituição da Rede de Pesquisas sobre Políticas em Saúde e iniciou
as discussões acerca do novo Plano Diretor para a Comissão. Nessa oficina foram também
empossados os novos membros da comissão, que passou então a contar com uma nova
formação (Abrasco, 2013e).
Ainda na programação pré-congresso, ocorreu o Encontro Alames/Cebes com o tema,
“Cobertura universal de saúde: caminhos para a construção de sistemas de saúde universais
e equitativos”, que reuniu pesquisadores latino-americanos e lideranças internacionais
132 (Abrasco, 2013e). A conferência de abertura desse encontro foi ministrada pelo então
secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães.
À semelhança do ocorrido em congresso anterior, o evento também prestou homenagem
a importantes personalidades da saúde coletiva e da Reforma Sanitária: Eleutério Rodriguez
Neto, Francisco de Assis Machado e Hesio Cordeiro.
A conferência de abertura do congresso foi ministrada pela professora Ana Luiza
d’Ávila Viana, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a qual abordou
os três momentos que marcaram a formação e difusão dos sistemas de proteção social: seu
advento numa Europa arrasada no pós-guerra, o modelo asiático consolidado na primeira
década do século XX; e um terceiro, a partir do recente ciclo de desenvolvimento na América
Latina. (Abrasco, 2013d)

Dos debates, entre outras questões, constaram os temas de judicialização, finan-


ciamento, complexo econômico-industrial, seguridade social e saúde e controle social e
democratização das políticas de saúde.
No segundo dia de atividades, foi realizada uma manifestação pública em defesa
do SUS em frente ao local do evento, a qual reuniu congressistas e profissionais da saúde
de Belo Horizonte, no intuito de sensibilizar a população da cidade para a luta por uma
saúde universal, igualitária e integral. Na manifestação, as entidades saudaram o Movimento
Saúde +10, que recolheu mais de dois milhões de assinaturas para a criação do projeto de
lei de iniciativa popular que garante o repasse de 10% das receitas correntes brutas da União
para o SUS (Abrasco, 2013f ).
Ainda nesse congresso registrou-se mais uma inovação, com a inauguração de um
espaço de convivência para os participantes. Batizado de Abrasco Divulga, o espaço foi
palco, juntamente com a Abrasco Livros, de lançamentos de publicações, entrevistas,
apresentações de vídeos, debates e sessões de autógrafos de autores. Nele foi também realizada
uma sessão especial, fruto da parceria da Abrasco com a VideoSaúde, que proporcionou a
exibição de cópia restaurada do pronunciamento do sanitarista Sergio Arouca por ocasião da
8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986.
Outra importante atividade acolhida pelo congresso foi a reunião da Comissão
da Verdade da Reforma Sanitária Abrasco-Cebes para apresentar seu projeto e iniciar
a organização e a mobilização de uma Rede Solidária e Democrática de Colaboradores

Congressos da Abrasco
(Abrasco, 2013e).

Considerações Finais
Mais uma vez o relato dos congressos da Abrasco nos dá a dimensão e o poder de
penetração da associação não só no mundo acadêmico, mas também nas mais diversas esferas
da sociedade. Constata-se que sua capacidade de mobilização e convocação se mantém
de forma crescente em seus 35 anos de existência. Verifica-se também a consolidação do 133
movimento de internacionalização dos eventos iniciado em 2006.
O estudo dos congressos demonstra que esses eventos mantiveram e ampliaram tanto
seu papel de fóruns de divulgação científica, difusão de conhecimentos e apresentação de
experiências como também de espaços para tomadas de posição, reivindicações e mudanças
na própria dinâmica da associação.
Longe de se constituírem em eventos engessados, ao longo de sua trajetória, os
congressos deram espaço para a introdução de inovações importantes em sua organização,
metodologia de preparação, formas e espaços para a apresentação dos trabalhos, enfoques,
participantes, público-alvo e escolha de temas e pautas a serem abordados. Inovação presente
no que se refere à ampliação dos congressos por áreas específicas, com a entrada definitiva
da área de política, planejamento e gestão em saúde na agenda da associação, e também nas
escolhas dos temas norteadores de cada evento, na abordagem de novas e contemporâneas
questões, reflexo do movimento de complexificação do campo e ampliação das discussões.
Apenas a título de exemplo, citam-se aqui alguns deles: “Saúde coletiva em mundo
globalizado: rompendo barreiras sociais, econômicas e políticas”;“Saúde é desenvolvimento:
ciência para a cidadania”; “Epidemiologia na construção da saúde para todos: métodos para
um mundo em transformação”; “Equidade, ética e direito à saúde: desafios à saúde coletiva
na mundialização”; “Caminhos e descaminhos da política de saúde brasileira”.
Na trajetória dos congressos, houve espaço também para inovações no que tange
ao próprio relacionamento da entidade com seus associados, as quais possibilitaram maior
proximidade e participação deles na vida e na dinâmica da associação.
Assim, a Abrasco passa a promover, em seus eventos, minicongressos, os quais, como se
disse, se firmaram constituindo-se em“espaços internos da associação que estão contribuindo para
estimular e ampliar os debates e reflexões sobre a estruturação da Abrasco”(Abrasco, 2012a: 13).
SAÚDE COLETIVA: a Abrasco em 35 anos de história

Nos quatro minicongressos realizados até novembro de 2013, importantes alterações


foram introduzidas na vida da associação e de seus associados, como a aprovação de novos
GTs, a criação do Fórum de Coordenadores dos Cursos de Graduação em Saúde Coletiva,
mudanças profundas em seu estatuto, levando à mais emblemática delas, a mudança do
nome da associação.
Em seus 35 anos, a Abrasco se mantém viva e atuante nas mais diferentes esferas da
sociedade brasileira, com o vigor e a disposição daqueles que não têm receio de se reinventar.
Acredita-se que muito ainda está por vir na trajetória da Associação Brasileira de Saúde
Coletiva e de seus congressos. Espera-se que venham mais 35 anos.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA (ABRASCO). Editorial. Boletim Informativo da
Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 97, ano XXIII: 2, 2006a. (Edição especial do
134 11º Congresso Mundial de Saúde Pública e 8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva).
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA (ABRASCO). Reafirmando a luta por um
mundo melhor e com mais equidade. Boletim Informativo da Associação Brasileira de Pós-Graduação em
Saúde Coletiva, 97, ano XXIII: 3-4, 2006b. (Edição especial do 11º Congresso Mundial de Saúde Pública
e 8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva).
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA (ABRASCO). Editorial. Boletim Informativo da
Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 98, ano XXIV: 4, 2007a.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA (ABRASCO). Editorial. Boletim Informativo da
Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 99 (Edição especial), ano XXIV: 2-3, 2007b.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA (ABRASCO). EPI 2008: número recorde de
participantes e de trabalhos inscritos. Boletim Informativo da Associação Brasileira de Pós-Graduação em
Saúde Coletiva: Edição comemorativa, 100, ano XXV: 16, 2008a.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA (ABRASCO). Apresentação. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 7, 2008b, Porto Alegre. Disponível em: <www.epi2008.com.br/
apresentacao/index.php>. Acesso em: 4 fev. 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA (ABRASCO). Sua participação singular garantiu
a pluralidade em nosso Congresso. Boletim Informativo da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva, 103, ano XXIV: 3, 2009a. (Edição especial do 9º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva).
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA (ABRASCO). Editorial. Boletim Informativo da
Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 103, ano XXIV: 2, 2009b. (Edição especial do
9º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva).
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