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PROCESSO Nº TST-AIRR-886-78.2010.5.15.

0010 - FASE ATUAL: ED

A C Ó R D Ã O
(1ª Turma)
DCATF/vgm/  

EMBARGOS   DE   DECLARAÇÃO.  Os   embargos


de   declaração,  conforme estabelecem
os arts. 897-A da CLT e 535 do CPC,
são cabíveis nas estritas hipóteses
de ocorrência, no Acórdão, de
omissão, obscuridade ou contradição,
não sendo possível a rediscussão da
matéria objeto do litígio por essa
via recursal estreita e específica.
Embargos de declaração rejeitados.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Embargos   de   Declaração   em   Agravo   de   Instrumento   em   Recurso   de
Revista   n°  TST­ED­AIRR­886­78.2010.5.15.0010,   em   que   é   Embargante
ANTONIO HATTI  e Embargados(as)  VALDECI ADRIANO DA ROCHA E OUTROS e
NOEMI CELINA BAHR ­ ME.
Trata­se   de   embargos   de   declaração   opostos   pelo
reclamado, contra a decisão proferida por esta e. Turma, que negou
provimento ao agravo de instrumento.
É o relatório.

V O T O

I ­ CONHECIMENTO.

Conheço   do   recurso,   porquanto   preenchidos   os


requisitos de sua admissibilidade.

II ­ MÉRITO.

O   embargante   alega   que   o   Acórdão   padece   de


omissão, uma vez que: "o dever constitucional de motivar a decisão

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(artigo   93,   inciso   IX   da   CF),   garantia   do   Estado   Democrático   de


Direito, não se exaure declinando­se apenas o fundamento isolado que
ditou o convencimento do órgão jurisdicional, mas mediante o exame
explícito de toda a matéria fática e jurídica controvertida entre as
partes"; "acerca do valor arbitrado à indenização por danos morais,
o   acórdão,   ora   embargado,   para   negar   provimento   ao   Agravo
interposto,   se   vale   do   entendimento   de   que   a   discussão   quanto   à
fixação   da   indenização   enseja   revolvimento   de   fatos   e   provas,
especialmente   porque,   conforme   aresto   transcrito   no   corpo   da
decisão,   esta   Corte   Superior   não   teria   condições   de   revolver   a
questão     porque   a   discussão   de   provas   é   atribuição   exclusiva   das
instancias   ordinárias.   Contudo,   com   o   devido   respeito,   ao   assim
decidir, o julgado se revela omisso, na medida em que deixou de ser
analisada a argumentação  recursal, e comprovada, de que a E. SDI­1
desta Corte Superior, pôde assinalar, quando provocada por recurso
de empregado inconformado com a redução, por Turma deste C. TST, de
valor   de   indenização";   "o   ora   Embargante   também   não   localizou   no
aresto   a   análise   quanto   ao   dissenso   jurisprudencial   indicado   no
Revista e renovado no Agravo de Instrumento, tendo comprovado que o
V. acórdão regional divergiu de decisão proferida pelo E. TRT da 16ª
Região";   "para,   então,   manter   a   indenização   por   danos   morais,   mas
reduzir o valor arbitrado em primeiro grau, porque: a reparação não
deve ser fonte de enriquecimento ou empobrecimento sem causa e, ao
mesmo   tempo,   não   deve   ser   tão   ínfima   que   não   surta   qualquer
repercussão no ofensor, dado o caráter pedagógico de que se reveste;
examinando a questão sob o aspecto da extensão do dano, aplicando o
juízo de equidade e razoabilidade, entendo por bem reduzir o valor
da condenação de danos morais a um salário mínimo".
O   Acórdão   embargado   negou   provimento   ao   recurso,
sob   o   argumento   de   que   é   vedado   o   reexame   de   fatos   e   provas   na
instância extraordinária, como se depreende do trecho abaixo:

"de tudo o quanto transcrito supra, tem-se que o Tribunal de origem


condenou o agravado no pagamento de indenização por dano moral com
base em depoimentos testemunhais, boletim de ocorrência, relatório do
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Ministério Público do Trabalho e laudo técnico de interdição do local,


concluindo que os reclamantes tiveram as suas liberdades restringidas, bem
como sofreram aliciamento de um território a outro mediante fraude, sendo,
ademais, submetidos a condições degradantes, análogas as de escravo.
Portanto, não há se falar em 'presunção de dano' pelo Acórdão, como busca
fazer crer o agravante. Diante dessas circunstâncias, a parte agravante não
logrou demonstrar sob qual aspecto haveria afronta literal aos artigos 818,
da CLT, e 333, do CPC. Salta aos olhos, ademais, que a apreciação
meritória do recurso de revista demanda, inexoravelmente, o reexame de
fatos e provas, o que é vedado, nos termos da Súmula n.º 126 desta Corte,
uma vez que, ao concluir que é devida a indenização por danos morais, o v.
Acórdão fundamentou-se no conjunto probatório mencionado, o qual foi
apreciado de acordo com o livre convencimento preconizado no art. 131 do
CPC. As razões recursais não permitem o reenquadramento dos fatos
afirmados na decisão recorrida, pressupondo, para seu acolhimento, o
manejo do conjunto probatório formado durante a instrução processual, o
que não é dado fazer nesta fase processual extraordinária. Inviável, diante
de tal quadro, o seguimento da revista, seja sob o enfoque das supostas
violações à ordem constitucional ou infraconstitucional, seja da perspectiva
do alegado dissenso jurisprudencial".

Em relação à valoração da indenização por danos


morais, o Acórdão embargado entendeu como observados os critérios de
razoabilidade e proporcionalidade, como se lê abaixo:

"o Acórdão Regional, na fixação do montante da indenização, a título


de dano extrapatrimonial, observou os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, sem que fosse estimado valor exorbitante, nada nele
indicando qualquer forma de teratologia, o que refuta a alegada violação ao
artigo 944, do Código Civil, devendo ser considerado, também quanto a
este particular, que a prevalência da tese trazida à baila pelo recurso, ao
pretender discutir as premissas utilizadas para a fixação do quantum
indenizatório, enseja, necessariamente, o revolvimento do conjunto
probatório, intento obstado pela já aludida Súmula nº 126/TST".

Conforme os fundamentos do acórdão embargado,


constata-se que não houve omissão, porquanto consignada
expressamente a impossibilidade deste Tribunal Superior do Trabalho,

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em sede de recurso de revista, reexaminar o conjunto fático-


probatório, o que é vedado pela Súmula nº 126 deste Colendo
Tribunal, não se havendo falar em violação de texto de lei e da
Constituição da República, nem em divergência jurisprudencial.
Os   embargos   de   declaração   destinam­se   a   sanar
imperfeições   intrínsecas  ao   ato  decisório   porventura  existentes   no
julgado, em casos de obscuridade, contradição ou omissão, bem como
para   suprir   manifesto   equívoco   na   análise   dos   pressupostos   de
admissibilidade.
No   caso   em   exame,   contudo,   o   embargante   não
pretende   a   supressão   de   qualquer   desses   vícios,   mas,   sim,   a
reapreciação do julgado.
ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal
Superior   do   Trabalho,   por   unanimidade,   em   conhecer   e   rejeitar   os
embargos de declaração opostos pelo Embargante. 

Brasília, 19 de novembro de 2014.

Firmado por Assinatura Eletrônica (Lei nº 11.419/2006)


ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA
Desembargador Convocado Relator

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