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PREFÁCIO

No Brasil, atualmente temos tintas, resinas e diversas formulações que possuem


tecnologia a nível internacional e de acordo com as mais modernas técnicas de proteção
anticorrosiva utilizadas no segmento de pintura industrial.
O ponto relevante apesar do avanço tecnológico das tintas, é que cada vez mais,
precisamos preparar mais pessoas, mais profissionais para as diversas atividades de seleção de
esquemas de pintura, aplicação, controle de qualidade da aplicação e inspeção dos esquemas de
pintura, não só durante a aplicação, mas também durante toda a vida útil à que foi projetado o
esquema de pintura.
Esta apostila contém informações atualizadas em relação as novas tecnologias além de
capítulos mais bem dispostos, para facilitar a compreensão do leitor.
Na atualização do conteúdo foram abordadas algumas importantes tendências no
segmento da pintura industrial, a saber:
- Novas tecnologias das tintas oferecidas ao mercado, como por exemplo, epóxis novolacs,
epóxi polisiloxano e poliuretanos poliaspárticos.
- Estão contemplados também novos métodos de tratamento de superfície, como por
exemplo, o hidrojateamento com abrasivos, jateamento com esponjas abrasivas de poliuretano
impregnadas com abrasivos e jato com cerdas, tecnologias consideradas “limpas”, de acordo com
as novas regulamentações ambientais e exigências técnicas impostas para se obter maior
longevidade dos esquemas de pintura.
- Os capítulos foram reestruturados para melhor compreensão e estão divididos em:
Tintas, Preparação da Superfície e Aplicação.
É importante lembrar que este material é uma referência “inicial” para um universo de
conhecimentos que está à disposição de qualquer pessoa que se motivar e se dedicar na busca
novos aprendizados no universo químico, despertando assim para uma “curiosidade cientifica”.
Sumário

1. TINTAS LÍQUIDAS ................................................................................................................................. 9


1.1. Tintas líquidas e seus constituintes ................................................................................. 9
1.1.1. Resinas ................................................................................................................................... 9
1.1.1.1. Terminologia e definições................................................................................ 9
1.1.1.2. Polímeros e polimerização ............................................................................ 10
1.1.1.3. Polimerização por adição .............................................................................. 10
1.1.1.4. Polimerização por condensação .................................................................. 10
1.1.2. Pigmentos ............................................................................................................................. 11
1.1.2.1. Classificação de acordo com a natureza .................................................... 11
1.1.2.2. Classificação de acordo com a finalidade tintorial .................................... 11
1.1.2.3. Classificação de acordo com a ação ........................................................... 11
1.1.2.3.1. Pigmentos anticorrosivos (ativos) ................................................................... 11
1.1.2.3.2. Pigmentos especiais ........................................................................................ 12
1.1.2.3.2.1. Cargas ou extensores (inertes) ..................................................................... 12
1.1.2.4. Influência do teor de pigmento ..................................................................... 13
1.1.3. Solventes .............................................................................................................................. 13
1.1.4. Aditivos .................................................................................................................................. 14
1.2. Processos de fabricação ............................................................................................... 15
2. Tipos de tintas ................................................................................................................... 15
2.1.1. Tintas com veículo não convertíveis ................................................................................ 15
2.1.1.1. Tintas acrílicas ................................................................................................ 15
2.1.1.2. Tintas de estirenoacrilato .............................................................................. 15
2.1.1.3. Tintas de borracha clorada............................................................................ 16
2.1.1.4. Tintas vinílicas ................................................................................................. 16
2.1.1.5. Outras tintas não convertíveis ...................................................................... 16
2.1.1.5.1. Tintas de nitrocelulose .................................................................................... 16
2.1.1.6. Tintas betuminosas: ....................................................................................... 16
2.1.2. Tintas com veículos convertíveis ...................................................................................... 16
2.1.2.1. Tintas a óleo .................................................................................................... 16
2.1.2.2. Tintas de resinas alquídicas modificadas com óleo .................................. 17
2.1.2.2.1. Tinta líquida alquídica .................................................................................... 17
2.1.2.3. Tintas de resinas fenólicas modificadas com óleo .................................... 17
2.1.2.4. Tintas epóxi...................................................................................................... 17
2.1.2.5. Tintas éster de epóxi ...................................................................................... 19
2.1.2.6. Tinta de alcatrão de hulha epóxi .................................................................. 19
2.1.2.7. Tintas epóxis tar free ...................................................................................... 19
2.1.2.8. Shop primer epóxi ........................................................................................... 19
2.1.2.9. Tintas epóxis ricas em zinco ......................................................................... 20
2.1.2.10. Tintas epóxis bisfenol F / Novolac ............................................................... 20
2.1.2.11. Poliuretano ....................................................................................................... 20
2.1.2.12. Poliuretano Poliaspártico ............................................................................... 20
2.1.2.13. Tintas de silicone ............................................................................................ 21
2.1.3. Tintas com veículos inorgânicos ....................................................................................... 21
2.1.3.1. Tintas de Silicato ............................................................................................. 21
2.1.3.1.1. Silicato de etila................................................................................................ 22
2.1.3.1.2. Silicatos Inorgânicos ....................................................................................... 22
2.2. Características fundamentais e gerais da película ......................................................... 22
2.3. Mecanismo de formação da película da tinta ................................................................. 22
2.3.1. Evaporação do solvente ..................................................................................................... 22
2.3.2. Coalescência ........................................................................................................................ 22
2.3.3. Oxidação de óleos............................................................................................................... 23
2.3.4. Polimerização....................................................................................................................... 23
2.3.4.1. Polimerização térmica .................................................................................... 23
2.3.4.2. Polimerização de condensação.................................................................... 23
2.4. Mecanismo de proteção anticorrosiva da película ......................................................... 23
2.4.1.1. Proteção por barreira ..................................................................................... 23
2.4.1.2. Proteção por passivação anódica ................................................................ 23
2.4.1.3. Proteção catódica ........................................................................................... 23
2.5. Fundamentos da pintura industrial................................................................................. 23
2.6. Conceito de pintura industrial ........................................................................................ 24
2.7. Conceitos básicos / terminologia ................................................................................... 24
2.8. Esquemas de pintura..................................................................................................... 25
2.9. Cores na pintura industrial ............................................................................................. 25
2.9.1. Aspectos estéticos e psicológicos ............................................................................................... 25
2.9.2. Aspectos de segurança industrial ............................................................................................... 25
2.9.3. Aspecto de identificação ............................................................................................................ 25
2.9.4. Aspectos relativos à maior ou à menor absorção de calor e energia radiante .......................... 26
12. CONTROLE DE QUALIDADE .............................................................................................................. 27
12.1. Responsabilidade pela qualidade .................................................................................. 27
12.2. Sólidos por massa (não-voláteis em massa) ................................................................. 27
12.3. Sólidos por volume (não-voláteis em volume) ............................................................... 27
12.3.1. Aspectos econômicos das tintas ............................................................................................ 27
12.3.2. Rendimento teórico (Rt) ........................................................................................................ 28
12.3.3. Rendimento prático (RP) ........................................................................................................ 28
12.3.4. Rendimento real..................................................................................................................... 28
12.3.5. Custo por metro quadrado do produto ................................................................................. 28
12.3.6. Como calcular a quantidade de tinta necessária para pintura .............................................. 29
12.3.7. Quantidade necessária de diluente ....................................................................................... 29
12.3.8. Efeito do perfil de jateamento ............................................................................................... 29
12.4. Massa específica........................................................................................................... 30
12.5. Viscosidade ................................................................................................................... 30
12.6. Consistência .................................................................................................................. 30
12.7. Estabilidade / Sedimentação ......................................................................................... 31
12.8. Tempos de secagem ..................................................................................................... 31
12.8.1. DETERMINAÇÃO DE SECAGEM – Pintura de linha seriada .................................................... 31
12.8.2. Determinação de secagem – Pintura de manutenção industrial........................................... 32
12.9. Poder de cobertura ........................................................................................................ 32
12.10. Tempo de vida útil (pot life) ....................................................................................... 32
12.11. Finura de moagem (Dimensão das partículas do pigmento) ...................................... 32
12.12. Natureza da resina .................................................................................................... 33
12.13. Dobramento sobre mandril cônico ............................................................................. 33
12.14. Aderência (conforme norma ABNT NBR 11003)........................................................ 34
12.14.1. Método A – Corte em X.......................................................................................................... 34
12.15. Resistência à névoa salina ........................................................................................ 36
12.16. Resistência à umidade relativa de 100% ................................................................... 36
12.17. Resistência ao SO2.................................................................................................... 36
12.18. Ensaios de imersão ................................................................................................... 36
12.19. Medição da espessura da película............................................................................. 37
12.19.1. Medição da espessura da película úmida (EPU) .................................................................... 37
12.20. Ensaio de dureza....................................................................................................... 38
12.21. Brilho ......................................................................................................................... 38
12.22. Cor ............................................................................................................................ 38
12.23. Intemperismo ............................................................................................................. 39
13. ARMAZENAMENTO DE TINTAS......................................................................................................... 40
13.1. Condições de armazenamento ...................................................................................... 40
13.2. Cuidados no armazenamento........................................................................................ 40
14. PRÁTICAS DE PROJETO......................................................................................................................... 41
15. A OBTENÇÃO DO AÇO .................................................................................................................. 42
16. CORROSÃO .......................................................................................................................................... 43
16.1. Conceitos básicos de corrosão...................................................................................... 43
16.2. Importância do estudo da corrosão ............................................................................... 43
16.3. Tipos de processos de corrosão .................................................................................... 44
16.3.1. Corrosão eletroquímica.......................................................................................................... 44
16.3.2. Corrosão química ................................................................................................................... 45
16.4. Classificação de processos corrosivos .......................................................................... 45
16.5. Formas de corrosão ...................................................................................................... 45
16.6. Mecanismo eletroquímico de corrosão .......................................................................... 47
16.6.1. Corrosão galvânica ................................................................................................................. 48
16.6.2. Corrosão eletrolítica............................................................................................................... 50
16.6.3. Corrosão sob atrito ................................................................................................................ 50
16.6.4. Corrosão por aeração diferencial ........................................................................................... 50
16.7. Meios corrosivos ........................................................................................................... 51
16.7.1. Principais meios corrosivos .................................................................................................... 51
.2.6.61 Classificação de ambientes corrosivos ................................................................................... 52
16.7.2.1. Atmosfera ........................................................................................................... 52
16.7.2.2. Imersão .............................................................................................................. 52
16.7.2.3. Condições corrosivas ........................................................................................ 52
17. PREPARAÇÃO DE SUPERFÍCIE DE LIGAS FERROSAS, NÃO FERROSAS E GALVANIZADAS ...................... 53
17.1. Metais e ligas ferrosas................................................................................................... 53
17.1.1. Carepa de laminação .............................................................................................................. 53
17.1.2. Caracterização do aço ............................................................................................................ 53
17.1.3. Graus de intemperismo do aço sem pintura ......................................................................... 53
17.2. Tipos de limpeza de superfície ...................................................................................... 54
17.2.1. Limpeza química..................................................................................................................... 54
17.2.2. Desengraxe com solvente ...................................................................................................... 54
17.2.3. Limpeza com ferramentas manuais e mecânicas .................................................................. 54
17.2.4. Jateamento abrasivo .............................................................................................................. 55
17.2.4.1. Tipos de abrasivos ............................................................................................. 56
17.2.4.2. Perfil de rugosidade em função do abrasivo ..................................................... 56
17.2.4.3. Orientação para operação de jateamento ......................................................... 57
17.2.4.4. Intervalo entre jateamento e pintura ................................................................. 57
17.2.4.5. Graus de limpeza com jateamento abrasivo ..................................................... 57
17.2.4.6. Problemas comuns no processo de jateamento ................................................. 58
17.2.5. Hidrojateamento ........................................................................................................ 58
17.2.5.1. Hidrojateamento na remoção de tinta ............................................................... 58
17.2.5.2. Padrões de hidrojateamento na limpeza de superfície ...................................... 59
17.2.5.3. Graus de limpeza por hidrojateamento ............................................................. 59
17.2.5.4. Vantagens do processo de hidrojateamento ...................................................... 60
17.3. Metais e ligas não ferrosas ............................................................................................ 60
17.3.1. Chapas de Alumínio................................................................................................................ 60
17.3.2. Chapas de Cobre .................................................................................................................... 60
17.4. Galvanizados................................................................................................................. 60
17.4.1. Aço galvanizado eletrolítico ................................................................................................... 60
17.4.1.1. Aço galvanizado eletrolítico (novo) .................................................................. 60
17.4.1.2. Aço galvanizado eletrolítico (envelhecido) ....................................................... 60
17.4.2. Aço galvanizado a fogo........................................................................................................... 61
17.4.2.1. Aço galvanizado a fogo (novo) .......................................................................... 61
17.4.2.2. Aço galvanizado a fogo (envelhecido)............................................................... 61
17.4.3. Aspersão térmica ................................................................................................................... 61
17.5. Preparo de superfícies já pintadas (pintura de retoque, manutenção ou repintura) ....... 61
17.5.1. Classificação da pintura de manutenção ............................................................................... 61
17.5.1.1. Retoques ............................................................................................................ 61
17.5.1.2. Área com tinta danificada sem corrosão ........................................................... 61
17.5.1.3. Área com tinta danificada com corrosão .......................................................... 61
17.5.1.4. Manutenção geral .............................................................................................. 61
17.5.1.5. Repintura ........................................................................................................... 61
18. APLICAÇÃO DE TINTAS ......................................................................................................................... 62
18.1. Capacitação do pessoal de aplicação ........................................................................... 62
18.2. Condições ambientais ................................................................................................... 62
18.2.1. Ponto de orvalho .................................................................................................................... 62
18.3. Mistura, homogeneização e diluição das tinta ............................................................... 63
18.4. Pintura na fábrica ou no campo ..................................................................................... 66
18.5. Métodos de aplicação ......................................................................................................................... 66
18.5.1. Trincha (pincel de formato chato) ......................................................................................... 66
18.5.2. Rolo ........................................................................................................................................ 66
18.5.3. Pistola convencional............................................................................................................... 67
18.5.4. Pistola sem ar (AIRLESS) ......................................................................................................... 69
18.5.4.1. Pistola airless assistida ...................................................................................... 70
18.5.5. Pistola eletrostática................................................................................................................ 70
18.5.6. Imersão .................................................................................................................................. 70
18.6. Estimativa de perda de tinta durante a aplicação .......................................................... 71
19. FALHAS E DEFEITOS ............................................................................................................................. 72
19.1. Ações de prevenção de defeitos antes da aplicação ..................................................... 72
19.1.1. Explicitação do esquema de pintura ...................................................................................... 72
19.1.2. Qualidade das tintas utilizadas .............................................................................................. 72
19.1.3. Treinamento e capacitação do pessoal.................................................................................. 72
19.1.4. Elaboração de procedimentos de execução .......................................................................... 72
19.1.5. Elaboração de procedimentos de inspeção ........................................................................... 73
19.1.6. Calibração dos aparelhos e instrumentos de medição e testes ............................................ 73
19.1.7. Ações de prevenção de defeitos durante a aplicação ........................................................... 73
19.2. Tipos de defeitos da película ......................................................................................... 81
19.3. Identificação, origens e correção de defeito .................................................................. 81
17. SEGURANÇA ................................................................................................................................................ 83
17.1. Missão da segurança .................................................................................................... 83
17.2. Filosofia da segurança .................................................................................................. 83
17.3. Estatísticas de acidentes ............................................................................................... 83
17.4. Manuseio de tintas e solventes ..................................................................................... 84
17.5. Cuidados no manuseio de tintas e vernizes .................................................................. 84
17.6. Armazenamento ............................................................................................................ 85
17.6.1. Condições de armazenamento .............................................................................................. 85
17.7. Sugestão de roteiro para consciência prevencionista .................................................... 85
17.8. Trabalhos em tanques ou em outras áreas confinadas ................................................. 86
17.9. Equipamentos de proteção individual – EPI .................................................................. 87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 90

Autor: Fábio Kränkel, Seção de Marketing da WEG Tintas Ltda.


Revisão: 04
Este importante componente da tinta, é um dos
constituintes que mais caracteriza suas
1. TINTAS LÍQUIDAS propriedades sendo o responsável pela formação da
película, aderência ao substrato, impermeabilidade
Segundo a definição da norma ABNT NBR e flexibilidade da película seca.
15156, tinta é um produto líquido, pastoso ou em A escolha do tipo de tinta identificará o tipo de
pó, com propriedades de formar película após resina, devendo ser escolhida em função das
secagem ou cura, composto por uma mistura características físico-químicas desejadas para a
formada de resinas, pigmentos, solventes, cargas e pintura.
aditivos. O também chamado “veículo”, a parte líquida da
tinta, é composto por resinas e solventes e são
Para melhor entendimento dos termos classificados em 3 classes: - Veículos não-
utilizados nesta apostila, apresentamos a seguir convertíveis, convertíveis e inorgânicos.
alguns outros importantes conceitos utilizados neste
nicho de mercado de tintas anticorrosivas.  Veículos não convertíveis: são os veículos
constituídos por substâncias com propriedades
filmógenas, onde as tintas constituídas deste
1.1. Tintas líquidas e seus veículo, após a evaporação do solvente, formam a
constituintes película seca. O veículo, neste caso, não sofre
nenhuma reação química.
Exemplos: resinas acrílicas, vinílicas e
As tintas líquidas apresentam 4 grupos de borrachas cloradas, composições betuminosas
matérias primas, solventes, resinas, pigmentos e (asfaltos e piches), nitrato de celulose,
aditivos. estirenoacrilato, etc.
Outras literaturas separam estes grupos de
matérias primas em constituintes básicos, que são  Veículos convertíveis: são os veículos
incorporados em todas as tintas, a saber: - constituídos por substâncias que sofrem reação
Solventes, resinas e pigmentos, e constituintes química após a aplicação da película de tinta.
eventuais e/ou aditivos, que são incorporados Incluem-se neste caso as tintas a óleo ou óleo
apenas a alguns tipos de tintas, para conferir modificadas que secam por oxidação e as tintas
propriedades especiais, como exemplos: - polimerizáveis, que secam por reação química de
Plastificantes, secantes, tensoativos ou polimerização a temperatura ambiente ou elevada.
dispersantes, antinatas, espessantes e geleificantes Exemplos: tintas a óleo, alquídicas modificadas
com óleo, fenólicas modificadas com óleo, silicones,
epóxis, poliuretanas, etc., sendo as duas últimas
citadas polimerizáveis.

 Veículos inorgânicos: são os veículos também


convertíveis, porém de natureza inorgânica.
O exemplo clássico são os silicatos que dão
origem ao silicato de zinco.

1.1.1.1. Terminologia e definições

 Monômero: Um polímero é constituído pela


repetição de pequenas unidades químicas ligadas
entre si por ligações covalentes; o monômero é o
composto químico (geralmente uma pequena
molécula) que origina essas unidades repetitivas
Desenho esquemático nº 01 – Matérias primas
que constituem a cadeia polimérica.
utilizadas no processo de fabricação de tintas à
base de solventes.
 Polimerização: É a reação química através da
qual os monômeros se transformam no polímero.
1.1.1. Resinas  Dímeros: São moléculas formadas pela
A resina, ligante, veículo não volátil ou binder, combinação de dois monômeros, idênticos ou não.
é definida na norma da ABNT NBR 15156, como o De forma similar, o trímero é constituído pela
componente da tinta que confere a esta combinação de três moléculas monoméricas.
propriedades de coesão e adesão.

9
 Oligômero: É um polímero de baixo peso
molecular, constituído por um número pequeno de
unidades repetitivas, por exemplo, 5 a 15 unidades;
consequentemente, o peso molecular é pequeno.
Os oligômeros são muito importantes na indústria
Esquema reacional nº 01 – Polimerização por
de tintas, particularmente em sistemas de altos
adição da resina de estireno
sólidos e sistemas de cura por irradiação. Alguns
oligômeros são usados como reticulantes, pois
reagem com o polímero-base da tinta, através de 1.1.1.4. Polimerização por condensação
grupos funcionais, resultando em um sistema A polimerização por condensação ocorre em
polimérico com estrutura tridimensional. etapas e, na maioria dos casos, através da reação
entre grupos funcionais diferentes. A tabela abaixo
1.1.1.2. Polímeros e polimerização relaciona alguns polímeros importantes obtidos pelo
processo de condensação e a reação
Os polímeros são substâncias químicas de correspondente.
alto peso molecular obtidos pela reação
denominada polimerização, através da quais Polímero Reação
compostos químicos de baixo peso molecular Poliésteres Poliácidos + Poliálcoois
(monômeros) reagem entre si para formar Poliamidas Poliácidos + Poliamidas
macromoléculas. Como consequência deste tipo de Melamínicas Melamina + Formol
reação. A estrutura da macromolécula é constituída Poliuretanos Poliisocianatos + Polióis
pela repetição de unidades estruturais ligadas entre (acrílicos/poliésteres hidroxilados)
si por ligações covalentes. Epóxi Bisfenol + Epicloridina
O processo de obtenção de derivados de Fenólicas Fenóis + Formol
compostos poliméricos é de grande importância,
pois permite modificar as propriedades de forma a É uma polimerização por etapas, pois a
torná-los úteis em aplicações industriais. macromolécula vai se formando através da reação
As tintas representam uma das aplicações de monômeros, dímeros, trímeros, tetrâmeros e
mais importantes dos polímeros. A diversidade de oligômeros, como se estivesse sendo constituída
materiais poliméricos empregados por essa através da união de pedaços; é freqüente a
atividade industrial é ampla, sendo as principais: formação de produtos secundários, como a água, e
alquídicas, poliésteres, epóxi, acrílicas, vinílicas, devem ser retirados, na maioria das vezes, à
maleicas, melamínicas e poliuretânicas, dentre medida que a reação se processa.
outras.
A química dos polímeros é extremamente
importante em tintas, pois permite obter o sistema
polimérico adequado para uma determinada
aplicação.
A secagem de uma tinta é, na maioria das
vezes, um processo de polimerização; a importância
desta etapa química é grande, pois, é fundamental
para obtenção das propriedades desejadas do
revestimento correspondente.

1.1.1.3. Polimerização por adição

Os polímeros obtidos através da


polimerização são muito importantes na indústria de
tintas, por representarem uma classe de veículos
adequados a uma grande variedade de tintas que,
por sua vez, atendem a uma enorme diversificação
de revestimento.
Assim, os polímeros por adição são veículos
de tintas para a indústria automotiva, tintas látex
para produtos arquitetônicos, repintura automotiva,
tintas para manutenção especializada,
eletrodomésticos, etc. Esquema reacional nº 02 – Polimerização por
Apresentamos a seguir, um exemplo prático condensação da resina de poliéster
de esquema racional de polimerização por adição:

10
 Pigmentos azuis: azuis de ftalocianina, azul
molibdato, azul da Prússia e azul ultramarino;
1.1.2. Pigmentos
Os pigmentos são substâncias em geral  Pigmentos laranjas: laranja de cromo (cromato
pulverulentas adicionadas à tinta para dar cor, básico de chumbo), laranja molibdato, laranja
encorpar a película ou conferir propriedades bezendina e laranja dinitronilina;
anticorrosivas, podendo ser classificados de acordo
com:  Pigmentos verdes: verdes de ftalocianina (azul
de ftalocianina clorado), verdes de cromo (azul da
a) A natureza: em orgânicos e inorgânicos; Prússia e amarelo de cromo), óxido de cromo verde
b) A finalidade: em tintoriais, cargas, e verde molibdato;
anticorrosivos e especiais;
c) A ação: em ativos e inertes.  Pigmentos vermelhos: óxido de ferro (Fe2O3),
vermelho de molibdênio (molibdato de chumbo),
vermelho de cádmio, vermelho toluidina, vermelho
1.1.2.1. Classificação de acordo com a
para-red (para-nitro-anilina e p-naftol), vermelho
natureza naftóis e vermelho cinquásia (vermelho
quinacidrona);
 Pigmentos orgânicos: os pigmentos orgânicos
são utilizados principalmente para dar opacidade e  Pigmentos violetas: violeta cinquásia;
cor, ou seja, com objetivo tintorial.
Eles se caracterizam por ser de baixa  Pigmentos pretos: óxido de ferro (Fe3O4),
densidade, possuir alto brilho e fraca resistência pretos de carbono (negro de fumo) e grafite;
química e a ação de raios ultravioleta do sol.
 Pigmentos metálicos: o mais importante é o
 Pigmentos inorgânicos: os pigmentos alumínio, que é responsável pelo aspecto metálico
inorgânicos são utilizados também com o objetivo das tintas de acabamento.
tintorial, porém podem ser usados como cargas e Existem dois tipos de pigmentos alumínio:
como anticorrosivos. Leafing (que proporciona auto brilho metálico à
Eles se caracterizam por ser de maior película de tinta) e Não Leafing (que proporciona
densidade que os primeiros, possuir menos brilho e brilho metálico mais baixo à película de tinta).
maior resistência química e a ação de raios Os bronzes em pó têm uso na obtenção de
ultravioletas. cores púrpuras, utilizadas em objetos decorativos.

1.1.2.2. Classificação de acordo com a 1.1.2.3. Classificação de acordo com a ação


finalidade tintorial  Ativos: são os pigmentos que têm uma ação
São os pigmentos utilizados para dar opacidade bem definida dentro da tinta e, portanto, influem
e cor. Eles são adicionados às tintas com a decisivamente na formulação. São eles os
finalidade de cobrir o substrato. pigmentos tintoriais, os anticorrosivos e os
especiais.
Apresentamos logo abaixo, os principais pigmentos
opacificantes:  Inertes: são os pigmentos que pouco ou quase
nada influem na cor, na proteção anticorrosiva e nas
 Pigmentos brancos: o mais importante é o propriedades básicas da tinta. Eles são constituídos
dióxido de titânio (TiO2), sendo considerado uma pelos pigmentos reforçantes e encorpantes, ou seja,
matéria-prima básica na formulação de tintas. pelas chamadas cargas.
Existem duas variedades: o rutilo e o
anatásio, que diferem em sua forma cristalina, 1.1.2.3.1. Pigmentos anticorrosivos (ativos)
sendo o rutilo de maior opacidade e resistência a
Estes pigmentos se caracterizam por conferir
luz, mas de menor brancura que o anatásio. Outros
propriedades anticorrosivas à película de tinta,
pigmentos brancos de menor importância são: o
inseridos especialmente nas tintas de fundo.
óxido de zinco e o litopônio (30% de sulfato de zinco
Estes pigmentos podem atuar por passivação
e 70% de sulfato de bário). Os pigmentos brancos
anódica, proteção catódica e proteção por barreira
são todos de natureza inorgânica.
que em algumas tintas pode ser combinada às duas
anteriores (estes mecanismos de proteção
 Pigmentos amarelos: amarelo hansa, amarelo
anticorrosiva serão detalhados mais à frente), a
de cromo, amarelo de cádmio, amarelo de zinco,
seguir apresentaremos os pigmentos inibidores
dentre outros;
de corrosão, que promovem a passivação anódica,
diminuindo a intensidade das pilhas de corrosão,

11
pela formação de um precipitado sobre as áreas  Perolados: são adicionados para dar um tom
anódicas das células de corrosão. acetinado as tintas de acabamento, por exemplo,
Desta categoria, os mais importantes são: carbonatos de chumbo ou de bismuto.
 Cromato de zinco: é constituído de cromato de
zinco e potássio e é um pigmento amarelo  Fluorescentes e fosforescentes: são utilizados
esverdeado de excelente ação inibidora. em tintas de sinalização e demarcação para
ressaltar a ação da luz em faixas de demarcação,
 Cromato básico de zinco ou tetroxicromato placas, etc.
de zinco: constituído de cromato básico de zinco
(ZnCrO4 . 4Zn(OH)2). É um pigmento de coloração  Antiincrustante (anti-fouling): são adicionadas
amarela, um pouco menos solúvel que o cromato de as tintas de uso marinho, para cascos de
zinco, mas possui boa ação inibidora. embarcações, boias, dentre outras, de modo a
evitar a incrustação de organismos, tais como
 Fosfato de zinco: é constituído de fosfato de cracas, mariscos, corais, ostras e algas.
zinco Zn3 (PO4)2.2H2O, que possui excelente ação A ação destas tintas se dá pelo auto polimento do
inibidora. Este pigmento vem sendo filme e pela migração dos biocidas utilizados
progressivamente utilizado em substituição ao evitando a incrustação.
zarcão, por possuir propriedades anticorrosivas Os componentes tradicionalmente usados são de
similares e menor toxidade. cobre (óxido cuproso – Cu2O).

A seguir, destacamos o pigmento zinco metálico 1.1.2.3.2.1. Cargas ou extensores (inertes)


presente nas tintas de fundo que promove proteção
Como já mencionamos logo acima, estes
catódica, uma vez que o substrato, no caso, o aço
pigmentos também são chamados de reforçantes e
carbono se torna cátodo em relação ao zinco, encorpantes, não possuem bom poder de cobertura,
anódico. quase não interferem na tonalidade, sendo
translúcidos quando incorporados à maioria das
 Zinco metálico: é o pigmento amplamente
resinas, devido ao seu baixo poder de refração.
usado nas tintas de fundo com altíssimo teor de
Estes pigmentos desempenham importante
zinco metálica na película seca. O pigmento de
papel na formulação das tintas, conferindo-lhes
zinco não tem a sua importância ligada a cor e sim a propriedades especiais, reforçando a película,
proteção anticorrosiva. regulando o brilho e a consistência.
As tintas deste tipo são chamadas tintas ricas em
O emprego destes pigmentos pode ser sintetizado
zinco e, em alguns trabalhos, são citadas como
em dois aspectos principais: como recurso para
galvanização a frio. Estas tintas são utilizadas em
condições severas, tais como imersão em produtos aumentar o teor de sólidos nas tintas de alta
químicos, produtos de petróleo, atmosferas espessura, nas massas e nas tintas foscas; como
altamente agressivas (especialmente atmosferas recurso econômico, substituindo parte do pigmento
marinha) e temperaturas elevadas. anticorrosivo (ativo) e parte da resina, obtendo-se
assim uma tinta mais barata.
Outros pigmentos, como por exemplo o óxido de
ferro, óxido de ferro micáceo, alumínio, mica, talco e Segue alguns tipos de cargas mais utilizadas:
alguns caulim conferem proteção por barreira.
 Carbonatos: os mais importantes são os
Estes pigmentos aumentam a proteção
carbonatos de cálcio (calcita) e o carbono de cálcio
anticorrosivas do esquema de pintura, uma vez que,
e magnésio (dolomita). Estes pigmentos têm
quanto melhor for a barreira, mais durável será a
fraquíssima resistência a meios ácidos e, quando
tinta. Desta forma, enquanto o eletrólito (o meio)
usados em exteriores, promovem tendência ao
não atingir o metal, não haverá corrosão.
esfacelamento das películas de tinta;

1.1.2.3.2. Pigmentos especiais  Silicatos: os mais importantes são o silicato de


Estes pigmentos são utilizados com finalidades magnésio hidratado (talco), o silicato de alumínio
específicas, tais como: hidratado (caolim), o ortosilicato de alumínio e
potássio (mica) e o silicato de magnésio fibroso
 Impermeabilizantes: são adicionados em tintas (amianto). Possuem maior resistência química
de fundo e de acabamento para aumentar a frente a ácidos, álcalis e ação do intemperismo;
proteção por barreira, como o caso das micas e do
alumínio lamelar. Os óxidos de ferro que protegem  Sílicas: a mais importante é a sílica diatomácea,
também por barreira, são muito usados em tintas de que é uma sílica amorfa, formada pela deposição
fundo. dos organismos marinhos em antigas eras
geológicas;

12
 Sulfatos: os mais importantes são o sulfato de
bário (barita) e o sulfato de cálcio (gesso). A barita Nós destacamos neste capítulo, os hidrocarbonetos
possui elevada resistência química a ácidos, porém (alifáticos ou aromáticos), glicóis, acetatos, cetonas,
pelo elevado peso especifico, tende a sedimentar álcoois, ésteres e outros compostos orgânicos.
com facilidade durante o armazenamento da tinta.
 Hidrocarbonetos alifáticos: Os mais usados
são a naftas leves e a aguarrás mineral [C10H22].
1.1.2.4. Influência do teor de pigmento
O teor de pigmento pode interferir em  Hidrocarbonetos aromáticos: Os mais comuns
diversas propriedades das tintas. Tintas com baixo são o tolueno (toluol, C7H8), xileno (xilol, C0H10) e as
teor de pigmento são mais brilhante, mais naftas aromáticas.
impermeáveis, mais flexíveis e menos porosas. Por
outro lado, as tintas com alto teor de pigmento são  Ésteres: São muito importantes para a indústria
mais foscas e mais permeáveis. O teor de pigmento de tintas e seus derivados, uma vez que são
em volume é referido pelos fabricantes de tintas excelentes solubilizantes sintéticos para resinas,
como sendo o PVC, ou seja: “Pigment Volume tais como como os acrílicos, o poliuretano e a
Content”. celulose.
As tintas de baixo PVC reflete praticamente Exemplos de ésteres: - O acetato de metila,
todo feixe de luz incidente, por isso a superfície acetato de etila, acetato de propila, acetato de
aparenta o brilho da fonte de luz. isopropila e o acetato de butila e isobutila.
As tintas de alto PVC apresentam inúmeras
partículas dos pigmentos sobressaindo na  Álcoois: A característica genérica dos álcoois é
superfície, o que faz com que o feixe de luz sua hidrossolubilidade.
incidente seja refletido em várias direções, e o brilho Exemplos de álcoois: Álcool metílico, álcool
da fonte de luz chegue fraco à vista do observador. butílico, álcool isopropílico e outros.
Quando se trata de tintas de fundo
anticorrosivas, o teor de pigmento deve ser alto,  Cetonas: As cetonas são solventes orgânicos
para que os pigmentos protetivos, de combate à fortes e versáteis. Suas baixas densidades,
corrosão tenham sua ação mais edificante. É o caso combinadas com a forte solvência, fazem deles os
das tintas “ricas” em zinco. solventes ideais para atender às regulamentações
As tintas de acabamento devem ser referentes aos compostos orgânicos voláteis,
formuladas com “PVC” próximo ao “CPVC” – teor Volatile Organic Compounds (VOC).
crítico de pigmento em volume, ou seja, “Critical Segue abaixo alguns exemplos de uso uso
Pigment Volume Content”. extensivo nos revestimentos industriais: - Metil-etil-
Quanto maior o teor de pigmento, mais cetona (MEK), a metil-isobutil-cetona (MIBK) e a
permeável é a tinta e maior é a tendência à ciclo-hexanona.
formação de ferrugem no aço, sobre a qual a tinta Nas tintas à base d` água, a água é o solvente
foi aplicada. utilizado, isto ocorre nas tintas de emulsão (látex),
usadas na construção civil e nas tintas
hidrossolúveis de uso industrial.
A água usada como solvente deve ser tratada,
1.1.3. Solventes pura, sem contaminantes e com pH neutro ou
Todos os solventes são compostos orgânicos ligeiramente básico.
100% voláteis, que tem a função de solubilizar as Alguns formuladores de tintas classificam os
resinas. solventes como “solventes verdadeiros” e “solventes
Os solventes, de modo geral, são necessários auxiliares” em função da sua capacidade de
às tintas para conferir viscosidade adequada para solubilizar o veículo, a saber:
aplicação, porém tem como inconvenientes:
 Solventes verdadeiros: São os solventes
 Parte volátil das tintas, com consequente capazes de solubilizar o veículo.
diminuição da espessura da película, por Exemplos destes solventes verdadeiros:
evaporação após a secagem; aguarrás (solvente verdadeiro para óleos e resinas
 Pode provocar o aparecimento de poros e pontos modificadas com óleos); ésteres (solvente
fracos após a evaporação. verdadeiro para acrílicas e vinílicas); cetonas
 E representa custo adicional às tintas, devido às (solvente verdadeiro para resinas epóxi, poliuretana,
perdas por evaporação; acrílica, etc.);

Os solventes são de diferentes estruturas  Solventes auxiliares: São os solventes que


químicas, poder de solvência, taxa de evaporação, sozinhos não são capazes de solubilizar o veículo,
ponto de ebulição e classificação de risco.

13
porém aumentam o poder de solubilização do muito duras para evitar o fendilhamento ou
solvente verdadeiro. gretamento e melhorar a aderência.
Exemplo deste solvente auxiliar: tolueno
(solvente auxiliar para as resinas acrílicas e  Secantes: são aditivos que atuam como
vinílicas); catalisador da secagem, nas tintas que secam por
oxidação de óleos. Estes reduzem o tempo de
No mercado nacional de tintas, os solventes, secagem de tintas.
também são conhecidos como Diluentes, Thinners,
Afinadores e Redutores. Nomes diferentes para se  Antipeles ou antinatas: são aditivos que evitam
referirem a diferentes misturas de solventes, a formação de uma pele ou uma nata na parte
contudo, alguns nomes se caracterizam e são mais superior da lata, durante a armazenagem da tinta.
conhecidos pela sua real utilização e custo. São aditivos denominados antioxidantes dos
veículos e devem ser suficientemente voláteis para
 Diluentes: São componentes que embora não não retardar a secagem após a aplicação da tinta.
sendo solventes do veículo, contribuem para a
diminuição da viscosidade (Diluir a tinta).  Aditivos tensoativos ou umectantes: os
Geralmente composto por misturas de solventes de aditivos tensoativos são aqueles que aumentam a
evaporação utilizados para diluir as tintas. molhabilidade do pigmento, retardando a
Exemplos: Misturas de xileno, tolueno e glicóis sedimentação. Os anti-sedimentantes produzem um
(diluente para tintas epóxi e poliuretana). gel coloidal que diminui a tendência à sedimentação
e, caso ocorra pequena sedimentação, evitam que
 Thinner: São misturas de solventes a base de seja um sedimento duro e compacto. Os tensoativos
cetonas (acetatos), glicóis (álcool), aromáticos e atuam também como dispersantes e facilitam tanto
outros. Alguns tipos de thinners são recomendados na fabricação, quanto na aplicação da tinta.
para diluição de tintas à base de nitrocelulose e
também são muito utilizados para limpeza de peças,  Aditivos espessantes, geleificantes ou
máquinas e equipamentos para a pintura. tixotrópicos: são aditivos com a finalidade de dar a
tinta consistência adequada para aplicação em
Alguns componentes orgânicos são muito superfícies verticais. Para tintas de alta espessura
tóxicos e por isso o seu uso em tintas deve ser consegue-se com agitação, diminuir a viscosidade.
evitado, como é o caso do benzeno e dos solventes Após a aplicação, com retorno a viscosidade
clorados (por exemplo, o tricloroetileno). original, não se tem escorrimento.
Na formulação de tintas de um modo geral, o
fabricante utiliza uma mistura de solventes,  Aditivos nivelantes: são aditivos constituídos
procurando balancear sua proporção visando de produtos tensoativos, que interferem na tensão
conseguir: uma boa solvência, tempo de secagem superficial das tintas, melhorando o alastramento e
apropriado, perfeita formação da película, além, evitando o aparecimento de marcas deixadas pelas
naturalmente do menor custo possível. cerdas de pinceis e trinchas.
Desta forma, não é recomendado o uso de um
solvente de uma tinta em outra, até nos casos em
que forem da mesma natureza química e
especificação, porém de fabricantes diferentes. A
regra mais adequada a seguir é adquirir solventes
para acerto de viscosidade do mesmo fabricante da
tinta.

1.1.4. Aditivos
Os aditivos são constituintes que aparecem de
acordo com a conveniência do formulador da tinta,
com objetivo de melhorar certas características ou
propriedades da mesma. Pode-se, portanto,
formular uma tinta sem tais componentes. Eles são
necessários, entretanto, para ajustar uma
determinada formulação quanto às características e
propriedades desejadas.
Os principais aditivos usados em tintas são:

 Plastificantes: São aditivos que visam dar a


película maior flexibilidade. São utilizados em tintas

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1.2. Processos de fabricação 2. Tipos de tintas
As fábricas de tintas recebem, normalmente, De modo geral, dependendo das
as matérias-primas (veículos, aditivos, solventes, características do veículo, as tintas podem ser
pigmentos) em condições de efetuar as misturas de classificadas em 3 grupos, a saber: - Tintas com
acordo com a formulação desejada. veículos não convertíveis, tintas com veículos
convertíveis e tintas com veículos inorgânicos.

2.1.1. Tintas com veículo não convertíveis

Estas tintas caracterizam-se pela secagem


por evaporação do solvente e são eventualmente
denominadas de lacas.
Dentro deste grupo podem ser destacadas
as seguintes tintas:

2.1.1.1. Tintas acrílicas


Desenho esquemático nº 02 – Processo de As resinas acrílicas são obtidas por reações
fabricação de tintas líquidas. de adição, ativadas por peróxido orgânicos.. As
tintas com veículo acrílico caracterizam-se pela
Detalhamos logo abaixo, as fases do excelente resistência aos raios ultravioleta.
processo de fabricação de tintas líquidas. A secagem destas tintas dá-se somente
pela evaporação do solvente. Existem ainda as
1. Pesagem das matérias-primas: de acordo com acrílicas hidrossolúveis, que secam por
a formulação. coalescência e se tornam resistentes à água após a
2. Pré-mistura: consiste na formação de pasta do secagem.
veículo e pigmento (dispersão). Sua principal característica é a excelente
3. Moagem: consiste na passagem da pré-mistura retenção de brilho, não amarelando quando
em moinhos para a moagem dos pigmentos. expostas a intempéries.
4. Completagem: consiste na adição e no ajuste As resinas acrílicas, devido a sua grande
dos constituintes, especialmente solvente, até a resistência à decomposição pelos raios ultravioleta,
proporção desejada. bem como resistência a óleos e graxas, quando
5. Acertos finais: consiste na adição de aditivos, incorporadas em formulações com outras resinas,
acertos de cores e outros ajustes necessários para conferem ao conjunto todas essas propriedades.
conclusão do produto final.

Para execução destas operações, uma 2.1.1.2. Tintas de estirenoacrilato


fábrica de tintas é, em geral, constituída de tanques As resinas de estirenoacrilato são obtidas
de armazenagem de matérias-primas, tanques de através da polimerização de estireno com
mistura, moinhos para dispersão de pigmentos no acrilonitrila. A acrilonitrila está cada vez mais em
veículo (moinhos de esferas de vidro ou zircônio, os desuso em função da sua alta reatividade e toxidez.
de rolo são muito utilizados), tanques de As tintas com veículo de estirenoacrilato se
completagem, ajustes finais e unidade de caracterizam por uma razoável retenção de cor e de
enlatamento e embalagem. brilho, sendo, portanto, um pouco resistentes a raios
As tintas são embaladas em recipientes de ultravioleta.
um galão (3,6 litros) ou fração ou ainda tamanhos A secagem destas tintas dá-se somente por
correspondentes em litros. Para usos industriais evaporação do solvente, sendo, portanto, sensíveis
utilizam-se baldes de 5 galões (18 litros) ou aos seus solventes. As tintas de boa qualidade
embalagens de 20 litros. Em grandes trabalhos de devem ser isentas de óleo e, portanto, não
campo, as tintas podem ser fornecidas em tambores saponificáveis.
de 200 litros, que são mais econômicos. São recomendadas especialmente para tintas
de acabamento em equipamentos e instalações
onde seja importante certo grau de retenção de cor
e brilho. A utilização mais indicada é para
atmosferas medianamente agressivas.

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2.1.1.3. Tintas de borracha clorada
As resinas de borracha clorada são obtidas E tem como principais desvantagens:
a partir da cloração da borracha. As tintas  A Tendência ao branqueamento de acordo
fabricadas com estas resinas são resistentes a com a temperatura e umidade;
ácidos e álcalis e são pouco tóxicas.  Tendência ao amarelamento;
A secagem destas tintas dá-se somente por  Proporcionam película de baixa espessura;
evaporação do solvente, sendo, portanto, sensíveis  Não tem resistência a maior parte dos
a seus solventes. As tintas de borracha clorada de solventes;
boa qualidade devem ser isentas de óleos  Possui baixa resistência química;
secativos. São recomendadas para atmosferas  E em algumas aplicações, quando se
medianamente agressivas. necessita de mais brilho, precisa receber
Apresentam alguns problemas que limitam o polimento.
seu uso como, por exemplo:
a) Degradação pelo calor por volta de 65°C,
liberando ácido clorídrico; 2.1.1.6. Tintas betuminosas:
b) Aparecimento de poros, ocasionando falha
São as tintas fabricadas através da solução
precoce;
de asfaltos e piches. A secagem dá-se somente
d) Fissuras devido ao processo de plastificação.
pela evaporação do solvente.
São tintas de boa resistência à umidade e,
portanto, recomendáveis para ambientes úmidos ou
2.1.1.4. Tintas vinílicas imersão em trabalhos de pouca responsabilidade e
As resinas vinílicas são obtidas a partir de onde a cor preta puder ser aplicada.
cloreto e acetato de vinila, que se copolimerizam em Uma das combinações de maior utilização
cloreto e acetato de polivinila. Podem também ser no campo da proteção anticorrosiva envolve a
obtidas a partir de reações que produzem o mistura de resinas betuminosas, mais precisamente
polivinilbutiral. o alcatrão de hulha, com resinas epoxídicas. Neste
As resinas sintéticas termoplásticas mais caso, temos as chamadas tintas à base de alcatrão
comumente usadas em revestimento de superfícies de hulha-epóxi, que além da excelente resistência a
são as chamadas vinílicas, cloreto de polivinila umidade, apresenta boas propriedades mecânica e
(PVC), acetato de polivinila (PVA), polivinil acetais e boa resistência química.
as acrílicas.
São geralmente usadas em: “primer” (ou
tintas de fundo), “wash-primer” e tinta de
acabamento.
2.1.2. Tintas com veículos convertíveis
A secagem destas tintas dá-se somente por Dentro deste grupo podemos destacar as
evaporação do solvente. Existem ainda as tintas epóxis e as de poliuretano.
hidrossolúveis, que secam por coalescência.

2.1.2.1. Tintas a óleo


2.1.1.5. Outras tintas não convertíveis As tintas com veículo a óleo são aquelas cujo
Além das tintas citadas logo acima, há ainda agregante são os óleos secativos. Os óleos
algumas outras tintas pertencentes a este grupo e secativos possuem insaturações e curam por
industrialmente de menor importância, como, por oxidação com o ar.
exemplo, as tintas de nitrocelulose, as tintas de Os principais óleos usados em tintas são:
acetato de celulose, as acrílicas-vinílicas, as óleos de linhaça, óleo de soja, óleo de oiticica, óleo
alquídicas-silicones, etc. de tunge. Alguns óleos não-secativos podem
também ser utilizados na formulação de tintas, com
a função plastificante, como é o caso dos óleos de
2.1.1.5.1. Tintas de nitrocelulose mamona e de coco. O óleo de mamona, quando
As tintas à base de nitrocelulose caracterizam- desidratado, torna-se secativo.
se principalmente pela secagem por evaporação do A secagem destas tintas dá-se em parte
solvente. pela evaporação do solvente e em parte pela
oxidação do óleo.
Estas tintas tem vantagens com relação à: As tintas a óleo possuem secagem mais
 Secagem rápida; demorada e são saponificáveis, sendo, portanto,
 Boa dureza; recomendáveis somente para atmosferas pouco
 Resistência à solvente tipo aguarrás e agressivas e não devem ser usadas em pinturas de
gasolina; imersão.
 Fácil aplicação;
 Permite Lixamento rápido.

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polimerização das resinas fenólicas necessita de
2.1.2.2. Tintas de resinas alquídicas energia térmica. Por este fato, elas são usadas
modificadas com óleo, a fim de que possam curar à
modificadas com óleo
temperatura ambiente. A secagem destas tintas dá-
As resinas alquídicas surgiram da
se em parte pela evaporação do solvente e, em
necessidade de se melhorar as propriedades físico-
parte, principalmente, pela oxidação do óleo
químicas das tintas à óleo. Os óleos apresentam o
secativo.
inconveniente de terem secagem muito lenta, baixa
Estas tintas têm maior resistência química e a
resistência as intempéries e amarelamento. Com o
umidade comparada com as tintas a óleo e as
advento das resinas alquídicas, muitas dessas
alquídicas modificadas com óleo e boa resistência a
propriedades foram melhoradas em virtude da
ação de raios ultravioleta.
ampla possibilidade de combinação de matérias-
primas.
A palavra alquídica origina-se do inglês 2.1.2.4. Tintas epóxi
Alkyd (alcohol and acid) e se refere à poliésteres A palavra epóxi vem do grego “EP”(sobre
que são modificados por óleos e/ou ácidos graxos ou entre) e do inglês “OXI”(oxigênio), literalmente o
(óleos de linhaça, soja, mamona, tungue e oiticica). termo significa oxigênio entre carbonos. O termo
São obtidas pela reação entre poliálcoois e refere-se a um grupo constituído por um átomo de
poliácidos, resultando em um poliéster. oxigênio ligado a dois átomos de carbono.
O poliácido normalmente utilizado é o ácido O Grupo epóxi mais simples é aquele
ftálico, na forma anidrido ftálico, enquanto que os formado por um anel de 03 elementos, o qual o
poliálcoois mais empregados são o glicerol termo a-epóxi ou 1,2-epóxi é aplicado. O óxido de
(glicerina) e o pentaeritritol. etileno é um exemplo desse tipo. Os termos 1,3 e
A secagem destas tintas dá-se em parte por 1,4-epóxi são aplicados ao óxido de trimetileno e
evaporação do solvente ou coalescência e, em tetrahidrofurano.
parte, principalmente, pela oxidação do óleo
secativo.
Apresentam temperatura limite de utilização
da ordem de 60 a 80°C.

2.1.2.2.1. Tinta líquida alquídica


Desenho esquemático nº 03 – Grupos epóxis:
Características básicas:
 1,2 óxido de etileno;
 Tinta monocomponente (em uma
 1,3 óxido de trimetileno e;
embalagem)
 1,4 óxido de tetrahidrofurano.
 Baixo custo
 Baixa resistência à umidade elevada; O termo oxirano, é um nome trivial para o
imersão em água, meios alcalinos, produtos óxido de etileno, e também usado em referência ao
químicos e solventes fortes grupo epóxi, muitos dos mais comuns mono epóxi
 Aplicadas em baixa espessura de película possuem nomes triviais como epicloridrina, ácido
seca (aproximadamente entre 30 e 40 glicídico, glicidol e grupo glicidil.
micrometros)

Usos recomendados:
 Ambientes secos e pouco agressivos;
 Ambientes industriais de média
agressividade em superfícies verticais;
 Construção civil (pintura doméstica); Desenho esquemático nº 04 – Grupo Glicidil
 Máquinas e motores que trabalham em
ambientes não sujeitos a derrames de óleo As resinas epóxi são polímeros
e produtos químicos; caracterizados pela presença de grupos glicidila
 Produtos seriados de menor relevância. (epóxi) em sua molécula, além de outros grupos
 Estruturas metálicas em geral abrigadas em funcionais como a hidroxila.
locais secos. Elas são comercializadas desde as décadas
de 30 e 40 e são obtidas basicamente por reação de
2.1.2.3. Tintas de resinas fenólicas condensação entre a epicloridrina e o Bisfenol A,
dando assim, a resina mais comum e conhecida
modificadas com óleo
como (EDGBA) Éter de Diglicidiu de Bisfenol A.
As resinas fenólicas são obtidas pela reação A seguir, apresentamos estrutura geral da
entre o fenol e um aldeído. A reação de resina epóxi.

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 Agente de cura poliamida:
As tintas epóxis, curadas com poliamidas são
muito utilizadas como primer, intermediário ou
acabamento em diversos esquemas de pintura na
indústria, em plataforma marítima, áreas portuárias.
 Boa resistência a: Umidade e Imersão em
água;
 Bom desempenho quanto a: Aderência,
Esquema reacional nº 03 – Estrutura geral da
Flexibilidade e Impacto;
resina epóxi (EDGBA).
 Agente de cura com poliamina:
Dependendo no valor de n (unidade de A tintas epóxis, curadas com poliamina são
repetição), a resina pode apresentar uma grande
muito utilizadas como primer, intermediário ou
cadeia molecular, com grupos hidroxilas e em suas
acabamento em interiores de tanques e tubulações
extremidades os grupos epoxídicos.
As tintas fabricadas com estas resinas são de produtos químicos e solventes.
de alta performance e de grande uso no Brasil.
 Possuem alta resistência a: umidade e
Estas tintas, geralmente são fornecidas em
imersão em água, Produtos químicos,
dois componentes, um contendo o pré-polímero
epóxi e o outro o agente de cura que em geral, pode Ácidos e bases fracas, Solventes,
ser amina, amida ou isocianato. combustíveis e lubrificantes.

 Excelente resistência física e química.

 Agente de cura poliisocianato (Promotor


de aderência)
As tintas epóxis, curadas com poliisocianatos
são muito utilizado como promotor de aderência em
aço carbono galvanizado, alumínio, metais não
ferrosos e compósitos e/ou poliéster reforçado com
fibra de vidro (fiberglass).
As resinas epóxi reagem com os isocianatos,
devido ao elevado número de oxidrilas ao longo do
de sua cadeia. A fim de obter, no entanto, o máximo
de reatividade entre os componentes, introduz-se na
Desenho esquemático nº 05 – Componentes A e cadeia da resina epóxi um número maior de
B de tintas epóxis. oxidrilas.

As tintas epóxis, geralmente são formuladas  Agente de cura fenolkamina:


em alta espessura (da ordem de 120 a 150 µm por As tintas epóxis, curadas com fenolkamina
demão) e com pigmentos lamelares do tipo óxido de possibilita ao formulador de tinta, controlar o tempo
ferro, micáceo ou alumínio, proporcionando de vida útil da mistura (pot-life) e o tempo de cura,
excelente proteção por barreira. Estas tintas tem mesmo em baixa temperatura (0° C). Possui
tido um grande incremento em seu uso em excelente resistência à umidade durante a cura e
manutenção industrial, particularmente em locais oferece uma boa resistência química e a
onde o jateamento abrasivo for de difícil execução. flexibilidade.
Estas propriedades únicas tornam este tipo de
Agentes de cura das tintas epóxis: tinta, uma excelente opção para o segmento naval e
As resinas epóxis sozinhas não tem offshore e também para locais onde não é desejável
propriedades interessantes para tintas. É necessário o cheiro característico dos solventes aromáticos,
reagi-las com outras resinas, chamadas de possibilitando produtos Low VOC, com baixo teor de
“catalisadores”, agentes de cura ou endurecedores, compostos orgânicos voláteis.
que dependendo da sua natureza química A fenolkamina é sintetizada a partir da casca da
proporcionará propriedades diferentes e específicas castanha do cajú (cashew nutshell liquid – CNSL),
para cada tipo de aplicação. resina líquida de cor marrom escuro avermelhado,
Os agentes de cura se dividem em quatro grupos quase preto, viscoso, tendo o Cardanol como o
básicos: principal composto químico do CNSL de interesse
para as tintas.

18
Algumas resinas éster de epóxi de nova
geração, são utilizadas em formulações de tintas à
base de água, tintas ecologicamente corretas.

2.1.2.6. Tinta de alcatrão de hulha epóxi


As resinas epóxis também podem reagir
com produtos betuminosos (alcatrão), sendo
Desenho esquemático nº 06 – Da esquerda para a fornecidas em duas embalagens, uma contento o
direita, o caju, a casca da castanha do caju e a alcatrão de hulha mais a resina poliamida ou
molécula de cardanol. poliamina, e a outra contendo a resina epóxi.
Esta mesma tinta, é conhecidas por
O Cardanol é básico para preparar a fenolkamina diferentes terminologias, como por exemplo, coal tar
a qual resulta da polimerização seguida de epoxy, epoxídicas betominosas e alcatrão de hulha
aminação. epóxi.
São tintas que dependendo da formulação
 Agente de cura acetimina: podem ser aplicadas em altas espessuras, entre
O termo cetimina vem do inglês “Ketimine”. É 125 µm e 400 µm. Tais tintas associam as
um agente de cura que proporciona um tempo de propriedades de excelente resistência e inércia
cura e resistência similar às aminas alifáticas, mas química, do alcatrão de hulha, com a excelente
oferecem vantagens em relação ao tempo de vida resistência a imersão em água, das resinas epóxis,
útil da mistura (pot-life) e em especial, do ponto de obtendo um excelente custo/benefício do produto
vista de aplicação. final.
As tintas formuladas com este tipo de agente de Estas tintas tem usos recomendados como
cura são recomendadas para aplicação em revestimento único em peças e estruturas
ambientes com elevada umidade relativa do ar (até submersas ou enterradas.
mesmo acima de 85%) e também sobre superfícies Cada vez mais, em função de uma
úmidas. crescente pressão social, as tintas epóxis de
A cetimina é bloqueada em ambientes de baixa alcatrão de hulha estão deixando de serem
umidade, mas o contrário ocorre durante aplicação especificadas e recomendadas para utilização nos
da tinta em locais onde houver umidade residual no novos planos e esquemas de pintura em função do
substrato e/ou no ambiente, desbloqueando-a, seu nível de toxidez e estão sendo gradativamente
liberando amina para reagir com o grupo epoxídico, substituídas pelas tintas EPÓXIS TAR FREE.
secando e curando o produto lentamente liberando
cetona (MIBK), que por sua vez é volátil.
2.1.2.7. Tintas epóxis tar free
As tintas Epóxis Tar Free levam vantagens
em relação as tintas de alcatrão de hulha epoxídicas
uma vez que, estas tintas não apresentam metais
pesados como chumbo, cádimo, cromo ou mercúrio
na sua composição, o que as classificam entre as
Esquema reacional nº 04 – A Cetimina reagindo tintas ecológicas (heavy metal-free paint).
com a água liberando cetonas (MIBK). São tintas de alto teor de sólidos por volume
(HS – High Solids) e que propiciam aplicação em
espessuras de película seca que variam entre
2.1.2.5. Tintas éster de epóxi 0,2mm à 1mm, com baixíssimo teor de compostos
As resinas epóxi podem também ser orgânicos voláteis, que também as classificam
modificadas com óleo secativo, dando origem as dentre as tintas (Low VOC).
chamadas éster de epóxi, que são comparáveis ou
superiores as alquídicas e fenólicas modificadas 2.1.2.8. Shop primer epóxi
com óleos. Trata-se de uma tinta epóxi, amina,
A secagem ou cura das tintas epóxi dá-se bicomponente, de secagem rápida, excelente
por polimerização (polimerização por condensação).
aderência, de fácil aplicação e bom rendimento.
As tintas éster de epóxi, são
A linha de produtos sugere produtos que
monocomponentes e são usadas tradicionalmente detenham certificação de soldabilidade, do tipo
em formuladas de primers anticorrosivos e tintas Lloyders Register e DNV.
ricas em zinco para proteção do metal. Estas tintas
proporcionam excelentes propriedades adesivas, Segue as principais características:
também dureza e flexibilidade.
 Primer de aderência sobre metais não
ferrosos;

19
 Primer de fábrica, de pré-montagem, derrames de alguns produtos químicos (resinas de
recomendado para superfícies de aço carbono poliéster curadas com isocianato alifático), e
jateado; também alto sólidos, secagem rápida, bom aspecto,
 Aplicado em baixa espessura (25 propriedades niveladores e de fácil lixabilidade
micrometros); (resinas de poliéster curadas com isocianato
 Não interfere na qualidade e processos de aromático).
solda; Basicamente, as resinas de poliuretano são
 Ótima resistência mecânica; obtidas da reação de polióis, polímeros hidroxilados
 Proporciona resistência ao intemperismo (OH) com isocianatos (NCO).
durante os seis primeiros meses de montagem; Os polióis podem ser resinas de poliéster ou
 Secagem rápida; acrílicas poliidroxiladas e os isocianatos são resinas
 Custo médio e; de isocianato alifático ou isocianato aromático.
 Ser compatível com diversos acabamentos.
 Agente de cura a base de Isocianato Alifático:
Os poliisocianatos alifáticos e ciclo-alifáticos
2.1.2.9. Tintas epóxis ricas em zinco permitem obter tintas de poliuretano, com
Trata-se de tintas de alta performance, para excelentes propriedades de resistência a
utilização como tinta de fundo. São altamente intempéries, pois, esses isocianatos são resistentes
pigmentadas em zinco, com teor de pó de zinco, em à ação dos raios ultravioleta. Essas tintas também
peso, entre 75 a 95% na película seca. se caracterizam por uma excelente estabilidade da
É uma tinta com veículo epóxi, curada com cor.
amida. É recomendada como tinta de fundo, de alta
performance, para atmosferas altamente agressivas  Agente de cura a base de Isocianato
e onde se deseja maior vida útil do esquema de Aromático: É recomendado para ambientes
pintura. abrigados onde se deseja uma tinta de poliuretano
As tintas epóxis ricas em zinco propiciam proteção de boa aderência, secagem rápida e boa
catódica ao aço carbono. Evitam a progressão da lixabilidade, contudo, apresentam baixa resistência
corrosão em áreas da pintura que eventualmente à radiação ultravioleta do sol e menor estabilidade
sofrem danos mecânicos. Deve ser aplicada sobre de cor.
aço carbono jateado, mas pode ser usada para
retoques em sistemas de pintura compostos com
2.1.2.12. Poliuretano Poliaspártico
tintas inorgânicas de zinco. Pode receber como
acabamento, tintas epóxi ou epóxi betuminosas. A tecnologia dos revestimentos poliaspárticos é
Elas são recomendadas para a proteção de aço baseada na reação de éster poliaspártico que é
carbono jateado na pintura de: uma diamina alifática secundária com isocianato
 Comportas e outros componentes imersos alifático.
em água, em Usinas Hidroelétricas; Esta tecnologia era inicialmente usada em
 Bóias de sinalização; formulações de tintas de poliuretano bicomponentes
 Superfícies submersas em água doce ou convencionais, à base de solventes porque os
salgada, ou enterradas ésteres poliaspárticos são excelentes diluentes
 Superfícies expostas em ambientes de alta reativos para tintas de poliuretano de altos sólidos.
umidade; Na reação, o éster poliaspártico se fixa e deixa de
 E superfícies expostas em ambientes ser volátil.
marítimos. Desenvolvimentos mais recentes na tecnologia
de revestimento poliaspártico têm-se concentrado
2.1.2.10. Tintas epóxis bisfenol F / Novolac na obtenção de revestimentos de baixo VOC ou
As tintas epóxis de Bisfenol F / Novolac próximo de zero, onde o éster poliaspártico é o
substituem a resina de Bisfenol A propiciando as componente principal do co-reagente para a reação
resinas epóxis maior cross-link, melhor desempenho com um poli-isocianato.
mecânico, químico e térmico, principalmente A reatividade única e ajustável dos ésteres
quando curado com aminas aromáticas ou poliaspárticos permitem a criação de revestimentos
anidridos. de cura rápida à medida das necessidades de cada
aplicação. O recurso de cura rápida destes
revestimentos pode proporcionar melhorias
2.1.2.11. Poliuretano
significativas de produtividade, economia de
As tintas de poliuretano são consideradas tintas dinheiro, juntamente com aplicação em alta
de alta performance, apresentando propriedades de espessura, cura a baixa temperatura e resistência à
excelente resistência à radiação ultravioleta do sol abrasão e à corrosão.
(resinas acrílicas poliidroxiladas curadas isocianatos
alifáticos), resistência a ambientes agressivos,
fortemente poluídos, sujeitos a exposição e

20
O nome poliaspártico recentemente se tornou
popular entre os formuladores da indústria, devido à
necessidade de diferenciá-lo de poliuréias e
poliuretanos.
Por definição, uma poliaspártico é uma poliuréia
alifática, porque é a reação de um poliisocianato Esquema reacional nº 05 – Estrutura
alifático com um éster poliaspártico, que é uma tridimensional estável da resina de silicone.
diamina alifática. No entanto, os revestimentos
poliaspárticos são muito diferentes em ambas Os substituintes orgânicos R que ocupam as
aplicações e propriedades de desempenho de valências restantes dos átomos de silicone são
revestimento das poliuréias convencionais. particularmente responsáveis pelas propriedades da
Por exemplo, poliaspárticos permitem ao tinta até aproximadamente 300 ºC.
formulador controlar a taxa de reação e de cura, e Os grupos fenila provêm a melhor estabilidade
desta forma, o pot-life e/ou o tempo de vida da de temperatura entre todos os grupos de
mistura dos dois componentes (A+B) podendo variar substituintes orgânico, dando resistência a
de cinco minutos a duas horas. temperaturas de operação de até 250 ºC. Os grupos
Embora as técnicas de aplicação por metila também oferecem maior estabilidade do que
pulverização incluem o uso de equipamento de os outros grupos sendo este o motivo do porquê
pulverização plural componente, muitas aplicações eles são os escolhidos como substituintes nas
podem ser aplicadas apenas com pulverizadores resinas para tintas de alta temperatura.
convencionais, tornando a aplicação muito menos Se deseja que na estrutura do filme de silicone
complicada e menos propensa a erros. o átomo de silício confira propriedades
A tecnologia dos revestimentos poliaspárticos é intermediárias entre vidro (característica inerte) e
mais próximo na sua aplicação e características de resinas orgânicas (revestimentos poliméricos) ou,
desempenho dos revestimentos de poliuretano mais especificamente, entre propriedades
alifáticos. mecânicas e de resistência ao calor.
Esta tinta é recomendada quando se deseja As tintas fabricadas com estas resinas são
maior retenção de cor, não amarelando com tempo. indicadas para pintura de superfícies que trabalham
Mas, também aqui, há diferenças notáveis. Os na faixa de operação de 120 °C à 250 ºC e têm a
revestimentos poliaspárticos, por exemplo, pode ser vantagem de não necessitar pré-cura.
formulado para se obter altíssimo teor de sólidos por Já as tintas de silicones pura são
volume (70-100% de sólidos) e também pode ser recomendadas para pintura de equipamentos que
aplicado em espessuras muito elevadas (variando operem com temperatura ao calor seco de até 500
entre 150 µm e 250 µm numa única demão). ºC e 600°C. Estas tintas são pigmentadas com
As tintas poliaspárticas tem secagem muito mais óxido de ferro preto e alumínio, pois são pigmentos
rápida do que os poliuretanos alifáticos de secagem que resistem a degradação do calor de 600 ºC e
convencional e são recomendados em aplicações 650 ºC respectivamente. Elas necessitam de pré-
onde a cura rápida significa efetivamente “maior cura, devendo se elevar a temperatura
produtividade” na operação de pintura. gradualmente, 50 ºC/hora até atingir a faixa de
temperatura que pode variar entre 180 e 230ºC,
2.1.2.13. Tintas de silicone mantendo-a por aproximadamente 3 horas.
As tintas de silicone também podem ser Via de regra, tintas de silicone são
consideras tintas “híbridas”, semi-orgânicas ou recomendadas sobre primer inorgânico de zinco,
poliorganos-siloxanos, nome genérico dado às uma vez que desta forma, a proteção anticorrosiva é
resinas de silicone. aumentada, contudo, em alguns casos, também
Estas resinas de silicone podem ser podem ser aplicadas diretamente sobre o metal
combinadas com resinas alquídicas e acrílicas,
sendo esta última a mais utilizada.
As resinas combinadas, ou copolimerizadas 2.1.3. Tintas com veículos inorgânicos
permitem que a tinta ofereça uma secagem ao
toque e podem resistir algum tempo antes de serem
colocadas em cura por aquecimento (pré-cura). 2.1.3.1. Tintas de Silicato
Depois de atingir temperaturas ao redor de 400 Há dois tipos de tintas de silicato: as de silicato
ºC todos os materiais orgânicos da resina são de etila (que são a base de solventes orgânicos
decompostos por ação do calor (pirólise). O produto como o álcool etílico ou isopropílico) e silicato
que resta tem uma composição estequiométrica de inorgânico (que é hidrossolúvel, a base d´ água.
SiO2. É esta camada que firmemente liga pigmentos
e cargas entre si e ao substrato (mecanismo de
aderência química).

21
2.1.3.1.1. Silicato de etila  Resistência à abrasão: consiste na resistência
As tintas à base silicato de etila reagem com o ao desgaste provocado pela ação mecânica do
zinco em pó na presença de umidade do ar (vapor meio.
de água – H2O) e gás carbônico (CO2), produzindo
silicato de zinco.  Resistência ao intemperismo: capacidade da
A título de ilustração, estas tintas contém o teor película resistir à ação dos agentes naturais, como
de zinco metálico na película entre 75 e 81%. sais, chuvas e ventos, com reduzida perda de brilho,
de cor e de espessura.
2.1.3.1.2. Silicatos Inorgânicos
As tintas de silicatos inorgânicos contém no
componente A, silicatos de sódio, potássio ou lítio,
que se ligam ao pigmento de zinco formando silicato 2.3. Mecanismo de formação da
de zinco e ao aço, formando silicato de ferro. película da tinta
A título de ilustração, estas tintas contém o teor Entende-se por mecanismos de formação da
de zinco metálico na película em torno de 84%. película da tinta, a passagem da película úmida,
O solvente desta tinta é água, e, por isso, tem conforme aplicada, para a película seca, que é seu
vantagens do ponto de vista de recomendação, uma estado final, após secagem e/ou cura.
vez que podem ser aplicadas em locais fechados
sem riscos de incêndio e explosão. Os mecanismos de formação da película de
Ambas tintas (Silicato de etila e silicato tintas mais importantes são:
inorgânico) são inorgânicas depois de curadas e por
este motivo, suportam temperaturas de até 500 ºC.
2.3.1. Evaporação do solvente
Este mecanismo está presente praticamente em
2.2. Características fundamentais e todas as tintas de uso industrial. Mesmo naquelas
gerais da película que usam outros mecanismos, a evaporação dos
solventes contribui na formação da película.
A película de tinta deve apresentar as seguintes No entanto, existem várias famílias de tintas, em
características fundamentais: que este é o único mecanismo presente. São
substâncias já polimerizadas ou que possuem
 Coesão: consiste na coesão entre os diversos características filmógenas, as quais, para efeito de
constituintes do revestimento, de forma a apresentar aplicação são dissolvidas em um solvente, que
uma película continua, isenta de falhas como poros, evapora após a aplicação, havendo então a
bolhas, crateras, trincas etc. formação da película na superfície que se quer
proteger.
 Adesão ao substrato: consiste na perfeita e A evaporação do solvente pode introduzir poros,
permanente aderência à superfície a ser protegida. bolhas ou crateras na película seca de tinta, levando
A aderência ao substrato é obtida em maior grau a uma diminuição da sua impermeabilidade e
pela ancoragem mecânica de tinta nas consequente diminuição da proteção anticorrosiva
irregularidades da superfície e, em parte, pelas por barreira.
forças de atração de natureza molecular. Como exemplos de tintas que utilizam este
mecanismo, podemos citar: as acrílicas, vinílicas,
Além das características fundamentais, que borrachas cloradas, asfaltos, betuminosas,
são mandatórias em qualquer película de tinta, há estirenoacrilatos, e outras.
uma série de características gerais que ela poderá
apresentar em maior ou menor grau, dentre as 2.3.2. Coalescência
quais se pode destacar: Ocorre nas tintas monocomponentes
hidrossolúveis, emulsionadas em água.
 Absorção e transferência de umidade: A coalescência é a ação de um solvente
resistência a penetração de água nas moléculas ou orgânico coalescedor que une as multifases à
por entre as moléculas. Também, a penetração de medida que ocorre a evaporação da água.
água através da película, que dependerá, entre Após a evaporação deste coalescedor, forma-se
outros fatores da permeabilidade e da sua uma película sólida e resistente à própria água.
aderência. Como exemplo, podemos citar as tintas com
veículos vinílicos de acetato de vinila (latéx PVA) e
 Resistência química: consiste na capacidade as acrílicas hidrossolúveis, muito utilizadas na
da película de resistir ao ataque dos agentes pintura arquitetônica e na pintura industrial.
químicos existentes no meio corrosivo.

22
2.3.3. Oxidação de óleos 2.4.1.2. Proteção por passivação anódica
Este mecanismo de formação da película está Este mecanismo é encontrado nas películas de
presente nas tintas a óleo e óleo modificadas. pintura aplicadas como tinta de fundo (primer), que
O mecanismo consiste na oxidação dos óleos contem determinados pigmentos inibidores, tais
secativos (óleos vegetais), devido ao contato com o como: cromato de zinco, fosfato de zinco, etc.
ar após a aplicação, formando uma película sólida
pela entrada de oxigênio na molécula dos óleos. 2.4.1.3. Proteção catódica
Como exemplo de tintas que apresentam este Este mecanismo é encontrado nas películas de
mecanismo, podemos citar: óleos secativos, tinta aplicadas como tinta de fundo (primer), que
alquídicas, fenólicas modificadas com óleo e as contem elevados teores de pigmentos anódicos, em
ésteres de epóxi. relação à superfície metálica que se quer proteger
As tintas à base de óleo modificadas tem a sua contra a corrosão.
secagem controlada em função do tipo de óleo As tintas que apresentam este mecanismo
utilizado na formulação, podendo forma uma resina, possuem teor de 75 a 85% em peso de pigmento
curta, média ou longa em óleo. metálico na película seca, destacando-se entre elas
as tintas ricas em zinco.
2.3.4. Polimerização Teoricamente, tintas ricas em magnésio e
Este mecanismo está presente nas principais alumínio poderiam apresentar de forma eficiente
famílias de tintas de alto desempenho e alto poder este mecanismo. No entanto, em termos práticos,
impermeabilizante. apenas as ricas em zinco têm se mostrado
Neste mecanismo podem-se destacar dois tipos satisfatórias, provavelmente pelas características
de polimerização: desfavoráveis dos produtos de corrosão daqueles
metais (alta resistividade elétrica, baixa solubilidade,
etc.) e pela baixa densidade destes metais em
2.3.4.1. Polimerização térmica
comparação ao zinco, o que dificulta a formação de
Ocorre nas resinas que, na temperatura película altamente pigmentada.
ambiente, não se polimerizam, havendo Nas tintas que atuam pelo mecanismo de
necessidade de uma energia térmica de ativação. proteção catódica, o teor de pigmentos metálicos
Para melhor identificação das tintas que tem que ser de tal ordem que impeça que o veículo
polimerizam com temperatura elevada, citamos as dificulte a continuidade elétrica entre as partículas
tintas alquídica-melamínicas e as de silicone puras. do pigmento responsável pela proteção catódica, ou
seja, permitida a formação da pilha eletroquímica.
2.3.4.2. Polimerização de condensação Por exemplo, nas tintas a base de zinco,
Ocorre nas resinas em que se usa um quando o veículo é o silicato de etila, a quantidade
semipolímero como um dos reagentes e um agente mínima de zinco é de 75% na película seca, ao
de cura que, tão logo misturados, dão início à passo que, se o veículo é uma resina epóxi, a
polimerização por reação química (A+B) à quantidade mínima de zinco é de 85%. Isto é devido
temperatura ambiente. a maior resistividade elétrica apresentada pelo epóxi
Para melhor entendimento, citamos as tintas em relação ao silicato de etila.
epóxis, poliuretânicas e poliaspárticas.

2.5. Fundamentos da pintura industrial


2.4. Mecanismo de proteção
anticorrosiva da película RAMOS DA PINTURA

Os mecanismos básicos de proteção da película O termo genérico pintura pode ser estendido a
de tinta são: três ramos da atividade humana:
a) Pintura artística;
b) Pintura arquitetônica;
2.4.1.1. Proteção por barreira c) Pintura industrial.
Presente em praticamente todas as películas de
tinta, sendo o mecanismo fundamental nas tintas de A pintura artística é aquela em que o uso das
acabamento. tintas e das cores tem a finalidade de expressar
O mecanismo de proteção por barreira atua uma arte. Esta pintura é, portanto, exercida pelos
procurando impedir o contato entre o meio corrosivo artistas, que usam na execução de quadros,
e a superfície que se quer proteger; painéis, murais, etc.
A pintura arquitetônica é aquela em que o uso
das tintas e das cores tem a finalidade de tornar
agradáveis os ambientes. É usada na construção

23
civil e, não obstante possa ter também finalidade  Esquema de tinta ou de pintura refere-se
protetora, visa fundamentalmente o embelezamento simplesmente ao conjunto de tintas específicas para
das superfícies revestidas. um determinado fim, por exemplo, primer e
acabamento.
A pintura industrial é aquela cuja finalidade
principal é a proteção anticorrosiva. Apresenta,  Sistema de pintura ou especificação de
porém, outras finalidades complementares, tais pintura menciona além do conjunto de tintas, um
como: maior detalhamento, por exemplo: preparo da
superfície com remoção de óleos, graxas, gorduras
 Estética: torna a apresentação agradável; e principalmente produtos de corrosão (óxidos).
 Auxílio na segurança industrial; A limpeza da superfície é uma fase de grande
 Impermeabilização; importância porque as tintas sempre exigem, em
 Diminuição da rugosidade; maior ou menor grau, uma preparação da
 Facilitar a identificação de fluídos em superfície, para que haja um perfeito contato entre a
tubulações ou reservatórios; tinta de fundo e a superfície que está sendo
 Impedir a aderência de vida marinha no protegida.
casco das embarcações e bóias; Além disso, a preparação da superfície objetiva
 Permitir maior ou menos absorção de calor; criar um perfil de rugosidade, capaz de facilitar a
 Identificação promocional. adesão mecânica da tinta.

Tipos de Pintura Industrial Alguns fatores devem ser considerados:

 Pintura industrial de fabricação em série: é 1) Qual a superfície a ser pintada?


aquela cuja aplicação das tintas é feita por meio de Aço carbono, Alumínio, Aço galvanizado (a fogo,
instalações fixas, tais como cabines de jateamento eletrolítico), Concreto.
abrasivo ou banhos de soluções químicas, para
limpeza e condicionamento de superfície, cabines 2) Pintura nova ou de manutenção?
de aplicação e estufas.
3) Tipo de ambiente de exposição?
 Pintura industrial de campo: é aquela cuja Rural, Urbano, Marítimo, Industrial, Combinações.
aplicação das tintas é feita por meio de instalações
móveis, tais como máquinas para jateamento 4) Ambiente de instalação?
abrasivo, pistolas ou outros equipamentos para a Interno, externo.
aplicação das tintas.
5) Contato com produtos químicos?
Presença de vapores tóxicos
2.6. Conceito de pintura industrial Imersão em liquido (Tipo)
Estrutura sujeita a derrames ou respingos
São pinturas realizadas pela interposição de 6) Temperatura de operação?
uma película de tinta capaz de formar uma película Ambiente Quente ou Frio.
sólida após a secagem ou cura, com espessuras
inferiores a 1 mm. Podem ser aplicados em 7) Regime de operação?
instalações industriais e portuárias, embarcações e Contínua ou Intermitente
estruturas metálicas diversas. Atuam como barreira
entre o meio corrosivo e o substrato metálico que se 8) Possibilidade de que tipo de tratamento?
quer proteger. Jateamento, Manual, Mecânico.
No que diz respeito a desempenho e custo,
a pintura é o método de controle de corrosão 9) Tipo de equipamento de pintura?
praticamente absoluto para estruturas aéreas, Pistola, Pincel, Rolo.
sendo também empregado com excelentes
resultados em estruturas submersas (casco de Itens compostos no detalhamento do sistema
embarcações) e ainda em alguns situações para de pintura:
estruturas enterradas.
1) Preparo de superfície, grau de limpeza, perfil de
2.7. Conceitos básicos / terminologia rugosidade;
2) Numero de demãos de tinta, espessura de
 Pintura é a hábil técnica de se aplicar tintas; película seca e úmida para cada tinta;
chama-se também de pintura a tinta já aplicada. 3) Intervalo de repintura entre demãos mínimo e
máximo;

24
4) Método de aplicação;
5) Diluente e diluição; 2.9.2. Aspectos de segurança industrial
6) Tempos de secagem;
7) Esquema de tintas;
As cores obtidas pela aplicação de tintas
8) Pot Life da tinta;
desempenham um importante papel na segurança
9) Tipo de tinta e relação de mistura;
industrial.
10) Rendimento teórico (com e sem % de
Os principais usos das cores são:
Perdas).
Nota: Mencionar observações quando necessário.
1) Vermelho: para indicação de equipamentos de
segurança de um modo geral, como, por exemplo:
veículos de combate a incêndio, tubulações de água
2.8. Esquemas de pintura e fluidos de combate ao incêndio, equipamentos de
injeção de espuma, extintores, etc.
As tintas de manutenção são formuladas
para permitirem que as estruturas e equipamentos 2) Verde: para equipamentos de proteção pessoal.
permaneçam por grandes períodos sem corrosão, e
periodicamente sofram uma manutenção, que pode 3) Branco e branco com faixas pretas: para
ser desde um simples retoque até substituição de demarcação de tráfego.
toda tinta velha por outra nova.
As pinturas podem ter um desempenho que, 4) Amarelo: pintura de passadiços, escadas e
em condições favoráveis, chega a uma vida útil de 5 outras áreas onde se deve ter cuidados especiais e
anos ou mais. Em condições adversas, a mesma uma boa visibilidade.
pintura poderia durar cerca de 1 ou 2 anos. Tudo vai
depender do meio ambiente e do esquema de 5) Amarelo com faixas pretas: áreas perigosas.
pintura empregado.
6) Alaranjado: área onde se deve estar alerta.
Em um esquema de Pintura as Tintas podem ser
classificadas em: 7) Azul: indica precaução, por exemplo, próximo a
equipamentos em reparos.
a) Tinta de fundo:
Responsáveis pela adesão do esquema ao 8) Púrpura: indica radiação.
substrato, podem ou não conter pigmentos
inibidores de corrosão. Fundo ou fundo acabamento
(dupla função). 2.9.3. Aspecto de identificação
b) Tintas Intermediárias:
As tintas são usadas como mencionado
Oferecem espessura ao sistema.
anteriormente para dar cor aos equipamentos e
São produtos mais baratos comparados com a tinta
instalações industriais. Deve-se procurar padronizar
de fundo.
as cores usadas, visando a reduzir o número de
Auxiliam na proteção.
tintas. As cores mais freqüentemente usadas com o
Conhecidas como TIE COAT.
objetivo de identificação são:
c) Tintas de Acabamento:
Cor alumínio: para tanques de armazenamento,
São responsáveis por proteger o sistema contra o
vasos de pressão, tubulações (executando-se as
meio ambiente e dar a cor desejada.
utilidades), estruturas metálicas em geral, reatores,
permutadores de calor, entre outros.

2.9. Cores na pintura industrial Cor branca: para tanques de armazenamento de


petróleo e derivados leves, instalações de
2.9.1. Aspectos estéticos e psicológicos hidrocarbonetos gasosos em especial o gás
liquefeito de petróleo e vapor.
Na pintura industrial procura-se aplicar Cor azul: para tubulações de ar comprimido.
esquemas capazes de proteger adequadamente
contra a corrosão, mas não se deve esquecer dos Cor cinza-claro: vácuo.
aspectos estéticos e psicológicos envolvidos. Ao se
pintar, procura-se também dar um aspecto Cor cinza-escuro: eletrodutos
agradável e esteticamente favorável aos
equipamentos e instalações. Cor verde: para tubulações de água.

25
Cor preta: para combustível de alta viscosidade
(óleo combustível).

Cor vermelha: para tubulações e instalações de


combate á incêndio.

2.9.4. Aspectos relativos à maior ou à menor


absorção de calor e energia radiante

A escolha das cores, podem também ser


considerada em relação a maior ou menor absorção
de calor. Em relação à temperatura ambiente, as
cores escuras, em especial o preto, promovem
grande absorção de calor, enquanto que as cores
claras, principalmente o branco, provocam pouca
absorção.
Este fato é extremamente importante na pintura
de superfícies expostas ao sol, bem como
superfícies externas que possam absorver calor e
trazer inconvenientes ao interior, seja por problemas
de perda de energia, seja por questão de conforto.
É ainda importante que se utilize pintura em
branco nos tanques de armazenamento de petróleo
e derivados claros, de modo a diminuir perdas por
evaporação. A pintura em branco, mesmo quando
suja, provoca menores perdas por evaporação que
qualquer outra cor.
Desta forma, a utilização de cores claras é
muito importante na obtenção de maior
luminosidade e maior conforto nos ambientes
industriais.

26
12. CONTROLE DE 12.2. Sólidos por massa (não-voláteis em
QUALIDADE massa)
Determina em porcentagem, a massa não-volátil
da tinta, ou seja, aquilo que permanece após a
volatilização, principalmente do solvente. Esta parte
12.1. Responsabilidade pela qualidade não-volátil é constituída pelo veículo, pelos
Qualquer que seja a decisão em termos de pigmentos e aditivos não-voláteis.
compra das tintas, é importante que sejam Em linhas gerais, o procedimento consiste em se
claramente definidas as responsabilidades, para tomar certa massa de tinta e colocá-la a secar no ar
que a qualidade prevista para o esquema de pintura ou em estufa. Decorrido o tempo fixado no método e
seja efetivamente alcançada. nas condições descritas, determina-se a massa e,
com isso, obtém-se o teor de sólidos por massa
1) A qualidade da tinta é responsabilidade do pela seguinte expressão:
fabricante. Para isto, deve ser comprada de um
fabricante preliminarmente qualificado, que 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙í𝑐𝑢𝑙𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 (𝑔)
disponha de um sistema de qualidade implantado 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 (%) = × 100
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑡𝑖𝑛𝑡𝑎 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 (𝑔)
na fábrica, como por exemplo, o da ISO 9000;

2) O cliente deve definir, através de uma norma


técnica ou qualquer outra especificação, os 12.3. Sólidos por volume (não-voláteis em
requisitos de qualidade de tinta a ser comprada; volume)
3) Deve ainda exigir que o fabricante apresente,
Determina o teor de não voláteis em volume de
para cada lote de tinta fornecido, um certificado de
matéria da tinta, ou seja, o volume de material que
qualidade, atestando a conformidade da mesma
não se evapora após a secagem do solvente.
com seus requisitos;
Há vários métodos para a determinação do teor
de não-voláteis em volume, dentre eles podemos
4) Ao cliente compete ainda efetuar inspeção de
citar:
recebimento de cada lote de recebido, que pode
 Método de Disco: previsto na Norma ASTM
abranger desde uma simples análise do certificado
D2697 e PETROBRÁS N-1358;
de qualidade da tinta, até a retirada de amostras
 Método da Película: previsto na Norma
para análise a nível de laboratório;
ABNT.
5) A contratação dos serviços de aplicação do
esquema de pintura deve ser feita junto a empresas
preliminarmente qualificadas; 12.3.1. Aspectos econômicos das tintas
Uma questão complexa é a estimativa da
6) A responsabilidade pelo controle da qualidade da quantidade de tinta a ser usada, particularmente
aplicação é do aplicador, que deve elaborar e quando da decisão de comprar a tinta em separado
implantar um sistema de qualidade que assegure da contratação dos serviços de aplicação.
que a aplicação seja feita em conformidade com os A partir da especificação usada na compra ou da
requisitos do cliente; folha de dados do fabricante, conhece-se o
rendimento teórico (m 2/Litro) de cada tinta a ser
7) O pessoal de aplicação e controle da qualidade usada.
deve ser preliminarmente avaliado em termos de O rendimento teórico é uma propriedade que
capacitação técnica. está diretamente ligada ao percentual de sólidos por
volume da tinta. Ou seja, o que dá origem à película
Os principais ensaios realizados no controle da é o volume de sólidos apresentado pela tinta
qualidade iniciam no recebimento das matérias aplicada, já que o solvente, por volatilizar-se, não
primas estendendo-se durante o processo de fica incorporado na película, portanto, tal
fabricação de tintas. propriedade e, consequentemente, o rendimento
Alguns deles podem ser realizados teórico precisam estar claramente definidos na
rotineiramente outros ocasionalmente, a depender especificação que será usada para efeito de compra
de sua complexidade. Durante a formulação de uma da tinta.
tinta todos os ensaios devem ser realizados. Entretanto, o rendimento prático ou real
variará em relação ao teórico em função dos
seguintes fatores:
 Volume de sólidos de tinta;

27
 Tipo de preparo da superfície, 12.3.3. Rendimento prático (RP)
particularmente o perfil de rugosidade Consiste em estimar as perdas considerando o
obtido. processo de aplicação, evitando a falta de tinta e
Um elevado perfil de rugosidade aumenta a transtornos na aplicação tais como:
superfície específica a ser pintada e,
 Atraso na entrega
conseqüentemente, o consumo de tinta;
 Ociosidade da mão de obra
 Estado inicial de oxidação da superfície a
 Diferenças de cor de lote a lote
ser pintada. O grau de corrosão D da ISO
8.501 – 1 leva a um maior consumo de tinta;  Atraso no pagamento
 Método de aplicação. A aplicação por  Dificuldade na compra de pouca tinta
trincha leva a perdas menores do que por
pistola; 𝑅𝑝 = 𝑅𝑡 − (%𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠)
 Condições ambientais. A aplicação à pistola
em locais com ventos fortes leva a um Por exemplo: Aplicação na pistola convencional
consumo de tinta exagerado;
 Tipo de tinta usada. SV = 45%
EPS = 50 micra
Rt = 9 m2/litro
Perda estimada = 30 %
12.3.2. Rendimento teórico (Rt)
O rendimento teórico da tinta não inclui no seu Logo:
cálculo as perdas devidas ao método de aplicação, 𝑅𝑝 = 9 − 30%
ás condições de aplicação e ao treinamento do 𝑅𝑝 = 6,3 𝑚2 /𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜
pintor. Para obter o rendimento teórico do produto a
ser aplicado devemos utilizar a fórmula:
𝑆𝑉 × 10
12.3.4. Rendimento real
𝑅𝑡 = Obtido ao efetuar o levantamento da metragem
𝐸𝑃𝑆
final pintada e comparação com o total de tinta
Rt = Rendimento teórico (m 2/litro) consumido. È muito importante efetuar as medições
SV = Sólidos por volume (%) de espessuras de película seca aplicada e suas
EPS = Espessura de película seca (µm) variações, pois, isto irá influenciar diretamente no
10 = Fator consumo e valor de rendimento real da tinta no final
da obra.
Os sólidos por volume (SV) ou não voláteis em
volume (NVV) são fornecidos no boletim técnico do
produto ou no plano de pintura indicado. 12.3.5. Custo por metro quadrado do produto
A multiplicação pelo fator 10 é para encontrar o Para se obter o custo teórico do produto a ser
resultado expresso em m 2/litro, caso queira o vendido podemos utilizar a fórmula:
volume de galão deverá utilizar-se o fator 36 e
𝑅$⁄ 𝑅$
assim por diante. 𝑅$⁄ = 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜 𝑡𝑖𝑛𝑡𝑎 + ( ⁄𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒 × % 𝑑𝑖𝑙𝑢íçã𝑜)
Aplicando a fórmula de rendimento, para uma 𝑚² 𝑅𝑡
camada seca de 35 µm teremos:
Em que:

R$/m² = custo por metro quadrado


R$/litro tinta = Custo do litro de tinta
R$/litro solvente = Custo do litro do solvente
Rt = Rendimento da tinta

Exemplo:
Custo de 1 litro de tinta R$ 10,00
Custo de 1 litro de solvente R$ 2,00
% Diluição 20%
Rendimento de 1 litro de tinta 5,3 m2

Desenho esquemático nº 07– Comparativo de


rendimento entre tintas

28
Portanto: 12.3.7. Quantidade necessária de diluente

𝑅$⁄ = 10 + (2 × 0,2) Na aquisição das tintas geralmente ocorre o


𝑚² 5,3 esquecimento de comprar o diluente. Porém o
fabricante já tem associado que o mesmo deve ser
𝑅$⁄ = 1,96 enviado mediante informação do boletim técnico na
𝑚² proporção recomendada de diluição.
É importante lembrar sempre da quantidade
Corresponde ao preço para se pintar um metro necessária de diluente para efetuar a limpeza do
quadrado com este tipo de tinta. equipamento de pintura e todos os seus acessórios
envolvidos (espátula, tanque de pressão, pistola...).
Para o exemplo acima a quantidade de diluente
12.3.6. Como calcular a quantidade de tinta necessária para 148,15 litros de tinta, será: 29,63
litros de diluente ou arredondando 30 litros
necessária para pintura (geralmente as embalagens são de 5 litros cada) ou
Devemos levar em consideração: de 06 galões.
 Área a ser pintada (m 2) Não está inclusa a quantidade de diluente para a
 Sólidos por volume da tinta (%) limpeza dos equipamentos de pintura.
 Espessura da película seca da tinta (µm) Pode ser adquirido um diluente compatível mais
 Método de aplicação (Fator perdas) barato para efetuar a limpeza e que não poderá ser
 Número de demãos usado na diluição da tinta durante a aplicação.

Exemplo: Pintura de 1000 m2 de aço carbono com


tinta epóxi na espessura de 50 micrometros. Aplicar 12.3.8. Efeito do perfil de jateamento
em 2 demãos. O sólidos por volume da tinta é de
45% e a aplicação será por pistola convencional
Quando o aço se torna rugoso através de
com perda estimada em 25% e diluição de 20%.
jateamento abrasivo e depois pintado, se a
espessura do filme aplicado for medida através de
 Rendimento teórico:
𝑆𝑉 × 10 um instrumento magnético, a espessura realmente
𝑅𝑡 = medida é a mais próxima da média das medidas
𝐸𝑃𝑆 sobre picos e vales. A espessura sobre os picos é
45 × 10 que é importante em relação à performance;
𝑅𝑡 = portanto, pode ser considerado que a tinta que não
50 contribui para essa espessura é “perdida” no perfil
do aço.
𝑹𝒕 = 𝟗 𝒎𝟐 /𝒍𝒊𝒕𝒓𝒐

 Rendimento prático:
𝑅𝑝 = 𝑅𝑡 − (%𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠)

𝑅𝑝 = 9 − (25%)

𝑹𝒑 = 𝟔, 𝟕𝟓 𝒎𝟐 /𝒍𝒊𝒕𝒓𝒐

 Quantidade de tinta necessária (Qt): Desenho esquemático nº 08 – Efeito do perfil de


Á𝑟𝑒𝑎 𝑎 𝑠𝑒𝑟 𝑝𝑖𝑛𝑡𝑎𝑑𝑎 jateamento.
𝑄𝑡 =
𝑅𝑝 A rugosidade da superfície produzida por
jateamento e daí a extensão das “perdas de tinta” é
1000
𝑄𝑡 = proporcional à dimensão do abrasivo usado.
6,75 Experiências de laboratório têm mostrado que a
“perda” na espessura de película seca equivalente à
𝑸𝒕 = 𝟏𝟒𝟖, 𝟏𝟓 𝒍𝒊𝒕𝒓𝒐𝒔 𝒅𝒆 𝒕𝒊𝒏𝒕𝒂 metade do perfil de jateamento é usual. Nos locais
onde o aço for jateado por granalha esférica de aço
𝑄𝑡 = 148,15 ÷ 3,6 e pintado com “primer” de montagem, a influência é
pequena, mas quando for feito jateamento na
𝑸𝒕 = 𝟒𝟏, 𝟏𝟓 𝒈𝒂𝒍õ𝒆𝒔 𝒅𝒆 𝒕𝒊𝒏𝒕𝒂 ocasião da pintura, particularmente com granalha
grossa, então o acréscimo necessário para a “tinta

29
perdida no perfil” é considerável. As “perdas”
tabuladas de espessura do filme seco não são
relacionadas com as rugosidades mais relevantes e
a probabilidade de serem encontradas.

12.4. Massa específica


A determinação da massa específica é feita a
temperatura de 25ºC, utilizando-se de um
picnômetro de alumínio ou latão de volume
conhecido, obtida da seguinte forma:
 Determina-se a massa do picnômetro vazio;
 Determina-se a massa do picnômetro cheio,
com um volume conhecido de tinta (o
volume do picnômetro pode ser
previamente determinado com água
destilada);
 Determina-se a massa específica que é
dada pela diferença de massa entre o
picnômetro cheio com o material a ser
ensaiado e o picnômetro vazio, dividindo-se
o valor por 100, encontrando assim a massa
específica expressa em g/cm 3.
Figura ilustrativa nº 01 – Medidor de viscosidade
do tipo Copo Ford e diferentes diâmetros de
12.5. Viscosidade orifícios

Para boa parte das tintas convencionais, um dos


viscosímetros mais utilizados é o Copo Ford de
orifício de diâmetro 4, 6 e 8 mm onde o Nº 4 é
12.6. Consistência
considerado padrão. Outro tipo de viscosímetro muito empregado
Consiste em um vaso de capacidade de 100 ml para tintas é o viscosímetro Stormer, que mede o
(mililitro) com fundo cônico e um orifício na parte grau de consistência da tinta em unidade Krebs
inferior rigorosamente calibrada. Na parte superior o (KU).
viscosímetro possui uma calha para receber o Consiste em determinar-se o grau de dificuldade
excesso de tinta. de uma haste girar no interior do frasco contendo
A viscosidade é o tempo, em segundos, que a tinta a 25ºC, em um viscosímetro denominado
tinta leva para escorrer do viscosímetro à viscosímetro Stormer. A medida da consistência é
temperatura de 25ºC. A operação consiste em tapar dada em unidades Krebs (KU) e é constantemente
o furo com um dedo, encher o viscosímetro chamada também de viscosidade.
completamente até que escorra um excesso para a Não há uma correlação exata entre as
calha, preparar o cronômetro e dispará-lo no viscosidades “Ford” e Krebs.
instante em que se tira o dedo do orifício. Seu Outro viscosímetro que mede consistência em
desligamento se faz quando o fluxo da tinta se diversas rotações é o viscosímetro “Brookfield”. Ele
interrompe. é muito versátil possuindo diversos tipos de
A viscosidade Ford é uma medida principal das palhetas e cilindros, o que permite a medida de uma
condições reológicas da tinta, isto é, das suas vasta gama de viscosidades. Por outro lado,
condições de escoamento e de aplicação. fazendo-se medições de viscosidade de um mesmo
O tempo de escoamento, desde o instante produto, em baixa e alta rotação, tem-se o seu
em que a tinta começa a fluir até o momento em índice de tixotropia.
que o fluxo se interrompe, é medido com um
cronômetro e corresponde a viscosidade.

30
12.8. Tempos de secagem
O tempo de secagem está relacionada com
a espessura da camada aplicada. É determinado
com diversas finalidades e especificado para as
tintas, em unidades de minutos ou horas.
Há diferentes expectativas, definições,
procedimentos ao se definir a secagem de uma tinta
na pintura seriada e na manutenção industrial.

12.8.1. DETERMINAÇÃO DE SECAGEM – Pintura


de linha seriada
Figura ilustrativa nº 02 e 03, viscosímetro de
Stormer (UK) e Brookfield.  Secagem ao Pó: É o tempo necessário para que
o filme de tinta não absorva as partículas de pó
presentes no ambiente. Medida efetuada
Para veículos incolores, resinas e vernizes,
geralmente logo após a aplicação da tinta
geralmente emprega-se o viscosímetro “Gardner”
passando-se rapidamente a ponta do dedo (limpo e
que consiste num conjunto de tubos de medidas
desengordurado) sobre o filme de tinta e verificando
padrões, contendo líquidos com viscosidades
o momento em que não mais ocorre a marcação
certas, classificadas de A-5 até Z-10.
superficial no filme.
A medida de viscosidade consiste em encher o tubo
de medida padrão com o líquido em teste, igualar a
 Secagem ao Toque: É o tempo necessário para
temperatura com os demais tubos com líquidos
que o filme de tinta não fique aderido na ponta do
padrões e verificar qual dos tubos com líquido
dedo (limpo e desengordurado) ao se efetuar um
padrão tem viscosidade de deslocamento da bolha
leve toque superficial na película. O filme deve ficar
de ar igual à da amostra de teste.
seco o suficiente para não marcar a impressão
digital, estar isento de pegajosidade ou “teic”.
Exprime-se a viscosidade em letras Gardner,
vide as figuras ilustrativas nº 5 e 6.
 Secagem ao Manuseio: Colocar o painel de teste
em posição horizontal, numa altura tal que quando o
polegar é colocado sobre a película o braço do
operador fique em linha vertical à superfície da
placa. Apertar a película de tinta com o polegar
(limpo e desengordurado), exercendo o máximo de
força com o braço sobre o filme, e ao mesmo tempo
girar o dedo polegar no plano da película em um
ângulo de 90º. Passar levemente uma flanela ou
estopa no local, para eliminar possíveis impressões
digitais que podem confundir as avaliações.

Nota: A película será considerada seca “ao


manuseio” quando não houver nenhuma alteração
na superfície, tais como, desprendimento,
Figura ilustrativa nº 04 e 05, viscosímetro de desplacamento, enrugamento ou outra evidência de
Gardner. distorção. É o tempo necessário para manusear a
peça, forçando o filme de tinta com o polegar ou
outro dedo (Limpo e desengordurado). Exercer a
máxima pressão sobre o dedo e o filme, ao mesmo
12.7. Estabilidade / Sedimentação tempo, girar o dedo a um ângulo de 90º. A película é
O ensaio consiste em determinar a viscosidade considerada seca ao manuseio quando não houver
de tinta, submetê-lo ao calor de uma estufa nenhuma alteração na superfície do filme avaliado.
geralmente na temperatura de 60ºC, em lata
hermeticamente fechada e determinar a viscosidade
após resfriamento.
Este ensaio mede na verdade a possível
instabilidade observada na tinta e que pode resultar
inclusive em sedimentação.

31
O poder de cobertura depende da qualidade do
12.8.2. Determinação de secagem – Pintura de pigmento e de seu teor na tinta e grau de dispersão,
e é fator preponderante na determinação da
manutenção industrial espessura da película para recobrir o substrato ou
demãos anteriores. O poder de cobertura é
 Secagem livre da pegajosidade ou ao toque: especialmente importante nas tintas de
Tocar levemente a película de tinta com a ponta do acabamento.
dedo, limpo e desengordurado. Para sua determinação usamos um aparelho
Observar se alguma parte do revestimento é denominado “Criptômetro de Pfund” que é composto
transferida para o dedo. de duas lâminas, uma branca e outra preta, fixadas
numa moldura e unidas uma a outra. Cada uma
Nota: A película é considerada seca “ao toque” delas possui duas ranhuras paralelas no sentido do
quando à tinta não mais aderir ao dedo e não comprimento. Na extremidade direita de cada
oferecer muito atrito quando o dedo tocar levemente lâmina temos uma escala milimétrica gravada, que
sobre a superfície da película. termina no ponto de união delas. O aparelho possui
É o tempo necessário para que a tinta esteja duas lâminas de vidro transparente, cada uma com
suficientemente seca para não aderir à “pele” duas ranhuras semelhantes às dos vidros branco e
quando tocada com a ponta do dedo e não haver preto.
impregnações. Em uma das extremidades do vidro existem dois
Neste momento, a peça ou o equipamento pode apoios de aço a altura de 0, 002 “chamado de placa
ser manuseado. 2 e 0, 007” chamado de placa 7. Para uma
determinação colocamos uma porção de tinta na
 Secagem à pressão: é o tempo necessário para união das placas. Se a tinta for de tom claro, sua
a secagem, de modo que se possam transportar a maior parte é colocada no vidro branco e se for de
peça ou o equipamento sem causar danos à pintura. tom escuro o inverso.
Com a placa de vidro 2 ou 7 apoiada sobre as
 Secagem para repintura: é o tempo necessário lâminas coloridas, deslocamo-la no sentido do
à secagem, de modo que possam ser aplicadas as comprimento do aparelho até o momento da tinta
demãos subsequentes. Este tempo é sempre um ocultar o ponto de união das lâminas preta e branca.
mínimo, com exceção de tintas polimerizáveis, que Fazemos a leitura na escala graduada lateral, do
têm um mínimo e um máximo, ou seja, um intervalo ponto em que se encontra a extremidade de vidro,
para repintura. O mínimo, para permitir a aplicação oposto dos suportes.
da demão subsequente sem prejudicar a anterior, e
o máximo, para que não se esteja com a demão
anterior excessivamente lisa (vítrea) e, portanto,
sem a adequada ancoragem física. A aplicação da
demão subsequente antes do tempo mínimo para
repintura pode provocar problemas de sangramento
ou perda de adesão.
Os tempos de secagem são determinados
com base na ASTM D 1640.
Figura ilustrativa nº 06 e 07 – Criptômetros de
 Completamente Endurecida (Total): Pfund com placas unidas (BYK Gardner)
Pressionar a unha do polegar contra a película,
deslizando-a sobre a mesma. Lustrar levemente a
área contraída com um pano limpo. 12.10. Tempo de vida útil (pot life)
Nota: A película será considerada completamente Consiste em determinar o tempo (em minutos ou
endurecida quando não for possível a sua remoção horas), que o pintor dispõe para aplicar a tinta, após
com a unha e quando a marca do polegar for a mistura dos componentes da tinta (A+B, ou mais
totalmente removida pela operação de lustragem. componentes).
Quando houver a remoção da película, esta não O tempo de vida útil da mistura é determinado
pode estar pegajosa. quando ocorre mudança na viscosidade original da
tinta.

12.9. Poder de cobertura


Consiste em se verificar a capacidade do 12.11. Finura de moagem (Dimensão das
pigmento em ocultar o substrato ou tintas de fundo, partículas do pigmento)
aplicadas anteriormente.

32
Esse método determina o grau de moagem
dos pigmentos no veículo de uma tinta. Consiste em
determinar a eficiência da moagem através do grau
de dispersão. As partículas de pigmentos são
fornecidas aos fabricantes de tintas com diâmetros
da ordem de 5 a 10 µm. Durante a estocagem há
uma compactação, formando aglomerados que
precisam ser quebrados na moagem.
A determinação de finura de moagem é feita
em um aparelho denominado de grindômetro.

Desenho esquemático nº 9 – Exemplos de


grindômetros.
Desenho esquemático nº 11 – Fineza típica ou
O produto é estendido em um sulco graduado do padrão para 40 e 60 µm da norma ASTM D 1210,
aparelho. Após extensão da tinta com uma cunha figura 3b.
ou raspador, partículas, aglomerados ou ambos são 12.12. Natureza da resina
visíveis na superfície da tinta. Observa-se na Consiste em determinar a natureza química de
escala do aparelho Hegmann o nº correspondente resina usando-se a técnica de espectrofotometria
do aparecimento das partículas. Chamamos este infravermelha.
número de grau de fineza da tinta que pode ser
expresso em micrometros ou Hegmann (H).

Desenho esquemático nº 10 – Medidor de fineza


e raspador da norma ASTM D 1210.

Para auxiliar na interpretação do valor lido, deve-


se utilizar uma das figuras padrão que acompanham
as normas ABNT NBR 7135 e ASTM D 1210. Figura ilustrativa nº 08 – Espectrograma da resina
epóxi da tinta N-2630 Gráfico 1.

12.13. Dobramento sobre mandril cônico


O método tem como objetivo a verificação da
propriedade de acompanhar os movimentos da
superfície em que foi aplicada.
Consiste na determinação da flexibilidade de uma
película seca pela passagem em um mandril cônico
que produz um esticamento ou alongamento da
chapa e começa a surgir rachaduras a partir do
menor diâmetro do cone.

33
Deve ser utilizado dispositivo de corte, conjunto
12.14. Aderência (conforme norma ABNT de seis gumes com distância de 2mm.
Nota 1 – A cota “b” refere-se ao intervalo entre
NBR 11003) gumes, o qual deve ser de 2mm.
Nota 2 – A cota “a” refere-se a largura total de corte,
Uma das propriedades mais importantes das a qual deve ser de 10mm.
tintas é a sua aderência ao substrato. A maior parte Nota 3 – O gume do dispositivo de corte deve ser
das características de resistência à corrosão está reafiado para 0,05 mm, quando for contatado
ligada às propriedades de aderência. desgaste que comprometa a confiabilidade do
Se a tinta não tem aderência satisfatória ao ensaio.
substrato, seu desempenho estará comprometido,
chegando, em muitos casos, a se destacar Fita adesiva com as seguintes características:
prematuramente, propiciando a propagação da a) dimensões: largura de 25 mm e espessura de 0,2
corrosão sob a película. mm;
São diversos os métodos para se verificar a b) adesão ao aço: mínimo de 55 gf/mm;
aderência das tintas ao substrato e entre as c) resistência à tração: mínimo de 4,6 kgf/mm
demãos, mas os mais importantes são os descritos
a seguir.  Medidor de espessura de película seca.
 Borracha.
 Lupa com aumento de sete vezes.
12.14.1. Método A – Corte em X  Pincel com cerdas macias.

Aparelhagem para o Método A – Corte em X

Dispositivo de corte A: lâmina de aço, de


aproximadamente 10 mm de largura e ângulo de
corte de 19º +/- 2°.

Desenho esquemático nº 13 – Dispositivo de


corte B

Frequência do teste

O teste de aderência deve ser efetuado após


Desenho esquemático nº 12 – Dispositivo de decorrido o tempo mínimo de secagem para
corte A repintura de cada demão. Sempre que possível, o
Nota: É importante manter sempre afiadas as teste de aderência deve ser realizado em corpos-
bordas cortantes do dispositivo de-prova (réplicas) representativos da superfície
que está sendo revestida. Desta forma, evita-se
Fita adesiva com as seguintes características: danificar a pintura aplicada sobre os equipamentos
a) dimensões: largura de 25 mm e espessura de 0,2 ou estruturas. Caso isto não seja possível, o teste
mm; pode ser realizado na superfície que está sendo
b) adesão ao aço: mínimo de 55 gf/mm; revestida, desde que, posteriormente, a área
c) resistência à tração: mínimo de 4,6 kgf/mm danificada seja adequadamente retocada.
Para tintas com espessura de película seca por
 Medidor de espessura de película seca. demão até 100 µm deve-se utilizar o teste de corte
 Guia ou gabarito para traçar o corte. em grade (método B), utilizando sempre o
 Borracha. dispositivo de corte tipo “C”, mostrado na norma
 Lupa com aumento de sete vezes. ABNT NBR 11003, cujo intervalo entre gumes é de
2 mm.
Para tintas com espessura de película seca por
Aparelhagem para o Método B – Corte em grade demão maior do que 100 µm deve-se utilizar o teste
de corte em “X” (método A).

34
Para tintas de fundo ricas em zinco, à base de 6) Remover para o ensaio, de maneira uniforme e
silicatos, deve-se utilizar o teste de corte em “X” contínua, mais 10 cm de fita e aplicá-la no centro da
(método A), inclusive nas demãos posteriores, intersecção, na direção dos ângulos menores. Para
independente da espessura da película seca. o ensaio, remover, de maneira uniforme e contínua,
Em tubulações, deve ser realizado, pelo menos, 10 cm de fita e aplicar no centro da interseção, na
um teste para cada 100 m ou fração do direção dos ângulos menores.
comprimento.
Deve ser realizado um número de testes 7) Alisar a fita com o dedo na área das incisões e
correspondente, em valor absoluto, a 1 % da área em seguida esfregar firmemente a borracha no
total pintada. Por exemplo, para uma área pintada sentido longitudinal da fita para se obter uma
de 25 m² (1% de 25 é igual a 0,25) deve ser feito, uniformidade na transparência da fita aplicada.
pelo menos, 1 ensaio de aderência; para uma área Remover a fita no intervalo de 1 min a 2 min da
de 300 m² (1% de 300 é igual a 3), devem ser feitos aplicação, puxando-a firme e continuamente com
pelo menos 3 ensaios de aderência, distribuídos uma velocidade de 20 cm/s, em um ângulo tão
uniformemente por toda a are pintada. próximo de 180°, quanto possível.

Notas: 8) Avaliação: Examinar a área ensaiada, quanto ao


1) O critério citado é válido quando a área for destacamento, logo após a remoção da fita,
pintada pelo mesmo lote de tinta e a pintura classificando a aderência de acordo com o padrão
executada em um mesmo dia, não sendo permitida visual da norma ABNT NBR 11003.
a soma destas áreas para efeito da quantificação do
número de testes.

2) Quando a pintura for executada utilizando lotes Método B - Corte em grade


diferentes da mesma tinta e não for executada no
mesmo dia, as áreas pintadas devem ser 1) O método B (corte em grade) é utilizado para
identificadas, mapeadas e inspecionadas espessura de película seca menor que 70 µm.
separadamente.
2) Selecione uma área plana, livre de imperfeições,
3) Deve-se priorizar a realização do teste de limpa e seca.
aderência em áreas consideradas críticas na
estrutura pintada, como por exemplo nas áreas 3) Executar os cortes cruzados em um ângulo reto,
correspondentes à Zona Termicamente Afetada de modo a alcançar o substrato, formando-se grade
(ZTA) pela soldagem e também em áreas de difícil de 25 quadrados. Os cortes devem ser feitos com
acesso, nas quais podem haver falhas de pintura. pressão normal e não através de impulsos, através
de movimento uniforme e contínuo do dispositivo.
Execução do teste
4) Verificar se o substrato foi atingido, com auxílio
Método A - Corte em X de uma lupa com aumento de sete vezes.

1) Selecionar uma área a mais plana possível, livre 5) Remover os resíduos provenientes do corte,
de imperfeições, limpa e seca. antes colocação da fita, com auxílio de um pincel
com cerdas macias.
2) Executar dois cortes de 40 mm de comprimento
cada um, interceptados ao meio, formando o menor 6) Remover uma volta completa da fita no início de
ângulo entre 35° e 45°, devendo os cortes alcançar cada série de ensaios e descartar. Não pode ser
o substrato em apenas um movimento uniforme e utilizada fita com prazo de validade vencido.
contínuo.
7) Para o ensaio, remover, de maneira uniforme e
3) Verificar se o substrato foi atingido, com auxílio contínua, 10 cm de fita e aplicá-la sobre a área
de uma lupa com aumento de sete vezes, quadriculada em um dos sentidos dos cortes.
observando-se o brilho nos cortes.
8) Alisar a fita com o dedo na área quadriculada e
4) Nota: Caso o substrato não seja alcançado, em seguida esfregar firmemente a borracha no
escolher outro local e executar novos cortes. sentido longitudinal da fita para se obter uma
uniformidade na transparência da fita aplicada.
5) Remover uma volta completa da fita no início de
cada série de ensaios e descartar. Não pode ser 9) Remover a fita no intervalo de 1 min a 2 min da
utilizada fita com prazo de validade vencido. aplicação, puxando-a firme e continuamente com

35
uma velocidade de 20 cm/s, em um ângulo tão
próximo de 180°, quanto possível.

10) Avaliação: Examinar a área ensaiada,


quanto ao destacamento, logo após a remoção da
fita, classificando a aderência de acordo com o
padrão visual da norma ABNT NBR 11003.

12.15. Resistência à névoa salina


Consiste na exposição de plaquetas pintadas em
uma câmara de névoa salina ou salt spray.
É o ensaio de corrosão realizado em câmara
especialmente preparada onde é pulverizada uma
solução de 5% de cloreto de sódio a 40 +/- 1ºC.
Painéis para ensaio são pintados no sistema de Figura ilustrativa nº 010 – Câmara Ùmida
pintura completo e submetidos a exposição na Saturada da Equilam.
câmera por períodos variados em números de
horas. As chapas podem ser cortadas com um “X”
passando pelas suas diagonais e atingindo a chapa 12.17. Resistência ao SO2
nua. O ensaio mostra o grau de resistência à Consiste na exposição de plaquetas pintadas em
corrosão, assim como as condições gerais de câmaras de SO2 (atmosfera ácida). Esse método
permeabilidade e resistência à umidade. representa a resistência da película a um gás
poluidor presente na maioria das atmosferas
industriais. Ele é realizado em câmaras especiais e
expresso em rondas em número de 1 a 6.

Figura ilustrativa nº 09 – Câmara de névoa salina Figura ilustrativa nº 011 – Câmara de SO2.
do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológica.

12.18. Ensaios de imersão


12.16. Resistência à umidade relativa de Consiste em analisar a resistência à imersão em
100% produtos, tais como água salgada, água destilada,
Consiste na exposição de plaquetas pintadas em solventes, NaOH e outros, determinando-a em dias
uma câmara com umidade relativa do ar de exposição ao produto sem apresentar sinais de
aproximadamente de 100% umidade a temperatura corrosão aparente.
de 40 +/- 1ºC. Este ensaio mede a permeabilidade Este método pode ser realizado por imersão de
da película durante o período que varia de 24 a 240 chapas pintadas em água a temperatura ambiente.
horas. Quando a resistência é fraca, ocorre o Os ensaios de imersão medem a permeabilidade da
aparecimento de bolhas (blister). película durante o período que varia de 24 a 1000
horas. Quando a resistência é fraca, ocorre o
aparecimento de bolhas (blister).
O ensaio com água quente mede uma
possível lixiviação dos componentes da tinta. Nos

36
casos de pequenas falhas na resistência aparecem Em tubulações, deve ser realizada, pelo
bolhas, e nos de má resistência, remoção das menos, uma medição para cada 10 m ou fração do
películas. comprimento.
Deve ser realizado um número de medições
correspondente, em valor absoluto, a 20 % da área
total pintada. Por exemplo, para uma área pintada
de 25 m² (20% de 25 é igual a 5), devem ser feitos,
pelo menos, 5 medições de espessura, distribuídas
uniformemente por toda a área pintada; para uma
área de 300 m² (20% de 300 é igual a 60), devem
ser feitas, pelo menos, 60 medições de espessura
de película úmida.

Execução do teste

A medida é feita imediatamente após a


aplicação, com um pente de aço inox que tem dois
pés com o mesmo comprimento e outros com
comprimentos variáveis, em forma de escada.
Figura ilustrativa nº 012 – Tanque de imersão. Nota: Observar que o pente deve ser sempre
apoiado no sentido longitudinal do equipamento ou
tubulação de modo a evitar a influência do raio de
12.19. Medição da espessura da película curvatura sobre a medição.
O pintor apoia o pente sobre a superfície
Consiste em determinar a espessura aplicada pintada e verifica qual foi o dente de maior valor que
em µm (micrometro) através de diversos métodos. molhou e o primeiro após, que não molhou.

12.19.1. Medição da espessura da película


úmida (EPU)

Aparelhagem

Jogos de pentes de leitura direta (em aço


inox) com resoluções máximas de 5 µm a 25 µm
(1mil) e faixas de medição que compreenda a faixa
de espessura mínima da aplicação que está sendo
executada.

Desenho esquemático nº 14 – Utilização do pente


úmido

Imagino que no exemplo acima, 20 m foi o


maior valor que molhou e 30 m foi o primeiro que
não molhou. O valor da espessura é: (20+30) 2 =
25 m. Na prática, o pintor lê o valor do maior dente
molhado (20 m).
Como a espessura seca (EPS) é
Figura ilustrativa nº 013 – Pentes de leitura de aço especificada, os sólidos por volume(SV) são dados
inox da marca Elcometer. na ficha técnica e a % de diluição (% Dil)
efetivamente realizada, é anotada, podemos
Frequência do teste calcular a espessura úmida:

Durante a aplicação da tinta, a espessura 𝐸𝑃𝑆 × (100 + % 𝐷𝐼𝐿)


𝐸𝑃𝑈 =
de película úmida deve ser criteriosamente 𝑆𝑉
acompanhada pelo inspetor de pintura, de modo a
evitar variações inaceitáveis na espessura de Exemplo: Se a espessura seca especificada
película seca. é de 120 m, o teor de sólidos é de 75 % e a
diluição feita na preparação da tinta foi de 20%.

37
5845. Quanto maior a dureza, maior o número de
120 × (100 + 20) oscilações.
𝐸𝑃𝑈 = Pode-se também determinar a dureza
75
riscando a película com lápis de desenho
𝐸𝑃𝑈 = 192 µ𝑚 padronizado, sendo a dureza considerada a do
grafite que conseguir marcar a película. As áreas
Por outro lado, tendo a espessura úmida, o usadas são a série H, que vai até 6H para as
pintor pode calcular a espessura seca que será películas mais duras e a série B para as mais
obtida usando: moles.

𝐸𝑃𝑆 × 𝑆𝑉 6B, 5B, 4B, 3B, 2B, B, HB, F, H, 2H, 3H, 4H, 5H, 6H
𝐸𝑃𝑆 =  Menor dureza Maior dureza 
(100 + % 𝐷𝑖𝑙)

Critério de Aceitação

A espessura mínima de película úmida é


obtida pelo resultado da divisão da espessura
especificada de película seca pelo valor do
percentual de sólidos por volume, multiplicado por
100:

𝐸𝑃𝑆
𝐸𝑃𝑈 = × 100
𝑆𝑉

Qualquer medida encontrada abaixo deste Figura ilustrativa nº 17 e 18 – Testador de dureza a


valor deve ser corrigida imediatamente. lápis Modelo 3080 e outro motorizado 3086 da
marca Elcometer.

12.20. Ensaio de dureza


Consiste na determinação da dureza 12.21. Brilho
superficial de películas de tinta. Há três métodos de
O brilho da tinta é medido pela quantidade
determinação de dureza: os métodos Sward e
de luz refletida na película, captada por uma célula
Koning, baseados em pêndulos, e o método
fotoelétrica que a transmite a um galvanômetro
Buchholz, baseado em penetração.
graduado de zero a 100. O aparelho mais comum
para essa medição é o “glossmeter” com ângulo de
inclinação da luz incidente de 60º, adotado para
todos os tipos de brilho. Consiste na determinação
do grau de reflexão da superfície pintada em
relação a padrões.

Da esquerda para direita, figura ilustrativa nº 19 e


20– Elcometer 406 L e BYK Gardner Micro-Gloss
No sentido horário, figuras ilustrativas nº 14, 15 e 8585
16 – Testador Sward-Rocker 703, Koning Hardness
da Qualtech e Bulchrolz BH2000.
12.22. Cor
A dureza das tintas é determinada na grande Consiste na determinação da cor por
maioria dos casos pelo método “Sward-Rocker” que comparação com padrões. Esta comparação deve
consiste em uma roda metálica formada por dois ser feita em condições de luz apropriadas, de modo
aros que oscilam na película de tinta conforme NBR a simular os diversos graus de luminosidade.

38
Têm-se utilizado cada vez mais
espectrofotômetros computadorizados para
determinação e comparação de cores.

Figura ilustrativa nº 21 – Espectrofotômetro


portátil 6075/1 SP60 da Elcometer Figura ilustrativa nº 23 – Site de intemperismo
natural da WEG Tintas, localizado em
O modelo acima é apenas um exemplo de Guaramirim/SC.
um dos diversos tipos equipamentos projetados
para dar rápida, precisa e exata informação de No teste acelerado emprega-se um aparelho
medição de cor em materiais que vão desde papel e denominado “Wheatherometer” no qual os painéis
tinta aplicada sobre os mais diversos tipos de são submetidos à luz produzida por lâmpadas
substratos. especiais, calor e pulverização com água.

12.23. Intemperismo
É realizado tanto ao natural como
aceleradamente. No primeiro caso os painéis
pintados dentro dos sistemas completos são
colocados em uma estante especial, mantidos em
ângulos de 45º e voltados para o norte para receber
raios solares durante o dia. Estes ensaios são
demorados, variando de três meses a alguns anos.
Neste período verifica-se o estado da película
quanto à desagregação, rachaduras, fissuramento,
Figura ilustrativa nº 24 e 25 – Equipamento de
empolamento, perda de brilho, cor etc.
ensaio acelerado de intemperismo Atlas Ci5000
Xenon Wheather-Ometer.

Figura ilustrativa nº 22 – Site de intemperismo


natural da WEG Tintas, localizado em Piçarras/SC
de frente para o mar.

39
13.2. Cuidados no armazenamento
13. ARMAZENAMENTO DE a) Armazenar as embalagens de forma que
possibilite a retirada em primeiro lugar das latas de
TINTAS lotes mais antigos. Isto impede que as lata
O piso do local deve ser impermeável, não recebidas sejam colocadas na frente,
combustível e que contenha valas que permitam o permanecendo no fundo as latas mais antigas,
escoamento para os reservatórios de contenção. ultrapassando assim o seu prazo de validade;
Tanques de estocagem devem ser circundados por
diques de contenção e ter drenos para o caso de b) Pode-se armazenar as latas de tamanho de
vazamento. galão e menores nas prateleiras inicialmente com a
boca para baixo e que sejam invertidas a cada 3
A estocagem em locais improvisados para as meses. Este processo possibilita maior vedação da
embalagens de tintas e diluentes pode resultar em tampa pelo lado interno e diminuição de provável
perdas de qualidade e na quantidade de produto. sedimentação;
Devemos lembrar que as tintas contem em sua c) Efetuar o empilhamento de embalagens de
composição, solventes voláteis que podem acordo com a orientação abaixo, evitando que
incendiar mediante contato com faíscas elétricas ou ocorra danos nas embalagens de baixo, vindo a
mecânicas. causar possíveis vazamentos;

Tipo de Capacidade Empilhamento


13.1. Condições de armazenamento Embalagem Máximo

a) Estocar o material em locais secos, cobertos, Galão 3,6 litros 10


bem ventilados e identificados; Balde 20 litros 5
b) Manter o produto longe das fontes de calor, Tambor 200 litros 3
afastado de alimentos e agentes oxidante;
c) Evitar expor o produto a temperaturas elevadas,
sol e chuva;
d) Tomar muito cuidado ao abrir as embalagens de
d) O ideal é que a área de estocagem fique em uma tintas, catalisadores e diluentes, para não danificar
sala em separado do galpão a pelo menos 15 as tampas, pois, as mesmas deveram ser
metros de distância em área térrea; permanecer bem fechadas enquanto não estiver em
uso;
e) Dispor o material sobre sistema de palets e não
diretamente sobre o piso evitando que ocorra e) Ao remover a tinta de dentro da embalagem,
oxidação das embalagens metálicas e entornar a tinta sempre pelo lado contrário a
conseqüentemente vazamento de tintas; colocação da etiqueta para não obstruir os dados
sobre o produto;
f) O local deve ser de fácil acesso e com as vias de
acesso sempre desimpedidas; f) A etiqueta do produto contém muitas informações
importantes para o pintor, como nome do produto,
g) Remover as latas das caixas de papelão, quando
código do produto, número de lote, prazo de
enviadas embaladas nas mesmas;
validade, proporção de catalisação, qual
h) Identificar a área com placas de sinalização bem componente utilizar e diluente recomendado.
visíveis: “PROIBIDO FUMAR”;

I) Instalar no local extintores de pó químico seco,


tanto na área interna como externa em local visível;
j) O local deve ser bem iluminado, se possível com
luz natural, através de janelas com vidros
aramados;

l) A temperatura da sala de armazenamento não


deverá ultrapassar a 40ºC.

40
aparecimento de concentração de tensões. Como
se sabe, as soldas são regiões mais propensas à
14. PRÁTICAS DE PROJETO corrosão, por dois aspectos principais: em primeiro
lugar, o metal de adição possui quase sempre
São métodos que consistem na utilização características diferentes do metal de base, e, em
de práticas reconhecidas como eficazes na proteção segundo lugar, as tensões introduzidas pela
anticorrosiva de equipamentos e instalações soldagem junto ao cordão de solda tornam essas
industriais. regiões mais suscetíveis à corrosão;
Todas essas práticas visam, de modo geral,
evitar o aparecimento de pilhas de corrosão, bem Evitar mudanças bruscas de direção no escoamento
como assegurar um adequado controle da corrosão, de fluidos contendo sólidos em suspensão: fluidos
nos casos em que se torna absolutamente inevitável contendo sólidos em suspensão provocam erosão
a sua existência. em regiões onde haja mudanças bruscas de
direção. O desgaste do material poderá ser ainda
Dentre esses métodos estão incluídos: mais acelerado quando o processo erosivo for
acompanhado de corrosão;
Evitar contato de metais dissimilares: desta forma
evita-se o aparecimento de pilhas galvânicas; Prever drenagem de águas pluviais: as águas
pluviais, ou de qualquer outra origem, quando
Evitar frestas: desta forma evita-se o aparecimento retidas em contato com a superfície metálica,
de pilhas de aeração diferencial e concentração aceleram os processos corrosivos. A fim de evitar a
diferencial; presença de água, deve-se prever declividade nas
chaparias planas e perfis, posicionar corretamente
Evitar grande relação entre área catódica e área os perfis a fim de não acumularem água, prever
anódica: quando existirem áreas anódicas e furos para escoamento da água, etc.;
catódicas, as áreas anódicas devem ser
substancialmente maiores que as catódicas, a fim Evitar regiões em contato entre si (apoiadas), onde
de assegurar uma menor taxa de corrosão e, não haja estanqueidade e acesso para a pintura: a
conseqüentemente, um desgaste menor e mais entrada e o conseqüente acúmulo de eletrólito entre
uniforme nas áreas anódicas; as duas superfícies podem provocar forte processo
corrosivo.
Prever sobreespessura de corrosão: os
equipamentos devem ser projetados prevendo-se
uma sobreespessura de material, que será
consumida durante a vida útil do equipamento, em
virtude dos processos corrosivos. A sobreespessura
de corrosão é uma prática de projeto bastante
aplicável quando o equipamento ou a instalação
estiverem sujeitos a um processo corrosivo uniforme
e generalizado. Quando a corrosão se processa de
forma localizada, a sobreespessura de corrosão
perde totalmente o significado, não havendo
aumento significado no desempenho do
equipamento;

Evitar cantos vivos: os cantos vivos são regiões


onde os revestimentos e películas protetoras são de
maior dificuldade de aplicação e mais facilmente
danificáveis, sendo, portanto, boa prática evitá-los;

Prever fácil acesso para manutenção às áreas


suscetíveis à corrosão: os equipamentos ou
instalações devem possuir acesso às regiões
sujeitas a corrosão, a fim de que possam ser
inspecionadas periodicamente e realizados os
trabalhos de manutenção necessários;

Prever soldas bem acabadas: soldas com falta de


penetração e outros defeitos superficiais podem
propiciar o acúmulo de fluidos, depósito de sólidos
(rebarbas), além de contribuírem para o

41
15. A OBTENÇÃO DO AÇO que contém de 3,5 a 4,0% de carbono em sua
estrutura.
Após uma análise química do ferro, em que
O aço é um material de grande importância
se verificam os teores de carbono, silício, fósforo,
nos dias de hoje. As diversas propriedades que lhe
enxofre, manganês entre outros elementos, o
são atribuídas o tornam indispensável para o
mesmo segue para uma unidade da siderúrgica
mundo como conhecemos hoje. Suas propriedades
denominada ACIARIA, onde será finalmente
mecânicas e eletromagnéticas são largamente
transformado em aço.
alteradas, através de diferentes processos de
O aço, por fim, será o resultado da
fabricação e diferentes concentrações de outros
descarbonatação do ferro gusa, ou seja, é
elementos a não ser o ferro (principal elemento). É
produzido a partir deste, controlando-se o teor de
por isso que o aço é largamente utilizado na
carbono para no máximo 2%.
construção civil, nas engenharias elétrica e
Os aços diferenciam-se entre si pela forma,
mecânica e outras áreas.
tamanho e uniformidade dos grãos que o compõem
e, é claro, por sua composição química.
Esta pode ser alterada em função do
interesse de sua aplicação final, obtendo-se através
da adição de determinados elementos químicos,
aços com diferentes graus de resistência mecânica,
soldabilidade, ductilidade, resistência à corrosão,
entre outros.
De maneira geral, os aços possuem
excelentes propriedades mecânicas: resistem bem à
tração, à compressão, à flexão, e como é um
Desenho esquemático nº 15 – Processo de material homogêneo, pode ser laminado, forjado,
obtenção do aço. estampado, estriado e suas propriedades podem
ainda ser modificadas por tratamentos térmicos ou
químicos.
Os Minérios de Ferro encontrado na
natureza, presente em aproximadamente 5% da
crosta terrestre são encontrados em combinações
químicas de metais contidos nas rochas. Os
principais são: magnetita (Fe3O4) com cerca de 60%
de ferro; hematita vermelha (Fe2O3) com cerca de
65% de ferro; siderita ou ferro espático (FeCO3)
com alto teor de manganês; FeS2.
Os minérios são encaminhados as
Siderúrgicas. A usina siderúrgica é a empresa
responsável pela transformação do minério de ferro
em aço, de maneira que ele possa ser usado
comercialmente.
Este processo tem o nome de Redução.
Primeiramente, o minério – cuja origem básica é o
óxido de ferro (FeO) – é aquecido em fornos
especiais (alto fornos), em presença de carbono
(sob a forma de coque ou carvão vegetal) e de
fundentes (que são adicionados para auxiliar a
produzir a escória, que, por sua vez, é formada de
materiais indesejáveis ao processo de fabricação).
O objetivo desta primeira etapa é reduzir ao
máximo o teor de oxigênio da composição FeO. A
partir disso, obtém-se o denominado ferro-gusa,

42
a) Viabilizar economicamente as instalações
16. CORROSÃO industriais construídas com materiais metálicos;

b) Manter a Integridade Física dos Equipamentos e


16.1. Conceitos básicos de corrosão instalações industriais;
Corrosão pode ser definida como sendo a
deterioração de um material (geralmente metálico), c) Garantir a Máxima Segurança Operacional,
ao reagir com o seu ambiente, levando a perda de evitando-se paradas operacionais não-programadas
suas propriedades. e lucros cessantes;
A corrosão é um processo que corresponde
ao inverso dos processos metalúrgicos de obtenção d) Garantir a máxima Segurança Industrial,
do metal e pode ser assim esquematizada: evitando-se acidentes e problemas de poluição
ambiental.
Corrosão
Metal Composto + Energia Os processos corrosivos estão presentes em
todos os locais e a todo instante da nossa vida
Metalurgia diária.
Os problemas de corrosão são freqüentes e
ocorrem nas mais variadas atividades, como, por
exemplo, nas indústrias química, petrolífera,
petroquímica, naval, de construção civil, nos meios
de transporte aéreo, ferroviário, marítimo, em
sistemas de telecomunicações, na odontologia
(restaurações metálicas, aparelhos de prótese), na
medicina (uso de implantes cirúrgicos na ortopedia)
e na preservação de monumentos históricos,
deterioração de automóveis, eletrodomésticos,
estruturas metálicas, instalações industriais, etc.
Desenho esquemático 16 – Ciclo dos
metais Com o avanço tecnológico, mundialmente
alcançado, o custo da corrosão se eleva tornando-
As reações de corrosão são espontâneas. se um fator de grande importância.
Enquanto na metalurgia adiciona-se energia ao Em termos de quantidade de material danificado
processo para a obtenção do metal, na corrosão pela corrosão, estima-se que uma parcela superior
observa a volta espontânea do metal à forma a 30% do aço produzido no mundo seja usada para
combinada, com consequente liberação de energia. reposição de peças e partes de equipamentos e
Este ciclo é denominado de “ciclo dos metais”6 instalações deterioradas pela corrosão.
O estudo da corrosão envolve Sob o ponto de vista de custo, estima-se em
conhecimento de vários campos da ciência, dentre 3,5% do Produto Interno Bruto o dispêndio com a
os quais podem ser destacados: corrosão em países industrializados.
 Química; Na avaliação econômica dos processos
 Eletroquímica; corrosivos não devem ser levadas em consideração
 Metalurgia; somente as perdas diretas, mas também as
 Termodinâmica; indiretas.
 Físico-Química; São perdas diretas: custos de substituição
 Cinética Química. de peças ou equipamentos que sofreram corrosão,
incluindo-se energia e mão-de-obra, e custos e
manutenção dos métodos de proteção (pinturas
16.2. Importância do estudo da corrosão anticorrosivas, proteção catódica, etc.).
Sendo a corrosão um processo espontâneo, pode-se
A importância do estudo da corrosão está prever que a maioria dos metais seria imprópria à
consubstanciada em: utilização industrial. Esta utilização é, no entanto,

43
possível graças ao retardamento da velocidade das causando além de perdas materiais, perdas de vidas
reações, que se consegue entre outras formas pelos humanas;
fenômenos de polarização e passivação, os quais,
associados aos processos de proteção, b) Interrupção de comunicações: corrosão em cabos
proporcionam a utilização econômica e segura dos telefônicos e em sistemas de telecomunicações;
materiais metálicos.
c) Preservação de monumentos de valor históricos
Dos processos de proteção anticorrosiva inestimável: corrosão atmosférica acelerada pelos
utilizados, a pintura industrial constitui o de maior poluentes atmosféricos como óxidos de enxofre
importância se considerados os aspectos de que formam ácido sulfuroso e sulfúrico,
viabilidade técnica e econômica e extensão de sua componentes da chuva ácida que não só ataca
aplicação. materiais metálicos, mas também ocasiona a
As perdas indiretas são mais difíceis de deterioração de materiais não metálicos como
serem avaliadas, mas pode-se afirmar que, em mármores e argamassa de cimento, usados em
muitos casos, totalizam custos mais elevados do obras de grande importância histórica;
que aqueles causados por perdas diretas. Pode-se
citar como exemplo de perdas indiretas: d) Inconvenientes para o ser humano: a odontologia
e diferentes setores da medicina utilizam diferentes
a) Paralisações acidentais, para limpeza de materiais metálicos sob a forma de instrumental
permutadores ou trocadores de calor ou para cirúrgico, restaurações, próteses e implantes
substituição de tubos corroídos, podem custar cirúrgicos, para consolidação de fraturas ósseas que
relativamente pouco, mas a parada da unidade devem resistir à ação corrosiva do soro fisiológico
representa grandes custos no valor da produção; (solução aquosa com cerca de 1% de cloreto de
sódio);
b) Perda de produto, como perdas de óleo, gás ou
água através de tubulações corroídas; e) Conservação de reservas naturais: tendo em vista
a destruição dos materiais metálicos pela corrosão,
c) Perda de eficiência proveniente da diminuição da há necessidade de produção adicional para repor o
transferência de calor através de depósitos ou que foi destruído.
produtos de corrosão, como no caso de caldeiras de
trocadores de calor;
16.3. Tipos de processos de corrosão
d) Perda de carga em tubulações de condução de
De uma forma geral, os processos
água potável devida aos depósitos de tubérculos de
corrosivos podem ser classificados em dois grandes
óxido de ferro;
grupos, abrangendo a maior parte dos casos de
deterioração por corrosão existente na natureza.
e) Contaminação de produtos por sais metálicos
Esses grupos podem ser assim denominados:
provenientes da corrosão de embalagens metálicas
ou tubulações metálicas;

f) Superdimencionamento nos projetos de reatores, 16.3.1. Corrosão eletroquímica


oleodutos, tanques de armazenamento, vasos de Corrosão eletroquímica é um processo que
pressão, etc. se realiza na presença de água, em geral na
temperatura ambiente, devido à formação de uma
Em alguns setores, embora a corrosão não pilha ou célula de corrosão. Também denominada
seja muito representativa em termo de custo direto corrosão em meio aquoso.
deve-se levar em consideração o que ela pode A pilha de corrosão eletroquímica é
representar em: constituída de quatro elementos fundamentais:

a) Questões de segurança: corrosão localizada  Área anódica: superfície onde se verifica o


muitas vezes resulta em fraturas repentinas de desgaste (reações de oxidação);
partes críticas de equipamentos, aviões e pontes

44
 Área catódica: superfície protegida onde não há Algumas substâncias agressivas atuam no estado de
desgaste (reações de redução); gás ou vapor, e outras fundidas. Entre os meios
corrosivos a altas temperaturas estão: enxofre e
 Eletrólito: solução condutora ou condutor gases contendo enxofre, hidrogênio, vapor de água,
iônico, que envolve simultaneamente as áreas amônia NH3, carbono e gases contendo carbono,
anódicas e catódicas; cinzas de óleos combustíveis contendo enxofre,
sódio e vanádio.
 Ligação elétrica: entre as áreas anódicas e
catódicas.
16.4. Classificação de processos corrosivos
Os processos de corrosão eletroquímica são
os mais frequentes na natureza e se caracterizam
A classificação dos processos corrosivos pode
basicamente por:
ser apresentada segundo diferentes pontos de
vista, tendo-se em relação:
a) Realizarem-se necessariamente na presença de
Às formas da corrosão: Uniforme, placas,
água.
alveolar, puntiforme, intergranular, trasgranular,
filiforme, esfoliação, grafítica, dezincificação, em
b) Realizarem-se em temperaturas abaixo do ponto
torno de solda e empolamento pelo hidrogênio.
de orvalho, sendo a grande maioria na temperatura
ambiente.
Ao mecanismo eletroquímico de corrosão:
Corrosão galvânica e corrosão eletrolítica.
c) Realizarem-se devido à formação de pilhas de
corrosão.
Às condições operacionais: Corrosão sob
tensão fraturante, corrosão sob fadiga, corrosão
Como consequência do funcionamento das
sob atrito, corrosão – erosão, corrosão por pilhas de
pilhas tem-se a reação de oxidação em um local e a
concentração e corrosão por aeração diferencial.
reação de redução em outro, havendo um
deslocamento dos elétrons envolvidos entre os dois
Ao meio corrosivo: Corrosão atmosférica,
locais.
pelo solo, pela água, por microrganismos e em
temperaturas elevadas.

16.3.2. Corrosão química


Também denominada corrosão em meio 16.5. Formas de corrosão
não - aquoso ou corrosão seca. Esses processos são
A corrosão pode ocorrer, quanto ao
menos frequentes na natureza e surgiram
aspecto, sob diferentes formas, e o conhecimento
basicamente com a industrialização, envolvendo
das formas é muito importante no estudo de um
operações em temperaturas elevadas. Também
processo corrosivo.
conhecidos como corrosão ou oxidação em altas
A caracterização da forma de corrosão
temperaturas.
auxilia bastante no esclarecimento do mecanismo e
Tais processos corrosivos se caracterizam
na aplicação de medidas adequadas de proteção.
basicamente por:
 Uniforme: a corrosão se processa em toda a
a) Realizarem-se necessariamente na ausência de
extensão da superfície, ocorrendo perda uniforme
água.
de espessura, com formação, como no caso do
ferro, de escama de ferrugem.
b) Realizarem-se devido à interação direta entre o
É chamada, por alguns de corrosão
metal e o meio corrosivo, não havendo
generalizada, o que não é aceito de maneira ampla,
deslocamento de elétrons, como no caso das pilhas
pois se pode ter também corrosão por alvéolos ou
de corrosão eletroquímica.
pites, de maneira generalizada em toda a superfície
Pode-se ter a presença de substâncias
metálica.
agressivas associadas a temperaturas elevadas.

45
 Placas: a corrosão se localiza em regiões da  Filiforme: a corrosão se processa sob a forma de
superfície metálica e não em toda sua extensão, filamentos que se propagam em diferentes
formando placas com escavações. direções, porém não em profundidade.
Ocorre geralmente em superfícies metálicas
 Alveolar: a corrosão se processa produzindo com revestimentos a base de estanho, níquel, e
sulcos ou escavações semelhantes a alvéolos, outros, ou não metálico (tintas), em presença de
apresentando fundo arredondado e profundidade umidade relativa elevada, da ordem de 85% e
geralmente menor que o seu diâmetro. revestimentos mais permeáveis a penetração de
oxigênio e água. Ela se inicia, comumente, em risco,
 Puntiforme: a corrosão se processa em pontos ou falhas, em revestimentos, que atinjam o
ou em pequenas áreas localizadas na superfície substrato, isto é, a superfície metálica. Embora não
metálica, produzindo pites, que são cavidades ocasionando grande perda de massa do material
apresentando profundidades geralmente maiores metálico, produzem nas superfícies pintadas, os
que seus diâmetros. Em decorrência do aspecto filamentos que fazem com que a película de tinta se
tem-se a conhecida corrosão por pite ou por desprenda.
“pitting”6
Deve-se considerar que não existem limites  Esfoliação: a corrosão se processa em diferentes
rígidos na diferenciação das formas de corrosão camadas e o produto de corrosão, formado entre a
alveolar e puntiforme, sendo importante, porém, estrutura de grãos alongados, separa as camadas
considerar que elas são entre as quatro formas de ocasionando o inchamento do material metálico.
corrosão apresentadas, as que trazem maiores
inconvenientes aos equipamentos, ocasionando  Corrosão grafítica: a corrosão se processa no
perfurações em áreas localizadas. ferro fundido cinzento e o ferro metálico é
convertido em produtos de corrosão, restando à
 Intergranular (intercristalina): a corrosão se grafite intacta. Observa-se que a área corroída fica
processa entre os grãos da rede cristalina do com aspecto escuro, característico da grafite, que
material metálico. pode ser facilmente retirada com uma espátula. Em
tubulações de ferro fundido para condução de água
 Transgranular (transcristalina): a corrosão se potável, observa-se que, mesmo com corrosão
processa atravessando os grãos da rede cristalina grafítica, a espessura da parede permanece com a
do material metálico. sua dimensão praticamente original.

Nessas duas formas de corrosão, embora  Dezincificação: é a corrosão que ocorre em ligas
não haja perda de massa significativa, ocorre o de cobre-zinco (latões) observando-se o
comprometimento das características mecânicas aparecimento de regiões com a coloração
dos materiais metálicos, os quais perdendo suas avermelhada, devida ao cobre, contrastando com a
propriedades mecânicas podem fraturar quando característica coloração amarela dos latões.
solicitados por esforços mecânicos tendo-se então, A corrosão grafítica e a dezincificação
a corrosão sob tensão fraturante, chamada podem ser consideradas exemplo de corrosão
também, corrosão sob tensão ou por “estress”6 seletiva, pois se tem a corrosão preferencial do
Evidentemente elas assumem maior ferro e zinco respectivamente.
gravidade do que aquelas anteriormente
apresentadas. Quando a solicitação mecânica é  Em torno de solda: é a corrosão que se observa
permanentemente aplicada tem-se a corrosão sob ao longo e ligeiramente, afastada do cordão de
tensão fraturante e, quando a solicitação é cíclica, solda.
isto é, não constante, tem-se a corrosão sob fadiga,
tendo-se, nos dois casos, fraturas no material  Empolamento pelo hidrogênio: embora não
metálico. As ligas de cobre em presença de soluções sendo considerados por alguns autores como forma
amoniacais e solicitações mecânicas sofrem de corrosão, é comum estudá-los em livros de
facilmente a corrosão sob tensão fraturante. corrosão, pois o hidrogênio atômico, causador do
processo, pode ser originado da corrosão do
material metálico. O hidrogênio atômico, H,

46
penetra no aço carbono e como tem pequeno se difundindo, exercendo pressão e originando a
volume atômico, difunde-se rapidamente para o formação de bolhas no material metálico, daí o
interior do material metálico e em regiões com nome de empolamento.
descontinuidades, como inclusões e vazios, ele se
transforma em hidrogênio molecular (H2), não mais

Figura ilustrativa 26 – Formas de corrosão

16.6. Mecanismo eletroquímico de No caso de um metal qualquer tem-se a


corrosão equação geral de oxidação:
Oxidação é a perda de elétrons por uma
espécie química e redução é o ganho de elétrons. M Mn+ + ne-
Assim quando o ferro (Fe) é atacado por ácidos, (n= números de elétrons perdidos; e= elétrons)
como, por exemplo: clorídrico ou muriático (HCl),
obtem-se as reações de oxi – redução; Logo, quando os metais perdem elétrons,
eles se oxidam, sofrendo, portanto corrosão.
Fe Fe2+ + 2e- (oxidação) Verifica-se, experimentalmente, que os
metais apresentam diferentes tendências a
2H+ +2e- H2 (redução) oxidação.

Fe + 2H+ Fe2+ + H2 (oxi-redução)

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Assim em presença de ar e umidade TABELA DE POTENCIAIS DE OXIDAÇÃO
verifica-se que o ferro se oxida mais do que o níquel
e o ouro não se oxida. EXTREMIDADE ANÓDICA (MENOS
É, portanto, de grande ajuda para o estudo NOBRE)
de processos eletroquímicos de corrosão dispor os
metais em tabela que indique a ordem preferencial 1 - Magnésio e suas ligas;
de ceder elétrons. 2 - Zinco;
3 - Alumínio comercialmente puro (1100);
Essa tabela é conhecida por tabela de 4 - Cádmio;
potenciais de oxidação, sendo o sistema formado 5 - Liga de alumínio (4,5 Cu, 1,5 Mg. 0,6
pelo metal e a solução vizinha do metal. Mn);
Quando se tem necessidade de unir dois 6 - Aço carbono;
materiais metálicos de potenciais diferentes, a 7 - Ferro fundido;
consulta à tabela de potenciais é de grande 8 - Aço inoxidável (13 Cr ativo);
utilidade. 9 - Ni-Resistente (ferro fundido com alto
níquel);
Essas tabelas permitem caracterizar o 10 - Aço inoxidável (ativo) AISI-304 (18-8
material que terá tendência a funcionar como ânodo Cr-Ni);
(aquele que será corroído). Em alguns casos se 11 - Aço inoxidável (ativo) AISI-316 (18-
procura, quando for inevitável a junção de dois 10-2 Cr-Ni-Mo);
materiais metálicos diferentes, fazer em um deles 12 - Liga de chumbo e estanho (solda);
um revestimento metálico que permita uma 13 - Chumbo;
aproximação de potenciais, diminuindo portanto a 14 - Estanho;
diferença de potenciais e conseqüentemente o 15 - Níquel (ativo);
processo corrosivo ou revestir totalmente os dois 16 - Inconel (ativo);
materiais com tinta ou plástico como o teflon. 17 - Latões (Cu-Zn);
18 - Cobre;
Os potenciais se alteram com mudança da 19 - Bronze (Cu-Sn);
solução do meio corrosivo, e como estes são vários, 20 - Cupro níqueis (60-90 Cu, 40-10 Ni);
nem sempre são encontrados dados suficientes na 21 - Monel (70 Ni 30 Cu);
literatura especializada que permitam caracterizar o 22 - Solda prata;
material que funcionará como anodo. Neste caso 23 - Níquel (passivo);
devem ser realizadas experiências com alguns 24 - Inconel (passivo);
pares metálicos, no meio corrosivo em que o 25 - Aço inoxidável ao cromo (11-13 Cr
equipamento irá operar, para se determinar o passivo)
potencial e a área anódica. 26 - Aço inoxidável AISI-304 (passivo);
27 - Aço inoxidável AISI-316 (passivo);
28 - Prata;
29 - Titânio;
30 - Grafite;
31 - Ouro;
32 - Platina.

EXTREMIDADE CATÓDICA (MAIS NOBRE)


Nota: nesta série, os materiais agrupados
apresentam pequena diferença de comportamento
na água do mar.

16.6.1. Corrosão galvânica


Resulta do acoplamento de materiais
metálicos com diferentes potenciais quando
colocados acoplados em presença de um eletrólito
(exemplo: água do mar), gerando uma transferência
de cargas elétricas de um para o outro, por terem
potenciais elétricos diferentes.
Ela se caracteriza por apresentar corrosão
localizada próxima à região do acoplamento,

48
ocasionando profundas perfurações no material característica do Fe(OH)2 ou Fe3O4, e na parte
metálico que funciona como ânodo. superior, aquela em contato com mais oxigênio,
Quando materiais metálicos de potenciais coloração alaranjada típica do Fe2O3.H2O.
elétricos diversos estão em contato, a corrosão do
material metálico que funciona como anodo é muito Pilha Zn-Fe: consultando-se a tabela de potenciais
mais acentuada que a corrosão isolada deste verifica-se que o zinco tem maior potencial de
material sob ação do mesmo meio corrosivo. oxidação, logo zinco será anodo e o ferro cátodo.
Exemplos que permitem explicar o
mecanismo da corrosão galvânica, da proteção Anôdo: oxidação de zinco
catódica com ânodos de sacrifício ou galvânicos e a Zn Zn2+ + 2e-
natureza do produto de corrosão são as pilhas
formadas pelos metais ferro, cobre e zinco, usando- Cátodo: mesmas reações anteriormente
se como eletrólito água salgada. apresentadas para a pilha Fe – Cu.

Pilha Fe-Cu: consultando-se a tabela de potenciais, Produto de Corrosão:


verifica-se, que o ferro tem maior potencial de Zn+2 + 2OH- Zn (0H)2 ↓
oxidação, logo será o ânodo e o cobre Cátodo.
Verifica-se, nesse de
(hidróxido caso, quebranco)
zinco, o ferro não
Fe Fe2+ + 2e- sofreu corrosão, permanecendo protegido por ter
funcionado como cátodo de uma pilha galvânica.
Cátodo: reações de redução possíveis, em meio Pode-se concluir, portanto, que:
neutro.
1) O metal que funciona como cátodo fica protegido,
2H2O + 2e- H2 + 2OH– isto é não sofre corrosão. Esta conclusão explica o
mecanismo da proteção catódica com ânodos de
(não aerado) sacrifício ou galvânicos, bem como a razão de
serem usados magnésio, alumínio e zinco como
ânodos para proteção do ferro: daí o grande uso de
ânodos de zinco, alumínio e magnésio para a
H2O + ½ O2 + 2e- 2OH-
proteção catódica, como anodos de sacrifício, para
(aerado) cascos de navios, tanques de armazenamento de
petróleo ou tanques de navio que apresentam
Produto de corrosão: íons Fe2+ e OH- lastros de água salgada, estacas de plataformas
migram e formam o produto de corrosão Fe (OH) 2, marítimas etc.
hidróxido de ferro (ll). Esse hidróxido sofre
transformações e de acordo com o teor de oxigênio 2) A ligação entre materiais metálicos deve ser
pode-se ter: precedida de consulta à tabela de potenciais ou as
 em meio deficiente de oxigênio, a formação tabelas práticas a fim de se prever a possibilidade
de magnetita, Fe3 O4, que é verde quando de caracterização do ânodo e do cátodo, da pilha
hidratada e preta quando anidra; possivelmente resultante e indicação de medidas
 em meio aerado tem-se a oxidação do protetoras.
hidróxido de ferro (II), com a formação de
hidróxido de ferro (III), Fe (OH)3, que pode Pode-se estabelecer uma pilha em que se
ser escrito também sob a forma de tenha como fonte doadora de elétrons, não um
Fe2O3.H2O. metal, como visto nos casos anteriores, mas sim
uma fonte de corrente contínua para imprimir a
Podem-se também considerar as reações corrente necessária para proteção. Essas fontes
de corrosão do ferro, em presença de umidade e são, mais freqüentemente, retificadoras de
oxigênio: correntes e, menos usuais, baterias convencionais,
baterias solares e termo geradores. Nesse caso a
4Fe + 2O2 + 4H2O 4Fe (OH)2 estrutura a ser protegida é colocada como cátodo
da pilha usando-se anodos inertes, para fechar o
2Fe + 3/2O2 + H2O Fe2O3.H2O circuito elétrico. Os ânodos mais usados são:
 Grafite, ferro silício e magnetita: no solo.
As reações explicam as colorações  Ligas de ferro-silício-cromo, e chumbo-
observadas na corrosão atmosférica do ferro ou antimônio – prata, titânio platinizado e
suas ligas, onde se observa que o produto de nióbio platinizado: em água do mar.
corrosão ou ferrugem apresenta, na sua parte Essa proteção é chamada proteção catódica
inferior, isto é, aquela em contato imediato com o por corrente impressa ou forçada. Ela tem um
metal, coloração preta, ou verde escuro, campo de aplicação maior do que a proteção

49
catódica com ânodos de sacrifício, aplicando – se onde possa haver formação de frestas e
em estruturas situadas em eletrólitos ou meios de presença de eletrólito.
baixa, e alta resistividade. E muito usada em
grandes instalações como oleodutos, gasodutos, 16.6.4. Corrosão por aeração diferencial
adutoras e estacas de píeres de atracação.
É a corrosão que ocorre quando se tem um
mesmo material metálico em contato com um
16.6.2. Corrosão eletrolítica eletrólito diferentemente aerado. Na pilha de
Corrosão por eletrólise ou eletrolítica ou aeração diferencial o ânodo é a área menos aerada
corrosão por correntes de fuga, ocorre em e o cátodo a mais aerada.
tubulações enterradas, como oleodutos, gasodutos, As reações que se passam na corrosão por
adutoras, minerodutos e cabos telefônicos. aeração diferencial são:
Definida como sendo a deterioração de um
material metálico forçado a funcionar como ânodo Área anódica (onde ocorre a corrosão)
ativo de uma célula ou pilha eletrolítica. Geralmente
Fe Fe2+ + 2e- (menos aerada)
as áreas corroídas se apresentam livre do produto
de corrosão e, como é uma forma de corrosão Área catódica (mais aerada)
localizada, em pouco tempo tem-se a formação de
pites ou alvéolos com a conseqüente perfuração H2O + 2e- + 1/2 O2 2OH-
das tubulações.
Logo, pode-se concluir que as áreas A ferrugem, Fe2O3.H2O, vai-se formar numa
corroídas serão aquelas em que as correntes de região intermediária entre a área catódica e a
fuga saem da tubulação, ou instalação metálica, anódica.
para o eletrólito ou meio ambiente (solo ou água).
As medidas mais usuais de proteção são: Fe2+ + 2OH- Fe (OH)2
drenagem de corrente, aterramento adequado de
máquinas de solda, emprego de revestimento e
emprego de proteção catódica. Essas medidas
2Fe (OH)2 + ½ O2 + H2O Fe2O3.H2O
podem ser usadas isoladas ou conjuntamente.
Quando elas atingem instalações metálicas
enterradas podem ocasionar corrosão nas áreas É uma corrosão localizada e, portanto,
onde abandonam essas instalações para retornar produz ataque acentuado em determinadas regiões
ao circuito original através do solo ou da água. ocorrendo à formação de pites ou alvéolos.
A corrosão por aeração diferencial é
16.6.3. Corrosão sob atrito responsável por grande número de casos de
corrosão nas mais variadas instalações e
Se as duas superfícies, em contato e sob
equipamentos industriais.
carga, das quais pelo menos uma metálica, for
Na junção de peças metálicas por rebites ou
sujeita a pequenos deslizamentos relativos,
parafusos podem existir frestas e, como nessas
originados comumente por vibrações, observa-se a
frestas a aeração é pequena, resulta uma baixa
corrosão sob atrito, também chamada corrosão sob
concentração de oxigênio no eletrólito que se
fricção ou corrosão por atrito oscilante.
encontra em contato com o metal fora das frestas.
Na pilha formada a região anódica, portanto
Nota-se, que a área mais atacada, ou corroída é no
corroída, é aquela onde a concentração do íon
interior das frestas.
metálico é menor, e a região catódica é aquela onde
Em estruturas metálicas colocadas no mar,
a concentração do íon metálico é maior.
como estacas de píeres de atracação e plataformas
É comum ocorrer essa pilha quando se têm
submarinas para prospecção de petróleo, observa-
superfícies metálicas superpostas e em contato,
se corrosão mais acentuada na faixa de variação de
havendo, entre elas, pequenas frestas por onde o
maré e de respingos. Pode-se justificar este
eletrólito possa penetrar.
admitindo-se que além, por exemplo, da ação
Ocorre também no contato entre superfícies
mecânica da água do mar associada com ondas
metálicas e não metálicas, desde que haja frestas.
haja a formação de pilhas de aeração diferencial,
A fresta deve ser suficientemente estreita para
cujas áreas anódicas vão se deslocando conforme a
manter o meio corrosivo estagnado e
maré vai subindo ou descendo.
suficientemente larga para permitir que o meio
Para evitar esta corrosão, tem sido bastante
corrosivo penetre nela.
usado, com bons resultados, o emprego de
Conhecendo-se o mecanismo desse
revestimento com massa epóxi a dois componentes,
processo corrosivo, entende-se perfeitamente
aplicado nas estacas já montadas: faz-se na área
porque se procura como medidas de proteção:
de variação de maré o jateamento e a seguir aplica-
 Usar massas de vedação, ou selantes, à
se a massa epóxi, que polimeriza mesmo debaixo
base de silicones, epóxi ou asfalto em locais
da água, atingindo-se espessura de cerca de 3 mm.

50
Para proteção das partes sempre submersas minimizar as possibilidades de ocorrência de
recomenda-se o uso de proteção catódica, condições causadoras:
principalmente por corrente impressa ou forçada.
Observam-se também, casos de corrosão  Reduzir, ao mínimo necessário, a possibilidade
por aeração diferencial em tubulações que, embora de frestas, principalmente em meios aquosos,
totalmente enterradas, atravessam solos com contendo eletrólitos ou oxigênio dissolvidos;
regiões de composição diferentes, que permitem  Especificar juntas de topo e ressaltar a
uma maior ou menor permeabilidade, com necessidade de penetração completa do metal de
conseqüente diferença de aeração. Procura-se solda, para evitar a permanência até mesmo de
evitar a colocação de tubulações parcialmente pequenas fendas;
enterradas, a fim de não ocorrer à corrosão por  Usar soldas contínuas;
aeração diferencial: as regiões mais atacadas são  Usar juntas soldadas ao invés de juntas
aquelas localizadas pouco abaixo do nível do solo. parafusadas ou rebitadas;
Costuma-se também observar problemas  Impedir a penetração do meio corrosivo nas
de corrosão por aeração diferencial em tubulações frestas por meio de massas de vedação ou
onde há possibilidade de deposição de partículas selagem;
sólidas, como óxidos, areia, crescimento biológico.  Evitar frestas entre um isolante e o material
Alguns chamam este caso de corrosão sob metálico;
depósito. Evidentemente as regiões sob esses  Evitar cantos, áreas de estagnação ou outras
sólidos funcionarão como áreas anódicas devido ao regiões favoráveis à acumulação de sólidos;
menor teor de oxigênio.  Especificar desenhos que permitam uma fácil
Em tubulações de condensadores e limpeza da superfície, aplicação de revestimentos
trocadores, ou permutadores, de calor pode ocorrer protetores e completa drenagem;
essa corrosão quando partículas sólidas ficam  Estabelecer uma rotina de freqüente e completa
aderentes à superfície interna dos tubos e a limpeza nas áreas metálicas sujeitas ao acúmulo de
pequena velocidade de circulação da água não depósitos e incrustações;
provoca o deslocamento das mesmas. Daí, para  Remover sólidos em suspensão;
evitar a corrosão por aeração diferencial nesses  Usar filtros adequados nas linhas de água dos
equipamentos, recomenda-se velocidade adequada trocadores ou permutadores de calor para evitar
para a água e conservação dos tubos limpos. obstruções locais, dentro dos tubos dos trocadores,
Casos de corrosão por aeração diferencial que podem iniciar corrosão sob depósito ou resultar
têm sido observados em chapas de alumínio e de em turbulência local;
aço galvanizado superpostas em presença de  Indicar, no projeto e operação de trocadores
umidade: observa-se a formação de um resíduo tubulares de calor, um fluxo uniforme de líquido com
esbranquiçado, nas áreas confinadas, portanto velocidade adequada e com um mínimo de
menos aeradas. No caso do alumínio há formação turbulência e entrada de ar;
de óxido de alumínio poroso e não-aderente,  Não usar embalagens que sejam feitas de
ficando as regiões corroídas com maior rugosidade material absorvente, exceto aquelas impregnadas
e conseqüentemente com aspecto diferente nas com inibidor de corrosão;
regiões não atacadas. No caso de aço galvanizado,  Evitar o uso de madeira, ou material que fique
há formação de óxido de zinco ou carbonato de facilmente umedecido e retenha água, como apoio
zinco, brancos, e formados nessas condições, não para superfícies metálicas como chapas, tubos e
aderente e, portanto não protetores. As chapas de pilares;
zinco nessas regiões perdem seu aspecto original.  Procurar, limitado pelas dimensões, usar tanques
Devido ao resíduo branco formado, esse processo é ou reservatórios apoiados em pilares e não no solo.
conhecido como corrosão ou oxidação branca do
aço galvanizado e é freqüente em peças
recentemente galvanizadas quando indevidamente
16.7. Meios corrosivos
embaladas ou armazenadas, em ambientes de Os meios corrosivos no campo da corrosão
umidade relativa elevada. eletroquímica são responsáveis pelo aparecimento
Tanques ou reservatórios de aço, apoiados de eletrólito.
no solo, devem ser devidamente instalados para se O eletrólito é uma solução eletricamente
evitar a presença de frestas, que poderiam condutora constituída de água contendo sais, ácidos
ocasionar corrosão por aeração diferencial no fundo ou bases, ou ainda outros líquidos como sais
dos mesmos, nas superfícies em contato com o fundidos.
solo.
Os processos de corrosão por concentração 16.7.1. Principais meios corrosivos
iônica e por aeração, quando não se observam Os principais meios corrosivos e respectivos
certas precauções, são freqüentes e, por isso, têm eletrólitos são:
muita importância as seguintes medidas que visam

51
 Atmosfera: o ar contém umidade, sais em e) Atmosfera urbana e semi-industrial: ocorre nas
suspensão (especialmente na orla marítima), gases cidades onde se tem uma razoável quantidade de
industriais (especialmente gases de enxofre), gases provenientes de veículos automotores e uma
poeira, etc. O eletrólito constitui-se da água que indústria razoavelmente desenvolvida;
condensa na superfície metálica, na presença de
sais ou gases de enxofre. Outros constituintes como f) Atmosfera rural e seca: locais, em geral no
poeira e poluentes diversos, podem acelerar o interior, onde não há gases industriais ou sais em
processo corrosivo; suspensão e a umidade relativa do ar se apresenta
com valores sempre baixos.
 Solos: os solos contêm umidade e sais minerais.
Alguns solos apresentam também características 16.7.2.2. Imersão
ácidas ou básicas. O eletrólito constitui-se a) Líquidos aquosos: a agressividade dependerá
principalmente da água com sais dissolvidos. da resistividade elétrica, que é função da presença
de sais ou gases dissolvidos. A pior condição, neste
 Águas naturais (dos rios, dos lagos ou do
caso, é a água salgada aerada.
subsolo): estas águas podem conter sais minerais,
eventualmente ácidos ou bases, resíduos b) Derivados de petróleo: são de modo geral
industriais, poluentes diversos e gases dissolvidos. pouco agressivos, com exceção do espaço de vapor
O eletrólito constitui-se principalmente da água com em tanques de armazenamento que pode conter
sais dissolvidos. Os outros constituintes podem H2S e tornar-se bastante agressivo e do petróleo
acelerar o processo corrosivo.
bruto, sempre associado à água salgada.
 Água do mar: esta água contém uma
c) Produtos químicos: a agressividade dependerá
quantidade apreciável de sais, sendo desta forma da presença de água ou de umidade e do grau de
um eletrólito por excelência. Outros constituintes ionização da substância química.
como gases dissolvidos, podem acelerar o processo
corrosivo.
16.7.2.3. Condições corrosivas
 Produtos químicos: os produtos químicos, A fim de facilitar a seleção dos esquemas
desde que em contato com água ou com umidade e de pintura, os ambientes e condições corrosivas
sendo ionizáveis, formam um eletrólito, podendo serão agrupados em cinco tipos, apresentados a
provocar corrosão eletroquímica. seguir:

Atmosfera altamente agressiva: é considerada


16.7.2. Classificação de ambientes corrosivos atmosfera altamente agressiva a atmosfera marinha
Os ambientes corrosivos ou as condições e industrial ou ainda a úmida, quando conjugada
que favorecem a corrosão podem ser descritos da com qualquer uma das anteriores;
seguinte forma:
Imersão: a imersão envolve quatro subcasos:
imersão em água salgada; imersão em água doce;
16.7.2.1. Atmosfera imersão em produtos de petróleo; imersão em
a) Atmosfera marinha: sobre o mar e na orla produtos químicos;
marítima (até 500 metros da praia), com ventos
predominantes na direção da estrutura a ser Superfícies quentes: as superfícies quentes
pintada; envolvem quatro subcasos: de 80° a 120°C; de 120°
a 250°C; de 250° a 500°C; acima de 500°C;
b) Atmosfera próxima à orla marinha: aquela
situada além de 500 metros da praia e até aonde os Atmosfera medianamente agressiva: são
sais possam alcançar; consideradas atmosferas medianamente agressivas
a atmosfera úmida, a urbana e a semi-industrial.
c) Atmosfera industrial: envolvem regiões com Estão incluídos neste caso locais junto à orla
muitos gases provenientes de combustão, marítima, com afastamento superior a 500 metros
particularmente gases oriundos de combustíveis (m), desde que não recebam os ventos
com alto teor de enxofre e outros processos predominantes na direção da instalação ou da
industriais; estrutura a ser pintada e seja localizada a nível
próximo do mar;
d) Atmosfera úmida: locais com umidade relativa
do ar média acima de 60%, com predominância de Atmosfera pouco agressiva: é considerada
valores superiores a 75%; atmosfera pouco agressiva a atmosfera rural e seca.

52
sobre a carepa, poderá se desprender junto com
ela.
17. PREPARAÇÃO DE SUPERFÍCIE DE
LIGAS FERROSAS, NÃO
FERROSAS E GALVANIZADAS
Com certeza, a preparação da superfície é um dos
itens de maior importância para a pintura.

17.1. Metais e ligas ferrosas

17.1.1. Carepa de laminação


As chapas de aço laminadas a quente, são Figura ilustrativa nº 28 – Tubulação pintada
formadas pela laminação dos lingotes aquecidos a sobre carepa de laminação.
uma temperatura em torno de 1250ºC, o que
resulta, por reação com o oxigênio do ar e a água 17.1.2. Caracterização do aço
de resfriamento, no formato de “carepa” (ou escama
A fim de facilitar a caracterização do grau
de laminação) conhecida por chapa preta.
de intemperismo do aço e também auxiliar as
A carepa é constituída de uma mistura de
inspeções que envolvem a preparação de
óxidos de ferro. Parte da carepa de laminação que é
superfície, utilizamos os padrões visuais da Norma
formada sai durante a laminação e parte fica
Sueca (SIS 05 59 00 - 67) e ISO (8501-1), que
aderida ao aço, cobrindo toda a chapa do aço
estabelecem 4 estados iniciais de oxidação das
(todos os lados).
chapas de aço carbono, representados pelas letras
A carepa não é aço, e sua tendência natural é
A, B, C e D.
se desprender do aço.
Estes padrões visuais também são
comumente denominados por Graus de oxidação ou
intemperismo.

17.1.3. Graus de intemperismo do aço sem


pintura

 Grau A – superfície de aço com a carepa de


laminação aderente intacta, com pouca ou nenhuma
oxidação ao longo de sua superfície. Chapa ou
perfil, em geral, recém-saído da laminação.
Figura ilustrativa 27 – Carepa de laminação
se desprendendo do aço  Grau B – superfície de aço com princípio de
desprendimento de carepa de laminação devido à
corrosão atmosférica e dilatação diferencial carepa-
Carepa formada no aço:
metal. Chapa ou perfil com início de oxidação e da
qual a carepa começou a se desprender ou que
Fe2O3 Hematita sofreu pequena ação de intemperismo.
Fe3O4 Magnetita
FeO Wustita  Grau C – superfície de aço onde toda a carepa
de laminação foi eliminada e na qual se observa
Fe0 uma corrosão atmosférica uniforme generalizada,
sem, contudo, apresentar sinais de formação de
Desenho esquemático nº 17 – Fases da cavidades visíveis. Chapa ou perfil que sofreu um
carepa formada no aço. completo intemperismo desagregando toda a
carepa de laminação podendo o restante ser
removido por raspagem.
Esta carepa é encontrada não apenas em
chapas, mas também em vigas, tubulações,  Grau D – superfície de aço onde toda a carepa
vergalhões, etc. É sem dúvida o pior inimigo da de laminação foi eliminada e na qual se observa
pintura, pois, qualquer sistema de pintura aplicado uma corrosão atmosférica severa e generalizada,

53
apresentando pits e alvéolos. Chapa ou perfil que eficiente, esse método ainda é muito utilizado para
sofre uma exposição exagerada à atmosfera, remover graxas, óleos solúveis, lubrificantes e óleos
resultando em processo corrosivo. protetivos que restam depositados sobre as
superfície após operações de usinagem e
manuseio, bem como a remoção de poeiras,
cavacos e outros. Os solventes usados podem ser
de muitos tipos: Thinners de limpeza, Diluentes,
Solvenraz, etc.
Algumas empresas ainda utilizam solventes
clorados, embora não inflamáveis, são tidos como
tóxicos. Por isso quando usados, deve-se sempre
ser instalado em locais muito bem ventilados.
O método de aplicação de solventes
consiste em: Fricção com panos limpos (brancos),
imersão, spray, desengraxe por vapor (solventes
clorados).

Vantagens: Os solventes removem bem os óleos e


graxas com facilidade, é fácil de aplicar e o método
No sentido horário Figura ilustrativa nº 29, 30, não requer grandes espaços.
31 e 32 – Graus A, B, C e D de corrosão do
aço laminado à quente segundo a norma ISO Desvantagens: Os solventes, bem como os
8501-1 equipamentos ou utensílios empregados, ficam
rapidamente impregnados com óleo e graxa. Logo,
deixam de limpar e apenas espalham os
17.2. Tipos de limpeza de superfície contaminantes. Método que requer muita mão de
obra envolvendo perda de solvente por evaporação.
Os principias tipos de limpeza para a pintura Grande risco para a saúde e incêndio. Só remove
de equipamentos e instalações industriais, são: óleo, graxa e poeiras e não tem efeito sobre
 Limpeza química; ferrugem e carepa de laminação.
 Limpeza manual;
 Limpeza com ferramentas mecânicas
manuais; 17.2.3. Limpeza com ferramentas manuais e
 Limpeza com jateamento abrasivo; mecânicas
 Hidrojateamento; Consiste na remoção da camada de óxidos
 Fosfatização. e outros materiais não muito aderentes, por meio de
ferramentas manuais e mecânicas, tais como
17.2.1. Limpeza química martelo, talhadeira, raspador, picador, escova com
A maioria das graxas e óleos são insolúveis cerdas de aço, escovas rotativas, marteletes de
em água. agulha (agulheiros), lixadeiras, e etc.
Existem graxas saponificáveis, isto é, É um tipo de limpeza ainda precário, de
passíveis de serem removidos com uso de produtos rendimento de execução relativamente baixo, porém
alcalinos (soda cáustica). As peças geralmente são melhor que a limpeza manual. Dependendo da
limpas por meio de imersão ou banhos de spray a ferramenta utilizada, o método tem ainda como
quente (40 a 60ºC), em seguida é efetuado uma boa inconveniente a possibilidade de polir a superfície e,
lavagem com água limpa. como conseqüência, dificultar a adesão da tinta.
Alguns tipos de óleos minerais não são Este tipo de limpeza corresponde aos padrões
saponificáveis e para a sua remoção se faz visuais St2 e St3 da Norma Sueca SIS 05 59 00 e
necessário o uso de solventes orgânicos ISO 8.501-1.
apropriados, ou de tensoativos em formas de
soluções (Detergentes) que é muito eficiente,
também na remoção de sais e óxidos solúveis. E
muito importante lavar bem as peças após a
aplicação dos tensoativos para remover possíveis
resíduos do mesmo que irá interferir na aderência
da tinta.
17.2.2. Desengraxe com solvente
Antes de definir qual a forma de desengraxe
a ser usado, é importante conhecer o tipo de
contaminante a ser removido. Embora pouco

54
excesso de rugosidade da superfície, sugere-se que
seu valor seja relacionado com a espessura total do
filme.
Na limpeza por jateamento abrasivo,
distinguem-se quatro graus de jateamento, os quais
devem ser realizados em superfícies de aço cujo
estado inicial de oxidação é também classificado em
quatro graus.
O equipamento para jateamento abrasivo
constitui-se basicamente dos seguintes
componentes:
1

Figuras ilustrativas nº 33, 34, 35, 36, 37 e 38 – ABRASIVO

Diversas ferramentas manuais.


2 3
6

7
11
8 10

5
9

1 – Compressor 7 – Separador de umidade

2 – Mangueira de ar 8 – Separador de óleo

3 – Vaso de pressão 9 – Jato abrasivo

4 – Mangueira de ar-abrasivo 10 – Capacete com ar puro

Figura ilustrativa nº 39, 40, 41 e 42 – Diversas 5 – Bico 11 – Separador de óleo do ar


ferramentas mecânicas, lixadeira, esmerilhadeira,
6 – Válvula de controle remoto 12 - Abrasivo
desencrustador, escova radial, cônica e de copo.

Desenho esquemático nº 18 – Jateamento abrasivo


17.2.4. Jateamento abrasivo pressurizado.
Consiste na remoção da camada de óxidos
e outras substâncias depositadas sobre a superfície, O compressor deve fornecer o ar com uma
por meio da aplicação de um jato abrasivo de pressão da ordem de 0,6 MPa (100 psi) no bico e
granalha de aço, escória de cobre, dentre outros. O uma vazão de ar compatível com o tamanho do
jato abrasivo é obtido pela projeção, sobre a equipamento de jato e com o diâmetro interno do
superfície, de partículas de abrasivo, impulsionadas bico. O ar deve ser desumidificado no separador de
por um fluído, em geral o ar comprimido. umidade e ter o óleo removido no filtro.
Este tipo de limpeza é um dos mais O vaso de pressão deve ser de duplo
recomendados para aplicação de pintura, por ser de compartimento e possuir válvula de segurança e
grande rendimento de execução, proporcionar uma uma válvula automática para enchimento.
limpeza adequada e deixar na superfície uma A válvula de mistura ar-abrasivo deve ser
rugosidade excelente para uma boa ancoragem da de características compatíveis com o equipamento.
película de tinta.
Para que o desempenho do esquema de
pintura não seja prejudicado por um eventual

55
Abaixo pode-se observar as áreas de  Outros materiais: poderão ser usados em
impacto de bicos tipo retos e venturi, onde se pode condições especiais, como, por exemplo, bauxita
verificar que nos bicos tipo venturi a área de alto sinterizada, carbonetos duros, escórias de cobre,
impacto ocupa toda a superfície de jato, conduzindo dentre outros.
a uma maior efetividade no jateamento, em especial Como alternativa de limpeza de superfície
no seu rendimento. pode-se utilizar o jateamento com a areia úmida e o
hidrojateamento.
O jateamento com areia úmida apresenta o
inconveniente da oxidação rápida sofrida até a
C o n v e n c io n a l evaporação da água, o que pode ser evitado com o
uso de inibidores de corrosão, sendo o mais
empregado até o momento o nitrito de sódio. Após
o jateamento à úmido, deve se lavar as peças com
Ve n tu r i água limpa e secar rapidamente com ar comprimido
limpo e seco.
E s q u e m a d o s b ic o s c o n v e n c io n a l e v e n tu r i

17.2.4.2. Perfil de rugosidade em função do abrasivo

TAMANHO MÁXIMO

máxima de

Rugosidad
perfil (µm)
DA PARTÍCULA

e média
Altura

(µm)
Abertura Nº da
ABRASIVO da peneira
peneira ASTM
(mm) E-11
Granalha de
aço
(Partícula
angular)
Nº G 50 SAE 0,7 25 85 70
Nº G 40 SAE 1,0 18 90 75
Nº G 25 SAE 1,2 16 100 80
Desenho esquemático nº 19 e 20 – Bicos de jato Nº G 16 SAE 1,7 12 200 150
e áreas de impacto. Granalha de
aço
O jatista deve ser protegido, para sua (esféricas)
perfeita segurança, por um capacete e uma Nº S 230 SAE 1,0 18 80 65
máscara com entrada de ar puro, vestuário Nº S 280 SAE 1,2 16 85 70
Nº S 330 SAE 1,4 14 90 75
adequado e luvas. Nº S 390 SAE 1,7 12 95 80

Após a operação de jateamento abrasivo, a


17.2.4.1. Tipos de abrasivos superfície a ser pintada deve ser limpa com ar seco,
removendo-se a poeira proveniente do mesmo,
 Granalha de aço: é usada, quase sempre, em evitando-se assim problemas de deficiente adesão
circuitos fechados, a fim de se ter o máximo de de tinta, bem como eventual impregnação com
reaproveitamento. Só é economicamente viável partículas grosseiras.
quando o jateamento é feito em ambiente onde o A rugosidade da superfície após a limpeza,
abrasivo pode ser recuperado e reaproveitado. particularmente com abrasivos, deve ser
proporcional à espessura mínima recomendada pelo
 Granalhas sintéticas: são usadas granalhas de esquema de pintura, sendo comum adotar-se um
material duro como carbonetos, escórias, e até perfil médio de rugosidade do material de cerca de
mesmo materiais plásticos. Estes abrasivos são 1/4 a 1/3 da espessura total da camada de tintas
ainda de pouca aplicação no Brasil. prevista pelo esquema de pintura.
Nos casos onde o intervalo de tempo entre
 Esferas de aço, ferro fundido ou vidro: usados a aplicação da primeira demão e da demão
apenas para pequenos trabalhos de limpeza e para subseqüente é grande e o ambiente é agressivo,
tratamento mecânico de endurecimento superficial, pode-se adotar um perfil de rugosidade de cerca de
sendo, portanto, pouco comum em pintura industrial, 2/3 da espessura da primeira demão, evitando-se
de modo geral. assim oxidação após a aplicação desta primeira
demão.

56
O perfil de rugosidade obtido no jateamento industrial ou marítima, ou ainda sob condições
da superfície é função principalmente da meteorológicas desfavoráveis, é de importância vital
granulometria do abrasivo. que a pintura seja aplicada o mais rápido possível,
com intervalo máximo de até 2h.
17.2.4.3. Orientação para operação de jateamento
d) Superfícies jateadas que sofrerem condensação
1) Os trabalhos de limpeza com jato devem ser de de umidade, que apresentarem qualquer
modo a não danificar a pintura já realizada, a qual deterioração ou oxidação visível, ou ainda que não
tiverem sido pintadas no mesmo dia de trabalho,
deve ser protegida adequadamente.
deverão ser rejateadas.
2) Equipamentos já montados devem ser protegidos
com lonas e exigem atenção especial.
3) Num turno normal de trabalho, um jatista usando 17.2.4.5. Graus de limpeza com jateamento abrasivo
bico de 4,5 mm (3/8") como pressão de 7 kg/cm 2 -
(100 psi) - deve render em média o seguinte:  Jateamento ligeiro: constitui-se numa limpeza
ligeira e precária, em geral pouco empregada para
 Jato branco - Sa 3....................60 m2/dia/bico pintura, exceto em alguns casos de repintura. A
 Jato quase branco - Sa 2 ½ .... 70 - 80 retirada do produto de corrosão neste caso situa-se
m2/dia/bico em torno de 5%. Corresponde ao padrão Sa 1 da
 Jato comercial - Sa 2 ...........100 m 2/dia/bico Norma Sueca SIS 05 59 00 e de ISO 8.501-1.
 Jato ligeiro - Sa 1.......... acima de 150
m2/dia/bico  Jateamento comercial: constitui-se numa
limpeza de superfície com a retirada de óxidos,
4) Em situações de jateamento em áreas carepa de laminação, etc., em cerca de 50% da
confinadas, instalar exaustores com mangotes para superfície a ser pintada. Corresponde ao padrão Sa
jogar a poeira longe do local de pintura ou 2 da Norma Sueca SIS 05 59 00 e da ISO 8501-1.
equipamentos
 Jateamento ao metal quase branco: constitui-
Não se deve jatear quando a umidade relativa do ar se numa limpeza de superfície com a retirada quase
for maior que 85%. total dos óxidos, carepa de laminação, etc.,
admitindo-se cerca de 5% da área limpa com
manchas ou raias de óxidos encrustados.
17.2.4.4. Intervalo entre jateamento e pintura
Corresponde ao padrão Sa 2 ½ da Norma Sueca
Após o jateamento, a superfície de aço fica em SIS 05 59 00 e ISO 8501-1.
estado vulnerável, devendo ser protegida
imediatamente com a primeira demão do sistema de  Jateamento ao metal branco: constitui-se numa
pintura ou, de acordo com a conveniência da obra, limpeza com a retirada total de óxidos, carepa de
com o “shop-primer” especificado. laminação, etc., deixando-se a superfície do metal
Não é recomendável, e nem é boa prática, completamente limpa. Corresponde ao padrão Sa 3
deixar a superfície jateada exposta. Contudo, em da Norma Sueca SIS 05 59 00 e da ISO 8501-1.
termos práticos, é necessário observar as
considerações seguintes:

a) Um intervalo de até 4 horas entre o jateamento e


a pintura é bastante seguro, quando o trabalho está
sendo realizado em ambiente abrigado, como
dentro de galpões com atmosfera limpa e umidade
relativa em torno de 70%, no máximo de 75%.

b) Em trabalho ao ar livre é difícil estabelecer com


segurança um intervalo máximo para aplicação da
pintura. Devem ser previamente considerados o
grau de poluição atmosférica existente no local, as
condições meteorológicas da época do ano e a
temperatura e umidade relativa do ambiente na
ocasião do trabalho.

c) Sob condições muito favoráveis de tempo seco e


em atmosfera com um mínimo de poluição, é
possível considerar intervalos máximos de 4 ou até
6 horas, enquanto que sob condições de atmosfera

57
Para melhor entendimento, apresentamos logo abaixo uma tabela comparativa de diferentes normas
relacionada a preparação de superfície por limpeza manual mecânica e jateamento abrasivo.

Tipos de preparação SIS VIS1 NACE 01 70 NBR ISO BS 4232 PETROBRAS


05 59 00 SSPC 8501-1
Ferramentas mecânicas
Limpeza manual St 2 SP 2 7346 St 2 N6
Limpeza motorizada St 3 SP 3 7347 St 3 N7
Jato abrasivo N9
Ligeiro (brush-off) Sa 1 SP 7 NACE 4 7348 Sa1 Brush-off Sa1
Comercial Sa 2 SP 6 NACE 3 7348 Sa2 3rd quality Sa2
Metal quase branco Sa 2 ½ SP 10 NACE 2 7348 Sa2 ½ 2nd quality Sa2 ½
Metal branco Sa 3 SP 5 NACE 1 7348 Sa3 1st quality Sa3

Notas:
1. As Normas ISO 8501-1 e a Sueca SIS 05 59 00 não prevêem a limpeza, por jateamento ligeiro e
comercial, para superfície cujo estado de oxidação é o Grau A.
2. As Normas Sueca ISO 8501-1 e a SIS 05 59 00 não preveem também para o Grau A limpeza manual e
com ferramentas mecânicas manuais, devido à dificuldade de remoção da carepa que é muito aderente.

17.2.4.6. Problemas comuns no processo de A principal exigência deste equipamento é


que a máquina atinja o mínimo de 1.700 bar (25.000
jateamento psi) de pressão. Trata-se de um equipamento com
bomba de altíssima pressão de 06 pistões, acionado
 Pré-limpeza com solvente insuficiente. por motor Diesel.
 Abrasivo de tamanho inadequado. A água em alta pressão é distribuída por
 Abrasivo contaminado. meio de mangueiras e pistolas especiais para
 Perfil de rugosidade inadequado. hidrojateamento, sendo que o jato de água é dirigido
 Velocidade do jateamento. por um ou mais bicos rotativos / diretos sobre a
 Técnica irregular de jato. superfície com altíssima energia concentrada.
 Manuseio com as mãos na peça.
 Reutilização da areia.
 Condições ambientais inadequadas. 17.2.5.1. Hidrojateamento na remoção de tinta
O hidrojateamento é uma técnica para
remoção de tinta ou limpeza de superfície que
17.2.5. Hidrojateamento confia na energia da água o efeito de limpeza
O hidrojateamento é de grande eficácia na completo. Este sistema é ideal para aplicação em
retirada de materiais soltos, produtos de corrosão, áreas onde, por questões de poluição ambiental e
limpeza de superfícies metálicas, remoção de tintas, doenças profissionais, não é possível utilizar
ferrugens e incrustações de difícil remoção em granalha de aço ou vidro, poeiras, etc. Abrasivos
estruturas, pisos, corte de concreto e metal, não são usados no hidrojateamento SPSA (Sistema
tubulações internas e externas, etc., porém, não de Preparação de Superfície com Água), por
promove perfil de rugosidade. conseguinte os problemas causados por poluição de
É portanto próprio para superfícies pó e pela disposição de abrasivos gastos são
anteriormente pintadas, onde já existia perfil. Há eliminados, bem como seu custo de remoção, além
algumas tentativas de promover o perfil de da contaminação não visível (a olho nu)
rugosidade através da inclusão de pequeno impregnados no substrato, que compromete a vida
percentual de abrasivo na água do hidrojato. útil das tintas.
Pode ser realizado em qualquer tipo de Este processo também não produz faísca,
serviço de manutenção anticorrosiva, sem o uso de sendo desta forma viável a aplicação em áreas de
material abrasivo, atendendo os requisitos riscos (sujeitas à explosão). Não desgasta a
ambientais. superfície jateada, retirando apenas a tinta,
É importante salientar, que pela não borracha, plástico, ferrugem ou outro material de
geração de material particulado sólido em que não faça parte da estrutura da superfície
suspensão na atmosfera local, mais a propriedade metálica ou de alvenaria.
de ser aplicado com qualquer condição de alta No hidrojateamento, encontramos os
umidade do ar, o processo de hidrojateamento pode seguintes tipos de pressões operacionais, a saber:
ser executado em qualquer região rural ou  Limpeza com água a baixa e media pressão
industrial. até 5.000 psi (340 bar);

58
 Limpeza com água a alta pressão de 5.000 o aspecto “visual da chapa”, mas sim, a qualidade
psi (340 bar) até 10.000 psi (700 bar); da superfície.
 Hidrojateamento com Ultra Alta Pressão, As superfícies sujeitas ao processo de
acima de 25.000 psi (1.700 bar). Hydroblasting poderão apresentar colorações
diferentes que vão do metal branco, cinza claro até
Atualmente, já estão disponíveis no cinza escuro. As tonalidades na cor cinza escuro
mercado tintas especiais compatíveis com o sistema são filmes de óxido ferrítico. Estas manchas não
de hidrojateamento, inclusive para contato com são possíveis de serem removidas por este
superfícies úmidas ou molhadas, não sendo processo. Este filme forma parte do substrato e não
necessário a utilização de inibidores de corrosão apresenta um problema de contaminação para as
para a aplicação do primer. Em muitos casos não é tintas. O processo de Hydroblasting atende as
necessária à paralisação do equipamento em especificações da ISO 14.000, ou seja, dentro dos
funcionamento para a execução do Hydroblasting padrões ecológicos.
ou aplicação das tintas. O hidrojateamento é muito eficiente na
No Hydroblasting, quando for operado com remoção de contaminantes: sais solúveis,
pressões acima de 1.700 bar (25.000 psi), caso particularmente em substratos metálicos com
apareça algumas regiões onde não foi possível a corrosão severa e pites, graxa e óleo, placas de
remoção total das tintas velhas, isto indica corrosão e películas de tinta, mesmo que fortemente
claramente a sua alta e perfeita aderência ao aderidas. Quando uma película de revestimento é
substrato, sendo que as mesmas servem como removida pelo hidrojateamento, o perfil de
base para novas camadas de primer. Não interessa ancoragem original é regenerado.

17.2.5.2. Padrões de hidrojateamento na limpeza de superfície

Condição Condição C Condição D Condição E Condição F Condição G Condição H


100% de 100% de tinta de cor tinta rica em sistema múlti-camada, Sistema
inicial da Ferrugem Ferrugem clara aplicada zinco aplicada não quebradiça, múlti-camada,
superfície com Pites sobre aço sobre aço aplicada sobre aço nu quebradiça
jateado jateado com carepa deteriorada
WJ-1 C WJ-1 D WJ-1 E WJ-1 F WJ-1 G WJ-1 H WJ-1
Grau WJ-2 C WJ-2 D WJ-2 E WJ-2 F WJ-2 G WJ-2 H WJ-2
de
WJ-3 C WJ-3 D WJ-3 E WJ-3 F WJ-3 G WJ-3 H WJ-3
limpeza
WJ-4 C WJ-4 D WJ-4 E WJ-4 F WJ-4 G WJ-4 H WJ-4

Esta tabela é um complemento da norma SSPC-SP 12 e NACE 5 (hidrojateamento por alta e ultra pressões). Descreve
os padrões da norma e é acompanhada pelas respectivas fotografias para comparação visual. Os graus de corrosão A e
B não são ilustrados justamente por que não há razão para tratar superfícies com carepa por hidrojatamento. Os
números de 1 a 4 representam uma piora na situação, sendo 4 a remoção mais leve e o número 1 a condição mais
rigorosa com grande remoção dos óxidos e contaminantes. Apenas a título de ilustração apresentamos abaixo alguns
padrões:

Condição C – superfície do aço completamente coberta intemperizado, totalmente com bolhas ou totalmente
com ferrugem; pouco ou nenhum pite visível. A área inclui manchado.
um exemplo de alteração na cor causada pelo
aquecimento Condição H – sistema de pintura degradado aplicado
sobre aço; sistema totalmente intemperizado, totalmente
Condição D – superfície do aço completamente coberta com bolhas ou totalmente manchado.
com ferrugem; pites visíveis. A área inclui um exemplo de
material estranho (grau D de corrosão)

Condição E – superfície de aço previamente pintada; 17.2.5.3. Graus de limpeza por hidrojateamento
tinta clara aplicada sobre superfície jateada; a maior parte
da tinta está intacta  WJ-1 – A superfície deve estar livre de todos os
produtos de corrosão previamente existentes, de carepa
Condição F – superfície de aço previamente pintada; tinta de laminação, de revestimentos e de materiais estranhos.
rica em zinco aplicada sobre superfície de aço jateada ; a Além disso, deve possuir aspecto metálico fosco; (limpeza
maior parte da tinta está intacta ao substrato nu).

Condição G – sistema de pintura aplicado sobre aço nú,  WJ-2 – A superfície deve apresentar aspecto metálico
com carepa de laminação; sistema completamente fosco com, pelo menos 95% de sua área livre dos
resíduos visíveis previamente existentes. O restante da

59
superfície (5%) poderá apresentar apenas manchas revestidas com “primer” de zinco ou mesmo na
suaves distribuídas aleatoriamente, de oxidação, galvanização metálica do aço, isto se deve ao
revestimentos ou materiais estranhos; (limpeza mecanismo de proteção.
substancial ou muito eficaz). Corrosão branca é parcialmente solúvel em
 WJ-3 – superfície deve apresentar aspecto metálico água, bastando um vigoroso esfregão úmido com
fosco com, pelo menos dois terços livres de resíduos escovas de cerdas de nylon ou fibra vegetal.
visíveis (exceto carepa de laminação), sendo que o Não utilizar somente solventes para remoção
restante da mesma (um terço) poderá apresentar-se
apenas com manchas suaves, distribuídas
de óleos ou gorduras que possam conter sobre a
aleatoriamente, de produtos de corrosão previamente superfície.
existentes, de revestimentos ou de materiais estranhos;
(limpeza completa). 17.4.1. Aço galvanizado eletrolítico
 WJ-4 – Este padrão corresponde a uma situação em
que apenas os resíduos (produtos de corrosão, carepa de 17.4.1.1. Aço galvanizado eletrolítico (novo)
laminação e revestimentos) não aderentes ou soltos são O aço é zincado por meio de banhos onde o
removidos da superfície (limpeza leve). zinco é depositado por meio de corrente elétrica.
Um eletrodo de zinco vai se decompondo para que
o zinco se transfira para a peça a ser revestida. É
17.2.5.4. Vantagens do processo de muito conhecido como galvanizado eletrolítico.
hidrojateamento
Preparação:
 O hidrojateamento não danifica as a) Desengraxar a peça galvanizada esfregando a
tubulações, não produz riscos na superfície superfície com panos brancos limpos embebidos
dos tubos; em diluente até a total eliminação de oleosidade
 Devido à perfeita limpeza, obtemos com e gorduras. Trocar os panos com frequência.
resultado, a melhor troca térmica e serviços b) Atualmente existe a opção limpeza da peça com
de limpeza mais espaçados; a utilização de um detergente (tensoativo) que
 No caso de tubulações de cobre ou de aço apresenta algumas vantagens, tais como: não é
inox, este sistema apresenta a solução inflamável, pode ser biodegradável, remove os
ideal; sais e compostos solúveis por ser aplicado por
meio de uma solução aquosa e a oleosidade por
ser um tensoativo.
17.3. Metais e ligas não ferrosas
Importante: Superfícies limpas, livres de umidade e
17.3.1. Chapas de Alumínio corrosão: iniciar a pintura imediata após a limpeza,
com o primer promotor de aderência.
A superfície deverá ser desengraxada com
pano limpo embebido em solventes para a remoção
de óleos e graxas. 17.4.1.2. Aço galvanizado eletrolítico (envelhecido)
Em determinadas situações, pode ser adotado um Enquanto a chapa não apresentar corrosão
lixamento na superfície visando riscar a mesma vermelha, ou seja, produtos de corrosão do aço,
para criar um perfil de ancoragem melhor para a pode-se tratar como descrito para aço zincado a
tinta. quente novo.
Recomenda-se a aplicação de tinta do tipo Se a corrosão já esta num estágio mais
“wash primer” (fundo fosfatizante) ou “shop primer avançado e a camada de zinco já estiver
epóxi” sobre superfícies de alumínio limpo como comprometida, deve-se tratar o galvanizado como
promotor de aderência. uma superfície de aço enferrujada. Geralmente
adotando o processo de limpeza por meio de
jateamento abrasivo ou limpeza mecânica.
17.3.2. Chapas de Cobre a) Escovamento / lixamento manual ou mecânico
A superfície também deverá ser desengraxada até a total remoção de “corrosão branca” e
com panos limpos embebidos em solventes para a oxidação vermelha em áreas com o zinco já
remoção de óleos e graxas. exaurido.
Poderá ser aplicado um “shop primer epóxi” e) Desengraxar com pano limpo embebido em
para base de aderência. solvente até a total eliminação de oleosidade e
deposição de impurezas.

17.4. Galvanizados
É comum, após exposição a intempéries, o
aparecimento da corrosão do zinco em superfícies

60
17.4.2. Aço galvanizado a fogo Inspeções posteriores e periódicas fazem-se
necessárias para identificar sinais de corrosão
17.4.2.1. Aço galvanizado a fogo (novo) localizada, a qual tem origem em espessuras baixas
a) Desengraxar a peça galvanizada esfregando a ou limpeza não satisfatória em pequenas áreas:
superfície com panos brancos limpos embebidos
em diluente até a total eliminação de oleosidade
e gorduras. Trocar os panos com freqüência.
17.5.1. Classificação da pintura de manutenção
b) Atualmente existe a opção limpeza da peça com 17.5.1.1. Retoques
a utilização de um detergente (tensoativo) que De modo geral, consideram-se retoques de
apresenta algumas vantagens, tais como: não é pequenas áreas com falhas na pintura, não
inflamável, pode ser biodegradável, remove os superiores a 5% da área total.
sais e compostos solúveis por ser aplicado por
meio de uma solução aquosa e a oleosidade por
17.5.1.2. Área com tinta danificada sem corrosão
ser um tensoativo.
f) Jateamento abrasivo ligeiro (Padrão Sa 1), Limpeza da superfície com água ou solvente a
criando perfil de ancoragem. base de hidrocarboneto alifático, de acordo com a
natureza do resíduo presente. Por exemplo,
Nota: Para utilização deste método, se faz resíduos de sulfato, cal ou sal são removidos com
necessário, treinar bem o pessoal para não forçar água, e resíduos de graxa ou óleos são removidos
muito o jato e gastar a camada de zinco perdendo a com o referido solvente.
proteção. O jato deve ser bem superficial. Lixamento com lixa nº 120 ou 180. Este
lixamento deverá se estender a uma pequena
g) Fosfatização NBR 9209 - processo conversão - porção da área adjacente à danificada.
cristais de fosfato que proporcionam aderência. Posteriormente, fazer a remoção do pó.
Aplicação das duas últimas demãos, a pincel,
Nota: Iniciar a pintura imediata após a limpeza com trincha ou rolo, do sistema de pintura originalmente
o primer promotor de aderência. especificado para o equipamento, tubulações ou
objeto a ser retocado.
17.4.2.2. Aço galvanizado a fogo (envelhecido)
17.5.1.3. Área com tinta danificada com corrosão
a) Lavar substrato para remoção de sais solúveis,
seguido de escovamento (sem polir). A limpeza da superfície deverá ser como
b) Desengraxar. descrito no primeiro sub-item do retoque anterior.
c) Alternativa: jato ligeiro. Se a superfície for de aço carbono ou ferro
fundido, deverá ser limpa manual ou
mecanicamente de maneira muito minuciosa,
17.4.3. Aspersão térmica usando-se, conforme a área envolvida e o grau de
Caso a superfície apresente corrosão branca do corrosão encontrado; lixa quando a área danificada
zinco, lavar com água doce (potável), esfregando apresentar corrosão leve; escovas de aço para
com escovas de nylon ou piaçaba. Não utilizar lixa. áreas médias e com pouca corrosão; e ferramentas
Deixar secar. mecânicas como escovas rotativas, pistoletes de
Nota: Sobre superfície galvanizada por aspersão agulhas ou outros tipos para áreas maiores com
térmica, não utilizar primer promotor de aderência corrosão média.
que em sua composição contenha ácidos tais como: Aplicação do sistema de pintura completo,
wash primer. especificado para o equipamento, tubulações ou
objeto a ser retocado.
17.5. Preparo de superfícies já pintadas
17.5.1.4. Manutenção geral
(pintura de retoque, manutenção ou
Considera-se manutenção geral quando as
repintura) áreas a serem restauradas forem de 5 à 20% da
A proteção mediante pintura não é por tempo área total. O procedimento é o mesmo usado em
indeterminado e necessita a realização do serviço retoques de áreas grandes. Quando for decidido
de manutenção da pintura. As falhas na pintura que também efetuar a restauração do aspecto estético,
podem ocorrer estão relacionadas, em ordem de aconselha-se após o retoque com lixa nº 120 ou 180
importância, com os fatores seguintes: a aplicação de duas demãos do acabamento em
a) Danos mecânicos na película. toda área.
b) Limpeza não satisfatória da superfície antes da
pintura. 17.5.1.5. Repintura
c) Má aplicação Considera-se pintura quando a área danificada
for superior a 25%.

61
é procurar evitar a utilização de tintas epóxi
endurecidas com aminas em regiões cuja umidade
relativa do ar esteja permanentemente superior a
18. APLICAÇÃO DE TINTAS 85%.
Temperaturas externas, como abaixo de
A seleção adequada do método de 10ºC ou acima de 40ºC, alteram por completo as
aplicação e a observância de alguns requisitos condições de cura ou secagem da tinta.
básicos durante todo o período de aplicação têm Temperaturas abaixo de 10ºC retardam a
influência tão grande no desempenho do esquema secagem da tinta, comprometendo intervalos entre
de pintura quanto as tintas utilizadas. demãos recomendadas pelo fabricante e
consequentemente, a velocidade da aplicação.
Ao contrário, a aplicação de tintas em
18.1. Capacitação do pessoal de aplicação temperaturas muito elevadas faz com que sua
secagem dê-se muito rapidamente, comprometendo
A empresa ou o órgão responsável pela
a evaporação e alterando as propriedades da
aplicação das tintas devem ser avaliados em termos
película seca.
de recursos materiais e humanos.
Além disso, a aplicação das tintas sobre
A capacitação do pessoal responsável pela
superfície com temperatura superior a 40ºC pode
aplicação da tinta deve ser feita através de amplos
provocar vários tipos de defeitos, como o
programas de treinamento, que devem abranger
fendilhamento ou gretamento (caso típico das tintas
aspectos teóricos e práticos.
inorgânicas de zinco), a formação de bolhas, poros
ou crateras (caso típico das tintas de acabamento
de base epóxi) e o enrugamento (caso típico das
18.2. Condições ambientais tintas de alumínio fenólico). No caso específico das
A aplicação das tintas em condições tintas inorgânicas à base de silicato de etila, o
ambientais adversas pode introduzir vários tipos de fenômeno do fendilhamento ocorre à temperatura já
defeitos nas películas de tintas. a partir de 40ºC.
Em termos gerais, as condições
meteorológicas que influenciam as propriedades 18.2.1. Ponto de orvalho
das tintas são a umidade relativa do ar, a É a temperatura na qual a umidade
temperatura ambiente, as chuvas e os ventos. presente no ar, na forma de vapor de água, se
A água quando evapora, fica no ar na forma condensa, passando para o estado líquido.
de vapor. Esta água presente no ar atmosférico é Geralmente na parte da manhã são notadas gotas
chamada de umidade relativa do ar (URA). de água nas peças expostas ao tempo durante a
Quanto mais umidade houver no ar e noite, conhecidas como orvalho, resultante da
quanto mais baixa for a temperatura da superfície, condensação do vapor da água.
maior será a condensação. Quando o diluente Recomenda-se que as tintas não devam
evapora do filme de tinta aplicado, a temperatura do ser aplicadas se a temperatura da superfície não
substrato abaixa tornado possível que a umidade do estiver no mínimo 3ºC acima do ponto de
ar se condense prejudicando o desempenho da orvalho.
tinta.
A umidade relativa do ar, ao possibilitar a Tabela para dedução do ponto de orvalho
introdução de partículas de água na película de tinta
úmida, acarreta perturbações nas reações físico– UR Temperatura ambiente °C
químicas que darão origem à película de tinta seca, 10 15 20 25 30 35 40
introduzindo falhas que variarão com o tipo de tinta 90 8,2 13,3 18,3 23,2 28,0 330 38,2
usada. 85 73 12,5 17,4 22,1 27,0 32,0 37,1
É por esse motivo que as tintas de base 80 6,5 11,6 16,5 21,0 25,9 31,0 36,2
epóxi endurecidas com aminas são muito sensíveis 75 5 6 104 15,4 19,9 24,7 29,6 35,0
à umidade, dando origem a uma substância 70 45 9,1 14,2 18,6 23,3 28,1 33,5
denominada quetimina, que deixa a película com 65 3,3 8,0 130 17,4 22,0 26,8 32,0
aspecto esbranquiçado na superfície ou mesmo 60 2,3 6 7 11,9 16,2 20,6 253 30,5
55 1,0 5,6 10,4 14,8 19,1 239 28,9
com aspecto de um gel endurecido. 50 -0,3 4,1 8,6 13,3 17,5 22,2 27,1
A depender da profundidade desta 45 1,5 2,6 7 0 11,7 160 202 25,2
alteração, a película poderá estar comprometida ou 40 -3 1 0,9 54 9,5 140 18,2 230
não. 35 4 7 -0,8 3,4 7 4 12,0 16,1 20,6
a) Quando bem superficial, pode ser eliminada com 30 -69 -2,9 1,3 5,2 9,2 13,7 18,0
um leve lixamento da película.
b) Quando subsuperficial pode requerer a remoção Nota 1: Esta temperatura de 3ºC é considerada de
de toda a película. A ação preventiva nestes casos margem de segurança para evitar que ocorra a

62
condensação da URA. Pode-se usar aquecer as torna-se necessário efetuar uma diluição da tinta
peças a serem pintadas dentro dos limites de imediatamente antes da aplicação, para efeito de
temperatura do substrato. ajustar sua viscosidade e, consequentemente,
otimizar a aplicação.
Nota 2: Para as tintas tolerantes a superfície
úmidas, poderá ocorrer uma pequena redução no Quando a tinta estiver em estoque por muito
brilho quando o filme ficar exposto. tempo:

1) Abrir a lata e verificar se há sedimentação no


18.3. Mistura, homogeneização e diluição fundo da embalagem com uma espátula (plástico ou
madeira)
das tinta 2) Se houver sedimento, mexer a sedimentação
A homogeneização da tinta é muito com a espátula buscando a sua dispersão.
importante para que todos os seus componentes 3) Caso não consiga uma boa homogeneização e a
fiquem uniformes e em condições de uso. Deve ser tinta estiver dentro do seu prazo de validade,
feita em seu recipiente original, admitindo-se que informar ao fabricante.
parte pode ser retirada temporariamente para No que diz respeito às tintas fornecidas
facilitar a homogeneização. em dois ou mais componentes, são válidas as
No caso de tintas a base de pigmentação mesmas observações quanto à diluição requeridas
alumínio, a homogeneização tem que ser feita com para as tintas mono componentes. Entretanto,
cuidado, em velocidade baixa para não amassar as requerem cuidados especiais em termos de
partículas do pigmento e não deixar a tinta ficar com proporção de mistura.
uma aparência mais escura (chumbada).
A sedimentação ocorre devido a tintas Sequência de mistura para tintas bicomponente:
serem constituídas de compostos em suspensão
(Pigmentos) e que pela força da gravidade se a) Homogeneizar bem o componente A;
sedimentam formando uma pasta no fundo das b) Homogeneizar bem o componente B;
embalagens. c) Adicionar o componente B ao componente A,
Não devem ser usadas tintas cujo tempo de respeitando a relação de mistura;
estocagem (shelf life) tenha sido ultrapassado. O d) Homogeneizar bem a mistura com agitação
tempo de estocagem varia para cada tipo de tinta. vigorosa;
O tempo de estocagem deve ser informado e) Se necessário efetuar a diluição na proporção
pelo fabricante da tinta. A depender das condições recomendada.
de armazenamento, uma tinta pode ter seu tempo
de estocagem vencido sem que, entretanto, tenha Nota: Pode ser usado agitador pneumático.
se degradado.
A realização de alguns testes de laboratório A não-observância da relação de mistura e
é a forma ideal de analisar se a tinta está em do tempo de indução, geralmente da ordem de 10 -
condições de uso ou não, particularmente a 20 minutos para as tintas de base epóxi, pode
viscosidade e os tempos de secagem. descaracterizar por completo as propriedades da
Inspeções visuais de campo também tinta.
podem indicar a degradação ou não da tinta.
Por exemplo, as tintas a base de silicato de Proporção de mistura:
etila formam nódulos gomosos (grumos). As tintas a As recomendações de mistura entre o
óleo ou óleo modificadas oxidam–se componente A e B devem ser respeitadas pelos
superficialmente, formando uma nata ou mesmo pintores na hora da catalisação, pois, a falta ou
endurecendo. Algumas pigmentadas com pigmentos excesso de um dos componentes pode produzir
pesados, tintas de fundo, formam sedimentações uma tinta com características diferentes da que foi
duras impossíveis de serem dispersados mesmo recomendada.
por diluição. Para as tintas de base epóxi, o As relações de misturas mais comuns são:
aumento dos tempos de secagem é uma indicação 1A : 1B (3,6 L : 3,6L) ; 2A : 1B (2,4 L : 1,2L) ; 3A :
evidente de sua degradação. 1B (2,7L : 0,9L)
Esta dispersão deve ser feita
preferencialmente por meio de agitadores Nota: Quando fornecida a relação de mistura em
pneumáticos (exceto para tintas pigmentadas com peso pelo fabricante, pode ser utilizado da balança
alumínio, que podem ter as partículas de pigmento e efetuado a mistura.
quebradas) ou alternativamente por meio de
ferramentas manuais. A mistura em peso é mais prática e
Em algumas situações, a depender das segura, porém exige uma balança no local de
características da tinta e do processo de aplicação, preparação. Quando o pintor vai utilizar toda a
quantidade do galão fornecido, não há necessidade

63
de se preocupar com as proporções de misturas, acordo com a necessidade seguindo a orientação
pois, os fornecimentos são feitos em embalagens do fabricante.
com as devidas proporções entre os componentes a A viscosidade mais alta ajuda a manter os
serem misturados. pigmentos em suspensão, evitando a sedimentação.
Em casos de aplicação de apenas um dos Algumas tintas quando fornecidas em viscosidades
componentes, a película pode ficar mole e pegajosa baixas (22” CF 4 a 25ºC), tende a formar uma pasta
ou endurecer demais e ficar com o filme trincado e mole ou dura no fundo das embalagens.
rachado. Deverá ser removida toda a tinta. A diluição depende do tipo de peça a ser
O tempo de indução é o tempo necessário aplicada, das condições de aplicação e da
para que o esquema epoxídico comece a reagir. habilidade do pintor.
Embora a reação comece imediatamente, esse Muitas tintas podem e devem ser aplicadas
tempo entre a mistura e a aplicação é fundamental a pincel, rolo ou pistolas apropriadas sem diluição.
para uma maior afinidade entre a resina epóxi e o A diluição serve para afinar a tinta
agente de cura. É também chamado de pré-reação. permitindo que o ar comprimido usado pulverize o
Alguns estudos mostram que esquemas epoxídicos líquido que será lançado sobre a peça a ser pintada
aplicados com tempo de indução conveniente de forma que a mesma forme um filme uniforme
apresentam desempenhos superiores aos mesmos seja formado.
esquemas aplicados imediatamente após a mistura O boletim técnico indica qual o diluente
dos componentes. correto para a diluição e a sua substituição somente
O tempo de indução varia de acordo com o deve ser feita mediante autorização do fabricante ,
tipo de tinta epóxi. evitando desta forma que ocorra problemas na
Por último, um cuidado que deve ser aplicação e pintura, tais como: perda de brilho,
observado nas etapas de mistura e diluição das incompatibilidade, retardo na secagem, fervura,
tintas diz respeito à necessidade de passar a casca de laranja, empoamento.
mistura em peneiras, com granulometria
recomendada pelo fabricante da tinta. Tal Uso de diluente com solvente muito volátil:
providência é indispensável em tintas como a a) Problema de bolhas ou fervuras;
fenólica pigmentada com alumínio (lamelar) e a etil b) Casca de laranja, pois o filme superficial da tinta
silicato de zinco. ira secar muito rápido, não havendo tempo
Deve-se, entretanto, atentar para o fato de o suficiente para um bom alastramento ou formar
peneiramento acarretar à retirada de material capaz filme liso. Salvo algumas exceções das tintas de alta
de desbalancear a tinta, particularmente nas espessura que tendem a esta característica;
pigmentadas com zinco, que necessitam ter um teor c) Empoamento (ou over spray) ou pulverização a
de zinco tal que mantenha a continuidade elétrica e seco, a tinta perde o solvente de diluição durante a
assim atuem protegendo catodicamente. sua pulverização fazendo com que a tinta chegue
O ideal é que a mistura e a diluição das seca na peça (como pó), baixando o brilho em
tintas seja feita imediatamente antes da aplicação, alguns locais da peça.
logicamente desde que observado o tempo de
indução que, para o caso das tintas epóxi, é em
geral de 15 minutos. Uso de diluente com solvente pouco volátil:
É importante que para estes casos, sejam a) Demora na secagem;
observados os tempos de vida útil da mistura, pot b) Escorrimento em superfícies verticais.
life, estabelecidos pelos fabricantes das tintas.
O pot life é o tempo que uma tinta pode ser
misturada e diluída e mantenha suas propriedades Uso de Diluente com baixo poder de diluição:
tixotrópicas capazes de dar origem à formação da a) Coagulação, ocorre separação entre o diluente e
película. a tinta.
Esse tempo varia em função de cada tipo de
tinta. Assim, uma tinta de base epóxi depois de Para uma boa diluição na proporção correta
diluída e misturada só pode ser aplicada nas poucas o pintor pode adotar um copo graduado de plástico
horas seguintes, da ordem de duas a oito horas. resistente a solvente (polipropileno), adicionando à
É recomendável que, também em termos de tinta a quantidade de diluente necessária.
tempo de mistura, sejam observados as instruções Na diluição de tintas destinadas a indústrias,
do fabricante. é recomendado que os pintores adotem o uso de
copos de medida de viscosidade conhecidos como
copo ford de diâmetro de orifício de 4 mm (CF 4)
Diluição das tintas para determinar a correta viscosidade de aplicação
As tintas são fornecidas com viscosidade de acordo com a sua instrução de trabalho. Esta
mais alta e devem ser ajustadas ou diluídas de medida é determinada com o uso de um cronômetro
e dado em segundos (Ex: 16 a 22” CF4).

64
Em regiões mais secas e sem a presença
As tintas misturadas e diluídas que não de cloretos e compostos de enxofre na atmosfera, o
serão aplicadas de imediato devem ser intervalo não deve exceder a seis horas. A
armazenadas em recipientes fechados e serem aplicação da primeira demão da tinta de fundo deve
novamente homogeneizadas antes de serem ocorrer sempre na mesma jornada de trabalho da
usadas. execução do preparo da superfície.
O intervalo de tempo entre o preparo da Quando a superfície é muito grande e o
superfície e a aplicação da primeira demão da jateamento efetuado naqueles intervalos de tempo
tinta de fundo varia em função das condições não contempla toda a superfície, uma vez o jato
atmosféricas do meio ambiente. interrompido e aplicado a primeira demão de tinta
Na orla marítima, como conseqüência da de fundo, o reinício da execução do preparo da
elevada umidade relativa do ar e da presença de superfície só deve ocorrer quando a tinta tiver
cloretos, o tempo decorrido entre o início do preparo alcançado o tempo de secagem ao toque. Nesta
da superfície e o término da aplicação da primeira condição, a tinta aplicada não será capaz de
demão de tinta de fundo não deve exceder a três permitir a impregnação de abrasivo ou pó, que
ou quatro horas. prejudicaria o desempenho do esquema de pintura.
O intervalo de tempo entre demãos ou o Ainda com relação a grandes superfícies,
tempo que deve ser aguardado para aplicação da uma outra questão a ser analisada diz respeito à
demão subseqüente ou ainda tempo de repintura, interrupção ou não da seqüência de aplicação, até
deve ser observado pelos pintores, pois logo após a que o preparo da superfície seja terminado. O
aplicação da primeira demão de tinta começa a desejável é que todo o esquema de pintura seja
evaporação do solvente e a formação do filme seco aplicado em conformidade com os tempos de
e haverá um tempo certo a ser aguardado para secagem, para a repintura, previsto na
aplicar a próxima demão. especificação da tinta que vai receber a demão
Os boletins técnicos informam qual deverá subseqüente. A observância destes intervalos faz
ser este tempo e também em qual condição de com que a tinta base, não tendo alcançado o tempo
temperatura do ambiente. de secagem total, não tenha suficiente resistência
A pintura não deve ser continuada com a química ao solvente da demão subseqüente e,
próxima demão fora do prazo , pois, poderá gerar assim, permita uma perfeita adesão química entre
problemas. as demãos.

Pintura antes do intervalo entre demão: Quando a paralisação ocorrer por período
No filme aplicado, ainda há presença de de tempo muito longo, como é o comum em
solvente retido que não teve tempo para equipamentos cujo preparo da superfície seja feito
evaporação. Aplicando outra demão, o filme de tinta no campo, imediatamente antes da montagem, é
fica com aparência de espessura exagerada. freqüente a interrupção da aplicação do esquema
Poderá haver escorrimentos em superfícies de pintura após a aplicação da primeira demão da
verticais, demora para secar, enrugamento durante tinta de acabamento. Com isto, consegue-se uma
a secagem da tinta. satisfatória proteção durante o período de
interrupção da aplicação do esquema de pintura.
Pintura durante o intervalo de repintura certo: Sempre que ocorrer a interrupção do
Haverá tempo suficiente para evaporação esquema de pintura por período superior ao tempo
do solvente da demão anterior e a secagem do filme de secagem para repintura, ao reiniciar a aplicação
será adequada. O resultado posterior do teste de a última demão de tinta aplicada deve ser
aderência será máximo. submetida ao um leve lixamento, para permitir que a
demão subseqüente tenha adesão mecânica sobre
Pintura após ultrapassar o intervalo entre a mesma. Isto é imprescindível quando se trabalha
demãos: com tintas de elevada resistência química, como as
Caso isto ocorra e nenhuma providência for epóxi e as poliuretanas.
tomada, a aderência poderá ser prejudicada Em alguns casos, após uma interrupção
gerando destacamentos entre demãos. muito prolongada, pode ocorrer uma degradação da
última demão de tinta aplicada, e o defeito mais
Quando ultrapassado o intervalo entre comum é o empoamento, nem sempre muito
demãos, o procedimento de lixamento superficial da superficial, requerendo então um lixamento mais
camada é necessário para criar sulcos ou ranhuras, vigoroso, que provoca uma significativa redução da
cuja rugosidade, possibilita maior superfície de espessura, tornando necessário repetir-se a
contato com a tinta a ser aplicada e assim melhora aplicação da demão da tinta desbotada, ou pelo
a aderência entre as demãos. Este processo de menos repor sua espessura.
lixamento é chamado de quebra superficial no
brilho.

65
Terminada a aplicação, as trinchas devem
ser de imediato limpas com solvente adequado, de
18.4. Pintura na fábrica ou no campo forma a remover qualquer depósito de tinta, e a
A aplicação do esquema de pintura na seguir secas e adequadamente armazenadas
fábrica apresenta uma série de vantagens em (apoiados pelo cabo e nunca pelas cerdas).
relação à aplicação no campo. A primeira grande As trinchas normalmente utilizadas têm em
vantagem é a possibilidade de utilização de torno de 125 mm de largura e suas cerdas são de
equipamentos sofisticados de aplicação, como a pêlos de animais, fibras sintéticas ou vegetais.
pistola eletrostática e a eletroforese. A segunda é a
menor influência das condições atmosféricas, como Tipo de Pincel Tipo de Trabalho Comentários
ventos, altas e baixas temperaturas, elevadas Medida de 75 a 125 Áreas grandes e Maior rendimento
umidades relativas do ar e chuvas, que prejudicam mm (3 a 5 “) planas da pintura
Medida de 25 a 50 Áreas pequenas e Evita desperdício
consideravelmente a aplicação no campo, por não mm (1 a 2”) planas de tinta
poderem se controladas. Medida de 75 a 125 Parafusos, porcas, Fazer penetrar nas
Entretanto, a depender das particularidades mm (1-1½ “) cordões de solda, frestas e saliências
dos equipamentos que estão sendo pintados e do frestas e arestas
local onde serão utilizados, a aplicação no campo
pode tornar-se mais vantajosa. É o caso típico de 18.5.2. Rolo
grandes equipamentos de caldeiraria, que se
É um método de aplicação que viabiliza a
pintados na fábrica, durante as operações de
obtenção de elevadas espessuras por demão,
transporte, armazenamento e instalação, poderão
mediante passes sucessíveis, conferindo-se a
sofrer danos de tal ordem que, mesmo reparados,
medida de filme úmido obtido conforme
poderão comprometer o desempenho do esquema
especificado, além de alcançar maior produtividade
de pintura.
que a trincha.
As perdas de tinta durante a aplicação são
18.5. Métodos de aplicação em principio superiores à da trincha, devido
principalmente a respingos, porém, o fato de se
18.5.1. Trincha (pincel de formato chato) conseguir espessuras mais uniformes do que
É o mais elementar dos métodos de pintura, aquele método tende a igualar suas perdas. Exigem
por ser uma ferramenta simples e, diluições ligeiramente superiores às exigidas pela
conseqüentemente de baixo custo, além de não trincha.
requerer grande capacitação do aplicador. O método de aplicação a rolo é
É o método mais indicado para aplicação particularmente aplicável à pintura de grandes áreas
da primeira de mão de tinta em cordões de solda, planas ou com grande raio de curvatura, na
reentrâncias, cantos vivos e demais acidentes, onde presença de ventos, onde a aplicação à pistola a
outros métodos de aplicação poderiam deixar elevadas perdas de tinta. O mesmo se aplica as
falhas, devido à dificuldade de penetração ou à tubulações de variados diâmetros.
cavidade e às demais regiões de difícil acesso. Os rolos fabricados a partir de pêlo de
É um método de baixa produtividade. carneiro são de melhor qualidade para aplicação da
Por maior que seja a habilidade do maioria das tintas utilizadas em pintura industrial. O
aplicador, tende a dar origem a películas não- rolo mais utilizado tem largura de 150 mm, sendo
uniformes, particularmente em termos de eventualmente utilizado o de 50 mm para
espessura. superfícies de menor dimensão, como cantoneiras e
A perda de tinta durante a aplicação é tubulações de pequeno diâmetro.
mínima, normalmente não alcançando a 5%.
Método de aplicação: O rolo não deve ser
Método de aplicação: Deve ser feita mergulhando mergulhado todo na tinta. Deve ser mergulhada na
de 2/3 até a metade do comprimento das cerdas na tinta depositada em uma bandeja ou recipiente, que
tinta (evitam-se desperdícios de tinta e perda da possui uma região que permite a retirada de
própria trincha), depositando-se a tinta em uma excessos, que pode gerar escorrimentos ou
região ainda não coberta e depois a espalhando em desperdícios, espalhando-se a tinta na superfície
passes cruzados. dada uma sobreposição de 50 mm.
O nivelamento e alisamento da camada se A pressão do rolo sobre a superfície deve
fazem com longas pinceladas sobre as iniciais, sem ser controlada para obter um filme de espessura
apertar muito para evitar marcas das cerdas no uniforme. Para superfícies muito rugosas o rolo
filme. deve ser passado em várias direções indo e
As pinceladas devem ser dadas com uma voltando para fazer a tinta penetrar nas
pequena inclinação na trincha, para facilitar o irregularidades. A cada novo início de espalhamento
deslizamento. A inclinação deve ser ao contrário da da tinta, o rolo acumula muita tinta e no final do
volta. percurso já esta com pouca, devido a isto é

66
importante fazer o repasse em sentido contrário ao pelo fabricante da mesma) e fonte supridora de ar,
primeiro movimento uniformizando a camada. que deve ser seco.
Ao final da aplicação, o rolo deve ser
imediatamente limpo com solvente, para que possa Tipos de Pistola Convencional
ser reaproveitado. Alimentação Comentários
Sucção Caneca: a tinta é transferida por sucção para
a pistola.
18.5.3. Pistola convencional Pressão Tanque: A tinta é empurrada para a pistola
devido a pressão gerada no tanque

Na pistola convencional, ou pistola a ar, a


Pistola de caneca: usado em oficinas de repinturas
tinta depositada no recipiente é expulsa em direção
ou na indústria para operação de peças pequenas.
ao bico da pistola pela ação da pressão do ar. É um
A caneca quando cheia pesa em torno de 1 Kg
método de aplicação de tinta muito utilizado em
dependo da tinta, cansando o pintor.
pintura industrial, não só na pintura de campo como
na de oficina, apresenta grande produtividade, tem
Pistola convencional com tanque de pressão:
como característica a obtenção de espessura de
muito usado na indústria onde há necessidade de
película quase que constante ao longo de toda a
produtividade. O tanque permite a colocação de um
superfície pintada.
volume maior de tinta preparada, evitando paradas
A aplicação da tinta pelo método da pistola
para reabastecimento. Alguns tanques trazem
convencional requer que a mesma seja diluída mais
acoplado um agitador pneumático para
que qualquer outro método, para adequar sua
homogeneizar a tinta constantemente.
viscosidade, de forma que ela possa fluir do
Na aplicação da tinta pelo método da pistola
recipiente até a pistola pela ação da pressão do ar.
convencional, uma série de cuidados devem ser
Como conseqüência dessa excessiva diluição, o
observados. O primeiro é a correta diluição da tinta,
método tem duas desvantagens significativas. A
procurando-se ajustar sua viscosidade a uma
primeira é que, com a evaporação do solvente, há
aplicação adequada. Outro é a seleção do bico da
uma sensível redução da espessura da película
pistola, que é feita em função das propriedades
úmida para seca.
tixotrópicas da tinta. A pressão e a vazão do ar que
O método de aplicação por pistola
é injetado no tanque de pressão também devem ser
convencional apresenta ainda como limitação o fato
selecionadas em função das propriedades da tinta
de levar à excessivas perdas de tinta durante a
que se quer aplicar. Este elenco de parâmetros
aplicação, da ordem de 30 %, e os riscos de
definirá o leque do fluido constituído da mistura tinta
segurança, observados quando a aplicação é feita
e ar que sai do bico da pistola.
em ambientes fechados, são significativos, devido
ao excessivo acúmulo de solventes.
Método de aplicação: A pistola deve ser
posicionada com o leque do fluído constituído de
Existem dois tipos de equipamentos tidos como
tinta e ar, incidindo perpendicularmente em relação
pistola convencional.
à superfície a pintar e deslocada em movimentos de
ida e volta paralela aquela superfície.
a) Nos mais simples, o recipiente é acoplado
Neste movimento de ida e volta, deve haver
diretamente a pistola (pistola de caneco).
uma sobreposição da passada subsequente para
b) No outro, a tinta é depositada em um grande
que haja continuidade da película aplicada. A
recipiente e, através de mangueiras, pela ação da
sobreposição deve ser da ordem de 50%. A
pressão do ar injetado dentro do recipiente, chega
distância do bico da pistola à superfície deve oscilar
até a pistola.
entre 15 e 20 cm. A aplicação com a pistola muito
próxima da superfície causa o defeito de
O pequeno recipiente do primeiro
escorrimento da película e, com a pistola muito
equipamento acarreta frequentes interrupções da
distante, o efeito de sobreposição ou overspray
aplicação para enchimento do mesmo com tinta. A
(depósitos sobre a superfície em forma de pó ou
vantagem do segundo equipamento é que a pistola
grânulos). A velocidade de passagem do leque de
fica mais leve, uma vez que o recipiente onde a tinta
fluido em um sentido e outro também pode causar
é depositada não fica acoplado à mesma, como
tais defeitos.
acontece com o primeiro equipamento.
O defeito do overspray é ainda muito
A instalação para aplicação das tintas pelo
comumente observado em aplicação de tintas pelo
método de pistola convencional, consiste:
método de pistola convencional quando o pintor não
manômetro, regulador de pressão e válvulas de
tem a necessária qualificação e é influenciado pela
entrada de ar e saída da mistura ar e tinta,
diluição, seleção do bico, pressão do ar, distância
mangueiras de ar e da mistura ar e tinta, pistola
inadequada da pistola à superfície e movimentos
(com bico que é selecionado em função da tinta que
irregulares.
se quer aplicar, a partir de instruções fornecidas

67
COMO MOVIMENTAR A PISTOLA PERANTE A COMO DEVE SER FEITA A APLICAÇÃO COM A
PEÇA PISTOLA
 Mantenha o pulso flexível  O pulso está muito rígido
 Movimente a pistola perpendicular à peça

15 a
20 cm A cobertura será A cobertura será
leve nesse ponto pesada nesse ponto

ERRADO
Figura ilustrativa nº 43 – Aplicação da tinta de
Figura ilustrativa nº 45 – Aplicação da tinta de
maneira a estar com a pistola paralela à peça.
maneira a movimentar à pistola em arco em
relação à peça.
COMO POSIONAR A PISTOLA EM RELAÇÃO A
PEÇA
COMO SEGURAR A PISTOLA PERANTE O
 Perto demais
o Tinta muito carregada PAINEL
o Tende a escorre
 Como segurar a pistola
 Longe demais
o Casca de laranja CORRETA
o Acabamento arenoso
o Formação de pó (pulverização seca)

ERRADA

Figura ilustrativa nº 46 – Aplicação da tinta de maneira


a estar com a pistola paralela à peça e à uma distância
entre 15 e 20 cm da peça.

COMO COBRIR UM PAINEL SOBREPONDO


CAMADA
NA PRIMEIRA PASSADA APONTE
PARA A BORDA DO PAINEL

Figura ilustrativa nº 44 – Aplicação da tinta de


maneira a estar com a pistola, hora muito perto ou COMEÇO DA
PASSADA
muito longe em relação à peça. APERTE O
GATILHO

APONTE PARA A BORDA


INFERIOR NA ÚLTIMA PASSADA
Figura ilustrativa nº 47 – Aplicação da tinta,
inicialmente pelos cantos e bordas e posteriormente
sobrepondo o passe anterior.

68
tubulações de diâmetro suficiente, reguladores de
SOBREPOSIÇÃO DA CAMADA EM 50% pressão com manômetros em bom estado de
funcionamento, filtros separadores de água e óleo e
mangueiras com comprimento e diâmetro
adequado.

COMPRESSOR DE AR
A instalação dos compressores deve ser em
local limpo para evitar que a poeira venha a entupir
o filtro de entrada do ar, em local seco para evitar o
Sobre
passada 50% acúmulo de água no reservatório causado pela
umidade presente no ar e ventilado para melhorar
o resfriamento do cabeçote, capacidade de geração
de ar suficiente para manter boa pressão durante o
processo de aplicação.
Deve estar nivelado e em local de fácil
acesso para facilitar a sua manutenção.
O óleo de lubrificação deve ser verificado
diariamente e efetuado o dreno da água acumulada
Figura ilustrativa nº 48 – Aplicação da tinta sobrepondo no reservatório diariamente.
50% do passe anterior.
TUBULAÇÃO DE AR
SOBREPOSIÇÃO DA CAMADA EM 75%
Deve ser de aço galvanizado com bitolas de
¾ a ½ polegada, dependendo do volume de ar
necessário. Deve ser a mais direta possível para
evitar perda de pressão e instalada com inclinação
no sentido do compressor, para que em caso de
acúmulo de água e óleo, estes retornem facilmente
Sobre
passada 75% ao reservatório.

18.5.4. Pistola sem ar (AIRLESS)

Ao contrário da pistola convencional, que


utiliza o ar para atomização da tinta, a pintura sem
ar utiliza uma bomba, acionada pneumaticamente,
para pressurizar à tinta, e a energia com que a
Figura ilustrativa nº 49 – Aplicação da tinta sobrepondo mesma chega ao bico da pistola provoca sua
75% do passe anterior, proporcionando maior camada pulverização.
na mesma demão.
A alimentação da pistola é feita com
COMO COBRIR UM PAINÉL GRANDE bombas hidráulicas e a atomização das tintas é
SOBREPONDO CAMADA LATERAL produzida pela passagem da tinta sob alta pressão
através de um orifício de diâmetro muito pequeno.
10 CM DE SUPERPOSIÇÃO
Pressões da ordem até 7.500 Libras/pol2,
PASSADA DE dependendo do tipo de equipamento usado,
45 A 60 CM enquanto nas pistolas convencionais a pressão no
tanque fica por volta de 20 a 60 Libras/pol2. Isto
permite que sejam aplicadas com este método tintas
PRIMEIRA TERCEIRA
SEGUNDA com elevadas quantidades de sólidos por volume
(tintas sem solventes), sem a necessidade de
Figura ilustrativa nº 50 – Aplicação da tinta sobrepondo as diluição e em espessuras elevadas.
extremidades do passe anterior em 10 cm.
Além de ser um método que permite a
aplicação de películas de tintas com propriedades
LINHA DE AR COMPRIMIDO uniformes em termos de espessura e baixa
O ar deve chegar limpo e seco à pistola, em incidência de falhas, é de elevada produtividade e
volume e pressão suficientes. Um sistema de tem perdas de tinta na aplicação bastante
geração de ar é composto de: Compressor, reduzidas, da ordem de 15%. Na aplicação da tinta

69
pelo método da pistola sem ar devem ser
observados os mesmos cuidados já descritos para a 18.5.6. Imersão
aplicação da pistola convencional em termos de
A pintura de imersão pode ser dividida em
diluição, seleção do bico e movimentos de
dois processos:
aplicação.
Imersão simples em que se mergulha a
A aplicação de tintas pelo método da pistola
peça a ser revestida em um “banho” de uma tinta
sem ar requer cuidados de segurança por parte do
contida em um recipiente. Normalmente, este
pintor, dadas às elevadas pressões envolvidas.
recipiente possui uma região para recuperação da
tinta que se escoa da peça, após sua retirada do
A distância entre o bico da pistola airless e
“banho”. Este processo oferece uma série de
a superfície a ser pintada é de 25 a 50 cm. Adotam-
vantagens, tais como:
se as mesmas técnicas de aplicação para a pistola
convencional.
Economia, por minimização de perdas
(apesar da evaporação que, entretanto, só
18.5.4.1. Pistola airless assistida desperdiça solvente); fácil operação; utilização
mínima de operadores e equipamentos; uso de
Método de aplicação misto entre o sistema pessoal não especializado e qualificado; a peça fica
airless e o convencional, utilizando a técnica de completamente recoberta, não havendo pontos
pressurização com pressões de 3.000 a 4.000 falhos sem aplicação de tinta. As desvantagens são:
Libras/pol2, e possui capa com chifres e com espessura irregular, pois, quando a peça é retirada
orifícios para a saída do ar comprimido para auxiliar do banho, a tinta escorre pela superfície e,
na pulverização. conseqüentemente, as partes de cima sempre terão
menor espessura que as partes de baixo; tendência
Utilizado para melhorar as propriedades de a apresentar escorrimentos, principalmente nos
aplicação e pulverização em tintas sem diluentes, pontos onde existam furos, depressões ou ressaltos
quanto à distribuição das partículas de tinta na peça, prejudicando o aspecto estético; baixa
permitindo um acabamento mais uniforme. espessura de película (salvo em casos especiais)
etc.
18.5.5. Pistola eletrostática
Pintura por flooding: Método de aplicação
de tintas bi-componentes, utilizando pequenos
A pintura eletrostática é um método de
volumes por meio de um esguicho. Utilizado na
aplicação de tintas muito utilizado na aplicação de
pintura de tanques e radiadores de transformadores.
pintura de fábrica e somente há poucos anos
Consiste em utilizar uma bomba pneumática para
passou a ser usada na aplicação de esquemas de
fazer circular a tinta e espalhar a mesma na peça
pintura no campo. Vem sendo largamente utilizada
situada sobre uma caçamba, onde o excesso da
na pintura de tubos que são usados na construção
tinta escorre para o centro da caçamba sendo
de dutos enterrados ou submarinos. Nestes casos,
recolhida e bombeada novamente para a peça.
a aplicação da pintura dos tubos é feita na oficina, e
Geralmente usa-se a quantidade mínima de 02
as juntas são aplicadas eletrostaticamente no
Galões de tintas catalisada e diluída no
campo.
abastecimento da bomba. O ajuste da viscosidade e
escolha do produto é muito importante para se
A tinta é eletrizada na pistola durante a
conseguir um bom alastramento e boa camada na
pulverização e projetada contra a peça que deve ser
peça. Recomenda-se realizar medições da
aterrada com carga de sinal contrário. O
viscosidade durante o processo visando garantir
aproveitamento da tinta neste método é maior
uma boa aplicabilidade.
devido as partículas que seriam perdidas durante a
pulverização, serem atraídas para a peça.
Imersão eletroforética: neste processo, é
mantido o mesmo princípio da imersão simples. As
As tintas utilizadas na pintura eletrostática
tintas usadas possuem, porém, uma formulação
baseiam-se na seleção dos aditivos e solventes,
especial, que permitem a sua polarização. Usando
responsáveis por fornecer maior ou menor
esta propriedade a peça é ligada a retificadores e
polaridade, podendo ser tintas líquidas ou em pó.
estabelece-se, entre a peça e a tinta onde ela está
mergulhada, uma diferença de potencial, de modo
Estes produtos devem ser fornecidos dentro
que a tinta seja atraída pela peça (que, obviamente
das faixas de condutividade (faixa de 10 a 30 micro
tem de ser metálica). Desta forma, toda a peça fica
amperes - µA) ou resistividade (faixa de 0,4 a 0,8
recoberta com uma camada uniforme e aderente de
megaohms - MΩ) de acordo com o equipamento de
tinta, com espessura na faixa 20-40 μm. O excesso
aplicação.
de tinta, não aderida, é removido por posterior

70
lavagem. Após a peça é introduzida em estufa para
que a película venha a se formar por ativação
térmica.
Tanto para imersão simples quanto para a
eletroforética, deve-se manter o banho em
constante agitação, para manter os sólidos
(principalmente pigmentos) em suspensão. Estas
tintas possuem baixo teor de pigmentação, para que
a suspensão seja facilitada. Este processo é usado
para pequenas peças e até carrocerias de
automóveis

18.6. Estimativa de perda de tinta durante a


aplicação

Método de Aplicação Perda de Tinta


Convencional 20 a 40%
“Air Less” 10 a 20%
Eletrostático 05 a 15%
Imersão 05 a 08%
Pincel ou Rolo 04 a 08%

71
laboratório para comprovar o atendimento ao
especificado.
19. FALHAS E DEFEITOS
Não é raro observarmos esquemas de
19.1.3. Treinamento e capacitação do pessoal
pintura, que teoricamente seriam de grande
desempenho, falharem rapidamente por aspectos
associados à má qualidade da aplicação. Trata-se talvez da ação preventiva mais
O tradicional controle da qualidade com importante na otimização do desempenho de
ênfase em inspeção do produto final, apesar de ser esquemas de pintura. A aplicação de tintas, apesar
a abordagem mais freqüente, é totalmente contra- de não ser uma atividade complexa, requer
indicada em se tratando de aplicação de tintas. cuidados especiais que dependem não só da
habilidade do profissional como do conhecimento de
uma série de técnicas aplicáveis.
O treinamento e a capacitação do pessoal
19.1. Ações de prevenção de defeitos antes devem abranger principalmente os jatistas, os
da aplicação pintores, os supervisores ou encarregados de
campo e os inspetores de controle de qualidade.
O treinamento deve ser teórico e envolver também
19.1.1. Explicitação do esquema de pintura aspectos de motivação e conscientização para a
O esquema de pintura deve ser explicitado importância da qualidade.
por escrito contendo o seguinte conteúdo mínimo:
 Preparo da superfície a ser alcançado,
definindo grau de limpeza e rugosidade a 19.1.4. Elaboração de procedimentos de
ser alcançada;
 Especificação das tintas a serem utilizadas; execução
 Intervalos entre demãos a serem
observadas; A idéia da elaboração preliminar deste
 Espessuras por demão das películas de documento é fazer com que o pessoal responsável
tinta; pela execução dos trabalhos de aplicação das tintas
 Método de aplicação a serem utilizados; possa familiarizar–se com os requisitos do esquema
 Ensaios a serem realizados, durante e após de pintura, bem como explicitar detalhadamente
a aplicação, com os respectivos critérios de como os atenderá. Isto faz com que o pessoal
aceitação ou rejeição. responsável pela execução planeje sua atuação,
minimizando a possibilidade de ocorrerem
Deve-se certificar se o esquema de pintura surpresas durante a aplicação das tintas, que
explicitado é adequado às particularidades do meio possam comprometer a qualidade do esquema de
ambiente, das condições operacionais do pintura.
equipamento que esta sendo pintado e das
condições da aplicação (acesso, implicações do Um procedimento de aplicação de tintas
jateamento abrasivo etc.) deve conter o seguinte conteúdo mínimo:
 Esquema de pintura a ser usado;
 Normas do esquema de pintura a ser
usado;
19.1.2. Qualidade das tintas utilizadas
 Condições de recebimento e
Deve-se certificar se as tintas a serem armazenamento das tintas, abrasivos, etc.;
utilizadas na aplicação do esquema de pintura estão  Preparo da superfície a ser executado;
em conformidade com o especificado.  Seqüência de aplicação do esquema de
Isto pode ser feito de duas formas. Na pintura, com intervalos de tempo entre
primeira, enviar as tintas para o laboratório e demãos;
através de ensaios, comparar as propriedades das  Processo de aplicação de cada tinta;
tintas com o especificado. Esse processo é  Tintas a serem usadas, incluindo
demorado e de elevado custo. A forma mais fornecedores e respectivas referências
adequada e preventiva é efetuar uma qualificação comerciais;
preliminar do fornecedor da tinta. Esta qualificação  Métodos de retoques no esquema de
deve contemplar aspectos de capacitação fabril, pintura.
capacitação de pessoal e sistema da qualidade
implantado pelo fabricante. Nestes casos, exige-se
que a tinta venha acompanhada de um certificado
de qualidade e eventualmente é enviada ao

72
19.1.5. Elaboração de procedimentos de de sua limpeza através de comparação com os
padrões das Normas ISO 8.501-1 e SIS 05 59 00.
inspeção Essa inspeção permite ainda identificar
eventuais defeitos superficiais, tais como
O procedimento de inspeção deve incrustações de escória, respingos de soldas e
contemplar o seguinte conteúdo mínimo: massas, que normalmente necessitam ser
 Definição das etapas da aplicação que removidos.
serão inspecionadas;
 Definição do procedimento de inspeção de AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS
cada etapa;
 Definição da frequência de inspeção de As condições atmosféricas influenciam
cada etapa; todas as etapas do processo de aplicação do
 Definição da época de inspeção de cada esquema de pintura, desde o preparo da superfície
etapa; até a cura das tintas.
 Definição da amostragem e critérios de Devem ser determinadas as umidades
aceitação ou rejeição a serem observados; relativas do ar e a temperatura ambiente.
 Definição dos pontos de parada obrigatória A umidade relativa do ar interfere na
para inspeção (hold points). limpeza da superfície e na cura das tintas. A
superfície, após a limpeza, fica sensível a umidade
do ar. Após um jateamento ao metal branco,
19.1.6. Calibração dos aparelhos e instrumentos qualquer contato com o ar úmido provoca oxidação
da superfície.
de medição e testes Por isto, é desejável que durante o
Não há controle da qualidade que seja jateamento seja feito um controle da umidade
confiável se é feito com instrumentos não calibrados relativa do ar, procurando somente executá-la
periodicamente. As condições de uso, quando for inferior a 80%.
características construtivas dos instrumentos e as O controle da umidade relativa do ar é feito
condições climáticas são alguns fatores que podem normalmente com o higrômetro.
provocar alterações nos instrumentos, que levam a As tintas epóxi endurecidas com aminas são
erros de leitura. sensíveis à umidade relativa do ar, dando origem a
Assim, é desejável que os mesmos sejam películas com propriedades diferentes das
periodicamente calibrados. Esta periodicidade desejadas.
variará em função dos três fatores anteriormente Constituem uma exceção a esta regra as
mencionados. O pessoal de controle de qualidade tintas de etil silicato de zinco, que curam tanto
do aplicador das tintas deve elaborar e implementar melhor quanto maior for à umidade relativa do ar.
um “plano de calibração dos aparelhos e
instrumentos de medição e testes”, indicando para Recomenda-se seguir a orientação abaixo,
cada um: durante todo o período de preparo da superfície e
 Periodicamente da calibração; aplicação das tintas:
 Entidade calibradora, que deve ser  Umidade relativa do ar que deve ser inferior
credenciada pela Rede Brasileira de a 85%;
calibração (RBC), coordenada pelo  Temperatura ambiente que não deve ser
INMTRO; inferior a 5°C;
 Procedimento de calibração;  Temperatura da superfície (medida através
 Padrão de referência; de termômetro de contato), que não deve
 Exatidão do aparelho ou instrumento; ser inferior a um valor correspondente a 3°C
acima do ponto de orvalho (ou 2°C, a que
for maior) e nem superior a 45°C (ou 40°C
19.1.7. Ações de prevenção de defeitos durante para as tintas inorgânicas de zinco).
a aplicação
INSPEÇÃO DE RECEBIMENTO DO ABRASIVO
INSPEÇÃO VISUAL DA SUPERFÍCIE A SER
PINTADA A inspeção deve ser feita para cada lote de
abrasivo recebido. Avaliando-se o certificado de
A inspeção é feita visualmente, objetivando análise e / ou através da determinação da
identificar a presença de óleo ou graxa sobre a granulometria.
superfície, que devem ser removidos por solvente, A determinação da granulometria deve ser feita
além de identificar o estado inicial de oxidação da através de ensaio passa-não-passa, em peneiras
superfície, que será necessário para avaliar o grau

73
com aberturas preestabelecidas de acordo com qualidade compete acompanhá-las para certificar-se
cada abrasivo. de que estão sendo conduzidas em conformidade
Nota: Norma SAE J444, com as recomendações dos fabricantes.

INSPEÇÃO DE RECEBIMENTOS DAS TINTAS AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE APLICAÇÃO DAS


TINTAS
Deve-se exigir do fabricante um certificado
de qualidade de cada lote fornecido, cabendo ao À semelhança da mistura e da diluição, a
usuário confrontar os valores constantes do seleção do método de aplicação é uma atividade
certificado com os critérios de aceitação previstos típica do pessoal de execução, porém compete ao
na norma ou na especificação da tinta comprada. pessoal do controle da qualidade efetuar o
A inspeção de recebimento das tintas não acompanhamento.
deve limitar-se à verificação da sua qualidade. Por
exemplo, com relação à embalagem, uma série de
verificações deve ser feita: AÇÕES DE DETECÇÃO DE DEFEITOS
 Se existe deficiência de enchimento;
 Se o fechamento está correto; Quanto mais cedo qualquer defeito for
 Se existem problemas de vazamento, detectado, menores serão as suas repercussões em
amassamento, cortes, falta ou insegurança termos de gastos com materiais e mão-de-obra, re-
da alça e marcação deficiente; execução de trabalhos e lucros cessantes.
 Se está dentro da data de validade de
utilização;
 Se há presença de pigmento sedimentado; AVALIAÇÃO DE EVENTUAIS FALHAS DAS
 Se há presença de Pele. PELÍCULAS DE TINTA
Qualquer não-conformidade dentre as
verificações citadas deve ser motivo de abertura de Como conseqüência de deficiências de
registro de reclamação junto ao fabricante da tinta. aplicação, as películas de tinta ficam sujeitas a
falhas que podem comprometer seu desempenho.
Tais falhas têm origem em uma das seguintes
AVALIAÇÃO DO GRAU DE LIMPEZA DA causas, atuando isoladamente ou em conjunto:
SUPERFÍCIE  Má qualidade da tinta;
 Método de aplicação inadequadamente
Um preparo de superfície deficiente leva o selecionado ou utilizado;
esquema de pintura a problemas de adesão e  Má capacitação dos aplicadores;
desempenho. Assim, o pessoal do controle da  Interferência das condições climáticas,
qualidade deve inspecionar 100% da superfície como ventos, temperatura ou umidade
limpa. A inspeção deve ser visual ou relativa do ar.
eventualmente com o auxilio de lupa. A
luminosidade do ambiente deve ser a mais Após a aplicação de cada demão de tinta,
adequada possível. toda a superfície pintada deve ser inspecionada
Verificar o grau de limpeza, antes de efetuar visualmente ou com auxílio de algum instrumento
a medição do perfil de rugosidade, deve verificar se ótico, para identificar eventual aparecimento das
a mesma não tem poeira depositada, vestígios de seguintes falhas:
óleo.  Poros, normalmente ocasionados por má
qualidade da tinta, adição inadequada de solvente
ou temperatura de superfície elevada;
MEDIÇÃO DO PERFIL DE RUGOSIDADE  Crateras, normalmente ocasionadas por má
qualidade da tinta ou adição inadequada de
Um inadequado perfil de rugosidade pode solvente; são muito freqüentes em algumas tintas
levar a falhas do esquema de pintura por falta de epóxi de acabamento ou acrílicas;
adesão.  Bolhas ou empolamento, normalmente
ocasionados por má qualidade da tinta ou adição
inadequada de solvente; são muito freqüentes em
ACOMPANHAMENTO DA MISTURA E DILUIÇÃO algumas tintas epóxi de acabamento ou acrílicas;
DAS TINTAS  Fiapos, normalmente ocasionados por seleção
inadequada do método de aplicação (bico da
Apesar das atividades de mistura e diluição pistola, por exemplo), inabilidade do aplicador ou
das tintas serem tipicamente de responsabilidade do inadequação das condições climáticas,
pessoal de execução, ao pessoal do controle da

74
particularmente ventos; são muito freqüentes em experiência do inspetor é que, na maior parte das
tintas acrílicas; vezes, determina se o defeito é aceitável ou não.
 Escorrimento, normalmente ocasionados por Constitui exceção à Norma ASTM-D-714, que
diluição excessiva ou deficiência de capitação do estabelece um método para qualificação do
aplicador; empolamento em função do tamanho e da
 Impregnação de abrasivos, normalmente distribuição das bolhas. Com base naquela norma, a
ocasionados pela execução de jateamento sem que Norma da PETROBRAS N-13 aceita empolamento
uma tinta anteriormente aplicada tenha alcançado a até o tamanho 8, pequena densidade para tintas a
secagem ao toque; base de esmalte epóxi e acrílica.
 Gretamento ou fendilhamento, normalmente
observados em tintas inorgânicas de zinco
aplicadas em grandes espessuras; MEDIÇÃO DAS ESPESSURAS DAS PELÍCULAS
 Enrugamento, normalmente observadas em tintas DE TINTA
de alumínio fenólico aplicadas em superfícies com
temperatura excessiva; Esta é a mais tradicional das ações de
 Sangramento, normalmente ocasionado quando controle da qualidade durante a aplicação de um
da aplicação de demão subseqüente com esquema de pintura. A medição da espessura é
incompatibilidade química, em relação à demão feita inicialmente com a película úmida durante a
anterior ou não-observância do intervalo mínimo aplicação e finalmente com a película seca. Deve
entre demãos ou tempo de secagem para repintura. ser feita para cada demão de tinta aplicada.
A medição da espessura da película úmida
Não existem critérios precisos para é normalmente feita pelo próprio pessoal de
aceitação ou rejeição das falhas anteriormente execução, pois visa controlar as condições de
citadas, até porque algumas são inevitáveis. Por aplicação, evitando descontinuidades ou consumo
exemplo, é praticamente impossível a aplicação de exagerado de tinta.
tintas sem a ocorrência de qualquer poro. A

DEFEITO IDENTIFICAÇÃO ORIGENS CORREÇÕES

Fervura Presença de várias 1) Evaporação muito rápida do 1) Após secar, lixar as partes
(ver foto 1) bolhas pequenas que solvente afetadas, preparar a superfície e
aparecem em parte de 2) Aplicação sobre superfícies repintar conforme a especificação
superfície ou em toda a quentes técnica
superfície pintada, 3) Tinta formulada 2) Usar solvente menos volátil.
podendo ou não inadequadamente para aplicação 3) Uso de retardador
apresentar um pequeno a rolo 4) Deixar esfriar o substrato
orifício central 4) Uso de Diluente/Thinner 5) Usar tinta aditivada com
inadequado tensoativos / antiespumantes para
5) Espessura muito alta aplicação a rolo
6) Não atendimento dos 6) Usar Diluente / Thinner correto
intervalos entre demãos 7) Aplicar na espessura
7) Necessidade de Flash Off recomendada
8) Temperatura ambiente 8) Respeitar os intervalos
recomendados entre demãos
9) Aumentar o tempo de Flash Off
para forneio (Cura em estufa)

Enrugamento Presença de microrugas 1) Pode ser motivado por 1) Após secar, lixar as partes
(ver foto 2) na superfície ou
películas muito espessas ou por afetadas, preparar a superfície e
encolhimento da película
solventes extremamente voláteis repintar conforme a especificação
de tinta aplicada em 2) Secagem superficial muito técnica
parte ou em toda a rápida 2) Se necessário remover tudo
superfície, parecida com
3) Formulação da tinta (uso 3) Aplicar espessura correta
um tecido amassado. solventes muito voláteis) 4) Usar solvente menos volátil.
4) Não atendimento dos 5) Diluir corretamente
Ondulação da película, intervalos entre demãos
ocasionada por uma
secagem irregular

Empolamento ou Formação de bolhas ou 1) Encapsulamento de ar na tinta 1) Após secar, lixar as partes


vesículas contendo devido processo de mistura e afetadas, preparar a superfície e

75
Bolhas sólidos, líquidos ou preparação repintar conforme a especificação
(ver foto 3) gases. 2) Processo de aplicação que técnica
envolve bombeamento 2) Se necessário remover tudo
3) Secagem superficial rápida do 3) Uso de menor proporção de
filme solventes de evaporação rápida na
4) Uso de solvente de formulação
evaporação rápida 4) Melhorar a limpeza superficial.
5) Superfície mal preparada ou 5) Tratamento de superfície
oleosa. próximo orla marítima (Maresia)
6) Excesso de umidade no 6) Eliminar a umidade no
substrato ou ambiente. substrato.
7) Solvente retido no substrato 7) Aplicar espessuras conforme
devido à secagem rápida da recomendação e usar solvente
tinta. mais pesado.
8) Uso de tinta muito porosa 8) Eliminar a umidade do ambiente
(inadequada ao ambiente) 9) Rever especificação da tinta

Marcas de Falta de nivelamento; 1) Tinta com desbalanceamento 1) Utilizar produtos adequados.


Trincha pintura estriada no tixotrópico. 2) Usar solventes de evaporação
sentido de aplicação 2) Solvente de evaporação mais lenta (retardador)
rápida. 3) Treinamento de Pintor
3) Inabilidade do pintor ou pincel 4) Utilização de pincel mais macio.
de cerdas muito duras.
Gretamento ou A superfície apresenta- 1) Inabilidade do Pintor 1) Treinamento do Pintor
Craqueamento se com aspecto de 2) Aplicação de tintas Etil Silicato 2) Respeitar intervalos entre
(ver foto 5) textura igual ao couro de de Zinco (Alta Camada) demãos
jacaré (alligatoring) 3) Aplicação de tinta de alta 3) Respeitar intervalos entre
dureza sobre fundo de menor demãos
dureza. 4) Seguir orientação de diluição
4) Secagem superficial rápida, 5) A tinta aplicada deve ser de
enquanto a película continua dureza adequada ao fundo.
pastosa por retenção do 6) Usar solvente adequado.
solvente. 7) Aplicar espessuras conforme
5) Camada muito espessa. recomendação
6) Diluição inadequada 8) Seguir recomendação de
7) Não observância dos intervalo entre demão
intervalos entre demãos 9) Caso a tinta for Etil Silicato de
Zinco – Derrubar tudo jateando.

Escorrimento ou Em superfícies verticais 1) Inabilidade do Pintor 1) Treinamento do Pintor


Coladuras as tintas tendem, por 2) Viscosidade muito baixa da 2) Acertar a viscosidade conforme
(ver foto 4) ação da gravidade, a se tinta. orientação do fabricante.
deslocar enquanto 3) Camada muito espessa. 3) Aplicar espessuras
líquidas, em forma de 4) Uso de diluentes inadequados recomendadas de filme úmido
onda ou gotas até a 5) Desbalanceamento de 4) Usar solventes mais voláteis.
parte inferior. solventes. 5) Utilizar produtos de boa
6) Falta de tixotropia. qualidade técnica.
7) Não observância dos 6) respeitar intervalos
intervalos entre demãos recomendados entre demãos
8) Sedimentação na embalagem 7) Misturar bem as tintas

Trincamento A superfície apresenta- 1) Intervalos entre demãos 1) Obedecer ao tempo


se com minúsculas menores que o estipulado. recomendado pelo fabricante para
trincas. 2) Uso excessivo de solvente repintura.
nas camadas subseqüentes. 2) Usar Diluente recomendado
3) Ganho ou perda de água pelo fabricante
(quando a superfície é de 3) Selar o substrato da madeira
madeira). convenientemente.
4) Não usar qualquer tipo de
thinner

76
Descoramento Perda de cor por 1) Pigmentos ou resinas 1) Empregar tintas de formulação
(branqueamento) degradação dos inadequados para a finalidade. adequada para resistir às
(ver foto 7) pigmentos ou por 2) Ocorre com mais freqüência condições ambientais específicas.
fotodegradação da em dias frios, úmidos e chuva. 2) Esperar secar e polir com
resina. Massa de Polir
Geralmente ocorre em 3) Em casos mais graves,
Tintas Epóxi. aguardar secagem completa, lixar
com lixa de grana fina, adicionar
de 5 a 10% em volume de
Retardador.

Aspereza Após a secagem da tinta 1) Poeira do ambiente 1) Evitar pinturas em ambientes


a superfície se apresenta depositada sobre a pintura com presença de poeira.
áspera ao toque, com enquanto ainda não curada. 2) Homogeneizar a tinta
partículas sólidas 2) Presença de sedimentação na completamente e filtrar se
salientes e aderidas ao tinta necessário.
filme. 3) A tinta não foi devidamente
homogeneizada antes da
aplicação.

Sangramento Consiste no 1) O solvente do novo 1) Remover totalmente a pintura e


(ver foto 11) manchamento de uma acabamento dissolve a tinta repintar com a cor desejada.
película, especialmente antiga.
pelo afloramento da cor 2) A ação de solventes fortes da
da tinta de fundo. tinta de acabamento provoca a 2) Consultar o fabricante quanto a
dissolução da tinta de fundo, recomendação de produtos
Migração parcial dos com o conseqüente
pigmentos, manchamento do acabamento.
geralmente vermelhos e 3) Aplicação de tintas sobre
marrons da pintura tintas a base de alcatrão
antiga para a película do
novo acabamento.

Descascamento Descascamento do filme 1) Superfície mal preparada, 1) Melhorar a limpeza superficial


(falta de de tinta do substrato, contaminada com gorduras ou 2) Controlar o perfil de rugosidade
aderência) parcial ou totalmente. partículas sólidas soltas. 3) Eliminar partículas sólidas
(ver foto 8) Consiste na perda de 2) Umidade no substrato sob soltas.
aderência entre a efeito do calor ambiental passa 4) Medir a temperatura do
película e o substrato ou ao estado de vapor, substrato
das diversas demãos pressionando o filme de tinta, 5) Rever possíveis pontos de
entre si. que se desprende. contaminação durante o manuseio
3) Pintura sobre superfície da peça
aquecida. 6) Ajustar a viscosidade de
4) Reação da tinta com o maneira a garantir a tensão
substrato em compostos solúveis superficial baixa pra uma completa
em água. umectação da superfície.
5) Contaminação da superfície a 7) Nunca usar tintas convencionais
ser pintada após a limpeza sobre superfícies aquecidas acima
6) Rugosidade inadequada de 50ºC.
(pouca rugosidade)
7) Incompatibilidade entre linhas
8) Inobservância dos intervalos
para repintura, especialmente
em tintas polimerizáveis
9) Contaminação da superfície
entre demãos.

Calcinação Envelhecimento 1) Degradação da resina das 1) Escolher tintas de formulação


(ver foto 9) superficial das pinturas tintas sob o efeito dos raios adequada para resistir as
resultando no seu solares (Tintas Epóxi). radiações ultravioleta e as
engizamento (chalking) 2) Nas tintas brancas e pastéis intempéries.
uso de pigmento (dióxido de
titânio) inadequado.

77
Desenvolvimento Formação de colônias de 1) Umidade elevada associada à 1) Lavar a superfície com solução
de fungos ou fungos que se presença de materiais orgânicos de hipoclorito de sódio ou formol.
bolor desenvolvem em decomposição ou parasitas 2) Usar tintas que contenham
escurecendo a de plantas. agentes fungicidas.
superfície. 2) Temperatura ambiente entre 3) Diminuir a umidade aquecendo
0ºC e 40ºC e oxigênio favorecem o ambiente e aumentando a
o desenvolvimento de fungos. ventilação.
4) Aplicar esquemas de pintura
que tornem as superfícies
niveladas, livres de micro
cavidades e imperfeições onde os
fungos se alojam.
Diferença de Manchas na superfície 1) Uso de thinners/solventes 1) Se necessário remover
tonalidade com impressão de serem inadequados. totalmente o filme aplicado
(ver foto 10) cores diferentes 2) Utilização de produtos com 2) Corrigir a tonalidade com as
viscosidades incorretas. cores mixing.
3) Uso incorreto do revólver de 3) É importante
pulverização. homogeneizar bem o produto
4) Número inadequado de antes da sua aplicação
demãos. 4) Conferir as espessuras do filme
5) Homogeneização inadequada aplicado
antes da aplicação

Casca de laranja Irregularidades da 1) Ambiente muito quente 1) Se necessário remover


(ver foto 12) Superfície pintada durante a pintura totalmente o filme aplicado
lembrando o aspecto de 2) Alta viscosidade da tinta 2) Treinamento do Pintor
casca de laranja (filme grossa 3) Consultar fabricante quanto ao
não uniforme, micro 3) Uso de thinners ou solventes Diluente adequado
relevos) não recomendados. 4) Ajustar corretamente a
4) Regulagem inadequada do viscosidade de aplicação da tinta
revólver de pulverização. 5) Obedecer aos intervalos entre
5) Velocidade de aplicação e demãos.
distância entre o revólver e a
superfície incorreta.
6 Aceleração da secagem com
jato de ar.
7) Intervalo insuficiente entre
demãos.
8) Inabilidade do Pintor

Manchamento das Concentração de 1) Inabilidade do Pintor 1) Treinamento do Pintor


cores metálicas alumínio em pequenas 2) Pressão muito baixa ou 2) Após secagem completa, lixar e
áreas, ocorrendo o distância insuficiente do revólver repintar
manchamento da em relação à superfície. 3) Usar apenas o diluente
pintura. 3) Uso de Thinners ou solventes recomendado pelo fabricante
de evaporação lenta.

Oxidação Manchas de oxidação 1) Insuficiência de espessura 1) Adequar e controlar camadas


Prematura vindas do substrato seca final. secas.
2) Peça jateada sem controle do 2) Umidade no substrato.
perfil de jato. 3) Aplicar a tinta em espessuras
3) Contaminação. uniformes
4) Aplicação de espessura de 4) Controlar o perfil de jato
filme irregular

Eflorescência Sais inorgânicos de Superfície de alvenaria contendo 1) Raspar o substrato e aguardar


coloração esbranquiçada alto teor de umidade, sem estar cura completa do mesmo.
que migram do interior suficientemente curada. 2) Utilizar fundo selado alcalino
da superfície e podem, resistente e repintar com tinta
inclusive, romper a adequada.
película de tinta. 3) Se necessário, neutralizar
previamente a superfície com
solução de ácido muriático.

78
Crateras Formação de uma 1) Superfície contaminada por 1) Observar o tratamento de
pequena depressão óleos, graxas ou gorduras superfície quanto a presença de
arredondada sobre a 2) Ambiente de pintura óleo
superfície pintada. Pode contaminado por silicones 2) Instalar purgadores de ar
apresentar-se de forma 3) Uso de anti-respingos e próximo as pistolas de pintura
perfurante e apenas desmoldantes a base de silicone 3) Efetuar a purga do compressor
superficial. Também em áreas próximas a pintura com certa freqüência
conhecida com olho de 4) Ar comprimido contaminado 4) Eliminar anti-respingos e
peixe. 5) Umidade sobre a peça e no ar desmoldantes a base de silicone
6) Falta de instalação de dos locais de realização de solda
purgadores e filtros de ar 5) Homogeneizar bem a tinta
7) Pouca homogeneização da antes da preparação.
tinta

Névoa É o esbranquiçamento 1) Ocorre durante a aplicação da 1) Após secar, lixar as partes


Branqueamento da superfície pintada tinta em condições de alta afetadas, preparar a superfície e
(Brushing) com Tinta Nitrocelulose umidade repintar conforme a especificação
Durante a aplicação, a 2) Uso de diluentes / thinners técnica
evaporação dos inadequados 2) Controlar a umidade e
solventes provoca o 3) Presença de muita umidade temperatura dos ambientes de
resfriamento do filme até no ambiente de pintura pintura
temperaturas abaixo do 4) Demão muito carregada, 3) Usar diluentes de evaporação
ponto de orvalho. A água retardando a secagem. mais lenta
condensada no filme
provoca a precipitação
das resinas e pigmentos,
gerando o aspecto
leitoso e falta de brilho.

Impurezas no São defeitos 1) Impurezas impregnadas na 1) Avaliar como está a estabilidade


filme semelhantes minúsculos superfície do produto
(Pontos) grânulos que ocorrem 2) Presença de partículas 2) Observar a limpeza do
aleatoriamente na gelificadas de resinas na tinta substrato
superfície 3) Presença de impurezas no 3) Passar ar comprimido nas
ambiente peças antes da pintura
4) Impregnação de abrasivo

Marcas de lixa Aspecto de riscos no 1) Uso de lixa de grana muito 1) Corrigir com massa rápida ou
filme de tinta sobre o grossa para o preparo da poliéster o local
substrato retratando superfície 2) Lixar com lixa de grana mais
parcial ou totalmente a 2) Uso de ferramentas manuais fina
peça e mecânicas inadequadamente 3) Treinamento dos operadores

Sedimentação Decantação de 1) Problema de formulação 1) Emitir registro de reclamação


substâncias sólidas ou 2) Produto muito tempo para o fabricante, solicitando a
pastosas no fundo das armazenado correção
embalagens de difícil 3) Tinta diluída e guardada por 2) Implantar sistema de utilização
homogeneização longo período sempre do lote mais antigo
4) Excesso de diluição 3) Diluir de acordo com
5) É produto que foi solicitado a orientações do fabricante
sua revalidação ? 4) Utilizar produtos revalidados
6) Ambiente de armazenamento primeiro
inadequado 5) Implantar melhorias nas áreas
7) Sedimentação apenas após de armazenamento
diluir a tinta ? 6) Após diluir se ocorrer
sedimentação, homogeneizar com
mais freqüência.

79
Diferenças de Diferença nas 1) Inabilidade do Pintor 1) Após secar, lixar as partes
Espessuras espessuras de tintas 2) Falta de controle de filme afetadas, preparar a superfície e
aplicadas geralmente úmido, quando aplicável. repintar conforme a especificação
geradas em função da 3) Uso de tintas eletrostáticas técnica
geometria da peça 4) Geometria da peça que gera 2) Treinar os Pintores
as diferenças de espessuras 3) Quando possível adotar o uso
de pente úmido

Secagem Lenta Filme pegajoso ao 1) Produto vencido 1) Treinar os Pintores


efetuar o manuseio ou 2) Excesso de espessura 2) Seguir a recomendação de
toque superficial com os 3) Excesso de umidade no diluição das tintas
dedos ambiente de pintura e secagem 3) Controlar a temperatura e
4) Diluição incorreta umidade relativa do ar no
5) Inabilidade do Pintor ambiente de pintura e secagem
6) Catalisação errada 4) Cuidar com a aplicação quanto
a camada.
5) Verificar a catalisação se está
correta

Empoeiramento Formação de muita 1) Inabilidade do Pintor 1) Treinar os Pintores


(Over Spray) nuvem de tinta durante a 2) Ambiente de pintura muito 2) Controlar a temperatura
aplicação, trazendo quente ambiente
como conseqüência 3) Pressão de aplicação muito 3) Regular a pressão de aplicação
após a secagem o alta geralmente de 40 a 60 Lb / pol2
aparecimento do aspecto 4) Uso de Thinner inadequado 4) Diluir conforme recomendação
áspero ao passar a mão do fabricante
sobre a peça 5) Usar Thinner ou diluente de
secagem mais lenta
6) Controlar a temperatura do
substrato

Baixa Cobertura Característica de filme 1) Falta de homogeneização da 1) Implantar procedimento na


aplicado onde aparece o tinta pintura com orientações de uso,
fundo da chapa ou a cor 2) Preparação inadequada, com manuseio e preparação das tintas
da tinta de fundo (Primer) excesso de diluição 2) Controlar a diluição via medição
após a aplicação da tinta 3) Produto inadequado da viscosidade
4) Falta de procedimento na 3) Comunicar a Fábrica, para que
linha de pintura seja avaliada a possibilidade de
melhoria da tinta para os próximos
lotes a serem fornecidos

Baixa resistência Ao tentar remover 1) A tinta não está curada. 1) Deixar a tinta atingir a cura total
à lavabilidade sujeiras por lavagem 2) A formulação não é adequada antes de lavar.
com sabão neutro, a tinta para ser lavada. 2) Usar tintas de formulação
se desmancha ou deixa adequada.
sinais da operação.

Manchas Mudança no aspecto da 1) Contato com umidade ou 1) Após a secagem, lixar as partes
(Úmidas ou superfície como outro produtos antes do seu afetadas, preparar a superfície e
químicas) resultado do contato com período de cura total repintar conforme especificado
(ver foto 6) a água diretamente 2) Fixação de sujeiras em áreas 2) Observar período após
sobre o filme ou o de maior porosidade ou de fusão aplicação antes de colocar em
substrato, podendo gerar térmica. contato com produtos químicos ou
marcas semelhantes a 3) Efeitos de sais do substrato umidade
pontos, anéis, manchas sobre o veículo da tinta ou sobre 3) Rever produto junto ao
ou mesmo diminuição do os pigmentos/cargas. fabricante
brilho. 4) Produto inadequado 4) Lavar a superfície.
5) Presença de umidade no 5) Eliminar a causa da umidade no
substrato e ambiente. substrato e ambiente.

80
5) Casca de Laranja: é um defeito em que a
19.2. Tipos de defeitos da película película de pintura apresenta-se rugosa, semelhante
de uma casca de laranja. É gerado normalmente na
Os defeitos de película são basicamente de aplicação a pistola, devido a solvente muito volátil,
dois tipos: os relacionados à aplicação e aspectos atomização inadequada (pouca pressão na pistola)
estéticos e os defeitos de ordem geral, que ou aproximação excessiva da pistola em relação à
dependem de muitos fatores, entre eles a aplicação, superfície a pintar. Este defeito pode ser previsto
a qualidade da tinta e até mesmo a seleção propositalmente em pequena escala para disfarçar,
inadequada do esquema de pintura. por ilusão de ótica, pequenos defeitos de
Os principais defeitos de película são: nivelamento em chaparias planas. A casca de
laranja, quando aumentada por aditivos apropriados
1) Espessura excessivamente desuniforme: a à base de silicone, origina as chamadas tintas
espessura de película seca deve situar-se numa marteladas, muito usadas como defeito decorativo;
faixa de 10% a menos até o máximo 30% mais que
a espessura nominal especificada. Este valor 6) Empolamento: consiste na formação de nódulos
máximo, dependendo do tipo de tinta, deve ser de sob a película pelo aprisionamento de um fluido. As
20 ou 10%. Variações excessivas constituem-se em causas deste defeito são diversas, porem as mais
custos adicionais, quando a espessura é muito importantes são as condições ambientais
superior, e deficiência na proteção, quando a inadequadas para aplicação (umidade relativa do ar
espessura é muito inferior à especificada. As tintas superior a 85% e temperatura de chapa inferior a
inorgânicas de zinco podem apresentar problemas 10°C), retenção de solvente ou processos
de fendilhamento quando aplicadas em espessura corrosivos acelerados.
10% superior à prevista;
7) Empoamento ou calcinação: este defeito é
2) Consumo elevado: consiste em rendimento real também denominado de engizamento e consiste na
ou prático muito aquém do esperado. As causas de degradação da resina pela ação de raios ultravioleta
consumo elevado podem ser: rugosidade excessiva, do sol. Com esta degradação tem-se liberação dos
equipamento de aplicação inadequado para o tipo pigmentos e a conseqüente perda de brilho e, em
de estrutura, inabilidade do aplicador, condições d alguns casos, até da cor. É um defeito característico
vento excessivo para aplicação a pistola, além, de certas resinas. A resistência a raios ultravioleta é
naturalmente, de desperdício da tinta pelo não- uma característica fundamental das resinas. Há
aproveitamento total do conteúdo do recipiente ou aquelas que são altamente resistentes aos raios
por endurecimento de tintas bi-componentes ultravioletas, como, por exemplo, as poliuretanas
misturas e não aplicadas em tempo hábil alifáticas, e aquelas de resistência razoável, como
recomendado pelos fabricantes; as acrílicas e estirenoacrilato, e há, ainda, aquelas
que possuem uma fraca resistência, como a epóxi e
3) Impregnação de abrasivos: este defeito ocorre as alquídicas. Este defeito pode manifestar-se ou
pela impregnação de abrasivos, devido à operação ser agravado também pela degradação de
de jateamento nas proximidades de uma tinta recém pigmentos, em especial os orgânicos.
aplicada e que não tenha atingido ao tempo de
secagem ao toque ou livre de pegajosidade. Neste 8) Fendilhamento ou gretamento: este defeito,
caso, as partículas de abrasivo são incorporadas à também denominado em outras publicações de
tinta e, como são partículas grosseiras, fraturamento e craqueamento, consiste na quebra
comprometem o aspecto estético e podem da película devido à perda de flexibilidade. É um
prejudicar a proteção anticorrosiva. A impregnação defeito característico de formulações mal
pode ocorrer também devido à poeira ou outros balanceadas, ou falta de plastificante na tinta.
materiais em suspensão que venham se depositar Algumas tintas que formam películas duras têm
sobre a tinta. Entretanto, o recurso de impregnar mais tendência a fraturas quando aplicadas em
com abrasivo uma tinta ainda úmida pode ser usado maiores espessuras. Em exemplo clássico é o
em superfícies planas de convés e passadiços, silicato inorgânico de zinco.
dentre outras, com o objetivo de se obter um piso
antiderrapante.

4) Escorrimento: neste defeito a tinta apresenta-se 19.3. Identificação, origens e correção de


escorrida, podendo ser ocasionado por um acumulo defeito
excessivo de tinta na superfície, por defeitos de
O primeiro passo na solução de qualquer
formulação (viscosidade e consistências baixas da
problema com relação a tintas é identificá-lo
tinta), superfície muito fria, ou ainda aproximação
corretamente e, em seguida, determinar sua causa.
excessiva da pistola, no caso de aplicação com este
A possibilidade de haver mais de uma causa
equipamento.
contribuindo para um único defeito não deve ser

81
descartada. As propostas corretivas para os defeitos
apresentados podem não ser específicas de um
determinado defeito, devido a particularidade da
manufatura ou restrições relacionadas ao
desempenho do produto.
A combinação de várias soluções (duas ou
mais alternativas) normalmente é mais eficaz, pois
os efeitos são mais facilmente eliminados dessa
maneira. Ao se perceber que a falha persiste após a
aplicação da solução indicada, deve-se retornar à
fase de identificação (diagnóstico), observando-se
os seguintes pontos:

 Se a identificação do defeito foi correta


 Se todas as causas prováveis foram
consideradas
 O uso dos materiais corretos (lotes de tinta e
tipos)
 Qual o substrato empregado

82
prejuízos a empresa.
17. SEGURANÇA
Na Pintura Industrial a Missão não poderia
Até meados de 1972, poucas eram as ser diferente, já que ela esta inserida no contexto
empresas que conheciam e praticavam a das atividades de Risco Elevado. Nela, como em
Prevenção de Acidentes. O que se via àquela qualquer outra atividade, faz-se necessária a
época era a ação de algumas Comissões Internas participação de todos, e a todos os níveis.
de Prevenção de Acidentes – CIPAs – que a rigor, Principalmente aquele que tem a seu cargo a
se inspiravam nos modelos americanos para Supervisão de determinadas atividades ou tarefas.
esboçarem os primeiros passos em direção à Qualquer Profissional jamais será
instituição de Programas de Prevenção de Qualificado, muito menos Especializado, se não
Acidentes que viessem a satisfazer as suas levar em consideração a Prevenção de Acidentes.
necessidades, contemplando a elaboração de
Normas e Regulamentos que viessem a anular os
crescentes Riscos impostos pelo avanço
tecnológico. 17.2. Filosofia da segurança
Dentro deste contexto, a partir de 1972
surgiram as primeiras Legislações acerca da Os Acidentes não acontecem por acaso, eles são
Segurança Industrial. Sendo assim já se tinha um Causados. Quer sejam por Condições Inseguras,
Órgão Especializado e constituído, também de quer sejam por Atitudes Incorretas.
profissionais igualmente especializados. Surgiram
os Engenheiros de Segurança, Médicos do Baseia-se em que todos os Acidentes
Trabalho, Enfermeiros do Trabalho, Auxiliares de Podem e Devem ser Prevenidos.
Enfermagem do Trabalho e os Inspetores de Torna-se necessário que as empresas
Segurança do Trabalho. Posteriormente operem baseadas em que a Segurança dos
classificados como Supervisores de Segurança e Trabalhadores é algo de máxima Importância,
atualmente chamados de Técnicos de Segurança paralelamente com: Produção, Vendas e Lucros.
do Trabalho.
Atualmente, toda a sistemática de Prevenção
de acidentes esta fundamentada na atuação destes
dois órgãos: os serviços especializados em
17.3. Estatísticas de acidentes
Segurança e Medicina do Trabalho e as CIPAs.
Aos órgãos de Segurança cabe a Missão de  62% dos Acidentes ocorrem quando as
implantar e desenvolver o programa de Previdência pessoas “cortam caminhos”; não planejam
de Acidentes, de acordo com as Políticas e adequadamente as operações; quando
Diretrizes traçadas pelas empresas. As CIPAs estão com pressa; quando são
cabem o papel não menos importante de pressionadas para acabar logo sua
transformar-se no Braço Forte do Programa de atividades, com isso, seja por auto-
Prevenção de Acidentes, com sua Ação de imposição, imposição da supervisão ou
inspeção e fiscalização. chefia imediata.
Como se pode verificar, a atividade está  41% dos Acidentes ocorrem em função de
centralizada na Participação. E é tal Participação treinamento inadequado ou feito em local
que promove a descentralização da não familiar. .
Responsabilidade, a qual passa a ser de TODOS.  35% dos Acidentes ocorrem por distrações
externas como: Tensão, problemas
pessoais, Emoções, etc.
 21% dos Acidentes ocorrem por erro humano,
17.1. Missão da segurança má avaliação ou pânico.
 21% dos Acidentes ocorrem por condição
Ponto importante na implantação de física deficiente - doenças, fadiga,
qualquer programa de Prevenção de Acidentes, alcoolismo ou drogas.
pois, o caminho mais fácil é aquele que nos conduz  15% dos Acidentes ocorrem por má
ao fato de que o Responsável pela Segurança dos conservação de máquinas e equipamentos,
trabalhadores em geral é o Órgão de Segurança. por estocagem e guarda inadequada.
 18% dos Acidentes ocorrem por falha na linha
Logo, a Missão é: gerencial de engajamento na Segurança,
falha de Liderança Gerencial.
Estabelecer, Compreender, Aconselhar.
Impor práticas seguras para prevenir
qualquer acidente do trabalho que possa causar
ferimentos pessoais, danos ao meio Ambiente, e

83
17.4. Manuseio de tintas e solventes  Problemas respiratórios, os mais diversos.
 Intoxicações diversas que podem conduzir
inclusive, à morte, dependendo do grau de
Tintas, Vernizes e Solventes por sua
intoxicação.
constituição básica - são elementos altamente
 Problemas nos rins, fígado, cérebro e outros
inflamáveis, tóxicos ou corrosivos, capaz de
órgãos vitais.
provocar desde uma simples reação superficial, por
 Dermatites, as mais diversas.
exemplo, uma alergia, distúrbios passageiros, ou
.
até mesmo danos irreversíveis a saúde ou a
CONTATO COM OLHOS E PELE
integridade física do Trabalhador.
 Usar sempre proteção para os olhos e luvas
A simples atividade de abrir uma embalagem
para as mãos.
de tinta, ou de solvente, já se constitui em um risco
 Utilizar roupas de trabalho adequadas, que
na atividade de Pintura Industrial, pois, é a partir
cubram o máximo possível do corpo.
deste instante que os Vapores (Inflamáveis, tóxicos,
 Áreas do corpo que sejam difíceis de
ou corrosivos) começam a entrar em contato com o
proteger (pescoço e pulso) devem ter
ambiente e, conseqüentemente contaminá-lo.
proteção adicional, como, uso de creme não
Alguns recipientes podem vir a constituir-se
oleoso.
em risco de acidentes. Por sua forma, peso, ou
 No caso de contato com os olhos banhe-os
mesmo características da forma de abrir, podem
imediatamente com água potável, durante
dotar-se de arrestas cortantes podendo ferir o
pelo menos 10 minutos, em seguida
trabalhador.
consulte o médico.
 No caso de contato com a pele, limpe-a
com um produto de limpeza adequado ou
17.5. Cuidados no manuseio de tintas e lave-a com água e sabão. Nunca use
vernizes solvente.

INALAÇÃO
EM CASO DE FOGO ENVOLVENDO TINTAS  A inalação de vapores de solventes e
 Usar extintor de pó químico, espuma ou poeiras de tintas deve ser evitada.
CO2.  Espaços ventilados = máscaras contra pó
 Proteja-se dos gases com equipamentos de  Espaços com pouca ventilação = máscara
respiração com alimentação de ar externo
 Não apague o fogo com água, já que os  Nunca use pano envolto sobre a boca.
solventes (e resinas) flutuam na água, e isto
ajuda a propagação do fogo.
SOLVENTES DE TINTAS PODEM PROVOCAR
FOGO E EXPLOSÃO  Dor de cabeça, Tonturas, Perda da
A maioria das tintas contém solventes consciência (podendo ser fatal),
orgânicos inflamáveis. Os fatores básicos na Irritabilidade e Atitudes não espontâneas.
prevenção são: ventilação adequada e eliminação
de chamas expostas, faíscas ou quaisquer outras INGESTÃO
fontes de ignição.  Sempre armazenar a tinta longe de gêneros
alimentícios e fora do alcance das crianças.
DERRAMAMENTOS  Nunca fume, coma ou beba em depósitos
Ventilar a área para remover os vapores. de tinta, ou áreas de trabalho.
Enxugar o produto com material absorvente “sem  Se a tinta ou solvente for ingerido
solvente”. acidentalmente, deve-se providenciar
Os materiais de limpeza deverão ser colocados em assistência médica urgente.
recipientes metálicos e fechados.

Problemas quanto à aspiração, ou quanto ao HIGIENE PESSOAL


contato exagerado do produto:
Os vapores de solventes, e as poeiras de tintas  Remova anéis e relógios de pulso, antes de
são altamente tóxicas. Durante as atividades de iniciar o trabalho, eles podem reter tinta
pintura eles podem ser absorvidos: vias junto à pele.
respiratórias, intoxicação e através da pele  Escolha roupa de trabalho com fibras
(Dermatites). naturais, as fibras sintéticas quando
friccionadas, produzem faíscas, devido à
formação de eletricidade estática, que
A EXPOSIÇÃO EXAGERADA A TAIS PRODUTOS
CONDUZ A:

84
podem provocar a ignição dos vapores de inflamáveis no ambiente e permite um melhor
solventes. controle, além de não permitir a acumulação de
 Use somente equipamentos a prova de latas de tintas e Solventes no local de Pintura.
faíscas e assegure-se de que o mínimo de
equipamentos elétricos seja usado na área 3) Manter todas as latas fechadas e distantes
de trabalho. das fontes de ignição
 Nunca fume na área de trabalho. Os recipientes devem permanecer fechados
 Use sapatos a prova de faíscas. até o momento exato da utilização, para minimizar a
evaporação de vapores de solvente. Importante,
manter as embalagens a pelo menos 6 metros do
17.6. Armazenamento compressor de ar ou de outras fontes de Ignição.

As instalações elétricas devem obedecer às 4) Para misturar as Tintas só se deve utilizar


normas NEC ou IEC e/ou ABNT. O piso do local equipamentos Pneumáticos
deve ser impermeável, não combustível e que Jamais se deverá usar misturadores
contenha valas que permitam o escoamento para os elétricos, ou equipamentos semelhantes devido
reservatórios de contenção. Tanques de estocagem produzirem centelhas e, assim sendo, eleva-se o
devem ser circundados por diques de contenção e risco de incêndios ou explosões.
ter drenos para o caso de vazamento.
5) Ao adicionar o conteúdo de uma lata dentro
da outra, em quantidade igual ou superior a um
17.6.1. Condições de armazenamento Galão, as duas latas deverão estar aterradas.
Durante o manuseio de Tintas, vernizes e
Solventes deve-se tomar cuidados específicos,
a) Estocar o material em locais secos, cobertos,
levando em consideração a produção de energia
bem ventilados e identificados;
Estática suficiente para provocar a Ignição dos
b) Manter o produto longe das fontes de calor,
vapores inflamáveis, principalmente quando o
afastado de alimentos e agentes oxidante;
produto é armazenado em grandes recipientes.
c) Evitar expor o produto a temperaturas elevadas,
sol e chuva.
6) Todas as latas de Tintas e outros recipientes
vazios deveram ser removidos do local de
trabalho ao final de cada dia.
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA
As latas vazias também representam fontes
de perigo, devido aos restos de tintas. Retornar
A grande preocupação da Segurança e da
com elas ao canteiro e deixar secar bem antes de
Engenharia nos tempos atuais são definidos como
colocá-las no Armazenamento de sucatas.
aqueles que têm como objetivos proteger toda a
planta e, principalmente todo o pessoal envolvido na
7) Todas as latas vazias devem ir para a Sucata
operação. Torna-se importante dar-se atenção:
Não é permitido que as latas vazias sejam
Ventilação do ambiente; aterramento de todos os
queimadas. Geralmente, cada empresa monta um
equipamentos e utensílios; utilização de agitadores
procedimento, orientando para remover o máximo
pneumáticos; berços para os tambores e recipientes
possível das Tintas das embalagens e quando
semelhantes.
possível usar o Solvente de diluição para lavar a
sobra adicionando após a própria Tinta.
8) Usar os EPI’s adequados, quando da mistura
17.7. Sugestão de roteiro para consciência ou homogeneização da Tinta.
Utilizar máscaras de acordo com o tipo de
prevencionista pintura e ambiente. Proteger as mãos com luvas
adequadas, mesmo que somente para manusear as
1) O Local de trabalho deve ser Isolado, embalagens.
Bloqueado, Limpo e Arrumado.
Isto minimiza os perigos vindos do exterior, e 9) O extintor de incêndio deverá estar próximo
alerta o pessoal para os riscos potenciais da área. Para evitar-se a propagação de chamas no
Por outro lado, a arrumação e a limpeza dos locais caso de as mesmas ocorrer, um extintor deverá ser
conduz a um clima de satisfação do pessoal que utilizado para evitar a propagação e maiores danos.
chega a facilitar o aprendizado. O extintor poderá ser portátil do tipo CO2 ou Pó
Químico e estar localizado a cerca de 10 metros
2) Separar, Inspecionar e levar para o local de do local ou área de manuseio das Tintas.
trabalho somente o que será utilizado no dia.
Facilita a arrumação, reduz os custos de
transporte, minimiza a quantidade de vapores

85
Máscaras Descartáveis: Protege a respiração 5) Providenciar “VIGIAS” para as entradas de
naso-oral, tendo adaptador para o nariz e é presa todos os espaços confinados.
na cabeça por elásticos. Visa evitar a entrada de estranhos e o vigia estará
Máscaras de Cartucho: Com filtro de carvão ativo atento para qualquer eventualidade. Sendo inclusive
cambiável. Respiração naso-oral. o meio de comunicação entre os trabalhadores e o
Máscara com Traquéia ou ar mandado: Protege exterior. Poderá ser feita através de um “Linha de
toda a face. A traquéia é conectada com elementos vida”.
filtrantes a cintura do trabalhador, o qual recebe o ar
do exterior com pressão positiva regulável. 6) Providenciar a Linha de Vida
Constitui-se de uma corda instalada a partir do
exterior e amarrada á cintura de cada um dos
17.8. Trabalhos em tanques ou em outras trabalhadores no interior do compartimento
áreas confinadas confinado.

Estabelecer critérios de inspeção e de 7) Espaço confinado está Limpo e


Trabalho Seguro, quando da entrada a execução de Descontaminado.
serviços no interior de espaços confinados. Proporcionar a condição ideal para o indivíduo
Compartimentos diversos como: interiores de dentro do compartimento.
tanques, áreas internas de tubulações, etc. Como o
problema básico da pintura é a evaporação de 8) Verificar se os acessos ao interior do tanque e
solventes, inflamáveis e / ou tóxicos, que ventilação são adequados.
rapidamente tornam a área inviável para a presença Todas as aberturas para ventilação, assim como as
dos trabalhadores e adicionam o risco de incêndios entradas para os compartimentos, deverão ser de
e explosões, faz-se necessário atentar-se para dimensões adequadas, inclusive para possibilitar
detalhes de ventilação ambiente quando possível remoções rápidas do pessoal.
visando à proteção coletiva e individual.
Devemos atentar para algumas 9) Verificar se o aterramento foi providenciado.
providências básicas: Será ele que ira permitir a dissipação para o
solo da eletricidade estática.

1) Todas as fontes de ignição foram elaboradas? 10) Verificar se a Iluminação esta adequada.
 Proibir o uso de operações de corte e solda, Para evitar risco de incêndios ou explosões
uso de abrasivos e o fumar. causados por centelhas, recomenda-se:
 Todo o sistema de iluminação deverá estar  Verificar se fios e cabos elétricos não
em perfeitas condições. possuem emendas ou rachaduras.
 Todo o equipamento de pintura deverá estar  Que nenhuma tomada esteja no interior do
aterrado. Tanque.
 O sistema de ventilação deverá estar  Uso de equipamentos elétricos a prova de
instalado e funcionando. explosão.

2) Todo o pessoal tem o crachá de autorização 11) Iluminação de emergência


para trabalho em espaço confinado? No caso de falta de energia, o vigia deverá
A entrega do crachá deve ser precedida de uma ter a mão uma lanterna portátil – a prova de
orientação detalhada quanto aos trabalhos a serem explosão – para agir imediatamente. Nestas
executados, assim como quanto aos riscos eventualidades, todos os trabalhadores por
envolvidos. orientação prévia, deverão permanecer onde estão,
até que a luz de emergência seja acionada pelo
3) Foi feita uma listagem nominal do pessoal vigia.
autorizado a trabalhar no espaço confinado?
Visa facilitar a identificação dos trabalhadores, e
como tal, deverá ser providenciados cópias da PROTEÇÃO À INTEGRIDADE FÍSICA DO
listagem e entregar aos Supervisores. TRABALHADOR

4) Estabelecer sistema de rodízio entre os Os vapores de solventes, e as poeiras de


trabalhadores autorizados tintas, são altamente tóxicos. Durante as atividades
O tempo médio de permanência no interior de de pintura eles podem ser absorvidos – tanto
qualquer espaço confinado deverá ser de 30 através das vias respiratórias, quanto através da
minutos por 10 de descanso, aumentando ou pele.
diminuindo de acordo com as condições do serviço. A exposição exagerada a tais produtos
podem conduzir a:

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 Problemas respiratórios, os mais diversos; Capuz ou elmo: Podendo ser usados em conjunto
 Intoxicações diversas que podem conduzir, com o avental e as mangas de raspa, protegem o
inclusive, a morte, dependendo do grau de jatista contra os problemas da sílica e contras os
intoxicação; abrasivos. Deverá ser dotado de mangueira para
 Problema nos: rins, fígado, cérebro e outros fornecimento de ar. O ar deverá ser filtrado antes de
órgãos vitais; chegar à máscara.
 Dermatites as mais diversas, eventualmente
cancerígenas.
Os problemas acima enumerados, e
igualmente importantes, nem sempre produzem os
sues efeitos imediatamente. Dependendo das
condições físicas do trabalhador, as seqüelas
podem levar alguns anos para chegarem e se
pronunciar e produzirem os seus efeitos maléficos.
Enfatizamos que todos – indistintamente –
estão sujeitos aos efeitos das tintas e seus vapores:
desde o pintor, até os elementos que supervisionam
Figura ilustrativa nº 51 – Equipamentos de proteção do
as atividades.
jatista
Em qualquer situação, lembrar que
exposições – por mínimas que sejam – podem
Luvas de raspa, com costa e punho de lona.
conduzir a quadros clínicos alarmantes,
Modelo básico para a proteção do jatista contra a
dependendo do material em contato, ou da
ação do abrasivo. Quaisquer outros modelos
concentração dos vapores no ambiente.
similares poderão ser adotados.

17.9. Equipamentos de proteção individual


– EPI
Torna-se importante salientar que todas as
medidas de Segurança evidenciadas até o presente
momento dizem respeito à Proteção Coletiva, quase
que exclusivamente. Entretanto, e via de regra, nem
sempre elas são suficientes para dar ao trabalhador
toda a proteção que ele necessita.
É nesse ponto que a Engenharia de Figura ilustrativa nº 52 – luvas de raspa
Segurança volta a sua atenção, para a proteção
individual. É nesse que enfatizamos, também, a Luvas em PVC, para uso do pessoal envolvido no
responsabilidade inerente a cada trabalhador em manuseio e preparação de tintas. As luvas de
particular: zelar pela sua própria segurança. plástico são mais conhecidas, porém, isso não
Conforme se espera ter ficado evidenciado, altera as características.
a principal preocupação deve ser a Proteção
Coletiva: as máquinas em bom estado; os andaimes
bem posicionados e amarrados; a ventilação e a
iluminação adequadas; enfim, todos os aparatos
relativos ao espaço físico no qual o trabalho é
realizado.
Como, apesar de todas essas providencias, Figura ilustrativa nº 53 – luvas de PVC
poderá persistir o Risco de Acidentes, passa-se a
adotar o uso de Equipamentos de Proteção Máscaras com ar mandado, para serviços de
Individual – EPI. Pode-se adiantar a existência de pintura em ambientes confinados. Deverão estar em
um equipamento especifico, para cada atividade uso mesmo quando a ventilação for boa. O ar é
também especifica. No caso dos serviços de fornecido por meio de compressores, deverá ser
pintura, são vários os equipamentos a serem filtrado adequadamente, e o fluxo constante pode
usados, as operações fundamentais de jateamento, ser regulado através da válvula situada à altura do
passando-se pelo manuseio de tintas e, finalmente, cinto.
chegando-se à pintura propriamente dita.
Passamos a expor alguns desses
equipamentos, fornecendo as informações acerca
da sua utilização:

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operações de jateamento, em função do barulho
produzido pelo ar no bico de jato.

Figura ilustrativa nº 54 – Máscara de ar mandado

Máscara do tipo descartável, para utilização nos Figura ilustrativa nº 58 – Protetor auricular
locais onde haja a presença de poeira em
suspensão, quer seja de aplicação de tintas em
espaço a céu aberto. Botina de couro, vulcanizada, com cadarços e com
solado antiderrapante. Para uso geral.

Figura ilustrativa nº 55 – Máscara contra poeira Figura ilustrativa nº 59 – Sapato de segurança

Máscara de cartucho duplo, com fixação por Filtro de ar, a princípio, deveria ser classificado
tirantes. Para utilização no manuseio de tintas ou na como um Equipamento de Proteção Coletiva. Como
aplicação das mesmas, quer a céu aberto, quer em deve ser utilizado entre o suprimento de ar para o
espaços semi-abertos onde a ventilação seja trabalhador, e o compressor, o mesmo se enquadra
relativamente boa. Os cartuchos deverão ser como mais um equipamento de proteção individual.
trocados periodicamente. O seu uso não deverá ser dispensado em qualquer
momento que o trabalhador tenha que usar ar
mandado.

Figura ilustrativa nº 56 – Máscara contra


solventes

Óculos com proteção lateral deverá ser usado


nas operações em que ocorra a presença de
abrasivos.
Figura ilustrativa nº 60 – Filtro de ar

Além dos equipamentos acima, uma ênfase


especial deve ser dada ao macacão. Ele deverá ser
usado tanto pelo pintor, quando pelo jatista, assim
como por quaisquer outros trabalhadores que
estejam envolvidos nas atividades de pintura
industrial.
Figura ilustrativa nº 57 – Óculos de segurança As toucas também fazem parte da
indumentária do pintor, elas servem para dar
proteção a cabeça e ao pescoço do pintor, evitando
Protetores auriculares do tipo plug, reduzem os possíveis irritações e infecções.
ruídos a níveis suportáveis. Deverão ser usados nas

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Finalmente, atenção especial deverá ser
dispensada ao cinto de segurança, equipamento
que deverá, também, ser usado por todo e qualquer
trabalhador, sempre que o mesmo estiver
trabalhando em alturas superiores a 2 metros.
Tal equipamento deverá ser dotado de
talabarte e mosquetão que permitam a fixação à
estrutura ou qualquer outro ponto fixo e próximo ao
pintor. Caso tal ponto não venha a existir, a sua
fixação – poderá ser um olhal – deverá ser
providenciada a aproximadamente 1 metro acima de
onde o trabalhador estiver operando. Nunca deverá
estar situado abaixo.

RECOMENDAÇÕES QUANTO AO USO DE EPI

Em relação aos equipamentos, em


particular as máscaras e roupas deve ser tomado
alguns cuidados em relação a cada um deles.
Jamais se deve permitir que vários trabalhadores
utilizem a mesma máscara sem que, antes, ela
tenha sido devidamente higienizada após ter sido
utilizada pelo trabalhador precedente. Isso poderia
conduzir à transmissão de várias doenças apesar
de - supostamente – todos estarem em boas
condições de saúde.
As roupas de trabalho devem receber um
tratamento também criterioso, mantendo-se sempre
limpas. Não esquecer que os resíduos de tinta vão
se acumulando nas mesmas e que, em
conseqüência disso, elas passam a ser – quase –
tão tóxicas quanto as tintas sendo manuseadas.
Aconselha-se que sejam lavadas “em separado”,
principalmente quando levadas para casa. Nesse
caso, lavar as roupas de trabalho juntamente com
as da família, seria o mesmo que estar levando para
casa os males que atingem o trabalhador no local
de trabalho. Só que, nesse caso, crianças poderão
estar sendo afetadas, o que agravaria a situação.
Enfatizamos que o uso do EPI é uma
necessidade. Entretanto, não deve transformar-se
em um meio exclusivo de imagem promocional
descabida. Deve-se usar somente o estritamente
necessário.

“O MAIS IMPORTANTE É SABER O QUE DEVE SER USADO E, CONSEQUENTEMENTE, USAR


SEMPRE”.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIAS, LUIS ANDRADE DE MATTOS – ESTRUTURAS DE AÇO: CONCEITOS TÉCNICAS E LINGUAGEM


Publicação Zigurate Editora – 1997 – São Paulo.

FAZANO, CARLOS ALBERTO T.V. - TINTAS - MÉTODOS DE CONTROLE DE PINTURAS E


SUPERFÍCIES, Hemus Editora Limitada - São Paulo.

GNECCO, CELSO - PINTURA DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL, Publicação IPT n. 1558,


Instituto de Pesquisas Tecnológicas - São Paulo.

GENTIL, VICENTE - CORROSÃO, LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.- Rio de Janeiro.

NUNES, Laerce de Paula. LOBO, Alfredo Carlos O. Pintura Industrial na Proteção Anticorrosiva. 3ª ed.
Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2007.

FAZENDA, Jorge M. R. (coordenador), Tintas & Vernizes – Ciências e Tecnologia, Associação Brasileira
dos Fabricantes de Tintas, 3ª ed. São Paulo, Edgard Blücher, 2005.

ABRACO, Associação Brasileira de Corrosão, Inspetor de Pintura Nível I, Rio de Janeiro, Fev de 1988.

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