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PATOLOGIAS EM OBRAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL:

AÇÕES CORRETIVAS DURANTE A FASE DE UTILIZAÇÃO DAS OBRAS

João Henrique Francio Zanini (PIBIC-UEPG), Prof. José Adelino Krüger


(Orientador), e-mail: jakruger@uepg.br

Universidade Estadual de Ponta Grossa


Departamento de Engenharia Civil / Ponta Grossa, PR

30100003 - Engenharia Civil

30101026 - Processos Construtivos

Palavras-chave: construção civil, patologias, correção

Resumo:

A construção civil é uma indústria tradicional e atrasada, apresentando


grande inércia a alterações, métodos de gestão ultrapassados e resistência
a inovações tecnológicas. Há uma tolerância com problemas crônicos, como
por exemplo, a baixa qualidade no processo e a baixa qualidade do produto
final - as edificações, que apresentam inúmeras não conformidades e
patologias. Os fatores podem ser vários, sendo o principal o desleixo quanto
à necessidade de manutenção e a presunção de que uma estrutura de
concreto duraria ilimitadamente, dispensando manutenções. Esta pesquisa
tem como objetivo listar as patologias possíveis em obras de construção civil
durante a fase de utilização das obras e posteriormente fazer uma
associação a cada patologia com uma ação gerencial corretiva que minimize
ou elimine a incidência e a influência das patologias na vida útil das
edificações. A pesquisa teve inicio com uma busca da literatura técnica
sobre patologias, prevenção e intervenção corretiva. Posteriormente foram
relacionadas as partes das edificações sujeitas a patologias, decorrentes de
vários fatores, tendo sido elaborado uma tabela geral de patologias
possíveis, com ações corretivas e causas prováveis.

Introdução

O ramo da Engenharia que trata doenças das construções, com o estudo


das causas e dos danos, bem como o tratamento necessário, é denominado
patologia das construções. O termo patologia no contexto da construção civil

ANAIS DO 21º EAIC / 2º EAITI | ISSN - 1676-0018 | www.eaic.uem.br


Universidade Estadual de Maringá | 9 a 11 de outubro de 2012 | Maringá –PR

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está alinhado com a definição encontrada na Medicina, na qual estudam-se
as origens, os sintomas e a natureza das doenças.
Inspecionar, avaliar e diagnosticar as patologias da construção são tarefas
que devem ser realizadas sistematicamente e periodicamente, de modo que
os resultados e as ações de manutenção devem cumprir efetivamente a
reabilitação da construção, sempre que necessária. Couto e Couto (2007)
posicionam o fator de decisão entre ações de manutenção preventiva e
ações corretivas como sendo o aspecto financeiro. Contudo, de acordo com
os mesmos autores, a prática tem demonstrado que os custos de prevenção
não são tão expressivos em relação aos custos de intervenção. De qualquer
forma, o que realmente se busca é assegurar um comportamento satisfatório
de uma edificação durante um período de vida útil planejado.
Esta pesquisa focou no diagnóstico e na recuperação das patologias. Na
pesquisa as principais patologias foram divididas em cinco partes: manchas,
fissuras, empolamento, descolamento e patologias estruturais.

Materiais e métodos

Para a execução do presente trabalho, a primeira etapa foi à revisão da


literatura, coleta de informações técnicas sobre as ações corretivas em
relação às patologias, separação dos tipos de patologias em grupos e relato
das correções necessárias em cada caso. Dessa primeira etapa foram
obtidas as definições e as características de todas as patologias que podem
afetar as edificações. Também na pesquisa foi observada a importância de
um projeto e uma execução correta, Oliveira (2001) indica que a melhor
maneira de se prevenir um edifício da necessidade de reabilitações sérias é
por meio do dimensionamento e da execução. O ideal seria fazer
manutenções preventivas, porém muitas vezes o que acontece é a
manutenção corretiva, Lopes (2005) informa que a manutenção corretiva,
consiste em deixar ocorrer o processo de degradação do edifício reagindo
apenas quando aparecem anomalias, promovendo-se a sua correção por se
inevitável repara-lo,

Resultados e Discussão

Com o diagnóstico correto da patologia pode-se descobrir realmente qual


patologia está atuando, e com isso pode-se escolher a melhor técnica.
Guimarães (2003) afirma que todo problema se manifesta de alguma forma.
O levantamento dessas manifestações é fundamental, pois existem várias
degradações que uma construção pode sofrer, decorrentes de inúmeros
fatores.

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Após a pesquisa da literatura técnica sobre patologias, prevenção e
intervenções corretivas, foi elaborada uma tabela geral de patologias
possíveis, de forma sistematizada, buscando organizar e facilitar futuros
estudos e ações gerenciais corretivas. Sousa (2004) argumenta que a
informação técnica disponível encontra-se dispersa, sendo a sua
sistematização imprescindível, de modo a facilitar a análise das causas e a
resolução dos problemas, bem como a sua prevenção. As patologias foram
divididas em cinco grupos: manchas, empolamento, descolamento,
estruturais, e trincas e fissuras.
Tabela 1 - Manchas
Patológia Reparos Causas Prováveis
Fazer limpeza do local
Umidade Melhorar a impermeabilização da área
Reforçar a ventilação e instalar aparelhos de desumidificação
Sujeira nas Limpeza do local (escovação)
Criar mecanismo para evitar que a água escoe pela fachada (Ex.: pingadeiras...) Infiltração
Fachadas Renovação do revestimento e pintura Falha na impermeabilização
Limpeza do local utilizando produtos químicos, biocidas, herbicidas... Umidade constante
Microorganismo No caso de fachadas tentar diminuir a quantidade de água que escorre por ela Área não exposta ao sol
Manchas
Renovar o revestimento e aplicar produto biocida com devida manutenção Área com ventilação deficiente
Eliminação da infiltração, caso exista Sais solúveis presentes na alvenaria
Lavagem com solução de hipoclorito de sódio e aplicação de fungicida Cal não carbonatada
Bolor
Reparo do revestimento, se pulverulento Exposição à água ou às intempéries
Criação de um sistema de ventilação
Eliminação da infiltração e impermeabilização do local
Eflorescência Lavagem e escovação da superfície
Reparo do revestimento

Tabela 2 – Empolamento
Patológia Reparos Causas Prováveis
Remoção do material, limpeza e correção da base Ausência de aderência (chapisco)
Empolamento Instalação de juntas de dilatação e artifícios para melhorar a aderência, caso necessário Superficie da base muito lisa ou com substância hidrófuga
Renovação do revestimento Falha executiva

Tabela 3 – Descolamento
Patológia Reparos Causas Prováveis
Eliminação do concreto degradado
Reparação das armaduras e reposição das secções
Concreto
Reconstituição do concreto
Aplicação de um revestimento de impermeabilização com uma pintura ou revestimento cerâmico Infiltração
Renovação do revestimento Falha executiva
Tijolo Reforçar a estabilidade das paredes (Ex.:pilares de concreto armado, introdução de armaduras...) Argamassa aplicada em camada muito espessa
Aplicação de um artifício para melhorar a aderência e a impermeabilização Superfície da base muito lisa ou com substância hidrófuga
Remoção do reboco e/ou emboço e limpeza da base (eliminação de substância hidrófuga) Ausência de aderência (chapisco)
Descolamento
Emboço/Reboco Aplicação de um artifício para melhor aderência (chapisco) Excesso de finos no agregado
Renovação da camada de reboco e/ou emboço. Traço pobre em aglomerantes
Remoção do revestimento cerâmico degradado Traço excessivamente rico em cal
Impermeabilização e tratamento da base Ausência de carbonatação da cal
Preencher as juntas com material flexível e criar juntas de dilatação, caso necessário Falta de fixação mecânica complementar
Cerâmica
Aumentar a aderência cerâmica à base (cimento-cola)
No caso de placas grandes criar uma fixação mecânica complementar
Reassentar o material cerâmico na superfície

Tabela 4 – Trincas e Fissuras


Patológia Reparos Causas Prováveis
Retração da argamassa da base
Melhorar a estabilidade da peça Falta de hidratação prévia do substrato
Calafetar com material específico (trincas e fissuras ativas não devem receber injeção de epóxi, deve-se calafetar com selantes)Expansão ou contração térmica
Trincas e Fissuras
Instalar juntas de dilatação ou telas especiais, caso necessário Recalques diferenciais
Renovar o revestimento e a pintura Elevado fator água/cimento
Ausência de controle tecnológico (planejamento e execução)

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Tabela 5 – Patologias Estruturais
Patológia Reparos Causas Prováveis
Determinar e remover materiais deteriorados (concreto e armadura)
Limpar área a ser reparada
Reparo
Fazer proteção anticorrosiva e reparação das armaduras repondo as secções, caso necessário Erros de projeto e/ou construção
Aplicação do material de reparo com a devida fôrma instalada (concreto ou graute) Degradação da estrutura (agentes atmosféricos, poluição, tempo)
Adicionar nova camada de armadura Acidentes (choques, explosões, incêndios, sismos, etc.);
Estrutural Alargamento Construir formas para o novo perfil ou utilizar concreto projetado Mudança na utilização da estrutura
Adicionar nova camada de concreto Recalques diferenciais
Reforço Introduzir um novo elemento na estrutura (tirante) Sobrecarga
Pós-tensionamento
Tensionar esse elemento para que absorva parte da carga da estrutura
Limpeza, preparação e regularização do substrato
Fibra de carbono
Aplicação da manta de fibra de carbono

Conclusões
Neste trabalho verificou-se a importância das patologias na construção civil.
Seu objetivo foi alcançado, com a elaboração de uma tabela sistematizado e
simplificado, que faz a associação das patologias com ações gerenciais
corretivas, que podem minimizar ou eliminar a incidência e a influência das
patologias na vida útil das edificações.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Fundação Araucária pela concessão da bolsa.
Referências
COUTO, J. P.; COUTO, A. M. Importância da revisão dos projectos na
redução dos custos de manutenção das construções. In: CONGRESSO
CONSTRUÇÃO 2007, 3, 2007, Coimbra, Portugal. Anais... Coimbra:
Universidade de Coimbra, 2007.

GUIMARÃES, L. E. Avaliação comparativa do grau de deterioração de


edificações - estudo de caso: prédios pertencentes à Universidade Federal
de Goiás. 2003. 186 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Escola
de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2003.

LOPES, T. J. O. L. P. Fenômenos de pré-patologia em manutenção de


edifícios. 2005. 269 f. Dissertação (Mestrado em Reabilitação do Patrimônio
Histórico) - Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, Porto,
Portugal, 2005.

OLIVEIRA, F. L. Reabilitação de paredes de alvenaria pela aplicação de


revestimentos resistentes de argamassa armada. 2001, 203 f. Tese
(Doutorado em Engenharia de Estruturas) - Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2001.

SOUSA, M. M. F. Patologia da construção - elaboração de um catálogo.


2004. 181 f. Dissertação (Mestrado em Construção de Edifícios) - Faculdade
de Engenharia, Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2004.

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