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09 Aula Pivo PDF
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Introdução
Num passado não muito distante, irrigação era sinônimo de trabalho humano intenso.
Desde a pré-história o homem vem desviando ribeirões para irrigar suas plantações, o que
envolve a construção de canais, represas e diques. Nos tempos modernos, vieram os
sistemas de irrigação convencionais por sulco, que também envolviam quantidades
elevadas de tempo e energia, seja para levar a água até o campo ou para abrir novas áreas e
fechar as linhas que não necessitavam de mais água, sem contar na constante preocupação
com erosão.
A tecnologia de irrigação por aspersão veio sendo criada desde a II Guerra Mundial, com a
invenção dos aspersores rotativos e da disponibilidade de tubos de alumínio, razoavelmente
baratos. Nos primeiros sistemas, os tubos de alumínio eram conectados e os aspersores
eram mantidos acima da cultura por tubos de elevação. Mas esse sistema ainda exigia
grande demanda de trabalho, pois após a aplicação da água em uma linha, esta tinha que ser
desmontada, movida e remontada na próxima linha a irrigar. Algumas mudanças foram
feitas para melhorar o sistema, como bombear a água por uma linha principal onde eram
conectadas tubulações formando linhas laterais que podiam ser desconectadas, movidas e
remontadas mais adiante. A vantagem deste sistema é que o transporte da tubulação pode
ser feita por uma carreta e um trator, reduzindo ainda mais a demanda de mão-de-obra.
Entretanto, por volta de 1950, aparece no Estado de Nebrasca (EUA) o primeiro sistema de
pivô central, inventado por Frank Zybach. Este sistema foi patenteado em 1952 e sua
produção em série começou um ano depois. (Figura 1).
A fácil aceitação e a alta demanda do mercado, por essa técnica fizeram com que a maioria
dos fabricantes nacionais de equipamentos de irrigação adquirisse no exterior, sobretudo
nos EUA, projetos completos desse equipamento. Desta forma, o sistema de pivô-central é
um dos métodos de irrigação automatizado mais utilizado na atualidade em todo o mundo.
A descrição de todo o sistema, assim como as principais características dos principais
sistemas de pivô-central serão abordados na presente publicação.
Descrição do sistema
As seguintes partes deste sistema serão caracterizadas adiante: torre central, caixa de
controle, anel coletor, tubulação de distribuição, torres móveis, conjunto moto-redutor,
junta flexível, lance final em balanço e canhão final.
Caixa de Controle
É onde está localizado o comando central elétrico do sistema. Está montada na torre central,
sendo construído em armário à prova de variações climáticas. Através de controles
elétricos, mecânicos ou eletrônicos aí dispostos, é possível controlar o avanço e retrocesso
do pivô, o tempo necessário para completar uma volta, injeção de fertilizantes e o sistema
moto-bomba (Figura 5). A caixa ou painel de controle contem: chave geral, que permite
ligar e desligar a conexão elétrica, a chave de partida, que possibilita ligar o pivô para
frente ou em reversão, voltímetro , horímetro, e o relê percentual, que determina a
velocidade do sistema.
Anel Coletor
É o sistema utilizado para transferir a energia elétrica do pivô para as unidades propulsoras.
Existem basicamente dois sistemas distintos de anéis coletores, um onde o cabo elétrico de
alimentação passa externamente à tubulação do pivô sem interferir no fluxo de água e outro
onde este cabo passa internamente à tubulação (Figura 5).
Tubulação de Distribuição
A tubulação ou linha lateral dotada de aspersores ou “sprays” é constituída geralmente por
tubos de aço zincado sendo os diâmetros mais utilizados de 6.5/6” e 8” (Figura 6). Esta
linha mantêm-se suspensas através de um sistema de torres e suportadas por treliças e
tirantes. Geralmente a altura livre sob a estrutura é igual a 2,70 m para culturas normais ou
3,70 m para culturas de porte elevado (por ex.: cana de açúcar). Os aspersores são
instalados na tubulação de distribuição espaçados geralmente de distâncias múltiplas de 3,2
m.
ao longo da linha lateral. São equipadas com pneus tipo trator de banda de rodagem larga
(Figura 7).
Figura 5: Torre central, caixa de controle, anel coletor superior com cabos passando internamente à
tubulação.
Conjunto Moto-Redutor
Cada torre é equipada com um motoredutor, constituído de motor elétrico blindado com
potências de ½, ¾, 1 ou 1 ½ CV, 480 V, e moto-redutor com engrenagens para serviço
pesado (Figura 8). O torque é transmitido aos redutores de rosca sem fim das rodas através
de eixos cardãs (Figura 9).
Figura 7: Torre móvel com detalhes da transmissão de movimento por eixo cardã.
Junta Flexível
A união entre dois lances de torres é feita através de uma junta flexível articulada que
permite movimentos em qualquer direção e que não transmite esforços à torres
subsequentes, esforços esses mostrados pelas setas na Figura 10.
Figura 10: Vista da junta flexível e dos tipos de esforços a que é submetida com o movimento das
torres.
Canhão Final
Com o objetivo de incrementar a área irrigada no anel externo do pivô é instalado, no final
do lace em balanço, um canhão hidráulico com dispositivo setorial (Figura 11). Para os
sistemas de baixa pressão é necessário a utilização de uma bomba “booster” para elevar a
pressão do sistema.
Operação do Sistema
O abastecimento de água é realizado através de uma adutora de conexão entre a fonte de
água e a unidade do pivô. Esta adutora é composta de uma moto-bomba com seus
acessórios e uma tubulação de adução com diâmetro dimensionado de acordo com a vazão,
comprimento da linha, perda de carga por atrito e pressão de serviço. A tubulação de
adução pode ser constituída de vários materiais como: aço zincado, fibrocimento, ferro
fundido, PVC, etc. A moto-bomba deverá ter o acionamento mais conveniente ao irrigante
(diesel, elétrico, etc.). A propulsão do pivô central é geralmente elétrica, operando a uma
tensão especial de 480V (ou 440V), trifásico, 60 Hz, o que torna sempre necessário a
aquisição de um transformador.
Como no anel externo do pivô a velocidade de deslocamento das torres aumenta mantendo
constante a velocidade angular, o tempo de aplicação diminui nesta área, e para que seja
mantida a mesma lâmina bruta aplicada ao longo de toda a área, deve-se aumentar a taxa de
aplicação neste anel (Figura 14).
Na parte interna do pivô a velocidade das torres é menor, o que ocasiona uma diminuição
do tempo de aplicação, portanto para manter a lâmina bruta aplicada constante a taxa de
aplicação deve diminuir.
O tipo dos aspersores, os seus espaçamentos laterais, o diâmetro molhado de cada um, afeta
a taxa de aplicação ao longo da linha lateral. Existem três variações comuns nos tipos de
aspersores e arranjos ao longo da lateral que podem uniformizar a distribuição da água.
L = 500 m
R= 500 m
t = 24 horas
w = 0,26 rad/h
v = 130 m/h
R= 200 m
v = 52,4 m/h
Sistema Sub-Copa
Devido a dificuldades encontradas na irrigação de culturas cujas plantas apresentam alturas
relativamente elevadas, como café e laranja, surgiu uma das últimas inovações em pivôs
centrais, o sistema sub-copa (Figura 17), cujos emissores ficam abaixo das copas das
árvores, permitindo a aplicação de água diretamente no solo no ‘pé da planta’, aumentando
assim a eficiência de aplicação (Figura 18).
Sistema Linear
Outro sistema mecanizado de irrigação montado sobre rodas, similar aos equipamentos de
pivô, é o sistema linear de aspersão (Figura 19). É constituído por uma linha lateral
montada a partir de torres centrais com 2 ou 4 rodas (Figuras 20 e 21), mas que desloca-se
transversalmente sobre a cultura, e não em círculo. Ao longo da área da cultura há uma
canalização lateral de captação que também serve de eixo para as rodas das torres. Na
lateral estão instalados aspersores de tamanho pequeno a médio, obedecendo o
espaçamento compatível para fornecer uma precipitação uniforme ao longo da linha. Esta
linha lateral pode estar conectada a uma canalização lateral pressurizada (Figura 22), ou
então a um canal aberto, neste caso o bombeamento é feito na própria torre.
Figura 17: Vista do sistema de pivô com aplicação sub-copa (Fonte: Valley Irrigation).
Figura 20: Torre central com duas rodas para sistemas lineares (Fonte: Valley Irrigation).
revolução por dia, o que pode não ser ideal para a cultura ou para o uso eficiente da
água;
• Desde que a faixa circular concêntrica irrigada por cada incremento no raio é
sempre maior do que o anterior, a maior parte da água é utilizada no fim da lateral, o
que resulta em elevada perda de carga;
• Pode existir grande diferença de nível entre as posições do fim da lateral a medida
que o sistema se movimenta, resultando em elevada variação na vazão devido à
topografia do terreno.
Figura 21: Torre central com quatro rodas para sistemas lineares (Fonte: Valley Irrigation).