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ATLAS SOLARIMÉTRICO

DA PARAÍBA

- Julho de 2023 -
Atlas Solarimétrico da Paraíba

REALIZAÇÃO
Governo da Paraíba

João Azevêdo Lins Filho Deusdete Queiroga Filho Wagner Ribeiro Clemente
Governador Secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos Gerente Executivo de Energia
Lucas Ribeiro Novais de Araújo Robson Barbosa Bruno Ribeiro de Araújo
Vice-Governador Secretário Executivo de Energia Gerente Operacional de Eficientização Energética
Edson Pessoa Carvalho
Assessor Técnico

ELABORAÇÃO
Centro de Gestão de Pesquisa, Modelagem de Transferência Radiativa Sistema de Informações Geográficas
Desenvolvimento e Inovação - CGPDI Madeleine Sanchez Gácita Casagrande Silvia Vitorino Pereira
Carlos Frederico de Angelis Francisco José Lopes de Lima
Presidente Ferramenta Web
Vinicius Roggério da Rocha
Danilo Borges Fernandes K2 Sistemas
Diretor Executivo Antonio Mauricio Zarzur
Helvécio Bezerra Leal Neto Dados solarimétricos coletados em solo
Consultores Científicos
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Fernando Ramos Martins Aquisição e Tratamento de Dados
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
André Rodrigues Gonçalves Guilherme Baggio Martins Machado
Instituto Federal de Pernambuco (IFPE)
Rodrigo Santos Costa Marcelo Pizzuti Pes
Casa dos Ventos
Gerson Máximo Tiepolo
Enio Bueno Pereira

REVISÃO TÉCNICA NÚCLEO EDITORIAL


Centro de Energias Alternativas Projeto gráfico, edição e ilustrações Fotografia
Renováveis (CEAR) – Universidade Federal Silvia Vitorino Pereira - CGPDI Pulsar Imagens
da Paraíba (UFPB)
Depositphotos
Flavio da Silva Vitorino Gomes Capa
WEG
João Marcelo Dias Ferreira Máximo Serpa - SECOM-PB
Kleber Carneiro de Oliveira Impressão
Revisão Gráfica
TBN Gráfica & Editora
Janildes Andrade - ASCOM/SEIRH-PB

iii
Atlas Solarimétrico da Paraíba

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Paraíba (Estado). Secretaria de Estado da


Infraestrutura e dos Recursos Hídricos
Atlas solarimétrico da Paraíba / Secretaria de
Estado da Infraestrutura e dos Recursos Hídricos ;
[organização Danilo Borges Fernandes, Carlos
Frederico de Angelis]. ­­ Cachoeira Paulista, SP :
Centro de Gestão de Pesquisa, Desenvolvimento e
Inovação ­ CGPDI, 2023.

Vários colaboradores.
Bibliografia.
ISBN 978­65­980791­0­9

1. Atlas 2. Radiação solar 3. Receptores


sensoriais 4. Sensoriamento remoto ­ Imagens
I. Fernandes, Danilo Borges. II. Angelis,
Carlos Frederico de. III. Título.

23­163995 CDD­551.5271098133

Índices para catálogo sistemático:

1. Atlas solarimétrico : Medição : Paraíba :


Geologia 551.5271098133

Aline Graziele Benitez ­ Bibliotecária ­ CRB­1/3129

iv
AGRADECIMENTOS
Este Atlas foi desenvolvido com elevado rigor Casa dos Ventos pelo compartilhamento de dados
técnico e sua realização se deve em grande parte à de estações solarimétricas no estado da Paraíba;
colaboração entre diversas pessoas, empresas e
Centro de Energias Alternativas e Renováveis
instituições, com o devido destaque a:
da Universidade Federal da Paraíba (CEAR/UFPB)
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pelo apoio na especificação e revisão deste Atlas;
pelo compartilhamento de dados solarimétricos
através de sua Rede SONDA e pela disponibilização do Agência Executiva de Gestão das Águas (AESA),
código do modelo BRASIL-SR; Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do
Estado da Paraíba (IPHAEP), Instituto Chico
NOAA (National Oceanic and Atmospheric Mendes de Conservação da Biodiversidade
Administration) dos EUA pela disponibilização das (ICMBIO), Departamento de Estradas e Rodagens
imagens satelitais (GOES16 e projeto GridSat); do Estado da Paraíba (DER), Secretaria do
Planejamento e Gestão (SEPLAG), Superintendência
NASA (National Aeronautics and Space
de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA),
Administration) pela disponibilização de dados de
Companhia de Energia do Estado da Paraíba
aerosol do produto MERRA-2;
(Energisa Paraíba), Secretaria Estadual do Meio
Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) pela Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), pela
disponibilização de dados através da Rede disponibilização de dados ambientais e de
Solarimétrica de Pernambuco; infraestrutura.

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) pela


disponibilização de dados de sua rede de PCDs;
APRESENTAÇÃO
Com uma localização estratégica e Atlas Solarimétrico, uma ferramenta Investidores, empreendedores locais
privilegiada, a Paraíba se caracteriza que quantifica e indica, por meio de de médio e pequeno porte, uni-
como uma das regiões com maior mapas georreferenciados, as regiões versidades, escolas e órgãos públicos
incidência de irradiação solar do mais promissoras em recurso poderão dispor de informações pre-
mundo, atingindo um nível médio energético solar no estado, incluindo a cisas para a tomada de decisões
anual de 5,73 kWh/m² por dia, o que estimativa do potencial técnico- estratégicas e desenvolvimento de
proporciona ao estado um expressivo econômico. projetos inovadores em energia solar.
potencial para geração de energia
limpa e renovável. Totalmente interativo e disponível na A Paraíba segue avançando e
internet, o Atlas se constitui como um consolidando seu protagonismo
Com foco no desenvolvimento importante instrumento para atrair econômico, construindo um futuro
sustentável, o Governo do Estado tem empreendimentos de geração de sustentável para os nossos paraibanos.
apoiado iniciativas que promovam a energia.
utilização de fontes renováveis de
energia, não apenas por seus be- Entre as funcionalidades, a fer-
nefícios ambientais, mas também para ramenta interativa permite a consulta
estimular a economia local e gerar de dados de irradiação, além de João Azevêdo Lins Filho
emprego, renda e qualidade de vida simulações de potência e geração de Governador
para nossa população. sistemas fotovoltaicos a partir de
qualquer local de interesse selecionado,
Por isso, com o objetivo de por meio de recursos de busca e
consolidar a inserção da Paraíba nos seleção diretamente nos mapas
cenários nacional e internacional de georreferenciados.
investimentos no setor, lançamos o
SUMÁRIO
Introdução 1 Metodologia de elaboração do Atlas Solarimétrico 32

Descrição do modelo BRASIL-SR 32


O Estado da Paraíba 3
Dados de entrada 33
Geografia 3
Processamento computacional 36
Vegetação 6
Validação e análise de incertezas 37
Aspectos climáticos 6
Controle de qualidade 39
Hidrografia 10
Métricas estatísticas 39
Unidades de Conservação 14
Comparação entre bases solarimétricas 40
Demografia 14

Economia 19 Cartas solarimétricas 43

Sistema elétrico 20 Irradiação Global Horizontal Anual 44

Irradiação Global Horizontal Mensal 45


Fundamentos da energia solar 24
Irradiação Global no Plano Inclinado a 10° Anual 46
Conceitos básicos da irradiação solar 24
Irradiação Global no Plano Inclinado a 10° Mensal 47
Componentes da irradiação solar 25
Irradiação Direta Normal Anual 48
Medição da radiação solar 27
Irradiação Direta Normal Mensal 49
Geração de eletricidade a partir de energia solar 29
Irradiação Difusa Horizontal Anual 50

Irradiação Difusa Horizontal Mensal 51


Sumário

Potencial de geração fotovoltaica 52

Potencial teórico 52

Potencial técnico 52

Potencial econômico I 53

Potencial econômico II 53

Potencial econômico III 53

Outros aspectos relevantes 56

Energia solar térmica (ou termossolar) 56

Complementaridade (geração híbrida) 57

Hidrogênio verde 57

Energia solar e mitigação de emissões 57

Tecnologia, economia e geração de empregos 58

Variabilidade climática do potencial solar 59

Considerações finais 62

Anexo Legislação aplicada ao setor de energia 63

Índice de figuras, quadros e tabelas 67

Referências 69

viii
INTRODUÇÃO
O avanço tecnológico, a disponibilidade Estado da Paraíba como uma das regiões revista em 2015 pela Resolução Normativa
de informações cientificamente estabe- do país com grande potencial para nº 687 para a regulamentação do segmento
lecidas e a escala de mercado produziram exploração da fonte solar. de geração distribuída. Esta norma intro-
as condições necessárias ao crescimento e a duziu o sistema de compensação de energia
Políticas públicas de incentivo à geração
consolidação da energia solar, que é hoje a junto às distribuidoras de energia elétrica,
de eletricidade a partir de fontes reno-
fonte de energia que mais cresce no mundo alavancando o crescimento da geração foto-
váveis de energia foram implementadas ao
e no Brasil. voltaica por residências, estabelecimentos
longo das duas últimas décadas com o comerciais, industriais e o setor público. A
Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento intuito de diversificar a matriz elétrica do Lei 14.300, de 06 de janeiro de 2023,
Tecnológico (P&D) foram realizados ao país, assegurando maior segurança instituiu o marco legal da microgeração e
longo das duas últimas décadas para energética, alinhadas aos compromissos minigeração distribuída, que regulamenta o
atender a forte demanda de dados sola- internacionais de redução das emissões de Sistema de Compensação de Energia
rimétricos confiáveis que possibilitassem gases de efeito estufa. Elétrica (SCEE) e o Programa de Energia
compreender a distribuição espacial do
A primeira usina de geração solar Renovável Social (PERS) da geração
recurso de energia solar e sua variabilidade
fotovoltaica conectada ao Sistema Inter- distribuída.
ao longo do tempo, considerando a ate-
ligado Nacional (SIN) foi instalada no Brasil
nuação pela atmosfera e os fatores sazonais A cadeia de produtos e serviços rela-
em agosto de 2011, no município de Tauá,
associados ao movimento orbital da Terra cionados à geração solar fotovoltaica
no sertão do estado do Ceará e, a partir daí,
em torno do Sol. Em 2006, o Instituto tornou-se um importante vetor da eco-
iniciou-se a inserção continuada de novos
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nomia local e regional, promovendo a
projetos de centrais fotovoltaicas impul-
lançou a primeira edição do Atlas Bra- sustentabilidade ambiental e impulsio-
sionados, a princípio, pelos leilões de ener-
sileiro de Energia Solar com uma meto- nando a qualidade de vida e o desen-
gia e, posteriormente, pelo mercado livre. O
dologia inovadora empregando dados de volvimento social através da geração de
marco que estabeleceu a base para o
satélite, que logo se tornou referência de empregos qualificados. Além disso, vem
mercado de microgeração e minigeração
informações para essa fonte de energia promovendo o acesso à energia para a
distribuída de energia no Brasil foi a
no país. O Atlas, em sua segunda edição população ainda não atendida pela rede
Resolução Normativa da Agência Nacional
revisada e ampliada de 2017, aponta o elétrica convencional e a expansão de
de Energia Elétrica (ANEEL) nº 482/2012,
Introdução

serviços básicos para a população em do estado da Paraíba. As incertezas nas Sem dúvida, este Atlas Solarimétrico da
regiões remotas. Compreendendo a rele- estimativas da irradiação solar incidente Estado da Paraíba representa um marco
vância desses aspectos, o Governo do foram determinadas com base em dados importante na disseminação de informa-
Estado da Paraíba investiu na elaboração observados em estações solarimétricas e ções confiáveis e cientificamente embasa-
do Atlas Solarimétrico da Paraíba, dis- meteorológicas terrestres operadas na das sobre o potencial de geração de energia
seminado por meio deste documento região por instituições públicas e empre- solar, fomentando investimentos e geração
impresso e da ferramenta interativa web. endedores privados, que colaboraram com de empregos, além de contribuir com o
Os dois produtos visam não somente a este projeto. esforço mundial para reduzir as emissões
divulgação como também o acesso inte- de gases do efeito estufa por meio de uma
A interface gráfica da ferramenta inte-
rativo amplo a um conjunto de infor- fonte de energia inesgotável, limpa e
rativa na web foi elaborada para oferecer
mações confiáveis sobre a disponibilidade abundante na região.
experiência intuitiva e amigável nas diver‐
de energia fotovoltaica no território
sas plataformas digitais (computador,
paraibano.
smartphone ou tablet), e disponibiliza re‐
O Atlas foi desenvolvido com base em latórios que podem ser impressos ou
moderna tecnologia de modelagem com‐ armazenados no equipamento do usuário.
putacional baseada em dados de satélites. Um tutorial interativo está disponível para
Em sua versão interativa, permite a consulta orientar usuários em caso de dúvidas
e a simulação do aproveitamento do re- sobre os procedimentos de consulta ou
curso solar em qualquer localidade ou área simulação.

2
O ESTADO DA PARAÍBA
territorial e planejamento de políticas Campina Grande, tal como definida pelo
públicas. As regiões geográficas são IBGE em 2021, reunindo 48 municípios e
nomeadas a seguir, abordando as com uma área total de 7.684 km² (13,6% da
intermediárias e suas respectivas imediatas superfície total do Estado. A Zona Semiárida
Geografia integrantes: paraibana, de acordo com o que preco-
nizam o Ministério de Integração Nacional e
• João Pessoa: João Pessoa, Guarabira,
a Superintendência do Desenvolvimento do
Mamanguape - Rio Tinto e Itabaiana;
O Estado da Paraíba está localizado entre Nordeste (SUDENE), através da Resolução
as latitudes de 6° 1’ 33” S a 7° 9’ 18” S e os • Campina Grande: Campina Grande, do Conselho Deliberativo (CONDEL) da
meridianos 34° 47’ 34” O e 38° 45’ 56” O, Cuité - Nova Floresta, Monteiro e Sumé; SUDENE n° 107, de 27 de julho de 2017,
conforme ilustrado na Figura 1.1. O Nota Técnica nº 0023/2017-SUDENE/DPLAN/
• Patos: Patos, Itaporanga, Catolé do
território paraibano está localizado no CGEP, de 20 de novembro de 2017, e
Rocha - São Bento, Pombal e Princesa
Nordeste brasileiro, totalizando uma área Resolução CONDEL da SUDENE n° 115, de
Isabel;
de aproximadamente 56.470 km² (cerca de 23 de novembro de 2017, abrange uma
0,7% do território brasileiro). Suas fronteiras • Sousa-Cajazeiras: Sousa e Cajazeiras. área de aproximadamente 51.306 km²
encontram o Oceano Atlântico a leste e o (87,0 % do total do Estado), contemplando
Sob o ponto de vista socioeconômico, o
estado do Ceará a oeste. As fronteiras sul e cerca de 194 municípios.
Governo do Estado da Paraíba adota a
norte são delimitadas pelos estados de
divisão clássica que agrega seus principais A Figura 1.2 apresenta a topografia do
Pernambuco e Rio Grande do Norte,
espaços econômicos nas seguintes zonas Estado da Paraíba. O relevo do território
respectivamente.
geoeconômicas: Litoral-Mata, Agreste-Brejo paraibano caracteriza-se pela existência de
O Estado da Paraíba é formado por 223 e Semiárido. A Zona Litoral-Mata corres‐ uma faixa litorânea de baixada, pelo
municípios, de acordo com a divisão ponde à maior parte da Região Interme‐ Planalto da Borborema na região central e
estabelecida pelo Instituto Brasileiro de diária de João Pessoa, como definida pelo pelo Planalto Ocidental no oeste do estado.
Geografia e Estatística (IBGE) a partir de IBGE em 2021 e inclui trinta dos 223 Aproximadamente 90% do território parai-
2017. Conforme mostra a Figura 1.1, o municípios do Estado, ou seja, uma área bano apresenta altitudes inferiores a 600 m,
território paraibano está dividido em de 5.242 km² (9,3% do território do estado). com as maiores elevações situadas ao longo
Regiões Geográficas Intermediárias e A Zona do Agreste-Brejo abrange quase que do Planalto da Borborema, sendo o ponto
Imediatas, para fins de organização integralmente a Região Intermediária de mais elevado o Pico do Jabre, com altitude
Figura 1.1 - Mapa da Divisão Urbano
Regional do Estado da Paraíba.
Fonte: IBGE/Coordenação de Geografia/
Divisão urbano-regional do Brasil, 2021.
Figura 1.2 - Topografia do estado da Paraíba
com indicação das cidades mais populosas,
de acordo com o censo de 2022.
Fontes: NASA/SRTM 4.1 e IBGE/Base Cartográfica
BC250, 2021; Censo Demográfico, 2022.
O Estado da Paraíba

de 1.090 m. A Costa Atlântica do estado Aberta, Savana Arborizada e Florestada, meses de março e abril, justamente o
possui cerca de 120 km de extensão, onde Manguezal, Palmeiral, Restingas, Florestas período em que a estrutura está posi-
ocorrem formações do tipo falésias, com Plantadas e Contatos, onde ocorre mais de cionada sobre o hemisfério sul.
altitudes inferiores a 60 m. A Depressão uma tipologia. A Savana-Estépica (Caatinga)
Dentre os regimes típicos de precipitação
Sertaneja domina o relevo no oeste do é a tipologia predominante, cobrindo
observados no NEB, dois deles afetam o
Estado, caracterizado pela caatinga e o aproximadamente 94% das áreas de vege-
Estado da Paraíba: o primeiro se caracteriza
clima semiárido, com elevações variando tação natural do estado (SFB, 2019).
por um quadrimestre chuvoso, bem
entre 100 m e 400 m.
Considerando o registro de espécies de definido, entre os meses de fevereiro e
A Figura 1.3 apresenta o mapa de plantas, incluindo angiospermas, samam- maio, e compreende as regiões de Sousa-
declividade do território paraibano. A baias e licófitas, as bases de dados para o Cajazeiras e Patos e as porções mais ao
declividade do terreno é fator importante Estado da Paraíba apresentam diferenças oeste e norte da região de Campina Grande,
na escolha dos locais de implantação de significativas, pois, enquanto o Projeto Flora tendo como principais fenômenos meteo-
usinas de geração fotovoltaica de grande e Funga do Brasil (2023) indica a ocorrência rológicos a ZCIT, a convergência de umi-
porte. A literatura aponta que locais com de 2390 espécies, a plataforma do dade proveniente de brisas e de
declividades superiores a 5 graus (ou 8,7%) SpeciesLink (CRIA, 2023) registra um Perturbações Ondulatórias dos Alísios
devem ser evitadas em razão de aspectos número maior, de 4318 espécies. (POA’s) e a convecção local (Molion e
relacionados ao escoamento superficial e Bernardo, 2002).
riscos de processos de erosão do solo
O segundo regime se caracteriza por um
(Guarnieri, 2017; Al Guarni e Awasthi, 2017).
quadrimestre chuvoso entre abril e julho,
Aspectos climáticos compreendendo a porção leste do estado
(região de João Pessoa), ocasionado pelo
aumento de atividade de circulação de brisa
Vegetação Climatologicamente, o Nordeste Brasi-
e máxima convergência dos alísios com
leiro (NEB) é conhecido pela sua alta
variabilidade temporal e espacial da brisas terrestres (Kousky, 1979), pelos
A Paraíba apresenta uma vegetação precipitação. Estas mesmas características distúrbios ondulatórios de leste (Ferreira et
bastante diversificada, reflexo de sua podem ser verificadas na nossa área de al., 1990) e pelo deslocamento de uma zona
riqueza ecológica, por englobar os biomas interesse. de convergência observada sobre a costa
Caatinga e Mata Atlântica em seu território, leste do Nordeste (Molion e Bernardo,
Na grande parte do território paraibano, 2000). Estes são os principais sistemas
o que lhe confere uma variedade de
os sistemas atmosféricos mais atuantes na meteorológicos responsáveis pela preci-
espécies adaptadas às diferentes condições
Zona Semiárida são a Zona de Convergência pitação no estado.
climáticas e ambientais.
Intertropical (ZCIT), os Eventos de Oscilação
De acordo com o Serviço Florestal Sul (ENSO) – El Niño e La Niña, o Vórtice Conforme indica a Figura 1.4, a
Brasileiro (2019), a Paraíba apresenta como Ciclônico de Alto Nível (VCAN) e os Sistemas distribuição anual da precipitação apresenta
florestas pelo menos 11 tipologias de Frontais (Frentes Frias), que são alta variabilidade espacial. A porção central
vegetação, incluindo Savana-Estépica responsáveis pelas chuvas distribuídas ao do estado, incluindo a região intermediária
Arborizada e Florestada (Caatinga), Floresta longo do ano. A atuação da ZCIT costuma de Campina Grande e oeste da região de
Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila ser mais presente no Semiárido durante os João Pessoa, apresenta os menores valores

6
Figura 1.3 - Mapa da declividade do terreno
com a localização das cidades mais populosas.
Fontes: Derivado de NASA/SRTM 4.1; IBGE/Base
Cartográfica BC250, 2021.
Figura 1.4 - Mapa da distribuição espacial
da precipitação.
Fontes: G. Köppen’s climate classification map for
Brazil; IBGE/Base Cartográfica BC250, 2021.
O Estado da Paraíba

Vegetação Litoral paraibano

Mata Atlântica

Planalto da Borborema

Cacto quipá no
Cariri paraibano

Caatinga

Manguezais

9
O Estado da Paraíba

acumulados anuais de precipitação entre se as maiores médias de temperatura diurna microrregiões de Água e Esgoto do Alto
400 e 600 mm. A região de Sousa-Cajazeiras do ar ao longo do ano. Importante comentar Piranhas, Espinharas, Borborema e Litoral.
e o oeste da região de Patos apresentam que este padrão pode ser observado no A estrutura leva em consideração, dentre
precipitação anual entre 800 a 1000 mm e Estado da Paraíba durante todo o ano e que outros aspectos, a delimitação das bacias
as porções mais a leste do estado os meses com os menores valores de hidrográficas, a divisão da infraestrutura
apresentam valores de acima de 700 mm, temperatura são junho, julho e agosto; já as operacional dos serviços de saneamento
com destaque para a região de João Pessoa, temperaturas mais elevadas são observadas básico, bem como as particularidades
onde os acumulados anuais variam de 1200 em outubro, novembro e dezembro. sociais, econômicas e políticas dos ter-
a 1600 mm. A Precipitação é um importante ritórios envolvidos.
elemento climático, pois promove a
Os baixos índices de precipitações
regulação da temperatura, funcionando
pluviométricas anuais constituem um fator
como um controle para amplitudes térmicas Hidrografia limitante às regiões hidrográficas na Zona
extremas.
Semiárida da Paraíba, causando menos
Segundo Francisco e Santos (2017) a No Estado da Paraíba existem rios e vazão e escoamento superficial nos rios e
classificação climática de Köppen mostra a riachos descritos como corpos de água riachos. Nessas localidades, a carac-
predominância dos tipos “As” (clima tropical lóticos ou cursos d’água naturais (intermi‐ terização hidrográfica é marcada pela
com verão seco) e “Bsh” (clima semiárido tentes, efêmeros, perenes e perenizados), presença de rios e riachos intermitentes e
quente) no estado da Paraíba, conforme a os quais possuem suas terminologias efêmeros.
Figura 1.5. O tipo “As” é observado no leste materializadas no art. 2º da Resolução do As Bacias Hidrográficas da Paraíba
da região de João Pessoa, além de uma Conselho Nacional de Recursos Hídricos constituídas essencialmente por rios
faixa na porção oeste e norte da região de (CNRH) nº 141, de 10 de julho de 2012. Boa perenes são as do Abiaí, Guaju, Maman-
Patos. O tipo “Bsh” pode ser verificado na parte desses corpos de água lóticos ou guape, Miriri, Gramame, Camaratuba, bem
região central do estado, compreendendo a cursos d’água naturais estão representados como a Sub-Bacia hidrográfica do Baixo
região de Campina Grande a e o oeste da no enquadramento dos corpos d’água da Paraíba.
região de João Pessoa. Importante men- Paraíba, elaborado pela Agência Executiva
cionar que na faixa central do estado a de Gestão das Águas (AESA) e atualizada em O estado conta com inúmeros açudes e
precipitação anual oscila entre 400 e 600 parceria com a SUDEMA em 2014. Esses barragens construídos para mitigar o
mm (Figura 1.4), sendo, portanto, uma das aspectos de ordenamento dos recursos impacto das estações de seca, como, por
regiões com menores totais pluviométricos hídricos estão materializados na Diretriz exemplo, as demandas difusas (abaste-
do País. n° 201 do Sistema Estadual de Licencia- cimento humano de populações rurais,
mento de Atividades Poluidoras (SELAP) no dessedentação animal e irrigação).
A Figura 1.6 apresenta a distribuição
ano de 1988 e podem ser visualizados em
espacial da temperatura diurna média anual O Açude Coremas, o maior do estado em
Banco de Dados Espacial (BDE) do SIG-WEB
do ar. Analisando o mapa, observa-se que os capacidade de armazenamento, com aproxi-
da Agência Executiva de Gestão das Águas
menores valores estão nas áreas de altitudes madamente 590 hm³ e localizado na bacia
(AESA), através do endereço eletrônico
mais elevadas, destacando-se assim a porção do Rio Piancó, beneficia 112 municípios
http://siegrh.aesa.pb.gov.br:8080/aesa-sig/.
centro-norte da região de Campina Grande. espalhados pela região de Patos (AESA,
No setor mais a leste da região de Patos, O governo da Paraíba estabeleceu, 2020). A Figura 1.7 apresenta o mapa de
onde predominam baixas altitudes, observa- através da Lei Complementar 168/2021, as recursos hídricos do Estado da Paraíba

10
Figura 1.5 - Mapa da distribuição dos
tipos climáticos segundo Köppen.
Fontes: G. Köppen’s climate classification
map for Brazil; IBGE/Base Cartográfica
BC250, 2021.
Figura 1.6 - Mapa da temperatura diurna
e cidades mais populosas.
Fontes: INMET/Estações Automáticas ; IBGE/
Base Cartográfica BC250, 2021; Censo
Demográfico, 2022.
Figura 1.7 - Mapa dos recursos hídricos do
estado e cidades mais populosas.
Fonte: ANA/Massas d'Água, 2021; IBGE/Base
Cartográfica BC250, 2021; Censo Demográfico,
2022.
O Estado da Paraíba

utilizado na elaboração dos cenários Atualmente, na Paraíba, existem Unida- pescadores do Município de Cabedelo,
econômicos descritos mais adiante neste des de Conservação protegendo paisagens com atividades como artesanato pro-
documento. naturais nos dois biomas existentes no duzido pelas marisqueiras da comu-
território – Mata Atlântica e Caatinga – além nidade Renascer.
de outras no ecossistema marinho.
Conhecer para conservar é uma máxima
Diversas atividades podem ser desen- afirmativa que norteia a gestão das
Unidades de Conservação volvidas nestes territórios protegidos, como, Unidades de Conservação. Através da
por exemplo, a educação ambiental, pesquisa participação popular, da divulgação
As Unidades de Conservação são científica, ecoturismo e extrativismo susten- científica e da vivência destes espaços é crer
territórios protegidos legalmente insti- tável de recursos naturais renováveis. em um futuro onde os ecossistemas se
tuídos pelo Poder Público e que possuem perpetuarão para as futuras gerações.
Importante patrimônio natural está
como objetivo conservar os recursos preservado nas Unidades de Conservação, Além das Unidades de Conservação, o
ambientais inseridos em seus limites, como a biodiversidade ameaçada de extin- Estado da Paraíba conta com Terras
incluindo as águas jurisdicionais, com ção, a exemplo do pau-brasil (Paubrasilia Indígenas demarcadas e em estudo e
características naturais relevantes. Para echinata), com uma importante população também Terras Quilombolas, como apre‐
elas, é obrigatório regime especial de resguardada na Estação Ecológica de sentado na Figura 1.8 e nas Tabelas 1.2 e 1.3.
administração, ao qual se aplica garantias mesmo nome, que possui um dos mais
adequadas de proteção. relevantes bancos de germoplasma desta
Estes territórios protegidos são clas- espécie no país. Além disso, existem as aves
sificados em dois grupos, de acordo com endêmicas (Parque Estadual Mata do Pau- Demografia
sua tipologia de uso: Proteção Integral e Ferro), as pinturas rupestres (APA das
Uso Sustentável. Cada um desses grupos é Onças) e os icnofósseis do período Cretáceo
(Monumento Natural Vale dos Dinossauros) Segundo o Censo Demográfico do IBGE
subdividido em cinco e sete categorias, res-
também protegidos nas UC's. realizado em 2022, a população do Estado
pectivamente, que se adaptam à realidade
da Paraíba é de 3.974.495 habitantes,
ambiental de cada local. Um importante papel das Unidades de registrando uma taxa de crescimento de
Ao total são 40 Unidades de Conservação Conservação é preservar e estimular a 0,45% ao ano no período entre 2010 e
na Paraíba, listadas na Tabela 1.1, sendo 17 manutenção do conhecimento tradicional 2022. A densidade demográfica do estado
gerenciadas pelo estado através da das populações humanas inseridas no é de 70,4 hab./km² (Figura 1.9). Os dados
SUDEMA, outras 16 no âmbito federal pelo contexto socioambiental que as cir- populacionais por sexo e residência
Instituto Chico Mendes de Conservação da cundam. Na zona de amortecimento do urbana/rural ainda não haviam sido
Biodiversidade (ICMBio) e mais 7 que ficam Parque Estadual Marinho Areia Vermelha publicados pelo IBGE quando da
a cargo de municípios. Entre as UC’s, algu‐ (PEMAV), o projeto denominado de impressão deste documento (julho/2023).
mas são particulares. Denominadas Reser- Projeto de Integração com as Comu- Valores atualizados podem ser obtidos na
vas Particulares do Patrimônio Natural, 9 nidades, apoiado pelo GEF-Mar e firmado página do Censo 2022, que pode ser aces‐
estão na esfera federal e 2 na esfera estadu‐ por Acordo de Cooperação entre o Estado sada pela internet no endereço http://
al. A Figura 1.8 apresenta o mapa com a da Paraíba e o Ministério do Meio Ambi‐ censo2022.ibge.gov.br/panorama/.
localização das unidades de conservação. ente, apoia as mulheres da colônia de

14
O Estado da Paraíba

Tabela 1.1 - Unidades de Conservação no Estado da Paraíba. A numeração (Id) indica a posição no mapa.
Fonte: MMA (Ministério do Meio Ambiente)/ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), 2021; SUDEMA, Prefeituras Municipais de Cabedelo,
Cacimba de Areia, Cajazeiras, João Pessoa e Mataraca.

Continua

15
O Estado da Paraíba

Continuação da Tabela 1.1

16
Figura 1.8 - Unidades de Conservação, Terras
Indígenas e Quilombolas
(ver tabelas para identificação).
Fontes: SUDEMA-PB, 2023; MMA/ICMBIO, 2022; FUNAI,
2021; INCRA, 2021; IPHAN, 2021; IBGE/Base
Cartográfica BC250.
Figura 1.9 - Mapa da densidade demográfica.
Fontes: IBGE/Centro de Documentação e
Disseminação de Informações/Grade Estatística,
2016; IBGE/Base Cartográfica BC250, 2021; Censo
Demográfico, 2022.
O Estado da Paraíba

Ainda considerando o Censo 2022, as


cidades mais populosas da Paraíba são: Tabela 1.2 - Terras indígenas no Estado da Paraíba. As letras (Id) indicam a posição no mapa.
Fonte: FUNAI (Fundação Nacional do Índio), 2021.
João Pessoa, a capital do estado, com
cerca de 834 mil habitantes; Campina
Grande, com aproximadamente 420 mil
habitantes; Santa Rita, com aproxi-
madamente 150 mil hab.; Patos, com
cerca de 105 mil hab. e Bayeux, com
aproximadamente 83 mil habitantes.
Tabela 1.3 - Terras quilombolas no Estado da Paraíba. As letras (Id) indicam a posição no mapa.
Segundo o IPEA (2022), o Índice de
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento / INCRA (Instituto Nacional de Colonização e
Desenvolvimento Humano (IDH) do Reforma Agrária), 2021.
Estado da Paraíba avançou na última
década, passando de 0,66 em 2010 para
0,72 em 2017.

Economia

Dados da Secretaria de Planejamento,


Orçamento e Gestão do estado da Paraíba
indicam que o Produto Interno Bruto (PIB)
de 2020 foi de R$ 70,3 bilhões. A Figura 1.10
mostra a evolução do PIB paraibano ao
longo da última década, com crescimento
da ordem de 2,1 vezes entre 2010 e 2020.

A economia do estado da Paraíba baseia-


se na produção agropecuária, na indústria
de couro e no turismo. Os principais
produtos agrícolas são: cana-de-açúcar,
abacaxi, mandioca, milho, feijão e algodão
herbáceo (IBGE, 2022). O estado possui um
rebanho estimado em 1,3 milhões de
cabeças de gado, criação de suínos, ovinos
e equinos. Além de artigos de couro,
Figura 1.10 - Evolução do Produto Interno Bruto do Estado da Paraíba.
também são industrializados produtos Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e
alimentícios e têxteis, açúcar e álcool. Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA.

19
O Estado da Paraíba

a fonte solar fotovoltaica como geração O Estado da Paraíba reúne condições de


distribuída, percebe-se que as instalações assumir maior protagonismo na geração de
estão concentradas principalmente nas energia elétrica considerando o potencial
classes comercial e residencial com 40,9% disponível dos recursos solar e eólico.
Sistema elétrico e 40,8% respectivamente, conforme
Com relação ao potencial de geração
apresentado na Figura 1.11.
solar fotovoltaica, estudos anteriores
Segundo o Sistema de Informações de mostram que o Estado da Paraíba está
Geração da ANEEL (SIGA), a capacidade localizado dentro do cinturão solar (Pereira
instalada de geração de eletricidade no et al., 2017), apresentando elevados índices
Brasil (potência fiscalizada) é de cerca de de radiação solar. Este atlas detalha a
189.871 MW, sendo a solar fotovoltaica distribuição espacial e temporal da
responsável por 4,1% da geração irradiação solar incidente na superfície no
centralizada. Mas ao considerar-se também território paraibano, demonstrando que o
o potencial já existente em geração estado apresenta enorme potencial de
distribuída (GD – 17.000 MW), a capacidade expansão desse setor.
instalada no Brasil (centralizada + GD) é de Figura 1.11 - Percentual de participação por classe O Atlas Eólico do Estado da Paraíba
206.871 MW, sendo a solar fotovoltaica de consumo da fonte solar fotovoltaica na GD.
(https://mapaeolico.pb.gov.br/) indica que
responsável por 11,8% deste total, o que a Adaptado de ANEEL/Geração Distribuída, 2023.
mais de 90% das áreas com maior
coloca como a segunda maior fonte potencial eólico ocorrem a distâncias
renovável no país, atrás apenas da fonte inferiores a 40 km de uma das subestações
hídrica (ANEEL/SIGA, 2023; ANEEL/Geração A Tabela 1.4 apresenta a lista das
em operação no estado.
Distribuída, 2023). maiores plantas de geração fotovoltaica em
operação no Estado da Paraíba – geração
No Estado da Paraíba, a participação da centralizada (ANEEL/SIGA, 2023).
energia solar fotovoltaica se destaca ainda
mais. A capacidade instalada de geração De acordo com o Balanço Energético
de eletricidade no estado é de 1.733 MW Nacional (BEN, 2022), o Estado da Paraíba
(potência fiscalizada – geração foi responsável pela geração de aproxi-
centralizada), o que corresponde a 0,9% madamente 3.434 GWh em 2021, equiva-
do país, sendo a solar fotovoltaica lentes a 2,3% do total produzido na região
responsável por 26,2% (454 MW). Ao Nordeste e 0,5% do total produzido no
considerar-se também a capacidade Brasil. As fontes renováveis de energia
instalada da geração distribuída, o estado participam com aproximadamente 1680
Figura 1.12 - Percentual de participação das fontes
alcança 1.992 MW (potência fiscalizada), Gwh (49%) da matriz elétrica da Paraíba. renováveis na matriz energética da Paraíba.
sendo a solar fotovoltaica responsável por Usinas termoelétricas participam com 1750 Adaptado de ANEEL/BEN, 2022.

35,7% deste total, o que a coloca como a Gwh (51%), como mostrado na Figura 1.12.
fonte de energia mais importante do Apenas o setor residencial foi responsável
estado (ANEEL/SIGA, 2023; ANEEL/ pelo consumo de 2.346 GWh ou 68% do
Geração Distribuída, 2023). Ao analisar-se total gerado no estado.

20
O Estado da Paraíba

Tabela 1.4 - Principais plantas de geração fotovoltaica em


operação no estado da Paraíba.
Fonte: ANEEL/SIGA, 2023.
As informações sobre o sistema elétrico
que atende o Estado da Paraíba foram
disponibilizadas pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) e pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE) e utilizadas para a
elaboração dos cenários de aproveitamento
do recurso solar apresentados mais adiante
neste documento.

Segundo a ANEEL e a EPE, o sistema de


transmissão do Estado da Paraíba é
constituído por linhas de 500kV e 230kV. Es‐
sas linhas atendem o estado como ilustrado
na Figura 1.13.

O sistema de distribuição, segundo a


Base de Dados Geográfica da Distribuidora
(BDGD), sob responsabilidade da ANEEL, é
constituído primariamente por linhas em 69
kV operadas em concessão atualmente pela
empresa Energisa Paraíba, que atende todo
o estado, conforme apresentado também
na Figura 1.13.

21
Figura 1.13 - Sistema elétrico do estado da
Paraíba incluindo linhas de transmissão e
distribuição e plantas de geração.
Fonte: ANEEL (2022) e EPE (2023).
O Estdo da Paraíba

Algumas usinas fotovoltaicas em operação na Paraíba

Complexo Solar Coremas, inaugurado em setembro de 2020,


no município de Coremas, Paraíba (-6.9564°, -37.9937°). O
complexo é composto por oito usinas solares de 27 MWp
(Megawatts-pico) de capacidade de geração cada (Coremas I, a
VIII), incluindo subestação e linha de transmissão.

23
FUNDAMENTOS DA ENERGIA SOLAR
terrestre tem sido medida desde o início da outono, inverno e primavera. A Figura 2.1
década de 1970 por diferentes técnicas e ilustra esses dois principais movimentos e
instrumentos e é conhecida como Constante suas efemérides principais.
Solar. A American Society for Testing and
Os componentes atmosféricos (gases e
Conceitos básicos da Materials (ASTM) estabeleceu como padrão
particulados presentes na atmosfera) pos-
para tal quantidade, mais reconhecido mun‐
irradiação solar dialmente, o valor de 1.366,1 ± 2,5 W/m², suem papel importante na atenuação da
radiação solar devido aos processos de
denominado ASTM E490-00a (ASTM, 2019).
interação como a absorção e o espalhamento
A radiação solar é a fonte de energia a
Entre os diversos fatores que influenciam da radiação solar. Esses processos radiativos
ser adotada para geração de energia
a quantidade e variabilidade da energia solar na atmosfera também determinam a dis-
elétrica por meio de duas tecnologias já
que incide na superfície da Terra, os mais ponibilidade e a variabilidade da incidência de
consolidadas no mercado: a geração foto-
importantes são o movimento de translação energia solar na superfície empregada na
voltaica e a geração heliotérmica. A energia
da Terra em torno do Sol, em uma órbita geração de eletricidade e outros fins.
solar também tem aplicações na produção
elíptica com a duração
de calor para atender demandas da pro-
aproximada de 365 dias,
dução agropecuária, dos processos indus-
5 horas, 48 minutos e 48
triais e dos sistemas de aquecimento da
segundos, e o movi-
água para residências.
mento de rotação em
A energia solar é resultado da fusão torno de um eixo polar
nuclear dos átomos de Hidrogênio, que com inclinação de 23,45°
representa cerca de 75% da composição do em relação ao plano da
Sol. Essa fusão ocorre a uma taxa aproxi- órbita solar (eclíptica),
madamente constante há bilhões de anos, que define o ciclo diário.
com uma potência instantânea da ordem de Esses dois movimentos
3,86 x 1026 W. Apenas parte da energia combinados definem os
emitida pelo Sol atinge o topo da atmosfera ciclos diário (dia/noite) e Figura 2.1 - Movimento da Terra em torno do Sol tendo como referência
sazonal associados às as datas das efemérides relevantes para o Hemisfério Sul.
de nosso planeta Terra. A quantidade de
Fonte: Martins e Pereira, 2019.
energia que chega ao topo da atmosfera estações do ano – verão,
Fundamentos da energia solar

Para compreender os ciclos


diários e sazonais da radiação solar
incidente na superfície, é
necessário entender uma série de
conceitos estabelecidos com base
na posição relativa entre o Sol e a
Terra. Os principais ângulos notáveis
estão ilustrados na Figura 2.2 e são:
ângulo zenital (θz), a altitude ou
elevação (α), o ângulo Azimutal Solar
(γs). A declinação solar (δ), ilustrada
na Figura 2.3, é o ângulo entre uma
linha imaginária que une os centros
do Sol e da Terra e o plano
equatorial terrestre.
Figura 2.2 - Representação gráfica dos principais ângulos que definem Figura 2.3 - Ilustração do ângulo de declinação (δ),
a posição do Sol na abóbada celeste. que varia de 23,45° norte até 23,45° sul.
Um conceito muito importante
Fonte: Martins e Pereira, Energia solar: estimativa e Fonte: Martins e Pereira, 2019.
é o fotoperíodo, que corresponde previsão de potencial solar. Appris, 2019.
ao intervalo de tempo doe
fluxo na direção da incidência e é radiação solar incidente são o ozônio (O₃),
percurso do Sol no céu, do nascer ao pôr
reirradiada em comprimentos de onda na faixa de radiação ultravioleta, o vapor
do Sol. Isso dá origem aos conceitos de
maiores em direções aleatórias. O processo d’água e o gás carbônico (CO₂), nas faixas
crepúsculo (alvorada/ocaso) como o
de espalhamento depende da relação entre de radiação do visível e do infravermelho
definido pela norma ABTN (NBR-5123),
o tamanho do espalhador e o com- próximo. Como resultado dessas
que estabelece normas para a iluminação
primento de onda da radiação espalhada. interações da radiação solar com a
pública.
O espalhamento causado por gases atmosfera, o espectro solar resultante que
atmosféricos é descrito como espalha- chega à superfície é fortemente alterado,
mento Rayleigh, já o espalhamento conforme ilustra a Figura 2.4.
causado pelas partículas em suspensão na
Componentes da atmosfera e gotículas presentes nas
A irradiância solar é definida como o
irradiação solar nuvens é descrito pela teoria do
fluxo instantâneo de energia radiante que
incide sobre uma superfície por unidade
espalhamento Mie (Yamasoe e Corrêa,
de área, sendo expressa em W/m² (Watt
2016).
A atmosfera terrestre atua sobre o por metro quadrado). Já a irradiação
espectro da radiação solar incidente A absorção seletiva de comprimentos de solar é obtida pela integração da
através de fenômenos de espalhamento e onda específicos da radiação solar ocorre irradiância solar ao longo de um intervalo
absorção seletiva em determinados devido a fenômenos quânticos de de tempo. Sua unidade de medida no
comprimentos de onda. O espalhamento interação da radiação com a matéria. Os Sistema Internacional (SI) é expressa em J/
ocorre quando uma fração do feixe de componentes atmosféricos que mais m² ( Joule por metro quadrado). No
radiação proveniente do Sol é subtraída do fortemente contribuem para a absorção da entanto, o setor de geração de energia

25
Fundamentos da energia solar

tem adotado usualmente a unidade Wh/ ado no topo da atmosfera. É também relação à superfície da Terra. Em geral,
m² (Watt-hora por metro quadrado) para conhecida como irradiância no topo da essa nomenclatura é adotada para
expressar a irradiação solar. Esta grandeza atmosfera (TOA); descrever a irradiância solar em um
é muito utilizada em dimensionamentos plano com ângulo de inclinação em
• Irradiância difusa (G dif ou DHI): é o fluxo
de sistemas fotovoltaicos. relação ao plano horizontal e com face
instantâneo de energia solar incidente
voltada para o norte (ou sul) geográfico
A irradiância solar é classificada nas sobre uma superfície horizontal,
no hemisfério sul (ou norte).
componentes Global, Direta e Difusa, decorrente do espalhamento do feixe
com base nos processos radiativos de solar direto pelos constituintes at‐ As componentes da irradiância solar po‐
espalhamento na atmosfera. A irradiân- mosféricos (moléculas, material parti- dem ser vistas na Figura 2.5.
cia solar também pode ser determinada culado, nuvens, etc.);
considerando a geometria e localização • Irradiância direta normal (G n ou DNI): é
da superfície sobre a qual ocorre a o fluxo instantâneo de energia solar
incidência: Plano Inclinado, Plano proveniente diretamente do Sol que
Horizontal e Extraterrestre. Com base incide sobre uma superfície em direção
nessas classificações, são apresentadas a normal ao feixe de radiação solar, sem
seguir as definições adotadas no Atlas sofrer nenhum espalhamento durante o
Solarimétrico da Paraíba: seu percurso na atmosfera;
• Irradiância extraterrestre (G₀): é o fluxo • Irradiância direta (Gdir): é a parcela da
instantâneo de energia solar incidente irradiância solar direta (Gn) que incide
em um plano horizontal imaginário situ- perpendicularmente a uma superfície
horizontal, determinada como
o produto entre a irradiância
direta normal (Gn) e o cosseno
do ângulo zenital solar (θz);

• Irradiância global horizontal


(G ou GHI): é o fluxo instantâ-
neo de energia solar incidente
sobre uma superfície horizon-
tal, constituída pelo somatório
das irradiâncias solar direta e
difusa, ou seja, G = Gdif + Gdir
ou G = Gdif + Gn.cos(θz); Figura 2.5 - Componentes da radiação solar
incidente sobre um coletor solar em um
• Irradiância global no plano plano inclinado.
inclinado (GTI i ): é o fluxo ins- Fonte: Atlas Brasileiro de Energia Solar - INPE, 2017.

Figura 2.4 - Espectro da radiação solar incidente no topo da tantâneo de energia solar por
atmosfera e na superfície terrestre ilustrando as bandas de unidade de área incidente
absorção e a faixa da radiação visível.
sobre um plano inclinado em

26
Fundamentos da energia solar

Medição da ricamente radiômetros. As normas ISO termopilha (conjunto de termopares) ou o


(International Organization for Standardizati‐ sensor fotodiodo.
radiação solar on) e a WMO (World Meteorological Organi‐
Em geral, os equipamentos são divididos
zation) estabelecem classificações e
em três classes distintas:
Vários métodos baseados em diferentes especificações para a medição de
processos físicos são utilizados nas irradiância solar (ISO 1990; WMO 2008). • alta qualidade (denominados como
medições da energia solar incidente na padrões secundários);
Os piranômetros são instrumentos mais
superfície, conforme ilustra a Tabela 2.1. Os modernos e geralmente mais utilizados nas • boa qualidade (instrumentos de primeira
sensores modernos, utilizados para aqui- medições da irradiância solar global (GHI). classe);
sição de dados de radiação solar, avaliam o Esses equipamentos utilizam mais comu- • qualidade moderada (instrumentos de
parâmetro físico medido por meio de um mente dois tipos de sensores: o sensor segunda classe).
sinal elétrico e são denominados gene-
Os piranômetros de termopilha possuem
Tabela 2.1 - Principais processos físicos em que se baseiam registros de radiação solar. uma curva de resposta espectral pratica-
mente plana entre 300 e 3000 nm (faixa es-
pectral que compreende a radiação visível e
parte da radiação ultravioleta e infra-
vermelha), cobrindo todo o espectro de
radiação solar de interesse, conforme visto
na Figura 2.6. Atualmente, o piranômetro de
termopilha constitui o sistema de maior
acurácia (primeira classe) para medir a
radiação solar, uma vez que a curva de
resposta de sensores fotodiodos apre-
sentam uma dependência espectral grande e
cobrem parcialmente o espectro de radiação
solar incidente na superfície terrestre.

A aquisição de dados de irradiância


solar direta normal pode ser realizada de
duas maneiras. A metodologia direta
emprega um pireliômetro com elemento
sensor de termopilha. O pireliômetro
precisa estar acoplado a um sistema
robotizado de seguimento do disco solar,
conforme ilustra a Figura 2.7 (a), para
manter o sensor sempre iluminado pela
radiação solar ao longo do dia.

27
Fundamentos da energia solar

teorológicas tais como a componente global da radiação, pire‐


temperatura ambiente e a liômetros acoplados a um rastreador solar,
velocidade do vento, com uma para obtenção da componente direta nor‐
frequência de aquisição igual à mal da radiação solar incidente, e vários
adotada para as medidas de outros instrumentos de medida, tais como
irradiância solar. câmeras imageadoras do céu, para estudos
sobre a nebulosidade, espectrofotômetros,
Basicamente, existem dois
tipos principais de estação so‐
larimétrica: aquelas destinadas
a estudos, pesquisa, desenvol- (a)
vimento e calibração de mo-
delos computacionais de levan‐
tamento solarimétrico e as
estações automáticas que
Figura 2.6 - Respostas espectrais relativas de uma célula solar Sc-Si atendem aos requisitos esta‐
e de um piranômetro termopilha. belecidos pela EPE (EPE-DEE-RE-
Fonte: Neves, 2021. 065/2013) para cadastramento
e habilitação técnica com vistas
A metodologia indireta utiliza um par de à partici-pação nos leilões de energia.
piranômetros, sendo que um deles deve Conforme o regulamento da EPE, a estação
ser constantemente sombreado com em- solari-métrica deve possuir no mínimo os
prego de um anel (ou esfera acompa- seguintes instrumentos: (b)
nhada por um rastreador solar) para medir
a componente difusa (DHI) da irradiância • dois piranômetros sem seletividade es‐
solar, conforme ilustra a Figura 2.7 (b). A pectral (instrumentos de segunda classe)
irradiância solar direta (Gdir) é obtida por ou superior, conforme a norma ISO
simples subtração entre a radiação global 9060:1990, para a medição da irradiação
(GHI) e a componente difusa da radiação global horizontal;
solar (DHI) e posterior correção do ângulo • um anemômetro (para a medição da velo-
zenital solar. cidade do vento);

As medições da irradiância solar são • um higrômetro (para a medição da umi-


realizadas no campo por estações solari- dade relativa do ar);
Figura 2.7 - Exemplos de processos de
métricas com várias configurações. Con- • um termômetro (para a medição da tem- medição da radiação solar direta: (a)
tudo, para fins de obtenção de dados utilizando o pireliômetro (direta normal)
peratura do ar).
destinados a projetos de geração solar, as e (b) utilizando o par de piranômetros,
sendo um deles munido de um anel de
medidas das várias componentes da radia- Já as estações destinadas a estudos e sombreamento (o segundo piranômetro
ção solar incidente são sempre acom- desenvolvimento de modelos empregam, não aparece na imagem).
panhadas de medidas de variáveis me- além dos piranômetros, para medição da

28
Fundamentos da energia solar

para estudos do espectro da radiação solar, se o projeto tiver recursos financeiros


fotômetros solares, para estudos sobre a suficientes e de longo prazo para apoiar a
composição da atmosfera (aerossóis, vapor operação e manutenção, necessárias para (a)
d’água), entre outros. A Figura 2.8 ilustra esses garantir a qualidade das medidas.
dois tipos de estações solarimétricas.

As incertezas das medições dos


radiômetros resultam da qualidade das
instalações, dos equipamentos, do local da Geração de eletricidade
instalação e das incertezas oriundas da a partir da energia solar
operação destes no campo. A Tabela 2.2
apresenta, de forma qualitativa, a rele-
Duas tecnologias são utilizadas para
vância relativa das várias etapas de (b)
conversão da energia solar em eletricidade:
instalação, operação e manutenção de
a conversão fotovoltaica (ou geração
uma estação solarimétrica. Para fins de
fotovoltaica) e a conversão térmica (ou
levantamento de recursos de energia solar
geração heliotérmica). A primeira baseia-se
para geração de energia elétrica, instru-
no princípio físico conhecido como efeito
mentos de “primeira classe” ou “padrões
fotovoltaico que é a produção de uma
secundários” devem ser utilizados apenas

(c)
Incertezas

A acurácia ou exatidão de um radiômetro indica


o quanto as medidas realizadas aproximam do valor
de referência e está relacionada com desvios sis-
temáticos, geralmente atribuídos a problemas de
calibração. Por outro lado, a incerteza ou precisão
está relacionada com o espalhamento das medidas
em relação a um valor médio qualquer, relacionada
a vários fatores instrumentais, ou a etapas de
obtenção dos dados tais como a manutenção,
presença de sujidades no domo, instabilidade
estrutural da plataforma de coleta, etc. A imagem Figura 2.8 – Plataformas de coleta de
ao lado ilustra o conceito de acurácia e precisão em dados solarimétricos:
(a, b) plataformas destinadas a pesquisa,
termos estatísticos. O centro do alvo representa o
(c) plataforma que atende aos requisitos
valor de referência da variável avaliada. Os pontos da EPE (2021).
representam os valores observados para a mesma
variável (Fonte: Martins e Pereira, 2019).

29
Fundamentos da energia solar

Tabela 2.2 - Relevância relativa, de forma qualitativa, das várias etapas de


instalação, operação e manutenção de uma estação solarimétrica.

Figura 2.9 - Ilustração do efeito fotovoltaico sobre uma


célula fotovoltaica. Fonte: Neves, 2021.

corrente elétrica em um material A geração fotovoltaica emprega a para conversão térmica. O calor aquece um
semicondutor exposto à radiação eletro- irradiação solar global incidente, ou seja, as fluido de trabalho que irá movimentar
magnética, como as células de silício componentes direta e difusa da radiação turbinas, acionando o gerador de eletrici-
presentes nos módulos fotovoltaicos. solar, inclusive a que provém do albedo da dade. Existem várias tipologias de geração
superfície, portanto, ocorre mesmo em dias termossolar, empregando espelhos parabó-
A conversão depende do material com nebulosidade, embora com menor licos lineares, ou sistemas de vários
semicondutor empregado, caracterizado produtividade. espelhos planos em uma disposição própria
pela energia de criação dos pares de para gerar calor em um único ponto. A
elétrons livres e lacunas (energia de banda A geração fotovoltaica também sofre a Figura 2.10 ilustra as principais tipologias
proibida). Assim, a escolha da tecnologia influência da temperatura de operação da de geração termossolar mais empregadas.
para a produção dos módulos fotovoltaicos célula semicondutora. O aumento da A geração termossolar utiliza apenas a
(silício mono ou poli cristalino, filmes finos, temperatura causa a redução da eficiência componente direta da irradiação solar inci‐
ou semicondutores orgânicos) está associa- de conversão fotovoltaica. Daí a impor- dente e, portanto, só pode ser aplicada em
da à resposta espectral e, também, ao tância dos dados de temperatura do local regiões com baixa nebulosidade e alta
espectro solar incidente. A Figura 2.9 ilustra da instalação pretendida, uma vez que esta incidência de radiação solar como, por
o efeito fotovoltaico em uma célula tem influência na temperatura de operação exemplo, em regiões áridas. Contudo, tem a
semicondutora que compõe um painel do módulo fotovoltaico. vantagem de poder gerar energia elétrica
fotovoltaico. A eficiência de conversão da
A geração termossolar ou heliotérmica mesmo após o pôr do Sol, desde que
radiação solar em eletricidade das
(CSP – Concentrated Solar Power) utiliza disponha de sistemas de armazenamento
tecnologias disponíveis no mercado estão
espelhos (heliostatos) que refletem a luz do do calor gerado durante o dia.
na ordem de 18 a 24%.
Sol de modo a concentrar a incidência solar

30
Fundamentos da energia solar

(a) (b)

(c) (d)

Figura 2.10 - Sistemas de geração heliotérmica: (a) por tecnologia de lente Fresnel, (b) empregando sitema de
torre, (c) empregando disco parabólico, (d) empregando cilindro parabólico.

31
METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DO ATLAS
informações sobre a nebulosidade presente relação ao plano horizontal (GTI₁₀);
na atmosfera, principal fator de modulação
Para a elaboração do Atlas Solarimétrico • Total diário da irradiação solar difusa
da incidência de radiação solar na super-
da Paraíba, foi adotada metodologia incidente no plano horizontal (DHI);
fície, são obtidas a partir de imagens de
inovadora que combina uso de dados • Total diário da irradiação solar direta
satélites geoestacionários da família GOES.
climáticos e de sensoriamento remoto com normal (DNI), i.e., incidente em
modelo numérico de transferência radiativa Os valores de irradiância solar incidente superfície perpendicular à direção de
adaptado para as condições ambientais na superfície fornecidos pelo modelo propagação do feixe da energia solar.
encontradas no território nacional (Martins BRASIL-SR para cada imagem de satélite são
e Pereira, 2006; Martins et al., 2008; Costa et integrados numericamente para deter-
al., 2016; Pereira et al., 2017). Fruto de minação dos totais diários para um período
trabalho de pesquisa realizado ao longo das de 10 anos iniciado em 2012. As incertezas
últimas décadas, o modelo de transferência associadas à metodologia são avaliadas
Descrição do
radiativa BRASIL-SR, utilizado na confecção com uso de métricas estatísticas, como viés, modelo BRASIL-SR
deste Atlas, emprega propriedades físicas raiz do erro quadrático médio e correlação
da atmosfera e seus constituintes (tempe- de Pearson, determinadas com base na
Os valores de irradiação solar produzidos
ratura do ar, umidade relativa, espessura comparação entre valores estimados e ob‐
pelo modelo BRASIL-SR são adotados como
óptica de aerossóis, concentração de gases servados em estações de medida em
referência para o território brasileiro por
atmosféricos, nebulosidade) para estimar o superfície.
instituições governamentais e empreende-
perfil vertical dos principais gases e
A base de dados disponibilizada neste dores do setor de energia (CRESESB, 2022;
partículas presentes na atmosfera baseado
Atlas inclui as médias anual e mensal do SOLERGO, 2022).
em técnicas consolidadas na literatura
total diário das seguintes componentes da
científica. Dados relacionados à cobertura e O fluxo de operação do modelo pode ser
irradiação solar incidente na superfície:
uso do solo (albedo e altitude) também são visto da Figura 3.1. O modelo espectral
fundamentais para simular os processos • Total diário da irradiação solar global BRASIL-SR utiliza 37 intervalos espectrais
físicos de atenuação da radiação solar e incidente no plano horizontal (GHI); distribuídos no intervalo entre 200 nm a 3700
obtenção da irradiância solar incidente na nm. Os dados espectrais solares no topo da
• Total diário da irradiação solar global
superfície e refletida de volta para a atmosfera (TOA) seguem Gueymard (2004).
incidente no plano inclinado a 10° em
atmosfera (Casagrande et al., 2021). As
Metodologia de elaboração do Atlas Solarimétrico

Os perfis atmosféricos verticais de A condição de contorno de superfície é


Dados de entrada
temperatura do ar, pressão atmosférica e estabelecida com base no albedo espectral
concentração de gases seguem Anderson et de superfície para radiação direta e difusa.
al. (1986), e estão disponíveis para cinco As informações de albedo foram deter- O modelo de transferência radiativa
atmosferas padrão selecionadas com base na minadas conforme descrito por Schaaf et al. BRASIL-SR requer um conjunto de dados
temperatura da superfície. O coeficiente de (2002), com uso dos parâmetros do kernel meteorológicos e ambientais para a
absorção de radiação solar pelos gases vapor BRDF derivados para o sensor MODIS nos parametrização numérica dos processos
de água, O₃, CO₂, O₂ são calculados com base satélites ACQUA e TERRA. Os parâmetros do radiativos na atmosfera. Este tópico
em métodos propostos por Wiscombe (1977), kernel BRDF são interpolados linearmente descreve sucintamente as principais
Schreier (2019) e Gordon (2017). para os 37 comprimentos de onda espec- características das bases de dados
trais usados pelo modelo. utilizadas e o processamento necessário
para organização e formatação exigida na
A base de dados de profundidade óptica
automatização do procedimento de leitura
dos aerossóis atmosféricos para o compri-
dos dados e execução do modelo. Esse
mento de onda 550 nm é interpolada para
procedimento gerou a composição dos 10
os 36 comprimentos de onda de intervalos
anos de cálculo da irradiação solar incidente
espectrais restantes usando o expoente de
na superfície que integram o Atlas Solari‐
Angström como parâmetro de entrada
métrico da Paraíba. Todas as bases de
(Casagrande et al., 2021). A profundidade
dados empregadas foram produzidas por
óptica de aerossóis é distribuída vertical-
instituições de reconhecida competência
mente em cada coluna da grade, assumindo
acadêmica e amplamente utilizadas em
profundidade óptica fixa de 0,0216 para
diversas áreas das atividades humanas,
alturas entre 5 km e 50 km. Abaixo de 5 km
incluindo o agronegócio e a energia
de altura, assume-se o decaimento expo‐
(Casagrande et al., 2021).
nencial da profundidade ótica com a
altitude. A seleção das demais propriedades
ópticas do aerossol (albedo de espalha-
mento simples e fator de assimetria) é Cobertura de nuvens
baseada no bioma predominante em cada
A nebulosidade é o principal fator de
célula da grade conforme descrito em
atenuação da irradiação solar incidente na
(Darbyshire et al., 2018).
superfície. Deste modo, fornecer informa-
O modelo BRASIL-SR assume que as nu- ções de qualidade ao modelo BRASIL-SR
vens estão distribuídas em duas camadas sobre a nebulosidade presente em uma
atmosféricas do perfil vertical da atmosfera. localidade é fundamental para obtenção de
As propriedades ópticas das nuvens estimativas confiáveis e representativas dos
Stratocumulus foram utilizadas na elaboração valores observados em superfície (estima-
do Atlas. A metodologia assume que em tivas com baixa incerteza). Dados de
Figura 3.1 - Diagrama em blocos da metodologia condição de céu totalmente encoberto não há qualidade sobre a nebulosidade em áreas
empregada no Atlas Solarimétrico da Paraíba. incidência de irradiação direta na superfície. de grande extensão territorial são obtidos a

33
Metodologia de elaboração do Atlas Solarimétrico

partir da análise de imagens na faixa


espectral do visível obtidas por satélites
geoestacionários. O índice adimensional de
Satélites geoestacionários
cobertura efetiva de nuvens (Ceff) para cada
píxel (elemento da imagem digital) é
determinado a partir da equação

onde L representa o valor de radiância


observado pelo satélite para um píxel
específico da imagem. Lclear e Lcloudy
representam os valores de radiância obser-
vados pelo satélite para o mesmo píxel Os satélites geoestacionários são usados para fornecer serviço contínuo de
quando este encontra-se na condição de céu observação da Terra em uma grande área. A família de satélites GOES (Geostationary
claro e céu totalmente encoberto por Operational Environmental Satellite) tem uma órbita geossíncrona no plano equatorial e
com o mesmo período orbital que o período de rotação do planeta. A órbita
nuvens, respectivamente. Os valores de geoestacionária é um tipo de órbita geossíncrona com um recurso adicional. Ele
Lclear e Lcloudy são determinados a partir de permanece estacionário em relação a um único ponto na superfície do planeta. Os
análise estatística de imagens de satélite satélites estão posicionados a aproximadamente 36.000 km acima da superfície terrestre.
obtidas em situações similares de geometria A NOAA/NASA (National Oceanic and Atmospheric Administration / National Aeronautics
de iluminação do píxel pelo Sol, i.e., aproxi- and Space Administration) opera os satélites da família GOES que apresentam a melhor
geometria de observação do território brasileiro uma vez que permanecem
madamente o mesmo ângulo zenital solar. posicionados sobre a linha do Equador no meridiano 75˚ Oeste.
O índice de cobertura efetiva de nuvens foi A figura abaixo ilustra as áreas de abrangência dos satélites geoestacionários da
série GOES sobre as Américas.
determinado com base nas imagens do
satélite geoestacionário GOES 13 (já des-
comissionado), para o período entre 2012 e
2017, e do GOES 16, para o período restante,
entre 2018 e 2021. As imagens no canal visível
(comprimento de onda 0,64 µm) do satélite
GOES 13 tem resolução espacial de 4 km. Sua
resolução temporal (intervalo de aquisição de
cada imagem) foi de 30 minutos.

O satélite GOES 16 substituiu o GOES 13


e é o primeiro da nova geração de satélites
da família, com melhorias na resolução

34
Metodologia de elaboração do Atlas Solarimétrico

espacial e temporal dos dados disponi- Ozônio de ajuste da base para a resolução espacial
bilizados graças ao imageador ABI. As apresentada pelas imagens de satélite. O
imagens do canal visível (comprimento de O ozônio é o constituinte atmosférico perfil vertical seguiu a atmosfera-padrão
onda 0,64 µm) com resolução espacial de responsável pela atenuação da radiação selecionada em função da temperatura do
1,0 km e uma resolução temporal de 10 solar na faixa espectral do ultravioleta. A ar na superfície.
minutos foram utilizadas para elaboração base de dados disponibilizada pelo Coper-
do Atlas. A Tabela 3.1 resume as espe- nicus Climate Change Service (https://
cificações técnicas dos dois satélites. A climate.copernicus.eu/) fornece a concen- Albedo
Figura 3.2 ilustra imagens do canal visível tração de Ozônio na coluna atmosférica e
obtidas pelos satélites GOES 13 e 16. foi utilizada para parametrização dos pro- Albedo ou coeficiente de reflexão é a
cessos radiativos associados ao ozônio. Esta razão entre a radiação refletida pela
base apresenta resolução espacial de 1°, superfície e a radiação incidente sobre ela.
Temperatura, umidade sendo por isso necessário processamento Tem natureza adimensional, sendo normal-
relativa e água precipitável
Tabela 3.1 - Frequência temporal de coleta de imagens ao longo do período de tempo adotado para
elaboração do Atlas Solarimétrico da Paraíba.
O modelo BRASIL-SR utiliza valores de
temperatura do ar, umidade relativa e água
precipitável para estabelecer os perfis
verticais dos constituintes atmosféricos. Os
valores de temperatura do ar são
fundamentais para estabelecer os perfis
verticais dos gases constituintes da
atmosfera (Martins, 2001). Por outro lado,
a água precipitável é uma variável de forte
interação com a radiação solar e possui
importante papel na atenuação da
irradiação solar incidente na superfície,
sendo os seus dados utilizados para
corrigir o perfil de vapor de água na coluna
atmosférica. Para elaboração do Atlas, os
dados das três variáveis disponíveis na
base de reanálise ERA-5 também foram
interpolados com base no método do píxel
vizinho mais próximo para a resolução
espacial das imagens do satélite GOES. A
reanálise ERA-5 é disponibilizada pela
Copernicus Climate Change Service (https://‐
climate.copernicus.eu/). Figura 3.2 - Imagens no canal visível dos satélites GOES 13 (esquerda) e GOES 16 (direita), na
projeção retangular. Fonte: DISSM/INPE.

35
Metodologia de elaboração do Atlas Solarimétrico

mente medido numa escala que vai de zero biomas para a seleção do conjunto de
a 1. A função de distribuição da reflectância propriedades ópticas dos aerossóis, defi-
bidirecional (FDRB) fornece a refletância de nida a partir do bioma principal de cada
um alvo em função da geometria de ponto de grade. A base de dados de
iluminação e geometria de visualização. As altitude do território brasileiro utilizada é a
mudanças na reflectância e no albedo de GTOPO30, do Earth Resources Observation
uma determinada superfície têm relação and Science (EROS) Data Center/United
com a sua geometria de iluminação e com o States Geological Survey (USGS), disponível
tipo de superfície, sendo distintas para em formato de grade com resolução de
diferentes comprimentos de onda. Uma das arco de 30 seg (aproximadamente 1 km) e
metodologias para descrever a variabilidade discretização vertical da ordem de 100 m.
do albedo de superfície utiliza as funções de Já os dados de biomas são oriundos do
distribuição de reflectância bidirecional Instituto Brasileiro de Geografia e
(FDRB), combinando parâmetros como o Estatística (IBGE), com escala de 1:250.000
espalhamento isotrópico, espalhamento em (Figura 3.3). Assim como nos outros dados
superfícies horizontalmente homogêneas e de entrada, os valores são interpolados
espalhamento óptico geométrico. Seguindo para o tamanho do píxel da imagem de
estes princípios, o modelo BRASIL-SR utiliza satélite utilizada.
dados de albedo espectral do solo para o
cálculo da irradiação solar direta e difusa,
obtida usando parâmetros das funções
FDRB e fórmulas polinomiais com coefici- Processamento
entes independentes do comprimento de
onda. Valores climatológicos mensais em
computacional Figura 3.3 - Mapas de relevo (acima) e de biomas
(abaixo) utilizados no modelo BRASIL-SR.
sete bandas de comprimentos de onda Fonte: EROS/USGS e IBGE.
foram interpolados linearmente para os 37 O modelo BRASIL-SR foi executado para
umidade relativa e espessura óptica de
intervalos de comprimento de onda uma área limitada (domínio), conforme
aerossóis.
adotados no BRASIL-SR. A base de dados ilustrado na Figura 3.4, cobrindo uma
utilizados para este processamento está região além das fronteiras do território do A área do domínio foi definida com base
disponível para acesso público em http:// Estado da Paraíba com grade retangular na localização de estações de superfície
tds.webservice-energy.org. na resolução horizontal de 0,04° x 0,04° com disponibilidade de dados solarimé-
(~16 km²). Este domínio compreende as tricos para avaliação das incertezas das
latitudes entre 9,46˚ sul e 5,54˚ sul e estimativas de irradiação solar incidente na
Altitude e biomas longitudes entre 40,46˚ oeste e 34,62° superfície produzidas pelo modelo. Dados
oeste. Todo o conjunto de dados solarimétricos observados no território
O modelo também utiliza dados meteorológicos e ambientais utilizados para paraibano e estados vizinhos foram sele-
topográficos de altitude para correção e alimentar o modelo foi organizado para o cionados para garantir representatividade
parametrização de algumas das variáveis domínio ilustrado na Figura 3.4, incluindo das áreas de fronteiras do estado e pos-
atmosféricas utilizadas, além do mapa de imagens de satélite, temperatura do ar, sibilitar uma avaliação rigorosa do desem-

36
Metodologia de elaboração do Atlas Solarimétrico

modo que a demanda computa- operacional e bibliotecas, bem como um HD


cional atendeu a realização das (disco rígido) otimizado para entrada/saída com
seguintes etapas: capacidade de 1 TB para armazenamento dos
dados de entrada e saída do modelo.
i. Pré-processamento e armaze-
namento das imagens de satélite Todos os pacotes computacionais de apoio
para a área de domínio; ao modelo (incluindo bibliotecas científicas de
ii. Determinação da cobertura de acesso livre, como NetCDF e HDF5) foram
nuvens para cada imagem de recompilados para otimizar seu desempenho
satélite armazenada; para os processadores disponíveis na instância.
Foram utilizados os compiladores do pacote
iii. Transferência e processamen- Intel OneAPI (versão 2022.1.0) para garantir a
to dos dados meteorológicos e compatibilidade com o modelo BRASIL-SR e o
ambientais para a grade retangu- máximo desempenho das aplicações.
lar do domínio utilizado;
O volume final da base de dados de entrada
Figura 3.4 - A área tracejada em vermelho representa a iv. Execução do modelo alimenta-
região adotada na configuração do modelo BRASIL-SR (calculado após o pré-processamento, que
do com as bases de dados pre-
para obtenção de estimativas de total diário de redimensiona os dados para a grade do
irradiação solar incidente na superfície. Os pontos paradas e armazenadas nas etapas
indicam a localização das estações de superfície. domínio e compacta os arquivos gerados)
anteriores;
apresentou tamanho aproximado de 27 GB. O
v. Pós-processamento das estimativas processamento propriamente dito ocupou um
penho do modelo BRASIL-SR em toda
produzidas com determinação de total de aproximadamente 576 horas-máquina
extensão do estado da Paraíba. A base de
valores médios mensais e anual dos com a utilização dos 8 núcleos em tempo
dados observados inclui um conjunto de
totais diários de irradiação solar no integral, não incluindo rodadas para teste,
estações públicas administradas pelo
território paraibano. avaliação e ajuste das configurações do modelo,
Instituto Nacional de Meteorologia
nem o download e pré-processamento dos
(INMET), Instituto Nacional de Pesquisas Todas estas etapas listadas foram pro-
dados de entrada. Ao final das rodadas, foram
Espaciais (INPE), Instituto Federal de cessadas em nuvem, com a utilização do serviço
gerados 297 GB de dados de saída do modelo,
Pernambuco (IFPE) e uma estação privada Amazon Elastic Compute Cloud (Amazon EC2),
dos quais 283 GB compreendem dados de alta
de coleta de dados gentilmente cedida comercializado pela Amazon Web Services (AWS).
resolução (0,01° x 0,01°).
pela Casa dos Ventos. Para maior eficiência computacional, foi
escolhida uma instância do tipo T3a – instância
A elaboração do mapeamento do recurso
de uso geral expansível projetada para apli-
solar apresentado neste documento teve
cações que enfrentam picos temporários de uso
elevada demanda computacional em função
de CPU. A infraestrutura contratada contou com Validação e análise
da extensão do território paraibano, da
quantidade de informações armazenadas nas
8 CPUs virtuais (processadores AMD EPYC série de incertezas
7000 de 2,5 GHz) e 32 GB de memória RAM,
bases de dados meteorológicos e ambientais
conectados a um SSD (drive de armazenamento
e das imagens de satélite utilizadas para Modelos atmosféricos ou satelitais são
de estado sólido) de uso geral com capacidade
alimentar o modelo. O modelo foi executado ferramentas úteis ao mapeamento de re‐
de 100 GB para carregamento rápido do sistema
para um período de 120 meses (10 anos) de curso solar em alta resolução, porém é

37
Metodologia de elaboração do Atlas Solarimétrico

necessário que as incertezas sejam quan-


tificadas, pois impactam o risco de um Estações solarimétricas
empreendimento. A validação da modela-
gem utilizada para este Atlas consistiu na As estações meteorológicas automáticas do INMET
comparação das estimativas dos totais atendem ao padrão do sistema de observação me‐
diários de irradiação solar, em suas compo- teorológica mundial da Global Observing System/World
Meteorological Organization (GOS/WMO) e possuem di‐
nentes global horizontal (GHI) e direta versos sensores medindo pressão atmosférica, tempe-
normal (DNI), fornecidas pelo modelo sateli‐ ratura do ar, umidade relativa do ar, precipitação,
tal, com uma base de dados observados radiação solar, direção e velocidade do vento, entre
outras. Cada estação possui um piranômetro de segunda
coletados em estações de medição em
classe (ISO 9060:2018).Essas estações operam de modo
superfície. Esses dados não foram utilizados autônomo e, muitas vezes, apresentam limitações de
para ajustes estatísticos das saídas do manutenção preventiva e limpeza frequente dos domos
modelo BRASIL-SR, o que assegura que os dos piranômetros, o que acarreta um maior percentual de
dados excluídos durante a qualificação. No entanto, trata- Exemplo de estação padrão
erros auferidos são representativos para se da mais abrangente base de medições radiométricas INMET.
todo o estado da Paraíba. disponível no país.
As estações da Rede SONDA focam na coleta
Para o procedimento de validação foram e disseminação de dados ambientais para fo‐
utilizadas 24 estações de coleta de dados mentar a expansão das fontes solar e eólica no
em superfície pertencentes a centros me‐ país. Suas plataformas solarimétricas seguem o
teorológicos, instituições de ensino e pes- padrão da Baseline Surface Radiation Network
(BSRN) e utilizam sensores radiométricos de
quisa e empreendedores privados com primeira classe, conforme requisitos da norma
intuito de garantir abrangência e repre- ISO 9060:2018. As estações SONDA possuem uma
sentatividade espacial do estado da Paraíba gama maior de sensores compreendendo tipi-
camente rastreadores solares com medição das
e entornos. Após processo de controle de
componentes direta normal (DNI) e difusa (DHI)
qualidade, descrito no subtítulo a seguir, da irradiância solar, podendo incluir ainda pir‐
foram selecionadas 24 estações com geômetros, sensor PAR, luxímetro, câmeras all-
Exemplo de estação padrão BSRN.
medições confiáveis de irradiação solar sky, fotômetros solares e espectroradiômetros.
global, das quais 4 possuem registro de A base de dados cedida pela Casa dos Ventos foi obtida com a operação de uma
estação que atende o padrão EPE (DEE-RE-065/2013). As estações padrão EPE possuem,
dados de irradiância direta:
minimamente, dois piranômetros de segunda classe
• 18 (dezoito) estações meteorológicas “Spectrally Flat” ou superior, em conformidade com a
norma ISO 9060:2018, garantindo redundância para
automáticas operadas pelo Instituto medição da irradiação global horizontal, além de
Nacional de Meteorologia (INMET) medição de umidade relativa do ar, temperatura e
contendo registros horários de velocidade do vento.
irradiação solar global horizontal. Os As estações pertencentes à Rede Solarimétrica de
dados são disponibilizados pelo portal Pernambuco englobam estações operando em dife-
rentes instalações do Instituto Federal de Pernambuco.
<https://portal.inmet.gov.br/> e possuem Apenas dados coletados em estações próximas à
acesso público; fronteira do estado da Paraíba e equipadas com
rastreador solar foram utilizados neste atlas, o que
• 2 (duas) estações solarimétricas perten- permite a medição das componentes direta normal
Exemplo de estação padrão EPE.
centes à Rede Solarimétrica de Pernam- (DNI) e difusa (DHI) da irradiância solar.

38
Metodologia de elaboração do Atlas Solarimétrico

buco, operadas pelo Instituto Federal de O controle de qualidade realizado (valores positivos) ou subestimar (valores
Pernambuco (IFPE). Os dados, de acesso atendeu aos critérios recomendados in‐ negativos) o potencial solar no local, enquanto
público, podem ser acessados no portal ternacionalmente pela BSRN (Baseline o REQM é uma medida do espalhamento
<https://redesolpe.com.br/>; Surface Radiation Network) combinados a entre os dados medidos e os dados estimados
outros documentos técnico-científicos pelo modelo de modo que quanto menores
• 3 (três) estações solarimétricas perten-
(Gueymard, 2014; WMO no. 8, 2018). O forem os valores, melhor o seu desempenho. A
centes à Rede SONDA operadas pelo
algoritmo foi dividido em quatro etapas correlação de Pearson (r) é um teste que mede
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
gradativamente mais rigorosas, além de a relação estatística entre as irradiações
(INPE) e localizadas em Petrolina/PE,
uma análise de consistência prévia. Como estimadas pelo modelo e os valores
Caicó/RN e Natal/RN, com registros a
todo processo automatizado de qualificação observados nas estações de superfície. Espera-
cada minuto de irradiância solar global
está sujeito a falhas, procedeu-se também a se uma associação linear entre os dois
horizontal, difusa horizontal e direta
inspeção visual para aprovação final das conjuntos de valores, de modo que os valores
normal (exceto Natal/RN). Todas as
medições. A Figura 3.5 ilustra graficamente, de r devem estar próximos a 1,0 (um). As
estações têm dados de acesso público
em diagrama de blocos, este procedimento, Equações 1, 2 e 3 detalham estes índices.
pelo portal <http://sonda.ccst.inpe.br/>;
enquanto a Tabela 3.2 mostra o percentual
• 1 (uma) estação solarimétrica padrão total de dados aprovados para as variáveis
EPE localizada na mesorregião Campina GHI e DNI. (Eq. 1)
Grande, Estado da Paraíba, pertencente
a empreendedores privados.
(Eq. 2)
Métricas estatísticas
Controle de qualidade
As comparações entre o modelo e as
medições em superfície foram efetuadas para
É comum que medições solarimétricas cada estação individualmente e para todo o
apresentem falhas e problemas de conjunto de dados disponível. Empregaram-se
qualidade ao longo dos anos, o que métricas estatísticas convencionais definidas (Eq. 3)
demanda um controle de qualidade das pelo Erro Médio (viés) e a Raiz do Erro
bases de dados observados antes de sua Quadrático Médio (REQM). O viés indica onde yi é o valor observado da variável no i-
utilização na avaliação de incertezas de tendências do modelo em superestimar ésimo instante do tempo, xi é o valor da
estimativas de irradiação solar incidente na
superfície fornecidas por modelos compu-
Tabela 3.2 - Percentual total de dados aprovados para as variáveis GHI e DNI após processo de qualificação
tacionais. Além do acúmulo de sujeira nos considerando o total de estações avaliadas.
radiômetros, que é bastante comum, a re‐
gularidade na calibração, os erros de
conversão de sinal e a interferência causada
por obstáculos são alguns dos problemas
mais frequentes.

39
Metodologia de elaboração do Atlas Solarimétrico

mesma variável produzida pelo modelo relevância das incertezas de medição. Os desvios de cada estação possuem o
correspondente ao mesmo instante de mesmo peso na apuração dos percentis e
As Tabelas 3.3 e 3.4 mostram um resumo
tempo do valor observado, e N é o número nas médias finais. A média se refere à
das métricas de validação obtidas para as
de registros da variável em validação. média aritmética de todas as 24 estações
variáveis GHI e DNI respectivamente, para empregadas no processo de validação que
Deve-se considerar que valores elevados todas as estações selecionadas no domínio passaram no controle de qualidade. Não há
dos desvios de viés e REQM obtidos para mapeado. ponderação pelo período de dados.
algumas estações não estão relacionados
Os valores percentuais do viés e de
somente às incertezas da modelagem, mas
REQM foram determinados em relação ao
também às incertezas da própria medição
valor médio das observações nas estações
em superfície. Problemas relacionados a
sujidade, a calibração dos sensores e até selecionadas para o processo de validação. Comparação entre
mesmo efeitos de sombreamento por Os percentis apresentados fornecem bases solarimétricas
localização inadequada da estação, são informações sobre a fração de observações
difíceis de se detectar e, muitas vezes, (ou de desvios) que estão abaixo de seu Diversas bases de dados solarimétricos
passam desapercebidas pelo controle de valor, apurados em uma base mensal. estão disponíveis, regional, nacional e
qualidade aplicado aos dados observados, Assim, por exemplo, o Percentil 25, ou P25 globalmente, oriundas de diferentes
até mesmo por inspeção visual. Neste representa o limite superior de 25% dos métodos como a interpolação entre esta-
sentido é recomendável avaliar os erros registros presentes na análise estatística, e ções de superfície, modelagem dinâmica
sempre que possível para um conjunto assim por diante. em mesoescala ou global (reanálises) e
maior de estações, de modo a reduzir a
modelos satelitais. A base de dados do Atlas

Figura 3.5 - Fluxograma do processo de qualificação de medições solarimétricas adotado neste atlas.

40
Metodologia de elaboração do Atlas Solarimétrico

Tabela 3.3 - Métricas de validação das


saídas do modelo para os totais diários
de irradiação global horizontal.

Tabela 3.4 - Métricas de validação das


saídas do modelo para os totais
diários de irradiação direta normal.

Diagrama de dispersão

Na ilustração ao lado, é apresentado um diagrama de


dispersão entre as médias mensais de totais diários de
GHI observados (abscissas) e estimados (ordenadas)
para todas as estações analisadas. Nota-se uma
correlação linear elevada (> 0,95) e um o viés relativo
médio de 2%. O REQM relativo se encontra em 5,2%.
Estas métricas estão compatíveis com as incertezas de
modelos de estimativas satelitais. O pequeno viés
positivo é adequado pois há de se considerar que parte
das medições pode ser ligeiramente subestimada por
sujidade dos domos devido à manutenção pouco
frequente.

41
Metodologia de elaboração do Atlas Solarimétrico

Solarimétrico da Paraíba (Paraíba, 2023) foi


desenvolvida e validada utilizando o modelo Tabela 3.5 - Principais diferenças entre as bases de dados geradas para o
Atlas Solarimétrico da Paraíba (2023) e o
satelital BRASIL-SR, mesma ferramenta Atlas Brasileiro de Energia Solar (2017).
amplamente difundida através do Atlas
Brasileiro de Energia Solar (Brasil, 2017).
Convém, no entanto, destacar que estas
bases possuem diferentes características,
conforme destacado na Tabela 3.5.

A versão 2.0 do modelo BRASIL-SR trouxe


importantes melhorias nos algoritmos de
céu-claro, nas funções de refletância de
superfície e na detecção de nebulosidade
esparsa em dias secos. Além disso, parâ-
metros para transmitância de nuvem foram
ajustados especificamente para a região de
interesse. Para ilustrar as diferenças de
desempenho e mostrar a importância de
uma modelagem solar regionalizada, a
Figura 3.6 apresenta uma comparação dos
resultados deste Atlas (Atlas PB) com
aqueles da base de dados do Atlas Brasileiro
de Energia Solar (Atlas BR) para um
subconjunto de medições de elevada
confiabilidade. Nota-se pela Figura 3.6 que
o viés médio do Atlas PB ficou em -0,09
kWh/m² ante -0,18 kWh/m² para o Atlas BR.
Isso ocorre devido à versão melhorada do
modelo BRASIL-SR e aos ajustes de para-
metrização específicos para o estado. Isto
fez com que a correção de viés fosse
dispensável, pois a incerteza das esti-
mativas ficou próxima das incertezas das
Figura 3.6 - Diferenças de viés entre as bases solarimétricas do Brasil-2017 (Atlas BR) e
próprias medições de campo. Conclui-se da Paraíba-2023 (Atlas PB) para o subconjunto de medições de elevada confiabilidade.
que este Atlas apresenta uma maior São mostrados os limites máximos e mínimos, a mediana (linha cheia) e o intervalo
confiabilidade para as estimativas de interquartil (caixas). As médias (linha tracejada) acompanham os rótulos de valores.
radiação solar para o Estado da Paraíba.

42
CARTAS SOLARIMÉTRICAS
média determinada em estudos anteriores mamente relevante para empreendedores
(Pereira et al., 2017) para a irradiação do setor de energia e demais interessados
As cartas solarimétricas foram produ- solar GHI no território brasileiro (cerca de em conhecer a disponibilidade deste
zidas a partir dos resultados das 4,8 kWh/m².dia). recurso no Estado da Paraíba. O acesso a
simulações do modelo BRASIL-SR para um esse detalhamento está disponível na
período entre janeiro de 2012 a dezembro Os mapas também possibilitam iden- Ferramenta Web disponibilizada pela
de 2021. Cada uma das componentes da tificar a variabilidade sazonal da incidência Secretaria de Infraestrutura e Recursos
irradiação solar incidente na superfície é de energia solar no território paraibano. O Hídricos do Estado da Paraíba, onde além
apresentada por um mapa da média anual recurso energético solar cresce a partir de de verificar valores anuais e mensais do
do total diário, sempre seguido de doze julho, atingindo valores máximos em no‐ recurso solar, o usuário pode fazer
mapas com valores médios mensais do vembro, quando a componente GHI na su- simulações básicas e conhecer o potencial
total diário. A sequência de apresentação perfície atinge valores de até 7 kWh/m².dia. estimado para a geração de eletricidade
das cartas segue: irradiação global no A incidência mínima de energia solar no com aproveitamento da energia solar em
plano horizontal (GHI), irradiação global território paraibano acontece em junho, pontos ou mesmo em áreas de interesse.
no plano inclinado a 10° em relação ao quando os maiores valores de GHI No entanto, é importante destacar que a
plano horizontal (GTI₁₀), irradiação direta observados no oeste do estado são da Ferramenta Web não pode ser utilizada
normal à superfície (DNI) e irradiação ordem de 5,5 kWh/m². Importante lembrar para o dimensionamento de sistemas de
difusa no plano horizontal (DHI). das informações apresentadas no segundo geração solar, uma vez que a imple-
capítulo deste Atlas sobre o ciclo sazonal
Os mapas destacam maior incidência mentação destes sistemas requer a
de precipitação no estado - onde o período
de energia solar no oeste do estado elaboração do projeto executivo por
chuvoso ocorre principalmente entre os
paraibano, com valores médios para GHI profissionais qualificados para garantir
meses de fevereiro a junho, conforme a
de até 6,2 kWh/m² por dia. O Brejo atendimento dos requisitos técnicos espe-
região do estado.
Paraibano, localizado entre as Regiões cíficos associados às características do local
Imediatas de Campina Grande e Guarabira As cartas solarimétricas foram elabora- de instalação (eventuais sombreamentos,
(ver Figura 1.1), apresentou a menor das com uma resolução espacial da ordem geometria de iluminação, infraestrutura de
incidência de energia solar na superfície de 16 km², possibilitando um detalhamento suporte dos módulos fotovoltaicos, etc.) e
(com valores de GHI de aproximadamente espacial da informação sobre a radiação estabelecidos em normativas publicadas
5 kWh/m².dia), mas ainda superior à solar incidente na região. Isto é extre- pela concessionária de energia.
POTENCIAL DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICA
Neste tópico é apresentada uma análise Perdas óticas e elétricas na geração e ao consumo de energia de todo o estado no
dos potenciais de aplicação de sistemas de transmissão de energia não foram consi- ano de 2021, que foi de 5.881GWh.
aproveitamento da energia solar fotovol- deradas, pois se projeta para o futuro o
taica no estado da Paraíba. desenvolvimento e aprimoramento tecno-
lógico. Esta premissa equivale a assumir
uma Taxa de Desempenho do sistema foto- Potencial técnico
voltaico igual a 100%.
Potencial teórico Além das premissas descritas acima, o Assim como na determinação do poten‐
cálculo assumiu: cial teórico, a avaliação do potencial técnico
Entende-se por potencial teórico o • a área do Estado da Paraíba igual a de geração fotovoltaica assume as condi‐
potencial disponível para geração solar 56.467,242 km² (IBGE, 2022); ções ideais para geração, ou seja, módulos
fotovoltaica assumindo que os módulos orientados para o norte geográfico com
• o valor médio da Irradiação Global
seriam instalados em condições ideais para inclinação a 10º em relação ao plano hori-
Inclinada a 10° (GTI₁₀) no território parai-
geração fotovoltaica, i.e., módulos orienta- zontal e sem sombreamento. Além disso, as
bano determinado em 5,73 kWh/m².dia;
dos para o norte geográfico com inclinação seguintes premissas foram estabelecidas:
de 10° em relação ao plano horizontal e • a utilização de módulos fotovoltaicos com
• potencial teórico calculado anteriormente;
sem sombreamento. a tecnologia mais difundida no mercado
atualmente – silício monocristalino, bifacial • exclusão de áreas com restrições am-
O cálculo do potencial teórico utilizou a bientais e geográficas: adutoras, áreas de
com potência de 650Wp, com área apro-
base de dados de Irradiação Global no preservação permanente (margem de 50
ximada de 3,1 m² e eficiência de 21%.
Plano Inclinado a 10° (GTI₁₀), assumindo o metros para cursos d'água), massa d'água
aproveitamento de todos os espaços Uma vez adotadas essas premissas, o (margem de 100 metros), canais de
possíveis do território da Paraíba para potencial teórico obtido é de, aproximada‐ transposição (margem de 50 metros), áreas
geração solar – taxa de ocupação em 100%. mente, 12 TWp, capaz de gerar em torno de urbanas (margem de 500 metros),
Para esta análise, nenhum tipo de restrição 70 TWh/dia ou 25.550 TWh/ano. A título de declividades maiores que 5 graus, rodovias
espacial foi adotada, de modo que áreas ilustração, uma área com apenas 0,02% do (margem de 100 metros), ferrovias (margem
protegidas e alagadas também foram incluí‐ Estado da Paraíba seria suficiente para ge‐ de 100 metros), terras indígenas, terras
das no cálculo. rar quantidade de eletricidade equivalente quilombolas, unidades de conservação;
Potencial de geração fotovoltaica

• perdas óticas e elétricas no sistema • informações sobre a quantidade e tipo


fotovoltaico foram consideradas uti- de residências (casa ou apartamento)
lizando uma Taxa de Desempenho Potencial econômico – II foram obtidas do CENSO 2010 do IBGE
(performance ratio) igual a 75%; para áreas urbanas (fonte: https://
O segundo cenário de potencial econômico sidra.ibge.gov.br/); quando da impressão
• taxa de ocupação com módulos foto-
tem como premissa, além daquelas consideradas deste documento, dados detalhados do
voltaicos igual a 44 MWp/km², valor
nos cenários anteriores, a seguinte restrição: Censo 2022 ainda não estavam disponí‐
típico observado em usinas fotovoltaicas
veis;
centralizadas operando no território • distância máxima do ponto de conexão
brasileiro. com a rede (linhas superiores a 69 kV) • assumiu-se a área média 85 m² de te-
igual ou inferior a 10km. lhado para as casas e 15 m² por apar-
Considerando-se estas premissas, o po- tamento;
tencial técnico foi determinado em apro- Assim, o potencial econômico II re-
ximadamente 1,54 TWp, capaz de gerar em • adotou-se o total de domicílios em área
sulta em aproximadamente 907 GWp,
torno de 6,88 TWh/dia ou 2.512 TWh/ano. urbana no Estado da Paraíba de 829.761
capaz de gerar em torno de 4,05 TWh/dia
a partir de dados do IBGE (2022);
ou 1.479 TWh/ano. Para entender sua
representatividade, esse potencial econô- • fator de aproveitamento de 30% da área
mico indica que apenas 0,14% da área do final encontrada para sistemas fotovol-
Potencial econômico – I estado seria suficiente para gerar uma quan‐ taicos conectados à rede;
tidade de eletricidade igual ao consumo • base de dados de Irradiação Global no
registrado no ano de 2021 para toda a Plano Inclinado a 10° (GTI₁₀);
O primeiro cenário econômico para o
Paraíba, cerca de 5.881 GWh.
potencial de geração fotovoltaica assume • sistema de geração com base em
como ponto de partida o potencial técnico módulos fotovoltaicos Mono-PERC com
determinado no tópico anterior, adicionan‐ potência aproximada de 650Wp, área
do uma restrição para a distância entre o lo‐ aproximada de 3,1 m² e eficiência de 21%.
cal de interesse para geração e o ponto Potencial econômico – III
próximo para conexão ao Sistema Inter- Considerando-se as premissas indi-
ligado Nacional (SIN): cadas, estima-se o potencial econômico III
O terceiro cenário adotado para o potencial
em aproximadamente 4,16 GWp, capaz
• distância máxima igual ou inferior a econômico do recurso solar no estado da
de gerar em torno de 17,87 GWh/dia ou
30km do ponto de conexão com a rede Paraíba tem como objetivo avaliar o apro-
6,52 TWh/ano, ou seja, energia superior
(linhas superiores a 69 kV). veitamento da energia solar em sistemas de
à demanda de eletricidade do estado,
geração distribuída instalados em telhados das
Dessa forma, o resultado obtido para o sendo possível exportar o excedente para
edificações em áreas urbanas. Para tal, as
potencial econômico I é de aproxima- o Sistema Interligado Nacional (SIN).
seguintes premissas foram adotadas:
damente 1,46 TWp, capaz de gerar em
• orientações indicadas na Nota Técnica A Figura 5.1 apresenta o conceito de ge‐
torno de 6,51 TWh/dia ou 2.375 TWh/ano.
DEA/EPE 19/14 - Inserção da Geração ração distribuida.
Fotovoltaica Distribuída no Brasil –
Condicionantes e Impactos;

53
Potencial de geração fotovoltaica

POTENCIAL
Dados de Irradiação no Plano Inclinado a 10°;
TEÓRICO
Módulos fotovoltaicos em condições ideais;
25.550 TWh/ano
Taxa de desempenho = 100%;
Considerada a área total do Estado da Paraíba
(taxa de ocupação = 100%).
Potencial de geração fotovoltaica

POTENCIAL Utilizado o potencial teórico, excluídas:


TÉCNICO Áreas com declividade acima de 5 graus;
2.512 TWh/ano Adutoras, áreas de preservação permanente, massas d'água,
canais de transposição, áreas urbanas, rodovias, ferrovias,
terras indígenas, terras quilombolas e unidades de
conservação.

POTENCIAL
ECONÔMICO I
2.375 TWh/ano Utilizado o potencial técnico, excluídas também as áreas a
mais de 30 km das linhas de transmissão e distribuição.

POTENCIAL
ECONÔMICO II
1.479 TWh/ano Utilizado o potencial econômico I, excluídas também as áreas
a mais de 10 km das linhas de transmissão e distribuição.

POTENCIAL
Sistemas de geração distribuída instalados nos telhados das
ECONÔMICO III edificações em áreas urbanas;
6,52 TWh/ano Adoção da Nota Técnica DEA/EPE 19/14;
Áreas médias de telhado de 85 m2 para casas e 15 m2 para
apartamentos.

54
Potencial de geração fotovoltaica

Figura 5.1 - Instalações fotovoltaicas em residências, em indústrias ou edificações e em áreas rurais.

55
OUTROS ASPECTOS RELEVANTES
Energia solar térmica consumo elétrico (ou de lenha) a partir do
aquecimento termossolar para seus pro-
(ou termossolar) cessos industriais.

O aproveitamento térmico da energia


solar é feito desde a antiguidade por nossa Geração de eletricidade
sociedade, sendo uma forma simples e
eficiente de conversão de energia para A energia solar térmica também pode ser
diversas aplicações, desde aquecimento de utilizada para a geração de eletricidade.
água, insumo para processos industriais, Plantas heliotérmicas ou CSP (Concentrated
desidratação e cocção de alimentos até para Solar Power) estão sendo desenvolvidas em
geração de eletricidade. caráter experimental e até comercial no
intuito de agregar estabilidade à geração de
eletricidade solar. Os concentradores con‐
sistem em campos de espelhos, na
Aquecimento de água Figura 6.1 - Esquema de um sistema de baixo
custo para aquecimento doméstico da água configuração torre central, ou calhas
Os edifícios comerciais, públicos e
empregando calor solar. parabólicas/espelhos Fresnel na concen-
residenciais são responsáveis por grande tração linear (a Figura 2.10, citada ante-
parte do consumo de energia elétrica no O Estado da Paraíba, embora não riormente, ilustra esses sistemas). Em ambos,
Brasil e, nas residências brasileiras, o apresente altas amplitudes térmicas ao o calor é utilizado para vaporizar um fluido e
chuveiro elétrico é o equipamento com longo do ano se comparado aos estados do mover turbinas convencionais acopladas a
maior participação nesse consumo. Uma sul e sudeste, ainda pode se beneficiar com geradores. Plantas com torres centrais ainda
alternativa para reduzir o consumo de o aproveitamento da energia termossolar encontram obstáculos para sua implantação
eletricidade, principalmente no setor resi- em processos industriais que demandam no Brasil pela alta variabilidade da irradiação
dencial, é o emprego de aquecedores água aquecida. A indústria têxtil e as solar nos locais de maior insolação, devido às
solares da água. A Figura 6.1 ilustra o agroindústrias, como laticínios e galpões de características da atmosfera tropical, além
funcionamento de um aquecedor solar beneficiamento de frutas, são alguns dos custos elevados de implantação e
residencial. exemplos de setores que poderiam abater o operação, que tornam estes projetos ainda
Outros aspectos relevantes

pouco competitivos. Por outro lado, soluções tunidade para maximizar o emprego das elétrica, armazenamento de energia e
híbridas que combinam um concentrador energias renováveis com segurança e baixo processos industriais. Metas de neutra-
solar linear a outra fonte de calor impacto ambiental. lidade climática e de segurança energética,
complementar (como biomassa) vem tem levado economias sólidas de países na
ganhando atenção e podem se tornar Europa e Ásia a lançar investimentos
alternativas importantes para compor o importantes de fomento a uma transição
parque gerador brasileiro no futuro. Hidrogênio verde energética baseada no hidrogênio verde.
Contudo, muitos desses países não
dispõem de farto potencial de energia
O hidrogênio produzido a partir de renovável como o Brasil, desfavorecendo
Complementaridades fontes renováveis de energia, conhecido sua produção local e abre um mercado
com hidrogênio verde, desponta como um promissor para exportação dessa
(geração híbrida) novo vetor energético para a des- commodity pelo Brasil. Particularmente os
carbonização das matrizes de energia no estados do nordeste brasileiro possuem
Embora a radiação solar não constitua mundo todo. Além dos mercados já altos níveis de irradiação solar ao longo do
uma fonte de energia despachável visto que tradicionais de fertilizantes, refino e outros ano, com baixíssima variabilidade inter-
é dependente das flutuações do ambiente usos (como gases industriais e hospitalares, anual e decenal e tais condições poderiam
meteorológico, usinas híbridas solar-eólicas dentre outros), novos mercados para o ser ideais para o desenvolvimento de
têm surgido como uma alternativa para hidrogênio verde podem ser desenvolvidos plantas geradoras de hidrogênio verde.
redução dessa variabilidade no parque nos segmentos de transporte, geração Contudo, a produção do hidrogênio verde
gerador, além de reduzir custos pelo através da eletrólise de água, requer mais
compartilhamento de infraestrutura. Nesse de 18 litros de água doce para produzir um
contexto, os estados do nordeste brasileiro quilograma de hidrogênio, considerando-se
se destacam pela abundância dessas duas o estágio atual da tecnologia. Isso repre-
fontes de energia. Ademais, considerando- senta um desafio em um estado onde os
se que o SIN é alimentado principalmente recursos hídricos são escassos, exatamente
por usinas hidrelétricas, apresentando onde ocorrem os maiores níveis de
consequentemente forte dependência do irradiação solar. A Figura 6.3 apresenta o
regime hídrico, pode se beneficiar com a esquema de produção do hidrogênio verde.
penetração da fonte solar. Por norma,
períodos de seca se caracterizam por menor
nebulosidade, portanto, maiores níveis de
irradiação solar. Períodos de ventos (alísios) Energia solar e
mais intensos também se caracterizam por mitigação de emissões
menor precipitação na região nordeste,
como diversos estudos já mostraram. Sendo
Figura 6.2 - Diagrama sistematizando de possíveis
assim, a complementaridade entre as complementariedades entre as fontes renováveis A geração de energia solar desempenha
fontes hídrica-solar-eólica (Figura 6.2) se assim como respectivas escalas de variabilidade. um papel importante no paradigma de
apresenta como uma importante opor- Fonte: André Gonçalves, 2017. crescimento econômico moderno, susten-

57
Outros aspectos relevantes

tável e com baixo impacto ambiental. Como A evolução rápida de sistemas de arma‐
Tecnologia, economia e
fonte livre de emissões durante a geração zenamento, como baterias, armazenamento
de eletricidade, a energia solar pode reduzir térmico, ou, futuramente, o hidrogênio geração de empregos
as emissões de CO₂ do setor de geração verde, soma-se aos ganhos promovidos pe‐
elétrica, uma vez que cada MWh de energia la energia solar, pois permitirá impulsionar Segundo dados da Associação Brasileira
gerada empregando a fonte solar evita a descarbonização de setores mais difíceis, de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o
entre 534 e 1143 kg de CO₂ equivalentes tais como o transporte e as indústrias do emprego de tecnologias de aproveitamento
emitidos para a atmosfera em plantas cimento e siderúrgica. Nessa esteira, a da energia solar já gerou mais de 390 mil
termoelétricas alimentadas com combus- energia solar se apresenta como a principal postos de trabalho entre 2012 e 2020,
tíveis fosseis. alternativa para um posicionamento es‐ sendo a maior parcela destes oriunda do
tratégico do país no mercado de hidrogênio segmento de geração distribuída, devido à
A diversificação e eletrificação da matriz verde, podendo tornar o Brasil um dos forte expansão desse setor. A geração de
energética brasileira representa uma países mais competitivos do mundo neste empregos diretos ocorre principalmente
oportunidade ambiental e econômica se produto no longo prazo. nas atividades de instalação de sistemas
realizada em bases predominantemente
renováveis. Neste contexto, a energia solar fotovoltaicos, beneficiando principalmente
se destaca entre as tecnologias de baixo o perfil de ensino médio profissionalizante,
carbono em pelo menos três aspectos conforme ilustra a Figura 6.4. Os empregos
determinantes:

• pela competitividade econômica, pois é


atualmente a forma mais barata de Figura 6.3 - Processo produtivo do hidrogênio verde,
geração de eletricidade; considerando-se a energia elétrica advinda das fontes
renováveis solar e eólica.
• pela escalabilidade, pois pode suprir
desde pequenos consumidores isolados
até grandes plantas centralizadas;

• pela abundância, pois o recurso solar é


amplamente distribuído em níveis eco-
nomicamente viáveis pelo território.

58
Outros aspectos relevantes

indiretos estão associados a cadeia do aço, irradiação global é de 5,71 kWh/m², os Observando a variação da irradiação
alumínio, cobre e do concreto, pelos totais diários podem variar de 2,0 kWh/m² a solar nas quatro localidades, percebe-se
materiais utilizados nas instalações. 8,0 kWh/m², dependendo dos sistemas que o recurso de energia solar apresentou
meteorológicos atuantes. Por outro lado, o uma variação positiva nos anos de 2015 e
recurso solar apresenta uma baixa 2016 em todas as localidades. Por outro
variabilidade ao longo dos anos para o lado, o recurso solar apresentou valores
Estado da Paraíba, de modo que a variação abaixo da média nos quatro locais em 2018,
entre um ano de maior potencial e outro de com redução de até 3,5% em relação à
menor potencial solar é, tipicamente, média do período de 10 anos.
inferior a 5,0% em torno de seu valor médio
A Figura 6.7 mostra a variabilidade diária
climatológico, como mostra a Figura 6.6.
para cada componente da irradiação solar na
Esta variabilidade é inferior do que a
Paraíba estimada pelo desvio-padrão (σ) dos
variabilidade sazonal, mostrada pelos
totais diários de irradiação ao longo dos anos.
extremos dos gráficos de caixa (‘box plots’).
Em princípio, o desvio-padrão pode ser útil
Estes dados demonstram a grande
para estimar o quão diferentes os dias são em
estabilidade interanual da geração solar
torno da média (μ), de modo que μ +/- σ
quando comparado a outras fontes
contém 68,2% dos dias, μ +/- 2σ contém
renováveis disponíveis na região, como a
95,6% dos dias e assim por diante, assumindo
eólica e hídrica. Quanto às tendências,
distribuições aproximadamente gaussianas.
cenários climáticos futuros apontam uma
Figura 6.4 - Perfil de atuação dos empregos discreta redução (de 1% a 2%) no potencial Nota-se pelos mapas que a maior
diretos gerados pelo setor de energia solar. solar nas mesorregiões do Sertão Parai- variabilidade da GHI (superior a 600Wh/m²)
Fonte: ABSOLAR. bano, Borborema e Agreste Paraibano até o ocorre na porção sudoeste da região
meio do século, embora exista ainda grande intermediária de Campina Grande (próximo
incerteza sobre estes impactos. ao município de Monteiro), além de
Variabilidade climática pequenas porções das regiões interme-
diárias de João Pessoa (próximo ao litoral) e
do potencial solar de Patos. A DNI, por outro lado, apresenta
maior variabilidade a noroeste da região
Para o estudo da variabilidade climática intermediária de Souza-Cajazeiras, chegan-
foram selecionadas quatro importantes do a valores superiores a 800Wh/m². A
cidades representativas do Estado da Paraí‐ irradiação global no plano inclinado (GTI)
ba, apresentadas na Figura 6.5. apresenta uma variabilidade 20% inferior à
GHI, atingindo valores máximos de na faixa
O recurso solar apresenta como de 500Wh/m². A DHI apresenta baixa
característica uma elevada variabilidade variabilidade em todo estado, com valores
diária devido ao ciclo diurno e uma absolutos na faixa de 150 – 300wh/m².
Figura 6.5 - Localidades representativas para as
moderada variabilidade intrasazonal. No quais foram gerados gráficos de variabilidade:
Estado da Paraíba, onde a média anual de João Pessoa, Campina Grande, Patos e Sousa.

59
Outros aspectos relevantes

Figura 6.6 - Gráficos da variabilidade climática do recurso solar em quatro localidades representativas: João Pessoa, Campina Grande, Patos e Sousa. O gráfico de caixas
(superior) mostra a variabilidade sazonal através da distribuição das médias mensais ao longo do ano. A média anual se encontra em linha tracejada. O gráfico de
variação (inferior) mostra a variação das médias anuais em torno da média de longo prazo (climatológica).

60
Outros aspectos relevantes

(a) (b)

(c) (d)

Figura 6.7 - Desvio-padrão (σ) dos totais diários de irradiação (a) global horizontal; (b) global inclinada; (c) direta normal e (d) difusa horizontal
obtidos ao longo dos anos de 2012 a 2021.

61
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A crise do petróleo da década de 70, Dentro desse contexto, a fonte solar, e O Estado da Paraíba, perceptivo a estas
com a alta dos preços imposta pelos principalmente a solar fotovoltaica, se mudanças, deu mais um passo importante
países da OPEP, mostrou a fragilidade dos mostrou extremamente confiável e uma em sua rica história, entregando à
países pela sua grande dependência desse grande aliada no combate às mudanças sociedade paraibana o Atlas Solarimétrico
recurso, o que determinou desde então climáticas, com capacidade instalada da Paraíba e sua Ferramenta Interativa
com que se buscasse fontes alternativas mundial passando, em pouco mais de Web, para promover e disseminar o uso
ao petróleo que pudessem atender às de‐ vinte anos, de 1 GWp em 1999 para mais desta tecnologia e, desta forma, contribuir
mandas. de 1 TWp. para uma matriz energética mais limpa e
renovável. A Ferramenta Interativa permite
Em décadas ainda mais recentes, o A situação no Brasil não tem sido a realização de consultas e simulações para
mundo se deparou com um novo diferente. Ao longo dos últimos 30 anos, qualquer local do estado. O acesso a essas
paradigma, ainda mais desafiador: a importantes pesquisas e publicações foram informações permitirá maior assertividade
necessidade de encontrar fontes alter- desenvolvidas que embasaram e continuam nos investimentos a serem realizados no
nativas e renováveis de energia, não a contribuir para a aplicação desta fonte em estado, beneficiando governo e sociedade
apenas devido ao preço e dependência dos solo brasileiro, com destaque àquelas com a geração de empregos e renda.
combustíveis fósseis, mas agora em desenvolvidas pelo INPE, como a publicação
decorrência da sua queima e emissão de do Atlas Brasileiro de Energia Solar, 1ª e 2ª
CO₂ na atmosfera, o que contribui de edições, as quais já indicavam o excelente
forma significativa com o aumento da potencial solar em todo o Brasil, em
temperatura global e com as mudanças especial na região nordeste.
climáticas no planeta.
ANEXO - LEGISLAÇÃO APLICADA AO SETOR DE ENERGIA
A legislação brasileira aplicada ao setor As Tabelas A.1, A.2, A.3 e A.4 apresentam (DGOA 017/2022 NT-EPE-DEA-SMA-019/2022).
de energia vem evoluindo continuamente uma breve lista de documentos que possuem Ambos os documentos estão listados nas
para atender às questões que se carácter de regulamentação, normatização e referências bibliográficas deste Atlas.
apresentam em razão do avanço científico e orientação para instalações voltadas ao
A Tabela A.1 inclui as normas ABNT e a
tecnológico e aspectos ambientais associa- aproveitamento do recurso energético solar. É
Tabela A.2 as resoluções ANEEL rela-
dos às mudanças climáticas, preservação, importante ressaltar que este capítulo não
cionadas à geração de energia elétrica a
conservação e recuperação do meio tem intuito de esgotar a discussão sobre a
partir da fonte solar. Artigos técnicos e
ambiente, visando propiciar tanto o acesso temática, uma vez que a geração solar é um
científicos abordando os aspectos da
à energia e seus benefícios quanto a saúde setor que está em evolução contínua e com
legislação técnica e ambiental (Tabela A.3),
e qualidade de vida da população brasileira. crescimento rápido na participação na matriz
tanto em âmbito nacional quanto regional,
energética brasileira.
Com relação ao atendimento da legis- estão disponíveis para acesso público e
lação ambiental, a Resolução CONAMA A nota técnica “Legislação Ambiental de novos estudos devem seguir em futuro bre‐
237/1997 permite que os órgãos ambientais interesse do setor elétrico”, publicada pela ve, dado o crescimento do setor e o
estabeleçam procedimentos simplificados Eletrobrás em setembro de 2022, é uma interesse que o tema possui para os
para o licenciamento ambiental de empre- fonte importante de informação que empreendedores, tomadores de decisão e
endimentos de pequeno potencial de apresenta uma abordagem bastante com‐ para a sociedade civil como um todo
impacto ambiental, e a Resolução CONAMA pleta do ordenamento jurídico brasileiro (Hoffmann et al., 2019; Luna et al., 2019;
279/2001 (e suas alterações) estabelece aplicado ao setor de energia. Outra fonte Silva et al., 2019; Pereira, 2019; Viana e
procedimento simplificado para o licen- importante de consulta é a Nota Técnica Basso, 2021; Severo et al., 2022). E por
ciamento ambiental dos empreendimentos “Levantamento da legislação para licencia- último, a Tabela A.4 lista a legislação federal
com impacto ambiental de pequeno porte, mento ambiental de empreendimentos de e estadual aplicadas ao setor.
que inclui a geração com aproveitamento geração de energia elétrica por fonte solar”
do recurso solar. elaborada conjuntamente pela Eletrobrás e
pela EPE e publicada em maio de 2022
Anexo - Legislação aplicada ao setor de energia

Tabela A.1 - Normas direcionadas a usinas de geração de eletricidade a partir da fonte solar.

Tabela A.2 - Portarias e resoluções normativas voltadas à geração de eletricidade por fonte solar.

64
Anexo - Legislação aplicada ao setor de energia

Tabela A.3 - Artigos técnicos e científicos abordando a legislação técnica e ambiental em várias alçadas.

65
Anexo - Legislação aplicada ao setor de energia

Tabela A.4 - Leis, decretos, portarias e normas que regulamentam a atividade de geração de energia.

66
ÍNDICE DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS
Figura 1.1 Figura 1.11 Figura 2.7
Mapa da Divisão Urbano Regional 4 Percentual de participação por classe de Exemplos de processos de medição da
consumo da fonte solar fotovoltaica 20 radiação solar direta 28
Figura 1.2
Topografia 5 Figura 1.12 Figura 2.8
Percentual de participação das fontes Plataformas de coleta de dados
Figura 1.3
renováveis na matriz energética 20 solarimétricos 29
Mapa da declividade do terreno 7
Figura 1.13 Figura 2.9
Figura 1.4
Sistema elétrico 22 Ilustração do efeito fotovoltaico sobre uma
Mapa da precipitação 8
célula fotovoltaica 30
Figura 2.1
Figura 1.5
Movimento da Terra em torno do Sol 24 Figura 2.10
Mapa dos tipos climáticos 11
Sistemas de geração heliotérmica 31
Figura 2.2
Figura 1.6
Principais ângulos que definem a posição Figura 3.1
Mapa da temperatura diurna 12
do Sol na abóbada celeste 25 Diagrama da metodologia empregada no
Figura 1.7 Atlas Solarimétrico 33
Figura 2.3
Mapa dos recursos hídricos 13 Figura 3.2
Ângulo de declinação (δ) 25
Figura 1.8 Imagens no canal visível dos satélites GOES
Figura 2.4
Unidades de Conservação, Terras 13 e GOES 16 35
Espectro da radiação solar incidente 26
Indígenas e Quilombolas 17 Figura 3.3
Figura 2.5
Figura 1.9 Mapas de relevo e de biomas utilizados no
Componentes da radiação solar incidente 26
Mapa da densidade demográfica 18 modelo BRASIL-SR 36
Figura 2.6
Figura 1.10 Figura 3.4
Respostas espectrais relativas de uma
Evolução do Produto Interno Bruto 19 A área adotada na configuração do
célula solar Sc-Si e de um piranômetro
modelo BRASIL-SR e localização das
termopilha 28
estações de superfície 37
Índice de figuras e tabelas

Figura 3.5 Qd. Incertezas 29 Tabela 3.3


Fluxograma do processo de qualificação 40 Qd. Potencial de Geração Fotovoltaica 54 Métricas de validação das saídas do
modelo para os totais diários de irradiação
Figura 3.6 Qd. Satélites geoestacionários global horizontal 41
Diferenças de viés entre as bases Abrangência da série GOES, Órbita 34
solarimétricas do Brasil-2017 e da Paraíba- Tabela 3.4
2023 42 Qd. Usinas Fotovoltaicas Métricas de validação das saídas do modelo
Coremas (a), (b), (c) e (d) 23 para a irradiação direta normal 41
Figura 5.1
Instalações fotovoltaicas em residências, Qd. Vegetação Tabela 3.5
em indústrias ou edificações e em áreas Caatinga, Cacto quipá no Cariri, Litoral pa‐ Diferenças entre as bases de dados do
rurais 55 raibano, Manguezais, Mata Atlântica, Atlas Solarimétrico da Paraíba e o Atlas
Planalto da Borborema 9 Brasileiro de Energia Solar 42
Figura 6.1
Sistema de baixo custo para aquecimento Tabela 1.1 Tabela A.1
doméstico de água 56 Unidades de Conservação 15, 16 Normas para usinas de geração de
Tabela 1.2 eletricidade com fonte solar 64
Figura 6.2
Diagrama de complementariedades entre Terras indígenas 19 Tabela A.2
as fontes renováveis e escalas de Tabela 1.3 Portarias e resoluções normativas
variabilidade 57 voltadas à geração de eletricidade por
Terras quilombolas 19
fonte solar 64
Figura 6.3
Tabela 1.4
Processo produtivo do hidrogênio verde 58 Tabela A.3
Principais plantas de geração fotovoltaica
Artigos técnicos e científicos abordando a
Figura 6.4 em operação 21
legislação técnica e ambiental 65
Perfil de atuação dos empregos diretos Tabela 2.1
gerados pelo setor de energia solar 59 Tabela A.4
Principais processos físicos usados no
Leis, decretos, portarias e normas que
Figura 6.5 registro de radiação solar 27
regulamentam a atividade de geração de
Localidades representativas usadas nos Tabela 2.2 energia 66
gráficos de variabilidade 59
Relevância relativa das etapas de
Figura 6.6 instalação, operação e manutenção de
Gráficos da variabilidade climática do uma estação solarimétrica 30
recurso solar 60 Tabela 3.1
Figura 6.7 Frequência temporal de coleta de imagens
Mapas do desvio padrão 61 no período considerado para o Atlas
Solarimétrico 35
Qd. Diagrama de dispersão 41
Tabela 3.2
Qd. Estações solarimétricas
Percentual de dados aprovados após
Padrão BSRN, Padrão EPE, Padrão INMET 38
processo de qualificação 39

68
REFERÊNCIAS
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