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Debate sobre a Orixaficação

Quando estudamos a cosmogonia Yorubana, ficamos confusos acerca da natureza dos


Orisá. Afinal, são eles: inesgotáveis fontes de energia ou seres humanos deificados? Eles
apenas vivem no Ara Orun ou vêm ao Ayé sob formas humanas para nos auxiliarem?
Após alguns anos de pesquisas, cheguei a conclusões pessoais, as quais, em face da
delicadeza do trato do assunto, prefiro guardar para mim. Todavia, no intuito de contagiar
os membros do fórum com as dúvidas que assolaram minha mente, resolvi traduzir esses
interessantes comentários publicados no fórum Olu (Organização para a unidade Lukumi)
que costumava assistir em passado recente, intentando aumentar meus pobres
conhecimentos sobre a cultura Yorubá. As observações, ainda que limitadas pela obrigação
do segredo, me pareceram bastante interessantes.

O debate se inicia com esse "post" de Obalorun Ala Aganjú em resposta a uma questão
postada por Chief Ifaraba: "quem iniciou Orunmilá no sacerdócio de Ifá?".

Porque tudo isso está em minha mente, iniciarei dizendo que, recentemente, alguém me
perguntou quais eram minhas falhas e minhas fraquezas; eu respondi: Eu não tenho falhas
ou fraquezas! Eu sou perfeito sob todos os aspectos. Se você não acredita, apenas
pergunte-me e lhe direi!... Uma boa indicação de meus maiores defeitos seria que eu posso
ser mais do que um pouco arrogante, dono da verdade e
cabeça dura. Estou seguro que há quem acrescente, presunçoso a essa lista. Minha mãe e
meu pai (Ibae) freqüentemente me diziam que eu era esperto demais para o meu próprio
bem, outro defeito que eu não posso negar e não negarei. Sempre digo que eu trago
comigo a boa fortuna de ser capaz de transformar menos em mais. Assim sendo, não sou
arrogante e dono da verdade, sou orgulhoso. Além disso, como reza um velho ditado:
pobre cão aquele que não consegue abanar seu próprio rabo! Quanto a ser esperto demais
para o meu próprio bem... bem, prefiro encarar isso como sendo o resultado do fato de ser
eu dotado de aguçada compreensão das minhas habilidades intelectuais e de talento para
demonstrar isso nas ocasiões apropriadas (Adicionem
também a essa lista o fato de que, apesar de a língua inglesa ser a minha língua nativa,
minha fala, gramática, pontuação e sintaxe constituem uma atrocidade aos olhos dos
homens e de Deus). Tendo dito isto, eu gostaria de fazer um esforço para responder à
questão colocada no fórum pelo Chief Ifaraba: "quem iniciou Orunmilá no sacerdócio
de Ifá?".

Minha resposta será constituída de partes múltiplas e alguns aspectos dela já foram
discutidos anteriormente neste fórum, assim, perdoem minha redundância, mas acho que
ela é um mal necessário como também afirmei em ocasiões anteriores. Como um prefácio à
primeira parte de minha resposta, eu ofereço o seguinte: Existem alguns Aborisa que
sustentam a crença que pelo menos alguns dos Orixás constituem seres
humanos que foram "Orixaficados". Sou de opinião que tal idéia não possui grande
antiguidade. Estou convencido que isso foi concebido em tempos históricos modernos, pós-
contato com os europeus. De fato, estou convencido que as historias de que os Orixás
foram seres humanos deificados são calunias e depõem contra a tradição dos
Aborisa. As histórias das orixaficações de seres humanos tiveram origem nos últimos
quatrocentos anos de exploração e explotação da África pelos povos cristãos europeus. Em
vagas sucessivas, iniciando com os católicos portugueses em 1442 e culminando com a
sociedade missionária da igreja (CMS) fundada como um braço missionário da
Igreja da Inglaterra, o Comitê da Missão Estrangeira da Igreja da Escócia, e a Missão
Presbiteriana Unida, no final do século XVIII e inicio do século XIX, na África ocidental.
A principio, o clima da África ocidental tornou quase impossível para os diversos
missionários europeus obterem qualquer progresso. As primeiras incursões feitas pelos
missionários protestantes cristãos ocorreram em 1842 e 1846. Foram estabelecidas missões
em Lagos e em Abeokuta, por cativos libertados de navios negreiros. Esses
missionários africanos vieram de vários povos Yorubá que foram convertidos para o
cristianismo e treinados em Serra Leoa de modo a que fossem capazes nas palavras de um
rei Efik "trazer-nos livros e fazer para nós Deus como os brancos fazem". Tenho poucas
duvidas que foram esses convertidos Yorubá de Serra Leoa que inventaram e
divulgaram as primeiras versões das historias de Orixás deificados. Se isso não foi idéia
deles, então foram cúmplices deste ato.

Porque não existem historias populares publicadas acerca de quaisquer humanos, homens
ou mulheres, que depois de terem feito coisas boas ou uma serie de coisas maravilhosas,
ou que tenham vivido vida exemplar, de um modo ou de outro, que foram pelo poder de
Olodumaré transformados em Orixá para que pudessem continuar a fazer o bem pela
eternidade? Há uma variedade de contos publicados acerca da orixaficação de seres
humanos. Tanto quanto eu saiba, nenhum deles coloca essa pessoa e sua transformação
em Orixá sob uma luz favorável. Tanto quanto eu saiba, nenhum deles mostra qualquer
exemplo de "iluminação". Existem, até mesmo, alguns que mostram as pessoas orixaficadas
como sendo a encarnação do mal ou, pelo menos, as consideram como incapazes, ou o
Orixá em questão não era sequer humano, mas ao invés, um demônio. Cheguei à
conclusão que as historias que mencionam seres humanos deificados são depreciativas e
caluniosas, criadas por missionários para desacreditarem as tradições Aborisa. Calúnias
proferidas em púlpitos e aulas das escolas das missões. Calúnias impressas para os "Yorubá
educados" para serem usadas enquanto eles aprendiam a ler, tanto em Yorubá quanto em
Inglês. Professores vêm repetindo essas calúnias por mais de um século.

Por exemplo:

"Ifá é o grande oráculo de consultas do país dos Yorubá e foi introduzido num período
recente pelo Rei Onigbogi que se sabe foi deposto por ter feito isto".

Outra tradição diz que ele foi introduzido no país dos Yorubá por Setilu, nativo do país
Nupe que era cego de nascença. Isso teria ocorrido no período da invasão maometana. Os
pais de Setilu, lastimando seu infortúnio por terem gerado uma criança cega ficaram a
princípio em dúvida sobre o que deveriam fazer, matar a criança ou salvar sua vida para
que se transformasse numa carga para a família. O sentimento paternal e maternal
prevaleceu e a criança foi poupada. Ela cresceu como um ser peculiar e seus pais ficavam
espantados com seus extraordinários poderes de adivinhação. Aos cinco anos, ele começou
a deixá-los maravilhados com sua capacidade de antever quem os visitaria no decorrer do
dia e com que propósitos. Logo, ele começou a praticar feitiçaria e medicina. No começo de
suas atividades, ele usava dezesseis pequenos cristais e conseguiu fama e sucesso pela
credulidade daqueles que afluíam em bandos para ele em aflição e angustia, solicitando
consultas. Dessa fonte de recursos ele conseguiu uma vida confortável. Reconhecendo que
os consulentes estavam se transformando em seguidores de Setilu e que mesmo os mais
respeitáveis sacerdotes não escapavam a esse contagio, os muçulmanos expulsaram Setilu
do país. Assim, Setilu atravessou o rio Níger e foi para o Benin, residindo por um tempo
em um lugar chamado Owo, mudando em seguida para Ado. Subseqüentemente, ele foi
para Ile Ifé e, achando aquele local mais adequado para praticar a sua arte, ele lá
fixou residência permanentemente. Ele logo se tornou famoso lá e sua performance de tal
modo impressionou o povo e a confiança nele depositada era tão absoluta, que ele teve
pouca dificuldade em convencê-los a abolirem as marcas tribais em suas faces, não mais
sendo estas marcas de distinção praticadas mesmo em Nupe, país de
Setilu. Com o passar do tempo, nozes de cola, pedaços de ferro e bolas de marfim foram,
sucessivamente, sendo usadas em vez dos cristais. Nos dias atuais, apenas nozes de cola
são usadas por serem mais fáceis de serem preparadas, requerendo os demais objetos
custosos sacrifícios e mesmo sangue humano.

Setilu iniciou muitos de seus seguidores nos mistérios do sacerdócio de Ifá e ele se
transformou, gradualmente, no oráculo de consulta de toda a nação Yorubá. Para consultar
Ifá da forma mais comumente encontrada são empregadas dezesseis nozes de cola que são
sacudidas juntas com ambas as mãos, enquanto certas marcas são feitas com o dedo
indicador num prato raso que contém farinha de mandioca ou osun.
Cada marca sugere ao sacerdote os feitos heróicos de alguns heróis fabulosos, que ele
narra exatamente, e assim prossegue com as marcas, até que ele consegue chegar a certas
frases e palavras que parecem revelar as respostas do assunto que o consulente trouxe a
ele. Muito freqüentemente, as respostas são dadas de modo similar às do antigo oráculo de
Delfos. O Ifá foi encontrado pelos Yorubá, pois Odùduwà encontrou Setilu em Ile Ifè, mas
o culto foi oficialmente reconhecido pelo Rei Ofiran, filho de Onigbogi".

Se alguém aceitar a informação acima como sendo válida ou viável, então todo o culto de
Ifá torna-se a invenção de um jovem cego de Nupe, chamado Setilu, que não somente
inventou o culto, mas também iniciou a si mesmo e a outros.

Fiquem bem!
Obalorun Ala Aganjú.

Obalorun Ala Aganjú continuou seu longo texto no dia seguinte:

Investiguei muitas fontes de modo a continuar com minha resposta à questão: "quem
iniciou Orunmilá no sacerdócio de Ifá? A seguinte informação foi obtida no livro "The
religion of the Yorubá" de James Olumide Lucas, no capítulo "Mithological origin of the cult
of Ifá" e em outras fontes aqui não mencionadas.

O culto de Ifá é o sistema religioso melhor organizado dos Yorubá.


Como já mencionado, ele é mantido por um clero inteligente cujos membros são
submetidos a prolongados estudos antes da iniciação. Qual é, então, a origem do culto?
Quem é Ifá? Existem diversos mitos explicando a origem do culto e revelando detalhes
acerca da divindade. Alguns deles serão reproduzidos aqui. Eles serão
abordados, não por que se possa confiar em sua autenticidade, mas porque contêm
detalhes que podem servir como pistas que auxiliem a desvendar sua origem verdadeira. O
primeiro destes mitos nos é dado pelo Sr. Oyesile Keribo em panfleto publicado pelo
governo Egba em Abeokuta, em 1906. Ele conta que:

"Ifá era nativo de Itase, próximo ao país Ifé, e filho de pais pobres. Em sua juventude, ele
tinha grande aversão pelo trabalho manual e, por isso, tinha que mendigar seu pão. Para
melhorar sua condição ele pediu o conselho de um homem sábio e este lhe ensinou a arte
da adivinhação e as histórias tradicionais relacionadas a ela,
além de medicina, tudo isso constituindo um modo de sustento. Depois disso, ele se tornou
muito popular. Os dezesseis Odus originais correspondem as dezesseis histórias originais
ensinadas a Ifá pelo sábio. Sendo seus pais muito pobres, não eram conhecidos no país.
Assim sendo, ele foi considerado como não tendo pais e foi deificado após a sua morte".
(essa é diferente, pelo menos foi alguém que ensinou o ofício e deificou Orunmilá depois
de sua morte. Seria interessante conhecer quem foi este sábio que ensinou a Orunmilá a
sua mágica, por assim dizer).

Outro interessante mito nos é dado pelo falecido Sr. Feyisara Sopein, no Nigerian Chronicle,
de 12 de março de 1909:

"Ifá nasceu em Ifé, o berço do povo Yorubá. Ele era um hábil médico, que tinha grande
experiência e também eminentemente um adivinho. Depois que ele ficou famoso, ele
fundou uma cidade chamada Ipetu e tornou-se rei deste lugar... Pessoas de todas as partes
do país Yorubá amontoavam-se para vê-lo... Entre estes, disseram, ele escolheu dezesseis
homens... Os nomes desses aprendizes, dizem, são idênticos aos nomes dos dezesseis
signos da adivinhação conhecidos como Odus e a ordem de precedência entre eles, que foi
provavelmente baseada em sua ordem de chegada, dizem ter sido preservada na presente
hierarquia dos Odus". (OOOOOPPPPPSSSSS. Outra história de um Orunmilá iniciado por
ele mesmo. Quase nada nesta história que sirva de exemplo para alguém desejando
transformar-se em um Awo Ifá ou que contribua para aumentar a sua confiança no
sistema de adivinhação inventado por este falecido Orunmilá).

O próximo mito nos é dado pelo Coronel Ellis, sintetizado pelo Dr. Farrow como se segue:

"Nos primeiros dias do mundo, quando a raça humana era constituída de apenas umas
poucas pessoas, os Deuses quase não recebiam oferendas e freqüentemente ficavam
famintos e tinham que prover a sua própria alimentação. Ifá aprendeu a pescar, mas não
tinha sucesso nessa atividade e, estando faminto, consultou Esu (que também é chamado
de Elegba), que lhe disse que se ele conseguisse obter dezesseis nozes
de cola das duas palmeiras de Qrungam, o chefe, ele mostraria a Ifá como predizer o
futuro e beneficiar a humanidade e assim receber abundantes oferendas como paga de
seus serviços. Mas, ele estipulou que a primeira escolha das oferendas seria dele. Ifá
concordou e foi pedir a Qrungan as nozes, dizendo-lhe para que propósito as estava
solicitando. Qrungan ficou deliciado com a perspectiva, levou sua esposa com ele e
apressou-se a entregar a Ifá as nozes que sua esposa havia colhido". Elegba (Esu) então
ensinou Ifá que, por sua vez, ensinou Qrungan, fazendo-o assim o primeiro Babalawo".

Bem, agora estamos chegando a algum lugar, pelo menos nesta história, Orunmilá já é
um Orixá, sem necessidade de ser orixaficado, e ele já tem o conhecimento da
adivinhação.

(há uma história similar em Cuba, a diferença sendo que foi Sango quem ensinou
Orunmilá a arte da adivinhação e lhe deu as ferramentas do seu trabalho.)

Outro mito mostrando a intima relação entre Ifá e Esu é dada por Dermett, "Dizem que,
Oduduwa não tinha nenhum outro Orixá além de Ifá, e, por isso, sempre que ele
consultava alguém, esse alguém era Ifá. Ifá, um dia, veio oferecer sacrifício para
Oduduwa que ficou muito satisfeito com a oferenda... Assim, naquela ocasião, Oduduwa
deu Esu para Ifá. Portanto, Esu era o escravo de Oduduwa e tornou-se o mensageiro de
Ifá. Sempre que alguém quer oferecer sacrifício para Ifá, dizem que é melhor ajeitar as
coisas com seu mensageiro que é uma pessoa viciosa".

Nesta história, parece que Orunmilá já é um Orixá com a habilidade de efetuar a


adivinhação e ele recebe Esu como um auxiliar.

Em seguida, ofereço informações obtidas do livro "Mystery of the Yoruba Gods" escrito pelo
Dr. Onadele Epega, IMOLE OLUWA INSTITUTE, Ode, Remo, Nigeria. West Africa.
December, 1931, Capítulo IV, Orunmilá.

Orunmila, Eleri ipin ; Ibikeji Oludumare.


Ajeju Ogun, Obiriti A p ijo iku-da
Oluwa mi A to-iba jaiye, Oro abiku-jigbo
Oluwa mi Ajiki, Ogege a gb aiye-gun
Olowa aiyere
AgIri lle-llogbon
Oluwa mi amoimotan, - a ko mo tan ko se
A la mo o tan iba ise ke

"Orunmilá, testemunha do destino, segundo de Olodumaré (Deus). Dono da arte muito


mais eficaz que a medicina. Ele o imenso, Órbita que evita o dia da Morte. Meu Senhor,
todo poderoso, que salva, Misterioso Espírito que luta com a Morte, Para quem a salvação
vem primeiro, (pela manhã). Equilíbrio que ajusta as forças do mundo, Senhor Rei que não
pode ser deposto, perfeito na Casa da Sabedoria. Meu Senhor! De infinito conhecimento!
Por não conhecê-lo de todo, nós somos fúteis. Oh! Se nós pudéssemos apenas conhecê-lo
completamente, tudo ficaria bem conosco!”.

MITOS ACERCA DE IFÁ, O DEUS YORUBÁ DA SABEDORIA.

Diversos mitos acerca de Ifá dizem que Ifá na companhia de outras divindades principais
veio para a Terra do Céu, chegando em Ifé, local que os Yorubá consideram como sendo o
berço da humanidade. Os Deuses foram enviados do Céu para a Terra principalmente para
estabelecer ordem no jovem planeta. Ifá desempenhou o papel principal em virtude de sua
grande sabedoria. Na ocasião da passagem de Ifá por Ifé, ele viveu num local conhecido
como Oke Igeti. É por isso que um de seus nomes de adoração é ( Okunrin kukuru Oke
Igeti - o homem pequeno da colina Igeti).

A informação acima veio do livro "IFA, An exposition of Ifa literary Corpus" de Wande
Abimbola. Essa passagem citada concorda com o que vou dizer em seguida.

Orunmilá é e sempre foi um Orisa. Fui ensinado e ensino que: Orixás são forças da
natureza que trabalham junto à humanidade. Onde que o ar, o fogo, a terra e a água não
afetam a existência humana? Em outras palavras, os Orixás são seres semi-independentes,
habitantes do Orun, o Reino dos Espíritos. Os Orixás são extensões do poder infinito de
Olodumaré que executam a vontade de Olodumaré no universo em geral, na Terra e nas
vidas especificas dos seres humanos. Os Orixás também controlam e trabalham por meio
de vários aspectos da personalidade humana. Os Orixás são, freqüentemente, retratados
com os construtivos e destrutivos aspectos da personalidade humana em lendas sagradas.
Deve ser claramente entendido que, sendo extensões do infinito poder de Olodumaré, os
Orixás estão acima de quaisquer reprovações, tanto quanto Olodumaré. Essas lendas
sagradas, nas quais os Orixás são retratados como exibição humana de todas as faltas e
virtudes da personalidade humana, destina-se a serem usadas como exemplos para a
humanidade seguir, mostrando tanto o que deve ser feito como o que não deve ser feito.

Olodumaré delegou para cada Orixá o seu Asé particular (poder e funções que estão sob
o seu completo controle e sobre os quais têm autonomia para cumprir as funções a eles
atribuídas de acordo com o Asé (poder) que Olodumaré lhes conferiu). Tudo o que é, foi
ou será, no Universo, vem de Olodumaré e por isso tem essência espiritual ou Asé, assim
sendo, tudo está imbuído com o valor de coisa sagrada pela verdade do fato que todas as
coisas foram criadas por Olodumaré. Todos os habitantes do Plano Espiritual, os Orixás,
Egun (espíritos ancestrais) têm Asé. Asé é mais do que "essência espiritual". Ele implica
e concede autorização para fazer ou ser. A palavra Asé pode ser traduzida por: "Assim
seja", implicando em poder ou habilidade para fazer algo acontecer ou vir a ser.

Assim, fechando minha resposta à questão colocada no fórum por Chief Ifaraba: quem
iniciou Orunmilá no sacerdócio de Ifá? Foi Olodumaré quem fez com que Orunmilá
fosse. Foi Olodumaré quem concedeu a Orunmilá o mandato de ser o encarregado de
todo o conjunto de conhecimentos e sabedoria, sejam tais conhecimentos morais,
sagrados, culturais, técnicos etc. e disseminar tais conhecimentos e sabedoria quando
solicitados pelos Orixás ou Awo Ifá.

Quem iniciou Orunmilá no sacerdócio de Ifá? Foi Olodumaré que iniciou Orunmilá no
sacerdócio de Ifá! Espero que minha resposta tenha sido clara e completa. Eu aceito a
culpa por quaisquer erros. Se estiver errado, espero que um Abure venha me corrigir.

Estejam bem!
Obalorun Ala Aganjú

Ogun Fumiko interfere:


Se Alafia ni Obalorun Ala Aganjú!
Concordo com o que você disse sobre Orula. Para mim, o problema inicia com Sango,
Aganju e Odùduwà. Eu ouvi patakis acerca destes três Orixás como Orixás. Todavia,
nós também sabemos que Sango foi o quarto Alafim de Oyó, que Aganjú foi também um
Alafim e que, no ano 1000 AD, Odùduwà uniu o império Yorubá. Então os Orixás Sango,
Aganjú e Odùduwà retornaram a terra como seres humanos - ou foram os nomes destes
humanos usados para retratarem três outros Orixás que não mais são venerados? Isto
nunca ficou claro para mim. Por exemplo, eu ouvi que Sango, o rei, passou a personificar
as historias do Orixá conhecido como Jakuta. Também que Odùduwà (o rei homem e
conquistador) substituiu o culto de Odua (uma entidade feminina que acompanhou
Obàtálá a Terra). Assim - qual a sua opinião acerca do fato de Sango, Aganjú e
Odùduwà serem, ao mesmo tempo, Orixás e Reis da Terra milhares de anos depois?
Onareo
Ogun Fumiko

Obalorun responde:
Alafia todos
Eu acho e sempre acharei que as histórias que retratam seres humanos que foram
orixaficados são calúnias e mentiras inventadas por missionários para desacreditar as
tradições Aborisa. Calúnias proferidas em púlpitos e aulas das escolas das missões. Calúnias
impressas para os "Yorubá educados" para serem usadas enquanto eles aprendiam a ler,
tanto em Yorubá quanto em Inglês. Professores vêm repetindo essas calúnias por mais de
um século. Odùduwà foi o primeiro Orixá criado por Olofi no começo da existência.
Odùduwà é a mais elevada manifestação da essência do Criador. Odùduwà, juntamente
com Yembo, o segundo Orixá trazido à existência no "princípio", forma os "pilares da
criação". Odùduwà forma par com Yembo como marido e mulher. Odùduwà é
considerado o pai primordial de toda a vida na Terra e o criador do povo Yorubá em
particular. Por isso, Odùduwà foi o primeiro rei de Ile Ifé, a casa mítica de todos os
Orixás e o local mítico da criação do mundo físico como nós o conhecemos. Odùduwà,
como o pai primordial, é também chamado de rei de todos os ancestrais que residem no
Ara Orun. Isso significa dizer que é o pai de todos os que ainda estão por nascer e de todos
os que viveram e "retornaram para casa", assim como de todos os Orixás, Imale e outras
entidades espirituais. Odùduwà é o Orixá da correção, moralidade, iluminação,
unidade, caridade, harmonia, liberdade e propriedade, todas essas qualidades são
espelhadas por Obàtálá, o alter-ego de Odùduwà. Odùduwà é o gerador de todos os
aspectos de Obàtálá. Odùduwà é o pai e o avô da maioria dos Orixás.

Na historia mítica dos povos Yorubá, Odùduwà foi o fundador e primeiro rei ou Ooni da
cidade de Ifé, o centro cultural e espiritual dos povos Yorubá. Odùduwà foi o primeiro rei
de todos em terras Yorubá. Todos os futuros reis de Ile Ifé passaram a serem designados
com o título Oon Odùduwà, que no meu entender é uma abreviação de Ooni ile, "Dono da
terra".

YEMBO
Ye mbó Mãe, você revelou, descobriu, fez surgir (a terra a partir da água).
Ye móo, Mãe do amanhecer (Yemoo/Yembo deu à luz o Sol, a Lua e as Estrelas).
Yembo construiu tudo, fez a terra emergir (a que estava submersa).
Yemu/Ye mú (n) Mãe, você fez as coisas serem.

Yemu, Yemowo, Yembo é um Orixá feminino, o segundo Orixá criado por


Olodumaré. Yembo é a mãe primordial de todos os aspectos de Yemonjá e o mais
antigo aspecto de Yemonjá. Yembo é a mãe primordial da maioria dos Orixás. Yembo é
a mãe primordial de toda a vida na Terra. Olodumaré criou a Terra a partir dos gases do
Universo. A Terra era apenas uma massa quente de lava destituída de vida, (Aganjú e
Aina).
Então, Olodumaré formou as nuvens a partir de alguns gases remanescentes e a chuva
começou a cair e cobriu a Terra com água, (o nascimento de Olokun). Yembo fez com
que a terra seca emergisse sobre as águas. Yembo, mais tarde, transformou a massa de
água que cobria a superfície da Terra em lagos, rios, torrentes e oceanos e todas as
formas de água na Terra. Incluindo as águas subterrâneas assim como poços e fontes
artesianas. Yembo é a dona das diversas formas de vida que vive nessas águas. Todas as
formas de vida que existem sobre a Terra têm um débito de gratidão para com Yembo.
Não importa onde vivam as criaturas que habitam o planeta, todas elas necessitam de água
(doce ou salgada) para sobreviverem. Assim, Yembo tornou possível a existência da vida
sobre a Terra.
Nessa lenda, Odùduwà simboliza a terra. Odùduwà o primeiro nascido na época da
criação está unido a Yembo. Yembo é fêmea, o segundo Orixá criado por Olodumaré e
o primeiro e mais antigo aspecto de Yemonjá. Mãe das águas, Mãe dos Orixás. Mãe de
toda a vida na Terra.

Yembo deu à luz o Sol ( Orun), a Lua (Osupá), as Estrelas (Irawo) e a um filho Ogum que
a atacou sexualmente. Odùduwà e Yembo se transformaram em Obàtálá e Yemonjá e
geraram o resto dos Orixás, mãe de Ogum, Dada, Orixá Oko, Ososi, Olosa, Oke,
Orun (O Sol), Osupá (A Lua), Osun, Aya Saluga, (Ayé Osun, a riqueza e a mãe de
todas as qualidades de Osun) Oyá e Oba e (SÀNGÓ) com exceção de Orunmilá,
Aganjú e uns poucos outros. Depois desses traumáticos eventos, Odùduwà e Yembo se
transformaram nos vários aspectos de Obàtálá e Yemonjá.

Sàngó nasceu depois do estupro de Yembo por Ogum. De fato, foi depois do estupro de
Yembo por Ogum que Yembo se transformou em Yemonjá e Odùduwà se transformou
em Obàtálá. Obàtálá, que estava furioso com Ogum por ter estuprado Yembo/
Yemonjá, decretou que caso nascesse uma criança do sexo masculino ela seria morta.
Yembo / Yemonjá deu à luz um menino, Sàngó. De modo a que a criança não fosse
assassinada, Dada fugiu com o bebê para a floresta.

Dada era uma menina adolescente de grande beleza, com longos cabelos cacheados. Ela
era muito jovem para amamentar Sàngó, assim ela o alimentava com leite de cabra.
Quando Sàngó aprendeu a falar, ele já era um menino encantador e, como muitas crianças
que aprenderam a andar, era um cansaço cuidar dele. Sàngó cresceu exigindo saber quem
era seu pai e demandava ver seu pai. Apesar de seu medo pelo bem estar de Sàngó, Dada
levou-o para o palácio de Obàtálá. Quando ele viu Sàngó pela primeira vez, ele ficou tão
encantado que se apaixonou instantaneamente pela criança e rasgou o decreto que exigia a
sua morte. Em razão de seu charme, Sàngó se transformou no querido do lugar. Com o
passar dos anos, Obàtálá nomeou Sàngó o príncipe da coroa. Mais tarde, Obàtálá
revelou a Sàngó como Ogum havia estuprado sua mãe. Sàngó jurou que se vingaria de
Ogum pelo que ele havia feito. Assim, começou a guerra entre Sàngó e Ogum.

O NASCIMENTO DE AGANJÚ.
O fogo das entranhas da Terra, a energia geotérmica, os geisers, as fontes termais etc,
vulcões (Oke onina, montanhas de fogo) formam o reino de Aganjú. O núcleo fundido da
Terra e o magma que dele emerge geram os Vulcões. Junto aos Yorubá, essa fonte é
chamada Oro Iña, fogo ardente ou fogo semovente ou lava. Oro Iña é considerado um
Orixá feminino e também mãe de Aganjú. Quando Olofi criou o mundo, tudo era apenas
uma massa de rochas fundidas. Foi a partir daí que Aganjú nasceu. De fato, Aganjú é o
filho de Olofi e Oro Iña.

A maioria das pessoas não conhece a historia de suas próprias famílias, que dirá a historia
de sua Nação ou grupo étnico. Todos nós temos errôneas concepções e somos vítimas de
deseducação, desinformação e calúnias transformadas em história. A maioria das pessoas
não quer e não se dará ao trabalho de procurar, entre tomos empoeirados, informações
perdidas à procura de respostas. A maioria não lerá historias populares ou mesmo eventos
correntes, o que explica porque as novelas de romance são mais populares do que os livros
de história e porque Playboy é mais popular do que "U.S. News" e "World Report"!
Existe uma cronologia dos Àlàfin de Oyó na história dos Yorubá elaborada por Johnson:

O PERÍODO MITOLÓGICO: ODUDUWA A AJAKA

O PERÍODO DO CRESCIMENTO E DA PROSPERIDADE: AGANJÚ A ABIODUN

O DECLÍNIO, AS GUERRAS REVOLUCIONARIAS E A DESTRUIÇÃO: AOLE A


OLUEWU

A INTERRUPÇÃO DA DESINTEGRAÇÃO, ESFORÇOS PARA A RESTAURAÇÃO DA


UNIDADE, AS GUERRAS TRIBAIS, O PROTETORADO BRITÂNICO: ATIBA A
LAMIDI.

OLAYIWOLA ADEYEMI, QUE ASSUMIU COMO ALAFIN EM 1971.

A linhagem de filhos de Oduduwa e dos Àlàfin de Oyó

Dados arqueológicos da presença dos progenitores pré-históricos dos povos Yorubá.

1. Cerca de 3.000.000 A.C. - os primeiros humanos surgem na África Ocidental.


2. Cerca de 9.200 A.C. até 3.000 A.C. - dados obtidos em áreas como a caverna de Iwo
Eleru, um abrigo de rochas na floresta próxima à cidade de Akure. Foram encontrados:
cerâmica, machados de pedra com extremidades afiadas por atrito com o solo e outros
artefatos de pedra. Eles foram submetidos à datação pelo carbono, revelando que
povos pré-históricos (quase certamente os ancestrais dos Yorubá) habitaram aquele local.
Há outros importantes locais de pesquisa arqueológica nas terras Yorubá. Também estão
sendo conduzidas pesquisas em Ile Ifé, na caverna de Mejiro, próxima à antiga Oyó e na
cidade de Benin.

3. De 900 A.C. a 200 D.C. Planalto Nok on the Jos. Foi lá que as famosas cabeças de Nok
esculpidas em terracota foram encontradas. Essas esculturas e a cultura que as produziu
são consideradas como as precursoras da cultura Yorubá mil anos depois. A indicação que
leva a tal conclusão é o fato de que esculturas desse tipo foram encontradas num padrão
que se move para sul e oeste da área do planalto de Nok/Jos.

A cronologia dos Àlàfin de Oyó

ALAFIN BASORUN EVENTOS

1. Oduduwa Olorun-fun-mi Capital Ile-Ife


Como o progenitor mítico dos Yorubá, Oduduwa foi o primeiro rei de qualquer tipo em
terras Yorubá. Todos os futuros reis de Ile-Ife foram denominados Ooni, que em meu
entendimento, é a abreviação de Ooni Ilê, "Senhor da Terra".

2. Oran-yan Efufu ko-fe –or


De acordo com Johnson, Oranyian filho de Oranmiyan, neto de Oduduwa foi o
fundador da Velha Oyó, o trono ancestral de todo o futuro. Diferentemente dos Reis de
Ifá que se denominavam "Senhores da terra", os Reis de Oyó eram chamados de Àlàfin,
"Senhores do palácio"; Ala, Senhor, Afin, palácio.

3. Ajaka Erindinlogun-Agbou
Ajaka, de acordo com Johnson, era filho de Oranmiyan. Ajaka foi o primeiro regente, mas
quando Oranmiyan voltou para Ilê Ifé, Ajaka tornou-se Àlàfin.

4. Sàngó Sale ku odi


Irmão mais jovem de Ajaka sucedeu-o como Àlàfin.

O PERÍODO DO CRESCIMENTO E DA PROSPERIDADE: AGANJÚ A ABIODUN

5. Ajaka Sale ku odi


Ajaka, irmão mais velho de Sango retornou ao trono.

6. Aganjú Banija
*Regente Iyayun (Iya yun era a mãe de Kori).

7. Kori Eran-ko-gbina Ede e Osogbo construídas.


De acordo com o reverendo S. Johnson, no livro "A História dos Yorubá", foi durante o
reinado de Kori que Timi fundou Ede. Segundo ele, foi Kori e não Sàngó que foi deposto
pelo Gbonka e mais tarde suicidou-se por envenenamento e não por enforcamento. Gbonka
não é o nome de uma pessoa, mas um título militar, que significa "líder da vanguarda".

Estejam bem
Obalorun Ala Aganjú

Mas, Ogum Fumiko não deixou por menos:

Se Alafiá ni Obalorun,

Da mesma forma, ensinaram-me a mesma história e eu acredito em tudo o que você


escreveu. Persiste ainda um problema e eu gostaria que você o clareasse para mim. Talvez
minhas dúvidas sejam mais bem explicadas numa serie de perguntas:

1) É, Aganjú que serviu como Àlàfin de Oyó, o mesmo Aganjú filho de Olófin e Oro Ina?
O que eu quero perguntar com isso é se foi Aganjú, o Orixá, ele mesmo quem assumiu o
cargo de Àlàfin ou foi Aganjú que retornou uma segunda vez à Terra, nascido de humanos
e tornado Àlàfin? Pergunto isso por dois motivos:
a) parece difícil que um Orixá viesse morar na Terra no papel de um líder terreno por
tanto tempo; e
b) Aganjú, o Àlàfin, reinou muito mais tarde - centenas de anos depois de seu
nascimento por Olófin e Oro Ina. Qual é o negócio aqui?
2) Existiu um "Oduduwa" que conquistou o império Yorubá vindo do Leste no ano 1000
d.C., unificando o império Yorubá? Foi este Oduduwa, o Orixá Oduduwa que reinou
durante o período mitológico e foi enviado por Olodumaré? Permaneceu ele na Terra
esperando até o ano 1000 D.C. para ser um conquistador? Ou ele foi alguém a quem foi
dado o nome do mitológico Oduduwa? Ou foi ele um renascimento humano do Orixá
Oduduwa? Também, quem é o Orixá feminino Odua que acompanhou Obàtálá a
Terra?
3) O Sàngó que foi o quarto Àlàfin de Oyó era um Orixá enquanto era Àlàfin? Ou ele
cresceu e se tornou um Rei? Foi apenas após a sua "morte" que ele começou a residir no
Ara Orun para apenas retornar à Terra durante as incorporações?

*** Um tópico que eu penso estar relacionado a algumas (não todas) essas questões
relaciona-se ao assunto "patakis do céu" versus "patakis da terra". Eu tenho sido ensinado
sempre que os Orixás fazem uma segunda viagem a Terra. O que significa exatamente
isso?

A historia de Yembo e Ogum terem sido apanhados por Oduduwa-Obatala ocorreu na


terra ou no Ara Orun?

O pataki 6-7 no qual Sàngó põe sua coroa em Yemaya ocorreu enquanto
Sàngó era o Àlàfin de Oyó? Se isso é verdade, estava Yemaya na terra uma segunda vez
- ou isso ocorreu antes que ela nos deixasse pela primeira vez? Nasceu ela de pais
humanos em sua segunda viagem ou ela retornou apenas espiritualmente?

Ire O,
Ogum Fumiko

Obalorun transcreveu as perguntas de Fumiko, respondendo-as em seguida:

Pergunta:
1) É, Aganjú que serviu como Àlàfin de Oyó, o mesmo Aganjú filho de Olófin e
Orolna? O que eu quero perguntar com isso é se foi Aganjú, o Orixá, ele mesmo
quem assumiu o cargo de Àlàfin ou foi Aganjú que retornou uma segunda vez à
Terra, nascido de humanos e tornado Àlàfin? Pergunto isso por dois motivos:
Parece difícil que um Orixá viesse morar na Terra no papel de um líder terreno por tanto
tempo; e Aganjú, o Àlàfin, reinou muito mais tarde - centenas de anos depois
de seu nascimento por Olófin e Oro Ina. Qual é o negócio aqui?
Resposta:
Não, Aganjú o Orixá é Aganjú o Orixá. Os Orixás são agora e sempre foram Orixás,
não seres humanos orixaficados.

Pergunta:
2) Existiu um "Oduduwa" que conquistou o império Yorubá vindo do Leste no ano
1000 d.C., unificando o império Yorubá? Foi este Oduduwa, o Orixá Oduduwa
que reinou durante o período mitológico e foi enviado por Olodumaré? Permaneceu
ele na Terra esperando até o ano 1000 D.C. para ser um conquistador? Ou ele foi
alguém a quem foi dado o nome do mitológico Oduduwa? Ou foi ele um
renascimento humano do Orixá Oduduwa? Também, quem é o Orixá feminino
Odua que acompanhou Obàtálá a Terra?
Resposta:
Aqui a historia mítica e a historia humana estão sendo superpostas e misturadas.
Oduduwa é considerado o progenitor do povo Yorubá e um Orixá. Insisto, Orixás são
agora e sempre foram Orixás e não seres humanos orixaficados.

Pergunta:
3) O Sàngó que foi o quarto Àlàfin de Oyó era um Orixá enquanto era Àlàfin? Ou ele
cresceu e se tornou um Rei? Foi apenas após a sua "morte" que ele começou a residir no
Ara Orun para apenas retornar a Terra durante as incorporações?

Resposta:
Orixás são agora e sempre foram Orixás e não seres humanos orixaficados. As historias
que apresentam seres humanos que foram orixaficados são calunias e difamações
preparadas por missionários para desacreditarem as tradições Aborisa. Calúnias proferidas
em púlpitos e missões escolares na terra Yorubá. Difamações impressas
para os "educados Yorubá" para serem usadas enquanto eles aprendiam a ler tanto em
Yorubá como em Inglês. Professores vêm repetindo essas calúnias por mais de um século.

Pergunta
*** Um tópico que eu penso estar relacionado a algumas (não todas) essas questões
relacionam-se ao assunto "patakis do céu" versus "patakis da terra". Eu tenho sido
ensinado sempre que os Orisá fazem uma segunda viagem a Terra. O que significa
exatamente isso?

A historia de Yembo e Ogum terem sido apanhados por Oduduwa-Obatala ocorreu na


terra ou no Ara Orun?

O pataki 6-7 no qual Sàngó põe sua coroa em Yemaya ocorreu enquanto Sàngó era o
Àlàfin de Oyó?

Resposta:
Não estou familiarizado com este Apataki, eu conheço o Apataki de Sàngó Dada dando a
coroa dela para Sàngó. Todos os Apataki que mencionam lugares nomes que existem
agora são também os nomes de outros lugares. Oyó Mítica, não Oyó física. Além disso, em
nossos dias, Oyó não está no mesmo lugar que Oyó antes da invasão Fulani
nos anos 1800. Ilê Ifé Mítica, não Ilê Ifé física.

Pergunta:
Se isso é verdade, estava Yemaya na terra uma segunda vez - ou isso ocorreu antes que
ela nos deixasse pela primeira vez? Nasceu ela de pais humanos em sua segunda viagem
ou ela retornou apenas espiritualmente?

Resposta:
Você esta confundindo o tempo mítico com o tempo físico. Orixás são agora e sempre
foram Orixás e não seres humanos orixaficados.

Um excerto de "Uma exposição de Ifá" por Wande Abimbola "Fela Sowande" nos alerta
que não devemos pensar que Ilê Ifé mencionada neste mito é a mesma de agora. Ele
escreve que, porque nós temos uma Ile Ifé na Nigéria ocidental hoje, é perfeitamente
compreensível que as pessoas naturalmente pensem que essa é a Ilê Ifé que figura na
tradição oral dos Yorubá... As opiniões ainda se dividem quanto à localização de Ilê Ifé,
sendo a única certeza a de que é mais do que provável que a Ilê Ifé da tradição localizava-
se em local que pode estar em qualquer parte, exceto próximo ao onde, hoje, está Ilê Ifé.

Riran le ran mi wa o o
Emi ki mo ran ra mi
Ase dowo eni ra mi
Riran iran le ran mi wa o
Emi ki mo ran ra mi
Ase dowo eni to ran mi wa

Fui enviado por meus superiores,


Eu não me enviei a mim mesmo,
O Asé com o qual falo pertence àqueles que me enviaram.
Fui enviado por meus superiores,
Eu não me enviei a mim mesmo,
O Asé com o qual falo pertence àqueles que me enviaram.

Assim, qualquer resposta que eu dê, eu dou porque assim fui ensinado e as pesquisas que
eu faço, tenho feito, e farei refletem e confirmam o que eu fui ensinado por "meus
superiores". O Asé com o qual falo pertence àqueles que me enviaram.

Estejam bem
Obalorun Ala Aganjú

Chief Ifaraba respondeu:

Alaafia Obalorun Ala Aganjú... Obrigado por seu tempo, sua energia, poder e informação.
Eu jamais imaginei que receberia uma resposta a essa questão que formulei. Estou seguro
que todos nós nos beneficiaremos com essas informações. Eu mesmo sempre percebi os
Orixás com sendo energia cósmica pura. Arquétipos energéticos que são ilimitados. Cada
um deles com sua freqüência, vibração, cor, forma particulares, etc. Enquanto na terra, nós
sentimos a necessidade de categorizar estes elementos de modo a que possamos melhor
capturar sua essência. Para mim, as palavras tendem a limitar essa experiência. Ela exige
um profundo sentimento / compreensão da origem do conhecimento. As palavras apontam
o caminho, mas jamais serão a essência...
Agradeço novamente pela informação. Apesar da pergunta ter sido retórica... recebi a
benção da informação.

Ire-O
Chief Ifaraba

Foi então que Jaap Verduijn, que apenas assistia, acrescentou:

Saudações fórum! Naturalmente, é perfeitamente possível que as opiniões de Obalorun


neste assunto estejam corretas. Se assim é, os pontos por ele levantados estão
relacionados à outra questão que regularmente surge em conexão a Ifá.

Freqüentemente, é dito e escrito que "os textos de Ifá contêm, e se pode reconstruir a
partir deles, a completa historia do povo Yorubá".
Eu sempre pensei acerca desse assunto... Se for possível reconstruir algo tão importante
quanto a completa Historia do povo Yorubá a partir desses textos, porque então isso não
foi feito já há bastante tempo? Ou há pouco tempo? Ou ontem? Ou hoje?

Minha resposta seria: porque tal afirmação é insensata.


Algum voluntário?
Seja, fique, viva e voluntarie-se bem!
Jaap Verduijn

Asé
kànga

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