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Com o tempo, o vodu perdeu seus traços ancestrais e adotou caráter nacional,
com a criação de formas típicas haitianas. Durante décadas a Igreja Católica
condenou o vodu no Haiti, mas como essa crença se tornou a religião principal da
maioria da população, no final do século XX os católicos resignaram-se à
convivência com o culto.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o vodu é praticado há mais de cem anos nos
Estados de Louisiana e Mississipi. No Haiti, quase toda a população se envolve
com o vodu – o país tem o voduísmo como religião oficial. Já no Brasil, o seu
exercício foi veiculado com grande sincretismo, pois se misturou ao catolicismo
nordestino e aos cultos afros.
O voduísmo no Haiti
O termo vodum ou vodu, como chamamos, teve sua origem no Oeste da África,
num reino chamado Daomé, atualmente conhecido como Benin.Com a
escravidão no século 19, os nativos de Daomé foram capturados e levados para
que fossem trocados por armas e alimentos por mercadores europeus, o que os
levou a se estabelecer em muitas partes das Índias Ocidentais e no Haiti. Como
na época a igreja católica demorou a constituir um clero que pudesse batalhar
pela religião cristã no Haiti, esta ausência prolongada deu aos escravos a
oportunidade de combinarem a sua religião, o vodu, com o catolicismo,
formando um denso sincretismo (mistura) religioso. Diz-se que 95% dos
haitianos são católicos e 100%, adeptos do vodu. Tanto é assim que, às vezes, é
difícil determinar onde acaba o catolicismo e começa o voduísmo.
A adoração no voduísmo
Hungans e mambos
A maioria das religiões possui líderes que conduzem seus cultos e rituais. No
vodu isso também existe, eles são conhecidos por hungans. A mulher também
tem a sua participação, porém, a terminologia a ela conferida é mambo.
Cerimoniais vodu
Segundo a crença vodu, os primeiros homens criados eram cegos e foi justamente
a serpente que conferiu visão à espécie humana.
Boneco vodu
Sem dúvida, o boneco vodu é o primeiro elemento que vem à mente dos leigos
quando se fala em voduísmo. Tal objeto é empregado para invocar os poderes dos
deuses do vodu e recebe o nome de fetiche, que significa feitiço. O fetiche é
confeccionado por quem irá realizar o trabalho de magia e, enquanto é feito, a
pessoa tem de mentalizar os objetivos que quer alcançar com o ritual e
“transmitir” sua energia ao boneco.
O fetiche deve ser feito com a semelhança anatômica de uma pessoa: cabeça,
tronco e membros. Partes indispensáveis para a “eficácia” da magia são os órgãos
genitais masculinos ou femininos. O boneco precisa ser batizado com o nome da
pessoa que irá representar e, geralmente, é feito de massa de modelar, nunca de
pano ou outro material.
Segundo as sacerdotisas, tais bonecos são feitos para realizar o bem, para se
alcançar prosperidade e curas. O que pessoa precisa fazer é perfurá-los com
espetos ou alfinetes. Mas na prática as intenções nem sempre são essas.
Zumbis
“O ritual se dá por meio da magia negra [...] a vítima tem todo o indício de morte
aparente, quase não respira, tem a pele fria, quase não tem pulsação e, mesmo
assim, está viva”.
Isto se deve ao fato de a pessoa ficar horas sem oxigenação no cérebro, o que
reduz o seu nível de consciência. O curioso é que entre os componentes da
fórmula utilizada pelos feiticeiros podem ser encontrados narcóticos,
tetradotoxina, veneno neurotóxico e até veneno de rãs.
O feitiço do zumbi
Mas, segundo a crença vodu, o feitiço pode ser desfeito. Se por acaso esta pessoa
for diagnosticada a tempo de que recebeu o tal feitiço, ela deve procurar um
hungan rapidamente para retirar-lhe a magia e expulsar os maus espíritos.
Apesar de tudo isso, existe uma certa militância por parte de alguns voduístas em
insistir que a magia vodu trabalha para o bem. No vodu, a idéia de distinção entre
a magia do bem e do mal é difundida com esmero, pois a sacerdotisa ou o
sacerdote geralmente recusa-se a realizar magia negra que, segundo eles, se
destinaria apenas aos bokors – oficiantes do ritual com fins maléficos. Assim,
hungans e manbos realizam rituais para o “bem” e os bokors, para o mal.
Contra o vodu
Para que possamos alcançar bênçãos, curas e outros benefícios, seja para nós ou
para nossos amigos, parentes ou irmãos, não precisamos confeccionar nem
“energizar” nenhum objeto, principalmente bonecos. Tampouco devemos ter
medo de magias, pois a Bíblia nos assegura que contra os crentes o encantamento
é inválido, não tem eficácia (Nm 23.23).
Gros bon ange: cuja tradução é: “grande anjo bom”. Essa alma, segundo
acreditam os haitianos, tem a capacidade de sair do corpo enquanto a pessoa
dorme. E, se não retornar, a pessoa morre.
Petit bon ange: traduzido quer dizer “pequeno anjo bom”. Essa alma, segundo
crêem, proteger e guiar o adepto. Quando a pessoa morre, ela permanece por
alguns dias guardando o corpo. Somente após um período de nove dias, contando
a partir do sepultamento, é realizado um ritual para afastá-la.
Como a reencarnação faz parte da crença vodu, seus praticantes acreditam que a
petit bon ange se transforma em algum objeto ou animal, geralmente uma grande
serpente. Após a transformação, se aos rituais de sacrifícios e cerimônias, sob a
responsabilidade dos parentes, forem negligenciados, a vingança da petit bon
ange se volta contra eles.
Vodun
Vodun é uma tradição religiosa originada na África Ocidental, que se tornou
proeminente no Novo Mundo, devido à importação de escravos Africanos. Vodun da
África Ocidental é a forma original da religião; Vodou haitiano, Voodoo da Louisiana e
Candomblé Jeje no Brasil, são os seus descendentes no Novo Mundo.