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Tal como combinado na noite anterior, Carlos foi ter com a condessa e,
de seguida, já atrasado, visitou Maria Eduarda (a “brasileira”) em sua casa.
Esta perguntou-lhe se ele sabia de alguma casa de campo onde ela pudesse
passar o verão com a filha e Carlos lembrou-se da casa de Craft, nos Olivais.
Depois disso, Carlos declarou-se a Maria Eduarda. Esta também o amava, mas
queria dizer-lhe algo importante, no entanto, este interrompe-a. Ao saber que o
amor é correspondido, beijam-se.
No fim do capítulo, Carlos, que até então não tinha falado desta relação
ao Ega, confessa-lhe a sua paixão por Maria Eduarda.
Caracterização das personagens
Espaço social
O objetivo deste jantar era reunir a alta burguesia e a aristocracia
(nobreza), bem como acamada dirigente do país e demonstrar a sua
ignorância. Permitiu observar a degradação dos valores sociais e culturais (
“Isto é um país desgraçado”) , o atraso intelectual do país (“Creio que não há
nada de novo em Lisboa”), a mediocridade mental de algumas personagens
(principalmente, o conde e Sousa Neto) e a importação de modas estrangeiras
(impede o progresso e a renovação das mentalidades).
Espaço físico
“Na sala de jantar, um pouco sombria, forrada de papel cor de vinho ,
escurecida ainda por dois antigos painéis de paisagem tristonha, a mesa oval,
cercada de cadeiras de carvalho lavrado, ressaltava alva e fresca, com um
esplêndido cesto de rosas entre duas serpentinas douradas.”
Temas abordados
Escravatura
Segue-se o tema da escravatura onde podemos ver que Ega demonstra
um caráter crítico e impiedoso:
“Ega declarou muito decididamente ao Sr. Sousa Neto que era pela
escravatura. Os desconfortos da vida, segundo ele, tinham começado com a
libertação dos negros. Só poderia ser seriamente obedecido, quem era
seriamente temido... Por isso, ninguém agora lograva ter os seus sapatos bem
envernizados, o seu arroz bem cozido, a sua escada bem lavada, desde que
não tinha criados pretos em que fosse lícito dar vergastadas... Só houvera duas
civilizações em que o homem conseguira viver com razoável comodidade: a
civilização romana e a civilização especial dos plantadores da Nova Orleães.
Porquê? Porque numa e noutra existira escravatura absoluta, a sério, com o
direito de morte!...”
Com este discurso antiliberalista e racista, Ega chocou os presentes no
jantar.
Por um lado, a mulher deve ter capacidade para falar sobre livros ou
artigos de revista mais simples sem que, no entanto, tenha capacidade
intelectual para discutir abertamente sobre assuntos de cariz literário, político
ou social com um homem.
Por outro lado, as melhores qualidades, e aquelas às quais se deveria
dar mais relevância, são as de dona de casa, mais precisamente, cozinhar e
ser boa mulher.
Ega disse ainda que “uma mulher com prendas, sobretudo com prendas
literárias, sabendo dizer coisas sobre o Sr. Thiers, ou sobre o Sr. Zola, é um
monstro [...]”. Com isto, podemos constatar que, naquela época, a educação
das mulheres não era uma prioridade e as mulheres mais dotadas
intelectualmente eram, de certo modo, temidas pelos homens.
Filosofia e literatura
Após falarem da educação das mulheres, Ega pergunta a Sousa Neto se
conhece o filósofo francês Proudhon, mas este atrapalhado responde “ –
Não me recordo textualmente, mas...”. Perante a insistência de Ega, sintetiza a
sua ignorância, afirmando que não sabia que “esse filósofo tivesse escrito
sobre assuntos escabrosos”, como o amor, acrescentando que era seu hábito
aceitar “opiniões alheias, pelo que dispensava as discussões”.