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Janela da Alma.

No documentário, Marieta Severo menciona que sente um


desconforto emocional imenso quando está em cena sem
enxergar o outro ator com o qual contracena, e que nem escuta
direito se não estiver enxergando. Enquanto o fotógrafo Eugen
Bavcar, que é deficiente visual , cita que mal precisa enxergar o
que se está passando na televisão, devido à clichês que são
repetidos e a população acaba não enxergando também mais as
coisas com um distanciamento, causando uma cegueira geral.
Eugen fotográfa suas modelos medindo a distância entre elas, e
com orientações de barulhos e das mesmas. Isso me faz refletir o
modo que lidamos com as coisas perante nossas necessidades, e
o quanto o filme aborda a importância da visão para nós
formarmos nossa concepção de mundo, mas ao mesmo tempo,
como diversas formas de percebermos e principalmente
sentirmos a vida e o universo.

O documentário também aborda a relação das pessoas ao usar


um óculos, e é interessante a relação ambígua de pessoas que
não gostam de não usá-lo, por medo de não enxergar, e então
sentir-se mais vulnerável, com o medo de outras pessoas que
preferem não enxergar, talvez na esperança de também não
serem vistos.
“O ato de ver e de olhar não se limita à olhar para fora, não se limita a
olhar o visível, mas também o invisível, de certa forma é o que chamamos
de imaginação”

Oliver Sacks
A frase acima é o que me faz pensar na relação dos olhos como
sendo a janela da alma, e em como o invisível se infiltra no nosso
subconsciente e é o que ajuda a moldar quem somos e
influenciar nossos atos a partir de nossas experiências, e em
como esse invisível, pode estar relacionado não só ao olhar
através dos olhos, mas sim à imaginação, que segundo o poeta
Manoel de Barros, “é o que de fato vê, que transfigura o mundo,
sendo ela a coisa mais importante para o artista.”

Porém acho interessante a constatação de que os olhos sendo a


janela da alma, não só entram informações em nossa mente,
como a nossa alma e imaginação também saem, e acredito que
isso de certa forma colabore para a teoria de que nós agimos de
acordo com o que vemos, pensamos e percebemos o mundo de
acordo com nossas experiências, e que nossas ideias e
pensamentos são constantemente modificados por esses
diversos fenômenos em nossa vida.

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