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“Fiz de mim o que não soube

E o que podia fazer de mim não o fiz.


O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.”

Álvaro de Campos, Tabacaria

Da alienação à angústia
Emergir

“O horror da minha violência palpitava, vivo, nas mãos ainda trementes. Mas sentia que
esse horror não era tanto pela violência quanto pela cega manifestação em mim de um
sentimento e de uma vontade que, por fim, me tinham dado corpo: um corpo bestial que
inspirara medo e tornara as minhas mãos violentas.

Tornava-me «um».

Eu.

Eu, que agora me queria assim.

Eu, que agora me sentia assim.

Finalmente!” Livro 6, I

“Mas quer ver-se sempre. Em todos os actos da sua vida. É como se tivesse sempre diante
de si a sua imagem, em cada acto, em cada gesto. E a sua intolerância talvez provenha
disso. Você não quer que o seu sentimento seja cego. Obriga-o a abrir os olhos e a ver-se
num espelho que lhe está sempre a pôr diante. E o sentimento, assim que se vê, gela-se-
lhe. Não se pode viver em frente a um espelho.

Tente não se ver nunca. Porque, de qualquer modo, você nunca conseguirá conhecer-se
como os outros a vêem. E de que vale conhecer-se apenas por si? Pode-lhe acontecer não
compreender porque há-de ter aquela imagem que o espelho lhe devolve.! Conversa com
Anna Rosa (Livro 7)

O desconcerto advém do choque da revelação do inusitado, do imponderável, como se, de


repente, fôssemos desnudados, diante de um jogo especular, em que se evidenciasse aquilo
que, por conveniência, a nossa autoimagem nunca revelou. A consciência de si implica na
definição de consciência como: os outros em nós.

“Qu’est-ce que le moi ? 


Un homme qui se met à la fenêtre pour voir les passants, si je passe par là, puis-je dire qu’il
s’est mis là pour me voir ? Non, car il ne pense pas à moi en particulier. Mais celui qui aime
quelqu’un à cause de sa beauté, l’aime-t-il ? Non, car la petite vérole, qui tuera la beauté sans
tuer la personne, fera qu’il ne l’aimera plus.
Et si on m’aime pour mon jugement, pour ma mémoire, m’aime-t-on moi ? Non, car je puis
perdre ces qualités sans me perdre moi. Où est donc ce moi s’il n’est ni dans le corps ni dans
l’âme ? Et comment aimer le corps ou l’âme sinon pour ses qualités, qui ne sont point ce qui fait
le moi puisqu’elles sont périssables ? Car aimerait-on la substance de l’âme d’une personne
abstraitement et quelques qualités qui y fussent ? Cela ne se peut et serait injuste. On n’aime
donc jamais personne mais seulement des qualités.
Qu’on ne se moque donc plus de ceux qui se font honorer pour des charges et des offices,
car on n’aime personne que pour des qualités empruntées.
Lafuma 688 (série XXV) 

O que é que subjaz?

A contraposição entre o isolamento solipsista do si-mesmo autêntico e a


dispersão cotidiana do si-mesmo inautêntico entre os outros.

Vitangelo Moscarda não estava mais alienado do que qualquer outro humano,
distraído, vivia sem se preocupar com o seu nariz e este não recebeu nenhuma atenção
até ao momento em que a sua aparência passa a estar em causa. Rapidamente, o que
está em causa nem é o nariz, mas toda a A partir daí, dá-se a cisão no cerne do eu.
Este acontecimento “rompe” com a normalidade do quotidiano de Vitangelo que,
depois disto, não consegue retomar a vida quotidiana. O que passa a estar em causa é
a própria compreensão de si mesmo, a cisão é profunda e ocorre no âmago, na relação
entre o si mesmo e o “outro” que é si mesmo, culminando na solidão existencial. O
“outro”, que é desconhecido, mas que é conhecido aos olhos dos outros, que é mais
real do que o próprio que, esse sim, é um total mistério para Vitangelo. Nestas
experiências de solidão, experimentadas por Vitangelo Mascarda

“tal como eu até agora não me tinha destacado de mim para me ver, e vivia como um cego nas
condições em que fora posto, sem considerar quais eram, pois nelas nascera e crescera e por isso me
eram naturais, também para os outros era natural que eu fosse assim;”cap. 3 vi

nos dispusemos a criar um papel imposto por nós mesmos e pela sociedade, nos tornando
fantoches voluntários da nossa própria vida

Importa notar que o papel assumido pela mulher, é de extrema relevância, uma vez que, é a
partir do seu olhar que se desencadeiam os processos de interiorização do “sentimento do
contrário”, responsáveis pela dolorosa revelação de que o modo como os outros nos veem não
corresponde ao modo como nos vemos. No romance italiano, a mulher aponta os defeitos
físicos do marido. E Vitangelo sofre como se a cumplicidade que imaginava ter com Dida
tivesse sido posta à prova, já que durante todo o tempo do casamento, ela jamais lhe havia
revelado o que, logo às primeiras páginas, surge como a cruel descoberta, à qual ele dará um
peso excessivo. Além do mais: “E dizer que precisei ter uma mulher para me dar conta de que
eram defeituosos!” (o nariz, as sobrancelhas, as orelhas, as mãos e as pernas) (PIRANDELLO,
2001, p.21).

Vitangelo Moscarda vivia alienado, distraído, ocupado da mundanidade da vida quotidiana, até

que um dia, a mulher o


Ver página 29 da tese do Hélder Telo
In that with which we concern ourselves environmentally
the Others are encountered as what they are; they are what they do [sie

sind das, was sie betreiben]. P.163 “No que é tratado no mundo em nosso redor, os outros

ocorrem como aquilo que eles são; eles são aquilo que fazem.” Não encontramos

acontecimentos transparentes de si, mas encontramos os outros desenraizados do seu

próprio acontecimento e definidos a partir de possibilidades genéricas. Eles são a profissão

que desempenham, são nossos colegas ou aqueles que não têm nada que ver connosco,

são simpáticos ou antipáticos, prestáveis ou mentirosos. Tudo isso são determinações

básicas de lida, por um lado, e, por outro lado, são vistas como completamente reiteráveis

na forma como aparecem. Nada dizem do acontecimento de ser-o-aí que está “por trás”

delas.

Podemos perceber melhor do que se trata se analisarmos o que está implicado no seguinte

enunciado: “No em-primeiro-lugar-e-o-mais-das-vezes do tratar-de-assuntos quotidiano o

ser-o-aí, que de cada vez é, é sempre aquilo que faz”.67 1

Vitangelo é o marido de Dida e nessa desincumbência perde o rasto ao ser-o-aí que é e que

está para lá disso. Torna-se um mero executor desse projecto e nesse medida, nada mais é do

que um autómato. Lançado no emprego vital, Gengè é uma possibilidade desformalizando

assim o si a haver, que, embora, para si, não esgote ali as suas possibilidades, esgota-as ali,

segundo ele, aos olhos da suas mulher Dida2. Para Dida, ser Gengé esgota as possibilidades de

ser Vitangelo. Esta ideia compreende-se à luz Heidegger chama Aufgehen in der besorgten

Welt ou simplesmente Aufgehen in der Welt.66


This "absorption in ..." [Aufgehen bei ...] has mostly the
character of Being-Iost in the publicness of the "they". Dasein has, in the
first instance, fallen away [abgefallen] from itself as an authentic potentiality

for Being its Self, and has fallen into the 'world'.l p.220

1
GA 20, 336. “(...) im Zunächst und Zumeist des alltäglichen Besorgens ist das jeweilige Dasein immer
das, was es betreibt.”
2
O mesmo acontece com Dida, cujas possibilidades se esgotam para Vitangelo, na concretização da
possibilidade de ser Didá, sua mulher.
Aufgehen remete à ideia de algo estar absorvido, ou esgotar-se em algo, passando a não ser

mais do que isso. Como os professores, que para os alunos, todos os dias renascem e morrem

no espaço da escola, espaço onde existem para os servir. Autómato (um projeto que não

estamos a acompanhar). É uma possibilidade desenraizada e impessoal, uma possibilidade

em geral. Nesse sentido, eu sou o que faço, na medida em que sou meramente algo que se

faz e não o ser-o-aí que eu sou e que está a fazer isso.


Procura provocar uma dissonância entre si e o seu reflexo

O que falta à representação do espelho? O espelho é uma superfície


indeterminada, mas ele não vê o que representa. O ter sentimento de mim.
Qual a determinação do mim? Não pode ser uma representação porque
nenhuma representação arrasta o sentido original que me permite reconhecer
como sou. Nunca ninguém pode saber se é si próprio, porque nenhuma
representação assegura ser de mim mesmo Qual é o sentido de mim mesmo?
Nenhuma representação produz a determinação “mim”. O reflexo é por isso
interpretado “de mim”. É o caso típico de dizerem que fiz algo que não me
lembro. Vai um sistema infinito de determinações e para mim é como o ser de
outro, o que assegura que o “mim mesmo” não é uma representação. (Dar
nome a um cão é reconhecer que ele é para si, que pode ter prazer e dor). Nós
não estamos completamente orientados para a frente, não somos um ponto de
vista de câmara de filmar só com determinações de representação. Seria
possível isto? Em princípio isto é um animal. Seria possível um ponto de vista
que representasse e não sentisse? Não sabemos.

Temos contacto de nós para nós próprios que não é representação. Esta
permite hipocrisia: o sujeito pode pensar que é honesto – “eu sou de facto
assim!” O sujeito pode produzir uma representação de si que categoriza a
partir de si mesmo e que não tem nada a ver com ele. É como o espelho
deformar a imagem e eu não me aperceber. Posso estabelecer como minha
determinação uma que não me corresponde. Esta coisa do “conhece-te a ti
próprio” tem o seu quê de dificuldade. Que critérios permite o sujeito
reconhecer-se a si mesmo? O que é que me corresponde, qual a determinação
própria de mim?

O momento original da constituição de si mesmo é um sentir-se estético. De


Natura, fragmento 5: “É diferente pensar-se a si mesmo e conhecer-se a si
mesmo pois um sujeito pensa-se a si mesmo na categoria do diferente, outro
que si mesmo, e conhece-se na categoria do semelhante, como se o todo
formasse uma unidade indivisível.”
"A solidão nunca está convosco; está sempre sem vós, e só é possível com um estranho por
perto, seja ele lugar ou pessoa, que vos ignore completamente e que vocês ignorem
completamente, de maneira que a vossa vontade e o vosso sentimento fiquem suspensos e
perdidos numa incerteza angustiante e, ao cessar toda a formação de vós, cesse a própria
intimidade da vossa consciência. A verdadeira solidão está num lugar que vive para si e que
para vós não tem traços nem voz, e onde, por conseguinte, o estranho sois vós."

Para a analítica existencial do dasein, a solidão não é uma falta, mas uma possibilidade de ser
do ser-aí (dasein), que se caracteriza por ser-no-mundo, isto é, por estar sempre em relação
com os entes que o cercam e consigo mesmo. O ser-aí é um ser aberto, que se projeta em
diferentes modos de existir, como o cuidado, a angústia, a autenticidade e a inautenticidade.

A citação sugere que a verdadeira solidão é um modo de ser em que o ser-aí se encontra
desligado de toda relação significativa com o mundo e consigo mesmo, de modo que sua
existência fica suspensa e perdida numa incerteza angustiante. Nesse estado, o ser-aí não se
reconhece como tal, mas se torna um estranho para si e para o mundo. A citação também
indica que esse modo de solidão só é possível com um estranho por perto, seja ele lugar ou
pessoa, que ignore completamente o ser-aí e que seja ignorado por ele. Isso significa que a
solidão não é uma mera separação espacial ou temporal, mas uma ruptura ontológica, em que
o ser-aí se fecha para a sua própria essência, que é a ex-sistência, isto é, o estar fora de si e
para além de si.

A analítica existencial do dasein pode entender esse modo de solidão como uma forma
extrema de inautenticidade, em que o ser-aí se aliena da sua própria possibilidade mais
própria, que é a morte. A morte é o limite do ser-aí, que revela a sua finitude e a sua liberdade
de escolher o seu modo de ser. Ao se confrontar com a morte na angústia, o ser-aí pode se
tornar autêntico, isto é, assumir a responsabilidade pela sua existência e pelo seu destino. Ao
contrário, ao fugir da morte na fuga cotidiana, o ser-aí pode se tornar inautêntico, isto é, se
deixar levar pelo impessoal, pelo falatório, pela curiosidade e pela ambiguidade do "se", que
dissolvem a sua individualidade e o seu sentido.

Portanto, a citação pode ser interpretada como uma descrição de um modo de solidão
inautêntica, em que o ser-aí se afasta da sua própria possibilidade mais própria e se torna um
estranho para si e para o mundo.

A solidão existencial de Vitangelo Moscarda é um tema fascinante para a antropologia


filosófica, pois revela as tensões e os dilemas que envolvem a construção da identidade pessoal
em um mundo marcado pela alteridade. Neste artigo, pretendo analisar como o protagonista
do romance Uno, nessuno e centomila, de Luigi Pirandello, passa por um processo de
desintegração e reconstrução de si mesmo, a partir da descoberta de que sua imagem não
coincide com a dos outros. Para isso, utilizarei o conceito de trauma como uma ruptura da
continuidade do eu, que exige uma resposta criativa e ética diante do outro. Seguindo o estilo
de escrita de Paulo Alexandre Pinto dos Anjos da Silva Lima, procurarei desenvolver uma
argumentação clara e rigorosa, apoiada em citações e referências bibliográficas, e ao mesmo
tempo envolvente e estimulante para o leitor interessado em conhecer melhor a obra de
Pirandello e a sua relevância para os estudos sobre a subjetividade contemporânea.

Somos convidados a entrar num mundo onde a presença dos outros se tornou insuportável.
Vitangelo Moscarda

"Comecemos — seguindo as próprias sugestões que encontramos na analítica

existencial — por testemunhar a presença maciça de outros no nosso horizonte de

apresentação.

Com efeito, não precisamos de esforço demasiado para verificar que há outros

— que estes são uma presença constante e variada no horizonte de cada um de nós.

Os “outros” são aqueles com que me deparo quando algum ruído — vindo do andar

de cima — me perturba ao ponto de eu não conseguir dormir à noite. Os “outros” são

aqueles com que me deparo enquanto coabitantes da casa em que vivo, enquanto a

massa “infinita” e anónima que observo e por que passo ao caminhar nas ruas de

Lisboa, etc. Na verdade, a presença dos outros na minha vida quotidiana é de tal

maneira uma presença confirmada a cada instante que se transforma numa evidência

já dada, em algo com um carácter tão óbvio que faz aparecer qualquer tentativa de o

demonstrar como um esforço despiciendo, como uma manifesta inutilidade de tão

trivial que é.

Mais do que isso, a presença dos outros é de tal modo uma evidência (eu conto

sempre já de tal modo com ela) que me vejo a mim próprio como um ente entre outros

entes “como eu”. Isto significa, antes do mais, que a própria forma como eu me vejo e

me observo, no meu quotidiano, está como que “invadida” pela presença maciça e a

perder de vista — uma presença que quase não encontra quebras ou interrupções —

de outros “como eu”. A presença deles é a tal ponto “invasora” que produz uma

espécie de “descentramento” da minha perspectiva, que me faz ver esses outros

“como eu” a partir de um ponto de vista que não está centrado em mim, mas antes me

faz ver a mim mesmo de uma perspectiva exterior para a qual eu sou um — mais um

— entre a massa de outros “como eu” que aí há e para os quais também eu sou um

outro “como eles”.


Este texto é um exemplo de como se pode usar os termos dados para escrever um parágrafo
longo e entusiástico sobre o tema da existência dos outros. O texto segue uma estrutura lógica
e argumentativa, usando exemplos concretos e expressões enfáticas para transmitir o seu
ponto de vista. O texto também se relaciona com o livro "Eu, ninguém e cem mil" de Luigi
Pirandello, onde o protagonista Vitangelo Moscarda descobre que ele não é quem ele pensava
ser, mas sim uma multiplicidade de imagens refletidas pelos outros. O texto explora assim a
questão da identidade pessoal e social, e do papel dos outros na sua construção. Para ilustrar
melhor esta ideia, podemos citar algumas passagens do livro:

- "Eu era um outro para cada um dos meus conhecidos; mas também era outro para mim
mesmo" (p. 19).

- "Eu não era mais aquele único indivíduo; era muitos indivíduos diferentes; era muitas pessoas
diferentes; era muitas pessoas diferentes em muitas pessoas diferentes" (p. 23).

- "Eu não tinha mais uma personalidade fixa e definida; tinha tantas personalidades quantas as
pessoas com quem convivia" (p. 25)."

Desenvolvendo mais a partir deste texto, podemos perguntar-nos como é que a presença dos
outros afeta o nosso modo de ser e de nos relacionarmos com o mundo. Será que os outros
são apenas uma realidade exterior e indiferente a nós, ou será que eles têm alguma influência
na nossa forma de pensar, sentir e agir? Será que os outros nos ajudam a compreender melhor
quem somos e o que queremos, ou será que eles nos confundem e nos alienam de nós
mesmos? Será que os outros nos abrem possibilidades de crescimento e de realização, ou será
que eles nos limitam e nos oprimem? Estas são algumas questões que podemos colocar
quando refletimos sobre o fenômeno da alteridade, isto é, da existência e do reconhecimento
do outro como um ser diferente de mim, mas também semelhante a mim.

A alteridade é um tema central na filosofia existencial, pois ela implica uma concepção do ser
humano como um ser relacional, que se define não apenas pela sua individualidade, mas
também pela sua interação com os outros. Os filósofos existenciais exploraram as diversas
dimensões da alteridade, tais como a comunicação, a empatia, a responsabilidade, a liberdade,
o conflito, a solidariedade, etc. Eles mostraram como os outros podem ser fontes de
enriquecimento ou de empobrecimento para a nossa existência, dependendo da forma como
nos relacionamos com eles. Eles também mostraram como os outros podem ser um desafio e
uma provocação para a nossa autenticidade, isto é, para a nossa capacidade de sermos fiéis a
nós mesmos e aos nossos projetos de vida.

Para ilustrar estas ideias, podemos recorrer a alguns exemplos concretos de situações em que
os outros desempenham um papel importante na nossa existência. Por exemplo, quando nos
apaixonamos por alguém, descobrimos uma nova forma de ver o mundo e de nos sentirmos
vivos. O outro torna-se uma fonte de alegria e de motivação para nós. Mas também podemos
sofrer por amor, quando o outro nos rejeita ou nos trai. O outro torna-se então uma fonte de
dor e de frustração para nós. Outro exemplo é quando trabalhamos em equipe com outras
pessoas. Podemos aprender com elas e beneficiar da sua colaboração e do seu apoio. O outro
torna-se uma fonte de aprendizagem e de cooperação para nós. Mas também podemos entrar
em conflito com elas e sentir-nos incompreendidos ou injustiçados. O outro torna-se então
uma fonte de tensão e de competição para nós.

Vitangelo Moscarda é um homem que se sente deslocado no mundo dos outros. Ele não se
identifica com a sua família, com o seu trabalho, com a sua sociedade. Ele se pergunta quem
ele é, qual é o seu verdadeiro eu, o que ele quer da vida. Ele decide então fazer uma
experiência radical: mudar de personalidade a cada dia, assumindo diferentes papéis e
comportamentos. Ele quer testar os limites da sua liberdade, da sua autenticidade, da sua
existência.

Mas essa experiência não é fácil nem divertida. Vitangelo depara-se com a resistência e a
incompreensão dos outros, que não aceitam as suas mudanças e o julgam como louco,
mentiroso, perigoso. Ele também se depara com os seus próprios conflitos internos, com as
suas dúvidas e angústias, com as suas contradições e incoerências. Ele descobre que não há um
eu fixo e estável, mas sim um eu múltiplo e dinâmico, que se constrói e se transforma nas
relações com os outros e consigo mesmo.

Vitangelo Moscarda é um personagem fascinante e provocador, que nos convida a refletir


sobre a nossa própria identidade, sobre o sentido da nossa vida, sobre o papel dos outros na
nossa existência. Ele é um exemplo de como podemos ser criativos e corajosos na busca de nós
mesmos, mas também de como podemos ser confusos e solitários nessa busca. Ele é um
espelho que nos mostra as nossas luzes e as nossas sombras, as nossas possibilidades e os
nossos limites.

Ao longo da sua experiência, Vitangelo sente uma mistura de emoções: curiosidade,


entusiasmo, medo, frustração, alegria, tristeza, raiva, amor. Ele sente-se vivo e livre quando
assume uma nova personalidade, mas também se sente perdido e vazio quando não sabe
quem é. Ele sente-se desafiado e estimulado quando confronta os outros, mas também se
sente rejeitado e incompreendido quando os outros não o aceitam. Ele sente-se orgulhoso e
satisfeito quando descobre algo novo sobre si mesmo, mas também se sente culpado e
arrependido quando magoa alguém que ama. Ele sente-se confiante e otimista quando pensa
no futuro, mas também se sente ansioso e pessimista quando pensa nas consequências da sua
experiência.

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