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Aula 12 – O Estado de Bem-Estar Social/Welfare State

Gunnar Mydral – O Estado do futuro

Capítulo V: “O planejamento”

(pergunta da p1: imposto (política social) dos jacobinos).

 O “Welfare State” nasce do declínio do capitalismo industrial (crise de 1929).


 O Estado Social ganha mais força ainda no final da 2° Guerra Mundial.
o A partir de 1945, ocorre uma “reconstrução” das economias destruídas pelo
conflito.
 1945 – 1973: “Os trinta anos gloriosos”.
o Países capitalistas centrais: crescimento econômico ininterrupto e pleno
emprego.
o Período de fortalecimento do Fordismo (paradigma da sociedade de consumo
de massa);
o Keynesianismo (teoria geral do emprego, juro e da moeda) – defendia
economia ao lado da demanda (com mais emprego, mais salário e maior
consumo).
o Welfare State.
 Política anti-cíclica: Keynes
o Impostos: diminui um pouco o lucro das empresas, mas, evita um
“desregularização” da economia e aumenta produtividade dos trabalhadores
(o dinheiro do imposto é investido na sociedade).

1. Segunda metade do século XX:


a. Todos os países ricos do mundo ocidental estavam se tornando Estados de
Bem-Estar democráticos.
b. Compromissos explícitos (assumidos por TODOS países ricos, independente de
ideologia):
i. Metas de desenvolvimento econômico (quem define as metas é o
governo, “mão visível” do Estado – uma tentativa de salvar o
capitalismo);
ii. Pleno emprego;
1. Contraste com a “taxa de desemprego natural do mercado” –
ex: Thatcher nos anos 70-80  taxa de desemprego 13% no
UK, mas, o governo disse que isso não era responsabilidade
deles: cabia a cada um se especializar e se “destacar” no
mercado de trabalho.
2. Uma “lei da oferta e procura” no próprio mercado de trabalho.
O salário vai ser regulado de acordo com a oferta = salário
mais baixos.
iii. Igualdade de oportunidades para jovens;
1. Educação pública e gratuita.
2. Igualdade de oportunidades.
iv. Previdência social;
v. Padrões mínimos de proteção: renda, nutrição, habitação, saúde e
educação;
vi. Tais direitos eram assegurados a todos os grupos sociais.
c. O Estado de Bem-Estar ainda não era uma realidade, mas estava em processo
de aparecimento (1° edição da obra: 1960).

2. As causas do processo:
a. Ordem histórica e casual: a intervenção no jogo de forças do mercado vem em
primeiro lugar e só depois o planejamento é realizado;
b. Trata-se de um processo de causação cumulativa: a intervenção aumenta com
o agravamento dos problemas (intervenção: solução de problemas específicos,
um foco menor/ planejamento: escala maior, um planejamento global):
i. Violentas crises internacionais a partir da 1° Guerra Mundial (crise
econômica e política);
ii. Racionalidade crescente da atitude da população;
iii. Crescimento do autogoverno provincial e municipal;
iv. Crescimento das empresas e organizações de interesses em larga
escala;
v. O aumento da complexidade econômica gerou confusões e
contradições: “A necessidade de uma coordenação racionalizadora foi
imposta ao Estado como órgão central da vontade política”.
3. As metas de desenvolvimento:
a. Tais metas são determinadas pelo processo político que fornece a base para o
poder.
b. As medidas de intervenção devem ser coordenadas: é preciso analisar a forma
como elas se combinam [diferente da anarquia de produção]
c. Os planejadores devem fazer previsões de curto e de longo prazo, com base
em estatísticas e bancos de dados. Mas as previsões não podem tomar a forma
de um plano rígido e universal.
d. Com base em prognósticos para o futuro, tenta-se modificar as diretrizes do
comércio.
4. Da intervenção ao planejamento.
a. As empresas representam interesses particulares, e não os interesses gerais e
comuns da nação.
b. A história nos mostra como as imensas estruturas de educação e saúde foram
edificadas. E as grandes reformas redistributivas: planos de previdência social e
assistência para os doentes, incapacitados, desempregados, idosos e crianças.
c. “Todos esses complexos de intervenção social e econômica foram o produto
final de um longo processo de mudanças fragmentárias, gradualmente
introduzidas, que nos diversos setores foram levadas adiantes, de início, como
medidas independentes e não-relacionadas de politica social, motivadas por
seu próprio mérito ou empreendidas como resposta a pressões de grupos”
(Exemplo da CLT no Brasil).

5. Previdência Social:
a. Argumento inicial: busca de maior justiça social e bem-estar de grupos
específicos e pessoas necessitadas;
b. Com o tempo, as reformas revelaram-se importantes para o aumento da
produtividade dos trabalhadores.
i. Um sistema público de educação  mão de obra mais qualificada
c. Os adversários do Estado de Bem-Estar alegavam que a Previdência arruinaria
a economia dos países que adotavam o sistema. E o resultado foi justamente o
inverso.
i. Na verdade, favoreceu um ciclo de crescimento econômico nunca visto
no capitalismo.
d. Suécia: o país estava inaugurando um plano compulsório de pensões e
previdência para eliminar todas as distinções de classes. Todos os idosos
teriam a garantia de uma renda equivalente a 2/3 de seus “melhores quinze
anos de atividade profissional”.
e. Todos os gastos com previdência devem ser fundados na previsão das receitas.
“De outra maneira, representaria o mais impensado jogo com a economia
futura do país” [prever para prover].
i. É possível ter previdência publica sem afetar a economia de
mercado/gastos públicos.

6. Habitação:
a. Intervenção direta do Estado: através de leis e administração:
i. Nível dos aluguéis (ex: NY);
ii. Disponibilidade e preço da construção (Ex: material de construção civil,
cimento etc. – o governo pode subsidiar alguns impostos para facilitar
que a população tenha oportunidade de construir suas casas);
iii. Créditos hipotecários;
iv. Regulamentação dos mercados de trabalho e de material de
construção (regulamentação do mercado – a ideia da liberdade
contratual/livre negociação entre patrão e empregado NÃO existe).
b. Intervenção indireta do Estado: através do provimento da infraestrutura
(transporte, moradia etc.).
c. A construção civil movimenta toda a atividade comercial;

7. Necessidade de planejamento na área de educação:


a. Essa atividade não pode continuar como um processo independente de
diretivas públicas dispersivas;
b. A educação deve ser planejada com base nos cálculos da futura procura e
oferta de trabalho.

8. O pleno emprego:
a. No apogeu do liberalismo o desemprego em massa era aceito como
consequência natural dos ajustes necessários do mercado (isso volta no
governo Thatcher entre 1970-1980). O governo pouco ou nada podia fazer a
respeito.
b. Mudança de atitude:
i. Resultado do aumento do poder político da classe trabalhadora e do
processo de democratização. (O aumento do sufrágio teve influência
nisso);
ii. A consciência social aumentou em relação ao sofrimento dos
desempregados e suas famílias.
c. No início, as medidas tinham uma natureza compensatória: reduzir o
sofrimento dos desempregados com algum tipo de auxílio. Mas, essa era uma
forma de combater os sintomas e não do desemprego.
d. Não basta o seguro-desemprego: O Estado deve proporcionar novas
oportunidades de trabalho para os desempregados.
e. Durante a Grande Depressão, as obras públicas se espalharam pelos países
ocidentais. Aumentou a pressão dos trabalhadores por aumentos salariais.
i. Construções de barragens, usinas hidroelétricas, estradas etc.  essas
obras ajudaram a reativar o consumo (política anticíclica).

9. Mudanças na teoria econômica:


a. “A teoria econômica respondeu às necessidades ideológicas da época, pondo a
responsabilidade pelas depressões econômicas e pelo desemprego num
desequilíbrio entre oferta e a procura global e abrindo um caminho racional
para o Estado aumentar o investimento e a produção e criar empregos pelo
simples expediente de aumentar sua despesa, enquanto mantinha os impostos
sem aumento”.
b. “É seguro predizemos que em país algum entre os ocidentais período de
desemprego generalizado será tolerado pelo povo”.
i. O autor faz esse prognóstico em 1960 – durante alguns anos
poderíamos concordar, mas hoje em dia, sabemos que a teoria
econômica se alterou novamente (neoliberalismo) – hoje em dia, o
povo não protesta políticas que possam gerar desempregos.
c. A determinação de manter o pleno emprego é o coroamento do Estado de
Bem-Estar democrático.

10. Orçamentos fiscais:


a. Mesmo antes da 1° Guerra Mundial, os orçamentos apresentavam tendência
de aumento – assim como o nível dos impostos.

11. Mudanças de opinião  Atitudes políticas e ideologias convergentes:


a. Debate sobre a reforma distributiva: “Ninguém mais se agita muito quanto a
haver ou não tributação progressiva”.
i. Alguns partidos acabaram abandonando o radicalismo no período pós-
guerra – formando uma certa convergência.

b. Da mesma forma, “a discussão sobre se deve haver um sistema de previdência


social já terminou”.
c. O debate entre os partidos políticos gira em torno da extensão dos tributos,
quem deve pagá-los e como devem ser empregados os recursos.
d. Os partidos políticos “chegam a competir na propaganda a favor de reformas
redistributivas cada vez mais amplas, à medida que sobem os níveis de renda”.
e. São poucos exemplos “nos quais a tomada do poder por um partido político
mais conservador tenha resultado num retrocesso substancial das reformas
previamente executadas por um outro partido que fosse mais à esquerda”.
f. Mas assim como os conservadores reconsideram suas antigas posições
(abandonam o liberalismo puro), os partidos de esquerda também
(abandonam o socialismo): abandonaram as velhas ideias de reforma radical,
como nacionalização dos bancos, companhias e seguro e indústrias.
g. “Quando social-democratas conquistavam apoio popular e alcançaram
influência política, geralmente passaram a refrear a questão da nacionalização”
(para que nacionalizar, se o próprio Estado já regula essas instituições. O
Estado não precisa assumir o controle da indústria, para definir prioridades.) A
nacionalização já não era mais necessária porque seus objetivos foram
atingidos por outros meios. Mas a questão permaneceu nos estatutos dos
partidos...

12. Intervenção na propriedade privada:


a. Os bancos são regulamentados e controlados por processos legislativos e
administrativos para servir a objetivos sociais mais amplos.
b. As indústrias devem obedecer aos acordos celebrados com os sindicatos de
trabalhadores. E devem prestar contas e revelar sua contabilidade.
c. Os rendimentos dos acionistas são fortemente tributados.
d. As indústrias estão se desenvolvendo na direção do Estado de Bem-Estar
democrático: existe uma maior igualdade também dentro das empresas, que
em alguns aspectos foram “socializadas”.
e. O Partido Trabalhista Social-Democrático da Suécia: ganhou força a partir de
1920. Embora o partido tenha defendido a nacionalização no seu estatuto, este
foi “conservadoramente deixado intacto. Meu prognóstico é que, mais cedo ou
mais tarde, também a nacionalização desaparecerá daquele programa”.
i. Novamente, a pauta deixa de ser foco – pois, já foi atingida através de
outros meios.
f. Na Suécia, o Estado já possuía terras, florestas e jazidas, além da maior parte
da energia hidráulica, das ferrovias e indústrias de utilidade pública. (mostra
que não se trata de um país socialista).
g. Semelhanças cada vez maiores entre empresas privadas e públicas: mesma
forma de administração, negociação salarial, tributação etc.
h. “Todas empresas particulares no Estado de Bem-Estar adiantado já são, em
aspectos essenciais, publicamente controladas, ou assim se tornando, sem
qualquer nacionalização de propriedade formal”.
i. “Vícios privados, benefícios públicos”

13. A “harmonia criada” é diferente da harmonia liberal.


a. Os liberais pressupunham que a harmonia seria conquistada através do
mercado auto-regulado.
b. Nos EUA, muitas pessoas ainda acreditavam que a harmonia social relativa foi
criada “naturalmente”, por meio da mão invisível do mercado.
c. O debate político assume uma natureza cada vez mais técnica.
d. As questões de princípios (liberalismo/socialismo/capitalismo,
privatização/nacionalização, individualismo/coletivismo) tendem a serem
deixadas de lado. Esses “gritos de guerra” eram mais utilizados no começo do
século XX, embora ainda sejam empregados nas campanhas

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