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Índice
➢ Auto-primazia normativa
1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas
na Constituição.
2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática.
3. A validade das leis e dos demais actos do Estado, das regiões autónomas, do poder
local e de quaisquer outras entidades públicas depende da sua conformidade com a
Constituição.
O surgimento do Estado
➢ Fragmentação do poder
➢ Personalização do poder
➢ Individualização do poder
Pergunta de avaliação:
Resposta: A fragmentação do poder é uma característica da Idade Média, em contraposição com o Estado
Moderno (concentração e centralização do poder). Caracteriza-se pela diversidade de organizações
políticas, com estatutos e prerrogativas próprias; sociedade estamental e pela insegurança política e
jurídica.
“Tal como no Estado Absoluto, há neles uma concentração de poder político, mas muito
mais do que isso: o Estado absoluto não intervinha na vida privada das pessoas, não
pretendia absorver a sociedade civil (nem tinha meios para isso); ao passo que o Estado
prossecução dos seus fins.”: Curso de direito constitucional, Jorge Miranda Capítulo II.
• “Estado estamental”: os estamentos (clero, nobreza e povo) tomam assento nas cortes e
limitam o poder do rei.
• “Estado patrimonial”: o território e os bens públicos ainda são património do rei.
• Evolução histórica:
• Industrialização > Proletariado (Proletariado é um conceito usado para definir a classe
oposta à classe capitalista)
• Falhas do capitalismo
• I.ª Guerra Mundial
• Estado de Direito Social:
• Evolução do Estado de Direito Liberal
• Alarga o direito de voto a toda a população
• Intervenção estatal na economia para corrigir as desigualdades e “amaciar” o ciclo
económico: repudia o liberalismo económico
• Alguns Estados: nacionalizações e regulação detalhada da atividade económica
Estado Totalitário:
Estado Autoritário:
O autoritarismo permanece naqueles Estados que, tendo sido comunistas, enveredaram apenas
por uma liberalização da economia, mantendo as estruturas políticas não democráticas do
partido único: China
Pergunta de avaliação:
Pergunta de avaliação:
A revolução neoliberal:
1. Povo
2. Território
3. Soberania
Art. 1.º da Convenção de Montevideu sobre Direitos e Deveres dos Estados (1933):
b) um território definido;
c) um governo; e
• Conceito jurídico: vínculo que une as pessoas ao Estado: conjunto especial de direitos e
deveres recíprocos. Em democracia referem-se os direitos de participação política, como
o direito ao voto etc.
• Vínculo.
• Conjunto de direitos e deveres.
• Conceito político: elemento pessoal, vivo do Estado, ao qual pertence todo o poder
• Sentido ativo (sujeito de poder): facto de a soberania residir nele
• Sentido passivo (objeto do poder): o Estado vai exercer sobre ele a sua auctoritas.
NAÇÃO
PÁTRIA
Domínio da afetividade
Resumindo…
• Nação: conceito cultural. Conjunto de pessoas que partilham o sentimento de pertença a uma
comunidade, que aspira a constituir-se um Estado. Comunidade política dotada de vocação
política (consciência da sua nacionalidade).
Nos nossos dias, as nações passam a ser pluriestaduais repartindo-se por vários Estados. Ex: nação basca,
que se comparte por Espanha e França.
Também podem haver estados plurinacionais, nos quais várias nações coabitam num Estado.
Os povos- designadamente o das colónias das potências europeias – têm o direito de escolher o regime
político e económico que entenderem, quer agregando-se a outro Estado, quer tornando-se independentes.
Uma das principais dificuldades resultantes da articulação entre as nações e os Estados é o da existência
de minorias nacionais. Uma minoria nacional consiste numa coletividade de cidadãos de um determinado
Estado que se sente de parte de outra nação (nação que não é maioritária nesse Estado). Como sabemos, a
democracia assenta na regra da maioria, isto é, da vontade maioritária. Ora, sendo as minorias nacionais
uma minoria em termos quantitativos, a não discriminação pode não ser suficiente para as proteger. Desta
forma, compreende-se que os Estados optem, muitas vezes, por respeitar a identidade desses grupos,
concedendo-lhes autonomia necessária para se auto-preservarem e desenvolverem.
• Autonomia pessoal
• Autonomia cultural
• Autonomia territorial
O Estado moderno é, como se viu, uma realidade social identificável pela conjunção de três elementos:
-Povo
-Território
-Poder soberano
Poder Soberano
Definição mista de poder político:
«Capacidade de impor pela força, aos indivíduos membros de um grupo social (da cidade ou polis), a
adoção de um determinado comportamento»
O exercício da força física é ultima ratio, mas é indispensável para a eficácia do Estado (coercibilidade).
• Um poder supremo no plano interno: desnecessidade do consentimento de quem que que seja
para o exercício do poder: o poder soberano não reconhece nenhum outro poder acima dele,
que o limite. Supremacia interna – superação dos poderes estamentais medievais:
imposição de leis sem necessidade de qualquer consentimento
• não sujeição às próprias leis (Princeps a legibus soluto)
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O que distingue essencialmente o poder soberano de outras formas de poder político é o facto de ter
monopolizado o uso de força num determinado território. O poder político é exercido com exclusividade
pelo monarca e mais tarde pelo “Estado”.
Resumo…
A soberania de um Estado adquire-se, antes de mais, pela posse e concentração de meios adequados à
imposição de forca exclusiva num território, isto é, pelo comando dos instrumentos fácticos de poder:
forças militares e policiais, mas também tribunais. Mas a evolução histórica levou a que a soberania tivesse
uma expressão jurídica: a possibilidade de adotar atos jurídicos de autoridade.
Atos jurídicos de autoridade: declarações que produzem uma transformação na esfera jurídica dos
destinatários (designadamente nos seus direitos e deveres) sem necessidade do seu consentimento.
Podem estar em causa normas ou atos não normativos. ≠ atos normativos (que podem ser individuais e
abstratos).
Generalidade: destinatários definidos com recurso a categorias amplas, não estando determinados à
partida.
Abstração: destinam-se a regular situações futuras típicas, sendo por isso suscetíveis de aplicação
sucessiva no tempo.
Poder jurídico-político:
A tradução jurídica da soberania implicou que se reconhecesse aos órgãos do Estado, competências (isto é,
um conjunto de poderes) para a prática dos referidos atos de autoridade.
Primeira competência num Estado Soberano: definir quais são essas competências
Omnipotência jurídica ~soberania como poder absoluto: o Estado poderia atribuir quaisquer
competências aos respetivos órgãos. Esta “competência das competências” exerce-se em primeira linha
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através da aprovação de uma Constituição. É neste instrumento que ficam previstos os órgãos do Estado e
as competências de que são dotados.
O poder constituinte (o poder de elaborar a constituição) é, pois, o primeiro poder do Estado Soberano.
Cabe ao povo o exercício do poder constituinte, através da eleição de representantes numa Assembleia,
que irá escrever a Constituição.
A soberania expressa-se depois no exercício pelos poderes constituídos (órgãos criados pela Constituição,
de que se destacam os órgãos de soberania) das competências que lhes são aí atribuídas do tipo
➢ Legislativo
➢ Administrativo
➢ Jurisdicional
➢ Puramente político
A lei, o ato administrativo e a decisão judicial são atos típicos em que se afirma a soberania do Estado, e
que por isso são classificados como atos jurídicos de autoridade.
Soberania e limites
Não obstante da sua qualificação como poder “absoluto” a soberania não foi configurada por Bodin como
um poder completamente ilimitado. Para este autor, o Direito divino, o Direito natural e os princípios
jurídicos universais constituíam limites que o soberano não poderia ultrapassar.
A ideia de que a soberania é um poder limitado terá sido “esquecida” pelos monarcas absolutistas, mas
veio ser retomada com as revoluções liberais em que documentos com a força da constituição dividiram
os poderes antes concentrados no monarca por diversos “órgãos de soberania” caracterizando o
princípio da separação de poderes. Ao mesmo tempo, postularam regras inultrapassáveis para esses
poderes constituídos.
John Locke: a renúncia pelos cidadãos aos seus direitos e poderes inatos em favor do Estado só se
justificava pela ideia de que este garantiria com a sua força exclusiva o respeito geral pela property (vida
liberdade e propriedade) de cada um.
Os poderes constituídos, para além de sere submetidos às normas constitucionais, passaram a estar
sujeitos às próprias regras que emanam, nomeadamente no exercício da função legislativa. É desta forma
ultrapassado o princípio “princeps a legibus soluto”: Agora todos os órgãos estão sujeitos à Constituição e à
lei.
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Princípio da separação dos poderes: em documentos com a força de Constituição, dividiram os poderes
antes concentrados no monarca por diversos órgãos de soberania.
Limites jurídicos positivos: normas de Direito emanadas pelo poder constituinte ou pelos poderes
constituídos. Estes poderes podem alterar aquelas normas, mas têm de seguir procedimentos de revisão,
na qual participam diversos órgãos de Estado.
Limites de facto
Internos: quando o poder soberano é exercido de forma originária não se pode desconsiderar que a
Constituição é elaborada para um determinado povo com certo grau de desenvolvimento económico e
social. A consagração de normas que implicassem uma rutura total com essa história ou cultura ou não
atendendessem às condições económicas do país iria levar à não aplicação efetiva das normas.
Externos (internacionais): um Estado encontra-se sempre em relação com outros Estados, cujos interesses
deve ter em conta, sob pena de se isolar na cena internacional ou, no limite, gerar conflitos armados.
Limite Jurídicos
SEPARAÇÃO DE PODERES:
Sim, desde que haja um sistema de ação comum orientado juridicamente, havendo uma ordenação
escalonada de competências atribuídas e uma hierarquia dos atos jurídico-públicos.
A unidade do poder é compatível com a separação de poderes desde que órgãos e competências
constituam um «sistema de ação comum orientado juridicamente. E isso implica:
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Na distribuição de poderes do Estado por órgãos seus ou por entidades intraestatais, assume um papel
especial o princípio da subsidiariedade. Este princípio fixa o critério que deve ser seguido nessa
distribuição de poderes:
Princípio da subsidiariedade
Princípio da subsidiariedade: Os poderes públicos devem ser exercidos pelas entidades mais próximas
dos problemas a resolver ou das populações interessadas, salvo se o seu exercício por entidades de
patamares superiores for mais eficaz ou mais eficiente.
Instrumentos fácticos do poder: O que falta especialmente à União e que ainda hoje sobeja nos Estados-
Membro é a soberania. Pois não há elementos fácticos de poder, não há forças armadas ou policiais que
assegurem a execução de atos administrativos e decisões judiciais.
Poder constituinte: Falta à União o verdadeiro poder soberano: o poder constituinte não esta ainda nas
suas mãos, mas na dos Estados-Membros que são quem aprova os Tratados da EU. Assim, a união não
detém a competência das competências, faltando-lhes a omnipotência jurídica.
Teoria da constituição
Conceito de Constituição:
Todas as sociedades politicamente organizadas têm/tiveram uma Constituição (Roma, Grécia, Idade
Média, Estado Moderno)
Acrescenta:
- Abertura constitucional e
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Condensa os valores jurídico-políticos fundamentais que vão servir de critério de validade das restantes
normas de Direito (princípio da constitucionalidade)
Fundamental - não pretende regular todos os aspetos da vida em sociedade ou, sequer, da atividade do
Estado – princípio da essencialidade.
A Constituição é o estatuto jurídico fundamental de uma comunidade política que se constitui como
Estado.
Assim, a Constituição:
• Determina as manifestações existenciais de uma sociedade que assume como Estado, definindo o âmbito
territorial e pessoal desse poder (soberania) e a sua impermeabilidade (autonomia) relativamente a
poderes externos.
• Caracteriza a sua forma política (forma de Estado), determina os titulares da soberania e os seus modos
de manifestação, estabelecendo o estatuto dos indivíduos, dos grupos e instituições sociais e fixando o
sistema de designação dos governantes.
• Define o sistema (forma) de governo, definindo o estatuto e competências dos órgãos políticos e as
relações entre eles.
• Estabelece e garante os valores jurídicos fundamentais, definindo as opções de valor constitucional que
legitimam e limitam a atuação dos poderes políticos
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Entende-se por flexível a Constituição que não se distingue formalmente do Direito ordinário. Não
existindo a diferença formal entre o Direito Constitucional e o Direito Ordinário, não existem também
processos autónomos de criação ou alteração das normas constitucionais e das normas ordinárias.
Flexível: não se distingue formalmente do direito ordinário. A alteração da constituição não é mais difícil
do que a alteração das regras ordinárias.
Por sua vez a Constituição rígida será aquela que se distingue formalmente de Direito Ordinário. Ora,
se se verificar uma diferença formal entre as leis constitucionais e as leis ordinárias, consequentemente
existirão processos autónomos de criação ou alteração das normas constitucionais e das normas ordinárias.
Rígida: distingue-se formalmente do direito ordinário. A revisão da Constituição é mais difícil do que a
alteração das regras ordinárias.
A medida da rigidez é dada pelo grau de agravamento do processo de alteração das normas
constitucionais na relação com as leis ordinárias (limites formais-(temporais processuais e
circunstanciais) ao poder de revisão constitucional).
Constituição formal: conjunto de normas às quais se reconhece serem formalmente superiores às regras
ordinárias – identifica-se com a Constituição escrita/rígida.
➢ Peca por excesso: quando nos documentos constitucionais viessem a ser formalizadas
disposições sem dignidade constitucional, que deviam ser qualificadas como direito comum.
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➢ Peca por defeito: quando ficassem fora do documento constitucional normas e aspetos
essenciais da comunidade política. Surgem neste âmbito as normas só materialmente
constitucionais (ex: os direitos que constam hoje do art. 26.º da CRP)
~~
Ex. de norma estatuária: Art.8 CRP que garante a existência de 3 setores de propriedade dos meios de
produção, preceituando uma garantia institucional de organização económica.
Também as normas que consagram direitos, liberdades e garantias são normas precetivas.
~~
~~
2. Constituição semântica: Retrato do momento histórico e político em que são elaboradas. Forças
no poder tentar perpetuar o texto (ex: versão original da CRP/76, antes das revisões de 1982 e
1989)
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3. Constituição nominal: não tem força, o poder político não a respeita pois já não lhe conhece
normatividade e não se revê no texto constitucional. Desfasamento entre texto e realidade
constitucional (ex: Const. 1933)
Atos jurídico-públicos
Atos públicos - emitidos por entes públicos, que manifestam a sua autoridade e têm em vista a realização
dos interesses da comunidade;
Normativos:
➢ Constituição
➢ Atos legislativos nacionais
➢ Atos legislativos comunitários
➢ Convenções internacionais
➢ Regulamentos administrativos
Não normativos:
➢ Atos políticos
➢ Atos jurisdicionais
➢ Atos administrativos
➢ Contratos administrativos
• convenções internacionais
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ART. 164º:
É da exclusiva competência da Assembleia da República legislar sobre as seguintes matérias:
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É da exclusiva competência da Assembleia da República legislar sobre as seguintes matérias, salvo autorização ao Governo:
c) Definição dos crimes, penas, medidas de segurança e respetivos pressupostos, bem como processo criminal;
d) Regime geral de punição das infrações disciplinares, bem como dos actos ilícitos de mera ordenação social e do respetivo processo;
i) Criação de impostos e sistema fiscal e regime geral das taxas e demais contribuições financeiras a favor das entidades públicas;
j) Definição dos sectores de propriedade dos meios de produção, incluindo a dos sectores básicos nos quais seja vedada a atividade às empresas privadas e a
outras entidades da mesma natureza;
l) Meios e formas de intervenção, expropriação, nacionalização e privatização dos meios de produção e solos por motivo de interesse público, bem como critérios
de fixação, naqueles casos, de indemnizações;
m) Regime dos planos de desenvolvimento económico e social e composição do Conselho Económico e Social;
n) Bases da política agrícola, incluindo a fixação dos limites máximos e mínimos das unidades de exploração agrícola;
p) Organização e competência dos tribunais e do Ministério Público e estatuto dos respetivos magistrados, bem como das entidades não jurisdicionais de
composição de conflitos;
2. As leis de autorização legislativa devem definir o objeto, o sentido, a extensão e a duração da autorização, a qual pode ser prorrogada.
3. As autorizações legislativas não podem ser utilizadas mais de uma vez, sem prejuízo da sua execução parcelada.
4. As autorizações caducam com a demissão do Governo a que tiverem sido concedidas, com o termo da legislatura ou com a dissolução da Assembleia da
República.
5. As autorizações concedidas ao Governo na lei do Orçamento observam o disposto no presente artigo e, quando incidam sobre matéria fiscal, só caducam no
termo do ano económico a que respeitam.
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As Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas também possuem poderes para legislar em algumas
matérias de reserva relativa da AR, mediante autorização desta: ART 227º da CRP.
As regiões autónomas são pessoas coletivas territoriais e têm os seguintes poderes, a definir nos respetivos
estatutos: Legislar em matérias de reserva relativa da Assembleia da República, mediante autorização
desta, com exceção das previstas nas alíneas a) a c), na primeira parte da alínea d), nas alíneas f) e i), na
segunda parte da alínea m) e nas alíneas o), p), q), s), t), v), x) e aa) do n.º 1 do artigo 165.º;
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➢ Constituição
➢ Atos legislativos nacionais
➢ Atos legislativos comunitários
➢ Convenções internacionais
➢ Regulamentos administrativos
2.º – Constituição
Mas: Integração de Portugal na União Europeia -> Participação de Portugal na comunidade internacional
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ART. 8º:
1. As normas e os princípios de direito internacional geral ou comum fazem parte integrante do direito
português.
3. As normas emanadas dos órgãos competentes das organizações internacionais de que Portugal seja
parte vigoram diretamente na ordem interna, desde que tal se encontre estabelecido nos respetivos
tratados constitutivos.
4. As disposições dos tratados que regem a União Europeia e as normas emanadas das suas
instituições, no exercício das respetivas competências, são aplicáveis na ordem interna, nos termos
definidos pelo direito da União, com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de direito
democrático.
As regras imperativas (jus cogens) são as normas que impõem aos Estados obrigações objetivas, que
prevalecem sobre quaisquer outras. Assim, o jus cogens compreende o conjunto de normas aceites e
reconhecidas pela comunidade internacional, que não podem ser objeto de derrogação pela vontade
individual dos Estados, de forma que essas regras gerais só podem ser modificadas por outras de mesma
natureza. Um exemplo reconhecido de "jus cogens" é a Declaração Universal dos Direitos Humanos da
ONU de 1948.
Art. 8.º/4 –normas aplicáveis na ordem interna nos termos previstos no Direito da União, salvo …
O que nos diz o Direito da União sobre a sua aplicação nas ordens nacionais?
Efeito direto: a maior parte das normas da União são invocáveis nos tribunais nacionais
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Nova Hierarquia
1.º - Princípios jurídicos fundamentais
Existem outros princípios de resolução de conflitos normativos (lex posterior derogat legi priori, lex specialis
derogat legi generali).
➢ Atos políticos
➢ Atos jurisdicionais
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Aplicação do Direito no caso concreto, definindo a solução que resulta do Direito com força vinculativa
para os interessados.
Atos administrativos
Decisões administrativas unilaterais dirigidas à produção de efeitos jurídicos numa situação individual
e concreta.
Contratos administrativos
Não traduzem exercício de poder de autoridade, mas são forma jurídica de realização de interesses
públicos
->Tendência recente:
Atos jurídico-privados da Administração Pública
DINÂMICA CONSTITUINTE:
ORIGEM E EVOLUÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
Poder constituinte: Consiste no exercício primário da soberania. A Constituição como norma normarum é
a lei fundamental de uma comunidade política, é o 1º ato do poder soberano.
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JOHN LOCKE
ABADE SIEYÈS (teoria clássica: conceção associada à luta contra as monarquias absolutistas):
Poder constituinte: poder criador da Constituição. O poder constituinte afirma-se como o poder de
qualquer nação de constituir-se como um Estado. (desconstituinte e reconstituinte)
Poder desconstituinte: o poder constituinte surge dirigido contra o poder constituído da monarquia
absoluta.
Poder reconstituinte: o poder da nação tem de ao mesmo tempo criar uma nova OJ e política mediante a
instituição de novos poderes constituídos.
Poderes constituídos: são regulados e criados pelo poder constituinte (ex: poder de revisão constitucional;
os órgãos de soberania, etc.) e exercidos nos termos da Constituição
➢ Lato sensu: poder de uma comunidade se afirmar como Estado independente (efeitos
internacionais)
Limites horizontais (de facto/ políticos): operam ao nível da realidade constitucional (Constituição
elaborada num determinado tempo e lugar)
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Imanentes: têm a ver com a situação existencial da própria comunidade política (Ex: independência
nacional; unidade do Estado)
Superiores (transcendentes)
Inferiores
Apenas deve ser consagrado na Constituição aquilo que for essencial e basilar, sob a pena de nos
depararmos com o conceito de norma só formalmente constitucional (e materialmente não constitucional;
≠ inconstitucional)
Ex: Regras do código da estrada: tais normas não são inconstitucionais, mas são só formalmente
constitucionais. Ou seja, não se trataria aqui de um problema de validade das normas, mas sim de uma
verificação se essas normas deviam integrar a Constituição ou não, uma vez que não possuem dignidade
suficiente ou relevância suficiente para serem integradas na norma normarum.
Constituição rígida (medida de rigidez = grau de agravamento das exigências para revisão constitucional).
Limites formais
Caraterísticos das constituições rígidas
Podem ser:
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1. A Assembleia da República pode rever a Constituição decorridos cinco anos sobre a data
revisão extraordinária por maioria de quatro quintos dos Deputados em efetividade de funções.)
Não pode ser praticado nenhum ato de revisão constitucional na vigência de estado de sítio ou
de estado de emergência.
Temporais:
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Circunstanciais:
procedimentais) impostos ao poder de revisão constitucional e não nos limites materiais, na medida em
que os limites materiais sempre existirão queira a constituição seja rígida ou flexível.
Limites materiais
Respeitam ao conteúdo da própria Constituição, impedindo a abolição dos seus pilares/ princípios
identificadores.
Limites materiais:
h) O sufrágio universal, direto, secreto e periódico na designação dos titulares eletivos dos
órgãos de soberania, das regiões autónomas e do poder local, bem como o sistema de representação
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proporcional;
oposição democrática;
➢ Limites ao poder constituinte originário (als. a), d), h), 1.ª parte, i), n))
➢ Limites ao poder de revisão expressos próprios ou de 1.º grau – fazem parte da essência da nossa
Constituição (als. b), c), d), e), f), h), 2.ª parte, j), l), 1.ª parte, m), o) …)
princípios essenciais, apenas valem por estar no art. 288.º (al. l), 2.ª parte…)
-3 teses
1) Imprescindíveis e insuperáveis: limites têm valor absoluto (J. J. Gomes Canotilho e Vital Moreira)
2) Postulado democrático: esses limites não têm vinculação jurídica, pelo que se deve aplicar a regra
3) Tese intermédia: esses limites têm valor declarativo; só são verdadeiros limites se se afirmarem como
identificadores da Constituição (J. C. Vieira de Andrade, Jorge Miranda e Manuel Afonso Vaz)
Tipos de revisão
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➢ Tácita (?): revisão tácita da CRP pelo Direito da UE; ex: constituição económica da CRP
➢ Total (substituição completa da constituição vigente: apenas pode ser efetuada pelo
poder constituinte).
A Constituição como “unidade de sentido cultural”: Integra na Constituição material, ao mesmo tempo, o
❖ O que é a cultura constitucional? Cultura é o ambiente onde vai ser interpretado e aplicado o
Cultura constitucional: valores sociais enraizados – “consciência jurídica geral” – que dão
exprimem as relações de força na Comunidade e que são revelados pelos: atos legislativos, atos
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Tridimensionalidade constitucional
Texto constitucional: sistema normativo aberto de preceitos e princípios constitucionais.
Realidade constitucional: dados de facto, sociológicos, etc., mas que se revelam e influenciam o texto
constitucional, ao nível da própria interpretação.
~~
1)Princípios jurídicos fundamentais (reserva de Direito): são também limites jurídicos superiores do
poder constituinte
2) Princípios estruturantes do sistema constitucional: identificam uma dada Constituição e, por isso, são
→ ex: princípio republicano, separação funcional de poderes, forma unitária de Estado, etc.
em normas programáticas
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4) Princípios garantia ou instrumentais: instituem garantias densificadas dos cidadãos e pela sua
❖ regras jurídico-organizatórias:
❖ regras jurídico-materiais:
impositivas de legislação:
organizatórias do Estado. Estão aqui em causa normas precisas e certas que consagram em
São normas matérias na medida em que consagram um conteúdo, um valor. Estes preceitos
Normas:
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Normas precetivas:
– aproxima-se do “preceito”;
Normas programáticas:
– aproxima-se do “princípio”;
– Necessitam de uma concretização legislativa de conteúdo (Ex: art. 64.º/2; 65.º/2, etc.); são
– apesar de serem vinculativas (por serem normas), não possuem justificabilidade plena.
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materialmente inconstitucionais.
Regras/preceitos Valores/princípios
Conteúdo determinado Conceitos indeterminados
Destinatários: cidadãos, órgãos e Destinatário: legislador
titulares públicos
Dependentes de um juízo
Dever/poder vinculado de discricionário de possibilidade
entidades públicas
Não podem ser invocadas pelos
Podem ser invocadas pelos cidadãos nos tribunais
cidadãos nos tribunais
Regras determinadoras de fins e
Regras jurídico-organizatórias e tarefas do Estado, imposições
DLG (Estado liberal) legiferantes, DESC (Estado
Social)
Ex: arts. 36.º; 43.º
Ex: arts. 67.º; 74.º e 75.
(limites superiores) *
superiores e inferiores)
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dignidade humana).
= formalmente constitucionais
essencialidade: so deve estar na Constituição aquilo que for fundamental sob a pena de
As funções do Estado
O Estado existe para prosseguir determinados fins, como sejam a garantia de paz social, a administração
da justiça e maximização do bem-estar da população. De um certo ponto, estas são as funções do Estado.
Mas o que se entende por funções do Estado efetivamente é algo diferente: os diferentes tipos de
2- Jurisdicional
3- Administrativa
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Função política
AS FUNÇÕES DO ESTADO
Diferentemente das funções administrativa e judicial, a função política é uma função primária, ou seja,
é aquela que define, em primeira mão, o interesse público e os mecanismos através dos quais se
referido, numa função governativa e numa função legislativa. A primeira revela-se na prática de atos
não normativos, que definem ou concretizam opções políticas primárias, não se dirigindo, por regra,
aos cidadãos. A segunda concretiza-se na emissão de atos normativos, isto é, de atos que contêm
comandos gerais e abstratos, que traduzem a definição de opções políticas primárias e que terão, por
A função política é a que é exercida com mais liberdade pelos órgãos do Estado, uma vez que
medida, esses órgãos podem escolher o conteúdo e o momento da prática dos atos em que se
em conta o resultado das eleições legislativas, e os demais membros do Governo, sob proposta do
mesmo (artigo 187º da CRP). Mas, para entrar em plenitude de funções, o Governo precisa ainda de
apresentar o seu programa à Assembleia da República (artigos 188. °), sendo causa de demissão do
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primeiro a rejeição do programa pela segunda (alínea d) do n.º 1 do artigo 195º). Por outro lado, em
paralelo, o Governo pode ser demitido tanto pela Assembleia da República, caso esta aprove uma
➢ Direção do Estado
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Resolução de litígios entre pessoas (privadas, públicas ou privadas e públicas) através da aplicação do
Função Jurisdicional
• Retrospetiva: incide sobre uma situação já criada e procura encontrar solução de Direito
• Passiva: imperando o princípio do pedido, apenas pode decidir a questão com base nos
• Imparcial
Função Administrativa
• Prospetiva
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Entidade ativa
• Princípio jurídico fundamental, que resulta das revoluções liberais. • Princípio que consiste na
multiplicidade de órgãos que exercem as funções do Estado. Os poderes não devem estar todos
concentrados numa única pessoa ou órgão, mas devem ser distribuídos por órgãos diferentes, que se
Dimensão positiva • Devem-se atribuir os poderes ou funções aos órgãos que estejam orgânica - e
Princípio da justeza funcional: Em caso de dúvida devemos atribuir a competência ao órgão que
que o exercício, em concreto, de muitos poderes pressupões flexibilidade, ou seja, a colaboração dos
diversos órgãos de soberania. Exemplo: entrada em vigor de uma lei da Assembleia da República
Aprovação pela Assembleia Promulgação pelo Presidente (ou vetado) Referencia ministerial por parte
do Governo.
Distribuição de funções
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No sistema constitucional português, as funções não estão separadas por órgãos diferentes:
F. Jurisdicional – só os tribunais
Autonomia do Governo
≠ regime presidencial
Responsabilidade ministerial
Apreciação do programa de Governo (art, 192.º); moção de confiança (art. 193.º); moção de censura
(art. 194.º)
*Na atual Constituição, a avaliar pelos atos do Presidente da República carecedores de referenda e
previstos no n.º 1 do artigo 140.º (por ex., nomeação e exoneração dos membros do Governo,
dissolução e suspensão das Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas, nomeação e exoneração
perante o Parlamento, de quem tem a confiança para executar uma política própria. O PR não
tem poderes de execução política, não sendo eleito diretamente pelo detentor de soberania
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▪ Direito do veto político dos atos legislativos por parte do PR: veto = não promulgação
São funções autónomas, que convivem com a interdependência institucional (ex1: o Governo
nasce da iniciativa do PR e da confiança da AR; ex2: a AR pode ser dissolvida pelo PR)
PR tem o poder:
Em que situações?
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PR não pode dissolver AR nos 6 meses posteriores à sua eleição (art. 172.º/1, 1.ª parte)
PR não pode dissolver AR nos últimos 6 meses do seu mandato (art. 172.º/1, 1.ª parte)
Proibição de dissolução na vigência do estado de sítio ou de emergência (arts. 19.º e 172.º/1, 1.ª
parte)
AR e Governo
Entre estes órgãos existe uma relação de fidúcia (confiança), ainda que não tão forte como no
regime parlamentar puro, pois…
Apreciação do programa do Governo (art. 192.º): basta que não seja rejeitado. Na hipótese de
moção de rejeição do programa, exige-se maioria absoluta (art. 192.º/4)
Moção de confiança, de iniciativa governamental (art. 193.º): basta-se com uma maioria relativa
(arts. 116.º/3 e 195.º/1, al. e))
Moção de censura (art. 194.º): instrumento mais forte que a oposição pode utilizar para derrubar
o Governo
Forma de governo
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Controlo:
1. O Presidente da República
2. A Assembleia da República
3. O Governo
4. Os Tribunais
Presidente da República
o arts. 120.º-140.º
o Chefe do Estado
o Legitimidade democrática direta
o sufrágio direto, universal e secreto, de cariz unipessoal (113.º, n.º 1, e 121.º)
o Cidadãos > 35 anos
o + ½ dos votos validamente expressos
o 1 ou 2 voltas
o Mandato: 5 anos
o Limite: 2 mandatos consecutivos
Poderes do PR
1. Dissolução da AR
2. Nomeação do PM
3. Demissão do Governo
PODERES PARTILHADOS:
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2) Vetar politicamente (20 dias): discordância política → o veto é suspensivo (art. 136.º/2), pois a
AR pode superar o veto e, neste caso, o PR é obrigado a promulgar a lei.
3) Dúvidas quanto à constitucionalidade da lei (8 dias) para a enviar para o TC (art. 136.º/5, 278.º e
279.º). Duas hipóteses:
~~
Assembleia da República
arts. 147.º-181.º
Eleições legislativas:
Sufrágio direto, universal e secreto (art. 113.º/1), relativamente a listas partidárias (arts. 114.º/1 e 151.º/1)
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Maioria relativa ou simples: um partido em causa obteve a maioria dos deputados por comparação com
cada um dos outros partidos considerados individualmente.
Maioria absoluta:
▪ 180-230 deputados
▪ Cidadãos portugueses eleitores
▪ Deputados representam todo o país – art. 152.º/2
▪ Relação deputados-partidos
▪ Mandato livre ou imperativo? Art. 155.º/1
▪ Supremacia dos grupos parlamentares (art. 180.º/1)
▪ Inscrição noutro partido: perda do mandato
Órgão:
Função legislativa
Outras funções:
Governo: Órgão de condução da política geral do país e órgão superior da Administração Pública;
Art. 182.º-201.º
➢ PM
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➢ Conselho de Ministros
➢ Ministros
Primeiro-ministro
Conselho de Ministros
Ministros
Primeiro-Ministro é nomeado pelo PR ouvidos os partidos e tendo em conta os resultados eleitorais (art.
187.º/1)
Governo de gestão (art. 186.º/5) ≠ Governo em plenitude de funções (só acontece com a apresentação do
programa de Governo): Antes da apreciação do seu programa pela Assembleia da República, ou após a
sua demissão, o Governo limitar-se-á à prática dos actos estritamente necessários para assegurar a gestão
dos negócios públicos (governo de gestão)
Art. 192.º/3: qualquer grupo parlamentar pode propor a rejeição do programa – maioria absoluta (arts.
192.º/4) + 195.º/d) o que implica a demissão do Governo.
Demissão do Governo
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Moção de censura (art. 194.º): Apresentada por um grupo parlamentar (art. 180.º/2, i)) ou ¼ dos deputados
(art. 194.º/1)
Votada em plenário da AR e aprovada por maioria absoluta (arts. 163.º/e) e 195.º/1, f))
Funções Governo:
~~
Tribunais
▪ Órgãos de soberania
▪ Função jurisdicional
▪ Não eleitos, mas sujeitos à lei emanada por órgãos eleitos
▪ Independência
▪ Imparcialidade
▪ Irresponsabilidade
▪ Pluralidade dos graus de jurisdição
▪ Fundamentação das decisões
▪
Estrutura orgânica:
T. Constitucional
Jurisdição ordinária
T. Contas
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Guardião da Constituição
Composição:
10 juízes eleitos pela AR, por 2/3 dos deputados (legitimidade democrática)
3 juízes cooptados
Ministério Púbico
Ministério Público (arts. 219.º-220.º)
Autonomia e independência
Conselho de Estado
Órgão de consulta do PR – art. 141.º
Emana pareceres que, nalgumas matérias, são obrigatórios (mas não vinculativos) – art. 145.º
Estruturas Normativas
CRP como norma normarum
A Constituição:
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Art. 3.º/3: princípio da constitucionalidade (a validade dos atos jurídico-públicos depende da sua
conformidade com a CRP)
Art. 112.º: Artigo central da CRP, que disciplina a relação entre os atos normativos; contém um elenco
não exaustivo de atos normativos
1º: Constituição
3º: Regulamentos
Relembrar:
Pluralismo legislativo: normas de igual escalão normativo (atos com valor de lei), mas que a CRP
diferencia a partir do órgão de onde provêm → ex: AR emana leis, Governo decretos-leis (art. 112.º/1)
Plurimodalismo legislativo: normas de igual escalão normativo (atos com valor de lei), mas que a CRP
diferencia a partir da matéria que tratam → a AR emana tanto leis constitucionais como leis orgânicas, leis
com valor reforçado, leis de bases, etc…
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1) Princípio da hierarquia: arts. 3.º/3; 112.º/ 6 e 7 → daqui decorrer o princípio básico sobre a produção
jurídica (art. 112.º/6 da CRP) – nenhuma fonte pode criar outras fontes com eficácia superior ou igual à
sua; só fontes de valor inferior.
2) Princípio da competência legislativa horizontal: paridade entre lei = DL = DLR (art. 112.º/ 1 e 2)
4) Princípio da reserva de lei e o princípio da primazia ou primado da lei (Estado de Direito; Estado da
legalidade)
Conceito de lei é polissémico:
Qualquer norma do ordenamento jurídico (sentido lato)
Ato legislativo (lei, DL, DLR)
Lei ou DL
Ato legislativo da AR (sentido estritamente formal de lei)
Significado das expressões “força de lei” / “valor de lei”:
Lei é o ato normativo mais forte, logo a seguir à CRP
Força ativa (inovadora)
Força passiva (resistência à revogação por outras normas que não sejam atos legislativos)
Competência legislativa da AR
Leis constitucionais (arts. 161.º/a); 166.º/1; 284.º a 289.º): leis de revisão constitucional
Leis orgânicas (arts. 166.º/2): matérias de elevado grau de sensibilidade política, por isso:
Além do PR, também o PM ou 1/5 Deputados podem solicitar a sua fiscalização preventiva (art. 278.º/4)
Leis estatutárias (arts. 161.º/b) e 226.º): Estado Unitário, mas com Regiões com autonomia política
Leis com valor reforçado: têm valor superior ao das outras leis; se forem violadas → fiscalização judicial
da legalidade (arts. 280.º/2, al. a) e 281.º/1, al. b)
Quais as leis com valor reforçado? (art. 112.º/3): 3. Têm valor reforçado, além das leis orgânicas, as leis que
carecem de aprovação por maioria de dois terços, bem como aquelas que, por força da Constituição, sejam
pressupostos normativo necessário de outras leis ou que por outras devam ser respeitadas
Leis orgânicas;
Leis que são o pressuposto normativo necessário de outras leis (leis de bases, LAL, leis-quadro)
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Leis que devam ser respeitadas por outras leis (leis estatutárias, leis de enquadramento: arts. 106.º/1 e
229.º/3)
Leis quadro e leis de enquadramento: dirigem-se a uma matéria concreta, já em parte regulada pela
Constituição
Leis de autorização (LAL) e leis de bases (LB): dois tipos de leis através das quais a AR transfere a sua
competência legislativa para o Governo.
“O instituto da autorização legislativa veio atender a uma necessidade (…) de o órgão legislativo poder
aliviar o encargo da exclusividade legislativa sem colocar em causa o monopólio legislativo que lhe
assistia”.
O Governo (ou a ALRA) é que tem de pedir à AR uma Lei de Autorização Legislativa (197.º/1, d) e
227.º/1, f) e 2)
As LAL não são “cheques em branco”, limitam a atuação legislativa dos órgãos autorizados, estipulando
os termos da inovação legislativa a ser introduzida
Objeto: a matéria sobre que vai incidir a autorização (alínea ou parte da al. do art. 165.º)
Sentido: qual a orientação que a legislação deve seguir (ex: aumentar ou diminuir os impostos)
Limite temporal: a autorização terá de ser executada num determinado prazo; a duração da autorização é
fixada na LAL. Mas a que momento se refere o prazo? Por exemplo, 3 anos até à aprovação? Ao envio para
promulgação? À promulgação? À referenda? À publicação?
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Momento relevante (TC): aprovação do decreto-lei (pelo Conselho de Ministros) ou do decreto legislativo
regional autorizado (pela ALR)
Expressa
Tácita
Termo da legislatura
• Dissolução da AR
Resumindo…
Se LAL inconstitucional → DLA inconstitucional consequente
Sentido/extensão: grande parte doutrina entende que há aqui uma ilegalidade (violação da LAL)
[≠ Manuel Afonso Vaz vê aqui uma inconstitucionalidade indireta, pois o que se viola é a LAL,
mas indiretamente fere-se a própria Constituição]
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Fiscalização da Constitucionalidade
Meios de garantia da Constituição
… alguma doutrina (Catarina Santos Botelho, J. J. Gomes Canotilho, Vital Moreira), porém, alerta
para uma certa incongruência entre a proclamação do princípio da constitucionalidade (todos os
atos jurídico-públicos) e o modelo de fiscalização da constitucionalidade adotado (só os atos
normativos)
Tipos de inconstitucionalidade
Norma inconstitucional = norma desconforme com a Constituição (parâmetro constitucional)
Por ação (art. 277.º): ato que viola a Constituição≠ por omissão (situações de inércia, de non
facere: art. 283.º)
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Desvantagens:
- Divergência de julgados e falta de uniformidade na tutela da Constituição
Vantagens:
- Uniformidade na tutela da Constituição (harmonia de julgados)
Desvantagens:
Politização do controlo constitucional
Lentidão processual
Controlo político:
- Sistema francês (sécs. XVIII e XIX: omnipotência da lei)
- Controlo a cargo de órgãos de cunho político (ex: Parlamento ou Monarca)
- Ideia do “criador controla a criatura”
- Em Portugal, vigorou no constitucionalismo monárquico
Controlo jurisdicional:
- a fiscalização da constitucionalidade é um ato jurisdicional
- Subdivide-se em:
- Controlo concentrado/austríaco
- Controlo difuso/americano
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Controlo preventivo: a priori, ou seja, antes da entrada em vigor da norma → normas imperfeitas
≠
Controlo sucessivo: após a publicação da norma
Ex officio (recursos obrigatórios a cargo do MP) ≠ de parte ≠ de órgãos ou entidades públicas (art.
281.º/2)
o TC, como os demais tribunais, é um órgão passivo (apenas atua por iniciativa de outras
entidades), exceto no processo de fiscalização mista (art. 281.º/3)
Retroativos (ex tunc) ≠ prospetivos (ex nunc) a partir do momento da publicação da declaração de
inconstitucionalidade)
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Uma norma ou é:
- Inconstitucional
- Ou não inconstitucional
Legitimidade ativa:
Presidente da República (art. 278.º/1) – “pode”
Representantes da República (art. 278.º/2) – “podem”
Primeiro-ministro e 1/5 dos deputados – apenas quanto às leis orgânicas (art. 278.º/4) –
“podem”
Legitimidade passiva:
Órgão autor da norma impugnada (art. 54.º LTC)
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Mas: Governo pode apresentar proposta de lei igual à AR (arts 197.º/1, al. d) e 200.º/1, al. c))
MP fica obrigado a recorrer de decisões de tribunais que apliquem as normas em causa (art. 280.º/5)
TC pode vir a declarar a inconstitucionalidade com força obrigatória geral (fiscalização sucessiva
abstrata – arts. 281.º e 282.º)
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Disposições gerais e abstratas contidas noutros tipos de atos (ex: regulamentos administrativos)
Prazo: não há prazo para requerer a fiscalização sucessiva abstrata de uma norma
Exceções à retroatividade:
Mas… contra-exceção (= regra): matéria penal, disciplinar ou de ilícito de mera ordenação social +
norma de conteúdo menos favorável ao arguido
Restrição de efeitos por decisão do TC: por razões de segurança jurídica, equidade ou interesse
público de excecional relevo (art. 282.º/4)
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Art. 204.º: qualquer tribunal deve, nos casos submetidos a julgamento, desaplicar as normas
que considerar inconstitucionais
Art. 280.º: dessa decisão de desaplicação do tribunal da causa (tribunal a quo) pode haver recurso
para o Tribunal Constitucional (tribunal ad quem), que pode revogar a decisão do tribunal a quo
Legitimidade ativa:
Juiz (ex officio), pois está submetido ao princípio da constitucionalidade (art. 3.º/3)
Objeto: qualquer norma que deva ser aplicada (normas jurídicas públicas; “conceito funcional de norma”)
questão da constitucionalidade deverá ser suscitada durante o processo (ou seja, não ser a questão
principal, mas incidental)
Pode ter de repristinar a norma revogada pela norma julgada inconstitucional (salvo em matéria
penal, se tal implicar a violação do princípio da aplicação da lei penal mais favorável)
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Pode acontecer, quer o tribunal a quo conclua que a norma é inconstitucional, quer decida que não é –
280.º/1
O TC também recebe recursos de decisões judiciais de desaplicação de normas com fundamento na sua
ilegalidade (art. 280.º/2)
O recurso diz respeito apenas à questão da inconstitucionalidade (ou ilegalidade) da norma, e não à
questão principal (que é resolvida pelo juiz a quo): art. 280.º/6
Recorrentes:
Podem ser interpostos por qualquer das partes (art. 280.º/4, a contrario)
Sem necessidade de exaustão dos recursos ordinários (art. 70.º/2, a contrario, da LTC)
A decisão do TC vincula as instâncias superiores que venham a pronunciar-se sobre a questão principal
a norma desaplicada pelo tribunal a quo constar de convenção internacional, ato legislativo ou decreto
regulamentar (art. 280.º/3)
Só pode recorrer (recurso facultativo) a parte que suscitou a questão de inconstitucionalidade (art. 280.º/4)
Inter partes
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O tribunal a quo fica obrigado a reformar a sentença, se o julgamento do TC tiver sido contrário ao seu.
O tribunal a quo tem de aplicar a norma com aquela interpretação (art. 80.º/3, LTC)
Havendo decisões contraditórias entre secções do TC (art. 224.º/3 CRP, e 79.º-D, da LTC)
Este recurso é obrigatório para o MP, se intervir no processo como recorrente ou recorrido
(art. 79.º-D/1)
Atenção:
O TC nunca julga/decide pela constitucionalidade! A decisão de não inconstitucionalidade não impede uma
eventual e posterior averiguação sucessiva abstrata ou concreta da inconstitucionalidade
FISCALIZAÇÃO SUCESSIVA
MISTA
(arts. 281.º/3 CRP e 82.º LTC)
Processo misto:
Se uma norma tiver sido julgada inconstitucional pelo TC em três (ou mais!) casos concretos:
O TC pode declarar, ou não, a inconstitucionalidade da norma, com todos os efeitos previstos no art. 282.º
Ele vai é apreciar e pode até concluir que a norma que foi julgada inconstitucional em vários casos
concretos não deve ser declarada inconstitucional com força obrigatória geral.
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Verificação da “omissão das medidas legislativas necessárias para tornar exequíveis as normas
constitucionais” (art. 283.º/1) → é sancionado o silêncio, o non facere; Competência: TC
Legitimidade ativa:
Presidente da República
Provedor de Justiça
Imposições legiferantes (permanentes e concretas: arts. 59.º/2, a), 63.º/2, 64.º/2, a), 66.º/2, c), 74.º/2, a)
Regras precetivas não exequíveis por si mesmas (ex: arts. 117.º/2 e 3, 267.º/5) – Manuel Afonso Vaz
Para parte da doutrina, as normas programáticas – Catarina Santos Botelho; Jorge Miranda; Jorge Pereira
da Silva; Carlos Blanco de Morais
FIM!
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