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Jamil Abreu
UFES – CEUNES
Departamento de Matemática Aplicada
Sala 05 (SUPGRAD)
Telefone: +55-27-3312-1640
19
E-mail: jamil.abreu@ufes.br
20
Homepage: https://blog.ufes.br/jamilabreu/
S/
-2
D
-E
eu
A br
il
am
.J
of
Pr
Pr
of
.J
am
il
Abr
eu
-E
D
-2
S/
20
19
Sumário
19
1.5 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
20
2 Equações separáveis e trajetórias ortogonais 11
S/
2.1 Equações separáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
-2
2.2 Trajetórias ortogonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
D
2.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
-E
3 Aplicações 19
eu
3.1 O número e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
br
3.6 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
of
Pr
4 Aplicações à mecânica 29
4.1 Corpos em queda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.2 Pêndulo: equação de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.3 Pêndulo: equação de segunda ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
5 Equações homogêneas 37
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.2 Resolvendo equações homogêneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
6 Equações exatas 43
6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
6.2 Resolvendo equações exatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
6.3 Diferenciais exatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
6.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
iv SUMÁRIO
7 Fatores integrantes 49
7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
7.2 Fatores integrantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
7.3 Integração via diferenciais exatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
7.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
19
10 Solução de uma equação homogênea 71
20
10.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
S/
10.2 Demonstração do Teorema 10.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
-2
10.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
D
11.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
11.2 Uso de uma solução conhecida para determinar outra . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
eu
11.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
A
il
12.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
.J
. . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Pr
12.4 A equação y 00 + py 0 + qy = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an xn . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
12.5 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
14 Séries de potências 99
14.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
14.2 Séries numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
14.3 Séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
14.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
19
19.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
20
S/
20 Transformada de Laplace (parte 3) 143
-2
20.1 Aplicações às equações diferenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
20.2 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
D
Pr
of
.J
am
il
Abr
eu
-E
D
-2
S/
20
19
SUMÁRIO
Aula 1
19
uma identidade envolvendo uma variável dependente e sua derivada em relação a uma variável inde-
20
pendente (ou derivadas parciais em relação a várias variáveis independentes). Em outras palavras,
S/
equações diferenciais são identidades envolvendo funções e suas derivadas. Você deve se lembrar do
Cálculo que a função exponencial φ(x) = ex tem derivada φ0 (x) = ex , portanto satisfaz a “equação
-2
diferencial”
D
φ0 (x) = φ(x).
-E
y 0 = y.
br
Você pode também verificar facilmente que y1 = cos x e y2 = sen x satisfazem a equação diferencial
A
y 00 + y = 0.
il
am
A razão pela qual equações diferenciais aparecem como expressão matemática de uma lei natural
.J
é que princı́pios fı́sicos frequentemente conectam uma certa variável a suas taxas de variação.
of
Exemplo 1.1 (Corpo em queda livre). A segunda lei de Newton afirma que a aceleração a adquirida
Pr
por um corpo de massa m sob a ação de uma força total F é proporcional à F , com constante de
proporcionalidade igual a 1/m, isto é,
F = ma. (1.1)
Considere um corpo em queda livre, sob a ação de seu peso mg (g é a aceleração da gravidade). Se
y denota a distância vertical do corpo até um ponto situado a uma altura fixa (digamos, de onde
é abandonado ou lançado), então v = dy/dt é a velocidade e a = dv/dt = d2 y/dt2 é a aceleração.
Nesse caso, a Eq. (1.1) assume a forma
d2 y d2 y
mg = m , ou seja, = g.
dt2 dt2
4
Exemplo 1.2. Se, em vez de queda livre, há uma força de resistência do ar proporcional à velocidade
(mas, evidentemente, contrária ao sentido do movimento), então a força total agindo sobre o corpo
é mg − k(dy/dt) e a Eq. (1.1) toma a forma
dy d2 y d2 y k dy
mg − k = m 2 , ou seja, 2
+ = g.
dt dt dt m dt
4
2 Introdução às Equações Diferenciais
19
há uma única variável independente. A ordem da equação é a ordem da derivada mais alta presente
20
na equação; nos exemplos acima, todas as equações são de segunda ordem. Um exemplo de equação
de primeira ordem é
S/
dy dy -2
= −ky, ou seja, + ky = 0,
dt dt
D
a qual descreve, por exemplo, a dinâmica de um corpo cuja velocidade diminui em módulo com o
-E
deslocamento. Note que este comportamento de y na equação acima pode ser facilmente previsto
a partir de uma análise bem superficial da equação. Mas o mesmo não vale, por exemplo, para a
eu
equação
br
dy
+ ky = Q(t),
A
dt
onde Q(t) é uma função da variável t, por exemplo, Q(t) = t2 . Assim, perde-se facilmente a intuição
il
am
já no contexto das equações de primeira ordem e não é difı́cil deduzir que isto ocorre ainda mais
drasticamente no contexto das equações de segunda ordem; afinal de contas, uma derivada segunda
.J
Outras equações ordinárias que aparecerão em nossos estudos será a equação de Legendre
Pr
d2 y dy
(1 − x2 ) − 2x + p(p + 1)y = 0
dx2 dx
e a equação de Bessel
d2 y dy
x2 2
+ x + (x2 − p2 )y = 0.
dx dx
Em ambas as equações acima, y é a variável dependente, x é a variável independente e p é um
parâmetro (constante).
Princı́pios fı́sicos sugerem que a temperatura u num certo ambiente tridimensional varia de acordo
com a equação do calor
∂u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
= a2 + + .
∂t ∂x2 ∂y 2 ∂z 2
Aqui, temos um exemplo de equação diferencial parcial, em que a temperatura u é a variável de-
pendente e as coodernadas espaciais x, y e z e o tempo t são as variáveis independentes. Outras
equações diferenciais parciais fundamentais são a equação de Laplace
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
+ + =0
∂x2 ∂y 2 ∂z 2
1.2 Soluções de equações diferenciais 3
e a equação da onda
∂ 2u 2
2 ∂ u ∂ 2u ∂ 2u
= a + + .
∂t2 ∂x2 ∂y 2 ∂z 2
A ordem de uma equação diferencial parcial também é a ordem da derivada mais alta presente na
equação; nos exemplos acima, todas as equações diferenciais parciais são de segunda ordem.
Neste curso estudaremos principalmente as equações ordinárias. Se houver tempo, veremos um
pouco da teoria das equações parciais.
19
função φ, definida num intervalo aberto I contendo o ponto x0 , satisfazendo a equação pontualmente,
isto é,
20
F x, φ(x), φ0 (x), φ(2) (x), . . . , φ(n) (x) = 0 (x ∈ I) e φ(x0 ) = y0 .
S/
-2
Aqui, raramente consideraremos esta forma geral; na verdade, focaremos principalmente em equações
de primeira (n = 1) e segunda (n = 2) ordens e suporemos funções especı́ficas F . Em particular,
D
dy
+ P (x)y = Q(x)
eu
dx
br
d2 y dy
il
dx2 dx
A terminologia “linear” se refere ao fato de não haver produtos envolvendo y e suas derivadas (por
.J
às equações lineares homogêneas de segunda ordem com coeficientes constantes, da forma
Pr
d2 y dy
a 2
+ b + cy = 0.
dx dx
Por simplicidade, escreveremos y 0 , y 00 , etc em vez de dy/dx, d2 y/dx2 , a menos que seja relevante
manter explı́cita a variável independente; isto será importante em alguns momentos, ao tratarmos
certas mudanças de variáveis numa equação diferencial.
Exemplo 1.4. Considere a equação diferencial
y 00 − 3y 0 + 2y = 0.
Vejamos que φ1 (x) = ex é solução. De fato, φ01 (x) = ex e φ001 (x) = ex , logo
φ001 (x) − 3φ01 (x) + 2φ1 (x) = ex − 3ex + 2ex = 0.
Analogamente, φ2 (x) = e2x é solução. De fato, φ02 (x) = 2e2x e φ002 (x) = 4e2x , logo
φ002 (x) − 3φ02 (x) + 2φ2 (x) = 4e2x − 3 · 2e2x + 2e2x = 4e2x − 6e2x + 2e2x = 0.
4
4 Introdução às Equações Diferenciais
19
1
xy10 = − x−1/2 cos x − x1/2 sen x;
20
2
S/
3
x2 y100 = x−1/2 cos x + x1/2 sen x − x3/2 cos x.
-2
4
D
Somando as três identidades acima membro a membro, vemos que
-E
1
x2 y100 + xy10 + x −2
y1 = 0.
eu
4
br
4
A
Exemplo 1.6. Mostre que y1 definido implicitamente por y12 = c1 x + c2 (onde c1 e c2 são constantes
il
am
yy 00 + (y 0 )2 = 0.
of
Pr
2y1 y10 = c1 .
Por outro lado, o problema de determinar uma solução a partir da equação diferencial é muito
mais complicado e nos ocupará por todo o curso. A equação diferencial mais simples que existe é
aquela da forma
dy
= f (x), (1.2)
dx
que pode ser resolvida por integração direta, a saber,
Z
y = f (x) dx.
1.3 Teorema fundamental do Cálculo 5
R
Ainda que a primitiva f (x) dx (que denota uma função cuja derivada é igual a f , especificada a
menos de uma constante) acima possa eventualmente não ser expressa em termos elementares, a
identidade acima sempre pode ser escrita na forma
Z x
y= f (t) dt + C (1.3)
c
para alguma constante C [de fato, C = y(c)] e a integral indefinida acima é sempre uma função bem
definida de x, ao menos quando f é, digamos, contı́nua.
Na próxima seção, revisamos o teorema fundamental do cálculo.
19
A(x) = f (t) dt (1.4)
20
c
S/
está bem definida. Se a 6 x 6 c 6 b então consideramos o intervalo [x, c]
R xem lugar
R c de [c, x] e
-2
definimos a integral indefinida da mesma forma, com o entendimento de que c f = − x f .
D
Teorema 1.7 (Primeiro teorema fundamental do Cálculo). Seja f uma função integrável num inter-
-E
valo [a, b]. Se A é uma integral indefinida de f e f é contı́nua em x0 ∈ (a, b) então A0 (x0 ) = f (x0 ).
O Teorema 1.7 pode ser resumido na identidade
eu
br
Z x
d
f (t) dt = f (x0 )
A
dx x=x0 c
il
am
sempre que f é integrável num intervalo e x0 é um ponto interior deste intervalo onde f é contı́nua.
Podemos também escrever
.J
Z x
d
f (t) dt = f (x)
of
dx c
Pr
4
6 Introdução às Equações Diferenciais
Seja f uma função definida num intervalo aberto I. Dizemos que uma função P é uma primitiva
(ou antiderivada) de f em I se
19
20
Teorema 1.9 (Segundo teorema fundamental do Cálculo). Se f é contı́nua num intervalo aberto I
S/
então uma função P é uma primitiva de f se e somente se
Z x
-2
P (x) = P (c) + f (t) dt
D
c
-E
para quaisquer c e x em I.
eu
Seja f uma função contı́nua num intervalo aberto I. O Teorema 1.7 diz que, qualquer que seja o
br
Z x
am
A(x) = f (t) dt (x ∈ I)
c
.J
é uma primitiva de f , isto é, satisfaz A0 (x) = f (x) para todo x ∈ I. O Teorema 1.9 afirma que a
of
integral indefinida A acima é, a menos de uma constante aditiva, a primitiva geral de f , no sentido
Pr
de que qualquer outra primitiva P difere de A apenas por uma constante C, isto é, P (x) = A(x) + C
para todo x ∈ I e alguma constante C; explicitamente, C = P (c) e
Z x
P (x) = P (c) + f (t) dt (x ∈ I).
c
Assim, fixado um ponto c ∈ I, uma primitiva qualquer P é “caracterizada” por seu valor P (c), ou
seja, a primitiva geral é da forma Z x
f (t) dt + C
c
para denotar que P é uma primitiva de f , ou seja, escrevemos a identidade acima como sinônimo de
P 0 (x) = f (x).
Por exemplo, a derivada do seno é igual ao cosseno, portanto escrevemos
Z
cos x dx = sen x + C.
Analogamente,
xr+1
Z
xr dx = + C (r racional, r 6= −1).
r+1
Os Teoremas 1.7 e 1.9, na notação de Leibniz, podem ser expressos pelas identidades
Z Z x
f (x) dx = f (x) dx + C (1.5)
c
Rx
(a integral indefinida c
f (x) dx é uma primitiva de f ) e
b
19
Z Z b
f (x) dx = f (x) dx (1.6)
20
a a
S/
Rb
(a integral a f (x) dx é igual a P (x)|ba , qualquer que seja aR primitiva P de f ) respectivamente.
-2 Rx
Apesar das semelhanças em notação, a primitiva geral f (x) dx e a integral indefinida c f (t) dt
D
são objetos matemáticos totalmente diferentes entre si; o primeiro é definido por derivação e o segundo
-E
por integração, processos distintos a priori mas relacionados a posteriori pelos teoremas R fundamentais
do Cálculo. Por costume ou tradição, muitos livros de Cálculo se referem ao sı́mbolo f (x) R xdx como
eu
uma “integral indefinida” em vez de primitiva ou antiderivada e, para distingui-la de c f (x) dx,
br
referem-se a esta última como uma “integral definida”. Esta confusão não é necessariamente errada,
A
já que se trata apenas de uma convenção sobre linguagem e terminologia, e se justifica em parte pela
Eq. (1.5). Assim, as longas tabelas de integrais indefinidas presentes em muitos livros de Cálculo
il
am
Vimos que a solução de uma “equação diferencial do cálculo”, tal como a Eq. (1.2), sempre
produz soluções bem determinadas a menos de uma constante, a saber, a solução dada na Eq. (1.3).
Veremos agora que, mais geralmente, a “integração” de uma equação de primeira ordem sempre é
determinada a menos de uma constante; neste caso, dizemos que a solução é uma famı́lia de curvas
a um parâmetro e que cada solução é uma curva integral da equação. Contudo, a constante
que aparece na integração de uma equação diferencial nem sempre é “aditiva” como na Eq. (1.3),
podendo aparecer de várias formas a depender da equação. Por exemplo, a solução geral de
y0 = y
F (x, y, y 0 ) = 0
para alguma função f definida num subconjunto do plano, contendo um retângulo R = [a, b] × [c, d].
Considere um ponto P0 = (x0 , y0 ) ∈ R. Considere uma reta com inclinação igual a f (x0 , y0 ) e
caminhe ao longo desta reta até um ponto P1 = (x1 , y1 ) ainda dentro de R (isto é, x1 próximo a x0 ).
Agora, em (x1 , y1 ), considere a reta com inclinação igual a f (x1 , y1 ) e caminhe ao longo desta reta
até um ponto P2 = (x2 , y2 ) ainda dentro de R (isto é, x2 próximo a x1 ).
19
20
Agora, supondo que os pontos Pi ’s sejam tomados mais e mais próximos um do outro, no “limite”
S/
obtemos uma “curva suave” cuja inclinação em cada ponto P = (x, y) é igual a f (x, y); trata-
-2
se, portanto, de uma curva integral da equação (1.7). Se x0 é fixado a priori, diferentes curvas
são obtidas variando-se y0 [com (x0 , y0 ) ∈ R] e quaisquer duas curvas não devem se intersectar se
D
soluções são únicas (por quê?). Este argumento pretende convencer o leitor do seguinte teorema, o
-E
Teorema 1.10 (Picard). Se f e ∂f /∂y são contı́nuas em R então por cada ponto (x0 , y0 ) em R
br
Como, uma vez fixado x0 , todas as curvas integrais são obtidas variando-se y0 , as soluções formam
am
y = φ(x, c),
of
a qual denominamos a solução geral da equação (1.7). Cada parâmetro c fornece uma curva integral
Pr
y0 = φ(x0 , c).
Denotando tal c por c0 , dizemos que y = φ(x, c0 ) é a solução particular da equação (1.7) que
satisfaz a condição inicial “y = y0 em x = x0 ” ou que é solução do problema de valor inicial
1.5 Exercı́cios
1. Verifique que as seguintes funções, definidas explicita ou implicitamente, são soluções das res-
pectivas equações diferenciais.
19
1 − xy
20
y2
(p) y = cey/x (c constante) y0 = ;
S/
xy − x2
-2 xy
(q) x2 = 2y 2 log y y0 = 2 .
x + y2
D
-E
5. A equação xy 00 − y 0 + (1 − x)y = 0 possui uma solução da forma y = emx para alguma constante
m. Determine esta solução explicitamente.
6. Para cada uma das equações abaixo, ache a solução particular com condições iniciais dadas.
(a) xy 0 = 2y, y = 2 em x = 1;
(b) y 0 = −3y, y = 5 em x = 0;
(c) y 0 = −y/x, y = −1 em x = 1.
7. Verifique que Z x
x2 2
y=e e−t dt (x ∈ R)
0
0
é solução da equação diferencial y = 2xy + 1.
10 Introdução às Equações Diferenciais
8. Verifique que Z x
sen t
y = cos x dt (x ∈ R)
0 t
é solução da equação diferencial
19
Respostas
20
S/
5. y = ex
-2
6. (a) y = 2x2
D
(b) y = 5e−3x
-E
(c) y = −x
eu
br
A
il
am
.J
of
Pr
Aula 2
19
20
Considere a equação diferencial
S/
dy xy
= 2 .
dx x +1 -2
Equações como acima podem ser resolvidas facilmente com o teorema fundamental do cálculo,
D
“separando-se” as variáveis:
-E
dy x dx
= 2 ,
eu
y x +1
br
Z Z
dy x dx
= ,
A
y x2 + 1
il
ln y = 12 ln(x2 + 1) + C
am
= 12 ln(x2 + 1) + ln c (c = eC > 0)
√
.J
= ln(c x2 + 1),
√
of
y = c x2 + 1.
Pr
Acima, escrevemos C = ln c usando o fato de que todo número real é logaritmo (natural) de algum
outro número real positivo. Isto será usado muitas e muitas vezes adiante. Note ainda a forma
como o parâmetro c descrevendo a famı́lia de curvas integrais da equação diferencial dada aparece
na solução geral.
Uma equação diferencial que pode ser escrita na forma
dy
= f (x)g(y)
dx
para certas funções f e g (a dependerem da equação) é dita separável; a terminologia vem do fato
de que as variáveis x e y podem ser “separadas”. Como no exemplo acima, essa equação pode ser
resolvida (em teoria) por integração direta:
Z Z
dy
= f (x) dx.
g(y)
Exemplo 2.1. Resolva a equação diferencial
xy 0 + y = y 2 .
12 Equações separáveis e trajetórias ortogonais
xy 0 = y 2 − y,
xy 0 = y(y − 1),
y0 1
= ,
y(y − 1) x
Z Z
dy dx
= .
y(y − 1) x
Acima, supomos que a integração se dá em intervalos que não contém a origem (isto é, x 6= 0) e que
a solução y nunca assume os valores 0 e 1 (isto é, y(y − 1) 6= 0). Observando que
1 1 1
= − ,
y(y − 1) y−1 y
resulta que
19
20
ln |y − 1| − ln |y| = ln |x| + C,
S/
y − 1
ln = ln c|x| (c = eC > 0),
-2
y
y − 1
D
= c|x|,
-E
y
y−1
= c1 x (c1 = ±c).
eu
y
br
1
il
y= (c1 6= 0).
am
1 − c1 x
.J
4
of
Pr
x 2 + y 2 = c2
descreve uma famı́lia de cı́rculos de centro na origem e raio c. Derivando implicitamente a equação
acima, obtemos
x
2x + 2yy 0 = 0, isto é, y 0 = − .
y
4
2.2 Trajetórias ortogonais 13
descreve uma famı́lia de cı́rculos com centro em (c, 0) e raio |c| (portanto, tangentes ao eixo-y na
origem). Derivando implicitamente em relação a x obtemos
dy
2x + 2y = 2c.
dx
Substituindo c a partir da equação original, temos que
dy x2 + y 2
2x + 2y = ,
dx x
dy y 2 − x2
2y = ,
dx x
dy y 2 − x2
= .
19
dx 2xy
20
4
S/
-2
O Exemplo 2.3 é ilustrativo do que ocorre com muita frequência. Se uma famı́lia a um parâmetro
de curvas é descrita por uma equação da forma
D
-E
f (x, y, c) = 0 (2.1)
eu
dy
g x, y, , c = 0.
il
dx
am
Esta última em geral ainda contém o parâmetro c; com sorte, podemos resolver (2.1) para c e
.J
dy
Pr
F x, y, = 0.
dx
A equação acima seria, então, a equação diferencial da famı́lia (2.1).
Bem, até aqui, nenhuma novidade. No Exercı́cio 1 da Aula 1 você essencialmente determinou
as equações diferenciais satisfeitas por várias famı́lias de curvas. A razão de retomarmos esse ponto
aqui é que uma aplicação interessante deste procedimento consiste em determinar as trajetórias
ortogonais a uma famı́lia de curvas dada. Duas trajetórias são ortogonais quando suas tangentes
num ponto comum a ambas as curvas são perpendiculares. Duas famı́lias de curvas são ortogonais
quando qualquer curva de uma das famı́lias é ortogonal a qualquer curva da outra famı́lia; nesse caso,
dizemos que cada uma delas é uma famı́lia de trajetórias ortogonais da outra.
Por exemplo, a Figura 2.1 abaixo mostra as trajetórias ortogonais a uma famı́lia de cı́rculos
centrados na origem (à esquerda) e a uma famı́lia de cı́rculos tangentes ao eixo-y na origem.
Como determinar analiticamente as trajetórias ortogonais a uma famı́lia dada? Lembremo-nos,
em primeiro lugar, de que se uma reta tem coeficiente angular m então qualquer reta perpendicular
a esta tem coeficiente −1/m. Agora, suponha que a equação diferencial associada à famı́lia de curvas
dada seja
dy
= f (x, y). (2.2)
dx
14 Equações separáveis e trajetórias ortogonais
Isto significa que a inclinação em cada ponto (x, y) sobre uma curva da famı́lia é igual a f (x, y).
19
Assim, a inclinação de uma trajetória ortogonal neste ponto será −1/f (x, y). Assim, as trajetórias
20
ortogonais satisfazem
S/
dy 1
=− . -2
dx f (x, y)
Como dx/dy = 1/(dy/dx) 1 , a equação acima é equivalente a
D
-E
dx
− = f (x, y). (2.3)
dy
eu
br
Resumindo, a “receita” para se determinar as trajetórias ortogonais a uma famı́lia dada é a seguinte:
A
Exemplo 2.4. Vimos no Exemplo 2.2 que cı́rculos centrados na origem satisfazem a equação diferencial
of
Pr
dy x
=− .
dx y
Pelo que vimos acima, as trajetórias ortogonais são curvas integrais da equação diferencial
dx x dy y
− = − , isto é, = .
dy y dx x
A equação diferencial acima é claramente separável:
dy dx
= ,
y x
Z Z
dy dx
= ,
y x
ln |y| = ln |x| + C,
ln |y| = ln(c|x|) (c = eC > 0),
y = c1 x (c1 = ±c 6= 0).
1
Rigorosamente, (f −1 )0 (b) = 1/f 0 (a), onde f (a) = b.
2.2 Trajetórias ortogonais 15
A curvas y = c1 x, para constantes c1 6= 0, são precisamente retas pela origem com inclinação não
nula. Evidentemente, a reta horizontal é também uma trajetória ortogonal; por que esta reta não é
contemplada na solução geral encontrada? 4
Por outro lado, considerando o Exemplo 2.3, vemos que as trajetórias ortogonais a cı́rculos tan-
gentes ao eixo-y na origem devem satisfazer a equação diferencial
dx y 2 − x2 dy 2xy
− = , isto é, = 2 .
dy 2xy dx x − y2
Esta equação diferencial não é separável, mas homogênea, num sentido a ser discutido numa aula
futura. Por hora, vamos resolvê-la introduzindo coordenadas polares; trata-se de um procedimento
geral que passamos a explicar agora.
As coordenadas polares (r, θ) são tais que
x = r cos θ e y = r sen θ.
19
20
É claro que
S/
p y
r= x2 + y 2 e “θ = arctg ”.
-2
x
As aspas na expressão de θ acima é para lembrar que θ é determinado a menos de múltiplos de 2π,
D
rdθ
tg ψ = .
dr
Pela discussão anterior, as trajetórias ortogonais a uma famı́lia de curvas podem ser obtidas integrando-
se a equação diferencial em coordenadas polares desta última trocando-se rdθ/dr por −dr/rdθ.
Logo,
dr
= −2c sen θ
dθ r
= −2 sen θ,
2 cos θ
r sen θ
=− ,
cos θ
rdθ cos θ
=− .
dr sen θ
Logo, as trajetórias ortogonais satisfazem
dr cos θ dr r cos θ
− =− , isto é, = .
rdθ sen θ dθ sen θ
A equação diferencial acima é separável:
19
dr cos θ dθ
20
= ,
Z r Z sen θ
S/
dr cos θ dθ -2
= ,
r sen θ
D
ln r = ln | sen θ| + C
-E
= ln | sen θ| + ln 2c (c = eC /2 > 0)
= ln(2c| sen θ|),
eu
Para 0 6 θ < 2π, esta equação descreve dois cı́rculos tangentes ao eixo-x na origem. 4
il
am
.J
2.3 Exercı́cios
of
Pr
(a) y 0 = x/y 2 ;
(b) y 0 = y/x2 ;
(c) y 0 = x3 /y 2 ;
(d) (tg y)y 0 = − tg x cos y;
√
(e) y 1 − x2 y 0 = x.
(a) o segmento da tangente determinada pelos eixos cartesianos é bisectada pelo ponto de
tangência;
(b) a projeção no eixo x do segmento normal compreendido entre o ponto (x, y) e o eixo x
tem comprimento 1;
(c) a projeção no eixo x do segmento tangente compreendido entre o ponto (x, y) e o eixo x
tem comprimento 1;
(d) refaça (b) e (c) trocando “eixo x” por “eixo y”.
5. Uma curva situada no primeiro quadrante e saindo da origem tem a propriedade de que a área
situada entre ela e o eixo-x desde a origem (0, 0) até um ponto (x, y) é igual a um terço da área
19
de um retângulo tendo (0, 0) e (x, y) por vértices opostos. Ache a curva.
20
S/
Respostas -2
√
1. (a) y 3 = 23 x2 + c, c real; (c) y 3 = 43 x4 + c, c real; (e) y 2 + 2 1 − x2 = c, c real.
D
-E
2 /2
2. (a) x2 − y 2 = c; (d) x2 + y 2 = 2cx; (g) r = ce−θ ;
br
(c) y 2 = −2x + c; (f) r = c sen3 θ/(1 + cos θ)2 ; (h) r = c/(1 + cos θ).
il
am
dy 2 dy
3. y 2 ( dx ) + 2xy dx = y2.
.J
4. (a) xy = c;
of
Pr
(b) y 2 = ±2x + c;
(c) y = ce±x .
5. y = cx2 .
2
A equação da parábola com eixo de simetria horizontal, vértice na origem e foco no ponto (c, 0) é y 2 = 4cx. Logo
2
y = 4c(x + c) tem foco na origem.
18 Equações separáveis e trajetórias ortogonais
19
20
S/
-2
D
-E
eu
Abr
il
am
.J
of
Pr
Aula 3
Aplicações
Nesta aula trabalharemos algumas aplicações das equações diferenciais, apenas usando as ferra-
mentas de que dispomos até o momento (a saber, integração direta e separação de variáveis). A
maiores dificuldades aqui residirão mais na modelagem dos problemas do que na resolução técnica
19
das equações propriamente.
20
S/
3.1 O número e -2
O número e é definido por
D
1 n
-E
e = lim 1 + .
n→∞ n
eu
1 x 1 x
A
a bx
lim 1+ = eab . (3.1)
of
x→±∞ x
Pr
O número e é onipresente na matemática. Em especial, sua importância para nós neste momento
provém do fato de que a função exponencial y = ex é solução da equação diferencial
y 0 = y.
y 0 = ky. (3.2)
Além disso, é a única solução: se φ é uma solução qualquer da equação diferencial acima, considere
a função f (x) = φ(x)e−kx . Então
Portanto, f é constante. Como f (0) = φ(0) = 1, segue que f (x) = 1 para todo x, isto é, φ(x) = ekx
para todo x.
Como podemos interpretar o parâmetro k na Eq. (3.2)? Se escrevermos y 0 = dy/dx então
dy/y
= k.
dx
Assim, k pode ser interpretado como uma taxa de variação percentual de y em relação a x. Se
a variável independente x representa, numa aplicação particular, o tempo, então k é uma taxa de
variação percentual de y por unidade de tempo.
19
será
20
M0 (1 + 0,03)
S/
e, 6 meses depois disso (isto é, 1 ano após o depósito inicial),
-2
D
É claro que, após t anos, o montante será (supondo que não houve novos depósitos)
eu
br
M0 (1 + 0,03)2t .
A
Exemplo 3.1 (Juros continuamente compostos). Generalizando a situação descrita acima, suponha
il
am
que juros de 100k% (k = 0,06 para 6% ao ano) sejam compostos n vezes ao longo do ano (isto é,
n = 12 para juros pagos mensalmente). É claro que o montante após t anos será
.J
of
k nt
M = M0 1 + .
Pr
n
Muitos bancos pagam juros diariamente (n = 365). Se um banco paga juros a cada 12 horas (n = 730)
ou a cada 6 horas (n = 1460), uma boa aproximação para o montante acima consiste em fazer n → ∞
na expressão acima: segue de (3.1) que
k nt
lim 1+ = ekt ,
n→∞ n
portanto
M = M0 ekt
correponde ao montante após t anos de um investimento inicial de M0 reais segundo uma taxa de
100k% pagos continuamente. Embora bancos não paguem juros continuamente, a expressão acima
fornece uma boa aproximação para juros pagos, digamos, diariamente, devido a rápida convergência
do limite exponencial (calcule (1 + 1/n)n para n = 1, 2, . . . , 10 para se convencer disto.) 4
Na vida real, as pessoas em geral fazem novos depósitos regularmente ou sempre que dispõem de
uma quantia para tanto. O Exercı́cio 2 trata esta situação.
3.3 Crescimento populacional 21
19
20
Como Q = Q0 (quantidade inicial) quando t = 0, temos que log Q0 = c. Inserindo esta informação
S/
na expressão anterior obtemos
-2
log Q = kt + log Q0 ,
D
Q
-E
log = kt,
Q0
Q = Q0 ekt .
eu
br
Exemplo 3.2. Uma população de bactérias cresce a uma taxa proporcional a quantidade já existente.
A
Se a população triplica entre 9h e 10h da manhã, a que horas ela terá aumentado 100 vezes em relação
il
à quantidade existente às 9h? A que horas ela terá aumentado 1.000 vezes em relação à quantidade
am
Solução. Uma taxa de crescimento proporcional à quantidade já existente significa que
of
dQ
= kQ
Pr
dt
para alguma constante k > 0. Logo, como vimos acima,
Q = Q0 ekt .
Supondo que t = 0 corresponde às 9h, temos por hipótese que Q = 3Q0 quando t = 1; logo
3Q0 = Q0 ek·1 ,
ek = 3,
k = ln 3.
Assim, a quantidade terá aumentado 100 vezes em relação à quantidade existente às 9h (isto é,
Q = 100Q0 ) quando
100Q0 = Q0 ekt ,
kt = ln 100,
ln 100
t= ≈ 4,2.
ln 3
22 Aplicações
19
P = P0 ekt
20
S/
onde P0 é a população num determinado instante que tomamos como o instante inicial t = 0 (por
-2
exemplo, agora!). Como vimos na seção anterior, o parâmetro k representa precisamente a taxa de
variação percentual de P por unidade de tempo. Pela hipóste dada no enunciado, k = 0,02 = 1/50,
D
logo
-E
P = P0 et/50 .
eu
2P0 = P0 eT /50 ,
A
eT /50 = 2,
il
am
T
= ln 2,
.J
50
T = 50 · ln 2 ≈ 34,65.
of
Pr
4
O modelo de crescimento acima é denominado modelo Malthusiano (em homenagem ao economista
britânico Thomas Malthus) e, claro, não se aplica à população humana, como mostra a tabela na
Figura 3.1. Em parte, isso se deve ao fato de, à medida que uma população aumenta, aumenta
também a taxa de mortalidade. Um modelo de crescimento populacional mais realista que leva isso
em conta é o modelo logı́stico dado por
dP
= bP − kP 2 .
dt
Esta é uma equação de Bernoulli, que estudaremos mais adiante no curso. Pode-se mostrar que,
neste modelo, a população se aproxima assintoticamente (isto é, em t → ∞) do valor limite b/k.
de decomposição é proporcional à quantidade existente em cada instante. Uma reação deste tipo é
denominada reação de primeira ordem. Se x = x(t) é a quantidade num instante t qualquer então
19
dx
= −kx
20
dt
S/
para alguma constante k > 0. Logo, -2
dx
= −k dt,
D
Z x
-E
Z
dx
= − k dt,
x
eu
log x = −kt + c.
A br
Como x = x0 (quantidade inicial) quando t = 0, temos que log x0 = c. Inserindo esta informação na
il
x
log = −kt,
of
x0
Pr
x = x0 e−kt . (3.3)
Um exemplo de reação de primeira ordem é o decaimento radioativo, isto é, o processo através do
qual um núcleo atômico instável perde energia e libera partı́culas subatômicas.
Como antes, o parâmetro k, denominado taxa de decaimento, pode ser interpretado como a
perda percentual de x por unidade de tempo.
Exemplo 3.4 (Meia-vida). É conveniente expressar a taxa de decaimento k, que é caracterı́stica
de cada substância, em termos de sua meia-vida, que é o tempo necessário para que uma certa
quantidade da substância diminua pela metade. Se x = x0 em t = 0 então a meia-vida T é tal que
x = x0 /2 quando t = T , logo
x0
= x0 e−kT ,
2
1
e−kT = ,
2
1
−kT = ln ,
2
kT = ln 2.
24 Aplicações
19
20
Figura 3.2: Gráfico de um decaimento exponencial com meia-vida T .
S/
-2
3.5 Misturas
D
-E
Exemplo 3.5. Um tanque contém 2000 litros de salmoura no qual há dissolvidos 50kg de sal. Começando
br
em t = 0, salmoura concentrada a uma razão de 150g de sal por litro flui para dentro do tanque
A
a uma taxa de 40 litros por minuto (sendo imediatamente misturada) e a mesma quantidade de
salmoura (já misturada) é ejetada para fora à mesma razão. Qual a quantidade de sal dissolvida no
il
am
dx
of
dt
Por um lado,
taxa de entrada de sal = 0,15 · 40 = 6 kg/min.
Por outro lado,
x x
taxa de saı́da de sal = · 40 = kg/min.
2000 50
Logo,
dx x
=6−
dt 50
300 − x
= ,
50
dx dt
= ,
Z 300 − x Z50
dx dt
= ,
300 − x 50
t
− ln(300 − x) = + C.
50
3.6 Exercı́cios 25
t
− ln(300 − x) = − ln 250,
50
300 − x t
ln =− ,
250 50
300 − x = 250e−t/50 ,
x = 50(6 − 5e−t/50 ).
A quantidade após um longo tempo (isto é, quando t → ∞) é 50 · 6 = 300kg. Essa quantidade de
equilı́brio é intuitivamente óbvia já que, após um longo tempo, a concentração no tanque deveria se
igualar a concentração de salmoura que entra no mesmo, a saber, 150g/l; como o tanque tem 2000
litros, a quantidade de sal deveria ser 0,15 · 2000 = 300kg. 4
3.6 Exercı́cios
19
20
1. Taxas de juros composta. Suponha que P reais seja depositado numa conta bancária que paga
S/
juros segunda uma taxa percentual r que é composta continuamente. (Logo, A = P ekt , onde
k = r/100.) -2
D
(a) Ache o tempo T para que o investimento dobre de valor (em função de r).
-E
2. Um cidadão decide reservar D reais a serem investidos anualmente segundo uma taxa de juros
br
(b) Ache uma expressão para o montante após t anos quando a taxa passa a ser composta
.J
continuamente.
of
(c) A uma taxa de 6% (k = 0,06), qual deve ser o investimento anual D para que haja um
Pr
3. Uma população de bactérias cresce a uma taxa proporcional a quantidade já existente. Se
a população duplica entre 8h e 9h da manhã, a que horas ela terá aumentado 50 vezes em
relação à quantidade existente às 8h? A que horas ela terá aumentado 300 vezes em relação à
quantidade existente às 10h?
5. A população de uma certa cidade planejada cresce a uma taxa proporcional a quantidade já
existente. Um anos após a cidade ter sido criada a população dobrou e um ano após isto a
população chegou a 10.000 habitantes. Qual era a população original?
26 Aplicações
6. Uma cultura de bactérias cresce num ambiente fı́sico limitado com oferta de nutrientes que
se tornam disponı́veis a uma taxa constante; o efeito resultante é que a população tende a
se estabilizar num certo nı́vel x1 . Suponha que a cultura cresça a uma taxa conjuntamente
proporcional a quantidade já existente x e à diferença x1 − x [isto é, proporcional ao produto
x(x1 − x)]. Ache x como função de t. Esboce o gráfico de x como função de t e determine
quando o crescimento é mais rápido.
7. Se a meia-vida de uma substância radioativa é de 20 dias, quanto tempo levará para decair
99% da substância?
8. Fissão nuclear produz neutrons a uma taxa proporcional a quantidade de neutrons já existentes
no momento. Se há inicialmente n0 neutrons e há, nos instantes t1 e t2 , respectivamente n1 e
n2 neutrons, mostre que n t2 n t1
1 2
= .
n0 n0
9. Lei de absorção de Lambert. A lei de absorção de Lambert afirma que a porcentagem da luz
incidente que é absorvida por uma camada de material translúcido é proporcional a espessura
19
da camada. Se a luz incidente sobre o oceano tem sua intensidade I0 reduzida pela metade a 10
20
pés de profundidade, a que profundidade terá sido reduzida a 1/16 de sua intensidade original?
S/
Resolva o problema primeiramente de forma elementar (usando raciocı́nios elementares sobre
-2
proporções) e depois como solução de alguma equação diferencial.
D
10. Se a luz do sol ao incindir num lago tem sua intensidade reduzida a 3/5 de sua intensidade inicial
-E
11. Reações de segunda ordem. Suponha que duas substâncias quı́micas em solução reagem for-
A
mando um composto. Se a reação ocorre por meio de colisões e outras interações entre as
moléculas das substâncias é razoável que a taxa de formação do composto seja proporcional ao
il
am
número de colisões por unidade de tempo o que, por sua vez, é conjuntamente proporcional às
quantidade de cada uma das substâncias ainda não transformadas. Este tipo de reação quı́mica
.J
é denominada reação de segunda ordem. Considere uma reação de segunda ordem em que, a
of
da segunda, onde a, b > 0 são fixos e a + b = 1. Se as quantidades iniciais de cada uma das
substâncias são aA e bB, respectivamente, e se x = 0 em t = 0, ache x como função de t.
12. Suponha que a pressão atmosférica p a uma altura h seja igual ao peso da coluna de ar acima
deste nı́vel sobre um quadrado de área unitária e que a densidade do ar, em qualquer altura,
seja proporcional à pressão. Mostre que p satisfaz a equação diferencial
dp
= −cp
dh
para alguma constante c > 0 e deduza daı́ que p = p0 e−ch , onde p0 é a pressão ao nı́vel do mar.
13. Lei do resfriamento de Newton. A lei do resfriamento de Newton afirma que taxa de variação
da temperatura de um corpo é proporcional à diferença entre a temperatura do corpo e da meio
ambiente, ou seja,
y 0 = −k[y − M (t)],
onde M (t) é a temperatura (conhecida) do meio ambiente. Um corpo é aquecido (artificial-
mente) até 110◦ C e depois posto num ambiente a 10◦ C. Se após 1 hora sua temperatura é 60◦ C,
quanto tempo a mais é necessário para que ele chegue a 30◦ C?
3.6 Exercı́cios 27
14. Um corpo de temperatura desconhecida é posto num freezer a −10◦ C. Se após 15 minutos sua
temperatura é 20◦ C e após 30 minutos é 5◦ C, qual é a temperatura original do corpo? Resolva
primeiramente com raciocı́nios elementares e depois associando ao problema alguma equação
diferencial.
15. Um tanque contém 1000 litros de salmoura no qual há dissolvidos 40kg de sal. Começando em
t = 0, salmoura concentrada a uma razão de 200g de sal por litro flui para dentro do tanque a
uma taxa de 50 litros por minuto (sendo imediatamente misturada) e a mesma quantidade de
salmoura (já misturada) é ejetada para fora à mesma razão. Qual a quantidade de sal dissolvida
no tanque após um longo tempo? Dê uma resposta intuitiva e depois resolva modelando o
problema com uma equação diferencial.
16. Um tanque contém 1000 litros de salmoura no qual há dissolvidos 60kg de sal. Deseja-se
diminuir a concentração de sal para 2 gramas por litro injetando-se água pura para dentro do
tanque a uma taxa de 20 litros por minuto e expelindo-se a mistura (que fica sempre homogênea)
segundo a mesma taxa. Em quanto tempo se obtém o resultado desejado?
19
20
Respostas
S/
1. (a) T = (100 ln 2)/r anos; -2
(b) r ≈ 6,93%;
D
-E
k n (1 + k/n)nt − 1
2. (a) D 1 + ;
n (1 + k/n)n − 1
eu
ekt−1 ekt − 1
br
(c) $5810 usando a primeira fórmula e $5986 usando a segunda (erro de 3%);
il
am
(d) $31367 usando a primeira fórmula e $32638 usando a segunda (erro de 4%);
.J
5. 1.250
6. dx
dt
= kx(x1 − x), logo x = C+eCx−kx 1
1t
para algum C; pondo t = 0, ache C = x1x−x
0
0
. Portanto,
x0 x1 0 00 x1
x = x0 +(x1 −x0 )e−kx1 t ; x (t) é máximo quando x (t) = 0 e isso ocorre quando x = 2 .
7. 133 dias.
8. Se n = n(t) é a quantidade de neutrons então dn/dt = kn para algum k > 0, logo n = n0 ekt .
10.
kA2 abt AB(1 − e−k(A−B)abt )
11. Se B = A então x = ; se B < A então x = .
kAabt + 1 A − Be−k(A−B)abt
12. Se m é a massa de uma coluna de ar vertical, infinita e de base quadrada de lado unitário, a
partir de uma altura h, então p = mg, logo dp = −gdm; além disso, p = kD para algum k > 0
(D é a densidade) e D = dm/dh.
28 Aplicações
ln 5
13. ln 2
− 1 ≈ 1 hora e 19 minutos.
14. 50◦ C.
15. 200 kg, pois num longo tempo a concentração no tanque tende a se igualar à taxa de entrada
0,2kg/l.
16.
19
20
S/
-2
D
-E
eu
br
A
il
am
.J
of
Pr
Aula 4
Aplicações à mecânica
19
d2 y
20
= g,
dt2
S/
-2
onde g é a aceleração da gravidade. Integrando a equação acima em relação à t, obtemos
D
dy
(v =) = gt + c1 .
-E
dt
eu
dy
A
(v =) = gt + v0 .
dt
il
am
g
y = t2 + v0 t + c2 .
2
of
Pr
Exemplo 4.2. Vimos no Exemplo 1.2 que a equação diferencial satisfeita por um corpo em queda que
sofre uma força de resistência do ar contrária mas proporcional à velocidade é
d2 y dy
= g − c ,
dt2 dt
30 Aplicações à mecânica
19
g
20
cv − g = ge−ct , isto é, v = (1 + e−ct ).
c
S/
Esta solução é, contudo, incompatı́vel com a suposição de que o corpo é abandonado do repouso.
-2
Por outro lado, supondo que g − cv > 0, temos |g − cv| = g − cv, logo
D
g
-E
Como c > 0, v → g/c quando t → ∞. Este valor limite é denominado velocidade terminal. 4
A br
Considere um pêndulo como na figura abaixo. Um corpo de massa m preso a extremidade livre
.J
de um fio de comprimento a e massa desprezı́vel é movido até uma posição cujo ângulo com a vertical
é igual a α e então liberado. Vamos analisar a equação diferencial que descreve o ângulo θ em função
of
Pr
do tempo.
1 dθ 2
m a = mga(cos θ − cos α),
2 dt
a dθ 2
= g(cos θ − cos α), (4.1)
2 dt
dt 2 a 1
= ,
dθ 2g cos θ − cos α
r
dt a 1
=− √ (para t pequeno).
dθ 2g cos θ − cos α
(4.2)
Se T é o perı́odo, isto é, o tempo necessário para uma oscilação completa, então
Z 0
T dt
= dθ,
4 α dθ
19
r Z α
a dθ
T =4 √ . (4.3)
20
2g 0 cos θ − cos α
S/
Usando a identidade cos 2x = 1 − 2 sen2 x com x = θ/2, escreva -2
θ
D
cos θ = 1 − 2 sen2 ,
-E
2
2 α
cos α = 1 − 2 sen ,
2
eu
α θ
br
r Z α
a dθ
.J
T =4 q
2g 0 2 sen2 α2 − sen2 2θ
of
Pr
r Z α
a dθ α
=2 q (onde k = sen ). (4.4)
g 0 k 2 − sen2 θ 2
2
θ sen 2θ
sen = k sen φ, isto é, sen φ = .
2 sen α2
Note que φ varia no intervalo [0, π2 ] quando θ varia no intervalo [0, α]. Das identidades acima,
1 θ
cos dθ = k cos φ dφ,
2 2
dθ 2 dφ
p =q ,
2
k 1 − sen φ 1 − sen2 2θ
dθ 2 dφ
q =p .
k 2 − sen2 θ 1 − k 2 sen2 φ
2
32 Aplicações à mecânica
Substituindo em (4.4),
r Z π/2
a dφ
T =4 p . (4.5)
g 0 1 − k 2 sen2 φ
A integral elı́ptica de primeira espécie1 é a função de dois parâmetros k e φ definida por
Z φ
def dφ
F (k, φ) = p .
0 1 − k 2 sen2 φ
p
Segue que o perı́odo do pêndulo é igual a 4 a/gF (k, π/2). A integral elı́ptica de segunda
espécie
Z φp
def
E(k, φ) = 1 − k 2 sen2 φ dφ
0
19
1917”.
20
S/
4.3 Pêndulo: equação de segunda ordem -2
D
dθ d2 θ dθ d2 θ g
a = −g sen θ , isto é, + sen θ = 0.
eu
dt dt2 dt dt2 a
br
d2 θ g
am
+ θ = 0. (4.6)
dt2 a
.J
(Mais precisamente, a solução da equação diferencial acima fornece uma boa aproximação para θ;
of
d2 y
+ k2y = 0
dx2
é
y = c1 sen kx + c2 cos kx.
Logo, a solução geral de (4.6) é da forma
r g r g
θ = c1 sen t + c2 cos t .
a a
Note que, curiosamente, o perı́odo da solução aproximada acima coincide com o valor de T dado
pela Eq. (4.5) quando k = 0, muito embora “k = 0” não faça sentido fisicamente. Isto sugere que
a aproximação sen θ ≈ θ, levando à equação diferencial (4.6), e a aproximação k ≈ 0 na fórmula
(4.5) são, de alguma forma, “compatı́veis”. O leitor curioso ganharia bastante ao meditar sobre esta
questão; um ponto de partida seria considerar as expansões de Taylor de sen θ e de (1 − k 2 sen2 φ)−1/2
em torno de θ = 0 e k = 0.
4.4 Exercı́cios
1. No final do Exemplo 4.2, escreva v = dy/dt, faça mais uma integração e ache a posição y como
função de t. Ache uma identidade relacionando y e v.
19
20
2. Se a resistência do ar exerce sobre um corpo em queda uma força, contrária ao seu movimento,
S/
que é proporcional ao quadrado da velocidade então a equação do movimento é
-2
d2 y dy 2
D
m = mg − k .
dt2 dt
-E
dv
= g − cv 2 (onde c = k/m).
A
dt
il
am
Se o corpo é abandonado do repouso (isto é, v = 0 quando t = 0), determine v como função de
t. Qual é a velocidade terminal?
.J
of
3. Um torpedo viaja no oceano a uma velocidade de 60km/h e, de repente, seu combustı́vel acaba.
Pr
Se a água oferece uma resistência (força) contrária ao movimento do torpedo que é proporcional
à velocidade e se em 1km a velocidade do torpedo diminui para 30km/h, até onde vai o torpedo?
(Isto é, que distância ele ainda percorre a partir do momento em que o combustı́vel acaba?)
4. Refaça o exercı́cio anterior no caso em que a velocidade inicial é 100km/h e cai a 60km/h após
2km do ponto onde o combustı́vel acaba.
7. Um corpo é lançado verticalmente para cima a partir da superfı́cie com velocidade inicial v0 .
Se a resistência do ar oferece uma força contrária proporcional à velocidade (com constante de
proporcionalidade k) e a única outra força além desta é a da gravidade, mostre que a velocidade
em qualquer instante t é igual a
gm gm
v= + v0 e−kt/m − .
k k
Mostre que a altura máxima alcançada é igual a
mv0 m2 g kv0
− 2 ln 1 + .
k k mg
Usando a regra de L’Hôpital, mostre que esta quantidade tende a v02 /2g quando k → 0+. (Você
provavelmente se lembra da Fı́sica elementar que v02 /2g é a altura máxima sem resistência do
ar, isto é, quando k = 0 “desde o inı́cio”.)
19
8. Mostre que o comprimento
√ do arco da elipse x = a cos θ, y = b sen θ, com a < b, é igual a
20
4bE(e, π/2). (Aqui, e = b2 − a2 /b é a excentricidade de uma elipse com eixos a < b e
S/
Z φ p -2
E(k, φ) = 1 − k 2 sen2 φ dφ
0
D
-E
9. Mostre que o comprimento de arco de y = sen x no intervalo [0, π] é igual a 2 2E( 2/2, π/2).
A br
Respostas
il
am
g g
.J
√
Pr
g 1 − e(−2 gc)t
r r
g
2. v = (−2
√
gc)t
; velocidade terminal = .
c1+e c
3. 2km.
4. 5km.
d2 y k
m 2
=− .
dt (y + R)2
Escreva
d2 y dv dv dy dv
2
= = =v
dt dt dy dt dy
e não se esqueça de que a força gravitacional é igual a mg quando y = 0.
√
6. gR (≈ 28.446km/h, com R = 6.371km e g = 9,8 m/s2 ).
4.4 Exercı́cios 35
8. O comprimento é
Z π/2 Z π/2 p
4 ds = 4 (dx)2 + (dy)2 = · · · .
0 0
19
20
S/
-2
D
-E
eu
A br
il
am
.J
of
Pr
36 Aplicações à mecânica
19
20
S/
-2
D
-E
eu
Abr
il
am
.J
of
Pr
Aula 5
Equações homogêneas
5.1 Introdução
Em geral, resolver uma equação de primeira ordem
19
dy
20
= f (x, y) (5.1)
dx
S/
-2
é uma tarefa difı́cil e, em muitas situações, impossı́vel, ao menos no sentido de determinar fórmulas
explı́citas para uma solução. Vimos que equações separáveis
D
-E
dy
= g(x)h(y)
dx
eu
br
Z Z
dy
= g(x) dx.
il
h(y)
am
.J
Nesta aula, veremos como resolver um outro tipo de equação de primeira ordem. Antes, porém,
vamos introduzir alguma terminologia. Uma função f = f (x, y) de duas variáveis é dita homogênea
of
de grau n se
Pr
dy dz
=z+x .
dx dx
dz
z+x = f (1, z),
dx
dz
x = f (1, z) − z,
dx
dz dx
= .
f (1, z) − z x
Assim, a integração
Z Z
dz dx
=
f (1, z) − z x
19
20
fornece uma curva integral nas variáveis x e z. Substituindo z por y/x, obtemos uma curva integral
S/
(nas variáveis x e y) da Eq. (5.1).
-2
Exemplo 5.1. Resolva a equação diferencial
D
-E
dy x+y
= .
dx x−y
eu
br
dy 1 + y/x
= .
dx 1 − y/x
.J
of
dz 1+z
z+x = ,
dx 1−z
dz 1+z
x = −z
dx 1−z
1 + z2
= ,
1−z
(1 − z) dz dx
2
= ,
Z Z1 + z Zx
dz z dz dx
2
− 2
= ,
1+z 1+z x
1
arctg z − ln(1 + z 2 ) = ln |x| + C.
2
1
Ao dividirmos por x, estamos supondo implicitamente que a equação é válida “longe” da origem. Com muita
frequência, negligenciaremos questões mais sutis relacionadas à anulação de denominadores, continuidade, diferenci-
abilidade ou integrabilidade de soluções, em favor dos aspectos mais formais. O leitor mais atento poderá imprimir
mais rigor ao ler este material, na medida que seu entendimento permitir.
5.2 Resolvendo equações homogêneas 39
y 1 y2
arctg − ln 1 + 2 = ln |x| + ln c,
x 2 x
y 1
arctg − ln(x2 + y 2 ) − ln x2 = ln |x| + ln c,
x 2
y p
arctg = ln c x2 + y 2 .
x
Exemplo 5.2. Ache as trajetórias ortogonais à famı́lia de cı́rculos tangentes ao eixo y na origem.
Solução. Um cı́rculo tangente ao eixo y na origem, com centro em (c, 0) e raio c, tem equação
19
(x − c)2 + y 2 = c2 , isto é, x2 + y 2 = 2cx.
20
S/
Derivando em relação a x obtemos -2
dy
2x + 2y = 2c.
D
dx
-E
x2 + y 2
A
dy
2x + 2y = ,
dx x
il
am
dy y 2 − x2
2y = ,
dx x
.J
dy y 2 − x2
of
= .
dx 2xy
Pr
As trajetórias ortogonais são obtidas como soluções da equação acima quando trocamos dy/dx por
−dx/dy:
dx y 2 − x2
− = .
dy 2xy
dx 1x y
= − ).
dy 2 y x
dx dz
= y + z.
dy dy
40 Equações homogêneas
19
2
+1= ,
y |y|
20
x2 + y 2 = ±cy.
S/
-2
Esta última equação representa uma famı́lia de cı́rculos tangentes ao eixo x na origem, com centro
D
6 e 7 ilustram dois destes aspectos, a saber, que (i) curvas integrais de equações homogêneas tem
br
mesma inclinação ao longo de retas pela origem e (ii) curvas integrais de equações homogêneas são
A
5.3 Exercı́cios
.J
of
dy y x2 − y 2
(a) =1+ ; (f) y 0 = ;
dx x xy
dy 2y 2 − x2
(b) = ; (g) x2 y 0 = 3(x2 + y 2 ) arctg(y/x) + xy;
dx xy
y−x y dy y
(c) y 0 = ; (h) x sen = y sen + x;
y+x x dx x
(d) x2 y 0 − 3xy − 2y 2 = 0; (i) xy 0 = y + 2xe−y/x ;
x2 + y 2
(e) y 0 = ; p
(j) 2 xy 0 = x2 + y 2 .
xy
2. Ache as trajetórias ortogonais à famı́lia de cı́rculos tangentes ao eixo x na origem.
3. Mostre que a substituição z = ax + by + c transforma a equação diferencial
y 0 = f (ax + by + c)
numa equação separável. Use este método para resolver as seguintes equações:
R√ √ √
2
Use, se necessário, 1 + x2 dx = 12 x 1 + x2 + 1
2 log( 1 + x2 + x) + C.
5.3 Exercı́cios 41
(a) y 0 = (x + y)2 ;
(b) y 0 = sen2 (x − y + 1).
dy ax + by + c
=F .
dx dx + ey + f
19
dy x+y+4
(a) = ;
20
dx x−y−6
S/
dy x+y+4
(b) = . -2
dx x+y−6
D
6. Uma curva isoclı́nica de uma equação diferencial é uma curva ao longo da qual as curvas
-E
integrais da equação tem direção constante. Retas passando pela origem são isoclı́nicas de
equações de primeira ordem homogêneas. De fato, se y 0 = f (x, y) é homogênea e (a, b) é um
eu
ponto sobre a reta y = mx pelo qual passa uma curva integral da equação e a 6= 0 então, no
br
Assim, a inclinação y 0 (direção da curva integral) em qualquer ponto da reta y = mx só depende
de m.
.J
7. Mostre que curvas integrais de equações homogêneas são invariantes por similaridade. Em
outras palavras, contrações e dilatações de curvas integrais de equações homogêneas continuam
sendo curvas integrais. Mais precisamente, se C é uma curva integral e k > 0 então
também é uma curva integral. (Sugestão. Suponha que uma curva integral C da equação
homogênea y 0 = f (x, y) seja descrita explicitamente por uma função y = φ(x). Isto significa
que
φ0 (x) = f (x, φ(x))
para todo x num domı́nio apropriado. Devemos mostrar que kC é descrito por uma função
y = ψ(x) tal que
ψ 0 (x) = f (x, ψ(x)).
Para isto, note que se (x0 , y0 ) ∈ kC então (x0 /k, y0 /k) ∈ C, logo y0 /k = φ(x0 /k), ou seja,
y0 = kφ(x0 /k). Logo kC é dado por y = ψ(x), onde ψ(x) = kφ(x/k). Conclua.)
Ilustre o resultado com a equação y 0 = −x/y.
42 Equações homogêneas
Respostas
1. (a) y = x log |cx|;
(b) y 2 = x2 + cx4 ;
1 y
(c) 2
log(x2 + y 2 ) + arctg = c;
x
(d) y = cx2 (x + y);
(e) y 2 = x2 log cx2 ;
c
(f) 2y 2 = x2 + 2 ;
x
3
(g) y = x tg(cx );
y
(h) cos + log |cx| = 0;
x
(i) e = log cx2 ;
y/x
p p
(j) y x2 + y 2 + x2 log( x2 + y 2 + y) − 3x2 log x + y 2 = cx2 .
19
20
2. x2 + y 2 = cx.
S/
3. (a) tg(x + c) = x + y; -2
(b) tg(x − y + 1) = x + c.
D
-E
4.
y + 5
eu
p
5. (a) arctg = ln (x − 1)2 + (y + 5)2 + C;
x−1
br
(b) y − x = 5 ln(x + y − 1) + C.
A
il
am
.J
of
Pr
Aula 6
Equações exatas
6.1 Introdução
Seja f = f (x, y) uma função de duas variáveis e suponha que a equação
19
20
f (x, y) = c (6.1)
S/
descreva uma curva no plano. Suponha ainda que, ao menos num pequeno intervalo em torno de um
-2
ponto no eixo-x, a identidade acima defina implicitamente y como função de x, digamos y = φ(x).
D
Pela regra da cadeia (para funções de duas variáveis),
-E
d ∂f ∂f
0= f (x, φ(x)) = (x, φ(x)) + (x, φ(x))φ0 (x).
eu
dx ∂x ∂y
br
∂f ∂f dy
am
+ = 0. (6.2)
∂x ∂y dx
.J
Reciprocamente, é claro que toda solução da equação acima é da forma (6.1): de fato, neste caso,
of
Pr
d
f (x, φ(x)) = 0,
dx
logo f (x, φ(x)) = c para alguma constante c.
Agora, suponha que comecemos com uma equação diferencial da forma
dy
M (x, y) + N (x, y) = 0. (6.3)
dx
O problema é achar uma solução para esta equação. A discussão acima deixa claro que se existe uma
função f = f (x, y) tal que
∂f ∂f
=M e =N (6.4)
∂x ∂y
então a solução geral de (6.3) é da forma (6.1). A equação diferencial (6.3) é dita exata quando
existe uma função f = f (x, y) satisfazendo (6.4).
Às vezes, é fácil reconhecer de imediato que uma equação é exata (claro, com alguma experiência).
Por exemplo,
dy
y+x =0
dx
44 Equações exatas
∂M ∂ 2f ∂ 2f ∂N
= = = .
∂y ∂y∂x ∂x∂y ∂x
19
Assim, a identidade
20
∂M ∂N
= (6.5)
S/
∂y ∂x
-2
é uma condição necessária para que a equação diferencial (6.3) seja exata. Veremos agora que esta
condição é também suficiente para que a equação seja exata, permitindo construir explicitamente
D
Z
br
f = M dx + g(y) (6.6)
A
onde g é uma função apenas da variável y, que não pode ser arbitrária, mas deve ser escolhida de
il
am
∂y
of
Assim,
Pr
Z
0 ∂
g (y) = N − M dx
∂y
e então Z Z
∂
g(y) = N− M dx dy (6.7)
∂y
será uma função apenas da variável y contanto que o integrando acima seja uma função apenas de
y; este é o caso se e somente se Z
∂ ∂
N− M dx = 0.
∂x ∂y
Finalmente, observe que
Z Z
∂ ∂ ∂N ∂ ∂
N− M dx = − M dx
∂x ∂y ∂x ∂x ∂y
Z
∂N ∂ ∂
= − M dx
∂x ∂y ∂x
∂N ∂M
= − .
∂x ∂y
6.3 Diferenciais exatas 45
Em resumo, se a condição (6.5) é válida então g definida por (6.7) é uma função apenas de y e
é tal que f definida por (6.6) satisfaz as identidades na Eq. (6.4). Demonstramos assim, o seguinte
teorema.
Teorema 6.1. A equação diferencial (6.3) é exata se e somente se a condição (6.5) é satisfeita.
Nesse caso, a solução geral é da forma f (x, y) = c, onde f é dada por (6.6) e g é dada por (6.7).
A identidade (6.6) é natural e fácil de “decorar”, enquanto a fórmula (6.7) parece um tanto
intimidadora. O próximo exemplo mostra que resolver equações exatas pode ser mais simples do que
parece.
Exemplo 6.2. Verifique se a equação
dy
ey + (xey + 2y) =0
dx
é exata. Nesse caso, resolva-a pelo método explicado acima.
Solução. Com M = ey e N = xey + 2y, vemos que
19
∂M ∂N
= ey = ey .
20
e
∂y ∂x
S/
Logo, a equação é exata. A solução geral é da forma f (x, y) = c, onde
-2
Z
D
f = M dx + g(y)
-E
Z
= ey dx + g(y)
eu
br
= xey + g(y).
A
∂f
= N,
.J
∂y
xey + g 0 (y) = xey + 2y,
of
Pr
g 0 (y) = 2y,
g(y) = y 2 .
Existe uma teoria matemática rigorosa, a teoria das formas diferenciais, que atribui significado
preciso à definição acima.1 Aqui, vamos nos contentar com os aspectos operacionais desta definição, o
que será conveniente ao discutirmos fatores integrantes adiante. Por extensão do conceito, escrevemos
a Eq. (6.3) na forma
M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0.
Pelas definições, a equação acima é exata precisamente quando o lado esquerdo é a diferencial de
alguma função f , caso em que é equivalente a
df = 0.
Dizemos, neste caso, que M dx + N dy é uma diferencial exata.
Exemplo 6.3. Resolva a equação diferencial
x y
p dx + p dy = 0
x2 + y 2 x2 + y 2
de duas formas:
19
1. como equação exata;
20
2. como equação homogênea.
S/
Solução. 1. Sejam -2
x y
M=p e N=p .
D
x2 + y 2 x2 + y 2
-E
Como y
−x √ −y √ x
∂M xy ∂N xy
eu
x2 +y 2 x2 +y 2
= =− 2 e = =− ,
∂y x2 + y2 (x + y 2 )3/2 ∂x x2 + y2 (x2 + y 2 )3/2
br
vemos que
A
∂M ∂N
= .
il
∂y ∂x
am
∂f ∂f
of
=M e =N
∂x ∂y
Pr
g 0 (y) = 0.
1
O leitor pode encontrar uma bela introdução ao tema em “H. Flanders, Differential Forms with Applications to
the Physical Sciences, Dover, 1989”.
6.4 Exercı́cios 47
x 2 + y 2 = c2 (c 6= 0).
dy x
=− .
dx y
dz 1
x +z =− ,
dx z
dz z2 + 1
19
x =− ,
dx z
20
z dz dx
S/
2
=− ,
z +1 x -2
1
log(z 2 + 1) = − log |x| + C,
2
D
c
z 2 + 1 = 2 (c = e2C > 0),
-E
x
2
y c
eu
2
+ 1 = 2,
x x
br
y 2 + x2 = c.
A
il
4
am
.J
6.4 Exercı́cios
of
Pr
(a) x dx + y dy = 0;
(b) y dx + x dy = 0;
(c) −y dx + x dy = 0;
(d) (1 + y) dx + (1 − x) dy = 0;
2
(e) y dx + x + dy = 0;
y
(f) sen x tg y dx + cos x sec2 y dy = 0;
(g) (y − x3 ) dx + (x + y 3 ) dy = 0;
(h) (y + y cos xy) dx + (x + x cos xy) dy = 0;
1 x x x
(i) − sen dx + 2 sen dy = 0;
y y y y
(j) (x log y + xy) dx + (y log x + xy) dy = 0.
48 Equações exatas
Note que esta equação tem algo em comum com as equações dos Exercı́cios 1(c) e 2 (o quê?).
Porém, das três equações, apenas uma delas é exata.
19
20
Respostas
S/
1. (a) x2 + y 2 = c (c > 0); -2
(b) xy = c;
D
-E
(e) xy + log y 2 = c;
A br
(g) 4xy − x4 + y 4 = c;
am
(h) xy + sen xy = c;
.J
x x
(i) cos = c ou = c;
of
y y
Pr
2. y = cx, c 6= 0.
Aula 7
Fatores integrantes
7.1 Introdução
Ao trabalhar sobre o conteúdo da Aula 6, você pode ter pensado que equações exatas não deveriam
19
merecer tanto nossa atenção, uma vez que a condição para que a equação
20
S/
M dx + N dy = 0 -2 (7.1)
D
seja exata, a saber,
-E
∂M ∂N
= ,
∂y ∂x
eu
br
raramente ocorrerá na prática, pois depende de um “balanço” perfeito nos coeficientes da equação.
A
Essa intuição está correta; não há por que pensar que, com frequência, equações advindas de
modelos fı́sicos, por exemplo, deveriam ser exatas. A razão pela qual equações exatas e seu processo
il
am
de solução merecem nossa atenção é que muitas equações, emboram não exatas, podem se tornar
exatas por um processo que preserva as soluções da equação original.
.J
of
y dx + (x2 y − x) dy = 0.
y 1
dx + y − dy = 0,
x2 x
que é exata. 4
Sob que condições uma equação da forma (7.1) pode se tornar exata por um processo análogo ao
do Exemplo 7.1. Em outras palavras, sob que condições existe uma função µ = µ(x, y) tal que
é exata?
50 Fatores integrantes
19
20
logo
M (x, φ(x))
S/
φ0 (x) = − .
N (x, φ(x)) -2
Comparando as duas expressões para φ0 (x), vemos que
D
∂f
-E
(x, φ(x))
∂y
br
Como a identidade acima vale para todo x e toda solução particular, podemos concluir que ela vale
A
∂f /∂x ∂f /∂y
µ= = .
.J
M N
Então,
of
∂f ∂f
Pr
= µM e = µN.
∂x ∂y
Resulta que, com este µ, a Eq. (7.2) é exata.
Assim, se a Eq. (7.1) tem uma solução geral então ela admite ao menos um fator integrante. Na
observação abaixo, mostramos que, na verdade, se existe um fator integrante então existem infinitos!
Observação 7.2. Com f e µ tais como acima, considere uma função real F = F (t). Se
Z
def
Φ = F (t) dt
Segue daı́ que µF (f ) = µ(x, y)F (f (x, y)) é também um fator integrante para a Eq. (7.1). ♦
Como encontrar fatores integrantes na prática? Note que µ é um fator integrante para (7.1) se e
somente se
∂(µM ) ∂(µN )
= ,
∂y ∂x
∂µ ∂M ∂µ ∂N
M +µ = N +µ ,
∂y ∂y ∂x ∂x
∂µ ∂µ ∂M ∂N
N− M =µ − . (7.3)
∂x ∂y ∂y ∂x
Esta é uma equação diferencial parcial, a princı́pio, mais complicada que o problema original que
queremos resolver.
Entretanto, suponha que µ seja uma função apenas de x. Nesse caso,
dµ ∂M ∂N
N =µ − ,
dx ∂y ∂x
19
∂M ∂N
20
−
1 dµ ∂y ∂x
S/
= . (7.4)
µ dx N -2
Agora, como o lado esquerdo é uma função apenas de x, o lado direito será também uma função
D
apenas de x; escreva
-E
∂M ∂N
−
∂y ∂x
eu
g(x) = .
N
br
Então,
A
1 dµ
il
= g(x),
am
µ dx
dµ
.J
= g(x) dx,
µ
of
Z
Pr
Revertendo os argumentos acima, vemos que se o lado direito em (7.4) é uma função apenas de
x, digamos g(x), então R
µ = e g(x) dx
(escolhemos o sinal “+” por simplicidade) é uma função apenas de x que satisfaz a Eq. (7.4) e, por
conseguinte, também a Eq. (7.3), sendo, portanto, um fator integrante para a Eq. (7.1).
Exemplo 7.3. Voltando ao Exemplo 7.1, note que
∂M ∂N
−
∂y ∂x 1 − (2xy − 1) −2(xy − 1) 2
= 2
= =− .
N x y−x x(xy − 1) x
Logo, R
µ=e (−2/x) dx
= e−2 ln |x| = x−2
é um fator integrante. Este é precisamente o fator integrante que usamos naquela ocasião. 4
52 Fatores integrantes
19
Em particular, se g = g(x, y) é uma outra função de duas variáveis então
20
df = dg ⇐⇒ d(f − g) = 0 ⇐⇒ f (x, y) = g(x, y) + c.
S/
A ideia central do método é reescrever a equação diferencial na forma de uma identidade entre duas
-2
diferenciais exatas.
D
Para ilustrá-la, retornemos ao Exemplo 7.1 e reescreva a equação diferencial lá considerada na
-E
forma
x2 y dy = x dy − y dx.
eu
Observando que
br
y y 1
A
d =− 2
dx + dy
x x x
il
x dy − y dx
am
= ,
x2
.J
x dy − y dx
y dy = ,
Pr
x2
y2 y
d =d ,
2 x
y2 y
= + c.
2 x
É evidente que esta técnica será útil somente se formos capazes de reescrever as equações (tal como
se apresentam) de forma que certas diferenciais possam ser reconhecidas. As seguintes diferenciais
aparecem frequentemente:
x y dx − x dy
d = , (7.5)
y y2
d(xy) = x dy + y dx, (7.6)
2 2
d(x + y ) = 2(x dx + y dy), (7.7)
x y dx − x dy
d arctg = , (7.8)
y x2 + y 2
x y dx − x dy
d ln = . (7.9)
y xy
7.3 Integração via diferenciais exatas 53
Observe, em particular, que y dx−x dy admite 1/x2 , 1/y 2 , 1/(x2 +y 2 ) e 1/xy como fatores integrantes,
em concordância com o que mostramos anteriormente (que se há um fator integrante então há vários).
No presente contexto, o exposto na Observação 7.2 é também muito útil, a saber, que se µ é um
fator integrante para M dx + N dy, digamos
e F = F (t) é uma função real então µF (f ) é também um fator integrante para M dx + N dy e, mais
precisamente,
Z
µF (f )(M dx + N dy) = d F (f ) df .
√
Por exemplo, se F (t) = 1/(2 t) então, por (7.7),
x dx + y dy
19
p
p = 2F (x2 + y 2 )(x dx + y dy) = d( x2 + y 2 ).
x2 + y 2
20
S/
Em particular, obtemos a identidade -2
D
d(x2 + y 2 )
-E
p
p = d( x2 + y 2 ). (7.10)
2 x2 + y 2
eu
br
Exemplo 7.4. Ache o formato de um espelho curvo de modo que raios emitidos de um ponto comum
A
Solução. Por simetria, o espelho terá o formato de uma superfı́cie de revolução gerada pela curva
am
Figura 7.1: Curva geratriz de um espelho que reflete raios paralelos ao eixo-x.
temos que
dy
y 2
= dx
dy 2 ,
x
1−
dx
y y dy 2
dy
− =2 ,
x x dx dx
y dy 2 dy y
+ 2 − = 0,
x dx dx x r
4y 2
dy −2 ± 4+
= x2
dx 2y
x p
x −|x| ± x2 + y 2
= · .
|x| y
19
Como |x| = x se x > 0 e |x| = −x se x < 0, vemos que, em qualquer caso,
20
S/
p
dy −x ± x2 + y 2 -2
= .
dx y
D
(Convença-se de que cada um dos sinais “+” e “−” correponde a um sentido horizontal para o qual
-E
p
x dx + y dy = ± x2 + y 2 dx,
br
d(x2 + y 2 )
A
± p = dx (por (7.7)),
2 x2 + y 2
il
am
p
±d( x2 + y 2 ) = dx (por (7.10)),
.J
p
± x2 + y 2 = x + c,
of
x2 + y 2 = (x + c)2 ,
Pr
= x2 + 2xc + c2 ,
y 2 = 2cx + c2 .
Esta é a equação de uma famı́lia de parábolas com foco na origem e vértice em (−c/2, 0). Em cursos
de Cálculo, é comum mostrar-se que parábolas gozam desta propriedade focal. A conclusão aqui é a
recı́proca, isto é, que parábolas são as únicas curvas com esta propriedade. 4
7.4 Exercı́cios
1. Mostre que se
∂M/∂y − ∂N/∂x
Ny − Mx
é uma função g(z) da variável z = xy então
R
g(z) dz
µ=e
3. Mostre que se
∂M/∂y − ∂N/∂x
N −M
é uma função g(z) da variável z = x + y então M dx + N dy = 0 tem um fator integrante que
é uma função de x + y.
19
20
5. Resolva as equações abaixo.
S/
(a) x dy − y dx = (1 + y 2 ) dy; -2
(b) y dx − x dy = xy 3 dy;
D
(d) (y + x) dy = (y − x) dx;
eu
(e) x dy = (y + x2 + 9y 2 ) dx;
A br
(f) (2xy 2 − y) dx + x dy = 0;
y
il
x
.J
Respostas
of
Pr
∂µ ∂µ
1. Mostre que = µg(xy)y e = µg(xy)x e então mostre que a Eq. (7.3) é satisfeita.
∂x ∂y
1 2
2. (a) µ = , y + 3x2 = cx;
x2
1 y2
(b) µ = , xy − ln x − = c;
x 2
1 1 3y 2
(c) µ = 3 3 , − 2 2 + = c;
xy 2x y 2
(d) µ = xex , x2 ex sen y = c;
(e) µ = exy , exy (x + y) = c.
3. Análogo ao Exercı́cio 1.
4.
x 1
5. (a) − = − + y + c;
y y
56 Fatores integrantes
x y3
(b) log = + c;
y 3
x x4
(c) arctg = − + c;
y 4
p x
(d) log x2 + y 2 = arctg + c;
y
3y
(e) arctg = 3x + c;
x
x
(f) y= 2 ;
x +c
(g) xy + x cos x = sen x + c.
19
20
S/
-2
D
-E
eu
Abr
il
am
.J
of
Pr
Aula 8
8.1 Introdução
19
Uma equação diferencial é dita linear quando a derivada de ordem mais alta na equação é uma
20
função linear das derivadas de ordens mais baixas. Assim, uma equação diferencial linear de primeira
S/
ordem tem a forma geral
dy
-2
= p(x)y + q(x) (8.1)
dx
D
-E
onde p e q são funções apenas da variável x. Uma equação diferencial linear de segunda ordem tem
a forma geral
eu
d2 y dy
br
dx 2 dx
il
Esta aula se divide em duas partes. Na primeira, vamos tratar das equações lineares de primeira
.J
ordem. Na segunda, vamos considerar duas técnicas de redução de ordem através das quais equações
of
de segunda ordem podem ser reduzidas a equações de primeira ordem. Equações de segunda ordem
Pr
dy
+ P (x)y = Q(x). (8.2)
dx
d R P (x) dx R dy R
e y = e P (x) dx + e P (x) dx P (x)y
dx dx
R dy
= e P (x) dx + P (x)y .
dx
58 Equações lineares e redução de ordem
R
P
Assim, multiplicando a Eq. (8.2) por e , temos
R dy R
P (x) dx
e + P (x)y = e P (x) dx Q(x),
dx
d R P (x) dx R
e y = e P (x) dx Q(x), (8.3)
dx Z R
R
P (x) dx
e y = e P (x) dx Q(x) dx + C,
R Z R
− P (x) dx
y=e e P (x) dx Q(x) dx + C . (8.4)
Esta é a solução geral da Eq. (8.2). Na prática, é mais vantajoso memorizar a Eq. (8.3) do que a
Eq. (8.4). Se memorizar a Eq. (8.3) ainda for um problema para você,R basta lembrar o processo
através do qual esta identidade é obtida, a saber, multiplique (8.2) por e P (x) dx e integre.
19
dy
x + y = 3x2 .
20
dx
S/
Solução. Dividindo ambos os lados por x, obtemos -2
dy 1
D
+ y = 3x,
dx x
-E
que é uma equação da forma (8.2), com P (x) = 1/x e Q(x) = 3x. Como
eu
Z Z
dx
br
R
P (x) dx = = ln x e e P (x) dx = eln x = x,
A
x
il
(verifique que acrescentar uma constante de integração a ln x não altera a solução geral) segue de
am
d
of
(xy) = 3x2 ,
dx
Pr
xy = x3 + C,
C
y = x2 + .
x
4
R
O leitor crı́tico poderá indagar de onde veio o misterioso fator e P (x) dx no processo de solução
da equação linear (8.2). Ocorre que este termo é precisamente um fator integrante para a Eq. (8.2);
para ver isto, escreva esta equação na forma diferencial
isto é,
[P (x)y − Q(x)] dx + dy = 0. (8.5)
Pondo M (x, y) = P (x)y − Q(x) e N (x, y) = 1, vemos que
∂M/∂y − ∂N/∂x
= P (x)
N
8.2 Equações diferenciais lineares de primeira ordem 59
R
é uma função apenas de x, portanto µ = e P (x) dx é um fator integrante para (8.5), conforme vimos
na Aula 7. Em outras palavras, a equação
R
e P (x) dx (P (x)y − Q(x)) dx + dy = 0
19
1. como equação exata;
20
2. como equação linear.
S/
Solução. 1. As diferenciais em ambos os lados são claramente exatas, pois
-2
d(y + x2 y) = 2xy dx + (1 + x2 ) dy,
D
cos x
-E
y + x2 y = log | sen x| + c.
il
am
dy 2x cotg x
+ y = .
dx 1 + x2 1 + x2
of
Pr
= log | sen x| + c.
4
60 Equações lineares e redução de ordem
19
20
Solução. Esta é uma equação do tipo (I). Introduzindo p = y 0 , temos que y 00 = dp/dx, logo a
S/
equação dada equivale a
dp dp 1 -2
x − p = 3x2 , ou − p = 3x.
dx dx x
D
A equação acima é linear. Resolvendo-a pelo método da Seção 8.2, obtemos
-E
dy
( =) p = 3x2 + c1 x,
dx
eu
br
logo
c1 2
y = x3 +
A
x + c2 .
2
il
4
am
y 00 + k 2 y = 0. (8.6)
of
Pr
Solução. Esta é uma equação do tipo (II). Introduzindo p = y 0 , temos que y 00 = p(dp/dy), logo a
equação dada equivale a
dp
p + k 2 y = 0, ou p dp + k 2 y dy = 0.
dy
Analogamente à fórmula diferencial (7.7), temos que
d(p2 + k 2 y 2 ) = 2(p dp + k 2 y dy).
Logo, a equação diferencial dada é equivalente a
def
p2 + k 2 y 2 = constante (= k 2 a2 ),
dy p
( =) p = ±k a2 − y 2 ,
dx
dy
p = ±k dx,
a2 − y 2
y
arcsen = ±kx + b (b real),
a
y = a sen(±kx + b).
8.4 Exercı́cios 61
8.4 Exercı́cios
1. Conclua o argumento do parágrafo seguinte ao Exemplo 8.1, mostrando que a solução da Eq.
(8.5), via fator integrante, é dada por (8.4).
2. Resolva as seguintes equações lineares:
dy dy
19
(a) x − 3y = x4 ; (d) + y = 2xe−x + x2 ;
dx dx
20
dy 1 dy
(b) +y = ;
S/
dx 1 + e2x (e) (x log x) + y = 3x3 ;
-2 dx
dy
(c) + y = 2xe−x ; (f) (y − 2xy − x2 ) dx + x2 dy = 0.
dx
D
-E
3. A equação
dy
+ P (x)y = Q(x)y n
eu
dx
br
(a) xy 0 + y = x4 y 3 ;
.J
(b) x2 y 0 + 2xy = y 3 ;
of
(c) xy 2 y 0 + y 3 = x cos x;
Pr
(d) x dy + y dx = xy 2 dx;
(e) y 0 = ry − ky 2 , r, k > 0.
4. A notação dy/dx sugere que x é a variável independente e y é a variável dependente. Às vezes, é
conveniente inverter esta percepção e considerar a derivada dx/dy. Use esta ideia para resolver
as seguintes equações:
5. A fórmula R Z R
− P dx P dx
y=e Qe dx + c
nos diz que a solução geral da equação linear de primeira ordem y 0 + P (x)y = Q(x) é uma
famı́lia de curvas da forma
y = cf (x) + g(x).
Mostre, reciprocamente, que a equação diferencial de uma tal famı́lia é linear.
62 Equações lineares e redução de ordem
(a) yy 00 + (y 0 )2 = 0;
(b) xy 00 = y 0 + (y 0 )3 ;
(c) y 00 − k 2 y = 0;
(d) x2 y 00 = 2xy 0 + (y 0 )2 ;
(e) 2yy 00 = 1 + (y 0 )2 ;
(f) yy 00 − (y 0 )2 = 0;
(g) xy 00 + y 0 = 4x.
(a) y 00 = 1 + (y 0 )2 ;
(b) y 00 + (y 0 )2 = 1.
19
20
Respostas
S/
1.
-2
D
2. (a) y = x4 + c|x|3 ;
-E
(f) y = x2 (1 + ce1/x ).
.J
dz
3. + (1 − n)P (x)z = (1 − n)Q(x);
of
dx
Pr
4. (a) xy 2 = ey + c;
(b) x = yey + cy.
5.
6. (a) y 2 = c1 x + c2 ;
(b) x2 + (y − c2 )2 = c21 ;
(c) y = c1 ekx + c2 e−kx ;
8.4 Exercı́cios 63
7. (a) y = − log[cos(x + c1 )] + c2 ;
(b) y = log(c1 ex + e−x ) + c2 .
19
20
S/
-2
D
-E
eu
Abr
il
am
.J
of
Pr
64 Equações lineares e redução de ordem
19
20
S/
-2
D
-E
eu
Abr
il
am
.J
of
Pr
Aula 9
9.1 Introdução
19
20
Nesta aula começamos o estudo das equações lineares de segunda ordem. O leitor perceberá
S/
que, diferentemente dos métodos trabalhados anteriormente para equações de primeira ordem, o
-2
qual consiste preponderantemente de “truques” convenientes para cada caso, a teoria das equações
lineares de segunda ordem segue uma estrutura coerente baseada em princı́pios simples e gerais.
D
d2 y dy
+ P (x) + Q(x)y = R(x) (9.1)
eu
dx 2 dx
br
onde P , Q e R são funções apenas da variável x. Em geral, uma tal equação não admite solução
A
explı́cita em termos de funções elementares, caso em que suas soluções são produzidas por apro-
il
ximação; isto será objeto de estudo mais a frente no curso, quando trataremos das soluções em
am
séries. Por hora, o seguinte teorema garantirá que as equações apresentadas sempre admitem soluções,
.J
Teorema 9.1. Sejam P , Q e R funções contı́nuas num intervalo fechado [a, b]. Se x0 ∈ [a, b] e se
Pr
y0 e y00 são números reais quaisquer então a Eq. (9.1) possui uma e somente uma solução y = φ(x)
definida em todo o intervalo [a, b] e tal que φ(x0 ) = y0 e φ0 (x0 ) = y00 .
Assim, sob as condições em P , Q e R descritas no teorema, para qualquer ponto x0 ∈ [a, b],
uma única solução y = φ(x) existe definida em [a, b] e satisfazendo condições iniciais φ(x0 ) e φ0 (x0 )
previamente designadas em x0 . Dito de outra forma, por qualquer ponto (x0 , y0 ) passa uma única
solução definida em [a, b] e com inclinação y00 dada a priori.
Exemplo 9.2. Ache a solução do problema de valor inicial (PVI)
y 00 + y = 0, y(0) = 0 e y 0 (0) = 1.
y 00 + y = 0, y(0) = 1 e y 0 (0) = 0.
66 Introdução às equações lineares de segunda ordem
Como as funções seno e cosseno são os ingredientes fundamentais de toda a trigonometria, po-
demos dizer que a trigonometria está “essencialmente codificada” nos dois PVIs acima. Esta ideia
vaga será melhor explorada mais a frente no curso. 4
Encerrando esta seção, vale dizer que o problema de achar uma solução φ da Eq. (9.1) satisfazendo
condições iniciais φ(x0 ) = y0 e φ(x1 ) = y1 , onde x0 e x1 são pontos distintos em [a, b], é o que se
denomina problema de valor de contorno; esse tipo de problema não será tratado neste curso.
19
relação à equação reduzida, a equação não homogênea dada é a equação completa. O uso desta
20
terminologia ficará natural com o tempo.
S/
A estrutura das soluções da Eq. (9.1) está intimamente conectada à estrutura das soluções de
-2
sua equação reduzida associada. É esperado que a solução geral de uma equação de segunda ordem
dependa de dois parâmetros, pois duas integrações são necessárias para sua resolução. Se yp é uma
D
-E
solução particular da Eq. (9.1) e y é uma solução qualquer de (9.1) então y − yp é solução da equação
reduzida associada, pois
eu
Portanto, se yg (·, c1 , c2 ) a solução geral da equação reduzida associada então constantes c1 e c2 existem
am
concluı́mos que yp + yg (·, c1 , c2 ) descreve a solução geral da Eq. (9.1). Resumindo, temos o seguinte.
of
yg (·, c1 , c2 ) + yp ,
onde yg (·, c1 , c2 ) é a solução geral da equação reduzida associada e yp é uma solução particular de
(9.1).
Veremos mais adiante um procedimento que permite obter yp a partir de yg = yg (·, c1 , c2 ). Assim,
determinar yg é um problema fundamental e vamos dedicar um tempo em desenvolver métodos para se
determinar soluções gerais de equações homogêneas da forma (9.2). Um fato elementar, consequência
imediata da linearidade da derivada, é que se y1 e y2 são soluções de (9.2) então c1 y1 + c2 y2 também
é; na linguagem da Álgebra Linear, combinações lineares de soluções são soluções. Note também
que y = 0 é uma solução trivial da equação homogênea. Será que se y1 e y2 são soluções não triviais
de (9.2) então c1 y1 + c2 y2 é a solução geral? Em geral, não! (Por quê?) Mas isto é válido se y1 e y2
são linearmente independentes, isto é, não são múltiplas uma da outra.
Teorema 9.4. Se y1 e y2 são soluções linearmente independentes de (9.2) num intervalo [a, b] então
c1 y1 + c2 y2 (9.3)
é a solução geral de (9.2) em [a, b], no sentido de que toda solução de (9.2) nesse intervalo pode ser
obtida de (9.3) por escolhas apropriadas das constantes c1 e c2 .
9.3 Exercı́cios 67
Demonstraremos esse resultado na próxima aula. À luz desse resultado, consideremos os seguintes
exemplos.
a qual deve ser válida para todo x. Dividindo por xn , devemos ter
19
20
n(n − 1) + 2n − 2 = 0,
S/
n2 − n − 2 = 0, -2
n = −2, ou n = 1.
D
solução geral é
eu
y = c1 x−2 + c2 x.
br
4
A
9.3 Exercı́cios
of
Pr
Nos problemas a seguir, suponha válido o Teorema 9.4, segundo o qual se y1 e y2 são soluções de
1. Considere a equação
xy 00 − y 0 = 3x2 .
3. Considere a equação
y 00 − y 0 − 2y = 4x.
4. Use ansatz (ou, tentativa e erro) para achar uma solução particular das seguintes equações:
(a) x3 y 00 + x2 y 0 + xy = 1;
(b) y 00 − 2y 0 = 6 [e se fosse a equação y 00 − 2y 0 + 3y = 6?];
(c) y 00 + 2y 0 + 3y = x;
19
(d) y 00 + 4y 0 − 5y = x2 ;
20
(e) y 00 − 2y = sen x.
S/
(f) y 00 + y 0 − 3y = cos 2x. -2
5. Use ansatz para achar soluções gerais das equações reduzidas e soluções particulares das
D
(a) y 00 = ex ;
eu
(b) y 00 − 2y 0 = 4;
Abr
(c) y 00 − y = sen x;
il
(d) (x − 1)y 00 − xy 0 + y = 0;
am
(e) y 00 + 2y 0 = 6ex .
.J
(a) y = c1 x + c2 x2 ;
(b) y = c1 ekx + c2 e−kx ;
(c) y = c1 sen kx + c2 cos kx;
(d) y = c1 x + c2 sen x;
(e) y = c1 x + c2 cos x;
(f) y = c1 er1 x + c2 er2 x ;
(g) y = c1 ex + c2 xex ;
(h) y = c1 x + c2 x−1 .
e que ambas satisfazem y(0) = 0 e y 0 (0) = 0. Isto contradiz o teorema de existência e unicidade?
Justifique.
9.3 Exercı́cios 69
8. Se uma solução y da equação (9.4) tem inclinação constante num intervalo [a, b] e Q(x) 6= 0
para todo x ∈ [a, b] então
9. Se existe uma solução y > 0 da equação (9.4) que satisfaz y 00 > 0 num intervalo [a, b] contendo
um ponto x0 e, além disso, y(x0 ) = y0 e P (x) > 0 para todo x ∈ [a, b], então
Rx Q(x)
− x0 P (x) dx
y(x) 6 y0 e .
Respostas
1 2 8 42
4. (a) y = 1/(2x); (d) y = − 25 x − 25
x − 125
;
(b) y = −3x [y = 2]; (e) y = − 13 sen x;
(c) y = 31 x − 32 ; (f) y = 2
sen 2x − 7
cos 2x.
19
53 53
20
5. (a) y = c1 x + c2 + ex ; (d) y = c1 x + c2 ex ;
S/
(b) y = c1 + c2 e2x − 2x; -2
(c) y = c1 ex + c2 e−x − 12 sen x; (e) y = c1 + c2 e−2x + 2ex .
D
(c) y 00 + k 2 y = 0; (g) y 00 − 2y 0 + y = 0;
br
19
20
S/
-2
D
-E
eu
A br
il
am
.J
of
Pr
Aula 10
10.1 Introdução
Você deve se lembrar, de seu curso em Álgebra Linear, do conceito de dependência linear. Num
19
espaço vetorial, um número finitos de vetores v1 , . . . , vn é dito linearmente dependente se existem
20
constantes c1 , . . . , cn , não todas iguais a zero, tais que
S/
c1 v1 + · · · + cn vn = 0.
-2
Caso contrário, os vetores são ditos linearmente independentes; isto significa que a identidade acima
D
quando c1 v1 + c2 v2 = 0 para certas constantes c1 e c2 , não ambas iguais a zero. Se, digamos, c1 6= 0,
então v1 = (−c2 /c1 )v2 , isto é, v1 é múltiplo de v2 . Reciprocamente, se v1 é múltiplo de v2 , digamos
eu
v1 = av2 para algum escalar a, então 1v1 − av2 = 0, logo v1 e v2 são linearmente dependentes.
br
Vale observar ainda que qualquer conjunto contendo o vetor nulo (do espaço vetorial em questão) é
A
linearmente dependente.
il
Como conjuntos de funções, por exemplo, o conjunto das funções contı́nuas num intervalo [a, b], ou
am
o conjunto das funções diferenciáveis num intervalo [a, b], ou o conjunto das soluções de uma equação
.J
diferencial linear homogênea, dentre muitos outros, são espaços vetoriais, é razoável empregar esta
terminologia no contexto das soluções de equações diferenciais. Assim, duas funções f e g são
of
linearmente dependentes quando uma delas é múltipla da outra (digamos, f é múltipla de g), ou
Pr
seja, para alguma constante a, f (x) = ag(x) para todo x. Ao contrário, f e g são linearmente
independentes quando, nem f é múltiplo de g, nem g é múltiplo de f ; a primeira dessas condições
significa que para toda constante a, f (x0 ) 6= ag(x0 ) para algum x0 e analogamente para a segunda
condição.
Esta aula é dedicada a demonstrar e aplicar o Teorema 9.4, que reenunciamos para a conveniência
do leitor.
Teorema 10.1. Se P e Q são funções contı́nuas num intervalo [a, b] e se y1 e y2 são soluções
linearmente independentes de
y 00 + P (x)y 0 + Q(x)y = 0 (10.1)
no intervalo [a, b] então
c1 y 1 + c2 y 2 (10.2)
é a solução geral de (10.1) em [a, b], no sentido de que toda solução de (10.1) nesse intervalo pode
ser obtida de (10.2) por escolhas apropriadas das constantes c1 e c2 .
Se y é uma solução de (10.1) então, pelo Teorema 9.1, existem constantes c1 e c2 tais que
y(x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x)
72 Solução de uma equação homogênea
19
O Wronskiano pode, a princı́pio, ser definido para quaisquer pares de funções f e g pela mesma
fórmula, a saber
20
W (f, g)(x) = f (x)g 0 (x) − f 0 (x)g(x).
S/
Note que -2
g 0 f − gf 0
g 0 W (f, g)
= = .
D
f f 2 f2
-E
Quando f e g são soluções de uma equação diferencial para a qual se tem unicidade de solução,
pode-se estabelecer conexões entre os zeros de W (f, g) e a dependência linear de f e g. Essa conexão
eu
Pela discussão na seção anterior, é claro que a demonstração do Teorema 10.1 segue do seguinte
.J
lema.
of
Pr
Lema 10.2. Se P e Q são funções contı́nuas num intervalo [a, b] e se y1 e y2 são soluções da Eq.
(10.1) em [a, b] então y1 e y2 são linearmente dependentes se e somente se o Wronskiano W (y1 , y2 )
é identicamente nulo.
Demonstração. Se y1 e y2 são linearmente dependentes então um deles é múltiplo do outro; digamos
que y1 = ky2 para alguma constante k. Então
W (y1 , y2 ) = y1 y20 − y10 y2 = (ky2 )y20 − k(y20 )y2 = 0.
(Note que esta implicação é válida ainda que y1 e y2 não sejam soluções de (10.1).)
Por outro lado, suponha que y1 e y2 sejam soluções de (10.1) e que W (y1 , y2 ) seja identicamente
nulo. Se y1 é identicamente nulo então é claro que y1 e y2 são linearmente dependentes. Se y1 (x0 ) 6= 0
para algum x0 ∈ [a, b] então, por continuidade, y1 (x) 6= 0 para todo x num subintervalo [c, d] ⊂ [a, b]
contendo x0 . Assim, em [c, d],
y 0 W (y , y )
2 1 2
= = 0.
y1 y12
Logo, para alguma constante k, y2 /y1 = k em [c, d], isto é, y2 (x) = ky1 (x) para todo x ∈ [c, d].
Em particular, y20 (x) = ky10 (x) para todo x ∈ [c, d]. Pelo Teorema 9.1, y2 (x) = ky1 (x) para todo
x ∈ [a, b].
10.2 Demonstração do Teorema 10.1 73
Exemplo 10.3. Mostre que y = c1 sen x+c2 cos x é a solução geral de y 00 +y = 0 em qualquer intervalo.
Ache a solução particular y tal que y(0) = 2 e y 0 (0) = 3.
Solução. É claro que sen x e cos x são soluções de y 00 + y = 0. Como sen x/ cos x = tg x não é
constante, sen x e cos x são linearmente independentes. Isto também pode ser inferido pelo fato de
que o Wronskiano de ambas as soluções não é identidade nulo; de fato,
sen x cos x
W (sen x, cos x) = = − sen2 x − cos2 x = −2.
cos x − sen x
Como P (x) = 0 e Q(x) = 1 são contı́nuas em toda a reta, a solução geral y = c1 sen x + c2 cos x é
válida em toda a reta.
Quanto à solução particular solicitada, como y 0 = c1 cos x − c2 sen x, das condições y(0) = 2 e
0
y (0) = 3 devemos ter
c1 sen 0 + c2 cos 0 = 2,
c1 cos 0 − c2 sen 0 = 3.
19
Logo, c1 = 3 e c2 = 2; portanto y = 3 sen x + 2 cos x. 4
20
S/
Exemplo 10.4. Mostre que a solução geral da equação y 00 − 3y 0 + 2y = 0, em qualquer intervalo, é
c1 ex + c2 e2x . Determine a solução particular que satisfaz y(0) = −1 e y 0 (0) = 1.
-2
Solução. É fácil ver que ex e e2x são soluções da equação (verifique). Como ex /e2x = e−x não é
D
constante, ex e e2x são linearmente independentes. Isto também pode ser inferido pelo fato de que o
-E
x
2x
x 2x
e e
W (e , e ) = x = e3x .
br
e 2e2x
A
Como P (x) = −3 e Q(x) = 2 são contı́nuas em toda a reta, a solução geral y = c1 ex + c2 e2x é válida
il
am
em toda a reta.
Quanto à solução particular solicitada, como y 0 = c1 ex +2e2x , das condições y(0) = −1 e y 0 (0) = 1
.J
devemos ter
of
Pr
c1 + c2 = −1,
c1 + 2c2 = 1.
19
y100 + P (x)y10 + Q(x)y1 = 0 e y200 + P (x)y20 + Q(x)y2 = 0.
20
S/
Multiplicando a primeira por y2 , a segunda por y1 e subtraindo os resultados, obtemos
-2
y1 y200 − y100 y2 + P (x)(y1 y20 − y10 y2 ) = 0
D
-E
ou seja,
dW
+ P (x)W = 0.
eu
dx
br
R
W = ce− P dx
.
il
10.3 Exercı́cios
of
Pr
Nos exercı́cios abaixo, verifique independência linear usando o Wronskiano e também olhando a
razão entre as funções.
2. Mostre que a solução geral da equação x2 y 00 − 2xy 0 + 2y = 0, em qualquer intervalo que não
contenha a origem, é c1 x + c2 x2 . Determine a solução particular que satisfaz y(1) = 3 e
y 0 (1) = 5.
4. Mostre que a solução geral da equação y 00 −4y 0 +4y = 0, em qualquer intervalo, é c1 e2x +c2 xe2x .
Determine a solução particular que satisfaz y(0) = 2 e y 0 (0) = −1.
6. Em cada um dos itens abaixo, verifique que y1 e y2 são soluções linearmente independentes da
equação dada num intervalo [a, b] contendo os pontos indicados e ache a solução particular com
condições iniciais dadas nestes pontos.
y = c1 er1 x + c2 er2 x
r1 y0 − y00 r1 x r2 y0 − y00 r2 x
y= e − e .
19
r1 − r2 r1 − r2
20
S/
8. Mostre que duas soluções da Eq. (10.1) num intervalo [a, b] são linearmente dependentes em
qualquer das circunstâncias abaixo: -2
D
(a) ambas têm uma mesma raiz x0 em [a, b];
-E
Observação. Uma raiz de uma função f é um ponto x0 tal que f (x0 ) = 0. Um ponto crı́tico
br
10. (a) Mostre que y1 = sen x e y2 = cos x são soluções linearmente independentes de y 00 + y = 0.
(b) Mostre que y1 = sen x + cos x e y2 = sen x − cos x são soluções linearmente independentes
de y 00 + y = 0.
(c) Assim, pares de soluções y1 e y2 linearmente independentes da Eq. (10.1) não são uni-
camente determinados pela equação. Por outro lado, mostre que se y1 e y2 são soluções
linearmente independentes da Eq. (10.1) então
12. (a) Mostre que a substituição y = uv transforma, por uma escolha apropriada de u, a Eq.
(10.1) numa equação diferencial de segunda ordem para v que não contém v 0 .
(b) Use o método do item (a) para resolver a equação y 00 + 2xy 0 + (1 + x2 )y = 0.
(c) Use o método do item (a) para resolver a equação 4x2 y 00 + 4xy 0 − y = 0.
Respostas
1. y = c1 ex + c2 e−x .
2. y = x + 2x2 .
3. y = − 51 e−3x + 15 e2x .
19
20
4. y = 2e2x − 5xe2x .
S/
5. y1 = x2 e y2 = x−1 ; y = 3x2 − 2x−1 . -2
6. (a) y = 2ex + 3e−2x ; (c) y = 4e−2x − 3e−3x ;
D
-E
1 2 /2
R
12. (a) u = e− 2 P dx
e v 00 + (−P 0 /2 − P 2 /4 + (b) y = (c1 x + c2 )e−x ;
il
11.1 Introdução
Vimos na Aula 10 como é fácil escrever a solução geral da equação
19
y 00 + P (x)y 0 + Q(x)y = 0.
20
(11.1)
S/
De fato, se y1 e y2 são duas soluções linearmente independentes, então a solução geral é
-2
y = c1 y1 + c2 y2 (c1 , c2 constantes arbitrárias).
D
-E
Mas, afinal, dada uma equação da forma (11.1), como achar y1 e y2 ? Não há um método geral que
funcione em todos os casos. Veremos que isso é possı́vel em alguns casos; por exemplo, quando P e
eu
Em geral, porém, há um método que permite determinar y2 a partir de uma solução y1 já conhe-
A
cida; este será o assunto da Seção 11.2. Uma primeira solução y1 , por sua vez, pode ser obtida por
il
Suponha que y1 seja uma solução conhecida da Eq. (11.1). Para determinar uma segunda solução
independente y2 , comece observando que y2 /y1 = v deve ser uma função não constante. A ideia,
então, é escrever
y2 = vy1
e tentar determinar v de modo que y2 seja solução. Não é claro, a priori, que isto deveria funcionar,
mas funciona!
Assim, suponha que y1 seja uma solução conhecida da Eq. (11.1). Se y2 = vy1 deve ser solução,
para alguma função v, então
y200 + P (x)y20 + Q(x)y2 = 0.
As derivadas primeira e segunda de y2 , em termos das derivadas de v e de y1 , são
y20 = v 0 y1 + vy10
ou seja,
v 00 y1 + v 0 (2y10 + P (x)y1 ) + v (y100 + P (x)y10 + Q(x)y1 ) = 0.
| {z }
=0
Logo,
v 00 y1 = −v 0 (2y10 + P (x)y1 ),
v 00 y10
= −2 − P (x),
v0 y1
Z
0 0
ln v = −2 ln y1 − P (x) dx,
1 − R P (x) dx
v0 = e ,
19
y12
20
Daı́ resulta a fórmula de Liouville 1
S/
Z
1 − R P (x) dx
-2
v= e dx. (11.2)
y12
D
-E
Resta mostrar que y1 e a solução y2 assim obtida são linearmente independentes. Deixamos isso
a cargo do leitor (Exercı́cio 1).
eu
br
x2 y 00 + xy 0 − y = 0,
il
am
1 1
y 00 + y 0 − 2 y = 0.
x x
Logo P = 1/x (e Q = −1/x2 ). Assim,
x−2
Z Z Z
1 − R (1/x) dx 1 − ln x
v= e = e dx = x−3 dx = .
x2 x2 −2
Portanto, y2 = vy1 = (−1/2)x−1 é uma segunda solução independente. Obviamente, −2y2 = x−1
também é uma segunda solução independente de y1 . A solução geral é, portanto,
y = c1 x + c2 x−1 .
4
1
Rigorosamente, Z x
1 − xt P (s) ds
R
v(x) = e 0 dt,
x0 y1 (t)2
mas vamos manter a notação simplificada para evitar complicações desnecessárias.
11.3 Equações de segunda ordem com coeficientes constantes 79
Exemplo 11.2. Sabendo que y1 = x−1/2 cos x é uma solução, em qualquer intervalo de números
positivos, da equação de Bessel
x2 y 00 + xy 0 + (x2 − 14 )y = 0,
R
ache a solução geral. (Use sec2 x dx = tg x, se necessário.)
Solução. Dividindo por x2 , a equação é equivalente, em intervalos não contendo a origem, a
1 1
y 00 + y 0 + 1 − 2 y = 0.
x 4x
Calculemos
Z
1 − x1 dx
R
v(x) = e dx
x−1 cos2 x
Z
x − ln x
= e dx
cos2 x
Z
= sec2 x dx
19
= tg x.
20
S/
Segue que
y2 (x) = v(x)y1 (x) = tg x · x−1/2 cos x = x−1/2 sen x
-2
é uma outra solução da equação diferencial em questão, independente de y1 . Como os coeficientes
D
P (x) = 1/x e Q(x) = 1 − 1/4x2 são contı́nuos em intervalos não contendo a origem, a solução geral
-E
4
am
.J
tes
Agora, podemos descrever por completo as soluções da Eq. (11.1) no caso em que os coeficientes
P e Q são funções constantes, digamos P (x) = p e Q(x) = q para todo x, isto é, da equação
y 00 + py 0 + qy = 0. (11.3)
Como a função emx tem derivadas que são múltiplas de si mesma, é razoável considerar soluções
da forma
y = emx .
Nesse caso, y 0 = memx e y 00 = m2 emx ; substituindo estas expressões de y, y 0 e y 00 na Eq. (11.3) temos
Como emx > 0 para todo x, qualquer que seja a constante m, resulta que m deve satisfazer a equação
auxiliar2
m2 + pm + q = 0.
2
Também chamada equação caracterı́stica, em alguns textos.
80 Equações com coeficientes constantes
I. Se m1 e m2 são reais e distintos (isto é, p2 − 4q > 0) então temos duas soluções em1 x e em2 x .
Estas soluções são linearmente independentes, pois em1 x /em2 x = e(m1 −m2 )x não é constante;
nesse caso, a solução geral da Eq. (11.3) é
y = c1 em1 x + c2 em2 x .
II. Se m1 e m2 são complexos e distintos (isto é, p2 − 4q < 0) então essas raı́zes são complexos
conjugados da forma a ± ib. Pela fórmula de Euler
19
20
temos as soluções complexas
S/
em1 x = e(a+ib)x = eax (cos bx + i sen bx)
-2
e
D
Como também
em1 x + em2 x em1 x − em2 x
eu
2 2i
A
Z Z
1 − R p dx 1 −px
v= 2
e dx = −px
e dx = x.
y1 e
y = c1 emx + c2 xemx .
4
11.4 Exercı́cios 81
11.4 Exercı́cios
1. Se y1 é solução não nula da Eq. (11.1) e y2 = vy1 , onde v é dada por (11.2), calcule o Wronskiano
W (y1 , y2 ) e conclua que y1 e y2 são linearmente independentes.
2. Ache uma segunda solução y2 das seguintes equações a partir da solução y1 dada. Escreva a
solução geral.
(a) y 00 + y = 0, y1 = sen x;
(b) y 00 − y = 0, y1 = ex ;
(c) x2 y 00 + xy 0 − 4y = 0, y1 = x2 .
(d) xy 00 − (2x + 1)y 0 + (x + 1)y = 0, y1 = ex .
3. A equação xy 00 +3y 0 = 0 tem uma solução óbvia, qual? Ache uma segunda solução independente
da primeira e escreva a solução geral.
19
4. A equação (1 − x2 )y 00 − 2xy 0 + 2y = 0 é um caso especial (correspondente a p = 1) da equação
20
de Legendre
S/
(1 − x2 )y 00 − 2xy 0 + p(p + 1)y = 0.
-2
Observando que y1 = x é uma solução óbvia, ache a solução geral.
D
-E
x2 y 00 + xy 0 + (x2 − p2 )y = 0.
A br
Verifique que y1 = x−1/2 sen x é uma solução em qualquer intervalo de números positivos e ache
il
a solução geral.
am
6. Ache a solução geral de cada uma das equações abaixo, observando que y1 = x é uma solução
.J
óbvia.
of
Pr
(a) (x − 1)y 00 − xy 0 + y = 0;
(b) x2 y 00 + 2xy 0 − 2y = 0;
(c) x2 y 00 − x(x + 2)y 0 + (x + 2)y = 0.
7. Ache a solução geral de cada uma das equações abaixo. (f (x) é uma função arbitrária.)
xy 00 − (x + n)y 0 + ny = 0.
(a) y 00 + y 0 − 6y = 0; (e) 2y 00 − 4y 0 + 8y = 0;
(b) y 00 + 2y 0 + y = 0; (f) y 00 − 4y 0 + 4y = 0;
(c) y 00 + 8y = 0; (g) y 00 − 9y 0 + 20y = 0;
(d) y 00 + 4y 0 + 5y = 0; (h) 2y 00 + 2y 0 + 3y = 0;
19
11. Ache a solução dos seguintes problemas de valor inicial:
20
(a) y 00 − 6y 0 + 5y = 0, y(0) = 3 e y 0 (0) = 11;
S/
(b) y 00 − 6y 0 + 9y = 0, y(0) = 0 e y 0 (0) = 5; -2
(c) y 00 + 4y 0 + 5y = 0, y(0) = 1 e y 0 (0) = 0;
√
D
12. Mostre que a solução geral da Eq. (11.3) tende a 0 quando x → ∞ se e somente se p e q são
eu
ambos positivos.
br
13. Mostre (sem usar fórmulas explı́citas) que a derivada y 0 de qualquer solução y da Eq. (11.3)
A
também é solução.
il
am
14. A Eq.
.J
x2 y 00 + pxy 0 + qy = 0
of
dente x = ez transforma a equação acima numa equação do tipo (11.3) (i.e., uma equação com
coeficientes constantes). Use esta técnica para achar a solução geral das seguintes equações:
(a) x2 y 00 + 2xy 0 − 12y = 0;
(b) x2 y 00 + 5xy 0 + 4y = 0;
(c) x2 y 00 + 3xy 0 + 10y = 0;
(d) x2 y 00 + 2xy 0 + 3y = 0.
15. Mostre que uma mudança de variável independente z = z(x) (a priori, arbitrária) transforma
a equação
y 00 + P (x)y 0 + Q(x)y = 0
numaR equação
p do tipo (11.3) se e somente se (Q0 + 2P Q)/Q3/2 for constante; nesse caso,
z = Q(x) dx produz o efeito desejado. Use esta técnica para achar a solução geral, se
possı́vel, das seguintes equações:
(a) xy 00 + (x2 − 1)y 0 + x3 y = 0;
(b) y 00 + 3xy 0 + x2 y = 0.
11.4 Exercı́cios 83
Respostas
R
1. W = e− P dx
> 0.
3. y2 = − 21 x−2 , y = c1 + c2 x−2 .
4. y = c1 x + c2 x2 log 1+x
1−x
− 1 .
6. (a) y = c1 x + c2 ex ;
(b) y = c1 x + c2 x−2 ;
(c) y = c1 x + c2 xex .
19
R
7. (a) y = c1 x + c2 x x−2 e xf (x) dx dx;
R
20
R
S/
R
(b) y = c1 ex + c2 ex e[−2x+ f (x) dx] dx.
-2
8. (a) y1 = ex e y2 = ex xn e−x dx.
R
D
√ √
9. (a) y = c1 e2x + c2 e−3x ; (e) y = ex [c1 cos( 3x) + c2 sen( 3x)];
eu
√ √
(g) y = c1 e5x + c2 e4x ;
A
(d) y = e−2x (c1 cos x + c2 sen x); (h) y = e−x/2 c1 cos 25 x + c2 sen 5
x ;
am
2
.J
(b) y = 5xe3x ;
Pr
√ √
2
15. (a) y = e−x /4 c1 cos 43 x2 + c2 sen 43 x2 ;
19
20
S/
-2
D
-E
eu
Abr
il
am
.J
of
Pr
Aula 12
12.1 Introdução
Nas duas aulas anteriores vimos como determinar, em alguns casos, a solução geral da equação
19
homogênea
20
y 00 + P (x)y 0 + Q(x)y = 0.
S/
Mais precisamente, tratamos duas situações especı́ficas, a saber, quando os coeficientes P (x) e Q(x)
-2
são constantes ou quando esses coeficientes são simples o suficiente para tentarmos soluções especı́ficas
D
por ansatz.
-E
Embora esses dois casos simples já cubram um número significativo de situações que ocorrem na
prática, muitas outras situações tão ou mais relevantes só podem ser resolvidas pelo métodos das
eu
Nesta aula e na próxima abordaremos métodos para determinar as soluções de equações não
A
homogêneas da forma
y 00 + P (x)y 0 + Q(x)y = R(x)
il
am
nos casos em que a solução geral yg da equação reduzida associada já é conhecida.
.J
Nesta aula, em particular, trataremos do método dos coeficientes indeterminados, que pode ser
of
y 00 + py 0 + qy = R(x)
Substituindo as expressões para yp , yp0 e yp00 assim obtidas na Eq. (12.1) temos
ou seja,
A(a2 + pa + q)eax = αeax .
Como eax > 0 para todo x e qualquer que seja a constante a, devemos ter A(a2 + pa + q) = α. Se
a2 + pa + q 6= 0, isto é, se a não é raiz da equação auxiliar
m2 + pm + q = 0, (12.3)
então A = α/(a2 + pa + q); para esse valor de A, yp na Eq. (12.2) é uma solução particular de (12.1).
Por outro lado, se a2 + pa + q = 0 então a é raiz da equação auxiliar, logo eax já é solução
da equação reduzida associada, portanto não pode ser solução da equação completa. Que outra
solução particular poderia ser tentata? Vimos na aula passada que, quando m = −p/2 é raiz dupla
da equação auxiliar então emx e xemx são soluções independentes da equação reduzida. A seguinte
19
def
pergunta é natural: o que acontece com a expressão L[y] = y 00 + py 0 + qy para y = xemx quando m,
20
ao invés, é uma raiz simples da equação auxiliar? É evidente que L[y] é uma combinação linear de
termos da forma emx e xemx . Assim, o ansatz aqui é tentar uma solução particular da forma
S/
-2
yp = Axeax . (12.4)
D
Nesse caso,
-E
e
br
Substituindo as expressões para yp , yp0 e yp00 assim obtidas na Eq. (12.1) temos
il
am
ou seja,
of
| {z }
=0
Se 2a + p 6= 0, isto é, se a 6= −p/2 (é raiz simples mas) não é raiz dupla da equação auxiliar, então a
identidade acima é válida para todo x se e somente se A = α/(2a + p); para este A, yp na Eq. (12.4)
é solução particular de (12.1).
Finalmente, o que fazer quando a = −p/2 é raiz dupla da equação auxiliar? Por argumentos
análogos aos acima, tentamos uma solução particular da forma
Nesse caso,
yp0 = 2Axeax + Aax2 eax
e
yp00 = 2Aeax + 4axeax + Aa2 x2 eax .
Substituindo as expressões para yp , yp0 e yp00 assim obtidas na Eq. (12.1) temos
(2Aeax + 4axeax + Aa2 x2 eax ) + p(2Axeax + Aax2 eax ) + q(Ax2 eax ) = αeax ,
12.3 A equação y 00 + py 0 + qy = α sen bx + β cos bx 87
ou seja,
A (a2 + pa + q) x2 eax + 2A (2a + p) xeax + 2Aeax = αeax
| {z } | {z }
=0 =0
I. Se a não é raiz da equação auxiliar [Eq. (12.3)] então a Eq. (12.1) possui uma solução particular
da forma yp = Aeax [onde, mais precisamente, A = α/(a2 + pa + q)];
II. Se a é raiz simples da equação auxiliar [Eq. (12.3)] então a Eq. (12.1) possui uma solução
particular da forma yp = Axeax [onde, mais precisamente, A = α/(2a + p)];
III. Se a é raiz dupla da equação auxiliar [Eq. (12.3)] então a Eq. (12.1) possui uma solução
particular da forma yp = Ax2 eax [onde, mais precisamente, A = α/2].
19
a forma da solução particular pela natureza do parâmetro a relativamente à equação auxiliar. Escre-
20
vendo yp na forma apropriada, os passos em cada uma das situações acima podem ser simplesmente
S/
reproduzidos para uma dada equação.
-2
Exemplo 12.1. Ache uma solução particular da equação
D
y 00 + 3y 0 + 2y = 6e5x .
-E
Solução. A equação auxiliar é m2 + 3m + 2 = 0, cujas raı́zes são −2 e −1. Como a = 5 não é raiz
br
yp = 17 e5x .
A solução geral é
y = c1 e−2x + c2 e−x + 71 e5x .
4
Como as derivadas de sen bx e cos bx são, a menos de constantes multiplicativas, ou sen bx ou cos bx,
tentamos aqui uma solução particular da forma
Como no caso da exponencial, pode ocorrer de yp ser solução da equação reduzida associada; isto
ocorre se as soluções da equação auxiliar (12.3) forem ±bi. Nesse caso, tentamos
y 00 + y = sen x.
19
auxiliar m2 + 1 = 0 são ±i), logo devemos tentar uma solução particular da forma (12.8); nesse caso,
20
pondo yp = x(A sen x + B cos x), temos que
S/
yp0 = A sen x + B cos x + x(A cos x − B sen x)
-2
D
e
-E
Substituindo as expressões para yp , yp0 e yp00 assim obtidas na equação em questão, temos
il
am
solução particular
yp = − 12 x cos x.
A solução geral é
y = c1 cos x + c2 sen x − 21 x cos x
4
y 00 + py 0 + qy = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an xn . (12.9)
Como a derivada de um polinômio é um polinômio de grau uma unidade a menos, tentamos aqui
uma solução particular da forma
yp = A0 + A1 x + A2 x2 + · · · + An xn . (12.10)
12.5 Exercı́cios 89
Nesse caso,
yp0 = A1 + 2A2 x + 3A3 x2 + · · · + nAn xn−1
e
yp00 = 2A2 x + 3 · 2A3 x + · · · + n(n − 1)An xn−2 .
Substituindo as expressões para yp , yp0 e yp00 na Eq. (12.9) e comparando os coeficientes das várias
potências de x, podemos determinar os coeficientes A0 , A1 , . . . , An .
Exemplo 12.3. Ache uma solução particular da equação
y 00 − y 0 − 2y = 4x2 .
yp = A + Bx + Cx2 .
Então, yp0 = B + 2Cx e yp00 = 2C. Substituindo na equação dada temos que
19
2C − (B + 2Cx) − 2(A + Bx + Cx2 ) = 4x2 ,
20
(2C − B − 2A) − 2(C + B)x − 2Cx2 = 4x2 .
S/
-2
Comparando os coeficientes, temos
D
2C − B − 2A = 0,
-E
−2(C + B) = 0,
eu
−2C = 4.
br
yp = −3 + 2x − 2x2 .
am
solução geral da equação reduzida é c1 e−x + c2 e2x . A solução geral da equação dada é
of
Pr
4
Um problema que pode exigir uma solução particular ligeiramente diferente ocorre quando q = 0.
Nesse caso, a maior potência que ocorre no lado esquerdo da Eq. (12.9) ao testarmos uma solução
particular da forma (12.10) é xn−1 ; supondo an 6= 0, precisamos começar com uma solução particular
de grau n + 1. Além disso, qualquer valor para A0 funcionaria, já que este coeficiente não apareceria
no lado esquerdo; por simplicidade, tomemos A0 = 0. Assim, a solução particular a se testar deveria
ser da forma
A1 x + A2 x2 + · · · + An xn + An+1 xn+1
ou, pondo x em evidência e renomeando os coeficientes,
yp = x(A0 + A1 x + A2 x2 + · · · + An xn ).
12.5 Exercı́cios
1. Ache a solução geral de cada uma das equações abaixo:
90 Método dos coeficientes indeterminados
19
20
3. (Princı́pio da superposição.) Se y1 e y2 são soluções de
S/
y 00 + P (x)y 0 + Q(x)y = R1 (x)
-2
e
D
Use este princı́pio para achar a solução geral das seguintes equações:
il
am
Respostas
1. (a) y = c1 ex + c2 e−2x + 41 e2x ; (j) y = c1 sen x + c2 cos x − x cos x;
(b) y = c1 e2x + c2 e−5x + 31 e4x ; (k) y = c1 sen x + c2 cos x + x sen x;
(c) y = c1 ex + c2 e−2x + 13 xex ; (l) y = c1 sen x + c2 cos x + x3 − 6x;
3x −2x −2x
(d) y = c1 e + c2 e − 4xe ;
(m) y = ex (c1 cos 2x+c2 sen 2x)+2+4x+5x2 ;
−5x −5x 2 −5x
(e) y = c1 e + c2 xe + 7x e ;
(n) y = c1 + c2 e2x + 2x − 3x2 ;
(f) y = c1 sen 2x + c2 cos 2x + sen x;
(g) y = c1 sen 2x + c2 cos 2x + cos x; (o) y = c1 + c2 e−x − 4x + 25 x2 − 23 x3 + 41 x4 ;
(h) y = c1 e−x + c2 e2x + sen x − cos x; (p) y = c1 ex + c2 xex + 3x2 ex ;
(i) y = c1 ex + c2 e2x + 2 sen 2x + 3 cos 2x; (q) y = ex (c1 cos x + c2 sen x) − 12 xex cos x;
1
c1 sen kx + c2 cos kx +
sen bx, se k 6= b,
2. (a) y = k2 − b2
c sen kx + c cos kx − 1 x cos kx,
se k = b.
1 2
2k
12.5 Exercı́cios 91
1
c1 sen kx + c2 cos kx +
cos bx, se k 6= b,
(b) y = b2 − k2
c sen kx + c cos kx + 1 x sen kx,
se k = b.
1 2
2k
3. (a) y = c1 sen 2x + c2 cos 2x + x sen 2x + 2 cos x − 1 − x + 2x2 ;
(b) y = c1 sen 3x + c2 cos 3x − 31 x cos 3x + 12 sen x − 2e−2x − 2x + 3x3
19
20
S/
-2
D
-E
eu
A br
il
am
.J
of
Pr
92 Método dos coeficientes indeterminados
19
20
S/
-2
D
-E
eu
Abr
il
am
.J
of
Pr
Aula 13
13.1 Introdução
As limitações do método dos coeficientes indeterminados (Aula 12) são evidentes. Primeiro, ele
19
se aplica somente a equações com coeficientes constantes, isto é, equações da forma
20
y 00 + P (x)y 0 + Q(x)y = R(x) (13.1)
S/
-2
onde os coeficientes P (x) e Q(x) são constantes. Segundo, mas não menos importante, o lado direito
R(x) deve ter uma forma particularmente simples para possibilitar um ansatz adequado à solução
D
particular. Dentro dessas limitações, entretanto, ele é o mais fácil de ser aplicado.
-E
O método que abordaremos nesta aula funciona para equações gerais da forma (13.1). Há li-
mitações, claro, que ficarão evidentes mais a frente. O ponto de partida é se ter à disposição a
eu
solução geral
br
y = c1 y 1 + c2 y 2
A
y 00 + P (x)y 0 + Q(x)y = 0.
am
Então, de maneira análoga ao método da Seção 11.2 para se determinar uma segunda solução inde-
.J
yp = v1 y1 + v2 y2 (13.2)
e tentamos determinar v1 e v2 de modo que yp assim definida seja solução da Eq. (13.1). Nada, a
priori, diz que isto deveria funcionar; mas funciona! É o que veremos em seguida.
13.2 O método
Há duas funções v1 e v2 a serem determinadas. Precisamos, pois, de duas equações “independen-
tes” relacionando-as. Derivando (13.2) temos
yp0 = v10 y1 + v1 y10 + v20 y2 + v2 y20
= v1 y10 + v2 y20 + v10 y1 + v20 y2 .
| {z }
(∗)
Queremos derivar mais uma vez, de modo que apareçam as derivadas segundas de y1 , y2 e yp . Como
as derivadas segundas de v1 e v2 não são interessantes e ainda para simplificar yp00 , exigimos que (∗)
se anule:
v10 y1 + v20 y2 = 0. (13.3)
94 Método da variação dos parâmetros
v10 y10 + v1 y100 + v20 y20 + v2 y200 + P (x)(v1 y10 + v2 y20 ) + Q(x)(v1 y1 + v2 y2 ) = R(x)
ou, rearrajando,
v1 y100 + P (x)y10 + Q(x)y1 +v2 y200 + P (x)y20 + Q(x)y2 +v10 y10 + v20 y20 = R(x).
(13.6)
| {z } | {z }
=0 =0
v10 y1 + v20 y2 = 0,
19
v10 y10 + v20 y20 = R(x).
20
S/
As soluções v10 e v20 do sistema acima são -2
0 y 2
D
0
R(x) y2 y R(x)
=− 2
-E
0
v1 =
y10 y20
W (y1 , y2 )
y1 y2
eu
br
e
A
y1 0
0
y1 R(x) y R(x)
il
v20 = = 1 .
am
y
01 y 2
W (y 1 , y2 )
y1 y20
.J
Integrando, obtemos
of
−y2 R(x)
Z Z
y1 R(x)
Pr
v1 = dx e v2 = dx. (13.7)
W (y1 , y2 ) W (y1 , y2 )
Resumindo, se y1 e y2 são soluções linearmente independentes da equação reduzida associada à
Eq. (13.1) e v1 e v2 são as funções na Eq. (13.7) então a função yp dada pela Eq. (13.2) é uma
solução particular da Eq. (13.1).
A desvantagem clara do método é que as integrais nas expressões para v1 e v2 podem facilmente
se tornar complicadas demais para serem calculadas explicitamente. Por outro lado, a crı́tica de
que o método só pode começar a partir do conhecimento da solução geral da equação reduzida é
descabida; afinal, se o intuito for determinar a solução geral da Eq. (13.1), quem se importaria com
uma solução particular da equação completa se não pudesse determinar de antemão a solução geral
da equação reduzida?
Exemplo 13.1. Ache uma solução particular da equação diferencial
y 00 + y = cossec x.
yg = c1 sen x + c2 cos x.
13.2 O método 95
Pondo y1 = sen x e y2 = cos x, temos que y10 = cos x e y20 = − sen x. O Wronskiano de y1 e y2 é
19
A solução geral é
20
y = c1 sen x + c2 cos x + sen x ln | sen x| − x cos x.
S/
-2 4
Exemplo 13.2. Usando o método da variação dos parâmetros, (i) ache uma solução particular e (ii)
D
-E
2. y 00 + 2y 0 + y = x−2 e−x .
A
y 00 − y 0 = 0.
.J
y g = c1 + c2 e x .
yp = v1 y1 + v2 y2
x3
= − · 1 + [−e−x (x2 + 2x + 2)] · ex
3
x3
= − − x2 − 2x − 2
3
96 Método da variação dos parâmetros
y = yg + yp
x3
= ce1 + c2 ex − − x2 − 2x (ce1 = c1 − 2).
3
2. Primeiro, consideremos a equação homogênea (com coeficientes constantes)
y 00 + 2y 0 + y = 0.
yg = c1 e−x + c2 xe−x .
19
−y2 (x)R(x) −(xe−x )(x−2 e−x )
Z Z Z
v1 = dx = dx = − x−1 dx = − ln x
20
W (y1 , y2 ) e−2x
S/
e
e−x (x−2 e−x )
Z Z Z
y1 (x)R(x) -2 1
v2 = dx = dx = x−2 dx = − .
W (y1 , y2 ) e−2x x
D
Então
-E
yp = v1 y1 + v2 y2
eu
1
br
= (− ln x) · e−x + − · xe−x
x
A
= −e−x ln x − e−x
il
am
y = yg + yp
Pr
13.3 Exercı́cios
1. Ache uma solução particular da equação
y 00 − 2y 0 + y = 2x,
y 00 − y 0 − 6y = e−x ,
4. Mostre, usando o método da variação dos parâmetros, que a equação y 00 + k 2 y = R(x) (onde
k 6= 0) tem solução particular dada por1
1 x
Z
yp = R(t) sen k(x − t) dt.
k 0
5. Mostre, usando o método da variação dos parâmetros, que a equação y 00 − k 2 y = R(x) (onde
19
k 6= 0) tem solução particular dada por2
20
S/
1 x
Z
yp = R(t) senh k(x − t) dt. -2
k 0
D
Respostas
of
Pr
1. yp = 2x + 4.
2. yp = − 14 e−x .
3. (a) yp = −x,
y = c1 ex + c2 e−x − x;
(b) yp = −2x − x2 − 31 x3 ,
y = c1 + c2 ex − 2x − x2 − 31 x3 ;
(c) yp = − cos 2x ln(sec x + tg x),
y = c1 sen x + c2 cos x − cos 2x ln(sec x + tg x);
(d) yp = − 14 cos 2x ln(sec 2x + tg 2x),
y = c1 sen 2x + c2 cos 2x − 41 cos 2x ln(sec 2x + tg 2x);
(e) yp = −e−x ln x,
y = c1 e−x + c2 xe−x − e−x ln x;
1
sen k(x − t) significa sen[k(x − t)].
2
senh k(x − t) significa senh[k(x − t)]. Por definição, o seno hiperbólico de x é senh x = (ex − e−x )/2.
98 Método da variação dos parâmetros
19
5. y = c1 e3x + c2 e−3x + 16 xe3x .
20
6. (a) y = c1 x + c2 ex + x2 + 1;
S/
(b) y = c1 ex + c2 (x + 1) + 12 e2x (x − 1); -2
(c) y = c1 x + c2 x2 − xe−x − (x2 + x) x−1 e−x dx.
R
D
-E
eu
A br
il
am
.J
of
Pr
Aula 14
Séries de potências
14.1 Introdução
A maioria das equações diferenciais que apareceram até aqui admitem soluções que podem ser
19
expressas em termos das assim denominadas funções elementares. As funções elementares compre-
20
endem:
S/
• as funções algébricas, isto é, polinômios, funções racionais e, mais geralmente, funções y = f (x)
-2
que satisfazem uma identidade da forma
D
nenciais e logarı́tmicas;
il
am
• as funções que podem ser obtidas por soma, subtração, multiplicação, divisão ou composição
.J
Por exemplo,
Pr
xe1/x + tg(1 + x4 )
y = arctg √
sen 2x cos 3x − ln x
é uma função elementar.
Para além das funções elementares, temos as funções transcendentes superiores, também conhe-
cidas por funções especiais. Muitas dessas funções ocuparam boa parte do tempo dos matemáticos
do passado e, embora muitas tenham sido esquecidas nas brumas do tempo, outras, como a função
Beta, a função Gama ou a função Zeta de Riemann, são bem conhecidas e ainda desempenham papel
crucial em desenvolvimentos recentes na Fı́sica-matemática.
Muitas funções especiais aparecem como soluções de equações diferenciais lineares de segunda
ordem. Exceto em poucos casos, como quando os coeficientes são constantes ou a equação pode
ser reduzida a uma equação com coeficientes constantes por meio de uma mudança de variáveis,
as soluções dessas equações não podem ser expressas em termos de funções elementares. Nossa
abordagem neste curso será obter soluções expressas por séries de potências e usar estas séries para
definir certas funções especiais.
Nesta aula revisamos alguns elementos da teoria das séries numéricas e das séries de potências.
Mas é somente na próxima aula que mostramos como séries de potências estão conectadas com
equações diferenciais.
100 Séries de potências
am + am+1 + · · · + an .
A sequência (sn ) é uma série infinita, ou, simplesmente, série; mais precisamente, (sn ) é a série
gerada pela sequência (an ). Se (sn ) converge então escrevemos
∞
X
an = lim sN (14.1)
N →∞
n=1
19
definição padrão para o conceito de série; tradicionalmente, ele era definido como a “soma infinita”
20
S/
a1 + a2 + · · ·
-2
dos termos da sequência (an ), o que não faz muito sentido de um ponto de vista rigoroso, a menos
D
que interpretado como um limite tal como em P (14.1). Contudo, tendo dito o que foi dito, aderiremos
-E
a terminologia tradicional segundo a qual ∞ n=1 an é “a série”, an são os “termos da série” (ou o
termo geral da série) e (sn ) é “sequência das somas parciais da série”.
eu
A proposição abaixo, a qual nos referiremos como o critério de Cauchy para séries, segue do fato
br
fundamental sobre os números reais de que uma sequência de números reais (sn )n∈N é convergente
A
se e somente se é uma sequência de Cauchy, isto é, limm,n→∞ |sn − sm | = 0; a definição precisa é
il
de que se ε > 0 então, para algum N , |sn − sm | < ε sempre que m, n > N .
am
P
Proposição 14.1. Uma série an converge se e somente se para todo ε > 0 existe N tal que
.J
n
of
X
m, n > N implica ak < ε.
Pr
k=m
PN
Demonstração. Segue do critério de Cauchy aplicado à sequência das somas parciais sN = n=1 an .
P
Em particular, se an converge então existe N tal que (tomando-se m = n na Proposição 14.1)
n
P > N implica |a n | < ε. Assim, lim an = 0 é uma condição necessária (mas não suficiente) para que
an convirja. Destacamos este fato elementar na proposição abaixo, para posterior referência.
P
Proposição 14.2. Se an converge então lim an = 0.
P outro lado, a condição “lim an = 0” não é suficiente para convergência; por exemplo, 1/n → 0
Por
mas 1/n diverge, fato que supomos ser do conhecimento do leitor.
Proposição 14.3 (Série geométrica). Se 0 6 x < 1 então
∞
X 1
xn = .
n=0
1−x
1 − xn+1
1 + x + x2 + · · · + xn = (x 6= 1). (14.2)
1−x
Pn
Se 0 6 x < 1 então xn+1 → 0 quando n → ∞. Se x = 1 então k=0 xk = n + 1, que diverge quando
n → ∞.
P P
Proposição 14.4 (Teste da comparação). Se |an | 6 bn para todo n e bn converge então an
converge.
19
acima e do critério de Cauchy.
20
P P
Corolário 14.5. Se 0 6 an 6 bn para todo n e bn converge então an converge. A mesma
S/
conclusão vale se an 6 cbn para algum constante c > 0. -2
P
Exemplo 14.6 ( 1/n! converge). Aqui, n! = n(n − 1) · · · 2 · 1 e 0! = 1. Para todo inteiro positivo n,
D
-E
1 1
6 n−1 .
n! 2
eu
∞
X 1 1 1
= 1 + 1 + + + ··· .
il
e=
n! 2! 3!
am
n=0
.J
4
of
an
lim =1
bn
P P
então an converge se e somente se bn converge.
3. Se L = 1, o teste é inconclusivo.
Demonstração. 1. Escolha α > L com L < α < 1. Para algum ı́ndice N , |an |1/n < α sempre que
n
P> nN . Logo |an | < α para todo n > N e a conclusão segue por comparação com a série geométrica
n
α .
2. Como |an |1/n → L, se L > 1 então |an |1/n > 1 para todo n suficientemente grande; em
particular, |an | > 1 para todo n suficientemente grande. Logo an não converge a 0 e a série diverge.
1/n2 , lim |an |1/n = 1. A primeira diverge e a segunda
P P
3. Para ambas as séries 1/n e
converge.
1. Primeiro, em vários dos enunciados acima e em muitos dos que há de vir, as hipóteses “|an | 6 bn
para todo n” (Proposição 14.4), “0 6 an 6 bn para todo n” (Corolário 14.5) e “an > 0 e bn > 0
para todo n” (Proposição 14.7) podem ser substituı́das pelas respectivas hipóteses com “para
todo n > N , para algum N ” em vez de “para todo n”. Isto porque a convergência ou divergência
19
de uma série depende do que acontence no “final” (i.e., no “rabo”) da série e não no começo.
20
2. Na demonstração do Item 3 do teste da raiz, usamos o limite
S/
-2
lim n1/n = 1.
D
-E
3. Supomos conhecidos os fatos de que a série harmônica diverge, que a série harmônica
n
br
P (−1)n−1 P 1
A
♦
.J
h 1 i1/n 1
n
= → 0 < 1.
(log n) log n
Demonstração. 1. Escolha β tal que lim |an+1 /an | < β < 1. Existe N tal que
a
n+1
< β, i.e. |an+1 | < β|an |
an
sempre que n > N . Assim, |aN +1 | < β|aN |, |aN +2 | < β|aN +1 | < β 2 |aN | e, em geral, |aN +p | < β p |aN |
para todo inteiro positivo p. Logo, se n > N ,
19
a
20
n+1
L = lim .
n→∞ an
S/
1. Se L < 1 então
P
an converge.
-2
D
P
2. Se L > 1 então an diverge.
-E
3. Se L = 1, o teste é inconclusivo.
eu
br
♦
A
4
Pr
ou
∞
X
an (x − x0 )n = a0 + a1 (x − x0 ) + a2 (x − x0 )2 + · · · . (14.4)
n=0
No primeiro caso, dizemos que a série está centrada na origem e no segundo caso que a série está
centrada em x0 . A última parece mais geral do que a primeira; porém, qualquer resultado sobre uma
série de potências centrada na origem se traduz imediatamente num resultado sobre séries centradas
em pontos x0 quaisquer, bastando trocar x por x − x0 . Vamos, pois, focar nossa discussão em séries
centradas na origem.
104 Séries de potências
PN
Dizemos que a série converge quando existe o limite das somas parciais limN →∞ n=0 an x n ;
nesse caso, este limite é a soma da série e escrevemos
∞
X N
X
an xn = lim an x n .
N →∞
n=0 n=0
Em geral, a série (14.3) converge para alguns pontos x e diverge para outros. É claro que ela sempre
converge em x = 0. Em relação a outros pontos, pode-se mostrar que há três possibilidades:
I. A série converge apenas em x = 0.
II. Existe um número R > 0 (que depende da série) tal que a série (14.3) converge para |x| < R e
diverge para |x| > R. Para |x| = R (i.e., x = ±R), algumas séries convergem e outras não.
19
de convergência. Pela versão do teste da razão descrito na Observação 14.13, a série de potências
20
(14.3) converge para todo x tal que
S/
a xn+1 a
n+1 n+1
1 > lim = lim |x| -2
n→∞ an x n n→∞ an
D
e diverge para todo x para o qual o limite à direita acima é > 1. Disto concluı́mos que, contanto que
-E
a
n
R = lim .
br
n→∞ an+1
A
Por extensão do conceito, dizemos que R = 0 no Caso I e R = ∞ no Caso III. É importante destacar
il
am
que o raio de convergência sempre existe, ainda que o limite acima não exista; neste caso, ainda é
possı́vel calculá-lo, embora seja um pouco mais difı́cil. Felizmente (ou infelizmente, dependendo do
.J
an 1/n
lim = lim = 1,
n→∞ an+1 n→∞ 1/(n + 1)
segue que R = 1. Como a série está centrada na origem, o intervalo de convergência é (−1, 1). Em
x = −1, a série converge (série harmônica alternada) e em x = 1 a série diverge (série harmônica).
4
No caso de uma série centrada em x0 , da forma (14.4), escrevemos X = x − x0 e aplicamos os
argumentos acima à série centrada na origem.
∞
X
an X n = a0 + a1 X + a2 X 2 + · · ·
n=0
14.3 Séries de potências 105
Resulta daı́ que a série acima converge para |X| < R, isto é, para |x − x0 | < R (ou seja, x0 − R <
x < x0 + R), e diverge se |x − x0 | > R.
Para terminar a aula, discutimos as noções de convergência absoluta e convergência uniforme.
Note que no interior do intervalo de convergência, o que temos de fato é a convergência da série
X X
|an xn | = |an ||x|n .
19
Em outras palavras, a série converge absolutamente.
20
Voltando a definição de convergência, a série de potências (14.4) converge a uma função soma
S/
f (x) se, para todo ε > 0, existe um ı́ndice N tal que
-2
n
X
k
D
f (x) − ak x < ε
-E
k=0
eu
para todo n > N . Este ı́ndice N em geral depende tanto de ε quanto do ponto x em questão. Às
br
vezes, porém, este N pode ser escolhido independemente do ponto x e, nesse caso, a estimativa acima
A
é válida uniformemente em x. Nesse caso, dizemos que a série converge uniformente a f (x). Uma
propriedade importante do ponto de vista teórico, mas que não exploraremos aqui, é que séries de
il
am
interior do intervalo de convergência, séries de potências podem ser derivadas e integradas termo-a-
of
1
= 1 + x + x2 + x 3 + · · · (14.5)
1−x
Essa expansão é válida para |x| < 1 (Proposição 14.3). No intervalo de convergência (−1, 1), a
derivada do lado esquerdo é igual à derivada do lado direito, obtida por derivação termo-a-termo:
1
= 1 + 2x + 3x2 + 4x3 + · · · .
(1 − x)2
A integral do lado esquerdo também é igual à integral do lado direito, obtida por integração termo-
a-termo:
1 x2 x 3
[ln =] − ln(1 − x) = x + + + ··· .
1−x 2 3
4
106 Séries de potências
14.4 Exercı́cios
1. (Teste da integral.) Use o esquema na Figura 14.2 para deduzir o teste da integral para con-
vergência:
Seja f uma função positiva decrescente definida para x > 1. Para cada n =
0, 1, 2, . . . , considere as sequências
n
X Z n
sn = f (k) e tn = f (x) dx.
k=1 1
19
20
S/
-2
D
P 1
eu
2. Mostre que s
converge se e somente se s > 1. (Use o teste da integral, compare com
n
br
f (x) = x−s .)
A
3. Seja f uma função positiva crescente. Use o método da demonstração do teste da integral para
il
am
mostrar que
n−1 Z n n
.J
X X
f (k) 6 f (x) dx 6 f (k).
of
k=1 1 k=1
Pr
Deduza que
e1/n (n!)1/n e1/n n1/n
< <
e n e
(n!)1/n 1 n
e conclua que → . Grosso modo, (n!)1/n ∼ .
n e e
4. Se p 6= 0, 1, 2, . . . , mostre que a série
∞
X p(p − 1)(p − 2) · · · (p − n + 1)
xn
n=1
n!
converge para |x| < 1 e diverge para |x| > 1. O que acontece se p = 0 ou p é natural?
P xn P n!xn
(a) ; (c) ;
2n n nn
P 2n xn P (n!)2 n
(b) ; (d) x .
n3 (2n)!
x2 x3 x4
ln(1 + x) = x − + − + ···
2 3 4
19
e
20
x3 x5 x 7
arctg x = x − + − + ··· .
S/
3 5 7
-2
Respostas
D
-E
5. (a) R = 2;
eu
(b) R = 1/2;
br
(c) R = e;
A
(d) R = 4.
il
am
6. Para ln(1 + x), integre a série para 1/(1 + x) termo-a-termo. Para arctg x, ponha x2 em lugar
.J
Pr
of
.J
am
il
Abr
eu
-E
D
-2
S/
20
19
Séries de potências
Aula 15
19
∞
20
X
an (x − x0 )n = a0 + a1 (x − x0 ) + a2 (x − x0 )2 + · · ·
S/
n=0
-2
converge absolutamente no interior do intervalo de convergência (x0 − R, x0 + R) [veja a Figura
14.1] e uniformemente em subintervalos fechados do intervalo de convergência; isso significa que, se
D
0 < r < R então a série acima converge uniformemente no intervalo [x0 − r, x0 + r]. Resulta daı́ que
-E
a função soma
∞
eu
X
f (x) = an (x − x0 )n (15.1)
br
n=0
A
é contı́nua no intervalo (x0 −R, x0 +R) e pode ser derivada e integrada termo-a-termo nesse intervalo.
il
Quando a representação acima é válida, dizemos que a série à direita representa a função f . Temos
am
o seguinte teorema.
.J
Teorema 15.1. Suponha que a função f seja representada pela série de potências em (15.1) no
of
Neste curso, trataremos quase sempre de séries centradas na origem. Nesse caso, podemos resumir
a discussão acima assim: no intervalo de convergência, se
∞
X
f (x) = an x n
n=0
110 Séries e equações diferenciais
então ∞
X
0
f (x) = nan xn−1 = a1 + 2a2 x + 3a3 x2 + · · ·
n=1
e ∞
x
xn+1
Z X a1 a3
f (t) dt = an = a0 x + x 2 + x 3 + · · · .
0 n=1
n+1 2 3
O seguinte exemplo fornece uma primeira aplicação ao nosso estudo das equações diferenciais.
Exemplo 15.2. Mostre que
∞
X x2n
y=
n=0
n!
é solução da equação diferencial y 0 = 2xy. Conclua que
2
y = ex .
Solução. A série que define y converge para todo x, pois
19
a2n x2n 1/2n = p |x|
20
1/(2n+1)
→ 0 e a2n+1 x2n+1 = 0.
S/
(n!)1/n
Logo, para todo x,
-2
D
∞ ∞ ∞
X 2nx2n−1 X x2n−1 X x2m
y0 =
-E
=2 = 2x = 2xy.
n=0
n! n=1
(n − 1)! m=0
m!
eu
Por outro lado, a equação diferencial é separável e pode ser resolvida explicitamente:
br
dy
A
2
= 2x, logo ln y = x2 + C, isto é, y = cex .
y
il
am
2
Por unicidade, devemos ter y = cex . Pondo x = 0 na série, vemos que y = 1 quando x = 0, logo
.J
c = 1. 4
of
No exemplo acima, partimos de uma expansão em série dada, verificamos por derivação termo-a-
Pr
termo que a função y assim definida é solução da equação diferencial dada e concluı́mos, resolvendo
explicitamente a equação e evocando a unicidade de soluções, que a série representa uma função (ele-
mentar) já conhecida. Contudo, o problema principal a que voltaremos nossa atenção nas próximas
aulas é outro: começar com uma equação e determinar a série que representa sua solução; na maioria
dos casos, a solução assim obtida é uma função especial.
então, pelo Teorema 15.1(c), f 0 (x0 ) = a1 ; derivando mais uma vez, vemos que f 00 (x0 ) = 2!a2 . Mais
geralmente, derivando n vezes, vemos que
f (n) (x0 )
an = (n = 0, 1, 2, . . . ). (15.2)
n!
15.2 Série de Taylor 111
19
onde a função Rn (x), denominada o resto de Taylor, é dada (dentre outras formas) por
20
S/
f (n+1) (c)
Rn (x) = (x − x0 )n+1
-2
(n + 1)!
para algum c entre x0 e x. Claramente, a expansão de f em (15.3) é válida quando limn→∞ Rn (x) = 0.
D
Evidentemente, uma condição suficiente para isto é que as derivadas f (n) (x) sejam limitadas no
-E
intervalo I; uma condição ligeiramente mais geral é que exista uma constante A tal que
eu
Exemplo 15.3. Mostre que a função exponencial é representada por sua série de Taylor, i.e.
A
∞
il
X xn x2 x3
am
x
e = =1+x+ + + ··· .
n=0
n! 2! 3!
.J
Solução. É claro que a série à direita tem raio de convergência ∞ (verifique). Como f (x) = ex
of
tem derivadas f (n) (x) = ex e ex 6 eR em intervalos (−R, R), a condição (15.4) é satisfeita com
Pr
f (x) X
= cn x n (|x| < 1),
1 − x n>0
Pn
onde cn = k=0 an . 4
15.3 Exercı́cios
1. Considere as séries
∞
X x2n+1 x3 x5
sen x = (−1)n =x− + − ··· ,
n=0
(2n + 1)! 3! 5!
∞
X x2n x2 x4
cos x = (−1)n =1− + − ··· .
(2n)! 2! 4!
19
n=0
20
(a) Mostre que todas as séries à direita tem raio de convergência ∞.
S/
(b) Mostre, usando a fórmula de Taylor, que as séries de fato representam as funções indicadas.
-2
D
2. No Exemplo 14.16 achamos uma expansão em série de potências para 1/(1 − x)2 em torno de
-E
3. Mostre que sen x e cos x são soluções da equação diferencial y 00 + y = 0, diretamente de suas
A br
+ y =1− − + ···
22 22 · 42 22 · 42 · 62
of
converge para todo x e que a função assim definida é solução da equação diferencial xy 00 +
Pr
y 0 + xy = 0. (A função definida neste exercı́cio é uma função especial denotada por J0 (x) e
denominada função de Bessel de ordem 0. Compare os denominadores com aqueles que
aparecem na série do cosseno.)
5. Em cada item abaixo, determine o intervalo de convergência da série e mostre que a função
assim definida resolve a equação diferencial correspondente.
∞
X xn
(a) y = , xy 00 + y 0 − y = 0;
n=0
(n!)2
∞
X xn
(b) y = , y 0 = x + y;
n=2
n!
∞
X (−1)n 22n x2n
(c) y = , y 00 + 4y = 0;
n=0
(2n)!
∞
X (3x)2n+1
(d) y = x + , y 00 = 9(y − x).
n=0
(2n + 1)!
15.3 Exercı́cios 113
6. As funções
∞ ∞
X x2n X x2n+1
J0 (x) = (−1)n e J1 (x) = (−1)n
n=0
(n!)2 22n n=0
n!(n + 1)!22n+1
são denominadas funções de Bessel de primeira espécie, de ordens 0 e 1, respectivamente.
Mostre que:
x2 y 00 + xy 0 + (x2 − p2 )y = 0
quando p = 0 e p = 1, respectivamente.
19
7. Ache uma expansão em série de potências centradas em 0 para
20
ex
S/
f (x) = .
1−x -2
8. Defina a função f por
D
( 2
e−1/x , se x 6= 0,
-E
f (x) =
0, se x = 0.
eu
(a) Mostre que f tem derivadas de todas as ordens em todo ponto real x.
A br
Este exemplo mostra que a série de Taylor de f em torno da origem converge em todo x mas
representa a função f apenas na origem.
.J
of
Respostas
Pr
P∞
2. n=1 nxn−1 .
7. f (x) = ∞
P Pn n
n=0 ( k=0 1/k!)x .
114 Séries e equações diferenciais
19
20
S/
-2
D
-E
eu
Abr
il
am
.J
of
Pr
Aula 16
16.1 O método
19
20
Já dissemos anteriormente que muitas equações diferenciais admitem soluções que não podem ser
S/
expressas em termos elementares e que, nesses casos, as soluções devem ser expressas em séries de
-2
potências. Nesta aula, vamos ilustrar as ideias gerais pertinentes aos métodos das soluções em série
no contexto simples das equações de primeira ordem.
D
-E
y 0 = f (x, y),
A br
o método de resolução via séries consiste em supor que a equação admita uma solução em série de
il
y = a0 + a1 x + a2 x 2 + a3 x 3 + · · · + an x n + · · · . (16.1)
of
Pr
y 0 = y. (16.3)
Suponha que a equação acima admita uma solução em série de potências da forma (16.1) em al-
gum intervalo |x| < R, para algum R > 0. Inserindo as séries para y e y 0 [Eqs. (16.1) e (16.2),
respectivamente] na equação acima temos
a1 = a0 ,
a1 a0
2a2 = a1 , isto é, a2 = = ,
2 2
a2 a0
3a3 = a2 , isto é, a3 = = ,
3 3·2
a3 a0
4a4 = a3 , isto é, a4 = = ,
4 4·3·2
..
.
an−1 a0
nan = an−1 , isto é, an = = .
n n!
Inserindo os coeficientes acima em (16.1), obtemos a solução em série
x2 x3 xn
y = a0 1 + x + + + ··· + + ··· .
2! 3! n!
19
Mas seria a função y expressa pela série acima de fato uma solução da equação diferencial (16.3)?
20
Até aqui, o que foi mostrado realmente é que se (16.3) admite uma solução analı́tica na origem então
S/
essa solução deve necessariamente ser representada pela série acima. Para concluir, basta argumentar
-2
o seguinte: a série de potências acima converge em toda a reta (pelo teste da razão) e define uma
D
função analı́tica (em toda a reta); em particular, a série pode ser derivada termo-a-termo e as contas
-E
acima mostram que a função soma (que você sabe, é a exponencial ex ) satisfaz a Eq. (16.3), sendo
portanto uma “solução autêntica”. 4
eu
Passo 2. supomos que haja uma solução em série de potências da forma (16.1) (isto é, analı́tica), cuja
derivada, obtida por derivação termo-a-termo, é dada pela série (16.2);
.J
of
potência de x;
Passo 4. substituı́mos os coeficientes (que a esta altura devem estar expressos em termos de a0 ) na série
(16.1);
O exemplo acima ilustra ainda um outro ponto. Para obter a expansão em série de potências
de uma certa função f (x), ache uma equação diferencial satisfeita por f (x) e resolva a equação por
séries de potências. Pela unicidade de soluções, a solução em série obtida é a expansão em série de
f (x). Ilustramos esse procedimento na próxima seção.
Substituindo na Eq. (16.4), vemos que a soma das duas primeiras séries deve ser igual à terceira;
igualando coeficientes com mesma potência de x, temos que
a1 = pa0 ,
2a2 + a1 = pa1 ,
3a3 + 2a2 = pa2 ,
..
.
(n + 1)an+1 + nan = pan .
19
20
a1 = p,
S/
a1 (p − 1) p(p − 1)
a2 = = , -2
2 2
a2 (p − 2) p(p − 1)(p − 2)
D
a3 = = ,
3 2·3
-E
..
.
eu
n 2 · 3···n
A
p(p − 1) 2 p(p − 1) · · · (p − n + 1) n
y = 1 + px + x + ··· + x + ··· .
.J
2! n!
of
Para concluir que esta é de fato a solução de (16.4), basta observar que a série acima converge para
Pr
todo |x| < 1 (Exercı́cio 4 da Aula 14). Como (16.4) deve ter uma única solução, vemos que
p(p − 1) 2 p(p − 1) · · · (p − n + 1) n
(1 + x)p = 1 + px + x + ··· + x + ··· (|x| < 1).
2! n!
Esta é a série binomial, que generaliza o teorema binomial1 para expoentes p reais.
16.3 Exercı́cios
1. Considere as equações diferenciais abaixo:
1
O teorema binomial é a identidade
n
n
X n
(1 + x) = xk ,
k
k=0
n
válida para n = 0, 1, 2, 3, . . . ; aqui
k é o coeficiente binomial
n n! n(n − 1)(n − 2) · · · (n − k + 1)
= = .
k (n − k)!k! k!
118 Soluções em série para equações de primeira ordem
(a) xy 0 = y;
(b) x2 y 0 = y.
19
1
20
√
1 − x2
S/
-2
e usando a série binomial. Use o resultado para obter a expansão em série
D
= + · 3
+ · 5
+ · 7
+ · + ···
6 2 2 3·2 2·4 5·2 2·4·6 7·2 2 · 4 · 6 · 8 9 · 29
eu
y0 = 1 + y2 (16.5)
il
am
1 2
of
tg x = x + x3 + x5 + · · ·
3 15
Pr
Respostas
32 x2 33 x3 3n xn
1. (a) y = a0 1 + 3x + + + ··· + + · · · = a0 e3x ;
2! 3! n!
4 6 2n
x x x
2
(b) y = a0 1 + x2 + + + ··· + + · · · = a0 ex ;
2! 3! n!
a0 − 1 2 (a0 − 1) 3
y = a0 − (a0 − 1)x + x − x + ···
2! 3!
(c)
x2 x3
= 1 + (a0 − 1) 1 − x + − + ···
2! 3!
−x
= 1 + (a0 − 1)e .
19
X 1 · 3 · 5 · · · (2n − 1) x2n+1
y =x+
20
n=1
2n n! 2n + 1
π
3. . Note que = arcsen 12 .
S/
∞ 6
X 1 · 3 · 5 · · · (2n − 1) x2n+1 -2
=x+
n=1
2 · 4 · 6 · · · (2n) 2n + 1
D
x2 x3 x4 x2 x3 x4
-E
5. y = − + − ··· = 1 − x + − + − · · · + x − 1 = e−x + x − 1.
2! 3! 4! 2! 3! 4!
eu
A br
il
am
.J
of
Pr
120 Soluções em série para equações de primeira ordem
19
20
S/
-2
D
-E
eu
A br
il
am
.J
of
Pr
Aula 17
19
20
Nesta aula consideramos soluções em série para equações homogêneas de segunda ordem da forma
S/
y 00 + P (x)y 0 + Q(x)y = 0.
-2 (17.1)
Em alguns casos (e.g., P e Q constantes) podemos resolver esta equação em termos de funções
D
elementares. Mas, na maioria das vezes, devemos recorrer ao método das séries de potências. Como
-E
já salientamos, muitas funções especiais ocorrem como soluções desse tipo de equação. Um ponto
importante é o seguinte:
eu
br
tamento de P e Q próximo a x0 .
il
am
Vamos supor aqui que P e Q sejam analı́ticas em x0 , ou seja, admitem expansão em série de
potências numa vizinhança de x0 . Nesse caso, dizemos que x0 é um ponto ordinário da equação
.J
(17.1) e pode-se mostrar que toda solução da equação é também analı́tica em x0 (cf. Teorema 17.3
of
adiante). Um ponto não ordinário é dito singular; esta situação será estudada numa outra aula.
Pr
y = a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 + · · · + an xn + · · · . (17.3)
Derivando, temos
19
(n + 1)(n + 2)
20
S/
Logo, -2
1 1 1 1 1 1
y = a0 + a1 x − a0 x 2 − a1 x 3 + a0 x 4 + a1 x 5 − a0 x 6 − a1 x 7 + · · ·
D
2! 3! 4! 5! 6! 7!
-E
1 2 1 4 1 6 1 3 1 5 1 7
= a0 1 − x + x − x + · · · +a1 x − x + x − x + · · · . (17.6)
2! 4! {z 6! 3! 5! {z 7!
eu
| } | }
=y1 =y2
br
Se as operações acima (derivação termo-a-termo) são legı́timas então (17.6) é solução da equação
A
solução e, pondo a0 = 0 e a1 = 1 vemos que y2 também é solução. Pelo teste da razão, as séries
am
definindo y1 e y2 convergem em toda a reta (veja o Exercı́cio 1 da Aula 15), portanto a derivação
.J
solução geral de (17.2) e toda solução particular pode ser obtida de (17.6) especificando-se os valores
Pr
y(0) = a0 e y 0 (0) = a1 . 4
As séries definindo y1 e y2 são bem conhecidas e representam as funções cosseno e seno. Na
verdade, já havı́amos resolvido a equação (17.1) por outros meios e já sabı́amos que sua solução
geral é y = c1 cos x + c2 sen x. Entretanto, há casos em que as séries obtidas não são reconhecı́veis
como séries de potências de funções elementares familiares. Abaixo, será conveniente escrever as Eqs.
(17.3), (17.4) e (17.5) na forma abreviada
∞
X
y= an x n , (17.7)
n=0
X∞ ∞
X
0 n−1
y = nan x = (n + 1)an+1 xn , (17.8)
n=0 n=0
X∞ ∞
X
00 n−2
y = (n − 1)nan x = (n + 1)(n + 2)an+2 xn . (17.9)
n=0 n=0
Os coeficientes P (x) = −2x/(1 − x2 ) e Q(x) = p(p + 1)/(1 − x2 ) são analı́ticos na origem. Por (17.9),
∞
X
2 00
−x y = −(n − 1)nan xn .
n=0
Por (17.8),
∞
X
0
−2xy = −2nan xn .
n=0
n
P
Logo, se y = an x então devemos ter
X
(1 − x2 )y 00 − 2xy 0 + p(p + 1)y = [(n + 1)(n + 2)an+2 − (n − 1)nan − 2nan + p(p + 1)an ]xn
X
= [(n + 1)(n + 2)an+2 + (−n2 − n + p2 + p)an ]xn .
19
an+2 = − an (n = 0, 1, 2, . . . ).
(n + 1)(n + 2)
20
S/
Em termos de a0 e a1 , podemos determinar sucessivamente a2 , a4 , a6 , . . . e a3 , a5 , a7 , . . . :
p(p + 1)
-2
a2 = − a0 ,
1·2
D
a4 = − a2 = − a0 ,
3·4 4!
eu
5·6 6!
..
A
.
il
am
e
.J
(p − 1)(p + 2)
a3 = − a1 ,
2·3
of
a5 = − a3 = − a1 ,
3·4 5!
(p − 5)(p + 6) (p − 1)(p − 3)(p − 5)(p + 2)(p + 4)(p + 6)
a7 = − a5 = − a1 ,
6·7 7!
..
.
Pelo teste da razão, ambas as séries entre colchetes convergem e definem funções y1 e y2 ; para a
primeira série, o raio de convergência é igual a
a (2n + 1)(2n + 2)
2n
R = lim = lim = 1.
n→∞ a2n+2 n→∞ (p − 2n)(p + 2n + 1)
Quanto à segunda série, veja o Exercı́cio 1. Assim, no intervalo |x| < 1 a derivação termo-a-termo
é legı́tima e (17.11) é solução da equação de Legendre para todas as escolhas de constantes a0 e a1 .
Em particular, pondo a0 = 1 e a1 = 0, vemos que y1 é solução e, pondo a0 = 0 e a1 = 1, vemos
que y2 também é solução. Além disso, y1 e y2 são linearmente independentes, portanto (17.11) é
a solução geral de (17.10) e toda solução particular pode ser obtida de (17.11) especificando-se os
valores y(0) = a0 e y 0 (0) = a1 . 4
As funções descritas na Eq. (17.11) são denominadas funções de Legendre. Se p é um natural
então umas das séries em (17.11) é finita e temos um polinômio de Legendre: se p é par, isso
acontece na primeira série; se p é ı́mpar, isso acontece na segunda.
No caso da Eq. (17.1), realizando as mesmas operações formais com y, y 0 e y 00 nas Eqs. (17.7),
19
(17.8) e (17.9) e expressando P (x)y 0 e Q(x)y usando o produto de Cauchy (pág. 111), podemos
20
concluir que os an ’s satisfazem a seguinte relação
S/
n
X
(n + 1)(n + 2)an+2 = −
-2
[(k + 1)pn−k ak+1 + qn−k ak ].
k=0
D
-E
Isto permite obter a2 , a3 , a4 , etc. em termos de a0 e a1 . Uma vez que se possa mostrar que a série
(17.7) com os an ’s assim determinados realmente converge para |x| < R, as derivações termo-a-termo
eu
ficam justificadas e temos uma solução legı́tima; este é o ponto mais difı́cil (que omitiremos) da
br
Teorema 17.3. Seja x0 um ponto ordinário da equação (17.1) e sejam a0 e a1 constantes quaisquer.
il
Então, existe uma única solução y = y(x) numa vizinhança de x0 , analı́tica em x0 e tal que y(x0 ) = a0
am
e y 0 (x0 ) = a1 . Além disso, se as expansões em série de P e Q são válidas para |x − x0 | < R então a
.J
Por exemplo, no caso da equação de Legendre, P (x) = −2x/(1 − x2 ) e Q(x) = p(p + 1)/(1 − x2 )
Pr
têm expansões em série (série geométrica) com raios de convergência R = 1. Portanto, segue do
Teorema 17.3 que soluções da equação de Legendre têm expansões em série válidas ao menos para
|x| < 1. Isto está de acordo com o que foi obtido no exemplo anterior.
17.2 Exercı́cios
1. Calcule o raio de convergência da segunda série na Eq. (17.11), o qual é dado pelo limite
a
2n−1
R = lim .
n→∞ a2n+1
2. Ache a solução geral da equação (1+x2 )y 00 +2xy 0 −2y = 0 em séries de potências. Você poderia
expressar essa solução em termos de funções elementares?
3. Considere a equação y 00 + xy 0 + y = 0.
(b) Use o teste da razão para verificar que as séries para y1 e y2 convergem para todo x, como
assegura o Teorema 17.3.
2
(c) Verifique que a expansão em série de y1 é a expansão em série da função e−x /2 , use isto
para achar uma segunda solução independente pelo método da Seção 11.2 e certifique-se
de que esta solução é a função y2 do item (a).
4. Verifique que a equação y 00 + y 0 − xy = 0 tem fórmula recursiva com três termos. Ache soluções
em série y1 e y2 tais que
(a) y1 (0) = 1 e y10 (0) = 0;
(b) y2 (0) = 0 e y20 (0) = 1.
Pelo Teorema 17.3, ambas as séries para y1 e y2 convergem para todo x. Note como seria difı́cil
mostrar isso trabalhando diretamente com as séries.
y 00 + (p + 21 − 14 x2 )y = 0, onde p é uma constante, tem certamente uma solução da
5. A equação P
forma y = an xn . (Por quê?)
19
(a) Mostre que os coeficientes an estão relacionados pela fórmula recursiva de três termos
20
S/
(n + 1)(n + 2)an+2 + p + 12 an − 14 an−2 = 0.
-2
2
(b) Mediante a mudança de variáveis y = we−x /4 , mostre que a equação é transformada na
D
equação
-E
w00 − xw0 + pw = 0.
eu
(c) Verifique que a equação em (b) tem uma fórmula recursiva de dois termos e ache a solução
br
geral.
A
na teoria de difração.
am
.J
(a) Ache uma solução em série para a equação de Airy e verifique diretamente que a série
converge para todo x.
of
(b) Sem fazer contas, use o resultado de (a) para escrever a solução geral de y 00 − xy = 0.
Pr
Respostas
2n(2n + 1)
1. R = lim = 1.
n→∞ (p − 2n + 1)(p + 2n)
y = a0 1 + x2 − 31 x4 + 51 x6 − 71 x8 + · · · + a1 x
2.
= a0 (1 + x arctg x) + a1 x.
3. (a) y = a0 (1 − 21 x2 + 1 4
2·4
x − 1
2·4·6
x6 + · · · ) + a1 (x − 31 x3 + 1 5
3·5
x − 1
3·5·7
x7 + · · · ).
(n + 1)an+1 − an−1
4. an+2 = − .
(n + 1)(n + 2)
p−n
5. (c) an+2 = − an ;
(n + 1)(n + 2)
h p p(p − 2) 4 i h p − 1 3 (p − 1)(p − 3) 5 i
w = a0 1 − x 2 + x − · · · + a1 x − x + x − ··· .
2! 4! 3! 5!
126 Soluções em série para equações de segunda ordem: pontos ordinários
∞ ∞
X (−1)n x3n X (−1)n x3n+1
6. (a) y = a0 1 + + a1 x + ;
n=1
2 · 5 · 8 · · · (3n − 1)3n n! n=1
4 · 7 · 10 · · · (3n + 1)3n n!
∞ ∞
X x3n X x3n+1
(b) y = a0 1 + + a 1 − x − .
n=1
2 · 5 · 8 · · · (3n − 1)3n n! n=1
4 · 7 · 10 · · · (3n + 1)3n n!
(Se y1 satisfaz y 00 + xy = 0, que equação satisfaz y2 (x) = y1 (−x)?)
19
20
S/
-2
D
-E
eu
A br
il
am
.J
of
Pr
Aula 18
18.1 Introdução
Considere a equação diferencial
19
y 0 = y.
20
É claro que você sabe resolver essa equação. Mas, ignorando isso por hora, o que podemos afirmar
S/
é que a solução da equação acima é uma função y = f (x) tal que
-2
f 0 (x) = f (x).
D
Multiplicando a identidade acima por e−px , onde p é um número fixo, e integrando no intervalo x > 0
-E
temos que Z ∞ Z ∞
−px 0
e−px f (x) dx.
eu
e f (x) dx = (18.1)
0 0
br
Z ∞ ∞ Z ∞
−px 0 −px
(−p)e−px f (x) dx
il
e f (x) dx = e f (x) −
am
0 0 0
Z ∞
−px
e−px f (x) dx.
.J
−px
Agora, supondo que limx→∞ [e f (x)] = 0 e escrevendo
Pr
Z ∞
F (p) = e−px f (x) dx, (18.2)
0
resulta da integração por partes acima e de (18.1) que −f (0) + pF (p) = F (p), isto é,
f (0)
F (p) = .
p−1
Finalmente, se além da equação diferencial dada temos também uma condição inicial, digamos y(0) =
1, então, seja qual for a solução y = f (x), a função F (p) definida a partir de f pela Eq. (18.2) é
necessariamente igual a F (p) = 1/(p − 1). Se fosse possı́vel recuperar f de maneira única a partir do
conhecimento de F (p), então terı́amos a solução de nosso problema de valor inicial.
Essa é a essência do método de Laplace: por meio de um operador entre funções [que leva f (x) em
F (p) via Eq. (18.2)], equações diferenciais relativas a uma variável independente x são transformadas
em equações algébricas na variável p e, invertendo-se a função transformada, obtém-se a solução da
equação diferencial. Temos algum trabalho pela frente até sermos capazes de usar esse método
eficientemente. Em especial, precisamos de um certo repertório que só será obtido calculando-se
algumas transformadas explı́citas e desvendando outras propriedades inerentes à definição na Eq.
(18.2).
128 Transformada de Laplace (parte 1)
A transformada L {f (x)} é uma função do argumento p, razão pela qual deverı́amos escrever
“L {f (x)}(p)” ou, mais simplesmente, “L f (p)”. A notação acima é a tradicional. Também de-
notamos a transformada de f por F (a transformada de g por G, etc.). A princı́pio, o domı́nio de
L é o conjunto de todas as funções f para as quais a integral imprópria acima converge; além disso,
fixada a função f , a integral converge para certos valores de p e diverge para outros, como ficará claro
nos exemplos adiante. Observamos que a integral imprópria acima é definida pelo seguinte limite e
converge quando o limite existe:
Z ∞ Z b
−px
e f (x) dx = lim e−px f (x) dx.
19
0 b→∞ 0
20
Na próxima aula, faremos mais algumas observações de caráter técnico. Nesta aula, focaremos em
S/
calcular algumas transformadas básicas. -2
Exemplo 18.1 (L {1}). Se f (x) = 1 para todo x então, para todo p > 0,
D
-E
∞
e−px ∞ 1
Z
L {1} = e−px dx = = .
eu
0 −p 0 p
br
Exemplo 18.2 (L {x}). Se f (x) = x para todo x então, para todo p > 0,
am
.J
∞ Z ∞ −px
e−px ∞
Z
e
L {x} = e −px
x dx = x − dx
of
0 −p 0 0 −p
Pr
e−px x 1 ∞ −px
Z
= − lim + e dx
x→∞ p p 0
1 1
=0+ · (pelo Exemplo18.1)
p p
1
= 2.
p
Na penúltima identidade acima, usamos que limx→∞ e−px x = 0 para p > 0. Claramente, a integral
diverge para p 6 0. 4
xn
lim = 0.
x→∞ epx
Isto pode ser verificado com a regra de L’Hôpital ou ainda, considerando a série de Taylor de epx
e dividindo por xn , observando que limx→∞ epx /xn = ∞. Com isso, podemos considerar o seguinte
exemplo, que generaliza o anterior.
18.2 Definição e exemplos básicos 129
Exemplo 18.3 (L {xn }, para n ∈ N). Se n = 1, 2, 3, . . . e f (x) = xn para todo x então, para todo
p > 0,
Z ∞ Z ∞ −px
e−px n ∞ e
L {x } =
n −px n
e x dx = x − nxn−1 dx
0 −p 0 0 −p
−px n
n ∞ −px n−1
Z
e x
= − lim + e x dx
x→∞ p p 0
n
= 0 + L {xn−1 }
p
nn−1 nn−1 1 n!
= L {xn−2 } = · · · = · · · L {1} = n+1 .
p p p p p p
Exemplo 18.4 (L {eax }, para a real). Se a é um número real e f (x) = eax para todo x então, para
todo p > a, Z ∞ Z ∞
1
19
L {e } =
ax −px ax
e e dx = e−(p−a)x dx = .
p−a
20
0 0
(Note que a última identidade segue do Exemplo 18.1 com p − a em lugar de p.) Claramente, a
S/
integral diverge para p 6 a. -2 4
Exemplo 18.5 (L {sen ax} e L {cos ax}, para a real). Se a é um número real e f (x) = sen ax para
D
-E
0
e−px ∞ Z ∞ e−px
A
= sen ax − a cos ax dx
−p 0 −p
il
0
am
Z ∞
(∗) a a
= e−px cos ax dx (= L {cos ax})
p 0 p
.J
−px ∞
Z ∞ −px
a e
h e i
of
0 0
a 1 a ∞ −px
Z
= − e sen ax dx
p p p 0
a a2
= 2 − 2 L {sen ax},
p p
2
a a
1 + 2 L {sen ax} = 2 ,
p p
a
L {sen ax} = 2 .
p + a2
f (x) F (p)
1 1/p
x 1/p2
xn (n ∈ N) n!/pn+1
eax 1/(p − a)
sen ax a/(p2 + a2 )
cos ax p/(p2 + a2 )
Tabela 18.1: Tabela de transformadas básicas. Na coluna à direita, as fórmulas são
válidas para todo p > 0, exceto na quarta linha [i.e., L (eax )], que é válida para p > a.
19
Isto nos permite calcular transformadas de combinações lineares de funções cujas transformadas já
20
são conhecidas. Por exemplo, se a, b e c são números reais então
S/
L {ax2 + bx + c} = aL {x2 } + bL {x} + cL {1}
-2
2! 1 1
=a· 3 +b· 2 +c·
D
p p p
-E
2
2a + bp + cp
= .
p3
eu
br
Exemplo 18.6. Calcule as transformadas L {sen2 x} e L {cos2 x}, sem fazer integrações.
il
am
obtemos
1
L {cos2 x} + L {sen2 x} = ,
p
p
L {cos2 x} − L {sen2 x} = .
p2 + 4
11 p
L {cos2 x} = + 2 .
2 p p +4
11 p
L {sen x} =
2
− .
2 p p2 + 4
4
18.3 Exercı́cios 131
18.3 Exercı́cios
1. Calcule, sem integrar (use a linearidade de L ), as transformadas1 :
a
(a) L {senh ax} = 2 , para p > |a|;
p − a2
p
(b) L {cosh ax} = 2 , para p > |a|.
p − a2
19
20
2. Calcule, sem integrar, as transformadas L {senh2 ax} e L {cosh2 ax}. (Use as relações
S/
cosh2 y − senh2 y = 1 e cosh2 y + senh2 y = cosh 2y,
-2
a linearidade de L e o Exercı́cio 1.)
D
11 p
(a) L {sen2 ax} = − 2 ;
eu
2 p p + 4a2
br
11 p
(b) L {cos ax} =
2
+ .
A
2 p p2 + 4a2
il
cos y = e sen y =
Pr
2 2i
e proceda com derivadas e integrais envolvendo números complexos como se fossem reais, apenas
atentando para o fato de que i2 = −1.)
6. Fazendo integração por partes, calcule as transformadas de:
(a) f (x) = xeax ;
(b) f (x) = x sen ax;
(c) f (x) = x cos ax;
(d) f (x) = x senh ax;
(e) f (x) = x cosh ax.
7. Mostre que a transformada de Laplace de xα para α > −1 é
Γ(α + 1)
L {xα } = (p > 0)
pα+1
def R∞
onde Γ(α + 1) = 0
e−x xα dx é a função Gama.
1
O seno hiperbólico de y é senh y = (ey − e−y )/2. O cosseno hiperbólico de y é cosh y = (ey + e−y )/2.
132 Transformada de Laplace (parte 1)
Respostas
2a2 p2 − 2a2
2. L {senh2 ax} = , p > 2|a|; L {cosh 2
ax} = , p > 2|a|.
p(p2 − 4a2 ) p(p2 − 4a2 )
b p−a
4. L {eax senh bx} = 2 2
, p > a + |b|; L {eax cosh bx} = , p > a + |b|.
(p − a) − b (p − a)2 − b2
b p−a
5. L {eax sen bx} = 2 2
, p > a; L {eax cos bx} = , p > a.
(p − a) + b (p − a)2 + b2
1
6. (a) , p > a;
(p − a)2
2ap
(b) 2 , p > 0;
(p + a2 )2
p 2 − a2
(c) ;
(p2 + a2 )2
19
2ap
20
(d) 2 ;
(p − a2 )2
S/
p 2 + a2 -2
(e) , p > |a|.
(p2 − a2 )2
D
-E
eu
A br
il
am
.J
of
Pr
Aula 19
19
20
Z ∞
F (p) = e−px f (x) dx (19.1)
S/
0
-2
onde f é uma função definida para x > 0. A integral à direita é uma integral imprópria e supusemos
D
na aula anterior que o leitor tivesse alguma familiaridade, ainda que rudimentar, com esta noção.
-E
Z b
f (x) dx
A
a
il
am
é definida para funções definidas e limitadas num intervalo limitado [a, b]. Uma primeira extensão
consiste em considerar o comportamento da integral acima quando b → +∞. Em outras palavras,
.J
se f é definida para todo x > a, se a integral acima existe para todo b > a e se, além disso, existe o
of
limite
Pr
Z b
lim f (x) dx,
b→+∞ a
R +∞
(A notação a
f (x) dx também é usada.) Diremos apenas “integral” em vez de “integral imprópria”.
1
Note que há uma certa ambiguidade na terminologia, análoga aquela que existe para séries. A “integral imprópria”
Rb
é, por um lado, a “função” b 7→ a f (x) dx definida para b > a, a qual tem a propriedade de convergir ou não quando
b → +∞ e, por outro lado, o valor desse limite quando o mesmo existe. Esta integral é a integral imprópria de
primeira espécie.
134 Transformada de Laplace (parte 2)
R∞
Exemplo 19.1. A integral 1
x−s dx converge para s > 1 e diverge para s 6 1. De fato, se b > 1,
1−s
Z b b − 1
−s , se s 6= 1,
x dx = 1−s
1
ln b, se s = 1.
Claramente, se s > 1 então Z ∞
1
. x−s dx =
1 s−1
Por outro lado, (b1−s − 1)/(1 − s) (para s < 1) e ln b divergem a +∞ quando b → +∞. 4
R∞
Exemplo 19.2. A integral 0 sen x dx diverge pois, para b > 0,
Z b
b
sen x dx = − cos x0 = 1 − cos b
0
19
Z b
20
f (x) dx (19.3)
−∞
S/
são definidas de forma análoga (Exercı́cio 1). R R∞ -2
c
Se, para algum número real c, as integrais −∞ f (x) dx e c f (x) dx existem (isto é, convergem)
então dizemos que
D
Z ∞
-E
f (x) dx
−∞
eu
Z ∞ Z c Z ∞
A
R∞
A integral −∞ f (x) dx diverge se ao menos umas das integrais à direita diverge. É fácil ver que a
.J
Exemplo 19.3. A integral −∞ e−a|x| dx converge se a > 0 (e diverge caso contrário). De fato, se b > 0
Pr
então Z b Z b
−a|x| e−ax b 1 − e−ab
e dx = e−ax dx = = .
0 0 −a 0 a
Claramente, quando b → +∞, (1 − eab )/a converge a 1/a se a > 0 e diverge a +∞ se a 6 0; logo,
Z ∞
1
e−a|x| dx = (a > 0).
0 a
Por outro lado,
0 0
eax 0 1 − e−ab
Z Z
−a|x|
e dx = eax dx = = ,
a −b a
−b −b
logo, Z 0
1
e−a|x| dx = (a > 0).
−∞ a
Portanto, se a > 0 então Z ∞
2
e−a|x| dx = .
−∞ a
4
19.1 Integrais impróprias 135
Agora, enunciamos alguns critérios para convergência de integrais impróprias, análogos aos critérios
de convergência para séries. As demonstrações são análogas e deixadas a cargo do leitor interessado.
Rb R∞
Proposição 19.4. Se f (x) > 0 para todo x > a e a f (x) dx existe para todo b > a então a f (x) dx
converge se e somente se existe M > 0 tal que
Z b
f (x) dx 6 M para todo b > a.
a
Rb
Proposição 19.5R(Teste da comparação). SeR 0 6 f (x) 6 g(x) para todo x > a, se a
f (x) dx existe
∞ ∞
para todo b > a e a g(x) dx converge então a f (x) dx converge e
Z ∞ Z ∞
f (x) dx 6 g(x) dx.
a a
R∞
Proposição
R∞ 19.6. Se f é absolutamente integrável para x > a, isto é, a
|f (x)| dx converge, então
a
f (x) dx converge e
Z ∞ Z ∞
19
f (x) dx 6 |f (x)| dx.
20
a a
S/
Proposição 19.7 (Teste do limite). Suponha que f (x) > 0 e g(x) > 0 para todo x > a e que as
Rb Rb -2
integrais a f (x) dx e a g(x) dx existam para todo b > a. Se
D
f (x)
6= 0
lim
-E
x→+∞ g(x)
R∞ R∞
eu
f (x)
il
lim =0
am
x→+∞ g(x)
.J
R∞ R∞
e a
g(x) dx converge então a f (x) dx converge. (Verifique.) ♦
of
R ∞ −x s R ∞ −2
Exemplo 19.9. A integral 1 e x dx converge, para todo número real s. De fato, 1 x dx con-
Pr
verge (verifique) e
e−x xs
lim = lim e−x xs+2 = 0.
x→+∞ x−2 x→+∞
19
0+ 1−s
20
4
S/
Integrais impróprias da forma -2
Z b−
f (x) dx
D
a
-E
Rc
são definidas de forma análoga (Exercı́cio 3). Outras extensões são óbvias. Por exemplo, se a+
f (x) dx
eu
R b−
e c f (x) dx convergem então definimos
br
Z b− Z c Z b−
A
a+ a+ c
am
Z ∞ Z b Z ∞
of
a+ a+ b
quando ambas as integrais no lado direito convergem; assim, podemos estender a integral imprópria
de primeira espécie (19.2) escrevendo
Z ∞ Z b− Z ∞
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx,
a a b+
onde a segunda integral acima é do tipo definido na Eq. (19.4). Analogamente, podemos definir
Z b− Z a Z b−
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx (19.5)
−∞ −∞ a
quando ambas as integrais no lado direito convergem; assim, podemos estender a integral imprópria
de primeira espécie (19.3) escrevendo
Z b Z a− Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx,
−∞ −∞ a+
A segunda integral converge para todo real s, pelo Exemplo 19.9. Quanto à primeira integral, pondo
x = 1/u, vemos que dx = −du/u2 , logo, para t > 0,
Z 1 Z 1 1 s−1 Z 1/t
−x s−1 −1/u du
e x dx = e − 2 = e−1/u u−s−1 du.
t 1/t u u 1
R∞
Esta última integral é dominada por 1
u−s−1 du, que converge para s > 0 (Exemplo 19.1).
Para s > 0, denotamos Z ∞
e−x xs−1 dx,
def
Γ(s) =
0+
19
que é denominada função Gama; trata-se de uma importante função especial. 4
20
S/
19.2 De volta às transformadas de Laplace -2
É claro que a transformada de Laplace F (p) = L {f (x)} tal como introduzida na Aula 18 e
D
definida pela Eq. (19.1) é uma integral imprópria de primeira espécie. Assim, a transformada de
-E
uma função f está bem definida (isto é, converge) contanto que (i) f esteja definida para todo x > 0,
Rb
eu
(ii) que a integral 0 e−px f (x) dx exista para todo b > 0 e, (iii) que exista o limite
br
Z b
A
b→+∞ 0
am
caso em que F (p) é precisamente este limite. É evidente também (veja e.g., o Exemplo 18.4) que a
.J
existência do limite acima depende de p, de modo que, em muitos casos, F (p) é um número real bem
of
definido (finito) apenas para p suficientemente grande. Uma condição suficiente para (ii) é que f seja
Pr
contı́nua por partes, ou seja, contı́nua em todo intervalo da forma [0, b], exceto possivelmente num
número finito de pontos de um tal intervalo, mas nos quais existem os limites laterais; o gráfico de
uma tı́pica função com essa propriedade é aquele mostrado na Figura 19.1. Nesse caso, a existência
do limite [condição (iii) acima] depende do comportamento de f no infinito. Uma condição suficiente
para que f não cresça bruscamente e destrua o limite em questão é que f seja de ordem exponencial,
isto é, que existam constantes positivas M e c tais que
|f (x)| 6 M ecx
para todo x suficientemente grande. Note que todas as funções cujas transformadas calculamos na
aula passada são de ordem exponencial. Se f é de ordem exponencial então, para p > c,
Z ∞ Z ∞
−px M
|e f (x)| dx 6 M e−(p−c) dx = ,
0 0 p−c
M
|F (p)| 6 (p > c).
p−c
138 Transformada de Laplace (parte 2)
Em particular,
lim F (p) = 0. (19.6)
p→+∞
Por outro lado, pode-se mostrar que o limite acima é válido para toda transformada de Laplace, ainda
que f não seja contı́nua por partes nem tenha ordem expoencial. Portanto, funções da variável p para
as quais o limite acima não exista ou exista mas seja diferente de 0 não são transformadas de Laplace
de nenhuma função. Por exemplo, polinômios em p, sen p, cos p, ep e ln p não são transformadas de
Laplace.
19
20
S/
-2
D
-E
As condições colocadas acima que garantem a existência da transformada de Laplace não são,
br
contudo, necessárias. Para funções com descontinuidades infinitas, podemos definir a transformada
A
por meio de uma integral imprópria de segunda espécie, como mostra o próximo exemplo.
il
am
R∞
Exemplo 19.12. Se p > 0 então a integral 0+
e−px x−1/2 dx converge. De fato, pondo px = y, temos
.J
Z ∞ Z ∞
of
0+ 0+
∞
Γ( 12 )
Z
L {x −1/2 −px −1/2
def
}= e x dx (= √ ).
0+ p
√
e a última integral (denominada integral Gaussiana) é igual a π/2 (Exercı́cio 6). Resulta que
r
π
L {x −1/2
}= (p > 0).
p
4
19.3 Exercı́cios 139
19.3 Exercı́cios
Z b Z ∞
1. Defina a integral imprópria f (x) dx (analogamente ao feito no texto para a integral f (x) dx).
−∞ a
Z ∞ Z 0
−ax
2. Mostre que, para todo a real, e dx diverge. (Mostre que se a > 0 então e−ax dx
−∞ −∞
diverge. E se a < 0?)
Z b− Z b
3. Defina a integral imprópria f (x) dx (analogamente ao feito no texto para a integral f (x) dx).
a a+
19
(b) dx;
0+ 1 − x
20
Z 1−
S/
dx
(c) √ ; -2
0+ x ln x
Z ∞
dx
D
(d) .
x(ln x)s
-E
5. Mostre, usando integração por partes, que a função Gama (Exemplo 19.11) satisfaz Γ(s + 1) =
eu
sΓ(s). Então, usando indução, deduza que Γ(n + 1) = n! para todo n natural.
A br
Z ∞
2
6. Se I = e−x dx então
il
0
am
Z ∞ Z ∞ ZZ
.J
−x2 −y 2 2 +y 2 )
2
I = e dx e dy = e−(x dxdy.
0 0
of
{(x,y):x>0, y>0}
Pr
√
Conclua que I = π/2.
Z ∞
2
7. Calcule a integral e−x /2t dx. (Aqui, t > 0.)
−∞
8. Em cada um dos itens abaixo, esboce o gráfico da função e ache sua transformada de Laplace.
(a) f (x) = u(x − a), onde a é um número real positivo e u é a função degrau definida por
(
0, se x < 0,
u(x) =
1, se x > 0.
19
10. Mostre que L {x−1 } não existe.
20
S/
11. Para cada ε > 0, seja fε a função definida por
( -2
1/ε, se 0 6 x 6 ε,
fε (x) =
D
0, se x > ε.
-E
R∞
Veja a Figura 19.2. Note que fε (x) dx = 1. Verifique que
eu
0
br
1 − e−pε
L {fε (x)} =
A
pε
il
e conclua que
am
ε→0
def
δ(x) = lim fε (x)
Pr
ε→0
não define uma função no intervalo [0, ∞) (mas o limite existe e é igual Ra 0 para todo x > 0).
∞
Se insistirmos nesta definição e supusermos que “limε→0 ” comuta com “ 0 ” e “L ” então δ é
um objeto “parecido com uma função”, denominado função delta de Dirac, que é igual a 0 em
todo x > 0, igual a ∞ em x = 0 e satisfaz
Z ∞
δ(x) dx = 1 e L {δ(x)} = 1.
0
Existe uma teoria matemática, a teoria de distribuições, que permite atribuir sentido ma-
temático preciso ao objeto δ. Esta, contudo, é uma outra história. . .
Respostas
4. (a) convergente;
(b) convertente;
(c) divergente;
19.3 Exercı́cios 141
19
(d) convergente para s > 1 e divergente para s 6 1.
20
S/
R 2πR ∞ 2
6. I 2 = 0 0 e−r rdrdθ = · · · -2
√
7. 2πt.
D
-E
1 p(1 + e−πp )
8. (a) ; (f) ;
peap p2 + 1
eu
1
(b) ;
br
p
p(e − 1) p(1 − e−2πp )
(g) ;
A
ep − 1 − p p2 + 1
(c) ;
il
p2 (ep − 1)
am
(1 + e−πp )2
1 + e−πp (h) ;
(d) ; p2 + 1
.J
p2 + 1
of
p2 + 1 p2 + 1
142 Transformada de Laplace (parte 2)
19
20
S/
-2
D
-E
eu
Abr
il
am
.J
of
Pr
Aula 20
19
transformadas de Laplace a equações diferenciais, devemos em primeiro lugar saber expressar as
20
transformadas das derivadas L {f 0 (x)} e L {f 00 (x)} em termos da transformada L {f (x)}. Supondo
S/
que limx→∞ [e−px f (x)] = 0, temos que
-2
Z ∞ ∞ Z ∞
−px 0 −px
e f (x) dx = e f (x) − (−p)e−px f (x) dx
D
0
-E
0
Z ∞0
= −f (0) + p e−px f (x) dx,
eu
0
br
ou seja,
A
Se também supormos que limx→∞ [e−px f 0 (x)] = 0 então, pela identidade acima aplicada a f 0 , temos
.J
que
of
= pL {f 0 (x)} − f 0 (0)
= p[pL {f (x)} − f (0)] − f 0 (0),
ou seja,
L {f 00 (x)} = p2 L {f (x)} − pf (0) − f 0 (0). (20.2)
e
L {y 00 } = p2 L {y} − py(0) − y 0 (0), (20.5)
144 Transformada de Laplace (parte 3)
resulta que
L {y 00 + ay 0 + by} = L {g(x)},
L {y 00 } + aL {y 0 } + bL {y} = L {g(x)},
[p2 L {y} − py(0) − y 0 (0)] + a[pL {y} − y(0)] + bL {y} = L {g(x)},
L {g(x)} + (p + a)y0 + y00
L {y} = .
p2 + ap + b
Finalmente, observe que L {g(x)} é uma função de p, portanto todo o lado direito na última iden-
tidade acima é uma função da variável p. Se pudermos determinar uma função y = y(x) cuja
transformada é a função de p assim obtida, então y é solução do problema de valor inicial. (Note
que a transformada L {y} já incorpora as condições iniciais.)
O procedimento acima é válido se L {y}, L {y 0 } e L {y 00 } (e, claro, L {g(x)}) estão bem definidas.
Pode-se mostrar que se g(x) é contı́nua por partes e de ordem exponencial então y, y 0 e y 00 também
o são; em particular, os limites
19
x→∞ x→∞
20
são válidos e as transformadas L {y}, L {y 0 } e L {y 00 } estão bem definidas.
S/
-2
20.2 Exemplos
D
-E
Antes de abordarmos alguns exemplos concretos, aprecie a seguinte tabela, que resume algumas
das transformadas já calculadas nas aulas anteriores. As transformadas dessa tabela bem como as
eu
iniciais, temos
Pr
L {y 00 } + 4L {y} = 4L {x},
4
[p2 L {y} − p − 5] + 4L {y} = 2 ,
p
4
(p2 + 4)L {y} = p + 5 + .
p2
Logo,
p 5 4
L {y} = + 2 + 2 2
p2
+ 4 p + 4 p (p + 4)
p 5 1 1
= 2 + 2 + 2− 2
p +4 p +4 p p +4
p 4 1
= 2 + + .
p + 4 p2 + 4 p2
Agora, como
p 2 1
L {cos 2x} = , L {sen 2x} = 2 e L {x} = 2 ,
p2 +4 p +4 p
20.2 Exemplos 145
19
2 p p + 4b2
20
1 1 p
cos2 bx ( + 2 )
S/
2 p p + 4b2
2b2 -2
senh2 bx (p > 2|b|)
p(p2 − 4b2 )
p2 − 2b2
D
p(p2 − 4b2 )
eu
segue que
il
y = cos 2x + 2 sen 2x + x.
Sabemos do Teorema 9.1 que o problema de valor inicial do exemplo anterior tem uma única
solução, que é aquela justamente encontrada. Mas, mesmo sem apelar ao esse teorema, a unicidade
de soluções do problema de valor inicial acima, e de vários outros, pode ser deduzida pelo fato de ser a
transformada de Laplace invertı́vel quando restrita a funções contı́nuas. Em outras palavras, se f (x)
é contı́nua e F (p) = L {f (x)} converge então f (x) é unicamente determinada por F (p), no sentido
de que é a única função cuja transformada é F (p); nesse caso, escrevemos f (x) = L −1 {F (p)}.
O próximo exemplo é essencialmente o anterior com coeficientes e condições iniciais arbitrários.
iniciais, temos
L {y 00 } + k 2 L {y} = mL {x},
m
[p2 L {y} − pa − b] + k 2 L {y} = 2 ,
p
m
(p2 + k 2 )L {y} = ap + b + .
p2
Logo,
ap b m
L {y} = + 2 + 2 2
p2
+k 2 p +k 2 p (p + k 2 )
p b k m 1 1
=a 2 + + −
p + k 2 k p2 + k 2 k 2 p2 p2 + k 2
p b m k m 1
=a 2 2
+ − 3 2 2
+ 2 2.
p +k k k p +k k p
19
Logo,
20
n p o b m −1 n k o m −1 n 1 o
y = aL −1 + − L + 2L
S/
p2 + k 2 k k3 p2 + k 2 k-2 p2
b m m
= a cos kx + − 3 sen kx + 2 x.
k k k
D
-E
Exemplo 20.3. Ache, usando o método de Laplace, a solução do problema de valor inicial
br
L {y 00 } − L {y 0 } − 6L {y} = 0.
.J
of
acima, temos
portanto
1 n 1 o 4 n 1 o
y = L −1 + L −1
5 p−3 5 p+2
1 4
= e3x + e−2x .
5 5
4
19
0
= F (p − a).
20
S/
Temos assim a seguinte propriedade de translação
-2
L {eax f (x)} = F (p − a) [onde L {f (x)} = F (p)]. (20.6)
D
-E
Essa fórmula pode ser usada para calcular transformadas de funções da forma eax f (x) quando F (p) =
L {f (x)} é conhecida, bem como transformadas inversas de funções da forma F (p − a) quando
eu
b
L {sen bx} = ,
p 2 + b2
.J
of
logo
Pr
b
L {eax sen bx} = .
(p − a)2 + b2
Em particular,
3 3
L {e2x sen 3x} = 2
= 2 .
(p − 2) + 9 p − 4p + 13
4
Exemplo 20.5. Sabemos (da Tabela 20.1) que
p
L {cos bx} = ,
p2 + b2
logo
p
L {eax cos bx} = .
(p − a)2 + b2
Em particular,
p p
L {e−2x cos 5x} = = .
(p + 2)2 + 25 p2 + 4p + 29
4
148 Transformada de Laplace (parte 3)
logo
n 1 o
L −1
2
= eax x.
(p − a)
Em particular,
n 1 o n 1 o
L −1 = xe 2x
e L −1
= xe−3x .
(p − 2)2 (p + 3)2
4
Exemplo 20.7. Ache, usando o método de Laplace, a solução do problema de valor inicial
19
20
y 00 + 2y 0 + 5y = 3e−x sen x, y(0) = 0 e y 0 (0) = 3.
S/
-2
Solução. Aplicando a transformada em ambos os lados da equação diferencial obtemos
D
Por (20.6),
eu
1
L {e−x sen x} =
br
.
(p + 1)2 + 1
A
Substituindo as expressões para L {y 00 }, L {y 0 } e L {e−x sen x}, juntamente com as condições iniciais,
il
am
3
[p2 L {y} − p · 0 − 3] + 2[pL {y} − 0] + 5L {y} = ,
of
(p + 1)2 + 1
Pr
3
(p2 + 2p + 5)L {y} = 2 + 3,
p + 2p + 2
3p2 + 6p + 9
L {y} = 2 .
(p + 2p + 5)(p2 + 2p + 2)
Escrevendo
3p2 + 6p + 9 Ap + B Cp + D
2 2
= 2 + 2
(p + 2p + 5)(p + 2p + 2) p + 2p + 5 p + 2p + 2
(A + C)p3 + (2A + B + 2C + D)p2 + (2A + 2B + 5C + 2D)p + 2B + 5D
=
(p2 + 2p + 5)(p2 + 2p + 2)
2 1
L {y} = + 2
p2 + 2p + 5 p + 2p + 2
2 1
= 2 2
+ ,
(p + 1) + 2 (p + 1)2 + 12
portanto
n 2 o n 1 o
y = L −1 + L −1
(p + 1)2 + 22 (p + 1)2 + 12
n 2 o n 1 o
= e−x L −1 2 + e−x L −1 2
p + 22 p + 12
= e−x sen 2x + e−x sen x.
19
20
Exercı́cios
S/
-2
1. Ache as transformadas de Laplace [diretamente da Tabela 20.1 e usando a identidade (20.6)]
de:
D
-E
(a) x5 e2x ; (c) e3x cos 2x; (e) e2x (4 sen 3x + 5 cos 3x);
eu
(b) (1 + x − x2 )e−x ; (d) e3x sen 2x; (f) xe2x + 3x2 e3x + 5x3 e4x .
A br
2. Dados k real e m natural, ache p (se houver) tal que L {(1 − xm )ekx }(p) = 0.
il
am
3. Calcule as transformadas de Laplace L {xeax sen bx} e L {xeax cos bx}. [Use as transformadas
.J
4. Resolva cada um dos problemas de valor inicial abaixo usando o método da transformada de
Pr
Laplace.
6. Mostre que
nZ x o L {f (x)}
L f (t) dt = .
0 p
[Use a Eq. (20.1).] Ilustre esta identidade calculando
n 1 o
L −1
p(p + 1)
Respostas
5! 2
1. (a) (p+2)6
; (d) (p−3)2 +4
;
1 1 2! 12 5(p−2) 5p+2
(b) + − ;
19
p+1 (p+1)2 (p+1)3 (e) (p−2)2 +9
+ (p−2)2 +9
= p2 −4p+13
;
20
p−3 1 3·2! 5·3!
(c) (p−3)2 +4
; (f) (p−2)2
+ (p−3)3
+ (p−4)4
.
S/
2. k + (m!)1/m .
-2
D
2b(p−a) (p−a)2 −b2
3. e .
-E
p+2 p+1
(d) y(x) = 1 + e−x cos x; (L {y} = = 1
− .)
am