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ARCA
A DOS

BICHOS
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Marcelo Duarte
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Ilustrações
Laerte

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© Marcelo Duarte

Diretor editorial Projeto gráfico, diagramação e capa


Marcelo Duarte Camila Sampaio

Diretora comercial Consultoria


Patty Pachas Guilherme Domenichelli

Diretora de projetos especiais Revisão


Tatiana Fulas Alessandra Miranda de Sá

Assistentes editoriais Impressão


Vanessa Sayuri Sawada Corprint
Juliana Paula de Souza
Ana Luiza Candido

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Assistentes de arte
Alex Yamaki

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Daniel Argento Bo
CIP – BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

Duarte, Marcelo, 1964-


A arca dos bichos/ Marcelo Duarte; ilustrações: Laerte. – São
Paulo: Panda Books, 2012. 2ª ed. il. 112 pp.
a

ISBN 978-85-7888-213-6

1. Animais – Literatura infantojuvenil. I. Título.


nd

12-1076 CDD: 028.5


CDU: 087.5
Pa

2012
Todos os direitos reservados à Panda Books.
Um selo da Editora Original Ltda.
Rua Henrique Schaumann, 286, cj. 41
05413-010 – São Paulo – SP
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crime estabelecido na Lei no 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

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Agradecimento
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A Ana Maria Beres
ca,
Fátima Aparecida
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Viveiro Valente Rob


erti,
Gilson dos Santos
,e
a todos da Fundaç
ão
Parque Zoológico
de São Paulo.

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SUMÁRIO

1. Os passageiros se apresentam 11

2. É hora de dormir! 17

3. O veneno das cobras 21

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4. O assalto à cozinha 25

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5. Um macaco no hospital 33
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6. Emprego para todos 36

7. Os inventores 40
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nd

8. As brincadeiras dos bichos 44


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9. Uma partida de futebol 47

10. Jornal animal 51

11. A canja dos cantores 55

12. Zoolimpíadas 59

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13. Cultura a bordo 64

14. Vai um cineminha aí? 72

15. O código Morsa 75

16. Esquizlo Show 80

s
17. A sapataria do Jacaré 85

18. O fundo do mar


ok 89
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19. O que aconteceu com a arca de Noé
e com a arca de Zé? 93
a

20. Como construir a sua arca 97


nd

Declaração Universal dos Direitos


Pa

dos Animais 102

Respostas 106

Referências bibliográficas 108

O autor e o ilustrador 111

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–L otação esgotada! – berrou Noé, recolhendo a prancha


e fechando com pressa a porta de sua enorme arca.
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Acontece que vários bichos continuavam do lado de fora.


– Não nos deixe aqui, Noé! – implorava um coelho cinzento. –
Precisamos entrar na arca também…
– Já está começando a chover – choramingou um porco.
– Não posso, não posso. É só um casal de cada espécie – in-
sistiu Noé, e ordenou a partida. Em pouco tempo, a arca zarpou,
à espera do dilúvio.

A ARCA DOS BICHOS 9

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– Compre aqui galochas e guarda-chuvas para a grande chuva –
anunciavam no cais os urubus, transformados em vendedores
ambulantes.
Os bichos que ficaram de fora estavam desolados. De repen-
te, outra arca apareceu na frente deles.
– Ei, o que é isso?
Era uma arca de segunda linha que tinha chegado ao cais.
A prancha desceu e quase pegou o rabo de um macaco meio
distraído.

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– Olá, amigos! Eu me chamo Zé e esta é a minha arca. Podem

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entrar, aceito qualquer tipo de pagamento, de passe a vale-
-transporte. É pagar e entrar!
Bo
Zé explicou que era dono de uma frota de ônibus. Ao saber
da chuvarada que estava para cair, percebeu que o negócio era
mais rentável. Vendeu os ônibus e comprou a arca.
– Só pode ir um casal de cada espécie também?
a

– Não. Essa história de casal não


nd

funciona. Eles vão ficar um tempão na-


Quando estão quela arca. Muitos acabarão brigando.
assustados ou Já imaginou? Seria o fim da espécie…
Pa

irritados, os gambás – Isso não está me cheirando bem! –


produzem um cheiro
repugnante que
disse o Gambá.
pode ser sentido a Ninguém deu bola para ele. O em-
uma distância de barque virou uma festa geral. Foi só o
oitocentos metros. tempo de todos entrarem na arca para
o pé-d’água cair.

10 MARCELO DUARTE

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OS PASSAGEIROS
1 SE APRESENTAM

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O s bichos foram logo se instalando na arca.
Ela era bem grande, mas já estava pedindo uma boa re-
forma. Zé nunca tinha visto tantos animais juntos. Na hora do
embarque, para que todos se conhecessem melhor, ele pediu a
cada animal que falasse algo de si. Um deles, no entanto, contou
uma grande mentira. Será que você descobre qual foi?

F Eu sou a Girafa e tenho apenas sete vértebras no pescoço, as-


sim como a maioria dos mamíferos. Só que cada vértebra minha

s
chega a cinquenta centímetros!

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F Meu nome é Hipopótamo. Sou capaz de ficar um tempão
Bo
submerso porque meu nariz impede a entrada de água. Minha
pele é sensível ao sol. Por isso, só gosto de sair da água à noite,
para comer. Quando saio durante o dia, eu solto uma secreção
avermelhada que protege minha pele.
a
nd

F Sou o Rinoceronte. Com minha pele de quatro centímetros


de espessura, pareço um tanque de guerra. Mesmo assim, certos
mosquitos conseguem me picar, sabiam?
Pa

F Oi, macacada. Sou o Chimpanzé e, de pé, posso medir até


1,40 metro.

F Tum-tum-tum. Meu coração chega a bater mil vezes por minuto,


enquanto o de uma baleia-azul e o de um elefante batem 25 vezes
no mesmo período. Ah, esqueci de me apresentar. Sou o Beija-Flor.

12 MARCELO DUARTE

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F Prazer, meu nome é Coelho. Mexo bastante o nariz porque
tenho o olfato muito sensível. É assim que fico sabendo se existe
algum perigo por perto.

F Sou o Leão, o rei dos animais. Mas o verdadeiro caçador da


casa é a Leoa, que providencia o alimento para toda a família.

F Muito prazer! Sou a Borboleta. Minhas cores metálicas con-


fundem os pássaros. O movimento rápido de minhas asas pro-

s
duz lampejos cintilantes que ofuscam os olhos das aves, deixan-

ok
do-as desorientadas e levando-as a perder sua presa.
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nd

F Não, não. Não estou de paletó. Eu sou o Pinguim e moro no


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polo Norte, um lugar muito frio.

F Eu, o Camaleão, sou conhecido pela capacidade de mudar de


cor – a camuflagem que uso para enganar minhas vítimas. Não é
só isso: minha língua, de trinta centímetros, é uma das mais rápi-
das do reino animal. Ela leva cerca de um centésimo de segundo
para saltar da boca e capturar insetos.

A ARCA DOS BICHOS 13

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F Vocês me conhecem? Então, deixem-me abrir minha cauda.
Sou o Pavão macho e tenho entre 150 e duzentas penas longas e
coloridas. Cada uma pode chegar a 1,5 metro de comprimento.

F Cri-cri. Meu nome é Grilo. Eu ouço pelos joelhos. Estão achando


engraçado? Pois os ouvidos das cigarras ficam no estômago.

F Sou a Vicunha e habito a cordilheira dos Andes, em regiões


de até 5 mil metros acima do nível do mar. Num lugar tão alto,

s
o oxigênio se torna escasso. Para mim, no entanto, isso não é

ok
problema: meu sangue transporta três vezes mais oxigênio que
o dos seres humanos.
Bo
F Meu nome é Pica-Pau. Toc-toc-toc. Posso dar cem bicadas
por minuto numa árvore. A velocidade do impacto alcança até
21 quilômetros por hora. Depois coloco a língua no buraco que
a

acabei de abrir para apanhar larvas de insetos embaixo da cas-


nd

ca da árvore. Como tenho um ouvido muito apurado, que, na


maior parte das vezes, me permite localizar as larvas pelo som,
eu costumo furar no ponto certo.
Pa

F Sou o Sapo e tenho duas glândulas de veneno na pele, uma


atrás de cada olho. O veneno só é expelido quando minhas glân-
dulas são pressionadas. Para coaxar, nem preciso abrir a boca. Eu
inflo e esvazio, formando um papo. No vaivém entre o papo e os
pulmões, o ar faz as cordas vocais vibrarem. Em geral, o coaxar é
o chamado dos machos na época do acasalamento.

14 MARCELO DUARTE

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F Gosto muito de comer vegetais. Aliás, 99% da minha dieta
é bambu. Quando adulto posso pesar até 150 quilos, mas meu
filhote nasce com oitenta a 150 gramas apenas. Muito prazer,
sou o Panda.

F Olá, sou o Gambá. Assim como os coalas e cangurus, meus


primos australianos, eu tenho uma bolsa de pele na barriga cha-
mada marsúpio; é um lugar bem quentinho e protegido. Meus
filhotes mamam e se desenvolvem na minha

s
bolsa até crescerem. Durante esse tempo,

ok
eu os carrego para todo lado.
Bo
Veja a resposta na página 106.
a

Agora que você já sabe quem foi o bicho que contou a mentira,
nd

conheça algumas lendas que se criaram a respeito dos animais.


Muita coisa que você imagina ser verdade, não é.
Pa

J Os elefantes não têm medo de ratos. Um rato para eles é como


uma formiga para nós.

J As avestruzes não enfiam a cabeça na terra, como aparece nos


desenhos animados. Se fizessem isso, morreriam sufocadas. Suas
pernas são suficientemente grandes para essas aves se defende-
rem de quem as ataca – ou para saírem correndo.

A ARCA DOS BICHOS 15

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J Os camelos não armazenam água em suas corcovas. A cor-
cova é, na realidade, um grande depósito de gordura. Por isso,
eles podem viajar longos períodos pelo deserto sem comer. Seu
corpo vai usando a gordura das corcovas aos poucos como ali-
mento. Tanto é que elas diminuem de tamanho nessas ocasiões.
Os camelos podem comer qualquer coisa que encontrarem pela
frente no deserto, até mesmo cactos. O interior de sua boca tem
um revestimento grosso, que impede a penetração dos espinhos
dos cactos.

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J O elefante não bebe água com a tromba. A tromba é o nariz
dele e funciona como um canudão. O elefante puxa a água e a es-
Bo
guicha na boca ou nas costas. Se ele tentasse usar a tromba para
beber, a água iria direto para os pulmões, em vez de ir para o es-
tômago. Ele é capaz de armazenar oito litros de água na tromba.
a

J Os papagaios não falam. Eles apenas imitam os sons que ou-


nd

vem, repetindo o que lhes ensinam. O formato recurvado do


bico, do palato (o céu da boca) e da língua, associado à parte
respiratória, facilita a reprodução de sons mais graves, parecidos
Pa

com a voz do homem. O mainá, pássaro nativo da Índia, imita a


fala humana com mais fidelidade que o papagaio.

J O pônei não é um cavalo ainda bebê. O pônei é, na verdade,


uma espécie de cavalo anão. Mesmo adulto, ele jamais chegará
ao tamanho de um cavalo.

16 MARCELO DUARTE

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2 É HORA DE DORMIR!

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–A lguém aí pode fazer o favor de apagar os vaga-lumes? –
gritou a Galinha. – Eu quero dormir!
– Mas ainda é tão cedo… – disse a Coruja.
– Não é, não – discordou o Marreco. – Já está na hora de dormir!
– Quer dizer que todo mundo resolveu dormir com as gali-
nhas hoje? – falou a Coruja, sem saber que estava criando uma
expressão que seria bastante usada até os dias de hoje.
Todos se ajeitaram muito bem na primeira noite. Embora
chovesse forte lá fora, o sono dos animais foi tranquilo.

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Z O golfinho tem um sono muito leve. Eles diminuem o ba-
timento cardíaco enquanto dormem, concentrando o sangue em
Bo
órgãos vitais. É nesse momento que conseguem descansar uma
parte do cérebro e deixar a outra mais desperta.

Z As formigas nunca dormem. Pudera: elas não têm tempo a


a

perder. Uma formiga vive, em média, três semanas.


nd

Z Para seu curto sono de uma hora diária, a baleia se


vira de lado e flutua.
Pa

18 MARCELO DUARTE

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Z As corujas dormem de dia porque são nictalopes. O que é isso?
Elas não enxergam direito durante o dia. Quando a noite chega, elas
saem para caçar e veem melhor do que nós em pleno dia.

Z O albatroz passa a maior parte do tempo voando. Percorre


milhares de quilômetros, durante meses, sem avistar terra. Desse
modo, dorme em pleno voo, sustentado pelo vento do oceano.

Z A girafa precisa de apenas duas horas de sono por dia. Já o

s
bicho-preguiça, como o próprio nome denuncia, dorme cerca de

ok
vinte horas.
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Veja abaixo a quantidade de horas
diárias de sono de alguns bichos:

Cachorro 10 horas
a

Cavalo 3 horas
Elefante africano 3 horas
nd

Foca 6 horas
Gato 15 horas
Pa

Morcego 19 horas
Porco 8 horas
Rato 13 horas
Zebra 3 horas

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O VENENO
3 DAS COBRAS

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o nascer do dia, o Galo cantou bem alto para acordar toda
a turma.
Todos acordaram, e aí começaram
as confusões. A adaptação dos bichos Ao cantar, o galo
nos primeiros dias não foi fácil. Alguns avisa ao galinheiro
passageiros tiveram problemas. que continua vivo
– Uma barata! Uma barata! Tirem e no comando.
O cocoricó tem a
essa criatura horrorosa, nojenta, re- função de assustar
pugnante daqui. Que horror! Como é

s
possíveis oponentes.
que deixaram um bicho desses entrar

ok
na arca?
– Calma, dona Ratazana.
Bo
O clima pegou fogo quando as cobras começaram a fazer
fofocas pelos corredores da arca. Elas destilavam muito veneno
em seus comentários.
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22 MARCELO DUARTE

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Baratas
As baratas existem há 320 milhões de anos. São 3.500 as espé-
cies conhecidas, mas somente 35 vivem em ambiente domésti-
co. Elas carregam germes. Como andam e fazem cocô sobre os
alimentos, podem transmitir doenças – paralisia infantil, cólera
e até febre tifoide. Durante os dois anos que vivem, as fêmeas
põem, em média, cinquenta ootecas (saquinhos que protegem
os ovos) com 16 embriões cada uma, os quais, depois de 45 dias,

s
ganham o mundo.

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Cobras
As cobras comem a cada 15 dias – tempo que demora sua
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digestão. A digestão delas é lenta porque engolem o alimento
inteiro, sem mastigar.
a

No Brasil, existem quatro gêneros de cobras venenosas. A ja-


nd

raraca é responsável por 85% dos casos de picadas em seres hu-


manos. Depois vêm a cascavel, a surucucu-pico-de-jaca e a coral.
Pa

Em média, a extensão do bote de uma cobra corresponde a um


terço do tamanho dela.

A cobra-real é a maior cobra venenosa do mundo, chegando a


medir quatro metros de comprimento. Ela pode ser encontrada
na Ásia e faz parte do grupo das najas. Uma única picada dessa
cobra pode matar um elefante em quatro horas.

A ARCA DOS BICHOS 23

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Toda serpente produz uma substância tóxica na boca, porém
poucas têm a capacidade de injetá-la porque não possuem den-
tes apropriados. O veneno, misturado à saliva, só serve na diges-
tão do alimento. As cobras chamadas peçonhentas conseguem
injetar o seu veneno.

As cobras são surdas. Elas sabem que alguém está se aproxi-


mando pela vibração do solo.

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Algumas cobrinhas estão prontas para sair do ovo entre sete

ok
e 15 semanas depois da postura. Para quebrar a casca do ovo, os
filhotes de cobra usam uma escama especial dura e afiada loca-
Bo
lizada no lábio. Esse aparato lembra um dente e é chamado po-
pularmente de “dente de ovo”. O filhote usa-o como uma serra,
balançando a cabeça de um lado para outro até abrir uma fenda
na casca. Logo depois que sai da casca, esse dente cai.
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O ASSALTO
4 À COZINHA

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N a cozinha, Zé comandava a equipe que preparava as refei-
ções para todo aquele batalhão. Não podia faltar comida.
Ele tinha medo de que os bichos começassem a comer uns aos
outros se o almoço atrasasse. Por isso, Zé contou com os conse-
lhos da turma do Zoológico de São Paulo, o maior da América
Latina, para montar o cardápio dos animais.
Proporcionalmente ao seu tamanho, o Beija-Flor está entre os
animais que mais comem no mundo. Existem aproximadamente
trezentas espécies diferentes de beija-flores com tamanhos varia-

s
dos. Em média eles se alimentam de 15 gramas de néctar e insetos

ok
por dia. Os elefantes comem entre cem e duzentos quilos de ve-
getais por dia e a baleia-azul, até quatro toneladas por dia.
Bo
No Zoológico de São Paulo, são servidos diariamente 5 mil
quilos de comida para 3 mil animais. Esse Zoológico tem uma área
chamada biotério, onde são criados ratos, cobaias,
pintinhos, grilos, baratas e larvas de besouros, que
a

fazem parte da dieta de vários animais.


nd

Arara
Total por dia: 170 g
Pa

10 g de banana
10 g de laranja
10 g de mamão
20 g de milho cozido
10 g de tomate
10 g de catalônia
100 g de ração especial para araras

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Avestruz
Total por dia: 7,12 kg
2 kg de ração para herbívoros
1 kg de banana
120 g de batata-doce
4 kg de catalônia

Chimpanzé
Total por dia: 5,8 kg

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2,5 kg de banana

ok
600 g de mamão
600 g de laranja
Bo
200 g de limão
200 g de batata-doce cozida
200 g de tomate picado
200 g de cenoura picada
a

200 g de frutas da época


nd

400 g de ração para primatas


1 ovo cozido (50 g)
50 g de pescoço de frango moído
Pa

600 g de repolho

A ARCA DOS BICHOS 27

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Elefante indiano
Total por dia: 108,12 kg
5 kg de ração
10 kg de abóbora em pedaços
8 kg de banana
4 kg de mamão
30 kg de cana-de-açúcar
6 kg de repolho
50 g de farinha de osso

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70 g de vitamina

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45 kg de capim-verde

Gorila
Bo
Total por dia: 8,52 kg
3 kg de banana-nanica
800 g de mamão
a

720 g de laranja
nd

300 g de limão
400 g de batata-doce cozida
500 g de tomate
Pa

500 g de cenoura
400 g de frutas da época
600 g de ração para primatas
2 ovos cozidos (100 g)
160 g de pescoço de frango moído
40 g de amendoim
1 kg de repolho

28 MARCELO DUARTE

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Hipopótamo
Total por dia: 73,1 kg
5 kg de ração
30 g de farinha de osso
70 g de vitamina
4 kg de abóbora picada
1 kg de batata-doce picada
9 kg de mamão
2 kg de cenoura em pedaços

s
2 kg de repolho

ok
10 kg de cana moída
40 kg de capim-verde
Bo
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Leão
Total por dia: 5,45 kg
nd

2,2 kg de músculo ou coração


1,1 kg de pescoço de frango
Pa

550 g de sardinha
1,1 kg de rim
500 g de pintinhos, ratos ou cobaias
(A fêmea come 4,5 kg por dia.)

A ARCA DOS BICHOS 29

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Lobo-guará
Total por dia: 1,92 kg
600 g de fígado, músculo ou coração
300 g de pescoço de frango
450 g de rim
150 g de pintinhos
20 g de vitamina
100 g de banana
100 g de mamão

s
100 g de abacaxi

ok
100 g de frutas da época
Bo
Tamanduá
Total por dia: 1,55 kg
250 g de carne moída
a

350 g de ração
1 l de leite de soja (900 g)
nd

1 ovo cozido (50 g)


Cupins sempre que possível
Pa

Com exceção dos cupins, os


alimentos do tamanduá são batidos
e servidos como uma papa.

30 MARCELO DUARTE

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Quando os pratos estavam prontos para ir à mesa, Zé repa-
rou que alguns bichos tinham beliscado alguns deles antes da
hora. O que os malandrinhos que fizeram isso não perceberam é
que o chão da cozinha estava todo sujo de farinha e as marcas de
suas patas ficaram registradas ali. Ajude o Zé a desvendar quais
foram os gulosos que não esperaram o almoço ser servido.

s
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Pa

Veja a resposta na página 106.

A ARCA DOS BICHOS 31

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Você sabia que... um crocodilo adulto pode ficar até dois anos sem
comer? Na hora que o jejum termina, é bom não estar por perto!

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– Já guardei na geladeira toda a comida que sobrou – disse o
Bo
Gato para o dono da arca.
– Que geladeira? – surpreendeu-se Zé.
– Aquela branca lá na cozinha…
– Mas nós não temos nenhuma geladeira branca na cozinha.
a

– Ih, então o Urso-Polar comeu tudo!


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32 MARCELO DUARTE

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UM MACACO
5 NO HOSPITAL

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Z é reuniu os bichos e pediu voluntários para ajudar nas tare-
fas. O macaco Reso mostrou seu diploma de médico e acei-
tou tomar conta do hospital da arca. Além dele, Zé contratou a
Cegonha, que ficou responsável pela maternidade, e o Morcego,
que cuidaria do banco de sangue. A Cobra, que vive trocando de
pele, ganhou o cargo de dermatologista.
No final do primeiro dia, o Reso parecia estar bastante cansa-
do. Ele contou ao primo Chimpanzé, que tinha ido visitá-lo:
– Trabalhei feito um louco hoje! A Girafa estava com dor

s
de garganta, o Porco-Espinho apareceu dizendo que sentiu uma

ok
pontada nas costas, e a Centopeia veio aqui reclamando de
unha encravada…
Bo
O Chimpanzé, então, pôs as mãos na cabeça e avisou:
– Xiiiii! Lá vem o Elefante, e eu sei que ele está resfriado…

Quem é o macaco reso?


a
nd

Milhares de vidas foram salvas graças ao macaco reso. Duran-


te muitos anos, ele foi um dos principais animais usados em
experiências científicas. Diversas vacinas foram testadas nesses
Pa

macaquinhos. Eles tomavam vacina e depois eram contamina-


dos com a doença que ela deveria prevenir para ver se a vacina
funcionava. O macaco ainda era sacrificado para que pudessem
examinar seus órgãos. Foi também nos resos que os cientistas
descobriram o fator Rh (que, por sinal, vem das iniciais de seu
nome em latim, Rhesus). Hoje, sabe-se que as pessoas têm di-
ferentes tipos de sangue – A, B, AB ou O com Rh positivo ou

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negativo. Se não fosse por isso, as transfusões de sangue não
dariam certo.

Nas paredes dos corredores do hospital, os bichos afixaram


vários cartazes com campanhas educativas. Uma delas dizia o
seguinte:
“Não leve seu cachorro para a praia! Você já ouviu falar do
bicho-geográfico? O nome científico dele é Larva migrans. Ele
vive no cocô dos animais deixado na areia e prolifera sobretu-

s
do nas areias úmidas onde não bate sol. O bichinho anda por

ok
dentro da pele, provocando uma coceira muito forte, e deixa a
marca de seus rastros. Esses desenhos parecem um mapa. Por
Bo
isso é que ele ganhou tal apelido.”
a
nd
Pa

A ARCA DOS BICHOS 35

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

EMPREGO
6 PARA TODOS

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A os poucos, todos os animais foram realizando alguma ati-
vidade na arca.
O Louva-a-Deus montou uma igreja.
A Preguiça inaugurou um lava-rápido que não deu muito certo.
A Ovelha Negra foi convidada a participar de um comercial
de uma marca de sabão em pó que lava mais branco.
Só o Tucano não arrumou nada fixo – preferiu fazer bicos.
As aranhas não precisaram arrumar emprego, pois viviam
de renda.

s
Alguém mandou o Orangotango pentear macacos, e ele abriu

ok
um instituto de beleza. Sua especialidade era fazer permanente
em crinas de cavalos e em jubas de leões. O Bode sempre apare-
Bo
cia lá para cuidar da barbicha. Outro cliente era o Coelho, que ia
aparar o bigode dia sim, dia não.

Por falar em bigodes…


a

Os bigodes dos bichos funcionam como


nd

um órgão sensorial. Os pelos dos bigodes


são longos para captar as características do
ambiente em que os animais se encontram.
Pa

Por exemplo: no escuro, os bigodes se vol-


tam para a frente, os nervos capturam as
informações sobre temperatura e as levam
para o cérebro. Se captam calor, pode ser
que haja outros animais por perto.

A ARCA DOS BICHOS 37

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Como as aranhas fazem sua teia?
As aranhas têm dois, quatro ou seis tubinhos no abdômen, chamados
fiança. Para fazer as teias, o líquido que sai das fiandeiras endurece,
adquirindo a forma de fios, como naquela máquina que faz algodão-doce.
As teias funcionam como armadilhas para os insetos, dos quais as aranhas
se alimentam.

s
Alguns cachorros se reuniram para montar uma pequena editora

ok
na arca. O primeiro livro foi escrito por um tal de Camões, só com
curiosidades caninas:
Bo
U Por que os cachorros levantam a perna para fazer xixi? A ex-
plicação mais aceita é que o cachorro usa o xixi para demarcar
seu território. Quando ele levanta a perna, o jato da urina alcança
a

uma área maior. A outra explicação se relaciona a hormônios.


nd

Cachorrinhos que tenham sido castrados com menos de quatro


meses não levantam a perna.
Pa

U Como os cães têm poucas glândulas sudoríparas, eles transpi-


ram pela língua. É por isso que ficam sempre com a língua para fora.

U As raças de cachorros fila brasileiro, mastim inglês, rottweiler


e pit bull são as que têm as mordidas mais violentas. Eles pos-
suem o músculo do maxilar inferior muito forte, e os ossos que
formam a cabeça são adaptados para sustentá-lo. As mandíbu-

38 MARCELO DUARTE

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las também são mais curtas que a de outros cães e funcionam
como uma espécie de alicate. É tudo isso que torna a mordida
desses cachorros de oito a dez vezes mais poderosa que a do
homem. A mordida do pit bull consegue atingir duzentos quilos
de pressão, cinco vezes menos que a do rottweiler, que chega a
uma tonelada.

U O cachorro mais rápido que existe é o greyhound. Ele atinge


uma velocidade de 67 quilômetros por hora.

s
ok
U Essa mania dos cães de enterrar os ossos foi herdada de seus
ancestrais, os lobos. Por uma questão de sobrevivência, os lo-
Bo
bos enterravam o que sobrava das presas abatidas para depois
se alimentarem quando sentissem fome. Os cachorros também
enterram a comida que não conseguem ingerir de uma só vez,
embora, com a domesticação, isso tenha deixado de ser útil à
a

sua sobrevivência.
nd

U O chiuaua, a menor raça de cachorro, pesa, em média, de


quatrocentos gramas a 2,5 quilos. O cão mais pesado é o são-
Pa

-bernardo, com cerca de 125 quilos.

A ARCA DOS BICHOS 39

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

7 OS INVENTORES

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D urante o tempo em que permaneceram na arca, os animais
inventaram muitas coisas que hoje fazem parte da nossa
vida. Quer ver só?

O Leão acordava sempre com dor nas costas. Não via como
resolver o problema. Certo dia, ao atravessar o convés, ele tro-
peçou e caiu em cima do Porco-Espinho. Vários espinhos fica-
ram grudados em suas costas, e logo depois a dor passou. Estava
inventada a acupuntura.

s
ok
Você sabia que... um porco-espinho tem, em média, 30 mil espinhos?
Bo
O parapeito do convés era muito alto. Os bichos não con-
seguiam espiar o que acontecia do lado de fora. A Girafa, com
seus quatro metros de altura, se encarregava de ficar ali, contando
tudo para os outros. Foi assim que surgiu o primeiro periscópio
a

da história.
nd

Você sabia que... a girafinha já nasce com altura de jogador de


basquete? É, ela nasce com cerca de dois metros. Na idade adulta,
Pa

pode atingir 5,3 metros. As girafas não se deitam para dar à luz.
Ao nascer, o bebê despenca de uma altura de dois metros. De-
pois de mais ou menos uma hora e inúmeras tentativas, o filhote
enfim se equilibra nas quatro patas. Só assim ele poderá mamar.

Os vaga-lumes ficaram zanzando pela cozinha. Zé não gos-


tou e prendeu os invasores num vidro. Para chamar a atenção, os

A ARCA DOS BICHOS 41

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vaga-lumes acendiam e apagavam sem parar. Era o nascimento do
pisca-pisca.

Você sabia que... a bioluminescência, que é como se chama a


produção de luz amarelo-esverdeada pelo vaga-lume, serve para
aproximar o macho da fêmea? A luz acende no abdômen.

As ostras estavam preocupadas em guardar suas valiosas pé-


rolas num lugar seguro. Escolheram a bolsa dos cangurus. Sem

s
saber, elas cria­vam naquele momento a bolsa de valores.

ok
Você sabia que... os cangurus sempre limpam a sua bolsa? Eles
Bo
usam os pés para abri-la bem. Depois colocam a cabeça lá dentro
e limpam tudo com a língua. Esse trabalho é dificultado quando
a mamãe canguru acaba de dar à luz um filhotinho. É que os
bebês ficam ali de sete a oito meses. Passado esse período, o can-
a

guruzinho começa a sair um pouco, mas volta toda vez que está
nd

com fome. É a mãe que determina quando ele não deve mais
entrar na bolsa.
Pa

Certo dia, a carne que seria servida no almoço estava meio


dura. Os cozinheiros pediram ao Cavalo que pisasse nos bifes
com sua ferradura para amaciá-los. Obtiveram o resultado espe-
rado, e o novo prato foi batizado de bife a cavalo.

Você sabia que... as ferraduras foram inventadas pelos romanos


no século I? A primeira era amarrada como uma sandália para

42 MARCELO DUARTE

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proteger as patas do cavalo. Por volta do ano 50, surgiu a ferra-
dura que se pregava na pata do animal. Era bem melhor, pois o
cavalo escorregava menos. Na Grécia do século IV, a ferradura
passou a ser considerada um amuleto por ser feita de ferro, me-
tal que o povo acreditava protegê-lo contra quaisquer males, e
por sua forma lembrar a lua crescente, símbolo de fertilidade
e prosperidade.

Diante de uma tela de computador, a aranha não parava de di-

s
gitar. Escrevia, escrevia, escrevia. Dali a pouco, costurava um pou-

ok
co de sua teia na máquina. Apareceu um besouro e perguntou:
– O que você está fazendo aí?
Bo
– Estou criando uma rede social!

Você sabia que... existem aproximadamente 40 mil espécies di-


ferentes de aranhas, todas carnívoras e ótimas caçadoras? Para
a

capturar seu alimento, algumas constroem buracos no chão pa-


nd

ra se esconder e apanhar suas presas, outras têm cores iguais a


flores, possibilitando se camuflar e pegar insetos desprevenidos,
e há as que constroem teias com diversos formatos. Os fios são
Pa

muito resistentes, até cinco vezes mais fortes do que o aço do


mesmo diâmetro. Os insetos e até pequenas aves se enroscam e
ficam presos nessas elaboradas armadilhas, mas as aranhas nunca
se prendem nas próprias teias.

A ARCA DOS BICHOS 43

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

AS BRINCADEIRAS
8 DOS BICHOS

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O s bichos não paravam de bolar brincadeiras para passar
o tempo. Sabe aquela brincadeira de ligar os pontos? Foi
a primeira que eles inventaram. Só desistiram do jogo quando
descobriram que os pontos eram formiguinhas que não paravam
no lugar…

s
ok
Bo
“Quem somos nós?” foi outra brincadeira. Tente adivinhar
quem são eles: a maior parte de nós come insetos, o mesmo ali-
mento de muitos pássaros. Além de não gostarmos da luz do sol,
preferimos caçar à noite, porque os pássaros estão dormindo e
a

não há concorrência. Nós detectamos nossas presas no escuro


nd

graças ao sistema de radar que possuímos. Das 1.100 espécies


existentes no mundo, apenas três se alimentam exclusivamente
de sangue. Há, ainda, espécies carnívoras, que comem escorpiões,
Pa

lagartos de pequeno porte e até mesmo morcegos.

Veja a resposta na página 106.

A ARCA DOS BICHOS 45

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Os animais fizeram uma roda e começaram uma nova brincadei-
ra. O Leão dizia o nome de vários passageiros da arca. Se eles pudes-
sem voar, todos deveriam erguer imediatamente os braços. Quem
levantava os braços na hora errada saía do jogo. Que tal fazer essa
brincadeira com seus amigos?

1. Os canários voam?

s
2. Os urubus voam?

ok
3. As galinhas voam?
Bo
4. As moscas voam?

5. Os patos voam?
a
nd

6. As avestruzes voam?

7. Os ratos voam?
Pa

8. Os morcegos voam?

9. As tartarugas voam?

Veja a resposta na página 106.

46 MARCELO DUARTE

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

UMA PARTIDA
9 DE FUTEBOL

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C erta tarde, Zé apareceu todo feliz com um baralho colorido.
– Vocês sabem jogar Mico-Preto? – perguntou.
Os macacos olharam feio para Zé, que tratou de esconder as
cartas.
– Era só brincadeirinha – ele riu para disfarçar o fora e foi
saindo devagar.
Voltou logo depois com uma bola de futebol que parecia
novinha em folha e a ofereceu para os animais. Eles se dividi-
ram em dois times e resolveram disputar uma partida de fute-

s
bol no convés. Já no primeiro lance, porém, o Porco-Espinho

ok
deu um chutão e… furou a bola (ou melhor, o coitadinho do
Tatu-Bola).
Bo
Por causa disso, um árbitro da Fifa (Federação Internacional
de Futebol Animal) resolveu suspender a partida.
a

O que é “bicho” no futebol?


A palavra começou a ser usada no futebol em 1923. Trata-se da gratificação dada
nd

aos jogadores de um time por uma vitória ou um empate numa partida.


Pa

MASCOTES

Muitos clubes de futebol adotaram bichinhos como mascotes. O


periquito representava o Palmeiras, até ser trocado pelo porco.
Temos ainda o leão, da Portuguesa e do Sport Recife, e o tigre,
símbolo do Criciúma. Confira outras simpáticas mascotinhas:

48 MARCELO DUARTE

Arcadosbichos.indd 48 18/04/12 16:39


Galo e raposa
Em 1945, quando o chargista Fernando Pierucetti, o Mangabei-
ra, trabalhava no jornal Folha de Minas, o editor lhe encomendou

s
alguns símbolos para os times mineiros. Mangabeira decidiu de-

ok
senhar bichos. Para ele, o Atlético Mineiro lembrava um galo
de briga. A mascote do Cruzeiro foi inspirada na figura de um
Bo
ex-presidente do clube, “astuto como uma raposa”.
a
nd
Pa

Mangabeira criou também o canário da Seleção Brasileira.

Peixe
Passou a ser o símbolo do Santos a partir do primeiro jogo profis-
sional do futebol brasileiro, em 1933, contra o São Paulo. Antes
da partida, os jogadores santistas foram chamados de peixeiros
pelos são-paulinos. E, desde então, o peixe é a mascote do clube.

A ARCA DOS BICHOS 49

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Porco
Durante o Campeonato Paulista de 1969, o Corinthians pediu
permissão à Federação Paulista de Futebol para contratar dois
jogadores que substituíssem o lateral direito Lidu e o ponta-
-esquerda Eduardo, mortos num acidente de automóvel. Todos
os clubes concordaram, menos o Palmeiras. Na partida seguinte
entre os dois times, a torcida corintiana encontrou uma forma
de protestar contra o que considerou uma “sujeira” palmeirense.
Levou um porco ao Estádio do Morumbi e o soltou no gramado

s
antes do início do jogo. Enquanto o animal corria, assustado,

ok
pelo campo, os corintianos gritavam o coro que funcionou como
provocação até 1986. Nesse ano, a torcida do Palmeiras resolveu
Bo
adotar a nova mascote e começou a cantar o “Dá-lhe, porco!”.

Urubu
Os torcedores do Flamengo não gostavam de ser chamados de
a

urubus. Mesmo assim, na década de 1960, o cartunista Henfil


passou a desenhar o urubu como símbolo do clube nas charges
nd

do Jornal dos Sports. A galera reagiu com certa desconfiança, mas


acabou se rendendo numa tarde de Flamengo X Botafogo, em
Pa

1o de junho de 1969, quando um torcedor soltou uma dessas


aves no gramado do Maracanã. O urubu tinha a bandeira do
Flamengo amarrada num dos pés. O Flamengo venceu por 2 X 1,
e o urubu é sua mascote até hoje.

50 MARCELO DUARTE

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

10 JORNAL ANIMAL

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C omo a partida de futebol terminou muito rápido, a bicha-
rada foi para a sala de televisão. Viram o CQC (Corre, Quati,
Corre!) e acompanharam o reality show Big Bode Brasil (embora
as ovelhas preferissem assistir à A fazenda, programa com mesmo
formato, apresentado por Cabritto Júnior). Só que aí a TV come-
çou a dar interferência.
As instalações elétricas ficaram por conta de vários peixes-
-elétricos.

s
Você sabia que... os peixes-elétricos atordoam a presa com choques

ok
elétricos de mais de duzentos volts? Cada choque desses daria para ligar
um aparelho de TV.
Bo
Os insetos foram os que captaram as melhores imagens, pois
contam com antenas próprias.
a

Para que servem as antenas dos insetos?


As antenas são responsáveis pelo olfato; é por meio delas que os insetos farejam
nd

comida. Como a maioria das formigas é cega, elas usam as antenas para
“tatear” o lugar por onde estão andando.
Pa

Finalmente, as imagens começaram a aparecer. Estava na hora


do Jornal animal, da Rede Lobo de Televisão. As notícias daquela
edição foram as seguintes:

Urubu derruba avião


da Aeronáutica.

52 MARCELO DUARTE

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O choque de um urubu de dois quilos com um avião a tre-
zentos quilômetros por hora, já em procedimento de descida,
produziu um impacto equivalente a sete toneladas. Em 1986, a
Força Aérea Brasileira perdeu um jato Mirage logo após a deco-
lagem. Um urubu entrou na turbina. Não houve vítimas, mas a
queda do avião causou um prejuízo de 10 milhões de dólares.

Viúva-negra faz mais

s
uma vítima! Polícia
não tem pistas.

ok
Bo
Depois do acasalamento, a viúva-negra, uma espécie de ara-
nha, simplesmente devora o macho.
A cópula das aranhas tem uma característica peculiar. O ma-
cho, depois de “fazer a corte” dedilhando a teia onde está a fê-
a

mea (ela reconhece o macho pela vibração dos fios), expele seu
nd

esperma em um emaranhado de teias. Então, ele mergulha as


patas dianteiras, que parecem pequeninas luvas de boxe, no es-
perma e as introduz na abertura genital da fêmea.
Pa

“No caso da viúva-negra, o encaixe das patas com a cavidade


genital é perfeito”, diz o aracnólogo Eduardo N. Ramires, do Ins-
tituto Butantã, em São Paulo. Por isso, muitas vezes, as patas do
macho ficam presas. Quando ele faz força para retirá-las acaba
perdendo-as e morre de hemorragia. Algumas vezes, ao encon-
trar o macho morto, a fêmea o devora porque o considera uma
presa como outra qualquer. A polícia investiga se foi um acidente.

A ARCA DOS BICHOS 53

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Pica-pau sabota
projeto espacial
norte- americano.

O ônibus espacial Discovery teve seu lançamento adiado em


junho de 1995. Dois pica-paus fizeram 71 furos no revestimen-
to externo do tanque de combustível. Foi preciso improvisar um

s
aparato antipica-paus, com balões e bandeirolas, no local de lan-
çamento, o Centro Espacial de Cabo Kennedy, nos Estados Unidos.

ok
Bo
Baleia-piloto é resgatada
por equipe cearense.
a
nd

Uma baleia-piloto encalhada mobilizou parte da população


de Beberibe em novembro de 2011. Ela estava doente e se
perdeu de seu grupo, indo parar no litoral do Ceará. Como essa
Pa

espécie pode desidratar se ficar com alguma parte do corpo fora


d’água, três voluntários viraram a noite molhando seu dorso, que
estava descoberto. Uma equipe de biólogos colocou-a sob col-
chões flutuantes, para que o chão não comprimisse os órgãos
vitais, e veterinários ficaram responsáveis pela recuperação da
sua saúde. Depois de dois dias de antibiótico, vitamina e muita
atenção, a baleia-piloto foi devolvida ao alto-mar sã e salva.

54 MARCELO DUARTE

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

A CANJA DOS
11 CANTORES

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T oda noite, depois do jantar, vários animais se reuniam no
salão de festas da arca. Conversavam sobre o dilúvio e con-
tavam piadas (as de papagaio eram as campeãs de preferência).
– Que tal um pouco de música? – sugeriu o Marreco. –
Quem é que vai nos dar uma canja?
– Não olhem para mim! – disse a Galinha.
Então, alguns passageiros famosos fizeram uma roda e canta-
ram canções da MPB (Música Popular dos Bichos).

s
ok
Kid Abelhuda
Uma abelha campeira visita dez flores por minuto em busca
Bo
do pólen e do néctar. Ela faz, em média, quarenta voos diários,
pousando em 40 mil flores. Com a língua, essa espécie recolhe
o néctar do fundo de cada flor e o guarda numa bolsa localizada
na garganta. Depois volta à colmeia e, também com a língua,
a

passa o néctar para uma abelha-operária. Dentro do organis-


nd

mo da abelha-operária, o néctar sofre transformações: a água


que ele contém se evapora, ele engrossa e vira mel. Uma abelha
produz cinco gramas de mel por ano. Uma colmeia abriga até
Pa

50 mil abelhas.

Alce Valença
Os chifres dos alces levam seis anos para atingir a plenitude de
seu desenvolvimento. Pesam vinte quilos, e a abertura entre suas
pontas chega a medir quase dois metros.

56 MARCELO DUARTE

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Rita Lince
Os filhotes do lince só abrem os olhos aos dez dias de vida. Em
compensação, quando crescem… Os povos mais antigos acre-
ditavam que esses animais conseguiam ver através das paredes.
“Ter olhos de lince” significa enxergar longe.

Para-Lhamas do Sucesso
Entre os lhamas, o macho tem o pescoço mais peludo que a fê-

s
mea. Cada macho possui um harém que se compõe de vinte a
trinta fêmeas e consegue ter filhotes com todas elas.

Rãstart
ok
Bo
As rãs são ótimas “cantoras”. Os machos têm bolsas vocais, que
se enchem de ar e ressoam como um megafone, assim, os sons
podem ser ouvidos a uma grande distância. Ah, se encontrar rãs
coloridas, tome cuidado: elas são assim para avisar aos predado-
a

res que sua pele é tóxica.


nd

Todos foram acompanhados pelo som da cascavel, famosa


pelo chocalho que tem na ponta da cauda.
Pa

É possível saber a idade de uma cascavel pelo tamanho da


sua cauda?
Sim. Cada anel do chocalho, também chamado de guizo, surge a
cada troca de pele. A pele sai no sentido da cabeça para a cauda,
onde uma parte fica presa, formando um dos anéis. Em cativeiro,

A ARCA DOS BICHOS 57

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a cascavel troca de pele de três a quatro vezes por ano. Portanto,
uma cobra com nove anéis no chocalho tem, provavelmente, en-
tre dois e três anos.

s
ok
Qual é o segredo dos encantadores de serpentes?
Bo
Todas as cobras, inclusive a naja, usada nas apresentações de en-
cantadores, são praticamente surdas. Quando o encantador abre
o cesto onde a serpente está, ela se levanta naturalmente, porque
a

costuma ficar com parte do corpo na posição ereta. O que des-


perta a curiosidade do animal é o movimento que o encantador
nd

faz com a flauta. Se ele mexer a mão do mesmo jeito que mexe
a flauta, a cobra responderá da mesma maneira. Alguns encan-
Pa

tadores passam xixi de rato na ponta da flauta, o que atiça o faro


da naja e ajuda a prender sua atenção.

– Vocês cantam tão bem que ainda vão acabar fazendo cli-
pes para a EMA-TV! – elogiou a Avestruz.

58 MARCELO DUARTE

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

12 ZOOLIMPÍADAS

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N inguém sabia quanto tempo ainda ia durar a chuvarada.
Por isso, Zé sempre alertava os bichos de que não deviam
descuidar da boa forma. E aproveitou para organizar uma grande
competição esportiva.

Boxe
O Marreco, o Ganso, o Pato, o Cisne e o Galo disputaram a
categoria peso-pena.
Na primeira luta, o Marreco ganhou do Galo por nocaute.

s
Ele acertou um soco no cocuruto do Galo. (Dizem que foi aí

ok
que a palavra galo passou a designar aquele montinho que nas-
ce na cabeça depois de uma pancada, mas essa história jamais
Bo
ficou comprovada.)

Como é que nasce um galo?


Do ovo? Não, não é desse galo que estamos falando. É
a

daquele que aparece na cabeça. Quando a gente leva uma


nd

pancada, alguns dos vasos sanguíneos que irrigam a


região se rompem. Eles deixam vazar o plasma, parte
líquida do sangue composta principalmente de água.
Como logo abaixo deles está o crânio, esse líquido não
Pa

tem por onde vazar e forma uma saliência.

Corrida
O guepardo é o mamífero mais rápido do mundo. Pode
atingir uma velocidade de 110 quilômetros por hora.

60 MARCELO DUARTE

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Esgrima
A espada do peixe-espada é um prolongamento do seu ma-
xilar. Quando esse peixe nasce, o osso do maxilar dele é igual ao
dos outros, mas vai crescendo com o tempo. É como acontece
com as renas e os bois, só que no caso destes o osso que cresce
são os chifres que ficam no alto da cabeça.

Fórmula 1

s
No Grande Prêmio de Jacaré Paguá, a escuderia McLebren é a fa-

ok
vorita, mas as atenções estão voltadas também para a nova equipe
brasileira, a Tartasucar.
Bo
Por que o jabuti é tão lento?
Não há motivos para ele correr. Durante a evolução,
o jabuti se adaptou a esse modo de vida. Seu casco lhe
dá a proteção necessária contra os inimigos naturais. A
a

temperatura do corpo também influi no ritmo do jabuti. No


inverno, o animal fica ainda mais lento. Já as tartarugas
nd

marinhas só andam devagar na terra. Elas chegam


a nadar a mais de vinte quilômetros por hora.
Pa

Golfe
A competição de golfe foi adiada
porque os tatus insistiam em entrar
nos buracos em vez de tentar colocar
as bolinhas ali dentro.

A ARCA DOS BICHOS 61

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Halterofilismo
Um gorila consegue levantar pesos de até 850 quilos. O es-
caravelho, um tipo de besouro, pode erguer objetos de cem
gramas – quinhentas vezes o próprio peso.

Hipismo aquático
Ao nascer, os cavalos-marinhos são transparentes. A pigmen-
tação aparece depois. Das quarenta espécies, a mais comum mede
entre dez e 15 centímetros. O tamanho, porém, varia de 2,5 a 35

s
centímetros. O cavalo-marinho é um peixe sem escamas. Ele tem

ok
a cauda enrolada, como a do macaco. Quando quer comer ou
descansar, agarra-se com a cauda a um pedaço de coral ou alga.
Bo
a
nd
Pa

Salto em altura
O canguru é campeão: seu salto alcança 3,5 metros. A pulga
pode saltar a uma altura de 25 centímetros, porém ela só tem
dois milímetros. Façamos uma comparação: um canguru preci-
saria dar um salto que atingisse a altura de um arranha-céu para
se igualar à pulguinha.

62 MARCELO DUARTE

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Outras marcas de salto em altura

Cavalo 2,47 m
Homem 2,41 m
Tigre 1,80 m
Gato 1m

Marcas de salto em distância

s
ok
Leopardo 15 m
Canguru 9m
Homem 8,9 m
Bo
Cavalo 8,4 m
Rã 1,6 m
Aranha 60 cm
Pulga 10 cm
a
nd

Horror! O terrível tiro ao pombo (também


chamado de tiro ao voo) foi uma das modalidades
Pa

praticadas nos Jogos Olímpicos de 1900.

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

CULTURA
13 A BORDO

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A coruja foi encarregada de montar um centro cultural na
arca. Os livros mais procurados eram os que traziam as
biografias de animais bastante conhecidos. Veja 13 bichos famo-
sos que você precisa conhecer.

s
ok
Bo
1 Babe, o porquinho atrapalhado
A história desse filme foi adaptada do livro infantil The sheep-pig,
do inglês Dick King-Smith. Babe não é um – são 48 porquinhos.
a

Todos esses porquinhos, desde que nasceram, foram aprendendo


nd

o que deviam fazer durante as filmagens. Só quando completaram


quatro meses é que estavam prontos. Cada bicho foi preparado
para obedecer a um comando específico. Além dos porquinhos
Pa

de verdade, foi usada também uma réplica mecânica, criação


da equipe que fez as Tartarugas Ninjas para o filme que levou
esse nome.

Babe foi proibido de ser exibido na Arábia Saudita. É que, por lá, os
porcos são considerados animais detestáveis pela população.

A ARCA DOS BICHOS 65

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2 Bucéfalo
Era o nome do cavalo de Alexandre, o Grande, rei da Macedô-
nia. Alexandre foi o homem mais poderoso do mundo no século
IV a.C. Conduzindo 40 mil ho-
mens e 5 mil cavaleiros, Alexan-
dre e Bucéfalo (“cabeça de boi”
em grego) conquistaram todas
as terras que encontraram da
Grécia até a Índia.

s
ok
3 Carlos Átila
É o gato de estimação da Velhinha de Taubaté, personagem criado
Bo
por Luis Fernando Verissimo em 1983. O porta-voz do presidente
João Figueiredo, que se chamava Carlos Átila, foi quem
inspirou o nome do gato. A Velhinha passa o dia in-
teiro na frente da TV e acredita em tudo: nos
a

comerciais, nos noticiários e em notas de


nd

esclarecimento. Além de também acredi-


tar no governo.
Pa

4 Dick
O pastor-alemão Dick foi promovido a cabo
da Polícia Militar da cidade de São Paulo, nos
anos 1950, por atos heroicos. O mais célebre
desses atos foi ter encontrado o menino Eduar-
dinho, raptado em 1956.

66 MARCELO DUARTE

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5 Flipper
Porter Ricks era viúvo responsável pela proteção de uma reserva
marinha e contava com a ajuda de seus dois filhos e de um gol-
finho muito inteligente, Flipper. Ele era representado por cinco
golfinhos fêmea, que se revezavam nas gravações. Os golfinhos
do seriado foram levados para o Aquário Marinho de Miami pa-
ra serem treinados por Richard O’Barry, que em 1970 fundou
um projeto de proteção aos golfinhos e até hoje combate a caça e
captura desses animais pelo mundo afora.

s
ok
Bo
a
nd
Pa

6 Incitatus
Incitatus era o cavalo de Calígula, apelido de Caio César Ger-
mânico, o terceiro imperador romano. Calígula perseguiu os
senadores ricos e ficou famoso por ter nomeado o quadrúpede
como cônsul.

A ARCA DOS BICHOS 67

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7 Marquês de Rabicó
O brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948) criou
o Sítio do Picapau Amarelo em 1921. Um de seus
personagens inesquecíveis é o porquinho Marquês
de Rabicó. Outro bicho que conquistou a simpatia
da garotada foi o rinoceronte Quindim.

8 Moby Dick

s
Escrito em 1851, o livro Moby Dick, do norte-americano Herman
Melville, mostra a luta entre Ahab, capitão do baleeiro Pequod, e

ok
a imensa baleia-branca Moby Dick. Ahab perde a perna num
confronto com a baleia e anos depois parte em busca de vingança.
Bo
a
nd
Pa

9 Pedro e o lobo
Tudo começou com uma aula de música do russo Sierguei
Prokófiev. Em Pedro e o lobo, ele usou instrumentos da orquestra
para representar cada um dos personagens. A peça virou dese-
nho animado, balé e espetáculo de teatro. Conta a história do
menino Pedro (quarteto de cordas), que, desobedecendo a seu

68 MARCELO DUARTE

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avô (fagote), resolve capturar um peri-
goso lobo com a ajuda de amigos ani-
mais – o passarinho Sacha (flauta), a pata
Sonia (oboé) e o gato Ivan (clarinete).

s
ok
Bo
10 Pégaso
O herói grego Perseu cortou a cabeça da Medusa, um monstro
terrível, com cobras no cabelo e um olhar que transformava as
a

pessoas em pedra. Quando isso aconteceu, Pégaso, o cavalo ala-


do, saltou de dentro do corpo dela. Depois Pégaso se tornou a
nd

montaria de outro herói, Belerofonte.


Pa

11 Quincas Borba
O filósofo Quincas Borba deixa todos os
bens para um professor mineiro, Rubião,
com a condição de que ele tome conta
de seu cachorro, também chamado Quincas Borba. O livro, cujo
título é Quincas Borba, foi escrito em 1891 por Machado de Assis
(1839-1908).

A ARCA DOS BICHOS 69

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12 Totó
O cachorrinho Terry fez o papel de Totó, o animal de estimação
da menina Dorothy ( Judy Garland) no clássico O mágico de Oz,
em 1939. Pelo trabalho, ele recebeu 125 dólares
por semana. Foi o cachê mais baixo da
equipe. O segundo mais baixo foi o de
Judy Garland – quinhentos dólares por
semana. Os outros atores receberam
2.500 dólares.

s
ok
Bo
a
nd

13 Willy
Pa

O nome verdadeiro da baleia orca que estrelou o filme Free Willy


é Keiko. Trata-se de um macho que foi apanhado no mar da Is-
lândia em 1981. Na época, Keiko tinha dois anos. Passou muito
tempo num pequeno tanque no Reino Aventura, um circo aquá-
tico da Cidade do México. Em janeiro de 1996, Keiko foi trans-
ferido para um tanque muito maior em Oregon, nos Estados

70 MARCELO DUARTE

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Unidos. A nova casa, que custou 7 milhões de dólares, tinha água
gelada do oceano Pacífico, jatos que simulam correntes marinhas
e até uma barreira de corais. Três empregados cuidavam da baleia
em período integral.
No filme, Willy escapa de um parque aquático e volta para o oceano
com a ajuda de Jesse, um menino de 12 anos. Em Free Willy 2, Keiko
acabou sendo substituído por um boneco eletrônico.

– Ei, faltou um personagem muito importante!

s
– Qual?

ok
– A Joaninha d’Arc…
– Quem?
Bo
– Aquela heroína francesa que viveu entre 1412 e 1431 e foi
queimada numa fogueira por se declarar mensageira de Deus e
por usar roupas masculinas.
– Nossa! Então deve ser por isso que as joaninhas têm as cos-
a

tas vermelhas.
nd

A mais conhecida das joaninhas tem sete pintas nas costas. Sua cor viva
Pa

sobressai, e a visão aguda dos passarinhos logo a localiza. Mas, como


defesa, ela exala um cheiro horrível (bem pior que o chulé do seu
primo!) que tem a função de protegê-la.

A ARCA DOS BICHOS 71

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

VAI UM
14 CINEMINHA AÍ?

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A Pulga deu uma grande festa na inauguração de sua
sala de cinema. Algumas das superproduções pro-
metidas foram: O último frango em Paris, Vinte mil éguas sub-
marinas, Os caçadores da carpa perdida, Cidade de Louva-Deus,
O diabo-da-tasmânia veste Prada e Avacatar. Para a noite de
estreia, porém, os bichos escolheram um suspense bastante fa-
moso, Os pássaros. Você já assistiu?

B O pardal é um pássaro da Europa. Acredita-se que o tenham

s
trazido de Portugal para o Brasil em 1908. É que nessa época ha-

ok
via uma epidemia de febre amarela por aqui, e achava-se que os
pardais comeriam os mosquitos transmissores da doença. Ainda
Bo
não se sabia que eles comem apenas grãos e sementes. O pássaro se
adaptou às cidades porque era onde havia mais comida.

B O bico do pelicano mede cinquenta centímetros.


a
nd

B Quando avista uma presa, o falcão-peregrino se lança num


voo tão rápido, que chega a atingir uma velocidade de 350 qui-
lômetros por hora.
Pa

B Um flamingo mede 1,30 metro e dorme de pé. Se ele se dei-


tasse, não conseguiria mais levantar, porque suas pernas são lon-
gas demais.

B O pombo-correio pode voar oitocentos quilômetros


num único dia. Ele alcança velocidades entre sessenta e

A ARCA DOS BICHOS 73

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setenta quilômetros por hora. Mas os pombos-correios não vão
a qualquer lugar, não. Eles só conseguem voltar à própria casa.
Durante as guerras, eles eram levados até um país inimigo. Ao
serem soltos com uma mensagem, eles voltavam para o país de
origem.

B As aves fazem xixi? Não, porque elas não têm bexiga para
armazenar a urina. Quando ingerem líquidos, estes vão para o
intestino, onde são absorvidos; depois passam para o sangue e

s
chegam aos rins, onde são purificados. As impurezas – princi-

ok
palmente uma substância conhecida como urato – se depositam
com as fezes numa parte do intestino chamada coprodeu. Por
Bo
isso, nas fezes da maioria das aves existe uma porção esbranqui-
çada, que é formada pelo urato.

O sucesso foi tão grande que a Pulga programou para a se-


a

mana seguinte o grande clássico O dromedário de Notre-Dame.


nd

Não confunda dromedário com camelo. Apesar de os dois terem


Pa

duas corcundas (também chamadas de corcovas), no dromedário


uma delas é tão pequena que quase não aparece. Por isso, para ficar
mais simples distingui-los, diz-se que o dromedário tem uma corcunda
e o camelo, duas.

74 MARCELO DUARTE

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

O CÓDIGO
15 MORSA

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Q uerendo se divertir, a Morsa inventou um código para se
comunicar com os outros animais. Adivinhe o que ela
está falando:

s
ok
Bo
a
nd
Pa

Veja a resposta na página 106.

76 MARCELO DUARTE

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Agora fique sabendo como são chamados os sons
emitidos por alguns bichos

Abelha: azoinar. Camelo e dromedário:


blaterar.
Anta, capivara e paca:
assobiar. Cavalo: bufar, nitrir,
relinchar, rifar e rinchar.
Arara: grasnar e palrar.

s
Cegonha: gloterar.

ok
Beija-flor: trissar.
Chacal: regougar.

Bo
Bode: berrar, bodejar e
gaguejar. Cigarra: cantar, chiar,
chichiar, estridular, fretenir,
Boi: arruar, berrar, bramar e rechiar, retinir e zunir.

a

mugir.
Cisne: arensar.
nd

Burro: azurrar, ornear,


ornejar, rebusnar, zornar, Cobra: assobiar, chocalhar,
zunar e zurrar. sibilar e silvar.
Pa


Cabra: badalar, berrar e Coelho: assobiar, chiar e
berregar. guinchar.

Cachorro: cainhar, esganiçar, Coruja: chirriar, corujar,
ganir, ladrar, latir, maticar e crocitar, piar e rir.
rosnar.

A ARCA DOS BICHOS 77

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Corvo: corvejar, crocitar e Insetos: chiar, estridular,
grasnar. sibilar, silvar, zoar, zumbir e
zunir.
Crocodilo: bramir e rugir.
Javali: arruar, cuinchar,
Cuco: cucar e cucular. grunhir, roncar e rosnar.

Elefante: barrir. Leão, tigre e urso: bramar,


bramir, fremir, rugir e urrar.

s
Ema: suspirar.
Lobo: ladrar, uivar e ulular.

ok

Gaivota: grasnar e pipilar.
Macaco: assobiar, guinchar e
roncar.
Bo
Galinha: cacarecar e
cacarejar.
Morcego: trissar.

Ganso: grasnar e gritar.
a

Onça: esturrar, miar, rugir e


urrar.
nd

Garça: gazear.

Ovelha: badalar, balar, balir,
Gato: miar e ronronar. berrar e berregar.
Pa


Grilo: chirrear e cricrilar. Papagaio: chalrar, chalrear,
falar, grazinar, palrar, palrear,
Hiena: gargalhar e ulular. taramelar e tartarear.

78 MARCELO DUARTE

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Passarinhos: apitar, assobiar, Rato: chiar, chichiar e
cantar, chalrear, chiar, gorjear, guinchar.
piar e trinar.
Rinoceronte: fremir e
Pato: gracitar e grasnar. grunhir.

Pavão: pupilar. Sapo: coaxar, engrolar, gasnir,
grasnar, malhar e rouquejar.
Peru: bufar, grugrulhar e
grugulejar. Tamanduá: bufar e roncar.

ok
Pica-pau: estridular e Tatu: choramingar.
restridular.

Bo
Tucano: chalrar.
Pombo: arrulhar, gemer e
turturilhar. Urubu: corvejar, crocitar,
grasnar e orasnar.
a

Porco: arruar, cuinchar,


cuinhar, gritar, grunhir, Veado: berrar, bramar, gemer
nd

roncar e rosnar. e rebramar.



Raposa: regougar e roncar.
Pa

A ARCA DOS BICHOS 79

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

16 ESQUIZLO SHOW

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s
ok
Bo
O s dias passavam, e os filmes novos foram acabando. A
a

chuva lá fora continuava forte. Era preciso inventar mais


nd

diversão para todos aqueles bichos. Os esquilos criaram um jogo


de perguntas e respostas. (Quiz Show é o nome que se dá nos
Estados Unidos a um programa de rádio ou TV com teste de
Pa

perguntas e respostas.) Vamos ver se você consegue fazer todos


os pontos e ganhar o primeiro prêmio.

1. Qual é a única criatura marinha macho que carrega os ovos?


a) Tubarão
b) Cavalo-marinho
c) Atum

A ARCA DOS BICHOS 81

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2. Qual é o único mamífero que voa?
a) Morcego
b) Avestruz
c) Golfinho

3. Quantas horas são necessárias para cozinhar um ovo


de avestruz?
a) 12
b) 20

s
c) 50

ok
4. Qual é o nome do pássaro que voa também de costas?
a) Urubu
Bo
b) Canário
c) Beija-flor

5. Qual é o único animal que consegue se bronzear?


a) Pantera-Negra
a

b) Porco
nd

c) Cachorro
Pa

82 MARCELO DUARTE

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6. Quantos hambúrgueres podem ser feitos, em média, com
a carne de uma vaca?
a) 400
b) 600
c) 800

7. Quantos litros de leite a vaca dá ao bezerro por dia?


a) 12
b) 20

s
c) 50

ok
8. Quantas formigas cabem num formigueiro?
a) 100 mil
Bo
b) 500 mil
c) 1 milhão

9. Quanto tempo uma galinha demora para botar um ovo?


a) 2 horas
a

b) 25 horas
nd

c) 48 horas
Pa

A ARCA DOS BICHOS 83

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10. Quantos quilos de lã um carneiro fornece por ano?
a) 5
b) 10
c) 15

Veja a resposta na página 106.

O prêmio para quem acertar o maior número de respostas

s
será um maravilhoso colar de pérolas oferecido pela Ostra.

ok
Quer saber como as ostras fazem as pérolas?
Bo
As ostras vivem no solo arenoso de mares tropicais. Para ex-
trair seu alimento, elas vão bebendo e filtrando a água. Qualquer
corpo estranho (grãos de areia ou parasitas) que invada a con-
cha pode causar irritação. Como mecanismo de defesa, as ostras
a

revestem esse corpo estranho de madrepérola, uma substância


nd

cálcica que elas geralmente expelem para proteger a concha. É


assim que se formam as pérolas.
As regiões que produzem o maior número de pérolas são golfo
Pa

Pérsico, mar Vermelho, golfo de Manar (entre Sri Lanka e Ín-


dia) e Japão. É preciso uma tonelada de ostras para conseguir
uma pérola perfeita. No início do século XX, os japoneses desen-
volveram uma técnica para cultivar pérolas. Abre-se a concha da
ostra com cuidado e coloca-se um pedacinho de concha lá den-
tro, como se fosse uma semente. Assim, as ostras são estimuladas
a produzir uma pérola num período de três a seis anos.

84 MARCELO DUARTE

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

A SAPATARIA
17 DO JACARÉ

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T odo dia era feita uma melhoria na arca.
Zé construiu um aeroporto. Pássaros de todos os tipos
podiam pousar e decolar com mais facilidade. O João-de-Barro
inaugurou uma imobiliária, e o Jacaré abriu uma sapataria. O pri-
meiro cliente foi o Gato.
– Ei, Jacaré, você vende botas?
– Para você? Está brincando? Onde já se viu um gato de botas?

s
ok
Bo
Qual é a diferença entre crocodilo e jacaré?
a

O crocodilo tem o focinho magro e pontudo. Quando ele está


nd

de boca fechada, o quarto dente de cada lado do maxilar inferior


é maior que os outros e fica para fora. A cabeça do jacaré é mais
curta e arredondada. O comprimento do corpo de ambos pode
Pa

variar de 1,5 metro até seis metros. Embora habitem o mesmo


tipo de ambiente, os pântanos, os dois animais não convivem.
No Brasil, há apenas jacarés.

86 MARCELO DUARTE

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s
SOS Crocodilo

ok
Bo
Para fazer um par de sapatos de couro de crocodilo são necessários dez
desses animais. Para uma bolsa, 18, e para uma carteira, quatro.
a
nd
Pa

A ARCA DOS BICHOS 87

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

O FUNDO
18 DO MAR

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N a cestinha de observação, que ficava no alto de um mastro,
o Burro e o Porco olhavam tudo ao redor.
– Veja ali na frente – apontou o Burro.
– O quê? – perguntou o Porco.
– Um albergue!
– Não é um albergue, é um iceberg!
– Precisamos desviar a rótula do barco – continuou o Burro.
– Não é a rótula… É a rota!
E o Burro arrotou.

s
Mesmo tendo se desviado do enorme iceberg, a arca de ma-

ok
deira do Zé começou a afundar misteriosamente. Bem devagar-
zinho. Todos os bichos, coitados, foram parar no fundo do mar.
Bo
Vamos dar uma espiadinha lá?

O Todos os animais precisam de oxigênio. Os peixes o retiram


da água que passa por suas guelras.
a

O Os peixes não têm pernas, nem braços ou asas. As nadadeiras


nd

é que fazem tudo. A que fica na cauda serve para dar impulso, e
as peitorais, para dar direção. A nadadeira dorsal impede que o
Pa

peixe role na água.

O Existem 1.200 espécies de estrelas-do-mar. A maioria tem


cinco braços, mas existem algumas que têm até vinte. Quando a
estrela-do-mar quer comer, ela se coloca em cima de uma con-
cha, envolve-a com os cinco braços e a puxa com seus tampões
de sucção até que esta se abra.

90 MARCELO DUARTE

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O O peixe-serra mata outro peixe rasgando a
cabeça da vítima de lado a lado.

O A criatura mais
pesada que existe
é a baleia-azul,
com cerca de 140
toneladas. Só a sua
língua tem seis tone-

s
ladas, o mesmo peso de

ok
um elefante.
Bo
O A maioria dos peixes tem ossos. Mas tubarões e raias pos-
suem esqueletos flexíveis, feitos de cartilagem – estrutura igual
à do nosso nariz.
a

O Os dois olhos do linguado ficam do mesmo lado do corpo.


Quando nascem, em alto-mar, as larvas do linguado têm um
nd

olho de cada lado. Pouco a pouco, o olho esquerdo vai se deslo-


cando e se aproximando do direito. Mas o linguado nem sente
Pa

falta: ele passa o tempo todo encoberto pela areia, deitado de lado
no fundo do mar.

O De uma só vez, a carpa chega a pôr 2 milhões de ovos.

O Cada dente de uma cachalote, uma espécie de baleia, mede


vinte centímetros. São quarenta dentes no total.

A ARCA DOS BICHOS 91

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Cardume é o coletivo de peixes.
“Coletivo” é a palavra que se usa no
singular para nomear diversos animais,
pessoas ou coisas. Veja outros coletivos
a seguir:

Alcateia: lobos.

Armento: búfalos e vacas. Matilha: cachorros.

s
Bando: pássaros. Miríade: insetos.

ok

Cáfila: camelos. Nuvem: insetos.

Bo
Cambada: gatos. Panapaná: borboletas.

Capela: macacos. Piara: éguas.

a

Colmeia: abelhas. Plantel: cavalos.



nd

Colônia: formigas. Rebanho: gado.



Comboio: animais de carga. Récua: burros.
Pa


Enxame: abelhas. Tropa: cavalos.

Fato: cabras. Vara: porcos.

Fauna: animais de uma região. Viveiro: aves presas e peixes
confinados.
Manada: elefantes e gado.

92 MARCELO DUARTE

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

O QUE ACONTECEU
19 COM A ARCA DE NOÉ
E COM A ARCA DE ZÉ?

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s
A
ok
chuva acabou, a água baixou. Algum tempo depois, Noé
foi convidado a contar sua aventura num programa de TV.
Bo
Papagaio: Ele trabalhava como agricultor e precisou construir
uma arca para enfrentar o grande dilúvio de 2.348 antes de Cris-
to. Noé, vem pra cá!
a

Noé cumprimenta o apresentador sob os numerosos aplau-


sos de alguns polvos na plateia. E a entrevista começa:
nd

Papagaio: Quanto tempo você teve para construir a arca?


Noé: Tive sete dias para fazer uma arca de madeira de cipreste.
Pa

Papagaio: Você conseguiu entregar a encomenda no prazo?


Noé: Claro.
Papagaio: Então deve ter sido por isso que choveu tanto! Qual
era o tamanho da arca?
Noé: Tinha 135 metros de comprimento, 22,5 de largura e

94 MARCELO DUARTE

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13,5 de altura. Era dividida em três andares e havia comparti-
mentos em todos eles.
Papagaio: Quem viajou na arca?
Noé: Levei minha mulher, três filhos, três noras e um casal de
cada espécie de animal que vivia sobre a terra.
Papagaio: Mas me diga se choveu mesmo tanto assim.
Noé: Foram quarenta dias e quarenta noites. A água cobriu a

s
terra durante 150 dias, chegando a ficar sete metros acima dos
picos mais altos. Quando parou de chover, nossa arca aportou

ok
no cume do monte Ararat, de 5.165 metros de altura, na Turquia.
Papagaio: Não deve ter sido fácil pôr galochas nas focas… Como
Bo
foi que vocês perceberam que a água tinha baixado?
Noé: O primeiro animal a sair da arca foi um corvo, seguido de
uma pomba. Não tivemos mais notícia do corvo. A pomba não
a

encontrou lugar para pousar e voltou. Havia muita água ainda.


nd

Uma semana depois, a pomba foi libertada novamente e retornou


com uma folha verde de oliveira no
bico. Esperamos passar outra
Pa

semana para deixar a arca.


A terra estava seca.

A ARCA DOS BICHOS 95

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Toda essa história fantástica, que está no Gênesis, livro da Bíblia,
é simbólica e diz respeito aos pecados do homem. Entre tantos
pecadores, existiria um justo: Noé. Deus o pôs à prova, orde-
nando-lhe que construísse uma grande embarcação em pleno
deserto, sem explicar o motivo. A mensagem, para os católicos,
é muito clara: aquele que construir sua vida segundo as regras
de Deus sempre sobreviverá às tempestades. Quem não ouvi-lo,
morrerá afogado.

s
Ah, você deve estar querendo saber o que aconteceu com a

ok
arca de Zé. Apesar de o barco ter afundado, os bichos se salva-
ram. Ao ser resgatado, Zé fez uma promessa:
Bo
– Na próxima vez não permitirei a entrada dos cupins.
a
nd
Pa

96 MARCELO DUARTE

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

COMO CONSTRUIR
20 A SUA ARCA

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V ocê não precisa construir uma arca para salvar os animais
ameaçados de extinção. Mas saiba que os números são
alarmantes. Todos os anos, 5 mil diferentes tipos de vida desa-
parecem para sempre. No Brasil, várias espécies correm risco de
extinção, como a onça-pintada, o sagui, a ariranha, o jacaré-de-
-papo-amarelo, o tatu-canastra e o lobo-guará.
Reúna seus amigos da escola, do prédio ou do clube, e jun-
tos vocês podem iniciar uma campanha pela defesa dos animais.
Convide autoridades no assunto para fazer palestras. A União

s
Internacional Protetora dos Animais (Uipa) fornece informa-

ok
ções e dá apoio aos interessados. A entidade mantém ainda dois
centros de adoção de cães e gatos em São Paulo.
Bo
União Internacional
Protetora dos Animais
a

Sede Nacional
Av. Presidente Castelo Branco, 3.200,
nd

Canindé
03036-000 São Paulo – SP
www.uipa.org.br
Pa

Em 1809, diante do Parlamento britânico, o lorde Erskine er-


gueu a voz para pedir punição contra os autores de maus-tratos
contra animais. Mas foi só em 1822 que Richard Martin conse-
guiu aprovar uma lei que estabeleceria penas para esse crime.
Assim, em 1824, criou-se em Londres a primeira Sociedade Pro-

98 MARCELO DUARTE

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tetora dos Animais, que se desenvolveu rapidamente, espalhan-
do-se pelo mundo. Existem ainda outras maneiras de ajudar os
bichos a sobreviver. Anote algumas delas:

Projeto Tamar
Foi criado em 1980 pelo Ibama para proteger as cinco espé-
cies de tartarugas marinhas existentes no Brasil. Há vinte estações
desse projeto distribuídas pela costa brasileira. A central nacional
fica na praia do Forte, na Bahia. Até o surgimento do Projeto Ta-

s
mar, os ovos eram todos roubados e matavam-se as fêmeas que

ok
saíam do mar para desovar. Em 1999, o projeto atingiu o número
de 3 milhões de tartaruguinhas salvas. Há ainda programas de
educação para as comunidades litorâneas. Em vez de roubar os
Bo
ovos, a população começou a ajudar a fiscalizá-los.
A adoção de cada tartaruguinha custa o equivalente a cin-
quenta dólares. O novo pai batiza uma das que nascerão na esta-
a

ção seguinte, e ganha uma camiseta e um certificado.


nd
Pa

ProjetoTamar
Av. Farol Garcia d’Ávila, s/n,
Praia do Forte
48280-000 Mata de São João – BA
www.projetotamar.org.br

A ARCA DOS BICHOS 99

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Instituto Ecológico Aqualung para Preservação Marinha
A entidade, que nasceu no final de 1994, já tem 30 mil associa-
dos e edita um jornalzinho bimestraI. Patrocina sete projetos eco-
lógicos. Um deles é o Projeto Tamar. Conheça agora os outros seis:

1. Fundação Ondazul – Foi criada em 1989 para alertar as pesso-


as sobre a necessidade de preservação das águas.

2. Projeto Cetáceo – É do mesmo ano. Educa as comunidades

s
para que o número de espécies de golfinhos e botos capturados

ok
acidentalmente em redes de pesca na região de Atafona e Angra
dos Reis, no Rio de Janeiro, diminua.
Bo
3. Centro Abrolhos – Dá apoio à fiscalização e conservação do
Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, um dos mais belos
ecossistemas coralíneos brasileiros, que fica no litoral da Bahia. O
a

projeto nasceu em 1991.


nd

4. Projeto Baleia Jubarte – Criado em 1988, pesquisa e protege as


baleias jubartes, que entre o inverno e a primavera migram e se
Pa

concentram na região do arquipélago de Abrolhos para reprodu-


ção e cria de seus filhotes.

5. Projeto Mamirauá – Atua desde 1992 na implantação da Esta-


ção Ecológica Mamirauá, a maior floresta submersa do mundo,
localizada na região central da Amazônia. É o maior projeto de
preservação de florestas tropicais do mundo.

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6. Projeto Peixe-Boi – Surgiu no ano de 1980 para proteger e
preservar os últimos duzentos espécimes de peixe-boi do norte-
-nordeste brasileiro. A caça excessiva realizada durante a coloni-
zação do país e depois dela e a destruição dos hábitats naturais
foram as principais causas de esses mamíferos herbívoros corre-
rem risco de extinção.

s
Instituto Ecológico Aqualung

ok
Rua do Russel, 300, Grupo 401, Glória
22210-010 – Rio de Janeiro – RJ
www.institutoaqualung.com.br
Bo
a
nd
Pa

A ARCA DOS BICHOS 101

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Declaração Universal dos Direitos dos Animais

(Proclamada pela Unesco em Bruxelas, capital da Bélgica,


em 27 de janeiro de 1978)

Artigo I
Todos os animais nascem iguais diante da vida e têm o mes-
mo direito à existência.

s
ok
Artigo II
a) Cada animal tem direito ao respeito.
b) O homem, enquanto espécie animal, não pode atribuir-
Bo
-se o direito de exterminar outros animais ou explorá-los,
violando esse direito. Ele tem o dever de colocar sua cons-
ciência a serviço de outros animais.
a

c) Cada animal tem direito à cura e à proteção do homem.


nd

Artigo III
a) Nenhum animal será submetido a maus-tratos e atos cruéis.
Pa

b) Se a morte de um animal é necessária, deve ser instantâ-


nea, sem dor nem angústia.

102 MARCELO DUARTE

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Artigo IV
a) Cada animal que pertence a uma espécie selvagem tem o
direito de viver livre no seu ambiente natural terrestre, aéreo
ou aquático e tem o direito de reproduzir-se.
b) A privação da liberdade, ainda que para fins educativos,
é contrária a esse direito.

Artigo V

s
a) Cada animal pertencente a uma espécie que vive habi-

ok
tualmente no ambiente do homem tem o direito de viver
e crescer segundo o ritmo e as condições de vida e de liber-
dade que são próprias de sua espécie.
Bo
b) Toda modificação imposta pelo homem para fins mer-
cantis é contrária a esse direito.
a

Artigo VI
a) Cada animal que o homem escolher para companheiro
nd

tem direito a um período de vida conforme sua longevida-


de natural.
Pa

b) O abandono de um animal é um ato cruel e degradante.

A ARCA DOS BICHOS 103

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Artigo VII
Cada animal que trabalha tem direito a uma razoável limi-
tação do tempo e intensidade do trabalho e a uma ali-
mentação adequada e ao repouso.

Artigo VIII
a) A experimentação animal que implique sofrimento físico
é incompatível com os direitos ao animal, quer seja uma

s
experiência médica, científica, comercial ou qualquer outra.

ok
b) As técnicas substitutivas devem ser utilizadas e desen-
volvidas.
Bo
Artigo IX
No caso de o animal ser criado para servir de alimentação,
deve ser nutrido, alojado, transportado e morto sem que
a

para ele resultem ansiedade e dor.


nd

Artigo X
Nenhum animal deve ser usado para divertimento do ho-
Pa

mem. A exibição dos animais e os espetáculos que utilizam


animais são incompatíveis com a dignidade do animal.

104 MARCELO DUARTE

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Artigo XI
O ato que leva à morte de um animal sem necessidade é
um biocídio, ou seja, delito contra a vida.

Artigo XII
Cada ato que leva à morte um grande número de animais
selvagens é um genocídio, ou seja, delito contra a espécie.

s
Artigo XIII

ok
a) O animal morto deve ser tratado com respeito.
b) As cenas de violência de que os animais são vítimas de-
vem ser proibidas no cinema e na televisão, a menos que
Bo
tenham como foco mostrar um atentado aos direitos do
animal.
a

Artigo XIV
nd

a) As associações de proteção e de salvaguarda dos animais


devem ser representadas em nível de governo.
b) Os direitos do animal devem ser defendidos por leis,
Pa

como os direitos do homem.

A ARCA DOS BICHOS 105

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Respostas
Página 15: quem contou a mentira foi o… Pinguim. Não existem
pinguins no polo Norte. Eles vivem todos no hemisfério Sul.

Página 31:

s
ok
Ovelha Raposa Veado
Bo
Javali Cão Alce
a
nd

Página 45: morcegos.

Página 46: 1, 2, 4, 5 e 8, braços para cima; 3, 6, 7 e 9, braços para


Pa

baixo.

Página 76: os meus dentões medem cerca de oitenta centímetros.

Páginas 81-84: 1. b; 2. a; 3. c; 4. c; 5. b; 6. a; 7. a; 8. c; 9. b; 10. a.

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Livros
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua
portuguesa. São Paulo: Saraiva, 1988.
ARNOLD, Nick. Les bestioles (faut pas chercher lês petites bêtes).
Paris: Gallimard, 1997.
BASTOS, Eduardo Kunze. Aspectos da fauna brasileira. Brasília:
Editora Otimismo, 1997.

s
BÍBLIA Sagrada. São Paulo: Ave Maria, 1989.

ok
FELDMAN, David. What are hyenas laughing at, anyway? Nova
York: G. P. Putnam’s Sons, 1995.
Bo
GIRAUD, Marc. Observer les animaux. Paris: Gallimard, 1997.
GONDIM, Nadson. Manual para redações com português bem por-
tuguês. São Paulo: Página Aberta, 1993.
HAGERMAN, Paul Stirling. It’s a weird world. Nova York:
a

Sterling, 1990.
nd

HALLEY, Ned. Amazing facts. Londres: Dorling Kindersley, 1997.


JORDAN, Deane. 1007 facts somebody screwed up. Atlanta:
Longstreet, 1993.
Pa

LAROUSSE encyclopedia of animal life. Londres: Hamlyn, 1967.


MANN, Daniel. Encyclopédie des recordes du monde animal. Paris:
Pygmalion, 1980.
MANUAL do escoteiro-mirim. São Paulo: Abril, 1971.
MANUAL do Zé Colmeia. São Paulo: Abril, 1977.
MACLOONE-BASTA, Margo e SIEGEL, Alice. The second kid’s
world almanac of records and facts. Nova York: Pharos Books, 1987.

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OS BICHOS. São Paulo: Abril, 1971.
QUEIROZ, Luiz Roberto de Souza. 100 animais brasileiros. São
Paulo: O Estado de S. Paulo, 1998.

Revistas
Capricho, Claudia, Época, Família Aventura, Galileu (Globo Ciên-
cia), IstoÉ, Os caminhos da Terra, Placar, Superinteressante, Veja,
Veja Kid+ e Vip.

s
Jornais

ok
Correio Braziliense, Diário Popular, Folha de S.Paulo, Jornal da
Tarde, Jornal do Brasil, O Estado de Minas, O Estado de S. Paulo e
Bo
O Globo.
a
nd
Pa

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s
ok
Bo
a
nd
Pa

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O AUTOR
Marcelo Duarte nasceu em São Paulo em 31 de outubro de 1964.
É jornalista desde 1984 e já publicou oito volumes da coleção
O Guia dos Curiosos. Apresenta o programa Loucos por futebol
na ESPN Brasil e tem programas nas rádios Bandeirantes e
BandNews FM. Escreve todas as semanas a coluna “Curiocidade”
no jornal O Estado de S. Paulo e no Jornal da Tarde. Além disso,
colabora em uma série de publicações.

s
Para o público infantojuvenil publicou O guia dos curiosinhos –

ok
Super-heróis (Panda Books), A mulher que falava para-choquês
(Panda Books), Tem lagartixa no computador (Ática), Meu outro
eu (Ática), entre outros.
Bo
O ILUSTRADOR
Laerte nasceu em São Paulo, em 1951. Fez alguns cursos livres de
a

pintura e desenho; entrou na Universidade de São Paulo, em


Comunicações, para fazer música e depois jornalismo, mas não
nd

chegou a concluir o curso. Publicou seu trabalho em O Pasquim,


O Bicho, em várias revistas e nos jornais O Estado de S. Paulo e
Pa

Folha de S.Paulo. Editou a revista Piratas do Tietê, também nome


da tira diária que produz, e participou da redação de programas de
tevê da Rede Globo, como TV Pirata, TV Colosso e Sai de baixo.
Atualmente seu trabalho é publicado principalmente pela Folha
de S.Paulo.

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