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Marta Branco
Orientador de Dissertação:
MESTRE EM PSICOLOGIA
2015
Dissertação de Mestrado realizada sob a orientação do Prof. Doutor Csongor
Juhos, apresentada no ISPA – Instituto Universitário para obtenção de grau
de Mestre na especialidade de Psicologia Clínica conforme o despacho da
DGES nº 19673/2006 publicado em Diário da República 2ª série de 26 de
Setembro, 2006.
II
Agradecimentos
III
“Amanhã é sempre o dia mais ocupado da semana”. Provérbio Espanhol
IV
Resumo
V
Abstract
The present study evaluates associations between the levels of state-anxiety, worry and
academic procrastination, in the beginning and at the end of one semester. We intended to
associate an increase of the state-anxiety to an increase of academic procrastination as well as
trying to find the best model predictor of academic procrastination. Furthermore, it was made
an exploratory analysis of the worries and reasons underlying the act of procrastinating
academically. The young adulthood often brings many changes, which makes them
continuously under pressure, worrying more compared to adulthood. Therefore, young people
often end up delaying or are unable to finish their tasks at the point of experiencing
discomfort, leading to poor adaptation and poor mental health.
69 first year university students participated in both moments of this study, with ages
between 18 and 29 years, mostly women (65%). Participants completed a battery of
instruments with three self-completion questionnaires, State Trait Anxiety Inventory, form Y1
(Danilo Silva, 2003) , Worry Domains Questionnaire –Short Form (Stober & Joorman, 2001)
and Procrastination Assessment Scale Students (Solomon & Rothblum, 1984).
The results show that worry is the better predictor of academic procrastination both at
the beginning F(1,63) = 22.505; p<0.001 and at the end of the semester F(1,67) = 43.075;
p<0.001. The results also indicate that it is not possible to conclude an association over time,
between state-anxiety and academic procrastination. Based on the findings, it was discussed
the importance of introducing new variables, as well as the need to create an intervention
program for academic procrastination based on non pathological worry.
VI
Índice
I. Introdução .......................................................................................................................... 1
1. Jovem Adulto ................................................................................................................. 2
1.1. – Fase de Desenvolvimento ……………….…….…………….…….. ....................... 2
1.2. – O Jovem Adulto no Meio Académico……………..………………... ..................... 2
1.3. – Uma Época Stressante e Preocupante……………..………..……… ....................... 3
2. Ansiedade ....................................................................................................................... 4
2.1. – Do Stress à Ansiedade ………………..……..………………………... .................. 4
2.2. – O que é a Ansiedade ……………………………..…………..... ............................. 6
2.3. – Ansiedade Estado e Ansiedade Traço………………..…………….. ....................... 8
2.4. – Ansiedade versus Preocupação…………………………………….. ....................... 9
3. Preocupação ................................................................................................................. 10
3.1 – O que é a Preocupação…………………………………….……...... ..................... 10
3.2 – Preocupação normal e patológica….…………………….…............. .................... 12
3.3 – Preocupação no Jovem Adulto………….………….……….…........ .................... 13
3.4 – Preocupação e Intenção comportamental………..…………………. .................... 14
4 Procrastinação ............................................................................................................. 14
4.1 – Da Preocupação à Procrastinação……………...…..………...…....... .................... 14
4.2 – O que é a Procrastinação…..…………...………………………….... .................... 15
4.3 – Tipos e Formas de Procrastinação……………………..…………..... ................... 18
4.4 – A Procrastinação Académica e a Fase Jovem Adulta…………..…... .................... 21
5 Pertinência do Estudo………………………………………………….. ...................... 25
II. Método .......................................................................................................................... 26
2.1 Design……………………………………………………...……………... .................. 26
2.2 Participantes……………………………………………………...……….... ............... 26
2.3 Instrumentos………………………………………………………..…….... ................ 26
2.4 Procedimento………………………………………………………………. ................ 28
III. Resultados…………………………………………………………….. ...................... 29
1. Criação base de dados emparelhada……………………………………...... ................ 29
2. Análise Descritiva das variáveis (Observação/Tempos 1 e 2) ………… ..................... 29
3. Estatística Inferencial ………………………………………………….. ................... 30
3.1. Análise Correlacional…………………………………………….……... ................ 30
VII
3.2. ANOVA de medições repetidas………………………………………… ................. 30
3.3. Teste de Hipóteses……………………………………………………… ................. 31
3.4. Análise Factorial (razões para a procrastinação)……………………….. ................. 34
IV. Discussão ......................................................................................................................... 37
V. Conclusão ........................................................................................................................ 43
VI. Limitações e estudos futuros ......................................................................................... 45
VII. Referências. .................................................................................................................... 49
VIII. Anexos ............................................................................................................................ 55
Índice de Anexos 55
Anexo A1 – Contactos das Universidades ............................................................................... 56
Anexo A2 – Requerimento para a recolha de dados ................................................................ 58
Anexo B1 – Folha inicial do conjunto de questionários com código de identificação ............ 59
Anexo B2 – Q1: STAI, form Y1, traduzido e validado para a população portuguesa por
Danilo Silva (2003) .................................................................................................................. 60
Anexo B3 – Q2: WDQ-SF (short-form) de (Stober & Joorman, 2001) traduzido para a língua
portuguesa................................................................................................................................. 61
Anexo B4 – Q3: PASS (Procrastination Assessment Scale for Students) de (Solomon &
Rothblum,1984) traduzido para a língua portuguesa................................................................ 62
Índice de Tabelas 69
Tabela 1.2. Descrição da variável Idade para T1………………………………….. ............... 69
Tabela 1.2.1. Descrição da variável Idade para T2……………………………………….. .... 69
Tabela 2. Estatísticas de confiabilidade (Alfa de Cronbach) para os instrumentos em T1 e
T2……… .................................................................................................................................. 69
Tabela 2.1. Descrição da variável Ansiedade-score para T1…………………………… ........ 69
Tabela 2.1.1. Descrição da variável Ansiedade-score para T2…………………………. ........ 70
Tabela 2.2. Descrição da variável Preocupação-score para T1…………… ............................ 70
Tabela 2.2.1. Descrição da variável Preocupação-score para T2………………………. ........ 71
Tabela 2.3. Descrição da variável Procrastinação-score para T1………………………. ........ 71
Tabela 2.3.1. Descrição da variável Procrastinação-score para T2…………………….. ........ 72
Tabela 3.1. Correlação para ansiedade-score e preocupação-score no T1……………… ....... 72
Tabela 3.1.1. Correlação para a ansiedade-score e procrastinação-score no T1……….. ........ 73
Tabela 3.1.2. Correlação para a preocupação-score e procrastinação-score no T1……. ......... 73
Tabela 3.2. Correlação para a Ansiedade-score e Preocupação-score em T2……………… .. 73
Tabela 3.2.1. Correlação para a Preocupação-score e procrastinação-score em T2……….. ... 73
VIII
Tabela 3.2.2. Correlação para a Ansiedade-score e procrastinação-score em T2………….. .. 74
Tabela 4. Testes de normalidade para Ansiedade-estado em T1 e T2…………………….. ... 74
Tabela 4.1. Testes de normalidade para a variável Preocupação em T1 e T2…………….. .... 74
Tabela 4.1.1. Testes de normalidade para a variável Procrastinação académica em T1 e T2. . 75
Tabela 5. Teste de esfericidade de Mauchly para a variável Ansiedade-estado……………... 75
Tabela 5.1. Teste de esfericidade de Mauchly para a variável Preocupação……………..….. 75
Tabela 5.1.1. Teste de esfericidade de Mauchly para a variável Procrastinação académica... . 75
Tabela 6. ANOVA medições repetidas (testes de efeitos entre assuntos) para a Ansiedade-
estado. ....................................................................................................................................... 76
Tabela 6.1. ANOVA medições repetidas (testes de efeitos entre assuntos) para a variável
Preocupação .............................................................................................................................. 76
Tabela 6.1.1. ANOVA medições repetidas (testes de efeitos entre assuntos) para a variável
Procrastinação académica ......................................................................................................... 77
Tabela 7. Correlação de Pearson para a diferença nos dois tempos da ansiedade e
procrastinação…. ...................................................................................................................... 78
Tabela 10.1. Teste de Durbin-Watson e R quadrado ajustado da RLM para T1…………….. 78
Tabela 10.2. ANOVA da RLM para T1…………………………………………………….. . 78
Tabela 10.3. Coeficientes da RLM para T1 e estatísticas de colinearidade (VIF)………….. . 78
Tabela 10.4. Teste Durbin-Watson e R quadrado ajustado da RL para T1……..……..…… .. 79
Tabela 10.5. ANOVA da RL para T1………………………………………………………... 79
Tabela 10.6. Coeficientes da RL para T1 e estatísticas de colinearidade (VIF)……………... 79
Tabela 11.1. Teste Durbin-Watson e R quadrado ajustado da RLM para T2……………… .. 80
Tabela 11.2. ANOVA da RLM para T2…………………………………………………… ... 80
Tabela 11.3. Coeficientes da RLM para T2 e estatísticas de colinearidade (VIF)………. ...... 80
Tabela 11.4. Teste Durbin-Watson e R quadrado ajustado da RL para T2……………… ...... 80
Tabela 11.5. ANOVA da RL para T2……………………………………………………....... 81
Tabela 11.6. Coeficientes da RL para T2 e estatísticas de colinearidade (VIF)…………....... 81
Tabela 12.1. Modas das preocupações no grupo dos Procrastinadores em T1…………… .... 81
Tabela 12.2. Frequências absolutas e percentagens da preocupação (1) no grupo dos
procrastinadores em T1…………………………………………………………………….. .. 82
Tabela 12.3. Frequências absolutas e percentagens da preocupação (2) no grupo dos
procrastinadores em T1 ............................................................................................................ 82
Tabela 12.4. Frequências absolutas e percentagens da preocupação (3) no grupo dos
procrastinadores em T1 ............................................................................................................ 82
IX
Tabela 12.5. Frequências absolutas e percentagens da preocupação (4) no grupo dos
procrastinadores em T1 ............................................................................................................ 83
Tabela 12.6. Frequências absolutas e percentagens da preocupação (5) no grupo dos
procrastinadores em T1 ............................................................................................................ 83
Tabela 12.7. Frequências absolutas e percentagens da preocupação (6) no grupo dos
procrastinadores em T1 ............................................................................................................ 83
Tabela 12.8. Frequências absolutas e percentagens da preocupação (7) no grupo dos
procrastinadores em T1 ............................................................................................................ 84
Tabela 12.9. Frequências absolutas e percentagens da preocupação (8) no grupo dos
procrastinadores em T1 ............................................................................................................ 84
Tabela 12.10. Frequências absolutas e percentagens da preocupação (9) no grupo dos
procrastinadores em T1 ............................................................................................................ 84
Tabela 12.11. Frequências absolutas e percentagens da preocupação (10) no grupo dos
procrastinadores em T1………………….. .............................................................................. 85
Tabela 13. Modas das preocupações no grupo dos Procrastinadores em T2…… ................... 85
Tabela 13.1. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (1) no grupo dos
procrastinadores em T2………………………………………………………. ....................... 86
Tabela 13.2. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (2) no grupo dos
procrastinadores em T2…………………………………….. .................................................. 86
Tabela 13.3. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (3) no grupo dos
procrastinadores em T2…………………………………… .................................................... 86
Tabela 13.4. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (4) no grupo dos
procrastinadores em T2……………………….. ...................................................................... 86
Tabela 13.5. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (5) no grupo dos
procrastinadores em T2………………………………………. ............................................... 87
Tabela 13.6. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (6) no grupo dos
procrastinadores em T2……………………………………….. .............................................. 87
Tabela 13.7. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (7) no grupo dos
procrastinadores em T2…………………………………………. ........................................... 87
Tabela 13.8. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (8) no grupo dos
procrastinadores em T2………………………………………….. .......................................... 88
Tabela 13.9. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (9) no grupo dos
procrastinadores em T2…………………. ............................................................................... 88
Tabela 13.10. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (10) no grupo dos
procrastinadores em T2…………………….. .......................................................................... 88
Tabela 14.1. Matriz de componente rotativa (Varimax) referente às razões para a
procrastinação no T1…………………………………………. ............................................... 89
Tabela 14.2. Teste de KMO e Bartlett para as razões para a procrastinação em T1……… .... 90
X
Tabela 15.1. Matriz de componente rotativa (Varimax) referente às razões para a
procrastinação no T2. ............................................................................................................... 90
Tabela 15.2. Teste de KMO e Bartlett para as razões para a procrastinação em T2……… .... 91
Tabela 16. Distribuição modal para as tarefas de Procrastinação em T1……………. ............ 91
Tabela 16.1. Frequências absolutas e percentagens para escrever um trabalho académico em
T1………………………………………………………………………………… .................. 92
Tabela 16.2. Frequências absolutas e percentagens para estudar para os exames em T1…… 92
Tabela 16.3. Frequências absolutas e percentagens para realizar a leitura semanal para
acompanhar a matéria em T1……………………………………………………………….... 92
Tabela 16.4. Frequências absolutas e percentagens para tarefas académicas administrativas em
T1……………………………………………………………………………………. ............. 93
Tabela 16.5. Frequências absolutas e percentagens para tarefas académicas administrativas em
T1…………………………………………………………………………………….. ............ 93
Tabela 17. Distribuição modal para as tarefas de Procrastinação em T2……………….. ....... 93
Tabela 17.1. Frequências absolutas e percentagens para escrever um trabalho académico em
T2………………………. ......................................................................................................... 94
Tabela 17.2. Frequências absolutas e percentagens para estudar para os exames em T2….. .. 94
Tabela 17.3. Frequências absolutas e percentagens para realizar a leitura semanal para
acompanhar a matéria em T2……………………………………………………………….... 94
Tabela 17.4. Frequências absolutas e percentagens para tarefas académicas administrativas em
T2……………………………………………………………………………… ...................... 95
Tabela 17.5. Frequências absolutas e percentagens para atendimentos e reuniões com
professores em T2……………………………………………………………………............. 95
XI
Introdução
A procrastinação parece ser tão comum que raramente a vemos como problemática ou
digna de escrutínio (Spada, Hiou, & Nikcevic, 2006) e há quem diga que é um
comportamento recorrente nas sociedades modernas (Rosário, Costa, Núnez, González-
Pienda, Solano, & Valle, 2009). Contudo, as pessoas que apresentam um comportamento
crónico de procrastinação dizem experienciar emoções negativas, depressão e ansiedade ou
até mesmo algum tédio, devido à sua incapacidade de concluir tarefas dentro de um período
limitado de tempo, de responder a prazos ou tomar decisões no que diz respeito a assuntos do
dia-a-dia (Ferrari, 2001; Spada et al., 2006). Isto acaba por envolver incidentes frequentes,
tais como o facto de as pessoas adiarem as suas responsabilidades e deveres e não serem
capazes de começar um trabalho com o objectivo de o acabar (Deniz, Tras, & Aydogan,
2009). Estas pessoas parecem ter pobres capacidades de organização e falta de recursos
pessoais ou problemas em gerir o tempo, factores que acabam por ser preditores da
procrastinação (Rothblum, Solomon & Murakami, 1986). Além disso, as pessoas que
procrastinam parecem também não só ter problemas em estabelecer relações significativas
com outros durante os processos de tomada de decisão (Balkis, 2006 citado por Deniz et al.,
2009) como revelam impactos negativos na aprendizagem, realização, eficácia académica e
qualidade de vida (Rabin, Fogel, & Nutter-Upham, 2011). A procrastinação encontra-se assim
ligada a uma pobre saúde mental, evidenciando não só maiores níveis de stress, como
sintomas de doença física nos procrastinadores (Ferrari & Díaz-Morales, 2014).
Parece então que, não só este comportamento pode interferir na vontade das pessoas e
no seu envolvimento nas tarefas, como também acaba por trazer problemas significativos em
âmbitos pessoais, ocupacionais ou financeiros (Tice & Baumeister, 1997). Inclusivamente,
vários estudos observaram que a ansiedade e preocupação estão associadas com a
procrastinação (Antony, Purdon, Huta, & Swinson, 1998; Ferrari, Johnson, & McCown, 1995;
Stober & Jormann, 2001 citado por Rabin, Fogel, & Nutter-Upham, 2011). No entanto, Stober
& Joormann (2001) referem que a preocupação liga a ansiedade à procrastinação e ao
perfeccionismo, subentendendo que a procrastinação pode relacionar-se com o quanto uma
pessoa se preocupa, independentemente de como é que a pessoa se sente acerca da sua própria
preocupação (Stober & Joormann, 2001). Contudo, o conceito de procrastinação parece estar
pouco estudado e explorado em Portugal (Mata & Silva, 2006).
1
1. Jovem Adulto
Ao longo da sua vida, o ser humano passa por diferentes fases de desenvolvimento. O
desenvolvimento individual acontece num contexto que varia ao longo do tempo e envolve
inúmeras transições (Elder, 1985; Valsiner & Lawrence, 1997 citado por Maatta, Nurmi &
Majava, 2002). Uma das mais vincadas transições é precisamente a entrada na fase jovem
adulta. Esta fase transitória está associada a tarefas de desenvolvimento que incluem não só a
consolidação das tarefas da adolescência (Gouveia, 2013), como também a finalização da
educação, o início de uma carreira, escolher um parceiro ou constituir família (Newman &
Newman, 1975). Revela-se assim um período da vida durante o qual o jovem enfrenta um
grande número de mudanças (Pimentel, 1996 citado por Maatta et al., 2002). Estas mudanças
acartam temas como a vida independente e autonomia, expectativas em relação ao meio
académico, redes de suporte, finanças, procura do primeiro emprego, gestão de tempo, de
expectativas e emoções, entre outras (Denovan & Macaskill, 2013). Na sociedade ocidental, a
separação psicológica das figuras parentais, a construção da autonomia, o desenvolvimento da
capacidade para a interacção amorosa e a consolidação da auto-estima são algumas das tarefas
de desenvolvimento mais importantes deste período. Assim, esta etapa é habitualmente
marcada por acontecimentos como o ingresso no ensino superior/profissionalizante e possível
resultante afastamento da família nuclear, o estabelecimento num espaço seu, onde o jovem é
responsável por si próprio, o desenvolvimento de relações de intimidade com os seus pares
bem como muitas vezes o início da actividade profissional (Cavanhaug, 2005 citado por
Gouveia, 2013).
Lyons (2003) num breve relatório refere que a “actual” geração de jovens adultos é
também mais numerosa, mais afluente, mais eticamente diversa e com melhores níveis de
educação. Benjamin (1991 citado por Denovan & Macaskill, 2013) observou que a transição
para o meio académico envolvia grandes modificações nas vidas quotidianas dos estudantes, o
que se verificou através de uma tentativa constante de criar um balanço entre os domínios
social, académico e pessoal (Denovan & Macaskill, 2013), mais especificamente na entrada
para a universidade, gerando frequentemente incerteza e conflito (Covarrubias & Fryberg,
2015). Consequentemente, os jovens podem experienciar uma falta de bem-estar subjectivo
(e.g. como sintomatologia ansiosa ou depressiva) como consequência de problemas
2
individuais ao lidar com situações transitórias, como a mudança para o meio académico
(Norris & Murrell, 1987 citado por Maatta et al., 2002), o que por sua vez não exclui a
hipótese de que esta falta de bem-estar subjectivo também influencie as formas de lidar com
as próprias transições. Por outro lado, as pessoas com maior suporte social, que se encontram
financeiramente mais seguros, e com menos responsabilidades pela família ou terceiros,
parecem ter menor probabilidade de “adoecer” (Cassidy, 2001).
A transição e consequente adaptação à universidade, normalmente envolvem aspectos
positivos, tais como interacção com novas pessoas e mais oportunidades, não obstante,
continua a revelar-se um período de grande mudança, o que pode ser stressante. No fundo, os
estudantes têm que se desprender das suas rotinas e redes de suporte já estabelecidas,
desenvolver novas, adaptarem-se a novos desafios e adquirir novas responsabilidades
(Denovan & Macaskill, 2013).
1.3 - Uma época stressante e preocupante
Além disso, os estudantes têm de lidar com stressores associados à vida universitária,
sejam eles stressores relacionados com o estudo e exames, as pressões financeiras, exigências
temporais, mudanças na alimentação e sono ou pressão parental, entre outros (Robotham &
Julian, 2006). O impacto destes stressores pode ainda ser exacerbado devido a factores como
a falta de experiência, conhecimento ou competências, sendo que existe mais vulnerabilidade
e sensibilidade entre os estudantes em transição (e.g. estudantes que acabaram de entrar para a
universidade ou que estão em finalização do curso) (Fisher, 1994 citado por Denovan &
Macaskill, 2013). Frequentemente, também se verifica que os jovens adultos não se sentem
suficientemente envolvidos ou informados ao tomar decisões (Cameron & Murphy, 2002),
sendo que muitas vezes acabam por tomar decisões pouco informadas, ou as decisões acabam
por ser tomadas por terceiros. Isto acaba por aumentar a tensão sob o bem-estar psicológico,
por exemplo, no momento de entrada na universidade (Cooke, Bewick, Barkham, Bradley &
Audin, 2006). A transição para a universidade revela-se assim um período frequentemente
stressante, que envolve factores relacionados com toda uma acrescida e nova tomada de
responsabilidade (Robotham & Julian, 2006). Isto leva a que os jovens adultos acabem por se
preocupar mais comparativamente aos adultos (Babcock, MaloneBeach, Hou & Smith, 2012).
Tinto (1993 citado por Denovan & Macaskill, 2013) descreve com base na sua
amostra, que 75% dos estudantes que não progrediam na universidade atribuíram razões para
deixar a mesma a problemas encontrados no primeiro ano. Num estudo realizado por
Denovan & Macaskill (2013) no qual se examinaram as pressões sentidas por estudantes do
3
primeiro ano de universidade, foram identificados temas relacionados com a mudança,
nomeadamente, relativa a expectativas da universidade, foco académico, redes de apoio e
suporte para lidar com problemas e dificuldades. Esta fase afirma-se assim não só como um
período de possibilidades, mas também de desafios e incertezas (Gouveia, 2013).
Parece então que a transição para a fase adulta pode ser um período particularmente
preocupante e stressante para todos os jovens, especialmente dado ser uma altura em que estes
procuram desenvolver a sua própria identidade em relação aos outros (Eccles, Lord, Roeser,
Barber, & Hernandez-Jozefowicz, 1995; Bryant, Young, & Cesario, 2010 citado por Forte,
Jahoda & Dagnan, 2011).
2. Ansiedade
6
funcional e prepara o individuo para dar uma resposta de luta/fuga na presença de um perigo
ou ameaça real, activando os sistemas fisiológico, cognitivo, motivacional, afectivo e
comportamental (DiTomasso et al., citado por Stein et al., 2009).
Contudo, também a ansiedade envolve a activação dos sistemas cognitivo, fisiológico,
motivacional, afectivo e comportamental, bem como também é considerada adaptativa,
“como um grupo organizado de funções adaptativas pelas quais um organismo sente, avalia
e responde a pistas de perigo no seu meio externo ou interno” (Hofer, p.129 citado por Stein
et al., 2009). Ambos parecem diferir no modo como interpretamos os estímulos, o que pode
predispor o individuo à ansiedade (Power & Dalgleish, 1997) e também parecem diferir na
presença ou ausência de uma ameaça considerada real, sendo que o medo só se encontra
presente sob uma ameaça real e orientado para um objecto específico (Craig, Phil &
Chamberlain, 2009; DiTomasso & Gosch, 2002 citado por Stein et al., 2009). O medo está
também mais relacionado com a acção enquanto que a ansiedade é um estado mais difuso e
não direccionado (Power & Dalgleish, 1997). Por sua vez, a ansiedade pode então ser definida
como um estado difuso “caracterizado por uma experiência afectiva desagradável marcada
por um grau significativo de apreensão sobre a potencial aparência de futuros eventos
aversivos ou prejudiciais” (DiTomasso & Gosch, 2002, p.1 citado por DiTomasso et al.,
2009). Representa assim expectativas relativas ao futuro ou relativas a resultados negativos
que são percepcionados como ameaçadores.
Os modelos cognitivos da ansiedade estipulam que as crenças orientadas para o perigo
percepcionado predispõem os indivíduos a virar a sua atenção para a ameaça, experienciando
comportamentos de segurança disfuncionais e fazendo interpretações catastróficas de
estímulos ambíguos (Beck 2005, p.955 citado por DiTomasso et al., 2009). Contudo, estes
modelos não assumem que os pensamentos por si só causam a ansiedade, mas sim uma
variedade de factores predisponentes e precipitantes incluindo padrões cognitivos que podem
coexistir e relacionar-se com o desenvolvimento de distúrbios de ansiedade. Exemplos de
factores predisponentes seriam a genética, a doença física, o trauma psicológico, a ausência de
mecanismos de coping, entre outros. Por sua vez, factores precipitantes incluiriam problemas
com toxicidade, stressores externos, stressores de longo-prazo e stressores que afectam a
vulnerabilidade do individuo para desenvolver um distúrbio de ansiedade. Podemos ainda
pensar que mudanças de vida, ou em várias áreas da mesma, podem contribuir para o
desenvolvimento da ansiedade, bem como mudanças intensas no estado de saúde, o
envelhecimento, fadiga, cronicidade, entre outras (DiTomasso et al., citado por Stein et al.,
2009).
7
Autores como Beck (2005 citado por DiTomasso et al., 2009) vêm a ansiedade como
um produto de processamento da informação distorcida, ao processar os estímulos que
ocorrem tanto dentro como fora da pessoa e que são tidos como ameaçadores. Isto resulta em
sistemáticas distorções no modo do individuo pensar e de construir a sua experiência pessoal.
Estas distorções cognitivas provêm de crenças disfuncionais inerentes a esquemas cognitivos
prévios. Geralmente, a ansiedade envolve um estado emocional tenso caracterizado por vários
sintomas somáticos, desassossego da mente de forma penosa para o individuo sobre doença
antecipada, apreensão de eventos anormal, duvida do próprio sobre a natureza da ameaça bem
como crenças sobre a realidade da ameaça e, lapsos ou falhas no potencial de coping
(DiTomasso et al., citado por Stein et al., 2009). Os indivíduos com problemas de ansiedade
acabam no fundo por prejudicar a objectividade e a capacidade de avaliar as suas cognições
ligadas á ameaça de um modo realista e racional. A marca destes indivíduos acaba por ser
uma presença de forte percepção de ameaça e a consequente activação fisiológica na ausência
de uma ameaça objectivamente real. Deste modo, a pessoa ansiosa vê a ameaça e reage de
acordo com ela, mesmo quando não existe uma ameaça real.
2.3 - Ansiedade Estado e Ansiedade Traço
8
2.4 - Ansiedade versus preocupação
9
internos estaria mais interligada à ansiedade. Isto vai de encontro com os resultados de
Boehnke, Schwartz, Stromberg & Sagiv (1998), que colocam a hipótese de que as micro
preocupações (i.e., preocupações relacionadas com o self e outros próximos) relacionam-se
positivamente à ansiedade e a outros indicadores de pobre saúde mental e negativamente a
indicadores de bem-estar psicológico. Deste modo, quanto mais uma pessoa se preocupa
acerca de possíveis ameaças ao self, mais ansiosa fica. Contudo, se aumentarmos tanto os
níveis de stress como de ansiedade, os níveis, no geral, de preocupação aumentam (Kelly,
2008).
A ansiedade, por sua vez, parece mais relacionada com a preocupação patológica, ou
seja, com pensamentos mais persistentes e intrusivos do que propriamente com a preocupação
por si só (Kelly, 2008). Se por um lado um nível adequado de preocupação pode ser visto
como adaptativo, por outro a preocupação repetida e crónica pode não ser adaptativa, sendo o
transtorno de ansiedade generalizada um bom exemplo (Forte et al., 2011).
Davey et al., (1992) demonstraram que a preocupação e a ansiedade podem ser
considerados dois constructos diferentes, cada um com as suas fontes de variância. Estas
diferenças ocorrem quase exclusivamente em relação a medidas de diferentes estratégias de
coping. Os autores, ao excluírem a ansiedade traço, demonstraram que a preocupação revela-
se positivamente relacionada tanto com estratégias de coping construtivas focadas no
problema, como o coping activo comportamental, estilo cognitivo de procura de informação
(Davey, Jubb & Cameron, 1996), como com estratégias de coping focadas na emoção tais
como coping de evitamento, regulação afectiva e descarga emocional. Por um lado, a
preocupação pode contribuir com cognições positivas relativamente a eventos ameaçadores,
mas em pessoas com níveis elevados de ansiedade traço, outros factores podem impedir esta
cognição positiva antes de o individuo conseguir lidar bem com o stressor (Davey et al.,
1992). Os autores (Davey et al., 1992) acabaram por comprovar as diferenças entre os
constructos de ansiedade e preocupação, contrariando os estudos que defendiam que a
preocupação era meramente uma manifestação cognitiva da ansiedade, e comprovando
também que pode existir preocupação na ausência de ansiedade.
3. Preocupação
11
preocupação na saúde mental, o objecto (mais especificamente preocupações relacionadas
com o próprio e outros próximos) revela-se mais importante do que o domínio, relacionando-
se com uma pobre saúde mental. Apesar do número de domínios das preocupações, a área de
vida a qual a preocupação se refere é uma faceta que deve ser incluída em qualquer definição
conceptual de preocupação (Boehnke et al., 1998).
Existe uma relação entre pessoas que se preocupam e maiores níveis de preocupação
por parte destas sobre erros e dúvidas sobre acções (ou seja, as pessoas preocupadas
frequentemente precisam de ter a certeza do que estão a fazer, de evidências) bem como uma
relação com elevados níveis de expectativa parental, criticismo (e como consequência, muitas
vezes sentem que precisam de estar certos de modo a evitar a desaprovação) como também
com padrões pessoais elevados. Contrariamente, também se verifica que por vezes as pessoas
preocupadas podem não ter padrões pessoais excessivamente elevados sob circunstâncias de
stress, pelo contrário, tendem a baixá-los (Stober & Joorman, 2001).
A preocupação também pode estar relacionada com eventos de vida e o seu número,
ou seja, quantos mais eventos de vida a pessoa descreve, maior probabilidade tem de se
preocupar (Babcock et al., 2012). Adicionalmente, a preocupação também parece estar
correlacionada, não só como referido anteriormente, com factores como a ansiedade, mas
também com uma menor capacidade de gerir o tempo, depressão, perfeccionismo,
desconforto físico, tédio, insónia, menor sentido de humor, intolerância ao incerto,
pessimismo, menor confiança na resolução de problemas, tendência para ver as dificuldades
como ameaças e disfuncionalidade familiar (Kelly, 2008; Kelly & Paolini, 2014). Parece
ainda também que variáveis socioeconómicas (e.g. baixos salários, violação dos direitos
humanos, não igualdade de oportunidade) prevêem elevados níveis de preocupação (Schwartz
& Melech, 2000 citado por Babcock et al., 2012).
3.2 - Preocupação normal e patológica
Contudo, a preocupação também se pode revelar adaptativa. Lyons (2003) refere que,
se por um lado a preocupação pode funcionar como um factor motivacional, por outro a
preocupação persistente e intensa acaba por trazer consequências negativas. A preocupação
patológica pode ser vista como indesejada, intrusiva e incontrolável, enquanto a não
patológica é vista como menos frequente e menos indesejável, sendo o tipo de preocupação
que pode facilitar alguns estilos de coping e portanto, revelar-se adaptativa (Kelly, 2008). Ao
controlar a ansiedade, a preocupação não patológica revela-se associada ao coping focado no
problema, bem como com uma tendência para o tédio (Kelly, 2008).
12
Breznitz (1971 citado por Stober & Joorman, 2001) define a preocupação como uma espécie
de “teste interno à realidade” que começa quando o individuo experiencia uma ameaça sobre
possíveis futuros eventos. A preocupação crónica ou patológica seria então um TOTE loop
(Test-Operate-Test-Exit) mas neste caso, sem o Exit, o que faria com que o individuo ficasse
preso num ciclo vicioso de pensamento ruminante. A quantidade de preocupação pode
determinar o tipo de preocupação. Stober & Joorman (2001) correlacionaram positivamente a
quantidade de preocupação à preocupação patológica.
Existem também diferentes instrumentos que medem, respectivamente, a preocupação
patológica (e.g. Penn State Worry Questionaire) e a preocupação não patológica (e.g. Worry
Domains Questionnaire). Apesar das diferenças, parece que a preocupação
independentemente do facto de ser patológica ou não patológica, encontra-se altamente
correlacionada com o stress e ansiedade (Kelly, 2008). Contudo, na ausência de stress, a
ansiedade poderá estar mais associada à preocupação patológica do que propriamente à não
patológica (Kelly, 2008).
3.3 - Preocupação no jovem adulto
Tem-se demonstrado que o conteúdo das preocupações varia com a idade, estatuto
matrimonial, educação e género (Lindesay et al., 2006; Barahmand, 2008 citado por Forte et
al., 2011). Consequentemente, na transição para a fase adulta, os jovens adultos não só
parecem preocupar-se mais (Babcock et al., 2012) como parecem preocupar-se com
conteúdos como o emprego, finanças e tomada de decisão relativamente a escolhas futuras
(Forte et al.,, 2011). Mais especificamente, na transição para a universidade verificaram-se
adicionalmente preocupações relacionadas com os parceiros de casa e dificuldades
relacionadas com o estudo (Denovan & Macaskill, 2013). Contudo, experiencias passadas de
fracassos ou insucessos podem afectar o sentimento de auto-eficácia dos jovens bem como a
sua confiança em atingir os seus objectivos numa fase de transição educativa, o que por sua
vez também se pode revelar uma fonte de preocupação. As preocupações dos jovens parecem
também recair sobre falhas em eventos específicos, como por exemplo exames ou
qualificações (Forte et al., 2011). Davey (1990 citado por Davey et al., 1992) observou que a
preocupação em sujeitos ansiosos com exames, estava associada com a definição de mais
problemas sobre o exame e com a geração de menos estratégias benéficas para lidar com o
exame. Segundo Babcock et al., (2012) os jovens adultos apresentam um maior locus de
controlo interno (i.e., tendência do individuo de percepcionar eventos, bons ou maus, que o
afectam como resultado das suas próprias capacidades, características e comportamentos) e
menor sentido de locus de controlo externo.
13
Assim sendo, os jovens com maior locus de controlo interno podem acabar por
preocupar-se mais e com mais coisas, devido a factores inerentes a esta fase do
desenvolvimento, como um aumento da responsabilidade (Babcock et al., 2012).
Os mesmos autores referem ainda que, uma vez que a preocupação é uma actividade
orientada para o futuro, esta tende a diminuir com a idade, justificando um maior grau de
preocupação em jovens adultos comparando com adultos. Contudo, é de referir que o próprio
conceito de preocupação pode variar ao longo da vida (Babcock et al., 2012).
3.4 - Preocupação e intenção comportamental
4. Procrastinação
Não raras vezes, algumas pessoas sentem-se ansiosas sobre eventuais fracassos em
situações que se revelam exigentes e desafiantes, o que acaba por levá-las ao evitamento da
tarefa (Jones & Berglas, 1978; Midghy, Arumkumar, & Urdan, 1996; Miller, 1987 citado por
Maatta et al., 2002). Assim sendo, alguém que antecipe um fracasso irá frequentemente tentar
evitar a situação ou irar-se-á comportar de forma a fornecer uma desculpa para um potencial
fracasso (Jones & Berglas, 1978 citado por Maatta et al., 2002).
15
Se por um lado atrasos ou adiamentos ocasionais até são aceitáveis e podem ser
vantajosos, por outro, uma procrastinação habitual ou problemática parece incluir o
acompanhamento de desconforto interno e subjectivo (Lay & Schouwenburg, 1993 citado por
Rabin et al., 2011) e uma das manifestações deste desconforto pode ser precisamente a
ansiedade. Desta forma, existem pessoas que podem tentar regular a ansiedade através da
procrastinação, uma vez que a procrastinação se apresenta muitas vezes como um processo de
regulação de um estado afectivo bem como de regulação de cognições negativas (Scher &
Osterman, 2002; Spada et al., 2006). Existem estudos que referem que se a ansiedade
aumenta, a tendência procrastinatória aumentaria também (Deniz et al., 2009). Parece então
existir uma ligação entre a procrastinação e a ansiedade. Contudo, reconhece-se que existe
uma falha na auto-regulação dos procrastinadores de tal maneira que os mesmos podem ter
menor capacidade de resistir a tentações sociais, actividades de lazer, entre outros (Ferrari,
2001; Dewitte & Schouwenburg, 2002 citado por Rabin et al., 2011). Estas falhas na auto-
regulação evidenciam-se quando as exigências cognitivas de uma tarefa são elevadas (Ferrari,
2001). Quando se impõe uma limitação temporal, os procrastinadores completam menos de
uma tarefa específica de modo a prevenir afectos negativos (Ferrari, 2001).Assim, a
procrastinação apresenta-se frequentemente relacionada com o incumprimento de prazos
estabelecido dentro de um prazo específico (Ferrari & Díaz-Morales, 2007 citado por
Chabaud, Ferrand, & Maury, 2010).
A procrastinação também se encontra relacionada com afectos negativos e cognições
negativas sobre o self (Solomon & Rothblum, 1984) e, apesar de poder apresentar-se como
uma tentativa de regulação de estados afectivos, parece que no fundo, a procrastinação
encontra-se ligada à incapacidade de regular as emoções negativas (Ferrari & Pychyl, 2007
citado por Ferrari & Díaz-Morales, 2014). Mais especificamente, a procrastinação também
está ligada a níveis elevados de ansiedade-estado, maior presença de sintomas físicos, menor
auto-eficácia e menor controle emocional (Rothblum et al., 1986).
Assim, alguns indivíduos podem utilizar este comportamento como forma de evitar ou
esconder uma possível falta de capacidade não só deles mesmos como também dos outros
sendo que, no fundo, a procrastinação pode acabar por proteger os indivíduos das suas
verdadeiras capacidades (Rothblum et al., 1986) funcionando de forma a proteger a sua auto-
estima, uma vez que as pessoas acabam por escolher obstáculos ambientais que sabotam uma
finalização bem-sucedida numa tarefa (Ferrari, 1991, Ferrari & Tice, 2000 citado por Ferrari,
2001).
16
A Procrastinação por definição pode então ser vista como o acto de adiar tarefas ao
ponto de o individuo experienciar desconforto (Solomon & Rothblum, 1984). É um sinónimo
de adiar, atrasar e prolongar a realização de uma tarefa, e pode ser distinguida do adiamento
intencional de uma tarefa na medida em que a procrastinação não é planeada, pelo menos por
razões que se considerem perceptíveis (Rosário et al., 2009). Por outro lado, autores como
Lay (1986 citado por Dewitte & Lens, 2000) mencionam que a procrastinação refere-se ao
adiantamento da intenção do individuo de forma deliberada, o que implica que em
determinado momento, o individuo tem a intenção de realizar uma tarefa mas não o faz no
momento planeado. Em vez disso, adia ou chega mesmo a não fazê-lo de todo (Dewitte &
Lens, 2000). Parece então que a procrastinação pode tanto assumir uma forma intencional e
deliberada, como não planeada, contudo parece envolver um desconforto subjectivo
proveniente de um atraso, adiantamento ou até mesmo não execução de uma acção. No fundo,
parece incluir um padrão comportamental de derrota (ou auto-sabotagem) marcado por
aparentes benefícios a curto prazo e custos a longo prazo (Tice & Baumeister, 1997). Alguns
procrastinadores racionalizam o seu comportamento e aparecem com várias vantagens
possíveis para estarem a adiar as suas intenções tais como óptimas performances antes dos
prazos, melhor saúde devido a menos stress aparente, etc. Contudo, estas ideias acabam por
revelar-se enganadoras, uma vez que se tem demonstrado que os níveis de saúde dos
procrastinadores são no geral mais baixos (Dewitte & Lens, 2000; Ferrari & Díaz-Morales,
2014; Tice & Baumeister, 1997). Apesar de muitos procrastinadores referirem que trabalham
melhor sobre pressão, a sua velocidade de desempenho pode na realidade sofrer (Ferrari,
2001). Como já referido, acabam por não ter um bom desempenho sob pressão, emergindo as
falhas auto-regulatórias na rapidez e exactidão de execução de uma tarefa (Ferrari, 2001). Os
procrastinadores parecem também frequentemente auto-sabotar as suas performances nas
tarefas (Ferrari, 1991 citado por Ferrari, 2000), experienciar conflitos com os pais e depender
dos amigos para suporte emocional e social (Ferrari & Olivette, 1994; Ferrari, Harriott, &
Zimmerman, 1999 citado por Ferrari, 2000), bem como parecem preferir a noite ao invés do
dia para executar tarefas que lhes são desagradáveis (Ferrari et al., 1996 citado por Ferrari,
2000).
Tem-se estudado a procrastinação e tem-se previsto várias variáveis, cognitivas,
emocionais ou afectivas, e de personalidade como possíveis preditores (Rabin et al., 2011).
Algumas das associações com variáveis cognitivas, além das já mencionadas, incluem
tendência para o self-handicapping, baixa auto-estima, baixa auto-eficácia académica, medo
de falhar e percepções distorcidas do tempo necessário para realizar uma tarefa (Rabin et al.,
17
2011). Em termos de personalidade, a procrastinação tem sido associada ao neuroticismo e a
baixos níveis de consciência, apesar de, no fundo, estas relações se revelarem muito
complexas (Rabin et al., 2011). Concordantemente, a procrastinação-traço está inversamente
relacionada com o factor consciência do BIG-5 (Lay, 1995 citado por Ferrari, 2000) e tem
sido associada a baixos níveis de confiança, baixo autocontrole, elevados estados de
perfeccionismo, não-competitividade, auto decepção, impulsividade disfuncional, depressão e
ansiedade (Effert & Ferrari, 1989; Ferrari, 1991, 1993; Ferrari & Emmons, 1994; Flett,
Blankstein & Martin, 1995; Flett, Hewitt & Martin, 1995; Lay, Edwards, Parker & Endler,
1989 citado por Ferrari, 2000). Assim, a procrastinação deve ser vista como um fenómeno
cognitivo, afectivo e comportamental (Solomon & Rothblum, 1984).
A procrastinação parece então estar negativamente associada à consciência, um traço
que reflecte responsabilidade, autodisciplina, motivação para a realização e o cumprimento
cuidadoso e diligente de obrigações (Rabin et al., 2011). Pessoas com níveis mais elevados de
consciência e pessoas que não são impulsivas parecem ter noção das consequências das suas
acções. Por outras palavras, a acção é vista por elas num contexto mais geral ou identificam-
se mais com as acções de modo a descrever o que estão a fazer (Dewitte & Lens, 2000).
Parece então que os indivíduos que sofrem de procrastinação revelam incapacidade de
organizar actividades, baixo rendimento, dificuldades na gestão do tempo e revelam
depressão, ansiedade, menores níveis de consciência e impulsividade (Ferrari, 2000).
Revelam também menos acções positivas e menor expressão de necessidades e sentimentos
(Ferrari & Díaz-Morales, 2014) comprovada, como já referido, por eventuais défices em
variáveis cognitivas, afectivas e de personalidade. Consequentemente, os procrastinadores
revelam expectativas negativas sobre as performances passadas e futuras (Ferrari, 1991 citado
por Ferrari, 2001), aparentam um uso reduzido de capacidades metacognitivas (Rabin et al.,
2011) e, no fundo, muitos acabam por revelar desempenhos que estão abaixo das suas
capacidades, e acabam por ficar frustrados porque perdem oportunidades (Dewitte & Lens,
2000).
4.3 - Tipos e formas de procrastinação
Da mesma forma que parecem existir claras diferenças entre procrastinadores e não-
procrastinadores (e.g. procrastinadores apresentam menor expressão de
sentimentos/necessidades (Ferrari & Diaz-Morales, 2014)), também é possível verificar
diferenças em diversos tipos e formas de procrastinação.
18
A procrastinação tanto pode ser temporária como permanente. Quando permanente, é
muitas vezes descrita como crónica e define-se pelo atraso propositado e frequente no início
ou final de uma tarefa ao ponto de experienciar desconforto (Ferrari, 2010 citado por Ferrari
& Díaz-Morales, 2014) e é estimado prevalecer entre 20-25% da população adulta mundial.
Este tipo de procrastinação está associado a elevados níveis de stress e ansiedade, fraco
controlo de impulsos, falta de persistência, falta de disciplina no trabalho, falta de capacidade
de gestão do tempo e incapacidade de trabalhar de forma metódica (Díaz-Morales, Ferrari,
Díaz, & Argumedo, 2006; Ferrari & Díaz-Morales, 2007; Schouwenburg, Lay, Pychyl, &
Ferrari, 2004; Sirois, 2006 citado por Ferrari & Díaz-Morales, 2014). A procrastinação
crónica parece estar também associada a um estilo de vida mal adaptativo que comporta
consequências sérias, tanto pessoais como sociais (Ferrari, 2000). Os procrastinadores
crónicos têm ainda menor probabilidade de expressar as suas necessidades e preocupações
(que são necessárias a um coping eficaz) (Ferrari & Díaz-Morales, 2014) e podem por vezes
comportar-se de modo perfeccionista (Ferrari, 1992 citado por Ferrari, 2001). É possível que,
quando os procrastinadores crónicos enfrentam situações stressantes tais como as pressões
temporais, a sua performance acaba por sofrer, uma vez que procrastinam muitas vezes de
forma a prevenir efeitos negativos. Assim, a procrastinação crónica, tal como a procrastinação
temporária, também envolve uma falha auto-reguladora, ou seja, estes indivíduos também
acabam por regular de forma ineficaz a sua performance (Ferrari, 2001), o que
consequentemente acaba por incapacitar as pessoas de guiarem as suas actividades orientadas
para objectivos e para estilos de vida saudáveis (Ferrari & Díaz-Morales, 2014).
Consequentemente, os procrastinadores crónicos revelam menos confiança sobre as
suas capacidades de performance, referindo muitas vezes que o seu fraco desempenho se deve
a factores externos e não pessoais, o que evidencia a ideia de que os procrastinadores possuem
menor locus de controlo interno (Ferrari, 2001). Assim, ao culpar factores externos os
procrastinadores crónicos protegem, mais uma vez, a sua auto-estima (Ferrari, 2001).
Os procrastinadores podem revelar-se também tanto a nível comportamental (i.e., pelo
evitamento, não fazendo a tarefa, adiando a acção, atraso na finalização ou completamento de
tarefas) como a nível cognitivo ou decisivo (i.e., indecisão, adiar a tomada de decisão, atraso
deliberado e propositado na tomada de decisão dentro de um período de tempo especifico)
(Chabaud et al., 2010; Dewitte & Lens, 2000; Ferrari, 2000; Ferrari, 2001; Spada et al., 2006).
Parece que ambos os tipos de procrastinação estão positivamente relacionados com respostas
afectivas e percepção de tempo, e negativamente relacionados com a estimulação interna
(Ferrari, 2000).
19
Ferrari (2000) também referiu uma relação entre a procrastinação decisiva (cognitiva),
a auto-estima, e uma tendência para o tédio. A procrastinação decisiva também parece estar
positiva e significativamente associada com depressão, ansiedade e preocupação (Spada et al.,
2006). Por sua vez, parece que os procrastinadores comportamentais também podem
experienciar ansiedade e depressão (Spada et al., 2006). Parece que as pessoas que
procrastinam comportamentalmente, fazem-no como estratégia de auto-sabotagem (e.g.
existem vários tipos de sabotadores: os que festejam antes de provas ou qualificações finais
são um exemplo). A auto-sabotagem comportamental, na qual o individuo activamente
constrói impedimentos que provavelmente diminuem as suas probabilidades de sucesso de
modo a proteger a auto-estima, pode então ser semelhante aos atrasos procrastinatórios
(Chabaud et al., 2010).
Lay (1987 citado por Dewitte & Lens, 2000) também distinguiu dois tipos de
procrastinadores: o procrastinador optimista e o procrastinador pessimista. O procrastinador
optimista adia as suas intenções mas não se preocupa com isso (Milgram, 1992), está
confiante de que irá ter sucesso no final, independentemente do seu envolvimento na acção no
momento ou mais tarde. Consequentemente, sobrestimam o seu progresso e as suas chances
de sucesso e subestimam o tempo necessário para atingir os seus objectivos (Lay, 1987, 1988
citado por Dewitte & Lens, 2000). Pelo contrário, procrastinadores pessimistas preocupam-se
com o seu comportamento de atraso (Milgram, 1992). Tem noção do facto de que estão
atrasados nos seus horários. Contudo, continuam a procrastinar porque não sabem como lidar
com a tarefa (Lay, 1987, 1988 citado por Dewitte & Lens, 2000). Sentem-se incompetentes e
têm medo de que o seu envolvimento na tarefa prove essa mesma incompetência. Como tal,
procrastinam de modo a evitar experiências desagradáveis. Os procrastinadores pessimistas
parecem também ter mais medo de falhar, menor auto-estima, sobrestimam o tempo para
realizar uma tarefa e revelam maiores níveis de ansiedade-teste, o que acaba por interferir
com a motivação e persistência na realização de uma tarefa (Depreeuw & DeNeve, 1992
citado por Dewitte & Lens, 2000). A diferença entre os dois tipos parece ser o grau de
adaptação (Flett, Blankstein, & Martin, 1995 citado por Dewitte & Lens, 2000).
É importante distinguir o procrastinador pessimista do optimista, uma vez que os dois
tipos podem reagir de forma muito diferente a intervenções. O procrastinador pessimista, por
exemplo, tem maior propensão a apresentar sintomas psicopatológicos (Dewitte & Lens,
2000). No entanto, tanto um tipo como o outro adiam as suas intenções porque tem
perspectivas de acção mal adaptativas sobre as acções que adiam, parece que “não tem noção
20
do que estão a fazer” (Dewitte & Lens, 2000), no fundo carecem de “consciência” (Rabin et
al.,2011).
4.4 - A Procrastinação Académica e a Fase Jovem Adulta
Os problemas dos estudantes, muitas vezes jovens adultos, em áreas como a família,
escola e saúde podem causar comportamentos procrastinatórios (Deniz et al., 2009).
Aproximadamente 30 a 60% dos estudantes universitários dizem adiar regularmente tarefas
educacionais (Rabin et al., 2011). Além de ser um comportamento bastante frequente, revela-
se prejudicial no progresso e sucesso académico, sendo uma das manifestações frequentes,
atrasos nos comportamentos de estudo (Rosário et al., 2009; Tice & Baumeister, 1997).
Consequentemente, a procrastinação tem sido apontada como um obstáculo ao sucesso
académico (Scher & Osterman, 2002).
O baixo rendimento académico pode ser um problema derivado da procrastinação
comportamental, sendo que este baixo rendimento pode alimentar o próprio uso do
evitamento da tarefa (Maatta et al., 2002). Contudo, a procrastinação pode diminuir à medida
que os prazos parecem menos distantes e a falha intenção-acção vai ficando mais estreita
(Steel, 2007 citado por Rabin et al., 2011).
Estudos que mediram o stress em estudantes universitários revelaram que, ao longo de
um semestre académico, estes experienciam níveis menores de stress inicialmente e níveis
mais elevados de stress, não só no final do semestre, mas também no geral (Tice &
Baumeister, 1997). Concordantemente, Lay, Edwards, Parker, & Endler (1989 citado por Tice
& Baumeister, 1997) observaram que os níveis de ansiedade-estado em procrastinadores que
atrasavam os estudos estavam muito elevados perto do período de exames. Ellis & Knaus
(1977 citado por Deniz et al., 2009) na sua amostra observaram que 70% dos estudantes
universitários apresentavam comportamentos procrastinatórios e 50% desses procrastinavam
nas suas responsabilidades académicas pelo menos metade das vezes (Solomon & Rothblum,
1984).
O comportamento de estudantes que procrastinam pode ser também um fenómeno
relacionado com a aprendizagem, sendo que quando existe um aumento da motivação interna
e integração da aprendizagem, o sujeito aprende e domina. Contudo, parece que os sujeitos
que procrastinam mais aprendem apenas “superficialmente”. Parecem não disfrutar da
aprendizagem de matérias que consideram “fáceis”. Assim, muitos estudantes acabam por
procrastinar devido à inquietação e emoções desagradáveis experienciadas durante uma
aprendizagem que parece ser superficial, com menor motivação interna e não devidamente
21
integrada (Orphen, 1998 citado por Deniz et al., 2009) bem como acabam por manifestar uma
falha na identidade com as acções ao descrever as suas actividades de estudo. No fundo,
parecem estudar menos no geral, mas ter intenções de estudo mais específicas (Dewitte &
Lens, 2000). Parece então importante explorar a influência que a procrastinação pode ter nos
comportamentos dos estudantes universitários (Mata & Silva, 2006).
Os estudantes com elevados níveis de auto-eficácia têm maior probabilidade de se
sentirem em controlo comparando com os que tem menor auto-eficácia. Uma vez que os
níveis de motivação são influenciados pela auto-eficácia (Denovan & Macaskill, 2013),
podemos inferir que os estudantes procrastinadores parecem ter menos motivação bem como
parecem não se sentir tanto em controlo. Existe também uma relação positiva entre o sucesso
académico e o locus de controlo interno na medida em que os estudantes sabem que o sucesso
está dependente deles e como tal acabam por prestar mais ou, neste caso, menos atenção às
informações. Consequentemente, podemos então verificar uma relação entre procrastinação e
locus de controlo interno (Deniz et al., 2009). É de esperar que, estudantes que tenham um
bom locus de controlo interno procrastinem menos (Beck et al., 2000 citado por Deniz, Tras
& Aydogan, 2009). Rothblum et al., (1986) verificaram que estudantes que procrastinavam
academicamente com muita frequência, tinham maior probabilidade de ter ansiedade-teste,
ansiedade estado e atribuíram o sucesso nos exames bem como o seu rendimento, a factores
externos e instáveis ou situacionais.
Problemas em lidar com períodos transitivos (e.g. como a entrada para a universidade)
parecem aumentar as atribuições pessoais após um fracasso enquanto que, o sucesso acaba
por diminuir as crenças no controlo externo (i.e., aumenta o locus de controle interno) (Maatta
et al., 2002). Deste modo, podemos pensar que os problemas que os jovens enfrentam nesta
fase transitória, podem diminuir o seu locus de controlo interno, facilitando então
comportamentos procrastinatórios. Apesar da procrastinação, como já salientado, estar ligada
a baixos traços de consciência, estes traços contudo parecem aumentar na fase jovem adulta
(Rabin et al., 2011). Os prazos parecem desempenhar um papel importante em determinar
horários para completar tarefas e em guiar e focar o individuo num plano para o colocar em
acção (Chabaud et al., 2010). O tempo parece desempenhar um papel crucial na vida dos
estudantes na medida em que estes se deparam com múltiplas tarefas que exigem
cumprimento de obrigações num curto espaço de tempo (Chabaud et al., 2010), o que implica
que os estudantes necessitam de saber gerir bem o tempo.
Por outro lado, na ausência do estabelecimento de prazos, ou na ausência de uma
gestão eficaz do tempo, a pessoa pode acabar por adiar ou evitar uma acção. Ainslie &
22
Haslam (1992 citado por Rabin et al., 2011) referem que os estudantes que procrastinam
podem estar à procura de um alívio temporário que provém de afectos negativos ou ansiosos,
associados mais especificamente, às tarefas académicas (Rabin et al., 2011). Assim, a tarefa
revela-se desagradável e o estudante procrastina como alívio aos sentimentos desagradáveis
que as tarefas lhe trazem. Contudo, adiar um trabalho leva a compromissos e sacrifícios (Tice
& Baumeister, 1997). As preocupações que estão relacionadas com o processo de tomada de
decisão nesta fase da vida reflectem um aumento no sentimento de responsabilidade, o que
pode levar a que os jovens se sintam invadidos pelo número de decisões que se requer que
tomem (Forte et al., 2011). As vidas dos estudantes universitários são caracterizadas por
vários cumprimentos de prazos fornecidos pelos professores, o que acarreta várias
responsabilidades como por exemplo, inscrição nas cadeiras, completar formulários de curso
ou submissão de trabalhos (Popoola, 2005). Assim, a percepção da dificuldade da tarefa pode
ser um factor significativo que contribui para o aumento de comportamentos procrastinatórios
(Rosário et al., 2009). Como tal, a procrastinação é um problema que pode ser experienciado
por vários estudantes (Chabaud et al., 2010).
O comportamento procrastinatório em meio académico ocorre, por exemplo, quando o
individuo não completa as tarefas atribuídas ou atrasa a preparação para os exames (Beck,
Koons, & Milgram, 2000 citado por Deniz et al., 2009). Geralmente tais comportamentos
revelam-se mais comuns entre os estudantes que acabaram de entrar na universidade
(Kachgal, Hansen, & Nutter, 2001; Lee,2005 citado por Deniz et al., 2009). Em meios
académicos a procrastinação tem sido associada a baixas notas, desistência do curso e atrasos
no estudo (Rothblum et al., 1986; Lay & Burns, 1991 citado por Scher & Osterman, 2002).
A procrastinação académica pode ser vista como um adiantamento quotidiano à vida
escolar e é definida como o atrasar ou adiar deveres e responsabilidades relacionadas com a
escola, ou “guardá-las” até ao último minuto (Haycock, McCarthy, & Skay, 1998 citado por
Deniz et al., 2009). Para os estudantes, tarefas académicas com maiores níveis de
procrastinação académica parecem ser a escrita de trabalhos académicos, o estudar para os
exames e a leitura semanal para acompanhar a matéria (Solomon & Rothblum, 1984). Estes
autores desenvolveram um instrumento de medição da procrastinação académica
(Procrastination Assessment Scale for Students – PASS, 1984), o qual se demonstrou
correlacionado com medidas de depressão, baixa auto-estima e cognições irracionais
(Solomon & Rothblum, 1984).
A procrastinação académica, similarmente à procrastinação “geral”, encontra-se
associada a factores cognitivos, afectivos e comportamentais (Rothblum et al., 1986). Os
23
procrastinadores académicos, tal como os procrastinadores no geral, aparentemente
beneficiam de menos stress ao longo do tempo (uma vez que, em Tice & Baumeister (1997)
este stress só parecia aumentar no final do semestre), mas em contrapartida revelam fracos
desempenhos (Tice & Baumeister, 1997) Outros estudos encontraram relação entre
procrastinação e ansiedade mas só com aumento durante a última semana do curso (Lay &
Shouwenburg, 1993 cit in Rabin et al., 2011). Assim, a procrastinação acaba por resultar,
como já mencionado, numa performance académica deteriorada, em notas mais baixas e
desistência de curso (Solomon & Rothblum, 1984).
Algo típico dos indivíduos que optam por estratégias de auto-sabotagem é o facto de
terem medo de falhar na tarefa, o que pode levar à criação de uma desculpa para o falhanço
através do evitamento da tarefa ou de um esforço reduzido (Maatta et al., 2002). Parece que o
medo de falhar é algo que pode acompanhar a procrastinação académica, e isto pode
acontecer porque os estudantes não atingem expectativas (próprias ou dos outros), ou devido a
preocupações com um fraco desempenho nas tarefas (Solomon & Rothblum, 1984) estes
jovens parecem também ter níveis mais elevados de ansiedade e baixa auto-estima. Por sua
vez, a aversão à tarefa encontra-se relacionada com comportamentos estudantis atrasados
(Solomon & Rothblum, 1984).
Estima-se então que a procrastinação académica em tarefas relacionadas com a vida
académica seja um fenómeno comum que visa cerca de 70% dos estudantes universitários
(Ferrari et al., 1995 citado por Rosário et al., 2009). Algumas razões para a procrastinação
académica parecem então prender-se com variáveis já mencionadas como a ansiedade teste,
dificuldade na tomada de decisão, rebeldia contra o controlo, falha na assertividade, medo das
consequências do sucesso, padrões perfeccionistas sobre a ideia de competência (Solomon &
Rothblum, 1984). Vários estudos revelam a prevalência de procrastinação académica como
um problema auto percepcionado pelos estudantes universitários, com consequências que vão,
como já vimos, desde empenho e progresso académico reduzido ao aumento do stress e pobre
qualidade de vida (Rabin et al., 2011).
24
5. Pertinência do estudo
Como já referido, uma vez que vários estudos observaram que a ansiedade e
preocupação estão associadas com a procrastinação (Antony, Purdon, Huta, & Swinson, 1998;
Ferrari, Johnson, & McCown, 1995; Stober & Jormann, 2001 citado por Rabin et al., 2011).
Verificando que, níveis elevados de preocupação e ansiedade (Ferrari & Díaz-Morales,
2014), por vezes se encontram presentes nos jovens adultos, bem como indo de encontro às
evidências de que a preocupação e a intenção comportamental estão interligadas (Klein et al.,
2009), justifica-se a pertinência de um estudo que analise a relação entre os níveis de
ansiedade-estado, de preocupação não patológica e de procrastinação académica. Uma vez
que, a procrastinação é um problema comportamental que pode ser experienciado por vários
estudantes (Chabaud, et al., 2010) e estudantes universitários referiram elevadas taxas de
procrastinação académica (Dewitte & Lens, 2000), especialmente no primeiro ano (Kachgal,
Hansen, & Nutter, 2001; Lee, 2005 cit in Deniz et al., 2009), parece adequado medir as três
variáveis em estudantes universitários do primeiro ano.
O objectivo deste estudo é, descrever, associar e analisar as relações entre estas
variáveis no período temporal de um semestre lectivo em estudantes universitários, analisando
as associações entre as variáveis em dois momentos de recolha (i.e., no inicio e no final do
semestre), tentando encontrar o melhor preditor de procrastinação académica e analisando as
eventuais preocupações subjacentes à procrastinação académica. Adicionalmente analisaram-
se possíveis razões para a procrastinação académica. Consequentemente, colocaram-se as
seguintes hipóteses:
25
Método
Design
Pretende-se executar dentro de um design quase-experimental, um estudo de medições
repetidas. Neste tipo de estudo é utilizada uma amostra de participantes e os mesmos são
seguidos durante um determinado período de tempo, sendo um estudo que privilegia as
diferenças dentro dos indivíduos, permitindo ao investigador utilizar cada participante como o
seu próprio controlo. Assim, a amostra é medida em mais do que uma ocasião (Haslam &
McGarty, 2003).
Participantes
Partiu-se de uma população teórica referente á faixa etária de jovens adultos, dentro da
qual se acedeu a uma população de estudo mais restrita e disponível para a realização da
investigação (i.e., estudantes universitários do 1º ano da Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa - FDUL) e a partir da qual, de modo não-probabilístico e conveniente se extraíram
N= 248 participantes numa primeira recolha de dados e N=80 numa segunda recolha, obtendo
uma amostra final emparelhada de N=69 participantes. A amostra é assim constituída por um
total de 69 participantes, maioritariamente mulheres (65%), com idades que variam entre os
18 e os 29 anos (ver tabelas 1.2 e 1.2.1). T1 (M=18.83; DP=1.839) e T2 (M=18.97;
DP=1.902).
Masculino 24 34.8
Feminino 45 65.2
Instrumentos
26
questionário (contendo a data de nascimento, letra inicial do primeiro nome e letra inicial do
ultimo nome do sujeito), indicando também o momento de avaliação respectivo (1º ou 2º).
Deste modo foi então possível emparelhar os dados com base numa só variável (e.g.
Código_Identificação).
Utilizou-se o Inventário do Estado-Traço de Ansiedade (S.T.A.I. form-y1) para aceder
à variável Ansiedade, mais propriamente, o S.T.A.I. na forma Estado com 20 itens (e.g. item
“Sinto-me assustado”) avaliados numa escala de Likert de (1 = Nada) a (4 = Muito). Optou-
se pelo S.T.A.I na forma Estado, pois para o estudo em questão pretendeu-se unicamente
avaliar o estado de ansiedade nos períodos definidos. Valores mais elevados nesta escala são
indicativos de um maior nível de ansiedade-estado. Os scores oscilam entre os 20 e os 80
pontos, com meio em 50 pontos. O S.T.A.I. foi adaptado e validado para a população
portuguesa por Danilo Silva (2003 citado por Silva, 2003). No presente estudo, o valor de
consistência interna obtido em T1 foi de 0.901 e em T2 de 0.896. Os valores de consistência
interna dos instrumentos utilizados encontram-se resumidos, em anexo, na Tabela 2.
Para aceder à variável Preocupação não patológica, utilizou-se o Worry Domains
Questionnaire – Short Form, WDQ-SF (short-version) (Stober & Joormann, 2001) com 10
itens (e.g. item “Eu preocupo-me… Que deixe o trabalho inacabado”), medindo dimensões
gerais de preocupação não patológica numa escala de Likert de (0 = Nada) a (4 =
Extremamente). Valores mais elevados nesta escala são indicativos de um maior nível de
preocupação não patológica. Os scores oscilam entre os 0 e os 40 pontos. Utilizou-se a forma
original, traduzida. No presente estudo, o valor de consistência interna obtido em T1 foi de
0.884 e em T2 de 0.882.
De igual modo, para aceder à variável Procrastinação Académica utilizou-se o
Procrastination Assessment Scale for Students (PASS) (Solomon & Rothblum, 1984) que
mede tendências de procrastinação académica em 6 domínios principais (sejam eles, escrever
um trabalho académico, estudar para os exames, realiza a leitura semanal para acompanhar
a matéria, tarefas académicas administrativas: preenchimento de formulários, inscrição em
cadeiras, obtenção do cartão de estudante, e actividades escolares gerais). Sendo que, para
cada domínio é avaliado se o participante considera que procrastina, se procrastinar é um
problema e até que ponto pretende diminuir a tendência para procrastinar naquela tarefa.
Assim, os domínios são respectivamente medidos numa escala de Likert de (1 = Nunca
procrastino, Não é um problema, Não pretendo diminuir) a (5 = Procrastino Sempre, Sempre
um problema, Definitivamente pretendo diminuir). O score para a procrastinação é dado
através da soma do grau de procrastinação e o grau em que a mesma representa um problema,
27
para cada área (Solomon & Rothblum, 1984). Contudo, no presente estudo só foram
utilizados 5 domínios principais, uma vez que foi excluído o domínio das actividades
escolares gerais por não ser claro tanto para os participantes como para a investigadora e para
o orientador. Assim, os scores para a procrastinação oscilam entre os 10 e 50 pontos. Através
do PASS foram também auto-avaliadas as razões para procrastinar face a uma situação-tipo
de procrastinação académica, igualmente através de uma escala de Likert de (1 = Não reflecte
de todo porque procrastinei) a (5 = Reflecte porque é que procrastinei). A escala foi utilizada
no formato original, traduzida. No presente estudo, o valor de consistência interna obtido em
T1 foi de 0.878 e em T2 de 0.909.
Procedimento
Para a recolha da amostra, inicialmente criou-se uma lista de possíveis faculdades no
Município de Lisboa que pudessem fornecer autorização para a realização do estudo. Após o
contacto com várias universidades (modelo anexado A1), foi concedida a autorização da
FDUL. Na base destes contactos está um requerimento geral (modelo anexado A2) bem como
o contacto da investigadora caso fossem necessárias mais informações ou esclarecimentos.
Após autorização da faculdade para a realização do estudo, procedeu-se à respectiva
autorização dos docentes de modo a recolher a amostra pretendida. Assim, e uma vez que o 1º
ano da Licenciatura em Direito tem 3 turmas (A, B e Noite) todos os regentes das cadeiras
que são leccionadas no 2º semestre do 1º ano, foram contactados via correio electrónico.
Obtivemos respostas positivas para as turmas diurnas dos docentes da cadeira de Introdução
ao Estudo do Direito II, onde foi feita a recolha dos dados.
Esta recolha consistiu na passagem de um conjunto de questionários em ambiente de
sala de aula (mais especificamente no auditório 1 da FDUL), onde foram previamente dadas
as instruções de preenchimento, esclarecimento de dúvidas e o consentimento informado (i.e.,
a possibilidade de escolher livremente se participavam ou não no estudo, garantindo o
anonimato e confidencialidade de todos os participantes). O processo repetiu-se ao longo de
dois momentos cada um com uma duração de cerca de 20/25 minutos, sendo o primeiro
momento de recolha no início do semestre (a 26 de Fevereiro) e o segundo no final do
semestre (a 30 de Abril).
28
Resultados
1. Criação Base de Dados Emparelhada e Testes Utilizados
Através do SPSS criaram-se duas bases de dados, uma relativa à amostra do primeiro
momento (i.e., inicio do semestre) (N=248) e uma segunda, com os elementos da amostra
relativa ao segundo momento de recolha (i.e., final do semestre) (N=80). Com base no código
de identificação emparelharam-se os sujeitos numa terceira base de dados, o que permitiu
descrever, analisar e comparar os dois tempos de observação, ficando a amostra reduzida a
um total de (N=69) participantes que ingressaram os dois momentos de observação, sendo que
dos 80 sujeitos que preencheram o segundo momento de observação, 11 não tinham
preenchido o primeiro tempo de observação.
Uma vez que se trata de um estudo que utiliza amostras emparelhadas (o que reduz a
variabilidade do efeito da(s) V.I.(s) (Maroco, 2005)), a análise estatística pressupôs uma
análise inicialmente descritiva das 3 variáveis para ambos os momentos, seguindo-se uma
análise estatística inferencial, a qual inclui a utilização de testes paramétricos (i.e., ANOVA
de medições repetidas), análises correlacionais (através de correlações de Pearson), análises
de regressão (Múltipla e Linear) (Maroco, 2005), bem como uma análise factorial às 27
razões para a procrastinação académica. Também se efectuou uma análise exploratória através
da análise de frequências absolutas e modas, com o intuito de analisar os tipos de preocupação
mais frequentes nos dois momentos. Para o efeito, destacam-se as 3 variáveis que são objecto
da presente análise, em ambos os momentos.
2. Análise Descritiva das variáveis (Observação/Tempos 1 e 2)
29
final do semestre (Me=17.20). Por ultimo, o nível médio da variável procrastinação
académica sofre um ligeiro aumento do início (Me=28.21) para o final do semestre
(Me=28.89) (ver tabelas 2.1; 2.2 e 2.3). No geral, podemos constatar que as seis médias
calculadas se encontram abaixo dos pontos médios dos respectivos scores, sugerindo níveis
baixos para as três variáveis em ambos os momentos.
3. Estatística Inferencial
Uma vez que os scores das variáveis em estudo são medidos de forma quantitativa
numa escala intervalar, para medir o grau de associação entre as variáveis nos dois momentos
utilizou-se o coeficiente de correlação de pearson (Maroco, 2005). De acordo com os
resultados, podemos observar que a intensidade e sentido da associação entre ansiedade e
preocupação apesar de positiva e significativa no início do semestre, acaba por não se revelar
significativa no final do semestre (p=0.117). Já entre ansiedade e procrastinação é também
possível observar uma associação positiva e significativa (p<0.001) no início do semestre que,
contudo, acaba por se revelar negativa e não significativa (p=0.872) no final. Finalmente,
entre preocupação e procrastinação a associação permanece positiva e significativa (p<0.001)
em ambos os momentos.
3.2. ANOVA medições repetidas
Dada a natureza dos dados, de modo a comparar as médias para cada variável (no
inicio e final do semestre) em função das suas variâncias, é utilizada a ANOVA de medições
repetidas para 2 ou mais amostras emparelhadas (Maroco, 2005). Os pressupostos do teste,
nomeadamente a normalidade das distribuições e a esfericidade da matriz de variâncias-
covariâncias foram analisadas com os testes de Shapiro-Wilk e de Mauchly’s,
respectivamente. Todas as variáveis apresentaram distribuição normal (p>0.001) e
30
esfericidade (ver tabelas 4 e 5). Os resultados revelam que as médias da ansiedade-estado são
as únicas que diferem significativamente entre o início e o final do semestre (Z (1,63) =9.138;
p<0.005). Já tanto as médias da preocupação (Z (1,66) =0.068; p=0.795); como da
procrastinação académica (Z (1,65) =1.630; p=0.206) não diferem significativamente entre o
início e o final do semestre (ver tabela 6).
3.3. Teste de Hipóteses
H1: Um aumento da ansiedade-estado entre o início e o final do semestre encontra-se
positivamente associado a um aumento da procrastinação académica.
De acordo com a análise de correlação previamente realizada podemos afirmar que, no
inicio do semestre a ansiedade-estado está positiva e significativamente associada à
procrastinação académica (r=0.380; p<0.001). Já no final do semestre o mesmo não se
verifica (r= -0.020; p=0.872), uma vez que a associação além de negativa, não se revela
significativa. Adicionalmente, apenas a variável ansiedade-estado sofre alterações
significativas (Z (1,63) =9.138; p<0.005) ao longo do semestre. Deste modo, de forma a
melhor esclarecer se um aumento da ansiedade-estado do início para o final do semestre se
encontra positivamente associado a um aumento da procrastinação académica, criaram-se
duas variáveis no SPSS correspondentes às diferenças entre os momentos, de forma a explicar
a associação entre as suas variações (i.e., T2scoreAnsiedade-T1scoreAnsiedade e
T2scoreProcrastinação-T1scoreProcrastinação). Por sua vez, a correlação entre estas variáveis
revelou-se positiva, embora não significativa (r=0.048; p=0.715) (ver tabela 7).
H2: A procrastinação académica pode ser explicada pela ansiedade-estado e pela
preocupação, existindo uma relação entre as três variáveis.
Partindo desta hipótese, pretende-se explicar ou predizer o valor de uma variável
dependente (procrastinação académica) a partir de um conjunto de variáveis independentes
(sejam elas a ansiedade-estado e a preocupação). Para o efeito, utilizou-se a Regressão Linear
Múltipla (Maroco, 2005) para ambos os momentos. Verificaram-se as condições do modelo
por recurso à estatística Durbin-Watson e à estatística VIF (ver tabelas 10.1 e 11.1).
Tabela 10. Regressão Linear Múltipla e Regressão Linear para T1.
Procrastinação Académica
Variáveis Independentes Β
RLM_T1 Ansiedade-estado .091
Preocupação .306 *
R² ajustado .240
31
F (2, 59) 10.620
RL_T1 Preocupação .376 *
R² ajustado .252
F (1, 63) 22.505
*p < .001
32
procrastinação académica, voltou-se a efectuar uma regressão linear com a procrastinação em
função da preocupação, sendo este modelo estatisticamente significativo (F (1, 67) = 43.075;
p<0.001), explicando 38.2% da variância. Assim, Procrastinação =20.165 +
0.508Preocupação. Podemos então observar que, tanto no início como no final do semestre, a
preocupação parece ser o preditor significativo da procrastinação académica.
H3: As preocupações subjacentes à procrastinação académica modificam-se do início
para o final do semestre.
Uma vez que se pretende explorar as preocupações que poderão estar por detrás da
procrastinação académica, procedeu-se a uma divisão da amostra (N=69) por quartis (sendo
que cada quartil N=17) para cada tempo (T1/T2), de forma a explorar, através de uma análise
de modas e frequências, as preocupações dos 17 jovens que obtiveram scores mais elevados
de procrastinação académica (Q4) tanto no início como no final do semestre. Em anexo
seguem as tabelas referentes às modas e frequências para as preocupações deste grupo em T1
(ver tabelas 12.1 a 12.11) e T2 (ver tabelas 13 a 13.10). Esta escala de Likert varia entre 0 e 4,
sendo 0=Nada; 1= Um pouco; 2=Moderadamente; 3=Frequentemente e 4= Extremamente.
Tabela 12. Modas e Frequências absolutas das preocupações nos jovens que mais
procrastinaram em T1 e T2.
Moda e Frequência
absoluta
T1 T2
É possível observar que neste grupo, os jovens preocupam-se de forma “extrema” (4)
tanto no início como no final do semestre com o facto de “deixar o trabalho inacabado”. Já
33
“frequentemente” (3), a maior parte deles preocupa-se com a noção de que “nunca irei
atingir as minhas ambições”, “que não vou conseguir manter a minha carga de trabalho
actualizada” e que “não tenha atingido muito na vida” tanto no início como no final do
semestre. Preocupações com a insegurança parecem ter um valor modal mais elevado no final
do semestre, passando de (2= “moderadamente”) no início do semestre, para (3=
“frequentemente”) no final. Preocupações com a falta de confiança parecem diminuir de
“frequentes” (3) no início do semestre para “moderadas” (2) no final. No entanto, uma
análise mais aprofundada às frequências absolutas e percentagens (ver tabela 13.7) permite-
nos concluir que os jovens continuam, no mesmo número absoluto (N=5), a preocupar-se com
a falta de confiança, de forma também ela “frequente” (3).
Tendo em conta que a escala PASS desenvolveu uma área específica para as razões
que podem levar os jovens a procrastinar academicamente, foi feita uma análise factorial
(Solomon & Rothblum, 1984) com rotação Varimax de modo a extrair os principais factores
(e itens subjacentes), explicando mais sucintamente que tipo de razões podem levar os jovens
a procrastinar academicamente. A matriz rotativa, com os respectivos factores e itens está
anexada (ver tabela 14.1). Após verificar que os valores de KMO (0.688) (ver tabela 14.2),
variância total explicada (67%) e fiabilidade (0.789) se situam dentro dos valores normativos,
procedeu-se à análise factorial para as razões do início do semestre. Em baixo segue a tabela
com o número de factores extraídos bem como os itens (i.e., razões) correspondentes.
Factor Itens
1. Medo de falhar “Fiquei preocupado com o facto de ter
má nota”; “Pensei que não sabia o
suficiente para escrever o trabalho”;
“Não confiei em mim mesmo para fazer
um bom trabalho”; “Fiquei preocupado
com o facto de não corresponder às
minhas próprias expectativas”; “Coloco
padrões muito elevados para mim próprio
34
e preocupo-me com o facto de não ser
capaz de corresponder a esses padrões”
“Esperei pela vontade de fazer o trabalho
2. Aversão à tarefa/Aborrecimento. ao último minuto”; “Não tive energia
suficiente para começar o trabalho”;
“Senti-me demasiado preguiçoso para
escrever um trabalho académico”
3. Tomada de Risco/Dependência “Gostei do desafio de esperar até à data
limite”; “Sabia que os meus colegas
também ainda não tinham começado a
fazer o trabalho”
“Ressenti-me por ter de fazer coisas
4. Revolta contra o controlo atribuídas por outros”; “Ressenti-me com
o facto de ter pessoas a estabelecer
prazos por mim”
De seguida, foi igualmente feita uma análise factorial com rotação Varimax de modo a
extrair os principais factores (e itens subjacentes), explicando mais sucintamente que tipo de
razões podem levar os jovens a procrastinar academicamente no final do semestre. A matriz
rotativa, com os respectivos factores e itens está anexada (ver tabela 15.1). Após verificar que
os valores de KMO (0.77) (ver tabela 15.2.), variância total explicada (71%) e fiabilidade
(0.832) se situam dentro dos valores normativos, procedeu-se à análise factorial para as razões
no final do semestre. Em baixo segue a tabela com o número de factores extraídos bem como
os itens (i.e., razões) correspondentes.
Factor Itens
1. Aversão à tarefa/Aborrecimento “Esperei pela vontade de fazer o trabalho
até ao último minuto”; “Não tive energia
para começar o trabalho”; “Senti que
demorava demasiado tempo a escrever
35
um trabalho”
2. Medo de falhar “Fiquei preocupado com o facto de não
corresponder às minhas próprias
expectativas”; “Coloco padrões muito
elevados para mim próprio e preocupo-
me com o facto de não corresponder a
esses mesmos padrões”; “Fiquei
preocupado com o facto de ter uma má
nota”
3. Influência dos pares “Ressenti-me por ter de fazer coisas
atribuídas por outros”; “Tive dificuldade
em pedir informação a outras pessoas”;
“Fiquei preocupado com o facto de que se
me saísse bem os meus colegas se iriam
ressentir comigo”
4. Dificuldade na tomada de decisão “Não consegui escolher entre todos os
tópicos”; “Estive preocupado que o
professor não gostasse do meu trabalho”
5. Revolta contra “Ressenti-me por ter pessoas a
controlo/Dependência estabelecer prazos por mim”; “Esperei
que um colega acabasse de fazer o seu
trabalho de modo a que me pudesse dar
algum conselho”
Os resultados indicam que existem factores que permanecem tanto no início como no
final do semestre (e.g. Medo de falhar, Aversão à tarefa ou Aborrecimento e Revolta contra o
controlo). Contudo, emergem factores específicos tanto ao início do semestre (e.g. Tomada de
risco) como ao final (e.g. Influência dos pares e Dificuldade na tomada de decisão). Existem
também factores que implicam razões associadas a factores que Solomon & Rothblum (1984)
identificaram como Dependência dos pares (e.g. no factor Tomada de risco em T1 e no factor
Revolta contra o controlo em T2).
36
Discussão
37
não se verifica no final do semestre, sendo que aqui, o aumento da ansiedade-estado não se
associa a um aumento da procrastinação académica (r= -0.020; p=0.872).
Uma vez que as associações entre a ansiedade-estado e a procrastinação académica
não se revelam igualmente conclusivas nos dois tempos, e ao comparar as médias, podemos
evidenciar a ideia de que não se verifica uma relação directa, na medida em que um aumento
da ansiedade-estado possa acompanhar um aumento da procrastinação académica,
verificando-se que só existem alterações significativas na ansiedade-estado (Z(1,63)=9.318;
p<0.005) e não na procrastinação académica (Z(1,65)=1.630; p=0.206). Adicionalmente,
verifica-se que a variação entre o início e o final do semestre na ansiedade-estado não é
significativamente associada à variação entre momentos na procrastinação académica
(r=0.048; p=0.715). Isto sugere que um aumento dos níveis de ansiedade-estado entre o início
e o final do semestre não conduz a um aumento na procrastinação académica. Deste modo,
não se confirma a primeira hipótese.
Olhando para a associação inicial, podemos verificar que os níveis médios de
ansiedade-estado encontram-se positiva e significativamente associados à procrastinação
académica no início do semestre. Se inicialmente o jovem for alvo de múltiplos stressores
(entre eles stressores académicos, perante os quais pode sentir que tem várias tarefas a
desempenhar num curto espaço de tempo) e ainda precisar de espaço e tempo para gerir novas
pressões e responsabilidades que acompanham a entrada na universidade (Chabaud et al.,
2010; Denovan & Macaskill, 2013), pode acabar por sentir tensão, nervosismo e apreensão,
agravando os seus níveis de ansiedade-estado (Spielberger, 1994 citado por Silva, 2003). Uma
vez que estes jovens podem sentir-se “invadidos” pelo número de decisões que lhes são
muitas vezes exigidas (Forte et al., 2013), muitos acabam por evitar ou adiar uma tarefa, não
sabendo lidar com ela, ou seja, procrastinam academicamente. De facto, muitos jovens podem
fazê-lo numa tentativa de prevenção de sentimentos desagradáveis, uma vez que não sabem
como lidar com a(s) tarefa(s) (Dewitte & Lens, 2000). Assim, podem procrastinar de forma a
tentar regular as emoções negativas que sentem (e.g. como o medo de falhar, um dos factores
para as razões indicadas para a procrastinação no inicio do semestre).
Contudo, a procrastinação académica parece incluir falhas nos processos de auto-
regulação, fazendo com que estes jovens, ao procrastinar, acabem por apresentar essas falhas,
por exemplo, na rapidez e exactidão de execução de uma tarefa (Ferrari, 2001; Rabin et al.,
2011), demonstrando que acabam por não ser bem-sucedidos nesta tentativa de regulação.
Assim, falham não só em lidar com os stressores mas também em adoptar estratégias
adequadas de coping (Davey et al., 1992). Consequentemente, no início do semestre, estes
38
estudantes podem sentir menores níveis de motivação interna (Deniz et al., 2010),
identificarem-se menos com as tarefas (Dewitte & Lens, 2000), não conseguirem gerir de
forma eficaz o tempo (Rabin et al., 2011; Solomon & Rothblum, 1984) e realizarem
aprendizagens “superficiais” que acabam por resultar em performances académicas
deterioradas, levando frequentemente a notas baixas e desistência do(s) curso(s) (Solomon &
Rothblum, 1984). Assim, a associação observada vai de encontro às conclusões de outros
estudos que referem que se a ansiedade-estado aumenta, a tendência procrastinatória também
aumentaria (Deniz et al., 2009; Tice & Baumeister, 1997).
No final do semestre o desfecho parece ser outro, uma vez que não se verifica uma
associação entre as variáveis (r=-0.020; p=0.872), apesar de se verificar um aumento dos
níveis médios de ansiedade-estado. Ao invés de se verificar um aumento nos
adiamentos/evitamentos das tarefas como no início do semestre, verifica-se que os níveis de
procrastinação académica não sofrem alterações significativas, não confirmando a primeira
hipótese. Tal pode ser explicado se considerarmos a possibilidade de surgir um aumento do
locus interno nestes jovens, que se revela não só como consequência de uma sensação de
responsabilidade acrescida, bem como com maiores níveis de consciência (e, uma vez que a
consciência é um traço que reflecte autodisciplina, responsabilidade, motivação para a
realização e cumprimento diligente de obrigações (Rabin et al., 2011)), podendo acabar por
reduzir o evitamento da tarefa. Também podemos considerar um aumento do sentimento de
identificação com a tarefa nestes jovens (i.e., os estudantes completam mais as tarefas,
identificando-se mais com as acções (Dewitte & Lens, 2000)). Sendo assim, estes jovens
podem acabar por sentir mais responsabilidade, possuindo um maior locus de controlo
interno, e isso reflecte-se através da realização e cumprimento das tarefas, em vez de as adiar
ou evitar. Podemos então pensar que, apesar dos jovens, em média, apresentarem níveis mais
elevados de ansiedade-estado (i.e., estar num estado de excitação), podem acabar por se
envolver em comportamentos de luta ao contrário da fuga inicial (DiTomasso et al. 2009,
citado por Stein et al., 2009), evitando a procrastinação. Assim, à medida que a falha
intenção-acção vai ficando mais estreita (Steel, 2007 citado por Rabin et al., 2011) (i.e., à
medida que os prazos parecem menos distantes), a procrastinação parece não aumentar. Estas
evidências vão de encontro a estudos anteriores, que concluíram que a relação entre ansiedade
e procrastinação acaba por não se revelar linear (Scher & Osterman, 2002).
Uma vez que a ansiedade-estado parece não se relacionar totalmente com a
procrastinação académica, podemos pensar que um aumento dos níveis médios da ansiedade-
estado no final do semestre possa ser explicado pelo facto de estes jovens se encontrarem
39
numa fase da vida que, por si só implica um grande número de mudanças e pressões. Estas
mudanças pressupõem factores externos, nem sempre necessariamente relacionados com a
vida académica, mas por vezes relacionados com redes de suporte, gestão de expectativas e
emoções ou até mesmo pressões financeiras e familiares (Denovan & Macaskill, 2013). A
própria gestão entre os vários domínios (e.g. como o social, o académico e pessoal) pode
também contribuir para exacerbar os níveis de ansiedade-estado no jovem adulto. Assim
sendo, e como já referido, estes jovens estão numa fase da vida que por si só, se revela
particularmente stressante e preocupante (Forte et al., 2011).
Atendendo aos objectivos propostos e delineados no início do estudo foi possível
verificar que, na presente amostra, a procrastinação académica pode ser significativamente
explicada pela preocupação tanto no inicio (F (1,63) =22.505; p<0.001) como no final do
semestre (F(1,67)= 43.075; p<0.001). Já a ansiedade-estado nunca se revelou um preditor
significativo da procrastinação académica, nem no início (p=0.292) nem no final do semestre
(p=0.139).
Estes resultados remetem-nos para a segunda hipótese (A procrastinação académica
pode ser explicada pela ansiedade-estado e pela preocupação, existindo uma relação entre as
três variáveis). Por um lado, apesar da ansiedade-estado não ser um preditor significativo (e,
consequentemente, não poder explicar a procrastinação académica de forma independente),
podemos pensar que o papel desta pode, em algum grau, inserir-se na sua relação com a
preocupação (uma vez que se mostrou positiva e significativamente associada à ansiedade-
estado no inicio do semestre (r=0.550: p<0.001) bem como estando presente em itens do
STAI form Y1 (e.g. itens 7 e 17)). Isto reforça a ideia de que estes constructos acabam muitas
vezes por ter uma relação íntima, na medida em que ambos definem os eventos como
ameaçadores (Davey et al., 1992). Vários estudos comprovam relações entre estes dois
conceitos (Davey et al., 1992; Kelly, 2008; Kelly & Paolini, 2014; Stober & Joorman, 2001).
Contudo, a ansiedade pode, no fundo, acabar por se relacionar mais com a preocupação
patológica (i.e., intensa e persistente) do que propriamente com a preocupação avaliada neste
estudo, a preocupação não-patológica (Kelly, 2008) evidenciando assim o peso da
preocupação como constructo independente e significativo, como é observado nesta amostra.
Desta forma, a preocupação pode ser pensada como diferente da ansiedade, uma vez
que a preocupação é uma actividade cognitiva, mais semelhante ao processo de resolução de
problemas, e parece frequentemente não só estar relacionada a factores externos (e.g. exames
e qualificações) como também mais ligada ao stress (que, por sua vez não foi objecto de
avaliação neste estudo) do que propriamente à ansiedade (Kelly, 2008). A preocupação
40
também pressupõe estratégias de coping especificas, (seja através de estilos activos de procura
de informação, regulação afectiva ou o coping de evitamento (Davey et al., 1996)).
Concordantemente, se olharmos para os resultados observados (i.e., a associação positiva e
significativa entre preocupação e procrastinação tanto no inicio (r=0.513; p<0.001) como no
final do semestre (r=0.626; p<0.001) bem como a relação da preocupação como variável
preditora da procrastinação académica em ambos os momentos) podemos concluir que a
preocupação não-patológica parece ser a mais ligada à procrastinação (Stober & Joorman,
2001).
Uma vez que estilos de coping como o de evitamento (Davey et al., 1996) encontram-
se associados à preocupação, podemos pensar que estes jovens acabam por se preocupar,
tentando de alguma forma reduzir o risco pessoal (Klein et al., 2009), mas falham nas suas
tentativas, ficando “perdidos no pensamento”, testando e atrasando acções.
Consequentemente, acabam por evitar, atrasar ou adiar a realidade externa (Stober &
Joorman, 2001). Na presente amostra, este evitamento/adiamento reflecte-se através da
procrastinação em tarefas académicas tais como o estudar para os exames, escrever um
trabalho académico ou a realização da leitura semanal para acompanhar a matéria, em ambos
os momentos. Estas temáticas que vão de encontro a estudos que observaram que estas
actividades são objecto de procrastinação nos estudantes (Solomon & Rothblum, 1984) bem
como de que a procrastinação e a preocupação se encontram associadas (Stober & Joorman,
2001; Spada et al., 2006), mais especificamente, à procrastinação decisiva ou cognitiva
(Spada et al., 2006).
Comprovadas as associações e relações entre preocupação e procrastinação académica,
não só em estudos anteriores como na presente amostra, torna-se pertinente explorar as
preocupações que poderão estar por detrás da procrastinação académica, o que nos remete
para a terceira hipótese (As preocupações subjacentes à procrastinação académica
modificam-se do inicio para o final do semestre). Uma análise exploratória aos valores
modais e às frequências absolutas no quartil que mais procrastinou, permite-nos concluir que
maior parte destes jovens parecem preocupar-se “extremamente” (4) tanto no início como no
final do semestre com o facto de poderem “deixar o trabalho inacabado” e
“frequentemente” (3) com a ideia de que “não vou conseguir manter a minha carga de
trabalho actualizada”.
Estes resultados remetem-nos para as evidências de que, estando a procrastinação
decisiva/cognitiva associada à preocupação (Spada et al., 2006), podemos pensar que estes
jovens podem preocupar-se de modo perfeccionista sobre erros e dúvidas (o que é verificado
41
também através do factor Medo de falhar, presente em ambos os momentos, e que inclui
razões perfeccionistas sobre a ideia de competência como razão para a procrastinação
académica (Solomon & Rothblum, 1984), bem como o factor Dificuldade na tomada de
decisão, no final do semestre). Assim estes jovens preocupam-se, procurando muitas vezes
certezas e evidências, e caso não as tenham, dão por si a atrasar as suas decisões e
comportamentos (Stober & Joorman, 2001), procrastinando. No fundo, podem também sentir
que não atingiram as suas próprias expectativas ou as dos outros (Solomon & Rothblum,
1984).
Segundo Solomon & Rothblum (1984), factores para a procrastinação académica
como o Medo de falhar incluem não só variáveis como o perfeccionismo e a ansiedade-teste,
mas também reflectem falta de confiança. Nesta amostra, essa falta de confiança é uma
preocupação que se evidencia de forma “frequente” (3) tanto no início como no final do
semestre (i.e., apesar das diferenças modais observadas no final, verificou-se que, em igual
frequência absoluta (5), os jovens preocupam-se que lhes “falte confiança”).
Consequentemente, estes jovens podem revelar uma falta de confiança ao tentar solucionar
problemas, aumentando os seus níveis de preocupação (Davey et al., 1996), levando-os a
preocuparem-se mais no final do semestre “frequentemente”(3) com o facto de se sentirem
inseguros, o que pode levar ao adiamento das tarefas académicas.
Por outro lado, sabe-se que preocupações relacionadas com o self podem aumentar os
níveis de ansiedade (Kelly, 2008). Concordantemente, nesta amostra verificámos também que
existiam preocupações “frequentes” (3) relacionadas com o próprio (e.g. ”Que não tenha
atingido muito na vida”; “Que nunca irei atingir as minhas ambições”) em ambos os
momentos. Estas preocupações podem-se relacionar não só com factores ligados ao Medo de
falhar, como também se encontram associados a uma baixa auto-estima (Solomon &
Rothblum, 1984).
A análise às razões para a procrastinação académica indica ainda factores como a
aversão à tarefa/aborrecimento. Estes factores podem reflectir falhas na gestão do tempo
(“Esperei pela vontade de fazer o trabalho até ao ultimo minuto”), que se revelam associadas
com a preocupação (Kelly, 2008). Consequentemente, também podem reflectir um menor
locus de controlo interno (característico dos procrastinadores), fazendo com que muitas vezes
estes jovens possam efectivamente afirmar que o seu fraco desempenho se deve a factores
externos e não pessoais, estando assim de certa forma a proteger a própria auto-estima
(Ferrari, 2001). Outros factores incluem ainda dependência e influência dos pares ou revolta
contra o controlo, o que se pode dever a uma dependência dos procrastinadores académicos
42
pelos pares, mais especificamente pelos amigos, com vista a obter suporte social e emocional
(Ferrari, 2000).
Conclusão
Atendendo aos objectivos propostos deste estudo, foi possível concluir que a
procrastinação académica pode ser significativamente explicada pela preocupação não
patológica tanto no início como no final do semestre. Porém, e apesar do(s) modelo(s) de
regressão linear múltipla se revelarem significativos nos dois momentos (p<0.001), a
ansiedade-estado nunca se revelou um preditor significativo. Assim, após uma regressão
linear nos dois momentos, foi visível uma relação mais forte e significativa entre preocupação
e procrastinação evidenciando o papel da preocupação como constructo independente da
ansiedade-estado.
Deste modo, a procrastinação académica pode, como Stober & Joorman (2001)
observaram, relacionar-se com o quanto uma pessoa se preocupa, independentemente de
como é que a pessoa se sente acerca da sua própria preocupação. Isto evidencia a ideia de que
a procrastinação académica se encontra mais associada a variáveis cognitivas como a
preocupação, e nem sempre parece manter uma relação linear com variáveis do foro afectivo,
como a ansiedade-estado. Se por um lado podemos pensar que existe uma ligação intrínseca
entre ansiedade e preocupação (Stober & Joorman, 2001; Davey et al., 1992; Kelly, 2008;
Kelly & Paolini, 2014) por outro, o papel da preocupação acaba por ter destaque na medida
em que as suas associações com a procrastinação académica são mais evidentes (i.e., as únicas
que se mantém positivas e significativas nos dois momentos). Isto demonstra que os jovens
que mais procrastinaram na presente amostra acabam por se preocupar, tentando solucionar
um problema, mas acabam por falhar nas suas intenções, ficando “perdidos no pensamento”,
acabando por falhar nas suas estratégias de coping (Davey et al., 1992). Ao falhar em adoptar
estratégias de coping adequadas, podem utilizar estratégias como o evitamento (Davey et al.,
1992), acabando por responder com o adiar ou evitar as tarefas académicas.
Assim, podemos ir de encontro às evidências que nos demonstram que a
procrastinação pode ser explicada directamente, por um lado, pela preocupação sobre um
atraso (“Que deixe o trabalho inacabado” ou “Que não consiga manter a minha carga de
trabalho actualizada”) e indirectamente, por outro, pela tendência de adiar estratégias de
coping adaptativas (Ferrari & Diaz-Morales, 2014). O resultado é a procrastinação académica
43
em tarefas como o “estudar para os exames” e “escrever um trabalho académico” ou
“realizar a leitura semanal para acompanhar a matéria”.
Uma vez que esta fase se revela um período de incertezas, muitos jovens podem
preocupar-se reflectindo também uma dificuldade nos processos de tomada de decisão (factor
evidente como razão para a procrastinação no final do semestre), o que nos leva à conclusão
de que os jovens que mais procrastinaram nesta amostra serão tendencialmente
procrastinadores académicos decisivos/cognitivos bem como pessimistas. De acordo com os
estudos, estes procrastinadores parecem ser os que mais se preocupam (Milgram, 1992; Spada
et al., 2006), não sabendo lidar com as tarefas, reflectindo frequentemente um maior medo de
falhar (Dewitte & Lens, 2000).
Portanto, se por um lado, no inicio do semestre, o seu medo de falhar reflecte razões
que se interligam com uma falta de confiança (Solomon & Rothblum, 1984), no final do
semestre este medo de falhar parece espelhar-se também através do perfeccionismo,
indicando que os jovens que mais procrastinam academicamente podem fazê-lo por sentir que
não corresponderam às suas próprias expectativas ou às dos outros, preocupando-se sobre
eventuais erros e dúvidas sobre as tarefas, dando por si a adiar, prolongar ou evitar as tarefas
académicas (Stober & Joorman, 2001; Kelly, 2008). Isto acaba por incapacitar estes jovens de
atingirem os seus objectivos e de adoptarem estilos de vida saudáveis (Ferrari & Diaz-
Morales, 2014).
Os resultados provenientes da presente amostra podem levar-nos a concluir que estes
jovens também podem estar a procrastinar academicamente devido a factores que estão
associados à procrastinação académica, mas que não foram devidamente mensuráveis neste
estudo, tais a gestão do tempo (Solomon et al., 1986; Ferrari, 2001), baixa tolerância à
frustração (Solomon & Rothblum, 1984), dificuldade nos processos de tomada de decisão
(Spada et al., 2006), medo de falhar, depressão (Solomon & Rothblum, 1984) e
perfeccionismo (Stober & Joorman, 2001).
Por fim, e apesar da ansiedade-estado se revelar associada à procrastinação académica
destes jovens no início do semestre, não foi encontrada uma relação directa ou explicativa
entre as variáveis procrastinação académica e ansiedade-estado nos dois momentos. Isto
implica que, por um lado, no início do semestre podemos verificar que os jovens à medida
que vão ficando mais ansiosos procrastinam mais, tentando assim regular os afectos e
cognições negativas através da procrastinação (Scher & Osterman, 2002; Spada et al., 2006).
Uma vez que apresentam medos subjacentes como o medo de falhar ou demostram aversão à
tarefa e aborrecimento, os seus níveis de motivação interna podem ser inferiores, bem como o
44
seu locus de controlo interno, uma vez que, ao procrastinar podem acabar por atribuir as
causas para o seu insucesso a factores externos (Ferrari, 2001). Falham assim nesta tentativa
de regulação acabando por demonstrar falhas auto-regulatórias (Rabin et al., 2011), o que
acarta consequências que vão desde o fraco rendimento e baixa confiança sobre o
desempenho (Ferrari, 2001) a uma fraca adaptação e a uma pobre saúde mental (Ferrari &
Díaz-Morales, 2014).
Por outro lado, no final do semestre o mesmo não acontece, sendo que o score médio de
ansiedade-estado parece aumentar significativamente, mas este aumento não parece
acompanhar um aumento consequente da procrastinação académica. Isto porque, não só a
relação entre ambos os constructos não se revela linear (Scher & Osterman, 2002) como a
ansiedade-estado pode não estar necessariamente associada à procrastinação académica ou até
porque se poderão verificar aumentos de ansiedade-estado associados a outros tipos de
ansiedades, como a ansiedade-teste (i.e., ansiedade perante exames ou qualificações). No final
do semestre, também o medo de falhar e a aversão à tarefa parecem ser factores salientes que
levam frequentemente a uma sensação de desconforto interno e subjectivo, acabando por levar
à procrastinação académica, impedindo muitas vezes estes jovens de atingirem os seus
objectivos, apresentando não raras vezes pobres níveis de saúde mental.
45
como estratégia de auto-sabotagem (Chabaud et al., 2010), permanecendo nas aulas os jovens
não-procrastinadores ou os procrastinadores decisivos/cognitivos, que por sua vez, e de
acordo com os resultados obtidos, se têm demonstrado associados a maiores níveis de
preocupação (Spada et al., 2006).
Tal redução da amostra, além de não ser facilmente controlada dentro do universo
permitido para a recolha de dados (i.e., FDUL) não permite, no fundo, inferir resultados
significativos, sendo que este estudo pode acabar por não ser uma amostra indicativa da
realidade dos estudantes universitários do primeiro ano.
Adicionalmente, verificou-se que os scores das médias finais a que esta amostra se
refere, mantêm-se maioritariamente abaixo do ponto médio dos scores das respectivas escalas,
o que significa que, em geral falamos de jovens que sofreram fracas oscilações no decurso do
tempo e, consequentemente, mantiveram-se sempre pouco ou medianamente ansiosos, de
igual modo, pouco preocupados e pouco ou medianamente procrastinadores. Estas fracas
oscilações também podem dever-se ao curto espaçamento entre ambas as recolhas (uma vez
que entre a primeira (Fevereiro) e a segunda (Final de Abril) recolha só passaram cerca de
dois meses), que foi estipulado consoante a disponibilidade da FDUL, consoante os horários
da cadeira disponível para a recolha (i.e., Introdução ao Estudo do Direito II) bem como após
uma breve conversa com os professores sobre a melhor altura para recolha de dados, tanto no
início como no final do semestre (i.e., o mais próximo das avaliações possível), de modo a
recolher o maior número possível de alunos.
Outra limitação deste estudo vai de encontro às condições em que se realizou a recolha
de dados e que, por um lado, acabaram por condicionar as potencialidades do estudo em
termos de tamanho da amostra e, consequentemente condicionar a profundidade do
conhecimento sobre a realidade dos estudantes face à problemática estudada. A falha nas
contribuições foi visível, pela escassez de resposta por parte de mais de dez universidades
contactadas, entre as quais apenas se obteve a resposta e autorização para a realização da
recolha por parte da FDUL (o que condiciona a amostra a estudantes que apenas frequentam o
curso de Direito, não abrangendo outros cursos (e.g. Engenharia, Medicina, Física, Psicologia,
Biologia, etc.)).
Assim, outros cursos deverão ser objecto de estudos futuros, uma vez que poderão
envolver outro tipo de preocupações, diferentes níveis de ansiedade-estado e eventualmente
diferentes implicações nos níveis de procrastinação académica. É igualmente importante
referir a limitação do período em que se realizou o próprio estudo, sendo que só foi feita a
recolha de dados no início e final do 2º semestre do ano lectivo 2014/2015, dadas as
46
limitações temporais inerentes à realização de uma dissertação de mestrado. O facto de a
recolha ter sido feita apenas no segundo semestre pode implicar alterações nas variáveis, uma
vez que estes estudantes já entraram em contacto com a realidade académica e algumas das
suas implicações no primeiro semestre, e consequentemente podem ter outras perspectivas,
nomeadamente mais adaptativas, perante as tarefas académicas. Estudos futuros devem ter em
conta que, para um maior conhecimento da realidade em causa, é mais vantajoso prolongar o
espaçamento entre as recolhas de dados (e.g. ao longo de um ano lectivo ou ao longo de um
período mais espaçado, como uma licenciatura). Também será importante replicar o estudo
em fases transitórias do percurso académico, sejam elas um primeiro e ultimo ano de
licenciatura, mestrado ou doutoramento. Assim, será igualmente vantajoso comparar as
diferenças entre os anos iniciais na universidade, (i.e., as suas ansiedades, preocupações e
consequentes níveis de procrastinação académica) e os últimos anos, bem como aumentar o
número da amostra, de modo a obter resultados mais fiáveis.
É contudo igualmente vantajoso ver o papel que tanto variáveis mais
sociodemográficas (como o rendimento ou agregado familiar (Rosário et al., 2009), se é
trabalhador-estudante ou não) como diferentes variáveis psicológicas possam ter associadas à
procrastinação académica e à escala utilizada neste estudo (PASS), sejam elas o papel das
cognições irracionais (Solomon & Rothblum, 1984), diferentes estilos de coping (Davey et
al., 1992), ou níveis de auto-eficácia. É legítimo pensar que os jovens objecto da presente
amostra também podem procrastinar academicamente devido a variáveis não testadas neste
estudo e, já anteriormente associadas com a procrastinação, como a depressão, baixa auto-
estima (Solomon & Rothblum, 1984), percepção da dificuldade das tarefas (Rosário et al.,
2009) desempenho nas tarefas (Tice & Baumeister, 1997), assertividade ou até mesmo a
dificuldade em expressar sentimentos (Ferrari & Díaz-Morales, 2014).
Também seria importante analisar o papel que outros tipos de ansiedades relacionadas
não só com a preocupação (e.g. ansiedade generalizada) como com as avaliações académicas
(e.g. ansiedade-teste) teriam sobre a procrastinação académica, e que diferenças se poderiam
observar, comparativamente com a ansiedade-estado. Podemos também pensar que seria
interessante adaptar as preocupações, não a domínios gerais como no presente estudo, mas ao
nível académico, medindo especificamente preocupações relacionadas com as actividades
procrastinatórias mais problemáticas (e.g. estudar para os exames ou realizar a leitura
semanal) afinando uma possível intervenção no tipo de preocupação, que tenha como
objectivo diminuir a procrastinação em determinada(s) actividade(s) académica(s). Ao intervir
nas preocupações específicas a determinada tarefa (que leva o jovem a adiá-las), seria também
47
desejável promover a adopção de estratégias adaptativas de coping face a tarefas que se
apresentam como desagradáveis ou como motivo de preocupação e indecisão, alterando o
modo de percepcionar a tarefa, aumentando os níveis de motivação e, consequentemente,
ajudando estes jovens a regularem as cognições e o afecto.
É importante destacar que os resultados deste estudo indicam a presença de ligações
de variáveis como a ansiedade e a procrastinação com ideias perfeccionistas já comprovadas
por outros autores (Solomon & Rothblum, 1984; Stober & Joorman, 2001). Como tal, sugere-
se a introdução da variável perfeccionismo bem como uma análise e escrutínio de possíveis
consequências não só nos níveis de procrastinação académica, mas também testar a sua
eventual relação com estilos de coping, bem como o seu papel na procrastinação de
determinadas tarefas académicas, de modo a melhorar a prevenção de comportamentos
procrastinatórios nos jovens estudantes. Por falar em prevenção, e uma vez que actividades
como o estudar para os exames, escrever trabalhos académicos e realizar actividades de
leitura semanal (tarefas que implicam variáveis como a organização, gestão do tempo e
motivação interna) se revelaram problemáticas para estes jovens, é então relevante pensar na
importância da criação de um programa de prevenção que tenha como base as descobertas
deste estudo (incluindo tanto o tipo de preocupações, como consequentes razões para a
procrastinação) e que impulsione medidas que possam diminuir os níveis de procrastinação
académica nos estudantes.
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33 (4), 387-394.
Senturk, R. (2011). Anxiety and Fear in Children’s Films. Educational Sciences: Theory &
Practice, 11(3), 1122-1132.
53
Silva. R. D. (2003). Inventário de estado-traço de ansiedade (S.T.A.I). In M., Gonçalves, R.
M., Simões, S. L., Almeida, C. Machado (Coords.) Avaliação Psicológica:
Instrumentos validados para a População Portuguesa (Vol.1, pp.45-63). Coimbra:
Quarteto Editora.
Spada, M. M., Niou, K., & Nikcevic, A.V. (2006). Metacognitions, emotions and
procrastination. Journal of Cognitive Psychotherapy: An International Quarterly,
20(3),319-326.
54
Anexos
55
Anexo A1: Contactos das Universidades
ISCTE
Telefone: 21847000
Tel: 21 798 46 30
e-mail: servicopessoal@fd.ul.pt
Campo Grande 1749-016 Lisboa, Tel. 217 500 000, E-mail: info@ciencias.ulisboa.pt
Faculdade de Letras
e-mail: info@letras.ulisboa.pt
e-mail: nova_sbe@novasbe.pt
ISEG
e-mail: seclic@iseg.ulisboa.pt
56
t: (+351) 213 925 800/1
e-mail: isel@isel.pt
e-mail: s.academicos@eselx.ipl.pt
Faculdade de Arquitectura
Faculdade de Farmácia
1649-003
Lisboa – Portugal
Telefone: 217946400
e-mail: geral@ff.ulisboa.pt
57
Anexo A2: Requerimento para a recolha de dados
Eu, Marta Maria Carvalho Rodrigues Branco, aluna nº20010 do 5º ano do mestrado integrado
em Psicologia Clínica do ISPA, venho por este meio requerer a recolha de dados nesta
Instituição com o intuito de realizar a minha dissertação de mestrado, direcionada para a área
da Ansiedade, e mais especificamente dentro do tema “Ansiedade, Preocupações e
Procrastinação” sobre a orientação do Prof. Doutor Csongor Juhos.
Tendo em conta que a fase jovem adulta é marcadamente ansiogénica (Ersoy-Kart & Erdost,
2008) bem como envolta de preocupações (Babcock et al., 2012), e uma vez que a ansiedade
se revela associada ao comportamento de procrastinação (Spada, Hiou & Nikcevic, 2006),
torna-se relevante um estudo com base na população jovem adulta a partir do qual mais tarde
se possa intervir sobre as preocupações subjacentes ao processo de procrastinar, bem como
examinar as correlações existentes entre as 3 variáveis (Preocupação, Procrastinação e
Ansiedade).
A metodologia que se prevê para este estudo será quantitativa realizada a partir de
questionários, os quais medirão cada uma das variáveis e pretende-se passá-los aos alunos, no
ambiente de sala de aula. Pretende-se que este estudo seja de medições repetidas (neste caso
ao longo de um semestre lectivo), o que prevê 2 momentos avaliativos (inicio do semestre
(Fevereiro), final semestre (Maio/Junho)). Estima-se que será necessário um mínimo de uma
amostra de N =120 o que pressupõe cerca de quatro turmas, cada uma com aproximadamente
trinta alunos, no primeiro ano da universidade. Neste sentido, venho por este meio solicitar a
Vossa Excelência a colaboração na realização deste estudo, permitindo o acesso à amostra
desejada, afirmando desde já que será garantido o anonimato de todos os participantes e a
confidencialidade dos dados.
58
Anexo B1: Folha inicial do conjunto de questionários com código de identificação e
dados sociodemográficos
Para a criação de um código de identificação, necessitamos que coloque nos quadrados baixo,
por ordem, a sua Data de Nascimento (DD/MM/AA), a letra inicial do seu Primeiro nome e a
letra inicial do seu Ultimo nome.
Por favor, se tiver alguma dúvida levante o braço para chamar a investigadora.
Idade:____
59
Anexo B2: Primeiro questionário: STAI, form Y1, traduzido e validado para a
população portuguesa por Danilo Silva (2003).
Q1
E___
Em baixo encontra uma série de frases que as pessoas costumam usar para se descreverem a si
próprias.
Leia cada uma delas e faça um círculo no número à direita da frase que indique como se
sentiu no geral, durante a última semana. Não há respostas certas nem erradas. Não leve muito
tempo com cada frase, mas dê a resposta que melhor lhe parece descrever os seus sentimentos
neste momento.
60
Anexo B3: Segundo questionário: WDQ-SF (short-form) de (Stober & Joorman,2001)
devidamente traduzido para a língua portuguesa.
Q2
Por favor marque para cada uma das seguintes afirmações o número apropriado que
demonstre o quanto se PREOCUPA:
Frequentemente
Moderadament
Extremamente
Um pouco
Nada
e
Eu preocupo-me…
61
Anexo B4: Terceiro questionário: PASS (Procrastination Assessment Scale for Students)
de (Solomon & Rothblum,1984) devidamente traduzida para a língua portuguesa.
Q3
Áreas de Procrastinação
Para cada uma das seguintes actividades, por favor indique o grau com que adia ou
procrastina. Avalie cada item na escala de 1 a 5 de acordo com a frequência com que espera
até ao último minuto para realizar a actividade. Depois, indique na escala de 1 a 5 o grau em
que sente que a procrastinação dessa tarefa é um problema. Finalmente, indique na escala de 1
a 5 o grau em que gostaria de diminuir a sua tendência para procrastinar em cada tarefa.
3.Até que ponto pretende diminuir a sua tendência para procrastinar nesta tarefa?
62
II. ESTUDAR PARA OS EXAMES
6. Até que ponto pretende diminuir a sua tendência para procrastinar nesta tarefa?
63
III. REALIZA A LEITURA SEMANAL PARA ACOMPANHAR A MATÉRIA
9. Até que ponto pretende diminuir a sua tendência para procrastinar nesta tarefa?
11. Até que ponto procrastinar nesta tarefa é um problema para si?
12. Até que ponto pretende diminuir a sua tendência para procrastinar nesta tarefa?
64
1 2 3 4 5
65
V. ATENDIMENTOS E REUNIÕES COM PROFESSORES
14. Até que ponto procrastinar nesta tarefa é um problema para si?
15. Até que ponto pretende diminuir a sua tendência para procrastinar nesta tarefa?
17. Até que ponto procrastinar nesta tarefa é um problema para si?
18. Até que ponto pretende diminuir a sua tendência para procrastinar nesta tarefa?
66
Razões para a Procrastinação
Pense na última vez que a seguinte situação ocorreu: Está perto do final do semestre. O
trabalho de avaliação final que lhe foi atribuído no início do semestre tem entrega prevista
para breve. Ainda não começou a trabalhar. Aqui estão as razões pelas quais tem
procrastinado nesta tarefa.
Classifique cada uma das seguintes razões numa escala de 5 pontos de acordo com o quanto
reflecte o porquê de ter procrastinado na altura. Marque as suas respostas no papel de
resposta.
Utilize a escala:
20. Esperei até um colega fazer o trabalho dele/dela, de modo a que ele/ela me pudesse dar
algum conselho. __
21. Tive dificuldade em saber o que incluir e o que não incluir no trabalho. __
23. Houve alguma informação que necessitei de perguntar ao professor, mas senti-me
desconfortável ao abordá-lo/a.__
25. Ressenti-me por ter que fazer coisas atribuídas por outros. __
67
32. Fiquei preocupado com o facto de que se me saísse bem, os meus colegas se iriam
ressentir comigo. __
37. Sabia que os meus colegas também ainda não tinham começado a fazer o trabalho.__
38. Ressenti-me com o facto de ter pessoas a estabelecer prazos para mim. __
39. Fiquei preocupado com o facto de não corresponder às minhas próprias expectativas. __
40. Fiquei preocupado com o facto de que se tivesse uma boa nota, as pessoas teriam
expectativas mais elevadas sobre mim no futuro. __
41. Esperei para ver se o professor me dava mais alguma informação sobre o trabalho.__
42. Coloco padrões muito elevados para mim próprio e preocupo-me com o facto de não ser
capaz de corresponder a esses padrões. __
68
Tabela 1.2. Descrição da variável Idade para T1.
Estatísticas
Idade
N Válido 69
Ausente 0
Média 18,83
Modo 18
Desvio Padrão 1,839
Assimetria 4,006
Erro de assimetria padrão ,289
Curtose 17,723
Erro de Curtose padrão ,570
Estatísticas
Idade
N Válido 69
Ausente 0
Média 18,97
Modo 18
Desvio Padrão 1,902
Assimetria 3,729
Erro de assimetria padrão ,289
Curtose 15,367
Erro de Curtose padrão ,570
T1 T2
STAI form Y1 0.901 0.896
Estatísticas
T1Ansiedade_score
69
N Válido 65
Ausente 4
Média 45,4308
Mediana 45,0000
Desvio Padrão 10,00932
Assimetria ,070
Erro de assimetria padrão ,297
Curtose -,414
Erro de Curtose padrão ,586
Mínimo 24,00
Máximo 70,00
Percentis 25 37,5000
50 45,0000
75 52,5000
Estatísticas
T2Ansiedade_score
N Válido 68
Ausente 1
Média 49,2647
Mediana 49,0000
Desvio Padrão 4,80552
Assimetria ,831
Erro de assimetria padrão ,291
Curtose 1,168
Erro de Curtose padrão ,574
Mínimo 40,00
Máximo 65,00
Percentis 25 46,0000
50 49,0000
75 51,7500
Estatísticas
T1Preocupacao_score
N Válido 67
Ausente 2
Média 17,4328
70
Mediana 17,0000
Desvio Padrão 8,64489
Assimetria ,081
Erro de assimetria padrão ,293
Curtose -,369
Erro de Curtose padrão ,578
Mínimo 1,00
Máximo 37,00
Percentis 25 12,0000
50 17,0000
75 24,0000
Estatísticas
T2Preocupacao_score
N Válido 69
Ausente 0
Média 17,2029
Mediana 17,0000
Desvio Padrão 8,27395
Assimetria ,012
Erro de assimetria padrão ,289
Curtose -,889
Erro de Curtose padrão ,570
Mínimo 2,00
Máximo 34,00
Percentis 25 10,0000
50 17,0000
75 23,0000
Estatísticas
T1Procrastin_score
N Válido 66
Ausente 3
Média 28,2121
Mediana 28,0000
Desvio Padrão 6,36460
Assimetria ,095
71
Erro de assimetria padrão ,295
Curtose ,548
Erro de Curtose padrão ,582
Mínimo 11,00
Máximo 46,00
Percentis 25 24,7500
50 28,0000
75 32,0000
Estatísticas
T2Procrastinacao_score
N Válido 69
Ausente 0
Média 28,8986
Mediana 29,0000
Desvio Padrão 6,71509
Assimetria -,097
Erro de assimetria padrão ,289
Curtose -,850
Erro de Curtose padrão ,570
Mínimo 16,00
Máximo 42,00
Percentis 25 23,0000
50 29,0000
75 34,0000
Correlações
T1Ansiedade_score T1Preocupacao_score
**
T1Ansiedade_score Correlação de Pearson 1 ,550
N 65 64
**
T1Preocupacao_score Correlação de Pearson ,550 1
N 64 67
72
Tabela 3.1.1. Correlação para a ansiedade-score e procrastinação-score no T1.
Correlações
T1Ansiedade_score T1Procrastin_score
**
T1Ansiedade_score Correlação de Pearson 1 ,380
N 65 62
**
T1Procrastin_score Correlação de Pearson ,380 1
N 62 66
T1Procrastin_score T1Preocupacao_score
**
T1Procrastin_score Correlação de Pearson 1 ,513
N 66 65
**
T1Preocupacao_score Correlação de Pearson ,513 1
N 65 67
T2Ansiedade_score T2Preocupacao_score
N 68 68
T2Preocupacao_score Correlação de Pearson ,192 1
N 68 69
T2Procrastinacao_score T2Preocupacao_score
**
T2Procrastinacao_score Correlação de Pearson 1 ,626
73
N 69 69
**
T2Preocupacao_score Correlação de Pearson ,626 1
N 69 69
T2Ansiedade_score T2Procrastinacao_score
N 68 68
T2Procrastinacao_score Correlação de Pearson -,020 1
N 68 69
74
Tabela 4.1.1. Testes de normalidade para a variável Procrastinação académica em T1 e T2.
Testes de Normalidade
a
Kolmogorov-Smirnov Shapiro-Wilk
a
Teste de esfericidade de Mauchly
Medir: MEASURE_1
b
Epsilon
Testa a hipótese nula para a qual a matriz de covariância de erro das variáveis transformadas ortonormalizadas
é proporcional em relação a uma matriz de identidade.
a. Design: Interceptação
Design entre Assuntos: ansiedade
b. Pode ser usado para ajustar os graus de liberdade dos testes de significância dentro da média. Os testes
corrigidos são exibidos na tabela Testes de efeitos entre assuntos.
a
Teste de esfericidade de Mauchly
Medir: MEASURE_1
b
Epsilon
Testa a hipótese nula para a qual a matriz de covariância de erro das variáveis transformadas ortonormalizadas
é proporcional em relação a uma matriz de identidade.
a. Design: Interceptação
Design entre Assuntos: preocupação
b. Pode ser usado para ajustar os graus de liberdade dos testes de significância dentro da média. Os testes
corrigidos são exibidos na tabela Testes de efeitos entre assuntos.
75
a
Teste de esfericidade de Mauchly
Medir: MEASURE_1
b
Epsilon
Testa a hipótese nula para a qual a matriz de covariância de erro das variáveis transformadas ortonormalizadas
é proporcional em relação a uma matriz de identidade.
a. Design: Interceptação
Design entre Assuntos: procrastinação
b. Pode ser usado para ajustar os graus de liberdade dos testes de significância dentro da média. Os testes
corrigidos são exibidos na tabela Testes de efeitos entre assuntos.
Tabela 6. ANOVA medições repetidas (testes de efeitos entre assuntos) para a ansiedade-
estado.
Tipo III
Soma dos Quadrado Noncent. Potência
a
Origem Quadrados df Médio Z Sig. Parâmetro observada
Tabela 6.1. ANOVA medições repetidas (testes de efeitos entre assuntos) para a variável
Preocupação.
76
Tipo III
Soma dos Quadrado Noncent. Potência
a
Origem Quadrados Df Médio Z Sig. Parâmetro observada
Tabela 6.1.1. ANOVA medições repetidas (testes de efeitos entre assuntos) para a variável
Procrastinação académica.
Tipo III
Soma dos Quadrado Noncent. Potência
a
Origem Quadrados df Médio Z Sig. Parâmetro observada
77
Tabela 7. Correlação de Pearson para a diferença nos dois tempos da ansiedade e
procrastinação
Correlações
dif_ansiedade dif_procrastinacao
N 64 61
dif_procrastinacao Correlação de Pearson ,048 1
N 61 66
a
ANOVA
Soma dos
Modelo Quadrados df Quadrado Médio Z Sig.
b
1 Regressão 662,927 2 331,463 10,620 ,000
Total 2504,339 61
a
Coeficientes
78
Coeficientes não Coeficientes Estatísticas de
padronizados padronizados colinearidade
Erro
Modelo B Padrão Beta t Sig. Tolerância VIF
b
Resumo do modelo
a
ANOVA
Soma dos
Modelo Quadrados Df Quadrado Médio Z Sig.
b
1 Regressão 692,167 1 692,167 22,505 ,000
Total 2629,785 64
a
Coeficientes
Erro
Modelo B Padrão Beta T Sig. Tolerância VIF
79
Tabela 11.1. Teste Durbin-Watson e R quadrado ajustado da RLM para T2.
b
Resumo do modelo
a
ANOVA
Soma dos
Modelo Quadrados df Quadrado Médio Z Sig.
b
1 Regressão 1258,174 2 629,087 22,738 ,000
Total 3056,529 67
a
Coeficientes
Erro
Modelo B Padrão Beta T Sig. Tolerância VIF
b
Resumo do modelo
80
Tabela 11.5. ANOVA da RL para T2.
a
ANOVA
Soma dos
Modelo Quadrados df Quadrado Médio Z Sig.
b
1 Regressão 1199,906 1 1199,906 43,075 ,000
Total 3066,290 68
Erro
Modelo B Padrão Beta t Sig. Tolerância VIF
EstatísticasT1
81
Que irei perder amigos próximos 17 0 1
Que não tenha atingido muito na vida 17 0 3
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
82
Extremamente 3 17,6 17,6 100,0
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
83
Extremamente 6 35,3 35,3 100,0
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
84
Total 17 100,0 100,0
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
EstatísticasT2
85
Tabela 13.1. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (1) no grupo dos
procrastinadores em T2.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Tabela 13.2. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (2) no grupo dos
procrastinadores em T2.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Tabela 13.3. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (3) no grupo dos
procrastinadores em T2.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Tabela 13.4. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (4) no grupo dos
procrastinadores em T2.
86
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Tabela 13.5. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (5) no grupo dos
procrastinadores em T2.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Tabela 13.7. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (7) no grupo dos
procrastinadores em T2.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
87
Válido Um pouco 4 23,5 23,5 23,5
Tabela 13.8. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (8) no grupo dos
procrastinadores em T2.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Tabela 13.9. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (9) no grupo dos
procrastinadores em T2.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Tabela 13.10. Frequências absolutas e percentagens para a preocupação (10) no grupo dos
procrastinadores em T2.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
88
Extremamente 5 29,4 29,4 100,0
a
Matriz de componente rotativa
Componente
1 2 3 4
89
a. Rotação convergida em 6 iterações.
Tabela 14.2. Teste de KMO e Bartlett para as razões para a procrastinação em T1.
Df 78
Sig. ,000
a
Matriz de componente rotativa
Componente
1 2 3 4 5
90
T2Senti que demorava demasiado ,662 ,301 ,154 ,223 ,122
tempo a escrever um trabalho
académico
T2Ressenti-me com o facto de ter -,020 ,074 ,387 ,221 ,748
pessoas a estabelecer prazos para
mim
Fiquei preocupado com o facto de ,085 ,847 ,135 ,148 -,051
não corresponder às minhas
próprias expectativas
Coloco padrões muito elevados ,211 ,796 ,116 -,147 ,134
para mim próprio e preocupo-me
com o facto de não ser capaz de
corresponder a esses padrões
Senti-me demasiado preguiçoso ,834 -,061 ,078 ,089 ,155
para escrever um trabalho
académico
Os meus amigos pressionaram-me ,441 ,175 ,717 ,026 -,246
para fazer outras coisas
Tabela 15.2. Teste de KMO e Bartlett para as razões para a procrastinação em T2.
Df 105
Sig. ,000
Estatísticas
91
Tarefas académicas 69 0 2
administrativas_Preenchimento de formulários,
inscrição em cadeiras, obtenção do cartão de
estudante
Atendimentos e reuniões com professores 66 3 1
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Tabela 16.2. Frequências absolutas e percentagens para estudar para os exames em T1.
Tabela 16.3. Frequências absolutas e percentagens para realizar a leitura semanal para
acompanhar a matéria em T1.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
92
Procrastino sempre 4 5,8 5,8 100,0
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Estatísticas
93
Escrever um trabalho académico 69 0 3
Estudar para os exames 69 0 3
Realiza a leitura semanal para acompanhar a 69 0 3
matéria
Tarefas académicas 69 0 3
administrativas_Preenchimento de formulários,
inscrição em cadeiras, obtenção do cartão de
estudante
Atendimentos e reuniões com professores 69 0 1
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Tabela 17.2. Frequências absolutas e percentagens para estudar para os exames em T2.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Tabela 17.3. Frequências absolutas e percentagens para realizar a leitura semanal para
acompanhar a matéria em T2.
94
Realiza a leitura semanal para acompanhar a matéria
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
95