Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Livro Saude Ensino Comunidade PDF
Livro Saude Ensino Comunidade PDF
COMUNIDADE
UNESP – Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Medicina de Botucatu
SAÚDE,
ENSINO E COMUNIDADE
REFLEXÕES SOBRE PRÁTICAS DE ENSINO
NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Copyright 2014, autores
Comissão Editorial: Núcleo de Apoio Pedagógico
Avenida Prof. Montenegro, s/n
Bairro: Distrito de Rubião Junior
CEP: 18618-970 – Botucatu, SP
Tel: +55(14)38801137
CDD 614.44
Apresentação 21
6. A metodologia da problematização no
contexto da formação em saúde 147
Marina Lemos Villardi
Eliana Goldfarb Cyrino
Neusi Aparecida Navas Berbel
SAÚDE, ENSINO E COMUNIDADE 11
Referências bibliográficas
1. Este estudo foi realizado com base em pesquisa documental. Para um maior
detalhamento sobre a metodologia, ver Uliana (2010).
52 ANTONIO P. CYRINO • DANIELE GODOY • ELIANA G. CYRINO
Discussão
Referências bibliográficas
Os professores da IUSC
Desafios e perspectivas
Referências bibliográficas
Introdução
Marco teórico-conceitual
Método
Eu penso que o aluno passa a ter uma visão mais geral da saúde.
Sai... como é que eu posso falar, daquele modelo medicocêntrico,
onde tudo é o médico. Aqui, eles passam a conhecer e a trabalhar
com outros profissionais e isso faz bastante diferença. Diminui um
pouco aquela prepotência do aluno e do médico e vem conhecer
uma realidade bem diferente da sua. Aprende a lidar e a conversar
com outro tipo de população a que eles não estão acostumados.
cias, mas assim, eu sabendo que isso existe, por mais perto que
esteja toda assistência pra atender essa família, mas eles sabendo
que essa realidade acontece, então, e é perto deles, então vão ter a
imaginação, “Poxa, eu sei que está perto de mim”, “eu sei que isso
é comum acontecer”. Então eles vão conhecer realidades na comu-
nidade que estão distantes, sabe, a gente imagina que está dis-
tante, mas não é. (ACS 1)
A gente tem que estar sempre estudando, né, tem que estar sempre
se atualizando... Às vezes tem coisas que a gente não sabe e tem
que estar indo atrás disso para atender as expectativas dos alunos.
(MED 7)
110 ANTONIO P. CYRINO • DANIELE GODOY • ELIANA G. CYRINO
Eu acho que é assim: você tem que ter toda a equipe preparada e
capacitada pra receber alunos, desde auxiliar de enfermagem, os
médicos, o pessoal da administração. Você precisa ter a questão do
espaço, então isso é uma coisa que às vezes é complicada. A partir
do momento, por exemplo, que o IUSC ficou como disciplina
obrigatória, a gente acabou tendo que atender aluno em dupla e
isso é ruim, não é mesma coisa que cada aluno com seu paciente
como era no início.
tal problemática revela que essas estruturas não têm sido cons-
truídas de maneira a atender as necessidades e particularidades do
cuidado em saúde na APS. Isso se verifica na incongruência desses
dispositivos, que, por não se verem em condições favoráveis,
acabam negligenciando uma série de ações que deveriam ser parte
importante do seu processo de trabalho, a exemplo das atividades
em grupo e de educação em saúde.
Em consonância com essas constatações, Leite et al. (2012,
p.116) ressaltam outros fatores atrelados a essa problemática:
Eu acho que por estar na rua você consegue mostrar para os alunos
uma outra visão do paciente... “− Ah! Você prestou atenção na-
quilo?” “− Ah, não tinha visto...” – Eu acho que a gente consegue
dar umas dicas, um toque bem legal pra eles... São coisas que eu
gosto de fazer e acho que isso é importante pra eles sair um pou-
quinho do pedestal. (ACS 3)
Tem aluno que é muito metido. Tem outros que chegam aqui de
narizinho empinado, o que compromete um pouco o relaciona-
mento, mas no geral é muito bom. Porque eu gosto muito de ser
120 ANTONIO P. CYRINO • DANIELE GODOY • ELIANA G. CYRINO
Acho que às vezes falta um pouco mais de tempo pra gente se de-
dicar a isso, mas tem o serviço pra tocar também, né? A principal
função do serviço não é essa, mas às vezes falta tempo pra gente
dar mais atenção a eles... De repente, se a unidade tivesse menos
movimento e a gente tivesse mais tempo pra dedicar a eles. Às
122 ANTONIO P. CYRINO • DANIELE GODOY • ELIANA G. CYRINO
Como eles vêm sempre naquele período e vão executar os seus tra-
balhos, acho que não tem muita interação. Acho que é até por isso
SAÚDE, ENSINO E COMUNIDADE 123
que os agentes falam que eles às vezes são um pouco metidos, que
não cumprimentam, que acham que não precisam deles... Eu
acredito que é porque eles ficam menos tempo e acabam não tendo
aquela integração com a equipe. Eu acho que a gente pode me-
lhorar isso tendo atividades com as agentes também e também
trabalhar como os outros membros da equipe, mas também não
sei como envolver mais as auxiliares, não podem parar toda hora
pra tá saindo.
Considerações finais
Referências bibliográficas
junto dos alunos (24) que participaram dos grupos focais2 reali-
zados na produção dos dados deste estudo mostraram um perfil
com predomínio de mulheres brancas (67%), jovens (87%) com
idade na faixa de 23 a 26 anos, com semelhanças, portanto, ao do
conjunto da turma.
A análise dos dados produzidos permitiu identificar dois nú-
cleos de sentido quanto à escolha profissional e à construção de um
“ser médico” − ser médico: a escolha profissional e fazer-se mé-
dico: a vivência na graduação médica.
Vou ser bem sincera: eu tinha uma avó que estava doente e preci-
sava de uma pessoa que pudesse ajudá-la. E, eu fui. Achava im-
portante ajudar no sofrimento [...]. (GF1, aluno 4)
A última coisa que eu queria era ser médica! Eu não gostava, mas
na sétima (série), comecei a ver Biologia... o corpo humano. Co-
mecei a me interessar muito, gostava muito da matéria. Então,
resolvi fazer Medicina para conhecer mais o ser humano. Gostava
de lidar com pessoas. (GF1, aluno 5)
Escolhi [ainda] bem pequena [...] por admirar alguns médicos que
estavam perto de mim, admirar os conhecimentos, a cultura, a
comunicação [deles]. [...] e, também pensei no mercado de tra-
balho [...]. O médico sempre vai ter emprego. (GF2, aluno 23)
SAÚDE, ENSINO E COMUNIDADE 137
Agora eu vejo que não sabia nada sobre Medicina. Não sabia
como era o funcionamento do curso, não sabia como ia ser minha
vida, futuro profissional. [...] Antes imaginávamos em dar tudo
140 ANTONIO P. CYRINO • DANIELE GODOY • ELIANA G. CYRINO
[...] Você tem uma certa decepção com alguns modelos de médicos
que vemos aqui na nossa formação, mas acho que temos que tirar
de positivo, é reconhecer que não se deve fazer isso! (GF2, aluno
24)
Eu acho que a minha visão mudou um pouco [...] tem muitos pro-
blemas, muitas coisas que a gente vê que não dá pra fazer por falta
de infraestrutura que a gente vê e encontra tanto aqui na faculdade
como em qualquer outro lugar [...]. (GF1, aluno 26)
Referências bibliográficas
et al., 2008; Dal Poz et al., 1992; Cyrino e Pereira, 2004; Rossi e
Trevisan, 1995; Moraes e Berbel, 2006; Téo et al., 2002; Siqueira
Júnior e Bueno, 2006; Borille et al., 2012; Silva e Delizoico, 2008;
Prado et al., 2012; Marin et al., 2010; Freitas, 2011.
Schaurich, Cabral e Almeida (2007) também concordam que a
metodologia da problematização prepara o estudante para identi-
ficar problemas e apontar propostas de superação dos mesmos, já
que aproxima o ensino dos serviços de saúde, favorecendo um olhar
refinado e uma prática contextualizada, tão necessária à área da
saúde.
Observa-se que não basta aplicar as etapas do arco, mas, sobre-
tudo, fundamentar-se em teorias, tanto científicas como pedagó-
gicas, que assegurem um bom aproveitamento desse modo de
trabalho com os alunos.
Os alunos dos cursos da área da saúde necessitam refletir sobre
a prática de cuidado de maneira comprometida com as necessi-
dades da população, através da problematização da realidade para
compreendê-la, explicá-la e transformá-la por meio da práxis.
Sintetizando o tema
Referências bibliográficas
11. Atuaram como assessoras: Ana Cecília Sucupira (médica), Eunice Nakamura
(antropóloga) e Mara Regina Lemos de Sordi (enfermeira).
208 ANTONIO P. CYRINO • DANIELE GODOY • ELIANA G. CYRINO
O momento atual da VD no
desenvolvimento da IUSC
14. O papel mediador do professor é aqui entendido, por Paulo Freire, como pro-
posição de uma educação, como um ato dialógico, e da linguagem como
principal elemento mediador no processo educacional, por Vigotski, trazendo,
como ponto comum, a centralidade do diálogo na ação pedagógica (Marques;
Oliveira, 2005).
216 ANTONIO P. CYRINO • DANIELE GODOY • ELIANA G. CYRINO
Considerações finais
Referências bibliográficas
Também aprendi um pouco sobre muitas coisas que ainda não ti-
vemos no currículo da faculdade. No começo o atendimento na
IUSC parece muito precoce por sabermos somente o básico da se-
miologia, patologias e também Farmacologia. Mas, ao longo do
ano, vamos aprendendo um pouco sobre várias coisas e os casos
passam a fazer mais sentido para que possamos pensar em hipóteses
diagnósticas e condutas. (68M10)
Fiquei triste com os problemas de hoje. Senti que não consegui passar
confiança necessária à paciente. Talvez minha estratégia tenha sido
errônea. Espero corrigir estes erros em atendimentos futuros.
(93F10)
Considerações
Referências bibliográficas
EQUIPE DE REALIZAÇÃO
Capa
Andrea Yanaguita
Edição de texto
Tulio Kawata (Preparação)
Fábio Storino e Sílvia Kawata (Revisão)
Editoração eletrônica
Nobuca Rachi
SAÚDE, ENSINO E COMUNIDADE 253