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Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas

Este documento foi protocolado em 30/06/2016 às 18:09, é cópia do original assinado digitalmente por Tribunal de Justica Sao Paulo e PEDRO EUGENIO FREDERICO.
Autos n. nº 2112125-18.2016.8.26.0000
Turma Especial - Público
Requerente: GENY DA SILVA QUEIROZ
Requerida: FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO e OUTRA
Origem: 1ª Vara de Casa Branca

EMINENTE DESEMBARGADOR:

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 2112125-18.2016.8.26.0000 e código 3681B92.
1. Trata-se de requerimento de instauração de Incidente
de Resolução de Demandas Repetitivas com fundamento no artigo 976 e
seguintes, do Código de Processo Civil, realizado depois do provimento de
recurso de apelação e remessa necessária das requeridas nos autos nº
0000760-96.2013.8.26.0129, pela 4ª Câmara de Direito Público.

A requerente alega repetitividade de processos,


envolvendo questão unicamente de direito (art. 976, I, CPC), consistente na
natureza jurídica da verba de 50% do Prêmio de Incentivo como “pro labore
faciendo” ou como “aumento geral”. Alega, ainda, risco de ofensa à isonomia e
à segurança jurídica, decorrente da existência de entendimentos divergentes
entre as Câmaras de Direito Público deste Tribunal de Justiça (art. 976, II, CPC).
Ao final, requer a instauração do incidente e a reforma da decisão de apelação.

2. O Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas


deve ser indeferido, na medida em que já houve julgamento pelo Tribunal de
Justiça do recurso de apelação e da remessa necessária então pendentes. O
Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas é técnica processual criada
pelo Código de Processo Civil de 2015, voltada à geração de precedente

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vinculante a todo âmbito da justiça local, a partir do julgamento de um caso

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concreto (causa-piloto).

Nesse sentido, ensina Alexandre Câmara:

“porque “o processo em que tal instauração ocorra será afetado


para julgamento por órgão a que se tenha especificamente
atribuído a competência para conhecer o incidente, o qual
julgará o caso concreto como uma verdadeira causa-piloto,

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 2112125-18.2016.8.26.0000 e código 3681B92.
devendo o julgamento desse caso concreto ser, além da decisão
do caso efetivamente julgado, um precedente que funcionará
como padrão decisório para outros casos,pendentes ou futuros
(...) Esse órgão colegiado, competente para fixar o padrão
decisório através do IRDR, não se limitará a estabelecer a tese.
A ele competirá, também, julgar o caso concreto (recurso,
remessa necessária ou processo de competência originária do
tribunal), nos termos do art. 978, parágrafo único. Daí razão pela
qual se tem, aqui, falado que o processo em que se instaura o
incidente funciona como verdadeira causa-piloto” (CÂMARA,
Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo:
Atlas,2015, p.479) (grifo nosso).

No caso em tela, não há causa-piloto, na medida em


que já houve o julgamento do recurso e da remessa necessária pelo Tribunal. A
pretensão da requerente de que haja a reforma do julgamento prolatado nos
autos nº 0000760-96.2013.8.26.0129 extrapola os limites do Incidente de
Resolução de Demandas Repetitivas, da forma como disciplinada pelo legislador
processual. Nesse sentido, o incidente não configura um recurso “extra” para a
parte inconformada pela sucumbência, mas sim, um mecanismo de criação de
precedente vinculante a casos presentes e futuros pelo julgamento de causa
pendente.

Tanto é verdade o asseverado acima, que o art. 978,


§ único, do CPC, prevê que:
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“Art. 978. (...). Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de


julgar o incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o

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recurso, a remessa necessária ou o processo de competência
originária de onde se originou o incidente” (grifo nosso)”.

Em interpretação do parágrafo único do art. 978, o


Fórum Permanente de Processualistas Civis editou o enunciado 344, que
dispõe: “A instauração do incidente pressupõe a existência de processo
pendente no respectivo tribunal”. Inadmissível, portanto, o incidente, quando não

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houver mais a pendência de recurso.

No caso em tela, já julgados o recurso de apelação e


a remessa necessária, resta exaurida a competência deste Tribunal para a
apreciação da causa e não é mais permitido à parte requerer a instauração do
incidente. Nada obsta, porém, que o requerimento seja realizado por outras
partes interessadas, em casos ainda em curso.

3. Ante o exposto e o constante dos autos, o


nosso parecer é pelo indeferimento do Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas requerido por GENY DA SILVA QUEIROZ.

São Paulo, 30 de junho de 2016.

Pedro Eugênio Frederico


Procurador de Justiça

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