Similar a raiva, no que concerne a sintomatologia, a cinomose é uma
enfermidade preocupante, que mata inúmeros animais por ano, muitas vezes, por falta de conhecimento dos seus proprietários. Apesar de grave, não é uma zoonose, ou seja, não pode ser transmitida dos animais aos humanos. Provocada por um vírus, a cinomose acomete, principalmente, cães jovens não vacinados em seu primeiro ano de vida, após a perda da imunidade materna (06 a 12 semanas de idade), mas também ocorre em animais adultos, caso não tenham sido imunizados anteriormente com vacinas próprias. O animal pode ser contaminado por via respiratória ou digestiva, através de contato direto ou fômites – como o próprio ser humano, que muitas vezes carrega o vírus na roupa ou nos sapatos – e até mesmo por água e alimentos contaminados com secreções de cães doentes.
Como a cura pode ser difícil dependendo do grau de comprometimento
do animal, a melhor arma é a prevenção, que pode ser feita através de um programa simples de vacinação, quando o filhote estiver com mais de 30 dias de idade, e consta de 03 doses de vacina (V08 ou V10), seguindo intervalos de 21 dias entre cada aplicação. Vale lembrar que essa vacina deve ser reforçada anualmente através de uma única dose até o final da vida do animal.
As formas mais comuns da cinomose são: pulmonar, digestiva, nervosa
e cutânea, sendo esta última, sua forma de apresentação mais benigna. Os sintomas normalmente começam de maneira branda, com o aparecimento de pústulas (pequenas bolhas) na pele do animal, principalmente barriga e região da virilha, porém, podem evoluir até uma conjuntivite com secreção, corrimento nasal, pneumonia, movimentos involuntários dos membros traseiros ou dianteiros e, em casos mais graves, vocalização e abertura repentina e repetitiva da boca. Cabe ressaltar que dificilmente os sintomas são estacionários, ou seja, vão piorando sempre (caso nada seja feito) de maneira lenta ou rápida.
A cinomose, como grande parte das enfermidades causadas por vírus,
depende quase exclusivamente do cão e de sua capacidade de desenvolver uma resposta imunológica suficiente e, por isso, deve ser tratada sintomaticamente através de protocolo individual proposto pelo seu médico veterinário de confiança. A cinomose, no entanto, é uma doença imprevisível e não há como saber se o cão doente irá sobreviver ou não ao tratamento, nem tampouco perceber se seu óbito será rápido ou lento. Como ressaltei acima, a prevenção é o melhor meio de combatê-la. Seja responsável, vacine seu cão regularmente.
* Stephanie Lins é médica veterinária e responsável pelo Canil do Centro de Controle de
Zoonoses (contatos pelo e-mail: ccz_corumba@hotmail.com). Cinomose ataca gatos?