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A ALMA AFETIVA DAS RUAS: IMAGINÁRIO E EXPERIÊNCIA

SENSÍVEL NO BAILE CHARME DO RIO ANTIGO


Cíntia Sanmartin Fernandes1
Tatiane Mendes Pinto2

Resumo
Esse trabalho tem como objetivo analisar as narrativas da vida social através das
interações sensíveis na festa Baile Charme do Rio Antigo. Tendo como referência os
pressupostos teóricos de Maffesoli, Simmel e Santos acerca da construção de
referenciais de espaço e de tempo, interações estéticas e sensíveis na perspectiva da
cultura contemporânea, serão analisadas as possibilidades de reconfiguração de
territórios sociais, a apropriação do espaço e a ressiginificação da representação da rua a
partir da festa Charme Rio Antigo. Como estratégia metodológica utiliza-se um enfoque
múltiplo, articulando-se a investigação teórica e observação participante realizada entre
março de 2012 e novembro de 2013.

Palavras-chave: Cidade; Corpo; Imaginário; Experiência Sensível.

Introdução
Para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhe as delícias
como se goza o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito
vagabundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um
perpétuo desejo incompreensível, é preciso ser aquele que chamamos
flâneur e praticar o mais interessante dos esportes — a arte de flanar
(RIO,1908, p.2)

Bairro central do Rio de Janeiro, a Lapa3 é o lugar de onde parte a observação


que se construirá ao longo desse artigo, cujo objetivo é analisar as potencialidades de
novas territorialidades e a ressiginificação do espaço da rua a partir das socialidades4 na

1
Professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade de Estado do Rio de
Janeiro. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Comunicação, Arte e Cidade (CAC)
2
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano da Universidade Federal Fluminense.
Membro do Laboratório de Investigação em Comunicação Comunitária e Publicidade Social
3
Fonte: http://www.multirio.rj.gov.br/
4
Conforme Alípio de Souza Filho (MAFFESOLI, 1995) o termo socialité (socialidade) é mais um
exemplo e, como explica o próprio autor em livros posterior, tratando-se mais de uma comodidade de
linguagem, procura exprimir a "solidariedade de base" em que se assenta o "estar-junto" humano e que
festa Baile Charme5 Rio Antigo. Em termos metodológicos, utiliza-se um enfoque
múltiplo, articulando-se a investigação teórica e observação participante realizada entre
março de 2012 e novembro de 2013. A hipótese central deste artigo é de que a festa, ao
invadir e ressignificar o território da rua pode romper muros culturais, promover a
interação e modificar a representação do sujeito em relação ao outro e à cidade a partir
da experiência sensível.
Local de efervescência e de infinitas expressões culturais, o bairro, antigo reduto
da boemia carioca, só não tem praia. Mas já teve. Em idos do sec. XVII o local era
denominado “Areias de Espanha” e englobava a região em torno da igreja de Nossa
Senhora da Lapa do Desterro, fundada em 1751. Alguns anos depois, a criação da Rua
do Riachuelo, antiga “Mata-Cavalos” e a do Lavradio acabaram de configurar a
geografia do bairro, cortado pelo antigo aqueduto carioca, que levava água do Morro do
Desterro (atual santa Teresa) ao de Santo Antônio, desaguando no chafariz da Rua da
Carioca (LUSTOSA, 2001). Nos anos 1930 viveu seu auge cultural e econômico,
abrigando personalidades como o pintor Cândido Portinari, Carmem Miranda e o poeta
Manuel Bandeira, morador por décadas, para quem o bairro era musa inspiradora.
Sofreu abandono por anos até que em 1984 projetos como o Corredor Cultural e a
Quadra da Cultura, iniciaram o processo de revitalização, culminando em 2005 com o
“Sou da Lapa”, que buscava resgatar o valor residencial da região. Um ano depois, um
lançamento imobiliário6 teve suas 688 unidades vendidas em algumas horas,
possibilitando uma transformação no bairro. De acordo com Herschmann, há dados da
década passada que contabilizam “mais de 120 estabelecimentos do setor do
entretenimento, que vêm atraindo em média 500 mil pessoas, gerando uma economia de
aproximadamente 17 milhões de reais, por mês" (HERSCHMANN ; FERNANDES,
2011, p.7).

convém distinguir de sociabilité (sociabilidade). Conforme ainda o autor, a própria experiência do "estar-
junto" está pouco representada no termo "social", de uso comum, porém mais apropriado a designar a
relação racional mecânica entre o indivíduo do que a "solidariedade" sobre a qual se apoia esse "estar-
junto"; razão pela qual, também nesse caso, o autor, voltando aos termos de Durkheim, prefere o uso do
termo sociétal (societal) que, ultrapassando o sentido da "solidariedade mecânica", "reenvia à
solidariedade orgânica". A socialidade seria a expressão cotidiana dessa solidariedade em ato, seria "o
societal em ato".
5
O Charme é uma construção feita a partir da música negra estadunidense. Sua origem [...] tem como
ponto de referência o Rythm&blues - R&B - cuja dinâmica global foi possível graças à mundialização da
cultura estadunidense promovida pelo domínio e expansão dos seus meios de comunicação. Assim, a
dimensão global da Black music como produto expressa-se, no caso do Brasil e mais especificamente, do
Rio de Janeiro, através do caráter local que o Charme traduz, resultado que é de contaminadas
ressignificações próprias da cultura urbana carioca. (MARTINS, 2006 , p.1)
6
Cf. http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u102295.shtml(acesso em 05/01/2014)
De fato, foi somente a partir da iniciativa de comerciantes locais, a chamada
sociedade civil, que teve início o processo de revitalização do bairro, atuando junto ao
poder público e promovendo iniciativas culturais que visavam à melhoria da imagem do
bairro, de modo a conseguir trazer de volta os investimentos de empresários e do
próprio Estado. Uma breve caminhada pelas ruas do bairro atualmente revela indícios
de investimentos os mais variados, que vão de centros culturais a lojas, passando por
bares e restaurantes cada vez mais sofisticados, que dialogam com estabelecimentos e
moradias centenários e ocupações artísticas.
Por outro lado, o local tem sido alvo constante de intervenções estatais. Seja pelo
bloqueio das ruas no entorno dos arcos da Lapa nos fins de semana, com o objetivo de
facilitar o controle dos agentes de trânsito e segurança, seja na instalação da operação
Lapa Presente7, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, visando à segurança dos
empresários locais, o fato é que o bairro concatena a presença de forças de Estado e
mobilizações sociais, seja de integração ou de conflito, o que só acentua a mistura
cultural que toma as ruas do lugar.
Pela ruas e vielas ou nas escadarias do escultor chileno Selaron, (encontrado
morto no bairro em janeiro de 2013) obra prima de azulejos nas cores brasileiras e um
dos símbolos do lugar, é possível encontrar gente de todas as tribos, trabalhadores,
turistas, estudantes, artistas, moradores de rua e comerciantes que convivem
pacificamente e se juntam a quem vem da praia, no mesmo bar onde confraternizam
executivos.
É neste cenário onde se encontra a festa Baile Charme Rio Antigo, objeto da
presente análise. Iniciada a partir de uma comemoração de aniversário em outubro de
2011, hoje conta com um público aproximado de 600 pessoas a cada edição8 e é
consecutiva à Feira Rio9 Antigo, evento de moda, gastronomia e música que ocorre no
primeiro sábado de cada mês lotando a Rua do Lavradio e adjacências.
É importante ressaltar que o presente artigo não abordará as características
específicas do movimento charme, mas a festa como fenômeno social de possibilidades
desterritorializantes (DELEUZE, GUATTARI, 1995) em sua relação com a cidade, por

7
Fonte: www.rio.rj.gov.br
8
Fonte: www.facebook.com/pages/Charme-Rio-Antigo
9
Na década de 90 um grupo de comerciantes locais,insatisfeitos com o abandono da região começaram a
debater possibilidades de solução para atrair mais visitantes para a rua e lucro para seus negócios. Desses
encontros, surgiu em outubro de 1996, a ideia de promover a Feira Rio Antigo de móveis, antiguidades
arte e cultura – hoje conhecida como Feira do Lavradio.(PINHEIRO, 2007, p.144)
entender as potencialidades da festa, num primeiro olhar, não sendo provenientes da
especificidade do movimento, mas das interações entre lugar e sujeitos.
Assim, na premissa do espaço da cidade como “representação de complexas
dimensões onde se misturam imagens e sensações” e mídia (FERRARA, 2008, p.3),
objeto estético (SIMMEL, 2011), fenômeno cultural (PESAVENTO, 2007) e reflexo de
“comunicabilidades em que os corpos em interação com os espaços [...] reinventam as
relações cotidianas” (FERNANDES, 2008, p.4), foi preciso percorrer as ruas próximas
ao baile em várias visitas, para tentar compreender os fluxos de sentidos e as
possibilidades de ressignificação do lugar nas interações sensíveis a partir da
experiência estética.
Sugere-se que há diálogos que se constituem entre a cidade e a rua, entre os
corpos e a música e entre as sensibilidades que emanam, apontando para vivências que
serão analisadas a partir da perspectiva da razão sensível, a qual reconhece que "assim
como a paixão está em ação na vida social, também tem seu lugar na análise que
pretende compreender esta última" (MAFFESOLI, 1998, p.277).
Considera-se portanto, que a rua segue sendo o espaço em que se pode
compreender a “alma” da cidade (Rio, 1908) a cidade imaginária, sentida e
compartilhada em que realizamos nossas experiências cotidianas, das mais banais às
mais complexas e que constroem os sentidos dos diferentes lugares. Estes
compreendidos em virtude de todos os seus possíveis movimentos contrastantes entre
distâncias e proximidades que “faz também redescobrir a corporeidade” aonde o corpo
transforma-se numa “certeza materialmente sensível, diante de um universo difícil de
apreender” e assim, os lugares “podem ser vistos como um intermédio entre o Mundo e
o Indivíduo” onde “cada lugar, irrecusavelmente imerso numa comunhão com o mundo,
torna-se exponencialmente diferente dos demais (SANTOS, 2008, p. 313-314). Desse
modo, em acordo com Santos (2008), se faz necessário regressar aos lugares cotidianos
considerando todas as relações e práticas sensíveis e inteligíveis que o fazem ser, ou
seja: os objetos, as ações, a técnica e o tempo.
Desse modo entende-se que o espaço e o corpo comunicantes em interação
demandam a experimentação mútua para que o corpo apreenda o espaço pela ação in
loco.
Imaginário e experiência sensível no baile Charme Rio Antigo

É na dor e no sangue que se nasce para a existência.


Mas é no maravilhar-se que é possível,
bem ou mal, ir vivendo. (MAFFESOLI, 1998, p.29)
Um deslocamento para uma compreensão que considere a complexidade, a
mutabilidade constante das conformações sócio-espaciais-corporais - em que a
separação tempo/espaço, sujeito/objeto, natureza/cultura seja posta “em suspensão” no
entendimento máximo de que são os homens (corpo e espírito) em movimento na/pela
cidade - na experiência sensível na cidade auxiliam na investigação das diversas
espacialidades da urbes. Espaços não somente inteligíveis, mas sensíveis, afetivos, onde
existir não é apenas seguir regras e normas, sejam elas de qual ordem forem, mas
arriscar-se em outras possibilidades, à aventura do lançar-se na cidade de forma sensual
onde corpo e ambiente (artificial ou natural) interagem gerando outros significados para
os locais, transformando-os em lugares.
Maffesoli (2003), utilizando-se da metáfora "a ponte e a porta", apresentada por
Simmel (1983), auxilia na reflexão sobre as configurações relacionais presentes nas
teias que tecem a vida urbana. A "ponte e a porta" simbolizam a ambivalência vivida
numa grande cidade. A dupla função destas influenciam na dinâmica dos "nervos" (no
duplo sentido) urbanos, pois, ao mesmo tempo em que uma porta pode abrir, ela
delimita o espaço das relações e interações sociais gestando novas espacialidades; o
mesmo ocorre com a ponte, pois ao mesmo tempo em que ela liga, proporcionando a
identificação, ela separa, segrega, definindo os "lugares de cada um".
As relações proporcionadas pela porta e pela ponte permitem tanto a emergência
de novas formas de se relacionar socialmente nas grandes cidades, como o compartilhar
social de emoções e afetos (estética) relativos ao corpo social heterotópico, em que a
metáfora é empregada para representar as veias e artérias da pulsação cotidiana da
cidade.
Seguindo a trilha de Maffesoli e também de Certau seguimos o trajeto
investigativo guiados pela qualidade inata da comunicabilidade na cidade, ou seja, pela
sua estrutura espacial comunicativa, onde diversas redes engendram uma centralidade
subterrânea (MAFESSOLI, 2003) fundada a partir de múltiplas relações entre os canais
simbólicos e concretos de uma comunidade, ou ainda, de um grupo específico.
Essas redes, então, representam desde os canais comunicativos (com suas pontes
e portas) mais concretos e reais – que vão desde as estruturas de comunicação
arquitetônicas de uma cidade como viadutos, galerias, praças, ruas, monumentos, até os
"canais" de representação simbólicos como, por exemplo, o fato de um desses espaços
servir como lugar de encontro homologado por uma determinada convenção grupal.
Esses "canais" simbólicos permitem os encontros e os reconhecimentos das tribos
urbanas que vivem, em si mesmas, as pluridimensionalidades apresentadas por Simmel.
A partir desses autores podemos pensar na rede como comunhão de sentidos e
significados compartilhados, que necessitam de um re-conhecimento não apenas
cognitivo- racional, mas emocional-relacional. A comunicação, neste sentido, pressupõe
comunhão. Esse é um ponto fundamental no desenvolvimento de nosso trabalho, pois
nos propomos a compartilhar este "olhar" que considera ser preciso primeiro ocorrer um
compartilhar, uma comunhão de sentidos, sentimentos e significados para haver
comunicação.
A rede então representa as teias relacionais que proporcionam essa comunicação
sócio-espacial corroborando a intenção do "estar junto" antropológico. A rede resgata o
sentido mesmo de uma religiosidade sincrética, que integra um território real e
simbólico responsável por gerar, por dar a vida, a comunicação-comunhão
(MAFESSOLI, 2003, p.67-68). Comunicação esta formadora de uma espacialidade
específica. Lugarizando àqueles espaços geralmente tratados por estudos sócio-políticos
e urbanos apenas como um local, funcionalizado, ordenado e geograficamente definido.
Assumimos essa perspectiva para compreender os fenômenos das interações
sensíveis e territorializações no baile Rio Antigo. Entendemos que esta análise insere-
se na lógica da experiência sensível, que não separa sujeito do objeto observado,
enfatizando a interação (MAFFESOLI, 2007). Logo, põe em afastamento a crítica
distanciada e alheia aos fluxos de sentido, tomando, em contrário, parte no fenômeno
com suas distintas nuances e trazendo de volta à cena a imagem, o simbólico e o
imaginário. Mergulhando no ambiente da festa, assumir a perspectiva do universo de
corpos que dançam e interagem, compartilhando o espaço e ressignificando-o
alcançamos a simplicidade fenomenológica - como apresentada por Maffesoli - onde é
possível "ver uma forma de pensar [.] que esteja de acordo com o que é vivido”
(MAFFESOLI, 2007, p.180).
Dessa forma, sugere-se um diálogo com a perspectiva que pensa a comunicação
e a experiência estética como modos de constituição do sujeito (LEAL, 2010), ou seja,
como potência subjetiva. Mais do que meio, há o pensamento para a comunicação como
“comunhão sensível pela qual compartilhamos valores, sentidos e formas que nos
constituem e nos antecedem” (MAFFESOLI, 2007, p.63). Assim, através da
experimentação estética é possível enxergar um caminho no sentido de se reconhecer
como parte de um todo e criar vínculos sociais. Por mais fragmentadas possam ser as
narrativas dos sujeitos inseridos nas cotidianidades contemporâneas, a experiência
aponta para um componente vinculativo, cuja materialidade a fruição e partilha estética
podem em alguma medida alcançar.
Pensar o baile Charme a partir da razão sensível é então permitir-se fazer parte
de um espaço de celebração, ambiente de interações e ressignificações do espaço da rua,
tomada pelos corpos que dançam ao ritmo do charme. Programado inicialmente para
durar das 15h às 22h, o baile, que acontece junto com a Feira Rio Antigo, fecha um
trecho da Rua do Rezende, onde são colocadas grades que servem para delimitar o
espaço do baile e a pista de dança. Neste lugar, prevalecem os passos ensaiados
peculiares ao charme no centro e, nas calçadas, instalam-se os vendedores ambulantes,
curiosos e neófitos, que ainda não arriscam inserir-se nas coreografias dos veteranos.
Na primeira visita ao evento, sem programação prévia, caminhando em direção à
área da Rua do Lavradio interditada para automóveis, a imagem de uma festa ocorrendo
no meio de uma rua chamou atenção e provocou a aproximação. Em um trecho de cerca
de 200 metros, uma média de 400 pessoas dançavam charme no meio da rua, sob o
efeito de luzes coloridas e sem que nada delimitasse seu espaço, além das grades e da
provável escolha de ficar próximo ao DJ, que estava localizado num bar no meio da rua.
Nas calçadas, famílias inteiras dançavam, sem que a falta de espaço provocasse
protestos ou discussões. Ao contrário. A cada vez que os corpos se encostavam, um
sorriso parecia revelar a felicidade de compartilhar o espaço, como se os corpos se
fundissem ao mover-se no ritmo do charme, ressignificando a paisagem urbana pela
força do afeto, aproximando-se da observação de Ferrara ao afirmar que "a paisagem da
cidade é, sobretudo, de natureza comunicativa e interativa porque, se não se faz sem
registros, também não dispensa vínculos afetivos" (FERRARA 2012, p.48).
Nos demais dias de pesquisa, o cenário foi o mesmo, reunindo na rua diferentes
pessoas e, a cada dia, elevando o número de frequentadores (ver fig. 1 e 2). Em nenhum
dos dias foi observada a ação de qualquer representante do Estado ou foram registradas
ocorrências de brigas, apesar do exíguo espaço. Posteriormente foi feita uma análise em
redes sociais para tentar apreender indícios de uma comunidade virtual, vinculações a
partir das redes e sociabilidades construídas na festa, mas não foi registrada grande
quantidade de mensagens ou interações nas interfaces virtuais, o que pode pressupor
que, em alguma medida, podem haver outros canais de comunicação de circulação
restrita ou que as interações ocorrem no ambiente mesmo da festa.
Figuras 1 e 2: Baile Charme Rio Antigo-Rua do Rezende
Figura 1-festa em 01/06/2013

Fonte: acervo pessoal, 2013.

Figura 2-festa em 03/03/2012

Fonte: acervo pessoal, 2012.

Em igual medida a festa - no processo de ressignificação do espaço, fazendo-o


lugar de novas sensibilidades e interações - parecia convidar os passantes à experiência,
uma vez que muitas pessoas, a caminho de bares como o Rio Scenarium, paravam por
minutos na esquina da rua para observar o ambiente, visivelmente surpresas e por vezes
adentravam o evento, dividindo com seus saltos e vestuário sofisticados o espaço com o
público habitual, pessoas ainda em roupa de praia, trabalhadores das lojas locais e
ambulantes. Em muitos casos, os prováveis moradores das imediações passavam pelo
meio da festa carregando compras, juntando-se aos dançarinos e, após algum tempo,
retomavam seu percurso cotidiano. Em certo momento, após as 22h, as grades foram
retiradas e a circulação de automóveis foi liberada, sem que houvesse alteração no ritmo
da festa. Ao contrário, somou-se aos passos a preocupação dos participantes de
afastarem-se do caminho do carro, sem que este sofresse a menor avaria e
automaticamente retomaram a ocupação da rua logo em seguida. Até à meia-noite,
horário de nossa saída, foram inúmeros os veículos que passavam, alguns até parando
para ouvir a música e falar com eventuais conhecidos, retomando seu caminho depois.
Ha aqui uma indicação de construção de lugar que transparece nas relações dos
participantes da festa, que se revela no ritmo dos corpos, que dançam e parecem
construir um élan comunicacional10, gerando um corpo social, "destilando uma
polissemia de sentidos" (MATESCO, 2009.p.17) na comunhão de lugar vivido e
experimentado de forma sensível o espaço (FERNANDES, 2011). E, se em Maffesoli
(1998) a razão sensível percebe o ritmo vinculando os fluxos, a emoção compartilhada
pode revelar a compreensão dos fenômenos sociais a partir de sua razão interna, só
sugerida na experiência do observador que se torna participante, somando-se aos corpos
que dançam.
Crítico ao olhar meramente racional, Maffesoli sustenta na intuição, na forma e
no senso comum, as chaves para a compreensão dos fenômenos sociais em sua
inteireza. Do mesmo modo, em um recorte da cidade do Rio de Janeiro e do bairro da
Lapa, percebe-se a nuance fluida dos fenômenos, pela característica mesma da
construção física e social do bairro e onde as mais diversas tribos ainda dividem espaços
e estabelecem lugares de comunhão e celebração, apesar das diversas tentativas de
ordenamento urbano .
Nessa perspectiva, para Fernandes:
A cidade do Rio de Janeiro (...) é representativa das relações em que os
espaços são redefinidos seguindo os fluxos e os fixos, continuidades e
descontinuidades cotidianas balizadas por modos de estar e vivenciar e
experenciar os locais (FERNANDES, 2012, p.74)

Consubstanciando os pressupostos teóricos anteriores, revela-se a ideia do


imaginário, que constroi uma imagem de rua, indo da alma encantadora de João do Rio
(1908) até a sociabilidade revelada na experiência sensível do baile. Nesse sentido
percebe-se o imaginário como fundamento de transformação social, operando em
crenças e opiniões de modo a provocar movimentações na sociedade em que o
"imaginário costura o real, multiplica-o em sub-universos" (MAFFESOLI apud
LEGROS, 2007, p.100). Assim, observa-se uma possibilidade de costura no tecido
social pela socialidade, que une frequentadores dos bares mais badalados da Lapa aos
moradores da Rua do Rezende e aos trabalhadores do local. Há um olhar que aponta
para o emaranhar de sensibilidades que se apresenta na reconstrução de imagens da rua
como lugar de comunhão, borrando as "linhas invisíveis que delimitam o espaço de

10
[...] "Tem a ver com uma intenção de intercambiar, de relacionar e acionar o outro, despertando ou
provocando [...] para a possibilidade de se reconhecer". (FERNANDES, 2009, p252)
ocupação pelos diferentes grupos"(MAIA, 2012, p.135), ignorando escrúpulos racionais
e preconceitos, rompendo a cotidianidade do espaço urbano.
Da mesma maneira, na ocupação da rua há uma extensão do uso do espaço pelas
pessoas que passam, além de um provável aumento no consumo do local, uma vez que a
Feira do Rio Antigo acaba às 19h e até o fim da festa Charme muitos vendedores e até
alguns bares permanecem abertos, atendendo ao público do evento e mantendo a
circulação nas ruas do bairro o que, em outros dias, diminui sensivelmente com o fim da
feira.
Retomando o conceito de Simmel (2011), as grades, impostas pelo poder
público, são como portas, delimitando o espaço das relações e interações sociais.
Entretanto, em todas as visitas feitas, as grades são muitas vezes retiradas, rompendo o
território delimitado pelo Estado e convidando à diluição dos limites entre a rua e o
baile. Ao apropriarem-se da rua, parece haver uma "transformação do espaço urbano em
lugar, a partir da percepção dos sujeitos" (FERRARA, 1993, p.38) e da interação com a
cidade com a arquitetura das casas, na ocupação de marquises e fachadas, nas portas e
janelas que se abrem para a festa, na continuidade do fluxo de carros que penetra o
centro da dança, dividindo os grupos, para reunir-se novamente após a passagem dos
veículos, sem que o movimento cesse jamais.
Tecendo uma teia entre corpos e sensibilidades, há afinal a música,
proporcionando a experiência da sintonia com outro, construindo o que Fernandes
define como musicabilidade: "é a partir, portanto da experiência sensível na cidade que
se pode compreender as musicabilidades, ou seja, as práticas socioculturais que tem
como élan a música" (FERNANDES, 2013, p.3) sendo território da comunicação não
verbal. Onde as palavras não são suficientes, a vivência sensível, dionisíaca
(MAFFESOLI, 2009) constroi os sentidos, define as imagens onde corpos e espaço
urbano se imbricam organicamente, convidando à experimentação e a criação de nexos
atrativos entre o sujeito e o outro. Estes, poderiam ser vinculativos na medida em que
proporiam um novo ethos, não na reconstrução do espaço arquitetônico da cidade, que
após a festa retorna seu fluxo circulatório urbano habitual, mas na construção do olhar
sensível em relação à cidade, que se constitui não só de materialidades objetivas, mas é
delineada pela emoção, como define Maffesoli :"e eu via o novo vínculo social (ethos)
surgindo a partir da emoção compartilhada ou do sentimento coletivo"(MAFFESOLI,
1987, p.1).
Da ressignificação das ruas: territórios sociais e culturais que se mesclam

Na composição de ruas e construções que formam a paisagem da urbanidade há,


para além dos objetos materiais, a vinculação ao território, que faz da cidade
representação objetiva, mas também de imagens e sensações. Conforme Ferrara,

A arquitetura revela através de materiais, técnicas e formas construtivas, a


função, o uso e o valor do espaço e, nesse sentido, constitui o suporte através
do qual a cidade se constrói como meio comunicativo que possibilita
sociabilidades e interações em constantes transformações (FERRARA, 2008,
p.3)

Em igual medida, a cidade propõe fluxos de narrativas entre os sujeitos e as ruas,


que constroem os hábitos cotidianos e assim os inserem no tempo e espaço da produção
e da racionalidade, delimitados na lógica funcional, mecânica. Ao observador
distanciado, não é possível perceber, que, perpassando as estruturas estruturantes 11 da
sociedade, há um fino tecido invisível que permeia as relações sociais, determinado por
sensações e imagens que potencializam as narrativas, tencionando as representações da
vida social.
Logo, os territórios da sociedade delimitados por hábitos e pelo poder público
podem ser compreendidos como reflexos de uma territorialização trivial, estática,
permeada pela divisão e pelo contrato social. Alheia à materialidade urbana, o que se
sugere é que a razão sensível pode encontrar uma possibilidade de esgarçamento ou de
novo entrelaçamento no tecido social quando se depara com uma festa que toma as ruas
e divide o espaço com as engrenagens cotidianas da cidade, reinventando-as sob a ótica
das emoções através da socialidade. Desta maneira, "enquanto a sociedade privilegia os
indivíduos e suas associações contratuais e racionais, a socialidade vai acentuar a
dimensão afetiva e sensível" (MAFFESOLI, 1987, p. 101-102).
Caminhando em sentido contrário à ordem urbana, a festa charme produz
sentidos para além daqueles tradicionalmente produzidos, fragmentando os discursos
hegemônicos (FERNANDES, 2011) e convidando a ressignificação do espaço e do
lugar do sujeito, seja na interação sensível, seja no que Michel de Certeau (2008)
definira como trapaçaria12. Percebe-se a artimanha dos frequentadores da festa, ao
desviarem-se da ordem de ocupação urbana pelo expediente de usar a grade da festa
parra fechar ou abrir a rua, determinando ou não a passagem de carros. Assim, a

11
Sugere-se aqui uma aproximação com o conceito de Pierre Bourdieu acerca das estruturas culturais que
formam a sociedade (BOURDIEU, 2011)
12
Astucia e esperteza no modo de utilizar ou de driblar os termos dos contratos sociais (CERTEAU,
2008, p.79)
delimitação do território da festa e a definição de quem está fora ou está dentro é feita
pelos próprios frequentadores, sem que se tenha observado em todas as visitas nenhuma
intervenção do poder público. Na aproximação com o conceito maffesoliano de
circulação, entende-se que "a circulação (...) não deixa nada nem ninguém
indene.Quebra os grilhões e os limites estabelecidos e quaisquer que sejam seus
domínios, político, ideológico, cultural ou cultural, as barreiras desmoronam."
(MAFFESOLI, 2001, p.27)
Cabe ressaltar que os moradores, de modo geral, parecem apreciar o evento, uma
vez que nos dias de observação não foram registradas reclamações, mesmo ficando os
apartamentos muito próximos ao equipamento de som. Ao contrário, reforça-se que os
moradores postam-se quase todos à janela, quando não descem até a rua para tomar
parte no evento, cujo fluxo de entrada e saída é incessante. Há indícios de que a própria
configuração do evento favorece a experiência fugidia, efêmera de alguns, que penetram
no local, constatam surpresos o que parece ser uma completa integração entre cidade e
sujeitos e , ou arriscam alguns passos, ou, o que é mais comum, postam-se por algum
tempo, observando a atmosfera do local. Alheios à lógica contratualista que fundamenta
indivíduos na sociedade, assegurando a cada um o papel distanciado do outro, sugere-se
que a festa charme reforça o caráter vinculativo e a ideia de lugar. Segundo Fernandes:
O importante é perceber que estes territórios ao mesmo tempo em que estão
demarcados por uma questão da lógica do espaço (...) interagem entre si
através de mediações que em processo contínuo rompem com o uso do
espaço demarcado pela rotina, pelo hábito (FERNANDES, 2009, p.12)

Sugere-se assim que a mediação ocorre pelo universo afetivo, sensível, que
aproxima corpos e subjetividades na urbe redescoberta coletivamente, não gerando
identidades e pertencimentos fixos, mas contribuindo para a re-territorialização do
espaço de modo dinâmico. Ao contrário do que pode ser percebido na construção
histórica do conceito de sociedade, o leviatã hobbesiano parece diminuir um pouco a
força de seu braço repressivo ante a celebração da festa, ao menos durante a duração do
evento, onde não há lugares fixos, somente sensibilidades afetadas pela experiência
estética, o que leva por vezes os próprios ambulantes a abandonarem momentaneamente
seu oficio e entregarem-se à dança.

Conclusão

Em face da essência polifônica das cidades (CANEVACCI, 1997), onde


as múltiplas vozes ainda procuram o reforço dos códigos comuns entre seus pares para a
interação social, caberiam então às práticas culturais (na hipótese proposta) a mediação
dos afetos e a proposição dos novos vínculos, em um cenário de ressignificações
urbanas sob a perspectiva social da experiência estética. O movimento que se faz
através da música e da dança reflete-se no corpo que se move, origem das diferentes
significações da cidade e do outro a partir das interações no baile. Assim, sugere-se a
reconstrução do sentido das formas geográficas e simbólicas na ocupação da rua, onde o
movimento é o olhar para o espaço urbano redescoberto coletivamente.
De igual modo, a experiência estética compartilhada sugere a produção de sinos
reproduzidos no espaço contemporâneo. A presente análise, aponta caminhos em
direção à vinculação social do indivíduo no nível simbólico, ao compartilhar não
somente o território, mas uma troca desde a dimensão do imaginário nas relações sociais
observadas até a representações em consequência deste compartilhamento.
Partindo da premissa de Maffesoli sobre a crise de representação13 da sociedade
pós-moderna e a mediação, espaço de crenças, costumes, sonhos, medos (BARBERO,
2003), cumpre observar as vivências culturais mediadas pela arte no lugar construído
através do compartilhar de experiências sensíveis, de uma aproximação entre
identificações e interações sociais que permita construir um diálogo pautado no
universo dos afetos e vivências.
Assim, na perspectiva da construção de subjetividades, a experiência partilhada
foi analisada sob a possibilidade de romper com o signo da separação entre grupos
sociais pela lógica do espaço delimitado por bairros, ou comunidades, e no caso da
Lapa, especificamente, onde convém salientar que o constante atravessamento do
espaço por forças de Estado com fins de ordenamento social permite pensar práticas de
resistência por parte de trabalhadores e moradores do local.
Na construção do argumento de que a comunicação opera sob a novidade e o
conflito, convém verificar as relações estabelecidas na convivência entre diferentes
níveis socioeconômicos no que tange à experiência com o universo das artes pelos
frequentadores do baile, ao constituírem a possibilidade de expressarem a si mesmos e a
sua realidade nos movimentos da dança. O resgate da vinculação social pela experiência
então ocorreria na contraposição da hexis14 ao ethos de divisão social. Pela produção do
sentido, entende-se a experiência estética e a consequente sensibilização pelo hábito das
vivências socioculturais em grupo, em que Vattimo (1989) vai reforçar a modificação

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Crise da representação: momento em que um corpo social não tem mais consciência do que é , a partir
daí não tem mais confiança no que é (MAFFESOLI, 2007, p.186).
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Experiência geradora de consciência crítica (SODRE, 2009)
da sociedade, assim como Walter Benjamin (1985) já preconizara em seu texto Magia e
técnica, arte e Política, sobre os usos da arte para a política e dos exercícios do ver na
sociedade moderna.
Posicionamo-nos assim no pensamento de que as apropriações urbanas e as
ocupações culturais beneficiam os espaços onde se inserem, transformando as
perspectivas dos sujeitos em relação a si mesmos, ao outro e à cidade como construção
simbólica, sensível, dos sujeitos que nela vivem. Sendo a rua um fato da vida das
cidades (RIO, 1908), lugar ocupado constantemente em lutas políticas, apropriações do
Estado e conflitos simbólicos, cabe de fato perceber, por meio da experiência sensível, o
lugar do sujeito na percepção da cidade, tida aqui como meio onde as subjetividades se
constituem e essencial para pensar a contemporaneidade.Não se trata de traçar perfis
definitivos a priori, mas pretender o que Maffesoli (1998) já conceituara como
compreensão a posteriori, atendo-se à vivência para expor-se à dúvida, fomentando
uma percepção política do fruir estético. Através da experiência com a festa, sugere-se
uma identificação que faça emergir uma possibilidade de criar um olhar não só crítico
como compreensivo sobre si, e sobre o espaço da cidade, ou, como sugere o sociólogo
francês Edgar Morin:
Lembremo-nos de que nenhuma técnica de comunicação, o telefone à
Internet, traz por si mesmo a compreensão. A compreensão não pode ser
quantificada, (mas pode) ensinar a compreensão entre as pessoas como
condição e garantia da solidariedade intelectual e moral da humanidade
(MORIN, 2000, p.93).

Compreender é, desde modo, para além de uma possibilidade retórica, a


alternativa libertária que perpassa a realidade das cidades e viabiliza a potencialização
da vida dos sujeitos inseridos nos cotidianos da urbanidade, que compõem os fluxos
comunicativos e sensíveis que a constituem. Assim, a proposta desse trabalho,
salvaguardadas as limitações deste texto, é construir um olhar sensível até o outro para
além do visível, longe de onde os muros sociais reverberam a identidade do
afastamento, ou o que se sugere na perspectiva do escritor José Saramago: “Se podes
olhar, vê. Se podes ver, repara". Dialogando em última instância com Maffesoli, além
de reparar, torna-se necessário aproximar-se e compreender.
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