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17th to 19th of oct 2019

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obras
EmMeio#11

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ervas aromáticas e medicinais, benditos,
Tutunho, o taumaturgo
rezas, profecias, línguas estranhas, zaum,
EmMeio#11

Tutunho, the thaumaturge Tutunho, irônica e profeticamente, anun-


cia o colapso dos paradigmas médicos ab-
Antonio Wellington de Oliveira solutos ocidentais, sua validade e seu com-
Junior (Tutunho); João Vilnei de promisso ético com a cura planetária, com
Oliveira Filho o respeito à diversidade de paradigmas
curativos contrários aos usos comerciais
O centro da mão de Tutunho queima e ele escusos da natureza biopolítica da medi-
cura. Ele é um santo taumaturgo, milagrei- cina no mundo ocidental contemporâneo.
ro, por dom e por nascimento – filho de Não à margem, mas contrabandeado e
uma louca e de um médico, neto de cabo- contrabandeando, Tutunho segue carre-
cla mezeira e doutra parteira médium –, gando o conhecimento tradicional-popu-
ele tem o corpo xamânico ativado, recita lar, a ancestralidade dos pajés, curandei-
rezas fortes e bodeja glossolalias, ouve o ros, santos, loucos, por enquanto, porque
silvo dos espíritos, domina processos de somos “contemporâneos”, absoleto. Por
transmigrações anímicas, biorressonância enquanto. Principalmente para nós, “con-
e cromoterapia intuitivas, cenas catárticas temporâneos”, por enquanto... Esta pes-
e performances que curam. Não é o santo quisa é desenvolvida junto ao Laboratório
quem diz, mas os que foram tocados por de Investigação em Corpo, Comunicação e
ele. Com pequenas lanternas de LED, celo- Arte-LICCA e ao Instituto de Investigação
fanes coloridos, incensos, óleos essências, em Design, Media e Cultura-ID+.

“Tutunho, o taumaturgo”. Performance de Antonio Wellington de Oliveir Jr. e João Vilnei de Oliveira Filho, 2018.
Foto/Print Screen: Antonio Wellington de Oliveira Jr. (Tutunho).

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dialogue is more detailed and private
I Am Here
if the other person is closer; loud and
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crowded environments are a constraint


Bruna Sousa; Bruno Coelho,
for comfortable communication. Ha-
Penausa Machado
ving this established, we defined that
the communication will be clear with
Our relationship with digital devices has
only one person; the more people look
changed as they act as mediators in our
at the object, the more obstructed the
daily interactions. Those became more
typography will be; the closer the per-
custom with the growing advances in
son is, the more detailed the sentences
Artificial Intelligence. When a commu-
shown will be; the surrounding noise
nication system adapts to its context, it
will always cause constraints in the
delivers a customized communication,
communication by affecting the weight
enhancing the impact of the visual mes-
of the typography.
sage. Our communication and interac-
This project was developed in
tion with other humans is increasingly
OpenFrameworks, for face detection, and
digital, so we explore the possibility of a
Processing, for data analyzes, develop-
digital object that communicates throu-
ment of the interaction and visuals.
gh human characteristics.
Humanizing a usually static
I Am Here explores the behavior of
communication object would make it
a poster with shy characteristics by simu-
more relatable? How will that affect the
lating the struggle of a visual communi-
communication of the message? This shy
cation object to express a message under
poster is the first step of a project that
the changing circumstances of the public
will develop posters with several perso-
space. Instead of communicating in the
nalities to understand the impact of this
same way — regardless of the characte-
approach in visual communication.
ristics of its surroundings and audience
— it adapts to different contexts.
Figure: Poster reacting to four different
To represent a shy personality we circumstances — no people observing, one
defined four rules, considering that: a person observing from a distance in a noisy
shy person prefers to express thoughts environment, one person observing close and
to fewer people; the content of the a lot of people observing.

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Visualização interna da caixa a partir do orifício localizado na parte frontal da caixa.

Geomidias O projeto Geomidias desenvolve-se na


EmMeio#11

cidade do Porto, quando os artistas per-


Camila Mangueira; cebem a presença de pequenas conchas
Fabrício Fava na composição dos pavimentos urbanos.
Durante seis meses de exploração guia-
Geomidias questiona processos senso- da pelas conchas, os locais descobertos
riais e experiências afetivas na constru- tiveram sua localização registrada. As
ção de relações com o espaço urbano experiências afetivas geradas por esses
em um contexto cultural mediado por percursos conduziram à reflexão sobre a
tecnologias e mídias digitais. À medida jornada das conchas para esses lugares.
que sistemas digitais de geolocalização Como pequenos fósseis, são arquivos de
(como o Google Maps) promovem esta- construção da cidade, como também,
dos simultâneos de presença e ausência, são dotados de informação sobre seu
precisamos enxergar para além da tela próprio período de formação e, logo,
se pretendermos perceber aquilo que se das transformações da Terra. Assim, são
faz extensivo a nós, às tecnologias e ao também mídias, e remetem a uma ten-
ambiente. Isto inclui pensar as mídias di- dência da natureza de marcar e reter;
gitais como elementos do espaço, como um movimento característico do gesto
também, refletir sobre outras materiali- fotográfico. A consideração desses mate-
dades que assumem o papel de mídias. riais como mídias contemporâneas e da

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fotografia como possível ato de fossiliza- faz alusão aos monóculos utilizados para
ção do tempo provocam uma inversão a apreciação de matrizes fotográficas.
do olhar. O projeto é composto por cinco Cada caixa dispõe também de um QrCo-
caixas escuras que convidam o expecta- de que apresenta a localização das con-
dor a observar o ambiente referenciado chas na cidade: um convite lúdico para a
pelas conchas na cidade do Porto. As continuidade das buscas e da percepção
caixas remetem a câmeras fotográficas das Geomidias.
pinhole, cujo orifício de entrada de luz é Palavras-chave: arte-mídia, foto-
acionado simbolicamente por cada con- grafia, geolocalização, geomidias, arque-
cha. O mecanismo de visão através delas ologia das mídias.

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atemporal da Pintura. A verticalidade pro-
Aterramento em
posta pela montagem da obra sugere ain-
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alto-mar da a visão hierática dessa matéria-cor, da


terra enclausurada, que cotidianamente
Cecilia Mori é experimentada na sua horizontalidade,
como o piso por onde andamos.
Aterramento em alto-mar faz parte da Com a peneiração do solo cole-
série Aterramentos, composta de para- tado, as matérias (pedregulhos, gra-
lelepípedos de acrílico transparente de mas, minhocas e afins) encontradas são
100cm x 3cm x 3cm com terra de dife- descartadas e aquilo que poderia iden-
rentes cidades como Brasília e Lisboa tificar essa porção de terra como um
associados a imagens fotográficas ou a determinado território é retirado, per-
desenhos de nós e laços de tricô. Nesses manecendo apenas o pigmento, a pin-
trabalhos, as cidades que têm sua terra tura pulverizada. Essa poeira, que antes
coletada remetem ao percurso traçado fora terra, se torna uma pequena vitrine
pelas famílias portuguesas que migraram de pintura com a desmaterialização físi-
para o Brasil. Assim, a série busca resgatar ca do território. Enquanto vitrine, atiça
os laços familiares sem perder de vista o o olhar mas impede o tato. Enquanto
desequilíbrio afetivo instaurado nos en- vitrine-objeto, isola mas guarda a po-
contros culturais. eira-pintura. Ao ser deslocado de seu
Pensando o solo como local de me- espaço originário, essa terra agora en-
mória, a obra apresentada na exposição capsulada evidencia a reverberação da
EmMeio contém terra e fotografias de Bra- memória que, apesar de minha, a exis-
sília, última cidade vivida por meus avós e tência me precede.
minha cidade natal. A porção de terra ar- Por fim, o esvaziamento potente
mazenada se forma, com isso, como uma do corpo pictórico se associa ao esvazia-
cápsula da cidade e, enquanto essa amos- mento de referência com as imagens fo-
tragem, essa terra evoca toda a ancestra- tográficas, fixadas ao lado, que mostram
lidade. Ao mesmo tempo em que a his- uma paisagem desconhecida e descon-
tória familiar se confunde com a história textualizada de Brasília sob neve no início
da cidade, a terra guardada se apresenta, dos anos 1960. Ainda uma cidade por vir,
em Aterramento em alto-mar, com a força já habitada, mas ainda desértica.

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“Aterramento em alto-mar” é uma pequena instalação de parede, de aproximadamente
100 x 40cm, composta de um paralelepípedo de acrílico de 100 x 3 x 3 cm transparente
preenchido com a terra de Brasília. O objeto de acrílico é posicionado sobre uma peque-
na prateleira (3,5 x 3,5cm) de ferro em oxidação fixado ao lado de duas fotografias de 10
x 18cm de família de paisagens da capital brasileira.

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pode atribuir características de gênero.
Dois e três pinos
Configura uma espécie de limite (Blan-
EmMeio#11

Two and three prongs chot, 1970), mas que não se define (Bar-
thes, 2003). Pode-se tratar, assim, de um
Denise Conceição Ferraz entre-lugar, de uma fronteira borrada,
de Camargo; também equiparável ao vazio, ao silên-
Fernando Luiz Fogliano
cio, e, paradoxalmente, a um lugar em
que se dão os jogos de linguagem.
Após a troca da instalação elétrica de uma
É com este contexto simbólico
casa tomadas já obsoletas, cujo destino
que este trabalho opera ao fazer uso de
seria o descarte para reciclagem, foram
discursos, dos jogos de linguagem (Wit-
resgatadas pelos artistas e transformadas
tgeinstein, 2009), do uso político da lin-
em matéria para o objeto-instalação “Dois
guagem e das metáforas (Lakoff, 2002) e
e três pinos”, como ficou nomeado, em
das narrativas dela decorrentes, baseadas
alusão à obra conceitual “Uma e três ca-
em notícias falsas, recusa a dados oficiais,
deiras” (1963), de Joseph Kosuth.
inclusive a fatos históricos, que têm gera-
A construção abstrata e escultural
do um retorno a padrões antiquados, já
do objeto instalacional tem como supor-
superados, inclusive os discursos de ódio
te uma caixa que permite ao observador
e violência, mas em curso na sociedade
visualizar a estrutura interna da obra e
brasileira desde as eleições de outubro
interagir com ela. Às tomadas de dois
de 2018, e que se confrontam com o que
pinos, que tiveram sua produção descon-
podemos, ou não, considerar como ver-
tinuada no País e estão em desuso, desde
dade (Changeux, 2013).
2009, dispostas no interior da caixa, está
O trabalho tem como objetivo
conectada uma placa arduino que favo-
permitir ao observador-interator esta-
rece os processos e as ações de interação
belecer reconexões nas tomadas de três
nos fragmentos de discursos retrógrados,
pinos, em sua segurança e adequação
de ódio, violência e fake news, em curso
aos padrões. Isso faz que os discursos ali-
no Brasil de 2019.
mentados no objeto-instalação possam
O “neutro” existente nas tomadas de
ser revertidos e transformados, criando
três pinos atualmente utilizadas no país,
uma nova ordem para as emoções que
as torna mais seguras. Por isso mesmo, as
compartilhamos e que nos tocam neste
tomadas antigas de dois pinos, desprovi-
contexto político, social e cultural do País.
das desse espaço, são inadequadas aos
Propõe, assim, uma experiência interati-
atuais padrões de segurança. Ao declarar
va que consiste em transformar os dis-
o retorno à sua produção, o senhor que
cursos antidemocráticos, abrindo diálo-
ocupa a presidência da República do Bra-
gos possíveis e para além dos binarismos
sil, cria uma metáfora para o conjunto de
das estratégias de manutenção do poder.
reterocessos que assola o País.
Assim, etapas desse processo criativo e
Na gramática, o termo “neutro” de-
tecnológico serão exibidas em um vídeo
fine nomes ou palavras às quais não se

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de cerca de 3 min, contendo imagens,
paisagens sonoras, mapas e diagramas
que constituem a memória do trabalho
em processo.
Ao fornecer possibilidades de inte-
ração para criar novas conexões a partir
de um dispositivo obsoleto, e, portanto,
desconstruir e recriar esses discursos, de-
sencadeia-se o desejo de compor novos
modelos de realidade assentados na ne-
cessidade de compartilhamento de emo-
ções sociais (Damasio, 1996), neste caso,
geradas pelo ideal de pertencimento aos
valores democráticos.

Tomadas obsoletas: peças e acessórios na constru-


ção do objeto-instalação interativo.

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Nosso processo de criar moscas
Moscas Transgênicas
transgênicas parte dessas questões so-
EmMeio#11

bre a forma como a ciência e a arte veem


Fabíola Fonseca; João Agreli;
produzindo mundos. Para tanto, essa
Carlos Ueira; Cesar Baio;
Francisco Moura; Levy Mota criação aconteceu no laboratório de ge-
nética, vinculado ao Departamento de
Biotecnologia da Universidade Federal de
O que nos atrai tanto para as moscas Uberlândia (UFU), Brasil. Acompanhamos,
transgênicas? Como produzi-las? Como durante esse processo, a produção do
elas trazem outras possibilidades de conhecimento científico no laboratório
composição com o mundo? Como produ- até propormos esse projeto que resultou
zimos um mundo com elas? Esses ques- na produção do livro de artista intitulado
tionamentos permearam todo o nosso “Manual de como fazer sua mosca trans-
processo criativo. Produzimos moscas gênica” (Fabíola Fonseca/ João Agreli/ Ro-
transgênicas para fazer essa composição semário Sousa/ Alexandre Carvalho) e da
entre ciência e arte e perceber como am- vídeo performance “Moscas transgênicas”.
bas vem lançando fagulhas para produzir A vídeo performance “Moscas transgêni-
nossos mundos. Do laboratório à galeria cas” apresenta imagens das moscas den-
de arte. Pensar nessas moscas é atritar as tro de um frasco contendo meio de cultu-
fronteiras entre ciência e arte. É compor, ra a base de fubá que serve de alimento
é produzir outras possibilidades para ci- para elas. Levantamos a questão: como
ência e para arte. convivemos com esses voos?

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no formato da vídeo performance, na
Ponto Cego
qual performaram alunos dos cursos de
EmMeio#11

biologia, artes e teatro. Na ocasião, os


Fabíola Fonseca; Reno Almeida;
performances se organizaram no formato
Cesar Baio
de um quadrado e vestiram seus os jale-
cos brancos, luvas e máscaras. Nos bolsos
A performance Ponto Cego faz parte do
de cada jaleco havia uma placa de Petri
projeto de pesquisa intitulado Protocolo
contendo meio de cultura (ágar batata),
Fungo, desenvolvido como pesquisa de
que serve de alimentos para microorga-
pós-doutorado na Universidade Federal
nismos que irão aderir. Após se vestirem,
do Ceará. Queremos, com essa perfor-
eles ficavam andando e transitando por
mance, levantar questões sobre a forma
entre as pessoas para coletar os esporos
como a ciência e a tecnologia impactam
de fungos e bactérias que estavam no
nossas vidas e tem mudado nossas rela-
ar. As pessoas que passavam pela praça
ções entre nós e com nós mesmos. Nes-
interagiam com eles, mas nessa situação
sa performance tomamos as câmeras de
eles entregavam um cartão de visita com
segurança 360˚ como ponto de partida,
o perfil do projeto nas redes sociais. Gra-
uma vez que elas estão o tempo todo
vamos o som das conversas das pessoas
nos capturando, embora isso não cause
na praça, dos carros passando, dos ven-
mais tanto estranhamento. Essas câme-
dedores ambulantes gritando.
ras 360˚ têm a peculiaridade de não ter
Ali naquele momento ciência e
ponto cego.
arte modificaram a dinâmica da praça,
A performance aconteceu na praça
criaram outra paisagem, outros afectos,
do Ferreira, em Fortaleza-CE, Brasil no pri-
outras possibilidades. Era isso que alme-
meiro semestre de 2019 e foi feito um re-
jávamos produzir.
gistro em vídeo, posteriormente editado

Ficha técnica
Direção: Fabíola Fonseca
Autores e roteiristas: Fabíola Fonseca, Reno Almeida,
Cesar Baio
Diretor de fotografia: Guilherme Silva
Diretor de áudio: Francisco Feitosa Moura Filho
Editor de vídeo: Levy Mota
Performances: Levy Mota, Juliana Tavares, Ada Kroef,
Denilson Lima, Tieta Macau, Renan Sidney, Icaro Limas,
Luan Castelo, Nathália Coehl, Aracy Frutuoso, Jô.

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Encontros (que vão do mais uniforme – sem mistu-
EmMeio#11

ra) ao mais mesclado, sendo que o 100 de


Gilbertto Prado cada lado é idêntico. Ou seja, os últimos de
Grupo Poéticas Digitais cada lado são os da própria “linha” da mis-
tura das águas. Cabe lembrar que quando
Encontros é uma instalação interativa de os celulares se movimentam no trilho, é
2012, de Gilbertto Prado com o Grupo esse deslocamento que vai acionando a
Poéticas Digitais. A obra é composta por mudança nos distintos níveis de coloração.
uma base de madeira, celulares, mola, Dos mais uniformes que estão nas pontas
motores, placas Arduíno, interfaces e dis- do dispositivo ao centro da obra, onde as
positivos eletrônicos e Wi-fi. águas se mesclam nas telas dos celulares.
Os dois aparelhos celulares exibem O dispositivo, ao mesmo tempo que
vídeos realizados em viagem pelo Rio Ama- vai passando os vídeos, busca informações
zonas de fluxos de águas de duas tonalida- em tempo real, de modo a refletir as mu-
des distintas: de um lado, a predominância danças das marés e das fases da lua, de um
da cor preta e, do outro da cor marrom. O lado, em contraponto ao fluxo de acesso à
Encontro das Águas é um fenômeno que palavra “encontro” em diversos idiomas, do
acontece no Amazonas após a confluência outro. A mola, ao mesmo tempo em que
do Rio Solimões, de água cor ocre, barrenta, distende, tensiona, demarcando o espaço
com o Rio Negro, de água escura. Durante e o curso do fluxo/movimento.
um trecho de seis quilômetros os dois rios Nos breves momentos de quase en-
ficam lado a lado sem misturar suas águas. contro, no limite da aproximação e da com-
O mesmo acontece nos arredores de San- pressão da mola, é possível notar uma leve
tarém (Pará) com os rios Amazonas e Tapa- mistura do marrom e negro das águas que
jós, onde o projeto foi desenvolvido. Nesse se mesclam e simultaneamente a impossi-
trecho de confluência dos rios, o artista se bilidade do encontro.
lança nas águas (na altura de Santarém - Encontros foi apresentado em várias
Pará), amarrado com uma corda presa no exposições como: EmMeio#4, Museu Na-
barco e uma boia na cintura, para desespe- cional da República, Brasília; Continuum -IV
ro do capitão da embarcação e tripulantes. Recife Art and Technology Festival, 2013;
A ideia foi a de ficar com o corpo submerso Singularidades/Anotações - Rumos Artes
e dividido entre as águas pretas e marrom Visuais 1998-2013, Itaú Cultural, 2014; 16Th
para realizar os vídeos da instalação. Biennale Media Art WRO, Wroclaw, Polonia,
Em cada um dos dois celulares da 2015; ISEA 2017/16 Image Festival, Mani-
obra temos 10 distintos vídeos da parte de zales, Colombia, 2017; Circuito Alameda,
água marrom e 10 vídeos do lado negro. Laboratorio Arte Alameda, México, 2018.

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Figura 1. Encontros: Diagrama da obra aponta a direção das forças resultantes do movimento,
bem como suas modulações, ondas e intensidades; Museu Nacional de Brasília, 2012; Encontro
das Águas, confluência dos rios Negro e Solimões.

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No tempo do desenho: informação para a avaliação das ima-
EmMeio#11

acção e padecimento gens e dos territórios representados.


The act of sustaining and feel in Referimo-nos à representação advém
drawing do tempo como substância do espaço,
consequentemente o espaço subme-
tido à experiência do tempo, tomando
Graça Maria Alves dos Santos
Magalhães como premissa o comprometimento do
desenho com um tempo ancestral, que
A presente proposta resulta de um traba- caracteriza a natureza e a representação,
lho individual de desenho feito no âmbi- concretizado através da manualidade,
to do projecto Desenhar a Essência dos Lu- também ela, profundamente associada à
gares que procura contribuir, no âmbito construção dos territórios e da paisagem.
das politicas de território, para a valoriza- Na experiência de desenho que
ção de um espaço sócio e culturalmente nos propomos aqui comentar a percep-
diminuído, inscrevendo o desenho como ção é mediadora entre a estranheza do
instrumento artístico, assumido como testemunho e a familiar proximidade do
referente iconográfico, politicamente sentir, aproximando a narração da his-
participativo, conjugando percepção in- tória, a dos fantasmas do passado e dos
dividual e modelos da história. O que se sonhos do futuro. Reaparições estranhas,
pretende demonstrar é como as imagens formas universais do sentir, sobrevivên-
que resultam da percepção e da prática cias vulneráveis, são formulações em que
do desenho in situ se comportam como o que aparece não é o simulacro perdido
referentes para a representação da paisa- do lugar, mas sim, a sua sobrevivência
gem e territórios específicos. endémica. A representação no limite do
Genericamente, quais os factores paradoxal, pelo desejo de representar o
de associação e/ou disjunção entre as ausente, consumada em imagens, acções
imagens e o que lhes dá origem? Parti- significantes, expressas na descontinui-
cularmente, com se inscreve o tempo na dade do tempo. Neste caso, a realidade
percepção e representação da paisagem? da imagem não será nunca redutível à
Metodologicamente procurou-se história; pelo contrário, a imagem mostra
o encontro com a experiência, livre de ao desenhador o que está em perda no
constrangimentos, capaz de fornecer objecto representado.

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Graça Magalhães, Lugar ausente, 2019, 1000x700mm, grafite e tinta sobre papel

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nós não conseguimos tornou presente no cotidiano da popu-
EmMeio#11

ver o que aconteceu lação em meio aos desdobramentos do


we could not see what happened processo das eleições para presidência
em 2018. Como arcabouço estético for-
Performance Sonora - 15’ mal, o sensacionalismo e a carga emo-
cional de tensão e intriga são utilizados
como elementos experimentais de uma
Ianni Luna
espécie de não-narrativa. A temporalida-
de como dimensão causal é atravessada
A performance sonora “Nós não conse-
por deslocamentos que sugerem ruptu-
guimos ver o que aconteceu/ we could
ras contextuais gerando estranhamentos
not see what happened” de 2019, é um
e surpresas, na tentativa de abrir as possi-
trabalho que resulta de material de di-
bilidades de fruição e crítica.
versas fontes, como samplers, field recor-
A qualidade envolvente do fenô-
dings feitos em primeira mão e sintetiza-
meno sonoro, capaz de convidar às rea-
dores digitais. O material é apresentado
lidades paralelas, imaginativas; carrega
como performance sonora a partir de
uma potencialidade afetiva que tange as
material em áudio pré-produzido e ma-
subjetividades compartilhadas. Por meio
nipulado ao vivo através do software
do pensamento e imaginação sonoros
Ableton Live. Uma paisagem sonora fic-
a experiência adquire um caráter de ex-
tícia é construída por meio de elemen-
pansão. Expandimos o espaço imediato
tos sônicos que se sobrepõem como
em função de dimensões intangíveis. As
camadas de sentido que aos poucos se
artes do som condicionam um espaço
delineiam sem que uma linha narrativa
real e conceitual para imaginar outras
seja proposta em definitivo. Sonoridades
maneiras pelas quais as coisas são ou po-
sintéticas são mescladas a gravações de
deriam ser. Nesse sentido, propõe-se que
ambientes naturais em estúdio, a partir
as vivências auditivas em situação estéti-
de técnicas de pós-produção que se uti-
ca possam ser entendidas em termos de
lizam de efeitos digitais.
uma função produtiva de realidades po-
Um possível subtexto desse traba-
éticas, no que expandem os significados
lho se relaciona ao gênero reportagem
de como vivenciamos e compartilhamos
jornalística, que, frente aos acontecimen-
a realidade e a imaginação.
tos políticos do Brasil contemporâneo, se

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intenção de esconder os fios ou qualquer
Sensível Tecnológico
demonstração maquínica da escultura.
EmMeio#11

No ato de elucidar sua composição in-


Joana Burd
terna, existe a afirmação da manufatura,
em expor suas suas recomposições e co-
O impulso de ˜Sensível Tecnológico˜ é
lagens íntimas.
gerar estranhamento por ser uma mão
O interator é convidado a pres-
familiarmente “orgânica” transformada
sionar sua mão contra o objeto mão. Tal
em máquina, translúcida e vibratória.
ação comprime uma mola de metal e faz
No contrafluxo da obsolescência progra-
o objeto vibrar ao conectar seu circuito
mada esta obra reutiliza componentes
interno. A percepção da tatilidade vibra-
de dois telemóveis e de uma máquina
tória do sistema criado varia de acordo
de espremer laranjas. O material trans-
com a pressão e com o tamanho da área
lúcido (resina cristal) admite que não há
de contato.

Resina cristal, verniz vitral, mola de espremedor de


laranja, parafusos e dois motores vibracall.
35 x 35 x 40 cm

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Accept / Messenger in a Mouth
Cuntemporary Artists Presents (Marne Lucas/Joanne Leah)
2018, 13 x 40” (33.02 x 101.6cm), archival pigment print on Hahnemuhle paper, mounted on Gatorboard (unfra-
med) $2500, edition 1/5

Wet Passenger Duncan, about twin girls and astral pro-


EmMeio#11

jection. I started to ‘practice’ leaving my


CUNTEMPORARY ARTISTS PRESENTS body as I fell asleep at night.”
Joanne Leah and Marne Lucas She is expanding on a body of work
(USA) titled, Acid Mass. The series is inspired by
her own personal experiences with the
Joanne Leah’s work is about sensation, unreal, by acts of rebellion and psychede-
wanting the viewer to feel what her lic voyeurism that she repeated frequently
subject feels using their own sensual in- as a teen. “The acid mass of my adoles-
terpretations. Leah grew up with an es- cence would begin on a Saturday night,
tranged/strange relationship to her own taking LSD and going to a rave that would
body: “I have always felt awkward and last until early Sunday morning, when my
clumsy in my body. In third grade I had mother would force me to go to Catholic
an intense growth spurt and was sud- church, not realizing I was hallucinating.
denly the tallest in my class. Throughout My work is based on my perception of
the rest of my childhood and adolescen- that experience: ritualistic, cultish, surreal
ce, I struggled with some level of body and somewhat violent. By freeing oursel-
dysmorphia and often fantasized about ves from these constraints of physicality,
being someone else. I would repeate- we vividly bend and lurch into new struc-
dly check out the book from the school tures. I continually experiment with enga-
library, Stranger with My Face, by Lois ging in methods of bodily detachment.”

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Marne Lucas aka CuntemporaryAr- (1995), and later a live hospital birth in
tist is an infrared video pioneer, using INCIDENT ENERGY (2013-15). Her solo
thermal imaging technology often as- short film HAUTE FLASH (2017) depicts
sociated with military, aerial or border the hormonal changes of menopause
surveillance. A New York based multi- as a transformation of energy into a new
disciplinary artist, Marne works at the power. The use of military-grade infrared
intersection of art, feminism and health. imaging gear (surveillance cameras, bi-
Inspired by the Dharma Art, and palliati- noculars and rifle scopes) is the means of
ve care movements, using photography, digital image capture, but is also the sur-
video and sculpture, working in concep- real aesthetic itself; illustrating actual ra-
tual overlaps: life’s energy, the environ- pid heating & cooling temperature chan-
ment, beauty, identity and mortality and ges in people and objects. Unseen by the
transformation. human eye, heat appears white and cold
Her groundbreaking black & white turns black, in real time with no special
infrared video work began in collabora- effects. Objects, landscapes and people
tion with Jacob Pander as they depicted have seemingly “negative film” qualities,
the literal heat of sexual union firsthand possessing glowing transparency while
in the cult short film THE OPERATION maintaining surface reflections.

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distribui a dor por toda a perna, sendo o
Péformance – performan-
pé o lugar que mais me faz reclamar.
EmMeio#11

ces feitas com os pés Perdi força e músculos na perna,


Péformance – feet performances que afinou depois da crise de 2018 e não
deve voltar ao que era antes disso. Não
João Vilnei de Oliveira Filho consigo correr (ainda) e tenho, com algu-
ma frequência, espasmos que não con-
Em março de 2018, fui diagnosticado trolo, em diferentes partes da perna.
com uma hérnia volumosa na lombar, A série que compõe a “Péformance
entre as vértebras L5 e S1. Os três orto- – performances feitas com os pés” apre-
pedistas que viram a minha ressonância senta, no meu canal do Youtube, vídeos
magnética foram unânimes: em casos dos meus pés fazendo o melhor que po-
como o meu, a recomendação seria ope- dem para serem meus pés,. No #18ART,
rar. Imediatamente. minha expectativa é fazer, durante os dias
Não operei. Desde 2018, trato com de evento, transmissões ao vivo dos meus
fisioterapia, pilates, analgésicos, acupun- pés em ação, caminhando pelo espaço
tura e alongamentos uma condição física do congresso, enquanto um ecrã, ligado
que me limita os movimentos e faz-me à internet, reproduz a imagem da trans-
sentir dores constantes no pé esquerdo. missão. No final, os vídeos realizados no
O nervo pressionado, na altura da lombar, #18ART farão parte da série, no canal..

21
acomodando em outras partes da cida-
Marcha-vaga
de, como o Lago Sul. Chegar ao Setor
EmMeio#11

[Grupo Vaga-Mundo: Poéticas Nômades]


de Embaixadas já exige uma certa pro-
gramação. Não há acesso simples, nem
Karina Dias; Júlia Milward;
transporte público. Nos organizamos em
Ludmilla Alves; Levi Orthof;
Iris Helena; Luiz Olivieri; caronas, carros particulares e/ou táxis e
Tatiana Terra; César Becker; aplicativos de transporte. Temos cader-
Luciana Paiva nos e máquinas fotográficas em mãos.
Sapatos confortáveis para caminhar,
Ao longo de 1080 dias, o grupo Grupo chapéus, lanches, óculos escuros. Olhos
Vaga-mundo: poéticas nômades (CNPq) secos. Escolhemos os meses mais secos
teve como objetivo realizar uma volta ao pois não há abrigo para a chuva nesses
mundo, sem sair de Brasília, o que com- percursos, nem para o sol… Nos movía-
preendeu expedições a pé aos Setores mos em distâncias que se dilatavam ou
de Embaixadas Sul e Norte da cidade. contraíam de acordo com o calor e a bai-
Durante três anos caminhamos juntos, xa umidade relativa do ar.
estrangeiros no próprio território percor- Caminhamos, portanto, à margem
remos distâncias variadas pela cidade- desta representação de mundo oficial
-mundo. Um dos pontos de partida para que é o setor de embaixadas. Nossa volta
que a expedição do grupo ao redor do ao mundo foi uma volta ao redor, na bor-
setor de embaixadas ganhasse contorno, da, no limite de encontro entre territórios
foi a obra Volta ao Mundo em 80 dias, de determinados pelas ásperas fronteiras
Jules Verne. Observamos o mapeamen- físicas que demarcam cada um dos espa-
to das embaixadas no plano de Brasília. ços simbólicos que percorremos.
A maioria situa-se no setor de embaixa- Nossa caminhada-contorno recor-
das, outras, porém, surgiram e foram se ta o espaço sem deixar marcas rígidas:

22
algumas pegadas, olhares lançados e pela cidade-mundo, compreendemos
desviados. Medimos a extensão do cami- que o espaço se desenhava em função de
nho em cansaço e algumas horas, horas nossos deslocamentos e de nossos afe-
que viraram dias que, por sua vez, vira- tos. Enquanto cruzamos fronteiras ima-
ram alguns anos de conversas e observa- ginadas nessa geografia vivida, inventa-
ções, de algumas coletas e registros, mas, mos o nosso passo, uma marcha-vaga. A
principalmente de inúmeros encontros. vídeo-projeção Marcha-vaga apresenta
Aos poucos surge a dimensão do espaço então um corpo-coletivo em movimento
recortado por esse corpo coletivo e ela que, para se deslocar, necessita manter
cabe em uma maquete que pode ser se- a cadência dos passos, o equilíbrio dos
gurada entre as mãos. corpos e o desejo de permanecer junto.
Durante esses três anos caminha- Nessa experiência sensível do espaço,
mos juntos, estrangeiros no próprio ter- criamos lugares, ganhamos terreno (HO-
ritório percorremos distâncias variadas CQUARD, 1997: p.11).

23
Film still, Remembering the Unknown/ Lembrando o Desconhecido (2019)

trauma. Text animations and manipula-


Lembrando o
ted still images resonate and brings to-
EmMeio#11

Desconhecido (2019) gether poetic and philosophical accou-


Remembering the Unknown (2019) nts and themes expanded in the paper
– Writing in Body – The Dark Matter of
Kathleen Rogers the Genome. Working from site specific
expanded black and white photography
Video installation composed as 4 x 10 the work offers a subjective account of
minute photo/poetic/essays with dyna- how photography and traumatic events
mic typographic elements representing might share a common structure.
an experiment in life writing based on Producer/Director – Kathleen Ro-
post-genomic epigenetic research into gers with sound design based on compo-
the trans-generational transmission of sitions by Z’ev.

24
• Pedra de diamante
Medicamento
• Água mineral
EmMeio#11

Antroposófico: • Cristais de granada (grãos de areia da


MARavilha Curativa, Praia Vermelha-RJ)
2017/2019 • Água com sal marinho

Krishna Passos

Fig. 2: Água sendo irradiada. Fig. 3: Água com sal,


cristais de granada e água com o diamante e os
cristais em seu interior, para ser ingerida antes do
processo.


Fig. 1: A pedra de diamante usada e os grãos de
Segue abaixo a transcrição das
cristal de granada orientações para a participação. Os pro-
cedimentos e explicação sobre o trabalho:
As potencialidades que temos abordado A sessão de imersão extrassenso-
no decorrer dessas reflexões nos levaram rial foi preparada convergindo diversos
ao projeto de experiência extrassensorial: tipos de frequências, ondas, vibrações e
Medicamento Antroposófico – MARavi- radiações, perceptíveis e imperceptíveis,
lha Curativa. Partindo de uma formulação manifestas nos elementos e forças da na-
intuitiva, nela se cruzam processos misci- tureza selecionados – no caso, forças do
genados que abrangem correntes filosó- mar e de minerais - conhecidas e usadas
ficas, religiosas, artísticas, sensoriais e de há milênios em diferentes culturas, por
autoconhecimento. Para isso o processo suas potencialidades terapêuticas, míti-
envolve princípios da meditação, da alqui- cas, e sagradas.
mia, das notas de Solfeggio, da arte sonora,
da radiestesia, dentre outros, considerados Indicações
aqui, como razões universais, independen-
Leia atentamente as orientações; as-
temente de suas origens ou de racionaliza-
simile somente aquilo que fizer sentido para
ções que os expliquem.
você, participando desse momento apenas
Como elemento fundamentais para
se você se sentir confortável para isso.
o processo foram usados:
Partindo do principio de que os
• Gravações sonoras de ondas do mar ba-
pensamentos e as intenções tem força
tendo contra a Pedra do Arpoador
e poder e de que “uma parte contém
(RJ) em dia de mar revolto (2017).
a essência do todo assim como o todo

25
contém a parte”, você poderá usufruir 7 – A força e o caráter das suas intenções
dessa sessão para obter diversos benefí- serão determinantes para o processo. In-
cios: desde a fruição artística e contem- tencionalmente, mentalize os benefícios
plativa, e o fortalecimento de propósitos não materialistas que você almeja para
pessoais de elevação da consciência, até si, entes queridos e demais seres. Repita
a limpeza de corpos sutis, promovendo o para si internamente
realinhamento psíquico e emocional. 8 – Tire os calçados
9 – Em silêncio, deite-se ou sente-se
Instruções de uso confortavelmente no interior do espaço
e acomode-se tranquilizando os pensa-
Preparação
mento.
1 – Desligue o celular e esqueça-o duran-
Durante a sessão:
te o processo
- Mantenha os olhos fechados
2 – Coloque o aparelho junto aos seus
- Respire pausadamente
pertences, e estes, em local seguro pre-
- Conecte-se apenas com os sons do mar
viamente indicado
- Aproveite o momento para estar ali, pre-
3 – Molhe o dedo na água com sal ma-
sente e plenamente consciente
rinho
- Entregue-se `a experiência e procure
4 – Toque com o dedo molhado os grãos
não se fixar em nenhum pensamento.
de areia, composta de cristais de granada
Quando eles vierem, deixe que passem
5 – Coloque o dedo com os cristais no
- Caso você se distraia, tudo bem: sorria,
topo da cabeça, bem no centro, deposi-
respire fundo e reinicie `as instruções acima
tando alguns grão ali
- Quando o som silenciar totalmente, vol-
6 – Tome um pouco da água fluidifica-
te sem pressa, abra os olhos lentamente,
da com cristal de granada e diamante;
retornando os movimento aos poucos
adormecidos ao relento, em noite de lua
percebendo os benefícios recebidos
nova, e irradiados com a frequência de
528Hertz durante 5 horas

26
Sim, não, talvez máscaras moldadas a partir de seu rosto.
EmMeio#11

O vídeo foi produzido por meio de várias


Leandra Carvalho fotografias sequenciais - técnica chama-
da stop-motion-, criando a sensação de
Ano: 2018
um movimento mais mecânico em re-
Vídeo-performance (stopmotion)
Tempo: 2 minutos em loop
lação aos gestos normais realizados por
um corpo humano, remetendo, assim, a
“Sim, não, talvez”, projeto enviado para imagens de manequins ou robôs.
participação na exposição do #18.ART , Na medida em que se veste com
trata-se de um vídeo realizado em 2018. máscaras feitas a partir do próprio ros-
Sua imagem, de certa neutralidade for- to, a artista se mostra e se esconde ao
mal, mostra a parte superior de um cor- mesmo tempo. No trabalho, o distancia-
po centralizado em um cenário vazio de mento da identidade desse corpo vai se
fundo infinito branco. A parte inferior do dando em camadas. Um primeiro distan-
corpo não é mostrada, assim como an- ciamento seria marcado pela pose formal
tebraços e mãos. O corpo veste blusa de que o corpo assume diante da câmera
botão branca e máscaras. - esse representante do outro. Um segun-
Durante o vídeo, esse corpo se mo- do, dar-se-ia a partir da máscara – objeto
vimenta de um lado para o outro man- ambíguo que mostra e esconde. Um ter-
tendo seu eixo centralizado, numa ação ceiro, a partir da fotografia que transfor-
repetitiva de gesto bastante mecânico. ma o conjunto em imagem. Um quarto,
A cada mudança de lado, vemos sobre seriam as imagens que, em sequência,
o rosto uma máscara diferente que vai criam a sensação do movimento.
se modificando constantemente a cada Em linhas gerais, o trabalho vai tan-
virada. Cada máscara traz uma expressão genciar questões de auto representação,
facial distinta e de fácil identificação. de identidade, para abordar também
Para este trabalho, a artista parte pontos como a padronização e mecani-
do próprio corpo como matriz, sendo as zação dos corpos e das emoções.

27
case the style was developed by techni-
Style as meaning –
cal experiments, my personal affinity for
EmMeio#11

case postage stamp historicism and melancholy as well as the


design process stylistic inspiration from earlier works like
Dutch vanitases of 1600’s and the natural
Leena Raappana-Luiro history illustrations made by Ernst Hae-
ckel at the turn of the 20th century. In the
By my works, I want to show the process context of Valentine’s Day postage stamp
that led me to create the style of Valenti- design I had to adapt my style – already
ne’s Day postage stamps of Finland 2018. developed in the fine art context – to
The process started in 2016 as a fine art the commercial interests of the client.
practice – an exhibition – containing By changes in modes like colour and
prints and works combining glass, natu- composition the overall mood of design
re objects and drawings /digital collages. changed from an ambiguous melancholy
After the exhibition, I took part in a pos- to a fairy tale fantasy.
tage stamp contest arranged by Posti
Group, Grafia – The Associ- ation of Visu-
al Communication Designers in Finland
– and Kuvittajat – The Finnish Illustration
Association. As a consequence, I was com-
missioned to design the set of five Valen-
tine’s Day postage stamps to Posti Group.
As Steven Skaggs (2017, xiv) notes
`The graphic design studio provides an
ideal laboratory for semiotic concepts´.
My exhibition presents part of my docto-
ral research which is – for its part – a com-
bination of artistic - /design parts and
research articles. The focus of the rese-
arch is to study, how a fictive illustration
makes meanings and moods through a
multimodal interaction with the typo-
graphy, colour, style and the used media
along with materiality (See Van Leeuwen
2007; Kress 2010).
Style can be regarded as an impor-
The last day of September (2016).
tant semiotic resource (Nodelman 1990,
Art poster (detail).
60; Siefkes & Arielli 2018, 169). In this

28
Des-invenções
EmMeio#11

Dis-inventions

Luciana Maia Coutinho

Os vídeos apresentados (“Des-fazer” e “A The featured videos (“Des-fazer” e “A Mu-


Mulher”) fazem parte de uma série de lher”) are part of a series of ‘techno-poetic
‘ensaios tecno-poéticos’ ou ‘quase-poesia essays’ or ‘machinic quasi-poetry’. As a re-
maquínica’. Fruto de um trabalho mais sult of a broader work, they are the recor-
amplo, são o registro, sob a forma de ding, in the form of a screen capture, of an
captura de tela, de uma interação no ato interaction in the act of performing a kind
da ‘performance’ de uma espécie de jogo of distorted echo game between the artist
de ecos distorcidos entre a artista e o site and the machine translation site. Chance,
de tradução automática. O acaso, aqui, here, is dear material precisely because it
é tratado como material caro justo por is always beyond me and my invention.
estar sempre além de mim e de minha The gesture that observes and captures
invenção. O gesto que observa e captura the moment ‘de-scripts’ or ‘de-routines’
o instante ‘des-roteiriza’ ou ‘des-rotiniza’ the routine, revealing hidden layers of the
a rotina, revelando camadas ocultas do non-extraordinary. The ‘anexact’ through
não-extraordinário. O ‘anexato’ através precision, the surprising through the pro-
da precisão, o surpreendente através grammed. It would be possible to borrow
do programado. Seria possível tomar de Manoel de Barros’s (https://www.revista-
empréstimo a inventividade didática de prosaversoearte.com/manoel-de-barros-
Manoel de Barros (https://www.revista- -poemas/, recuperado em 07, outubro,
prosaversoearte.com/manoel-de-barros- 2019) didactic inventiveness as a contem-
-poemas/, recuperado em 07, outubro, porary quasi-motto when the poet gives us
2019) como um ‘quase-lema’ contempo- the cue in a subtle manifesto calling us to
râneo, quando o poeta nos dá a deixa em “desinvent objects”.
tom de sutil manifesto convocando-nos a Keywords: Art, Process, Video, Poeti-
“desinventar objetos”. cs, Technology.
Palavras-chave: Arte, Processo, Ví-
deo, Poética, Tecnologia.

29
o céu na terra
EmMeio#11

heaven underneath

Luciana Ohira; Sergio Bonilha

Agostinho da Silva (Oporto, 1906 Agostinho da Silva (Oporto, 1906 - Lisbon,


– Lisboa 1994), problematizando o pre- 1994) describes in several philosophical
sente, abordou diversas vezes a singula- essays the “Festa do Divino” as some-
ridade da “Festa do Divino”, celebração thing very unique because it doesn’t refer
de um mundo futuro e não do passado, to an event in the past but for a world to
visando a preparar-nos para uma utopia come, an utopic future where no one will
(Céu-na-Terra) onde não haja desigual- be oppressed or live under unequal con-
dade nem opressão. Numa das “Con- ditions. Invited to take part in a special tv
versas Vadias” (RTP, 1990) Agostinho series titled “Conversas Vadias” (RTP, 1990),
dissera: “me parece é que vamos entrar Agostinho argued about this celebration
numa coisa parecida à que os portu- as the following: “What seems to me is
gueses e alguns italianos intitulavam that we are going into something like the
de Idade do Espírito Santo. Em primeiro utopia that the Portuguese and some Ita-
lugar, a Idade em que as crianças cres- lians called the Age of the Holy Spirit. First,
ceram tanto que a sua espontaneidade this is an era in which children grew to the
e capacidade de sonhar nunca se extin- point that their spontaneity and ability to
guisse e um dia fossem capazes de di- dream became in#nite in a way that those
rigir o mundo. Em segundo que a vida capabilities will be able to guide the world.
fosse gratuita”. Todavia, passados trinta Second, from now on life will be more and
anos, não parece que estejamos tão more free of charge.”. 30 years past, it looks
perto desse futuro entrevisto por Agos- like we are not even close to this utopia…
tinho... A instalação “o céu na terra”, So, “heaven underneath” is an invitation
pautando-se na experiência imanente for questioning through an immanent way
da simples observação dos pássaros sil- of being at the world what means paying
vestres, propõe uma reflexão acerca da more attention over commons and liberty
pertinência dessa antiga utopia. than over property and robbers.
Palavras-chave: Agostinho da Silva, Keywords: Agostinho da Silva, Com-
Comum, Festa do Divino, Neoliberalismo, mons, Festa do Divino, Neoliberalism, Orni-
Ornitologia. thology.

30
Estratégia imanente Mas por que observar pássaros?
Dardot e Laval, em “A Nova Razão Aves silvestres, além de serem em-
do Mundo”, argumentam que o neolibe- pregadas como alegorias da liberdade e
ralismo exerce tamanho controle sobre do Divino Espírito Santo, exemplificam
anseios individuais que apresenta-se bem o conceito de não-propriedade
como um modo natural das coisas; ve- debatido por Michael Hardt em “O Co-
mo-nos como empresas, de modo que, mum no Comunismo”. Então, diante das
nem o ócio está imune a tal pensamento câmeras de segurança, ao substituirmos
econômico e será também guiado por suspeitos por aves livres e vigilância da
noções de desempenho/sucesso. propriedade pela contemplação de com-
A presente proposta pretende tor- mons, esperamos produzir uma metáfora
nar visível tal contexto e questioná-lo imanente do livre viver.
com uma abordagem tão prática quanto Voltando à “Festa do Divino”, se um
a filosofia de Agostinho da Silva. Utilizan- evento nos dá oportunidade de experi-
do-se de dispositivos cotidianos (mobili- mentar uma utopia, o quê ou quem nos
ário urbano, redes telemáticas e sistemas impede de prolongar essa experiência
de vigilância) construirá áreas de ócio de- para o futuro?
dicadas à ornitologia.

Croquis da vista geral.


31
partido, no Rio de Janeiro e seu carro foi
Relações Intercorporais
surpreendido com 13 tiros, onde 4 atin-
EmMeio#11

gem Marielle e 3 atingem seu motorista,


Luciano Mariz
Anderson Gomes, levando-os à óbito.
Neste contexto político-social, observa-
O videoperformance Relações Intercor-
-se um tom de lutas de poder e de rela-
porais é um trabalho experimental do
ções brutais que as tensões políticas e
artista Luciano Mariz mediante pesquisa
sociais podem provocar, apresentando
que está realizando e que busca compre-
uma guerra de classes e uma luta de es-
ender os fenômenos existentes entre o
truturas de poder.
corpo do performer e o corpo da câmera
Relações Intercorporais foi realiza-
em ação performática durante as gra-
do mediante uma ação performática que
vações dos videoperformances. A obra
induz os corpos para um estabelecimen-
foi realizada no contexto político-social
to de relações onde são colocadas em
de 2018 onde as relações de choque de
espaço de performance, estruturas de
visões políticas sociais e econômicas re-
poder que são impostas e sujeitadas por
sultaram no assassinato da vereadora
corpos humanos e não-humanos. Estas
Marielle Franco da Silva. O videoperfor-
relações de poder entre os corpos na ação
mance apresenta uma metáfora destes
são vistas como metáfora das relações de
choques de relações entre corpos e obje-
poder que acarretam em atos de violência
tiva experimentar as potencialidades do
e imposição de poder mediante ação de
corpo-câmera e como este pode afetar o
intimidação das estruturas dominantes de
corpo e as ações do performer.
poder em detrimento das forças encontra-
Relações Intercorporais é um tra-
das nos movimentos sociais e sua ameaça
balho experimental em videoperfor-
à desestabilização deste sistema.
mance que propõe observar as relações
Com estes corpos em ação, ob-
corporais e intelectuais do homem com
servam-se as possibilidades, tensões, in-
os objetos técnicos e toda tecnologia
tenções e disparidades próprias de suas
vigente no fluxo contemporâneo da so-
naturezas, observamos um espaço de
ciedade. Neste trabalho, observa-se um
performance onde corpos que se digla-
performer que se coloca enquanto corpo
diam e violam as bordas espaço-tempo-
biológico na ação e divide esta com um
rais em atos e gestos. Estes atos perfor-
corpo tecnológico presente e atuante no
máticos são provocadas pelas tensões
processo criativo para elaboração do vi-
dos corpos em ação de performance, mo-
deoperformance: a câmera.
tivadas pela relação de jogo implementa-
A realização desta obra acontece
da como dinâmica da ação e observando
mediante o contexto político-social do
a abertura entre os corpos-jogadores
assassinato da vereadora, defensora dos
performáticos em ação.
direitos humanos Marielle Franco no dia
O vídeo encontra-se dividido em
14 de março de 2018, quando se encon-
duas partes, a primeira parte compreende
trava em trânsito após um evento de seu

32
um preâmbulo do videoperformance e no registro audiovisual realizado pela câ-
apresenta um registro quase documental mera e todo o conjunto técnico que foi
do processo, apresentando os momentos constituído. Esta parte trata de um plano
que precedem a ação, é um registro do sequência do jogo instituído entre os
espaço físico e do processo de instituição corpos e apresenta uma congruência de
do espaço performático. ações e impressões dos corpos que es-
A segunda parte do vídeo, compre- truturam toda a obra audiovisual em um
ende no videoperformance que consiste processo de auto-organização.

33
reflexão sobre a vivência da Imagem e a
Terra Sem Sombra | sua possível interpretação como constru-
EmMeio#11

Ceridween ção “objeto do real” em lugar de projeção


subjetiva do mesmo, num mundo ligado
Ludmila Constantino da inevitavelmente à imagem.
Silva Queirós A partir da ideia da filmagem ob-
sessiva (288 vídeos) do meu quotidiano
Perscrutar na vida alheia retalhos da pró- e da sua intenção de partilha, abordando
pria memória, uma memória efémera, a ideia de transgressão, entre a linha que
curta, sem lastro. Uma vida/memória feita separa o privado do público.
de imagens que se confundem entre o es- Está presente a ideia da vida líqui-
paço privado e o público, entre o pessoal da, fragmentada, um quotidiano perscru-
(próprio) e o alheio num mundo virtuali- tado constantemente (“à lupa”) por tudo
zado (ligado por uma rede sem pele). e por todos. As redes sociais e do mundo
Há cada vez mais “janelas” onde que sistematizam a rotina do quotidiano
podemos/procuramos olhar e neste “lu- como uma agenda global de todos e para
gar” a vivência das relações assemelha-se todos desempenham um papel ativo
cada vez mais a estática, ruído visual. nesta procura constante.
Esta instalação audiovisual tem O Tempo e a Memória diluem-se,
como base de construção conceptual a perdendo lastro.

34
Entre-inscrições:
EmMeio#11

reflexões sobre gesto


e silêncio
Ambivalent inscriptions: reflecting on
gesture and silence

Marcelo Gonçalves Ribeiro;


Julie de Araujo Pires

A mesma base de validação da Língua The same validation basis of Portuguese


Oral Portuguesa e da tipografia euro- Oral Language and the European typog-
péia podem formar pontos que apoiam raphy could form points that support some
alguns aspectos institucionais tradicio- traditional institutional aspects. In spite of
nais. Apesar disso, a possível variação that, the possible phonetic variation and
fonética e a realidade aumentada nos the augmented reality helps us to imag-
ajudam a imaginar constelações/mape- ine alternatives constellations/mappings:
amentos alternativos: alguns aspectos some almost imperceptible aspects in the
quase imperceptíveis nas anotações de fragment annotations corresponds to the
fragmentos correspondem à voz e às lin- voice and the sign languages (LGP and
guagens de sinais (LGP e Libras), indica- Libras), indicated by sound and gesture.
das por som e gesto. Desenhos, palavras, Drawings, words, sound and gestures are
sons e gestos são iguais aos pontos em the same as the points on a map and those
um mapa e essas combinações podem combinations can affect or be affected by
afetar ou serem afetadas por processos processes occurring in virtual spaces and in
que ocorrem em espaços virtuais e em our ordinary lives.
nossas vidas cotidianas. Keywords: deafness, gesture, lan-
Palavras-chave: surdez, gesto, lin- guage, affection.
guagem, afeto.

35
Tap Drawing
EmMeio#11

Margarida Bezerra Bastos

Pensar um exercício de desenho é ex- To think of a drawing exercise is to experi-


perimentar uma forma de fixar, mesmo ment with a way of fixing, even temporari-
que temporariamente, um gesto, repe- ly, a gesture, repeated or not in time with a
tido ou não no tempo com um certo certain rhythm, weight, cadence, and se-
ritmo, peso, cadência e sequência, uti- quence, using ways to share these temporal
lizando formas de partilhar essas ações actions. In dance I do the same, but I draw in
temporais. Na dança faço o mesmo, mas the air or on the floor, often leaving only the
desenho no ar ou no chão deixando na reverberation of the sound I make.
memória muitas vezes apenas a rever- Tap Drawing consists of 8/9 draw-
beração do som que produzo. ings made by tap dance technique com-
Tap Drawing consiste em 8/9 dese- plemented by the sound that the shoes re-
nhos realizados pela técnica de sapateado produced when drawing. The process used
complementados pelo som que os sapa- to obtain the drawings was the repetition
tos reproduziam ao desenhar. O processo of dance sequences upon agglomerations
utilizado para obter os desenhos foi a re- of dry powdered materials, which by the
petição de sequências de dança em cima repeated strokes produced the progressive
de aglomerações de materiais secos em removal of the pigments / graphite leaving
pó, que pelas ações percutidas em repeti- a clear trace of the insistent gestures.
ção produziam o afastamento progressivo The media has different sizes and
dos pigmentos/grafite deixando um rasto consistency (different weight paper, can-
evidente dos gestos insistentes. vas fabric, cardboard ...., k-line and back-
Os suportes tem diferentes tama- drop paper) where different branded ma-
nhos e consistência (papel com grama- terials were used (blue pigment, charcoal
gens distintas, tecido de tela, cartão ...., powder, graphite powder and even the
k-line e papel de cenário) onde foram metal of the sole and heel of the tap shoes
utilizados diferentes materiais que pro- that left a small texture on the bracket,
duziam marca (pigmento azul, pó de making it look like a scarring where the
carvão, pó de grafite e inclusive o metal pigments were inscribed.
da sola e tacão dos sapatos de sapateado Keywords/Palabras clave/Mots clefs:.
que deixavam uma pequena textura no Tap-dance, Drawing, Tap, Sound, Music
suporte fazendo como que uma cicratiz
onde os pigmentos se inscrustavam).
Palavras-chave: Sapateado, Dese-
nho, Batimentos, Som, Música

36
37
Espacios de tránsito
EmMeio#11

MarGarrido

La videocreación Espacios de Tránsito FICHA TÉCNICA


(00:02:48, H264, 1920 X 1080) es una re CATEGORÍA: VIDEOCREACIÓN-
exión personal sobre el antes y el des- VIDEOINSTALACIÓN
PAIS: ESPAÑA
pués, la percepción, la naturaleza, el
AÑO DE REALIZACIÓN: 2018
empo y la complejidad que encierran los SONIDO: COMPOSICIÓN SONORA REALIZADA
términos observar y representar. U lizo A PARTIR DE SONIDO DIRECTO EDITADO
la escalera como símbolo del límite, ale- Espacios de tránsito puede proyectarse como
goría de la memoria y elemento dinami- videoinstalación ó como videocreación
monocanal.
zador de contenidos y energías, no sólo
en el plano de lo concreto, sino también Imagen 1. MarGarrido_Espacios deTránsito.
como catalizador de la mirada interior. Imagen 2. MarGarrido_Espacios deTránsito.
Escaleras de tramo recto donde todo está
a la vista, pasado y futuro, con nuidad y
pausa. Escaleras de trazo curvo, repre-
sentación del n de lo visible. Escaleras
que en de ni va tratan de unir –como la
memoria- las partes de un todo irreme-
diablemente separado.
Lo transitorio y la fugacidad del
empo. Ese empo ausente que se nos
escapa entre dos imágenes, dos instan-
tes congelados entre los que se elimina
conscientemente otro momento.
Propongo la interrupción como
un espacio de silencio, escuchar para ex-
plorar el sonido, interrogar a la realidad
y ampliar nuestra percepción. Romper la
linealidad del relato.
Organizar las imágenes como si
fuera posible manipular el empo y hallar
las verdaderas ar culaciones de lo real.
Capturar, detener, recon gurar,
modi car los intervalos. Ralen zar, avan-
zar, retroceder.

38
Espacios de
EmMeio#11

tránsito-túneles

MarGarrido

La videocreación Espacios de Tránsito


(00:02:48, H264, 1920 X 1080) es una re
exión personal sobre el antes y el des-
pués, la percepción, la naturaleza, el
empo y la complejidad que encierran los
términos observar y representar. U lizo
la escalera como símbolo del límite, ale-
goría de la memoria y elemento dinami-
zador de contenidos y energías, no sólo
en el plano de lo concreto, sino también
como catalizador de la mirada interior.
Escaleras de tramo recto donde todo está
a la vista, pasado y futuro, con nuidad y
pausa. Escaleras de trazo curvo, repre-
sentación del n de lo visible. Escaleras
que en de ni va tratan de unir –como la
memoria- las partes de un todo irreme-
diablemente separado.
Lo transitorio y la fugacidad del
empo. Ese empo ausente que se nos
escapa entre dos imágenes, dos instan-
tes congelados entre los que se elimina
conscientemente otro momento.
Propongo la interrupción como
FICHA TÉCNICA:
un espacio de silencio, escuchar para ex-
TÍTULO: ESPACIOS DE TRÁNSITO
plorar el sonido, interrogar a la realidad CATEGORÍA: VIDEOCREACIÓN-VIDEOINSTALACIÓN
y ampliar nuestra percepción. Romper la PAIS: ESPAÑA
linealidad del relato. AÑO DE REALIZACIÓN: 2018
Organizar las imágenes como si SONIDO: COMPOSICIÓN SONORA REALIZADA A
fuera posible manipular el empo y hallar PARTIR DE SONIDO DIRECTO EDITADO
Espacios de tránsito puede proyectarse como
las verdaderas ar culaciones de lo real.
videoinstalación ó como videocreación monocanal.
Capturar, detener, recon gurar,
Imagen 1. MarGarrido_Espacios deTránsito
modi car los intervalos. Ralen zar, avan-
Imagen 2. MarGarrido_Espacios deTránsito: los puentes
zar, retroceder. Imagen 3. MarGarrido_Espacios deTránsito: los túneles

39
de figuras ou textos. A ação performática
CamisetaPerformance:
se desenvolve em ambas as conexões
EmMeio#11

Vamos conversar sobre (presencial e em live) com o performer


feminicídio. deslocando-se em ambientes públicos
(ruas, sala de exposição, praça) vestindo a
Mari Moura camiseta com os dispositivos eletrônicos
ligados e chamando os espectadores para
A obra é uma camiseta/performance, ou conversar, com a frase: Vamos conversar
seja, uma vestimenta para ser usada numa sobre feminicídio! Essa performance toma
performance na qual, o corpo do artista e como inspiração a noção de intercorporei-
a vestimenta se entrelaçam para construir dade do filosofo Merleau-Ponty e a com-
a obra junto do espectador. A vestimenta putação vestível de Steve Mann, usando a
consiste numa camiseta preta com três internet das coisa para instaurar a brecha
bolsos transparentes em plástico vinil, do sensível e da onipresença do corpo
onde são colocados dispositivos eletrôni- como outro modo de ser no mundo. Du-
cos para interagir simultaneamente por rante o acontecimento da performance
meio de uma conversa com espectadores o dispositivo é prolongamento do meu
presenciais e espectadores “ao vivo”, live, corpo, somos, portanto, corpo-coisa, uma
em redes sociais, mas especificamente no certa penetração a distância de sensíveis
instagram: os espectadores presenciais na carne do mundo, nossa relação é inter-
são convidando-os para conversar sobre corpórea. Desse modo, o toque sensível
feminicídio explorando o toque sensível, na tela de um dispositivo pode ser uma
o arrastar e espectar a tela, já os especta- brecha do sentir com o outro, de como
dores on line são convidados a espectar a meu corpo pode despertar o próximo
conversa podendo interagir com comen- e o distante mediados por dispositivos
tários que podem ser textos escritos ou tecnológicos. Corpos que, aproximam-se
figuras. No bolso frontal da vestimenta pela criação de imagens e sons, alargando
é colocado um tablet para interagir com os sentidos de tempo, lugar e espaço. Eu,
espectadores presenciais por meio do uma mulher, permito que o outro toque
acessar a tela para ler notícias de mulheres meu corpo por intermédio da mediação
vítimas de feminicídio, já nos dois bolsos do toque sensível do espectador no dis-
laterais, localizados nas mangas da vesti- positivo, visto que, o toque no dispositivo
menta, são colocados smartphones co- passa a ser um toque no meu corpo, e ao
nectados “ao vivo” em redes sociais para in- mesmo tempo eu o toco por meio de uma
teragir com espectadores transeuntes que conversa sensível sobre um ato violento.
acessam a live e podem participar da con- Esse ato de afetar e ser afetado é suficien-
versa realizando comentários em formato te para constituir o sensível como um ato
artístico, estético e político.

40
CamisetaPerformance: Vamos conver-
sar sobre feminicídio (2019). Registro
da performance sendo realizada no
SESC/GAMA – DF em Março de 2019.

CamisetaPerformance: Vamos conversar sobre feminicídio (2019). Registro da performance sendo realizada no
evento Elas por Elas/ Natal – RN em Agosto de 2019

41
Parede que respira
EmMeio#11

– protótipo 2 (2019)
Breathing wall – prototype 2 (2019)
Maria Ilda Trigo

Maria Ilda Trigo

Como sugere o título, corresponde à se-


gunda versão de um proptótipo que sur-
giu, inicialmente, como estudo para uma
futura instalação, mas acabou por trans-
formar-se ele mesmo em proposição ar-
tística. Trata-se de um objeto que simula
um ambiente composto por uma “parede
que respira”, ou seja, movimenta-se como
se inspirasse e expirasse.
É composto por uma base sobre a
qual estão instalados um suporte vertical
(“parede”) revestido com pelúcia, uma
miniluminária LED e, atrás do suporte ver-
tical, motor DC, responsável pelos movi-
mentos que simulam a respiração. Ao lado
do motor, estará instalada uma pequena
caixa de som que reproduz sons de ins-
piração e expiração, apropriados de sites
livres de compartilhamento de áudio.
A elaboração deste trabalho, no
contexto de minha pesquisa de mestrado,
resulta da percepção de que nenhuma
proposição artística oriunda da experiên-
cia com o arquivo fotográfico poderia al-
mejar uma pureza perdida. No lugar disso, Parede que respira – protótipo 2, 2019. MDF, pelúcia,
ela leva à composição de objetos híbridos, motor DC, miniluminária LED, acetato, caixa de som
usb (mini). 25 cm (altura) X 26 cm (largura) X 41 cm
impuros, por excelência multimidiáticos
(profundidade)
e altamente sensoriais, que solicitam do
espectador ser também afectados, como
antes dele eu fora, pelo arquivo.

42
Devir Self Celular
EmMeio#11

Becoming Celular Self

Maria Manuela Lopes

Devir Self Celular explora o potencial da Devir Celular Self explores the potential
arte como catalizador da ‘comunicação’ of art as a catalyst for ‘communicating’
da terminologia científica, problematiza- scientific terminology, problematizing the
dor das tensões entre bioética e tecno- tensions between bioethics and technolo-
logia e dos processos entre pesquisado- gy, and the processes between researchers
res (artísticos e científicos) e audiências, (artistic and scientific) and audiences, and
e como ela pode ajudar-nos a inovar, how it can help us innovate by looking
olhando para além das construções es- beyond aesthetic constructions that are
téticas que são dadas como certas nas taken for granted in the images. Evoking
imagens. Evocando a maravilha da des- the wonder of discovery offered by the te-
coberta oferecida pela tecnologia e pleas chnology and pleasures of the “new worl-
utopias dos novos mundos e oferecen- ds” and offering an ‘imagined’ view of the
do uma visão ‘imaginada’ da maquinaria spectacular biological machinery that
biológica espetacular que compreende comprises the core of our memories and
o cerne de nossas memórias e nosso es- our essential sense of self. This version is a
sencial sentido de identidade (self ). Esta fixation of the cellular being at a homeos-
versão é uma fixação do ser celular num tatic moment (in the words of Damásio) in
momento homeostático (nas palavras de which each presentation is sustained as a
Damásio) em que cada apresentação é result of a process of regulation by which
sustentada como resultado de um pro- an organism achieves or seeks the constan-
cesso de regulação pelo qual um orga- cy of its balance.
nismo consegue ou procura a constância Keywords:. Drawing, Biology, Ins-
do seu equilíbrio. tallation, Image, Experiment
Palavras-chave: Desenho, Biologia,
Instalação, Imagem, Experiência

43
Black Gold
EmMeio#11

Marta de Menezes; Hege Tapio;


Mark Lipton

Projeto colaborativo de Mark Lipton, A collaborative project by Mark Lipton, Hege


Hege Tapio e Marta de Menezes. Com o Tapio and Marta de Menezes.
objetivo de descobrir cristais amorfos e Inspired by experimental alchemists
inspirados por alquimistas experimen- like Henning Brand, a tedious and fowls-
tais como Henning Brand, 700ml de uri- melling process has taken place to create
na foram destilados de forma a criar esta this condensed liquid of black gold. Though
matéria escura. Já não sendo dourado, no longer golden, approximately 700ml of
um longo e minuncioso processo ocor- urine has been distilled down to dark mat-
reu de forma a criar o líquido condensa- ter. The project was initiated to see if we
do, ouro nego. could discover amorphous crystals.

44

análises. Concluímos que nossos estudos


Percepções Efêmeras
estavam relacionados a uma outra gran-
EmMeio#11

Ephemeral Perceptions deza, a do espaço-tempo.


Assumimos a condição que a per-
Matheus Silva Lins; André cepção do tempo se dá através do pro-
Meireles Barbosa; Edson cesso de mudanças, o tempo é o que se
Magalhães Dantas
muda. Captar essas alterações é tentar
trazer fragmentos da temporalidade da-
O tempo é o que se muda
quele espaço, assim como, a efemeridade
O projeto Percepções Efêmeras nasce em
e singularidade de cada instante, o tem-
2012 desenvolvido por André Meireles
po não volta, e não podemos controlá-
e Matheus Lins. Inicialmente, seu objeto
-lo. A sensação de um pseudo domínio
de estudo estava relacionado a luz e sua
sobre esse tempo na interação com a
influência na percepção dos espaços e
obra é uma tentativa de fazer o público
objetos. Porém, percebemos que apenas
confrontar-se sobre seu próprio tempo e
a luz como elemento modificador não
sua insuficiência existencial perante ele.
comportava mais nossas inquietações e

45
Coexiste também a experiência sobre o conheça, uma conexão de imaginários e
recorte do lugar, em uma imersão, não tempos distintos.
para o tempo em que aquela cena foi Podemos dizer que a mudança é o
capturada, mas na criação de um novo que há de mais constante no projeto, em
tempo existente tão somente no contato 2018, junto com Edson Dantas, começa-
com a obra, na interação dos recortes e mos uma nova etapa, sentíamos que o
projeções do lugar pelo público. som era algo que faltava para uma imer-
Com isso, temos duas relações são maior do público. Então, inserimos a
em que exploramos conjuntamente, o criação de uma trilha sonora ao vivo atra-
tempo, no seu processo de mudança- vés de presets modificadores e paisagens
-transito-singular, e o lugar, como espa- sonoras previamente capturados e acio-
ço-vínculo das pessoas que ali o viven- nados por um joystick, com isso, o público
ciaram, mas também, para aqueles que passa também a co-criar o tempo do som,
o desconhecem, pois em ambos novos que em confluência com o tempo da ima-
imaginários são criados a partir dessa ex- gem, se desdobra em uma experiência de
periência, ou seja, há uma conexão com o unicidade temporal existente apenas na-
lugar pelo usuário, mesmo que ele não a quele momento, o tempo não se muda.

46
Insepulto Inhumatus
EmMeio#11

Unburied

Morika Reker; Gilberto Reis;


Sérgio Eliseu

Instalação em Realidade Virtual designa-


da por Insepulto Inhumatus. Uma segun-
da versão de um trabalho apresentado
por Moirika Reker, Gilberto Reis e Sérgio
Eliseu, exposto na sala da Porta 14, a San-
to a António, à Sé [Lisboa, Setembro de
2018]. Uma obra que conjugava a presen-
ça de ferro fundido e de video projecções
interactivas de imagens tridimensionais
geradas em tempo real. A nova versão
mantém uma iconografia funerária eté-
rea e situa-se o mesmo plano lumínico.
Todavia, apresenta-se agora numa ver-
são mais imersiva e apenas possível de
experienciar de forma individual através
de óculos de realidade virtual.
Palavras-chave: Instalação, Intera-
ção, Media Arte, Realidade Virtual.

“Insepulto Inhumatus Unburied”(Moirika


Reker, Gilberto Reis e Sérgio Eliseu, 2019),
versão RV Work in progress.

47
Horizonte Reverso
EmMeio#11

Reversed Horizon

Nivalda Araújo

Horizonte Reverso é um vídeo desenvol- Reversed Horizon is a video artwork


vido nas margens do Lago Paranoá em developed on the banks of Lake Pa-
Brasília. O trabalho investiga transições ranoá in Brasilia. It consists of atmos-
atmosféricas em uma paisagem domi- pheric transitions in a landscape do-
nada por água e nuvens; estas são de- minated by water and clouds – these
limitadas pela linha do horizonte e em are delimited by the line of the horizon
várias passagens se confudem, em um and in several passages are confused,
transbordamento que marca o horizon- in an overflow that marks the lands-
te da paisagem e o horizonte do espaço cape’s horizon and the horizon of the
geográfico. O movimento das ondas e o geographical space. The waves and
deslocamento das nuvens são pontuados its movements are punctuated by the
pelo barulho do vento, dos barcos e do noise of the wind, the boats and the
canto dos pássaros. A inversão de planos song of the birds. The inversion of ho-
horizontais provoca vertigem no olhar rizontal planes causes vertigo in the
contemplativo da sequência de devaneios contemplative look of the sequence.
múltiplos. A fluidez do tempo é observada The fluidity of time is observed by the
pela intensidade do lago iluminado com o intensity of the lake illuminated with
brilho e as cores da luz do sol nascente, the rising sunlight brightness and co-
proporcionando a experiência onírica de lors, becoming a dreamlike experien-
um movimento desmaterializante e de ce of dematerializing movement and
verticalização do tempo em que diversos verticalization of time in which several
elementos contrários formam uma unida- opposing elements form a unity. Year:
de. Ano: 2019. Duração: 4m1s. 2019: Lenght: 4m1s.
Palavras-Chave: videoarte; paisa-
gem; horizonte; percepção; espaço

Horizonte Reverso. Still do vídeo.

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Em água salgada
EmMeio#11

afunda-se mais
devagarinho
In salt water it sinks slower

Olivia Matni

O tempo do olhar não é o mesmo que o The time of the gaze is not the same as the
tempo do desenho. time of the drawing.
Este trabalho resulta de uma inves- This work results from a practical
tigação prática que consiste em incursões investigation that consists of raids in the
no território que margeia as Salinas de territory that borders the Salinas de Aveiro
Aveiro onde emprego o desenho como where I use drawing as a vehicle for conse-
veículo para consecutivos atravessamen- cutive landscape crossing, motivated by my
tos na/da paisagem, motivada pelo meu interest in border territories (or interspaces)
interesse em territórios de fronteira (ou and ephemeral spellings. . In this process
entre-espaços) e grafias efêmeras. Neste it is necessary to walk and stop, to remove
processo é preciso caminhar e parar, tirar one’s head from the usual place, to traverse
a cabeça do sítio costumeiro, percorrer the space with one’s hands, ears and eyes,
o espaço com as mãos, os ouvidos e os and thus to see the multiple ramifications
olhos e assim avistar as múltiplas ramifi- of the unpredictable trails that arise in
cações das trilhas imprevisíveis que sur- the insistent and repetitive construction
gem na construção insistente e repetitiva of the horizontal cutout on the paper. To
do recorte horizontal no papel. Apre(e) apprehend the landscape by echoing, by
nder a paisagem por eco, por renúncia do renouncing the interior design, by the sou-
desenho interior, pelo som do site real e o nd of the real site and the sound of the gra-
som da paisagem gráfica que constroem phic landscape that build in communion
em comunhão uma espacialidade que a spatiality that the visible experience of
a experiência visível do desenho geral- drawing cannot usually embrace. Drawing
mente não consegue abraçar. O desenho is access and experience, it is a space that
é acesso e experiência, é espaço que an- longs to be tactile and is a gesture, almost
seia ser tátil e é de gesto, quase um dese- a drawing not to be seen, it is time for those
nho para não se ver, é tempo pra quem who allow themselves to be lost in it.
permite perder-se nele. Audio and visual installation. 6h32min
Instalação áudio e visual. Faixa de audio track; graphite in varying dimensions
áudio 6h32min; grafite em dimensões va- on white roll paper
riadas sobre papel branco em rolo. Keywords/Palabras clave/Mots clefs: Drawing,
Palavras-chave: Desenho, Som, Tempo. Sound, Time.

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50
Solidão V
EmMeio#11

Solitude V

Paulo Bernardino Bastos

Solidão V (ou Solitude Homem de Vitru- belief in the divine creation. Biology does
vio) faz parte de uma série. Entre todas not attempt to optimize design but relies
as espécies e nós, existe uma lacuna on permutations of extant technology to
aparentemente intransponível que reco- create new products (species), which then
nhecemos ao definir categorias. Somos exploit environmental niches. This work
semelhantes aos chimpanzés e isso foi explores traces of our rise from animal
reconhecido mesmo em uma época de status celebrating interspecies communi-
crença na criação divina. A biologia não cation and collaboration, discovery and
tenta otimizar o design, mas depende consciousness of our fragility and possible
de permutações da tecnologia existente fall. By conceptualizing collaborations with
para criar novos produtos (espécies), que other species, we are forced to question our
depois exploram nichos ambientais. Este self-proclaimed centered position in the
trabalho explora traços de nossa ascen- world, a position that has led to immense
são ao status animal, celebrando a co- destruction of the planet, as manifested by
municação e colaboração entre espécies, pollution, climate change and mass extinc-
a descoberta e a consciência de nossa tion of species.
fragilidade e possível queda. Ao concei-
tuar colaborações com outras espécies,
somos forçados a questionar nossa auto-
-proclamada posição central no mundo,
uma posição que levou à imensa destrui-
ção do planeta, manifestada pela polui-
ção, mudanças climáticas e extinção em
massa de espécies.
Palavras-chave: Escultura, Comuni-
cação entre-especie, Consciência.

Solitude V (or Solitude Vitruvian Man) is


part of an ongoing series. Between all spe-
cies and us lies a seemingly unbridgeable
gap that we acknowledge by defining cate- Técnica Mista (madeira folheada a ouro, vidro, latão
gories. We are similar to chimpanzees and e oil clay com pigmento) | técnica, 130x30x30 (inseri-
that has been recognized even in an age of do num circulo de 1m2) | dimensões, 2019.

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28, 29 e 30…
EmMeio#11

Ah! E, também,
27 do oito de 1988

Paulo Ivan Rodrigues Vega Júnior

“28, 29 e 30… Ah! E, também, 27 do oito “28, 29 and 30 ... Oh! And also, 27 of the
de 1988.” é um filme média-metragem eight of 1988. “It’s a half-length film (56
(56 min.), realizado a partir da apropria- min.), made from the appropriation of a
ção de uma found footage. Seu conteú- found footage. Its contentshow fragments
do mostra fragmentos do cotidiano de of the daily life of a family recorded during
uma família registrados durante os dias the days 27, 28, 29 and 30 of August of
27, 28, 29 e 30 de agosto de 1988. Esses 1988. These fragments, in addition to reve-
fragmentos, para além da revelação de aling fragments of familiar intimacy, evoke
estilhaços da intimidade familiar, evocam memories related to the 1980s and the
memórias relacionadas à década de 1980 transition to 1990s, the debate individual
e a transição para a década de 1990, o memory debate x collective memory, the
debate memória individual x memória obsolescence of technologies, the preser-
coletiva, a obsolescência das tecnologias, vation and the whereabouts of the images.
a preservação e o paradeiro das imagens. Keywords: Contemporary art; Autobiogra-
Palavras-chave: Arte contemporânea; Auto- phy; Film; Found footage; Memory.
biografia; Filme; Found footage; Memória.

52
Biocanon
EmMeio#11

Leon Battista Alberti, a great Renais-


Paz Tornero sance architect, affirmed that art is the cre-
ative act and the form of this creative act is
Keywords: Biocanon, microbiome, bacteria, divinity, so art is a divine process.
human behavior, female body, bioidentity It seems then that evolution of the
human canon has been based on the
An imaginative and comparative study of studies of the Renaissance, modifying
human canon, starting from the current certain measures according to the aes-
changes and paradigms of this century thetic tendencies. A fact, that we current-
of biotechnology, in which we already ly see when bionics, cyborgs or posthu-
know how human microbiome affects man bodies are represented.
us mentally and corporally. The meta-hu- But, if the human microbiome is
man or post-human is constructed and our fingerprint, if it represents our iden-
invaded by technologies and it seems to tities and behaviors: how we design new
give shape to a body separated from its human forms based on the microbial
microbiological and biological composi- construction as an artistic point of view?
tion, meaning and design. Thanks to:
In the era of Antiquity artists and 1. Departamento de Microbiología de
scientists have represented the nature la Facultad de Ciencias, Universidad de
and the human as a numerical canon in Granada (UGR), España.
search of Truth and Beauty, in this way 2. Instituto de Nutrición y Tecnología de
the artist invents the composition with los Alimentos “José Mataix”
linear perspective, which all the art of the 3. Departamento de Bioquímica y Bi-
Renaissance is based on. ología Molecular 2
The emergence of a new relation- 4. Instituto Biosanitario ibs.Granada
ship with Nature was linked to an ideal Special thanks to the scientists:
and realistic concept of science and aes- María Teresa González Muñoz. Pro-
thetic aspects. Renaissance makes man fesora Emérita, Departamento de Micro-
measure all things. biología (UGR)
Regarding this dream, historically Inés Martín Sánchez. Profesora Titu-
to achieve perfection of the human body, lar, Departamento de Microbiología (UGR)
it is said, for instance, that the sculptor Luis Fontana Gallego. Catedrático
Michelangelo, 1475-1576, finished the de Universidad. Departamento de Bio-
statue of Moses, one of his most import- química y Biología Molecular II (UGR)
ant works, by which he himself was so Ana Isabel Álvarez Mercado. Con-
amazed and shocked because of its per- trato Investigador con cargo a proyecto.
fection that he screamed at the statue, Departamento de Bioquímica y Biología
why don’t you talk to me? Molecular II (UGR)

53
54
Bicho BR060 do percurso me propus a coletar ossos de
EmMeio#11

animais vítimas das rodovias e tratá-los


Raísa Curty durante a residência que aconteceria no
(UNB) Núcleo de Arte do Centro Oeste – NACO
(GO). Encontrei ossos de cachorros, sapos,
BICHO BR060 (2017), são compostos por lagartos, tatus, cobras e galinhas.
ossos de cachorros atropelados e siste- Durante o período de residência
mas eletrônicos de brinquedos. Eles cami- convivi com os ossos em uma cozinha
nham de forma desgovernada dentro de onde realizava os procedimentos de lim-
um cercado de 90x90cm. Um deles raste- peza e organização do material. Os ossos
ja, o outro se move de forma nervosa. se juntaram ao esqueleto de um boneco
Esse trabalho é realizado no contex- do capitão américa que rastejava pelo
to do Salão/Residência Artística Eixo do chão e disparava tiros com sua meltra-
Fora (DF), para onde enviei a proposta de lhadora e ao esqueleto de um pequeno
um experimento de trajeto: caminhar os cão raivoso para compor os BICHOS. Os
90 quilõmetros do trecho que liga Brasília BICHOS parecem querer figurar o imagi-
(DF) a Olhos D’agua (GO), local onde a re- nário de uma estranha aliança entre os
sidência artística seria realizada. Ao longo mortos e as máquinas.

55
com a câmera do dispositivo celular, uti-
O psicocapitalismo
lizando a técnica de pintura com a luz
EmMeio#11

e as transmutações disponível como programação inata do


sociais: a necessidade dispositivo móvel.
de um reencontro A pesquisa de mestrado teve como
com a Natureza objeto compreender, por meio de estudo
teórico/prático, as fricções entre a foto-
Rodolfo Ward grafia documental e a fotografia artística
e como essas questões se imbricam com
A criação artística apresentada é a ani- a noção de real e ficcional, documental
mação gráfica e sonorização de 12 foto- e artístico, traçando uma linha temporal
grafias produzidas nas cidades de Bra- entre passado e presente, desconstruin-
sília-DF, Olhos D’Água-GO, Jaguarão-RS do historicamente a relação do disposi-
e Rio Claro-Uruguai, no ano de 2018, e tivo fotográfico na modernidade e sua
apresentadas como resultado imagético transmutação na pós- modernidade. O
do projeto de pesquisa em nível de mes- trabalho criou um paralelo entre esses
trado, no Instituto de Artes - IDA, na linha dois tipos de fotografia, documental e
de pesquisa Arte e Tecnologia, da Univer- artística, demonstrando que sua trans-
sidade de Brasília – UnB, em 2019. As fo- mutação está intrinsecamente ligada
tografias foram produzidas em coautoria aos avanços tecnológicos, políticos, eco-
nômicos, artísticos e culturais ao criar e

56
validar, por meio de imagens, novas reali- de energias e forças vitais que, análogas
dades, novas formas de controle e domi- ao som, operam em nós para além do
nação que hoje, na sociedade em redes, visível e do plano físico, propondo um
do hiperconsumismo, têm sido utilizadas novo olhar para o plano quântico e novas
em larga escala pelo sistema neoliberalis- perspectivas para as relações humanas,
ta, inaugurando a nova fase do capitalis- sociais e questões ambientais, sendo o
mo, o psicocapitalismo. contato com a natureza e culturas tra-
Em contraponto a isso, nesta nova dicionais uma possibilidade para novas
proposta, que é a continuidade de pen- formas de viver o Eu, ou, um reencontro
samento do trabalho fotográfico estático com a natureza.
propomos o uso da tecnologia para ani-
mar as fotografias, criando fluxos gráficos
visíveis e fluxos sonoros invisíveis com in- Dados técnicos
Título: O psicocapitalismo e as transmutações
tuito de compor outro evento estético e
sociais: a necessidade de um reencontro com a
outra forma de interação afetiva e sensi- Natureza
tiva entre a obra artística e o observador. Técnica: Mista. Fotografia digital com dispositivo
Nesse sentindo as animações serão apre- móvel, animação e sonorização em loop
sentadas em um suporte tecnológico Material Utilizado: Tablet 12,9’ polegadas e fone de
ouvido Ano de Execução: 2018/2019
afim de articular o simbólico em um novo
Número de Fotografias: 12 unidades
microssistema sinérgico onde a função Tempo de cada Imagem: 18”
poética revela visualmente as irradiações

57
“Viridis – Lux castellum”
EmMeio#11

Objeto interativo
foco está no reino Plantae (também co-
Rosangella Leote nhecido como Metaphyta). Viridis – “Lux
(UNESP São Paulo/BR) castellum” é uma peça da instalação inte-
rativa “Viridis” que é composta de robôs,
Abstract semiautônomos e de baixa tecnologia,
“Viridis - Lux Castellum”, is one of the five que simulam vidas vegetais translúcidas,
pieces of the art installation “Viridis”, whi- capazes de se movimentar, emitir luzes e
ch composes the main project “Viridium”. sons e que se oferecem ao conjunto sen-
It is an interactive object with sound, light sório do experienciador, mantendo, po-
and movement. The installation was first rém, a tecnologia computacional e mecâ-
assembled at the FACTORS 6.0 Exhibition. nica subjacente, encoberta para o olhar.
It was part of the Biennial SUR (Santa Ma-
ria/RS / Brazil), at UFSM, curated by Nara
Cristina Santos and Mariela Yeregui.

CONCEITO do PROJETO “VIRIDIUM”


A base poética do projeto “Viridium” é a
possibilidade que a natureza tem em se
hibridizar e evoluir, espontaneamente,
assim como ser hibridizada por mani-
pulação genética. Venho propondo o
desenvolvimento de objetos/seres não
existentes na natureza, mas que reme-
tem a formas e simulam comportamen-
tos daqueles que habitam o mundo nos
diferentes reinos naturais. A palavra lati-
na viridium se refere ao que é do verde,
da vida, da energia vital. A primeira par-
te do projeto “Viridium” é a Instalação
“Viridis” (verde, vivo, energético), cujo Dimensões 30X30X45cm (sem o display)

58
Momento 01- Abertura/Recepção
Quintal dos Sons:
O(s) indivíduo(s) fica(m) sozinho(s)
EmMeio#11

Uma instalação Sonora em uma sala. Ao adentrar(em) à sala um


Imersiva vídeo começa a ser exibido. Esse vídeo
Backyard Sounds:Na Immersive Sound traz a seguinte narrativa:
Installation O som do universo; o vento; o pri-
meiro som que o ser humano ouve (ba-
Rosimária Sapucaia Rocha tidas do coração). Em seguida temos um
mote: “Quero falar de uma coisa, advinha
Abstract onde ela anda, pode estar dentro do pei-
This research consists of a reflection on the to ou caminha pelo ar.”(Trecho da música:
immersive sound installation “Backyard Coração de Estudante- dos compositores
sounds”. In order to achieve that objecti- Wagner Tiso e Milton Nascimento); Co-
ve, we consider both the artistic process ração (som das batidas do coração será
involved in its creation, as well as the con- constante em todo o vídeo); Coração que
cepts and notions related to the compu- caminha (som da caminhada), que passa
tational systems used in it; this combining por (rios e mares), e atravessa o oceano.
artistic practice and theoretical research. Vive o caos do presente (vida em trânsito:
The installation aims to reflect on sounds instabilidade, angústia, autocarro, metro,
in the contemporary epoque, with the in- viagem, irritação...). Mas quer repousar,
tention of leading the audience to expe- refletir, ser o que é: “essência”, e desligar-
rience being alone in a dark room whilst -se do mundo (tela preta, sem imagens),
viewing a video and interacting with the sair do caos e ser apenas coração (man-
sounds, which are only performed with tra/som relaxante).
the viewer’s participation. The present Momento 2- Interação
sounds are reflections of soundscapes Assim que o vídeo começa a ser
from nature and sounds produced by the reproduzido, conforme as instruções na
humans; they seek to bring calm and cha- tela, o fruidor interage através dos sons.
os to the audience; the extreme parado- Todos os sons da narrativa são inspirados
xes of contemporary life. em soundscapes relacionadas com a vi-
Keywords: Installation; computa- vência musical e trajetória acadêmica da
tional artifact; sounds; soundscapes autora. Após a primeira imagem da tela,
o fruidor pisa na primeira faixa e o sensor
“Quintal dos sons” é uma instalação de aproximação 1- emite os sons do pri-
sonora imersiva, que tem como tema os meiro ficheiro (o som do universo); esse
sons na contemporaneidade. O artefac- áudio finaliza com os sons da caminha-
to é produzido a partir de um arduíno, da (nesse momento aparece na tela um
protoboard; quatro sensores de aproxi- convite para que o fruidor avance para a
mação infravermelhos; um projetor, um segunda faixa). Ao estar na segunda fai-
notebook; uma coluna de som e progra- xa, após a tela ficar completamente escu-
mação em Processing. ra, o fruidor avança para a terceira faixa,

59
senta-se e coloca nos olhos uma venda a utilização do sensor infravermelho,
(máscara escura nos olhos). foi criado um algoritmo capaz de re-
produzir o vídeo conforme à presença
dos espetadores/fruidores detecta-
das. Cada presença foi programada
para ser novamente detectada a cada
7 minutos. De modo que, assim que
as pessoas entram na sala e se aproxi-
mam da primeira faixa o vídeo come-
ça a ser reproduzido até o final. Tam-
bém em processing e arduíno foram
programados os sensores de aproxi-
mação infravermelhos; estes detec-
tam a presença através do calor, mas
também são utilizados para detectar
obstáculos e acionar alarmes e sons
Figura 1- Vídeos da Instalação “Quintal dos Sons” Em
exibição realizada numa Exposição na Casa de Arte
diversos. Esse sensor foi escolhido
José Saramago, Julho, 2019, Óbidos, Portugal. pela sua precisão, permitindo-nos a
possibilidade de programá-lo confor-
Toda a programação do artefac- me a distância e tempo de produção
to foi criada em Processing aliado ao de cada áudio selecionado na cons-
Arduíno. No primeiro momento, com trução da instalação.

60
primeiro de uma série intitulada “Quando
R Scuti: da série “Quan-
as Estrelas Tocam”, realizado pelo Grupo
EmMeio#11

do as Estrelas Tocam” de Pesquisa Realidades. Este grupo é certi-


R Scuti: from When The Stars ficado pela instituição onde está alocado,
Play series ECA-USP, e credenciado pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e
Silvia Laurentiz, Tecnológico (CNPq), agência do Ministério
Grupo Realidades ECA/USP da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu-
nicações (MCTIC), Brasil. O grupo Realida-
Abstract des iniciou suas atividades em 2010, e os
R Scuti is an artistic installation that pro- membros-autores do trabalho R Scuti são:
poses the transposition of astronomical Beatriz Murakami, Bruna Mayer, Cássia
data using star observation records (R Aranha, Clayton Policarpo, Dario Vargas,
Scuti star), available at the AAVSO data- Loren Bergantini, Marcus Bastos, Sergio
base. The collected information corres- Venancio e Silvia Laurentiz. Rodrigo G.
pond to over a century of observations Vieira foi o astrônomo colaborador desta
and, using the Processing software, were obra. Este grupo de pesquisa acredita na
converted into sound patterns that ma- relação entre teoria e prática como forma
terialize on a water surface (cymatics) in de exercício estético e crítico, e, portanto,
contact with a speaker, which emits the está entre seus esforços a produção de
generated sound frequencies. This surfa- trabalhos poéticos experimentais. Entre
ce receives a spotlight, which reflects the suas metas está a produção de sistemas
generated water waves. This movement interativos que questionem diferentes
of water creates bright patterns which padrões de representação, promovendo
are projected onto the ceiling of the exhi- um cruzamento entre produção científica
bition room. e artística, possibilitando que novos traba-
Keywords: art and technology, art lhos sejam desenvolvidos na interseção
and science, data visualization, R Scuti star. entre as áreas de artes, comunicação e
computação.
Agradecimentos A proposta da instalação R Scuti
Este trabalho contou com apoio utiliza-se da curva de luz (variação do
parcial da Fundação de Amparo à Pes- brilho ao longo do tempo) da estrela R
quisa do Estado de São Paulo – FAPESP Scuti, localizada na constelação Scutum.
(processo n° 2019/00099-3). O processamento das informações dis-
ponibilizadas na base de dados da As-
A Instalação R Scuti (2019) sociação Americana de Observadores de
R Scuti (2019) é uma instalação que Estrelas Variáveis (AAVSO - https://www.
se utiliza de padrões físicos para visualiza- aavso.org), através de um algoritmo de-
ção de dados astronômicos convertidos senvolvido no software Processing, gera
em frequências sonoras. O trabalho é o padrões sonoros. A partir da conversão

61
do histórico da curva de luz da estrela,
os sons gerados são emitidos por um
alto falante posicionado em contato com
um recipiente com água, ambos acomo-
dados em um objeto confeccionado por
técnicas de prototipagem e uma máqui-
na CNC de corte à laser. A peça construí-
da foi inspirada em antigos instrumentos
de navegação.
O trabalho estabelece um meca-
nismo de visualização de dados de uma
estrela. As pulsações estelares e a varia-
bilidade de seu brilho constituem uma
memória que antecede a nossa própria
existência. Tal memória estelar, quando
transposta em uma frequência sonora,
cria um sistema cíclico de funcionamen-
to entre luz, dados discretos, sons, e luz
novamente, promovendo uma ordem de
organização não convencional. Da poéti-
ca da instalação emerge um ecossistema
no qual observador e estrela coexistem
em diferentes temporalidades.


Figura 1 (à esq.): Detalhe da instalação R Scuti – ob-
jeto e adesivos em parede, com gráficos da variação
de magnitude da estrela R Scuti ao longo de um
século. ©Grupo Realidades, 2019
Figura 2 (à dir.): Instalação R Scuti, com projeção dos
padrões cimáticos sobre o teto do local expositivo.
©Grupo Realidades, 2019

62
participativa, de plástico e luminosa. No
Flores de Plástico
encontro das tecnologias de objetos co-
EmMeio#11

não Morrem nectados e da Internet das Coisas, cria-


mos uma selva de plástico, com plantas
Suzete Venturelli e flores interconectadas que formam um
biótopo computacional com característi-
A Internet das Coisas permite que cas do cerrado, com o qual suas relações
objetos e materiais ao nosso redor tor- são mediadas através de microcontrola-
nem-se inteligentes, com capacidade de dores. Nesse bioma, pétalas generativas,
se comunicar uns com os outros e/ou por sementes de plástico e disseminação de
meio da internet. Este projeto apresenta luz formam uma atmosfera especial des-
os recursos essenciais dessa tecnologia, se ecossistema.
no contexto dos objetos e materiais com- Este trabalho poético possui como
putacionais, num processo de criação livre intenção questionar como a biotecno-
e experimental, lúdica e interativa. A ar- logia está impactando nos seres vivos,
quitetura geral das aplicações inteligentes propondo revelar as mudanças de civili-
e seus vários materiais são detalhados: zação que estamos experimentando, bem
Sensores/ atuadores/ visores, dispositi- como sua mudança climática, em função
vos de processamento de informações, do meio ambiente degradado. Buscando
diferentes tipos de rede, nuvem, com as trazer respostas, pela reciclagem, Faça
especificidades desses componentes. Você Mesmo, desenvolvimento susten-
Apresenta, ainda, uma grande variedade tável, autonomia e iniciativas individu-
de aplicações, desde a mais simples para a ais, convivência e trabalho colaborativo.
mais complexa no campo do design_arte A mensagem principal apresenta que a
computacional. As características das pla- apropriação de tecnologias por cada um
taformas são também analisadas. é uma ação, que nos permite agir sobre
A proposta intitulada Flores de questões urgentes e não somente perma-
Plástico não Morrem é uma instalação necer como um simples consumidor.

Detalhes das
flores de plásticos
com módulo
luminoso

63
“γραμμικού κώδικα”, αναφέρεται στη
Dismembered
συνεχή εμπορευματοποίηση της φύσης
EmMeio#11

Landspaces και λειτουργεί τόσο ως όριο όσο και ως


Διαμελισμένα Τοπία εμπόδιο σε μια πιθανή δυστοπία.
Λέξεις κλειδιά: Σώμα. Χώρος, Ροή,
Vasileios Bouzas Χαρτογράφηση, Διάδραση.

Abstract The concept and the content of the


The project is an installation concerning installation
the imprint of non-linear audio-visual One of the main reasons, if not the main
narratives in an invented space. The “dis- one, leading to the “Anthropocene” era is
memberment” arises not only from the the extensive commercialization of the na-
architectural structure of the installation tural resources, as it is happening through
that is similar to the known “bar code”, the absolutely unbalanced exploitation of
but also from the fragmentation in time nature, especially regarding the exploita-
and space of the audiovisual material du- tion of the natural energy resources and
ring the process of its synthesis and pro- the way they are subsequently consumed
jection. The installation which is a simu- and recycled. Audiovisual material is pro-
lation of a spatial “bar code” refers to the jected on hanged thermal papers creating
continuous commercialization of nature, series of parallel vertical images that re-
acting both as boundary and as barrier to semble a spatial bar-code and imply the
a possible dystopia. conversion of the projected landscapes
Keywords: Body, Space, Flow, Ma- in consumption products. (http://vasi-
pping, Interaction. leiosbouzas.artroom7.com/dismembere-
dlands/). The audiovisual material consists
Σύνοψη of non-linear narratives recorded during
Το έργο είναι μια εγκατάσταση που wanderings in various landscapes, where
αφορά το αποτύπωμα μη γραμμικών the signs of industrialization and commer-
οπτικοακουστικών αφηγήσεων σε έναν cialization are quite visible, animated texts
επινοημένο χώρο. Ο «διαμελισμός» which consist of parts of statements on
προκύπτει όχι μόνο από την cases of destruction of natural resources
αρχιτεκτονική δομή της εγκατάστασης and recorded communications concer-
που είναι παρόμοια με αυτή του ning a possible disaster, and finally map
«γραμμικού κώδικα» αλλά και από τον collages of various industrialized areas.
κατακερματισμό του χρόνου και του The audio of the installation consists of a
χώρου του οπτικοακουστικού υλικού synthesis of natural sounds (air and wa-
κατά τη διαδικασία της σύνθεσης και ter), sounds of industrial sites and typing
προβολής του. Η εγκατάσταση αποτελεί processes, creating allegorical readings of
μια προσομοίωση ενός χωρικού the visual material.

64
Figure 1: Dismembered Landscapes, View of
the installation.
Figure 2: Dismembered Landscapes, View of
the installation.
Figure 3: Dismberment, Photograph on Paper

65
Marés
EmMeio#11

Videoinstalação
ainda, o deslocamento de corpos que nos
Discutindo as relações entre as conduzem à finitude e (in)finitude do Mar.
temporalidades da natureza e da arte, A opção estética, por uma instalação
a videoinstalação Marés é resultante de com quatro horas de duração, se dá com o
uma ação performativa realizada na praia objetivo de confrontar, a partir da imagem
da Requenguela|Ceará|Brasil. digital, a temporalidade natural das marés
Com 4 (quatro) horas de duração, a à temporalidade da arte e do corpo do
obra é composta por dois vídeos grava- espectador neste espaço de fruição, pro-
dos em tempo real, das 9:30 AM às 4:30 pondo assim um olhar para si mesmo, uma
PM. Cada vídeo apresenta um ciclo de reconexão, neste caso, a partir do tempo,
maré, da cheia à rasante e da rasante à entre Homem e Meio Ambiente.
cheia, num movimento contínuo do mar,
com seus ritmos, fluxos e deslocamentos. Ficha Técnica
Frente a temporalidade da nature- Idealização e montagem: Walmeri Ribeiro
za impressa à imagem, acompanhamos, Imagens: Fábio José, Clara Bastos e Walmeri Ribeiro
Desenho e instalação sonora: Daniel Puig

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LISBOA - PORTUGAL

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