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obras
EmMeio#11
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ervas aromáticas e medicinais, benditos,
Tutunho, o taumaturgo
rezas, profecias, línguas estranhas, zaum,
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“Tutunho, o taumaturgo”. Performance de Antonio Wellington de Oliveir Jr. e João Vilnei de Oliveira Filho, 2018.
Foto/Print Screen: Antonio Wellington de Oliveira Jr. (Tutunho).
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dialogue is more detailed and private
I Am Here
if the other person is closer; loud and
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Visualização interna da caixa a partir do orifício localizado na parte frontal da caixa.
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fotografia como possível ato de fossiliza- faz alusão aos monóculos utilizados para
ção do tempo provocam uma inversão a apreciação de matrizes fotográficas.
do olhar. O projeto é composto por cinco Cada caixa dispõe também de um QrCo-
caixas escuras que convidam o expecta- de que apresenta a localização das con-
dor a observar o ambiente referenciado chas na cidade: um convite lúdico para a
pelas conchas na cidade do Porto. As continuidade das buscas e da percepção
caixas remetem a câmeras fotográficas das Geomidias.
pinhole, cujo orifício de entrada de luz é Palavras-chave: arte-mídia, foto-
acionado simbolicamente por cada con- grafia, geolocalização, geomidias, arque-
cha. O mecanismo de visão através delas ologia das mídias.
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atemporal da Pintura. A verticalidade pro-
Aterramento em
posta pela montagem da obra sugere ain-
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“Aterramento em alto-mar” é uma pequena instalação de parede, de aproximadamente
100 x 40cm, composta de um paralelepípedo de acrílico de 100 x 3 x 3 cm transparente
preenchido com a terra de Brasília. O objeto de acrílico é posicionado sobre uma peque-
na prateleira (3,5 x 3,5cm) de ferro em oxidação fixado ao lado de duas fotografias de 10
x 18cm de família de paisagens da capital brasileira.
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pode atribuir características de gênero.
Dois e três pinos
Configura uma espécie de limite (Blan-
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Two and three prongs chot, 1970), mas que não se define (Bar-
thes, 2003). Pode-se tratar, assim, de um
Denise Conceição Ferraz entre-lugar, de uma fronteira borrada,
de Camargo; também equiparável ao vazio, ao silên-
Fernando Luiz Fogliano
cio, e, paradoxalmente, a um lugar em
que se dão os jogos de linguagem.
Após a troca da instalação elétrica de uma
É com este contexto simbólico
casa tomadas já obsoletas, cujo destino
que este trabalho opera ao fazer uso de
seria o descarte para reciclagem, foram
discursos, dos jogos de linguagem (Wit-
resgatadas pelos artistas e transformadas
tgeinstein, 2009), do uso político da lin-
em matéria para o objeto-instalação “Dois
guagem e das metáforas (Lakoff, 2002) e
e três pinos”, como ficou nomeado, em
das narrativas dela decorrentes, baseadas
alusão à obra conceitual “Uma e três ca-
em notícias falsas, recusa a dados oficiais,
deiras” (1963), de Joseph Kosuth.
inclusive a fatos históricos, que têm gera-
A construção abstrata e escultural
do um retorno a padrões antiquados, já
do objeto instalacional tem como supor-
superados, inclusive os discursos de ódio
te uma caixa que permite ao observador
e violência, mas em curso na sociedade
visualizar a estrutura interna da obra e
brasileira desde as eleições de outubro
interagir com ela. Às tomadas de dois
de 2018, e que se confrontam com o que
pinos, que tiveram sua produção descon-
podemos, ou não, considerar como ver-
tinuada no País e estão em desuso, desde
dade (Changeux, 2013).
2009, dispostas no interior da caixa, está
O trabalho tem como objetivo
conectada uma placa arduino que favo-
permitir ao observador-interator esta-
rece os processos e as ações de interação
belecer reconexões nas tomadas de três
nos fragmentos de discursos retrógrados,
pinos, em sua segurança e adequação
de ódio, violência e fake news, em curso
aos padrões. Isso faz que os discursos ali-
no Brasil de 2019.
mentados no objeto-instalação possam
O “neutro” existente nas tomadas de
ser revertidos e transformados, criando
três pinos atualmente utilizadas no país,
uma nova ordem para as emoções que
as torna mais seguras. Por isso mesmo, as
compartilhamos e que nos tocam neste
tomadas antigas de dois pinos, desprovi-
contexto político, social e cultural do País.
das desse espaço, são inadequadas aos
Propõe, assim, uma experiência interati-
atuais padrões de segurança. Ao declarar
va que consiste em transformar os dis-
o retorno à sua produção, o senhor que
cursos antidemocráticos, abrindo diálo-
ocupa a presidência da República do Bra-
gos possíveis e para além dos binarismos
sil, cria uma metáfora para o conjunto de
das estratégias de manutenção do poder.
reterocessos que assola o País.
Assim, etapas desse processo criativo e
Na gramática, o termo “neutro” de-
tecnológico serão exibidas em um vídeo
fine nomes ou palavras às quais não se
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de cerca de 3 min, contendo imagens,
paisagens sonoras, mapas e diagramas
que constituem a memória do trabalho
em processo.
Ao fornecer possibilidades de inte-
ração para criar novas conexões a partir
de um dispositivo obsoleto, e, portanto,
desconstruir e recriar esses discursos, de-
sencadeia-se o desejo de compor novos
modelos de realidade assentados na ne-
cessidade de compartilhamento de emo-
ções sociais (Damasio, 1996), neste caso,
geradas pelo ideal de pertencimento aos
valores democráticos.
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Nosso processo de criar moscas
Moscas Transgênicas
transgênicas parte dessas questões so-
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no formato da vídeo performance, na
Ponto Cego
qual performaram alunos dos cursos de
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Ficha técnica
Direção: Fabíola Fonseca
Autores e roteiristas: Fabíola Fonseca, Reno Almeida,
Cesar Baio
Diretor de fotografia: Guilherme Silva
Diretor de áudio: Francisco Feitosa Moura Filho
Editor de vídeo: Levy Mota
Performances: Levy Mota, Juliana Tavares, Ada Kroef,
Denilson Lima, Tieta Macau, Renan Sidney, Icaro Limas,
Luan Castelo, Nathália Coehl, Aracy Frutuoso, Jô.
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Encontros (que vão do mais uniforme – sem mistu-
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Figura 1. Encontros: Diagrama da obra aponta a direção das forças resultantes do movimento,
bem como suas modulações, ondas e intensidades; Museu Nacional de Brasília, 2012; Encontro
das Águas, confluência dos rios Negro e Solimões.
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No tempo do desenho: informação para a avaliação das ima-
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Graça Magalhães, Lugar ausente, 2019, 1000x700mm, grafite e tinta sobre papel
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nós não conseguimos tornou presente no cotidiano da popu-
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intenção de esconder os fios ou qualquer
Sensível Tecnológico
demonstração maquínica da escultura.
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Accept / Messenger in a Mouth
Cuntemporary Artists Presents (Marne Lucas/Joanne Leah)
2018, 13 x 40” (33.02 x 101.6cm), archival pigment print on Hahnemuhle paper, mounted on Gatorboard (unfra-
med) $2500, edition 1/5
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Marne Lucas aka CuntemporaryAr- (1995), and later a live hospital birth in
tist is an infrared video pioneer, using INCIDENT ENERGY (2013-15). Her solo
thermal imaging technology often as- short film HAUTE FLASH (2017) depicts
sociated with military, aerial or border the hormonal changes of menopause
surveillance. A New York based multi- as a transformation of energy into a new
disciplinary artist, Marne works at the power. The use of military-grade infrared
intersection of art, feminism and health. imaging gear (surveillance cameras, bi-
Inspired by the Dharma Art, and palliati- noculars and rifle scopes) is the means of
ve care movements, using photography, digital image capture, but is also the sur-
video and sculpture, working in concep- real aesthetic itself; illustrating actual ra-
tual overlaps: life’s energy, the environ- pid heating & cooling temperature chan-
ment, beauty, identity and mortality and ges in people and objects. Unseen by the
transformation. human eye, heat appears white and cold
Her groundbreaking black & white turns black, in real time with no special
infrared video work began in collabora- effects. Objects, landscapes and people
tion with Jacob Pander as they depicted have seemingly “negative film” qualities,
the literal heat of sexual union firsthand possessing glowing transparency while
in the cult short film THE OPERATION maintaining surface reflections.
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distribui a dor por toda a perna, sendo o
Péformance – performan-
pé o lugar que mais me faz reclamar.
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acomodando em outras partes da cida-
Marcha-vaga
de, como o Lago Sul. Chegar ao Setor
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algumas pegadas, olhares lançados e pela cidade-mundo, compreendemos
desviados. Medimos a extensão do cami- que o espaço se desenhava em função de
nho em cansaço e algumas horas, horas nossos deslocamentos e de nossos afe-
que viraram dias que, por sua vez, vira- tos. Enquanto cruzamos fronteiras ima-
ram alguns anos de conversas e observa- ginadas nessa geografia vivida, inventa-
ções, de algumas coletas e registros, mas, mos o nosso passo, uma marcha-vaga. A
principalmente de inúmeros encontros. vídeo-projeção Marcha-vaga apresenta
Aos poucos surge a dimensão do espaço então um corpo-coletivo em movimento
recortado por esse corpo coletivo e ela que, para se deslocar, necessita manter
cabe em uma maquete que pode ser se- a cadência dos passos, o equilíbrio dos
gurada entre as mãos. corpos e o desejo de permanecer junto.
Durante esses três anos caminha- Nessa experiência sensível do espaço,
mos juntos, estrangeiros no próprio ter- criamos lugares, ganhamos terreno (HO-
ritório percorremos distâncias variadas CQUARD, 1997: p.11).
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Film still, Remembering the Unknown/ Lembrando o Desconhecido (2019)
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• Pedra de diamante
Medicamento
• Água mineral
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Krishna Passos
Fig. 1: A pedra de diamante usada e os grãos de
Segue abaixo a transcrição das
cristal de granada orientações para a participação. Os pro-
cedimentos e explicação sobre o trabalho:
As potencialidades que temos abordado A sessão de imersão extrassenso-
no decorrer dessas reflexões nos levaram rial foi preparada convergindo diversos
ao projeto de experiência extrassensorial: tipos de frequências, ondas, vibrações e
Medicamento Antroposófico – MARavi- radiações, perceptíveis e imperceptíveis,
lha Curativa. Partindo de uma formulação manifestas nos elementos e forças da na-
intuitiva, nela se cruzam processos misci- tureza selecionados – no caso, forças do
genados que abrangem correntes filosó- mar e de minerais - conhecidas e usadas
ficas, religiosas, artísticas, sensoriais e de há milênios em diferentes culturas, por
autoconhecimento. Para isso o processo suas potencialidades terapêuticas, míti-
envolve princípios da meditação, da alqui- cas, e sagradas.
mia, das notas de Solfeggio, da arte sonora,
da radiestesia, dentre outros, considerados Indicações
aqui, como razões universais, independen-
Leia atentamente as orientações; as-
temente de suas origens ou de racionaliza-
simile somente aquilo que fizer sentido para
ções que os expliquem.
você, participando desse momento apenas
Como elemento fundamentais para
se você se sentir confortável para isso.
o processo foram usados:
Partindo do principio de que os
• Gravações sonoras de ondas do mar ba-
pensamentos e as intenções tem força
tendo contra a Pedra do Arpoador
e poder e de que “uma parte contém
(RJ) em dia de mar revolto (2017).
a essência do todo assim como o todo
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contém a parte”, você poderá usufruir 7 – A força e o caráter das suas intenções
dessa sessão para obter diversos benefí- serão determinantes para o processo. In-
cios: desde a fruição artística e contem- tencionalmente, mentalize os benefícios
plativa, e o fortalecimento de propósitos não materialistas que você almeja para
pessoais de elevação da consciência, até si, entes queridos e demais seres. Repita
a limpeza de corpos sutis, promovendo o para si internamente
realinhamento psíquico e emocional. 8 – Tire os calçados
9 – Em silêncio, deite-se ou sente-se
Instruções de uso confortavelmente no interior do espaço
e acomode-se tranquilizando os pensa-
Preparação
mento.
1 – Desligue o celular e esqueça-o duran-
Durante a sessão:
te o processo
- Mantenha os olhos fechados
2 – Coloque o aparelho junto aos seus
- Respire pausadamente
pertences, e estes, em local seguro pre-
- Conecte-se apenas com os sons do mar
viamente indicado
- Aproveite o momento para estar ali, pre-
3 – Molhe o dedo na água com sal ma-
sente e plenamente consciente
rinho
- Entregue-se `a experiência e procure
4 – Toque com o dedo molhado os grãos
não se fixar em nenhum pensamento.
de areia, composta de cristais de granada
Quando eles vierem, deixe que passem
5 – Coloque o dedo com os cristais no
- Caso você se distraia, tudo bem: sorria,
topo da cabeça, bem no centro, deposi-
respire fundo e reinicie `as instruções acima
tando alguns grão ali
- Quando o som silenciar totalmente, vol-
6 – Tome um pouco da água fluidifica-
te sem pressa, abra os olhos lentamente,
da com cristal de granada e diamante;
retornando os movimento aos poucos
adormecidos ao relento, em noite de lua
percebendo os benefícios recebidos
nova, e irradiados com a frequência de
528Hertz durante 5 horas
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Sim, não, talvez máscaras moldadas a partir de seu rosto.
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case the style was developed by techni-
Style as meaning –
cal experiments, my personal affinity for
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Des-invenções
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Dis-inventions
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o céu na terra
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heaven underneath
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Estratégia imanente Mas por que observar pássaros?
Dardot e Laval, em “A Nova Razão Aves silvestres, além de serem em-
do Mundo”, argumentam que o neolibe- pregadas como alegorias da liberdade e
ralismo exerce tamanho controle sobre do Divino Espírito Santo, exemplificam
anseios individuais que apresenta-se bem o conceito de não-propriedade
como um modo natural das coisas; ve- debatido por Michael Hardt em “O Co-
mo-nos como empresas, de modo que, mum no Comunismo”. Então, diante das
nem o ócio está imune a tal pensamento câmeras de segurança, ao substituirmos
econômico e será também guiado por suspeitos por aves livres e vigilância da
noções de desempenho/sucesso. propriedade pela contemplação de com-
A presente proposta pretende tor- mons, esperamos produzir uma metáfora
nar visível tal contexto e questioná-lo imanente do livre viver.
com uma abordagem tão prática quanto Voltando à “Festa do Divino”, se um
a filosofia de Agostinho da Silva. Utilizan- evento nos dá oportunidade de experi-
do-se de dispositivos cotidianos (mobili- mentar uma utopia, o quê ou quem nos
ário urbano, redes telemáticas e sistemas impede de prolongar essa experiência
de vigilância) construirá áreas de ócio de- para o futuro?
dicadas à ornitologia.
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partido, no Rio de Janeiro e seu carro foi
Relações Intercorporais
surpreendido com 13 tiros, onde 4 atin-
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um preâmbulo do videoperformance e no registro audiovisual realizado pela câ-
apresenta um registro quase documental mera e todo o conjunto técnico que foi
do processo, apresentando os momentos constituído. Esta parte trata de um plano
que precedem a ação, é um registro do sequência do jogo instituído entre os
espaço físico e do processo de instituição corpos e apresenta uma congruência de
do espaço performático. ações e impressões dos corpos que es-
A segunda parte do vídeo, compre- truturam toda a obra audiovisual em um
ende no videoperformance que consiste processo de auto-organização.
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reflexão sobre a vivência da Imagem e a
Terra Sem Sombra | sua possível interpretação como constru-
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Entre-inscrições:
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Tap Drawing
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Espacios de tránsito
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MarGarrido
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Espacios de
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tránsito-túneles
MarGarrido
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de figuras ou textos. A ação performática
CamisetaPerformance:
se desenvolve em ambas as conexões
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CamisetaPerformance: Vamos conver-
sar sobre feminicídio (2019). Registro
da performance sendo realizada no
SESC/GAMA – DF em Março de 2019.
CamisetaPerformance: Vamos conversar sobre feminicídio (2019). Registro da performance sendo realizada no
evento Elas por Elas/ Natal – RN em Agosto de 2019
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Parede que respira
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– protótipo 2 (2019)
Breathing wall – prototype 2 (2019)
Maria Ilda Trigo
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Devir Self Celular
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Devir Self Celular explora o potencial da Devir Celular Self explores the potential
arte como catalizador da ‘comunicação’ of art as a catalyst for ‘communicating’
da terminologia científica, problematiza- scientific terminology, problematizing the
dor das tensões entre bioética e tecno- tensions between bioethics and technolo-
logia e dos processos entre pesquisado- gy, and the processes between researchers
res (artísticos e científicos) e audiências, (artistic and scientific) and audiences, and
e como ela pode ajudar-nos a inovar, how it can help us innovate by looking
olhando para além das construções es- beyond aesthetic constructions that are
téticas que são dadas como certas nas taken for granted in the images. Evoking
imagens. Evocando a maravilha da des- the wonder of discovery offered by the te-
coberta oferecida pela tecnologia e pleas chnology and pleasures of the “new worl-
utopias dos novos mundos e oferecen- ds” and offering an ‘imagined’ view of the
do uma visão ‘imaginada’ da maquinaria spectacular biological machinery that
biológica espetacular que compreende comprises the core of our memories and
o cerne de nossas memórias e nosso es- our essential sense of self. This version is a
sencial sentido de identidade (self ). Esta fixation of the cellular being at a homeos-
versão é uma fixação do ser celular num tatic moment (in the words of Damásio) in
momento homeostático (nas palavras de which each presentation is sustained as a
Damásio) em que cada apresentação é result of a process of regulation by which
sustentada como resultado de um pro- an organism achieves or seeks the constan-
cesso de regulação pelo qual um orga- cy of its balance.
nismo consegue ou procura a constância Keywords:. Drawing, Biology, Ins-
do seu equilíbrio. tallation, Image, Experiment
Palavras-chave: Desenho, Biologia,
Instalação, Imagem, Experiência
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Black Gold
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Coexiste também a experiência sobre o conheça, uma conexão de imaginários e
recorte do lugar, em uma imersão, não tempos distintos.
para o tempo em que aquela cena foi Podemos dizer que a mudança é o
capturada, mas na criação de um novo que há de mais constante no projeto, em
tempo existente tão somente no contato 2018, junto com Edson Dantas, começa-
com a obra, na interação dos recortes e mos uma nova etapa, sentíamos que o
projeções do lugar pelo público. som era algo que faltava para uma imer-
Com isso, temos duas relações são maior do público. Então, inserimos a
em que exploramos conjuntamente, o criação de uma trilha sonora ao vivo atra-
tempo, no seu processo de mudança- vés de presets modificadores e paisagens
-transito-singular, e o lugar, como espa- sonoras previamente capturados e acio-
ço-vínculo das pessoas que ali o viven- nados por um joystick, com isso, o público
ciaram, mas também, para aqueles que passa também a co-criar o tempo do som,
o desconhecem, pois em ambos novos que em confluência com o tempo da ima-
imaginários são criados a partir dessa ex- gem, se desdobra em uma experiência de
periência, ou seja, há uma conexão com o unicidade temporal existente apenas na-
lugar pelo usuário, mesmo que ele não a quele momento, o tempo não se muda.
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Insepulto Inhumatus
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Unburied
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Horizonte Reverso
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Reversed Horizon
Nivalda Araújo
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Em água salgada
EmMeio#11
afunda-se mais
devagarinho
In salt water it sinks slower
Olivia Matni
O tempo do olhar não é o mesmo que o The time of the gaze is not the same as the
tempo do desenho. time of the drawing.
Este trabalho resulta de uma inves- This work results from a practical
tigação prática que consiste em incursões investigation that consists of raids in the
no território que margeia as Salinas de territory that borders the Salinas de Aveiro
Aveiro onde emprego o desenho como where I use drawing as a vehicle for conse-
veículo para consecutivos atravessamen- cutive landscape crossing, motivated by my
tos na/da paisagem, motivada pelo meu interest in border territories (or interspaces)
interesse em territórios de fronteira (ou and ephemeral spellings. . In this process
entre-espaços) e grafias efêmeras. Neste it is necessary to walk and stop, to remove
processo é preciso caminhar e parar, tirar one’s head from the usual place, to traverse
a cabeça do sítio costumeiro, percorrer the space with one’s hands, ears and eyes,
o espaço com as mãos, os ouvidos e os and thus to see the multiple ramifications
olhos e assim avistar as múltiplas ramifi- of the unpredictable trails that arise in
cações das trilhas imprevisíveis que sur- the insistent and repetitive construction
gem na construção insistente e repetitiva of the horizontal cutout on the paper. To
do recorte horizontal no papel. Apre(e) apprehend the landscape by echoing, by
nder a paisagem por eco, por renúncia do renouncing the interior design, by the sou-
desenho interior, pelo som do site real e o nd of the real site and the sound of the gra-
som da paisagem gráfica que constroem phic landscape that build in communion
em comunhão uma espacialidade que a spatiality that the visible experience of
a experiência visível do desenho geral- drawing cannot usually embrace. Drawing
mente não consegue abraçar. O desenho is access and experience, it is a space that
é acesso e experiência, é espaço que an- longs to be tactile and is a gesture, almost
seia ser tátil e é de gesto, quase um dese- a drawing not to be seen, it is time for those
nho para não se ver, é tempo pra quem who allow themselves to be lost in it.
permite perder-se nele. Audio and visual installation. 6h32min
Instalação áudio e visual. Faixa de audio track; graphite in varying dimensions
áudio 6h32min; grafite em dimensões va- on white roll paper
riadas sobre papel branco em rolo. Keywords/Palabras clave/Mots clefs: Drawing,
Palavras-chave: Desenho, Som, Tempo. Sound, Time.
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Solidão V
EmMeio#11
Solitude V
Solidão V (ou Solitude Homem de Vitru- belief in the divine creation. Biology does
vio) faz parte de uma série. Entre todas not attempt to optimize design but relies
as espécies e nós, existe uma lacuna on permutations of extant technology to
aparentemente intransponível que reco- create new products (species), which then
nhecemos ao definir categorias. Somos exploit environmental niches. This work
semelhantes aos chimpanzés e isso foi explores traces of our rise from animal
reconhecido mesmo em uma época de status celebrating interspecies communi-
crença na criação divina. A biologia não cation and collaboration, discovery and
tenta otimizar o design, mas depende consciousness of our fragility and possible
de permutações da tecnologia existente fall. By conceptualizing collaborations with
para criar novos produtos (espécies), que other species, we are forced to question our
depois exploram nichos ambientais. Este self-proclaimed centered position in the
trabalho explora traços de nossa ascen- world, a position that has led to immense
são ao status animal, celebrando a co- destruction of the planet, as manifested by
municação e colaboração entre espécies, pollution, climate change and mass extinc-
a descoberta e a consciência de nossa tion of species.
fragilidade e possível queda. Ao concei-
tuar colaborações com outras espécies,
somos forçados a questionar nossa auto-
-proclamada posição central no mundo,
uma posição que levou à imensa destrui-
ção do planeta, manifestada pela polui-
ção, mudanças climáticas e extinção em
massa de espécies.
Palavras-chave: Escultura, Comuni-
cação entre-especie, Consciência.
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28, 29 e 30…
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Ah! E, também,
27 do oito de 1988
“28, 29 e 30… Ah! E, também, 27 do oito “28, 29 and 30 ... Oh! And also, 27 of the
de 1988.” é um filme média-metragem eight of 1988. “It’s a half-length film (56
(56 min.), realizado a partir da apropria- min.), made from the appropriation of a
ção de uma found footage. Seu conteú- found footage. Its contentshow fragments
do mostra fragmentos do cotidiano de of the daily life of a family recorded during
uma família registrados durante os dias the days 27, 28, 29 and 30 of August of
27, 28, 29 e 30 de agosto de 1988. Esses 1988. These fragments, in addition to reve-
fragmentos, para além da revelação de aling fragments of familiar intimacy, evoke
estilhaços da intimidade familiar, evocam memories related to the 1980s and the
memórias relacionadas à década de 1980 transition to 1990s, the debate individual
e a transição para a década de 1990, o memory debate x collective memory, the
debate memória individual x memória obsolescence of technologies, the preser-
coletiva, a obsolescência das tecnologias, vation and the whereabouts of the images.
a preservação e o paradeiro das imagens. Keywords: Contemporary art; Autobiogra-
Palavras-chave: Arte contemporânea; Auto- phy; Film; Found footage; Memory.
biografia; Filme; Found footage; Memória.
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Biocanon
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Bicho BR060 do percurso me propus a coletar ossos de
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com a câmera do dispositivo celular, uti-
O psicocapitalismo
lizando a técnica de pintura com a luz
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validar, por meio de imagens, novas reali- de energias e forças vitais que, análogas
dades, novas formas de controle e domi- ao som, operam em nós para além do
nação que hoje, na sociedade em redes, visível e do plano físico, propondo um
do hiperconsumismo, têm sido utilizadas novo olhar para o plano quântico e novas
em larga escala pelo sistema neoliberalis- perspectivas para as relações humanas,
ta, inaugurando a nova fase do capitalis- sociais e questões ambientais, sendo o
mo, o psicocapitalismo. contato com a natureza e culturas tra-
Em contraponto a isso, nesta nova dicionais uma possibilidade para novas
proposta, que é a continuidade de pen- formas de viver o Eu, ou, um reencontro
samento do trabalho fotográfico estático com a natureza.
propomos o uso da tecnologia para ani-
mar as fotografias, criando fluxos gráficos
visíveis e fluxos sonoros invisíveis com in- Dados técnicos
Título: O psicocapitalismo e as transmutações
tuito de compor outro evento estético e
sociais: a necessidade de um reencontro com a
outra forma de interação afetiva e sensi- Natureza
tiva entre a obra artística e o observador. Técnica: Mista. Fotografia digital com dispositivo
Nesse sentindo as animações serão apre- móvel, animação e sonorização em loop
sentadas em um suporte tecnológico Material Utilizado: Tablet 12,9’ polegadas e fone de
ouvido Ano de Execução: 2018/2019
afim de articular o simbólico em um novo
Número de Fotografias: 12 unidades
microssistema sinérgico onde a função Tempo de cada Imagem: 18”
poética revela visualmente as irradiações
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“Viridis – Lux castellum”
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Objeto interativo
foco está no reino Plantae (também co-
Rosangella Leote nhecido como Metaphyta). Viridis – “Lux
(UNESP São Paulo/BR) castellum” é uma peça da instalação inte-
rativa “Viridis” que é composta de robôs,
Abstract semiautônomos e de baixa tecnologia,
“Viridis - Lux Castellum”, is one of the five que simulam vidas vegetais translúcidas,
pieces of the art installation “Viridis”, whi- capazes de se movimentar, emitir luzes e
ch composes the main project “Viridium”. sons e que se oferecem ao conjunto sen-
It is an interactive object with sound, light sório do experienciador, mantendo, po-
and movement. The installation was first rém, a tecnologia computacional e mecâ-
assembled at the FACTORS 6.0 Exhibition. nica subjacente, encoberta para o olhar.
It was part of the Biennial SUR (Santa Ma-
ria/RS / Brazil), at UFSM, curated by Nara
Cristina Santos and Mariela Yeregui.
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Momento 01- Abertura/Recepção
Quintal dos Sons:
O(s) indivíduo(s) fica(m) sozinho(s)
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senta-se e coloca nos olhos uma venda a utilização do sensor infravermelho,
(máscara escura nos olhos). foi criado um algoritmo capaz de re-
produzir o vídeo conforme à presença
dos espetadores/fruidores detecta-
das. Cada presença foi programada
para ser novamente detectada a cada
7 minutos. De modo que, assim que
as pessoas entram na sala e se aproxi-
mam da primeira faixa o vídeo come-
ça a ser reproduzido até o final. Tam-
bém em processing e arduíno foram
programados os sensores de aproxi-
mação infravermelhos; estes detec-
tam a presença através do calor, mas
também são utilizados para detectar
obstáculos e acionar alarmes e sons
Figura 1- Vídeos da Instalação “Quintal dos Sons” Em
exibição realizada numa Exposição na Casa de Arte
diversos. Esse sensor foi escolhido
José Saramago, Julho, 2019, Óbidos, Portugal. pela sua precisão, permitindo-nos a
possibilidade de programá-lo confor-
Toda a programação do artefac- me a distância e tempo de produção
to foi criada em Processing aliado ao de cada áudio selecionado na cons-
Arduíno. No primeiro momento, com trução da instalação.
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primeiro de uma série intitulada “Quando
R Scuti: da série “Quan-
as Estrelas Tocam”, realizado pelo Grupo
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do histórico da curva de luz da estrela,
os sons gerados são emitidos por um
alto falante posicionado em contato com
um recipiente com água, ambos acomo-
dados em um objeto confeccionado por
técnicas de prototipagem e uma máqui-
na CNC de corte à laser. A peça construí-
da foi inspirada em antigos instrumentos
de navegação.
O trabalho estabelece um meca-
nismo de visualização de dados de uma
estrela. As pulsações estelares e a varia-
bilidade de seu brilho constituem uma
memória que antecede a nossa própria
existência. Tal memória estelar, quando
transposta em uma frequência sonora,
cria um sistema cíclico de funcionamen-
to entre luz, dados discretos, sons, e luz
novamente, promovendo uma ordem de
organização não convencional. Da poéti-
ca da instalação emerge um ecossistema
no qual observador e estrela coexistem
em diferentes temporalidades.
Figura 1 (à esq.): Detalhe da instalação R Scuti – ob-
jeto e adesivos em parede, com gráficos da variação
de magnitude da estrela R Scuti ao longo de um
século. ©Grupo Realidades, 2019
Figura 2 (à dir.): Instalação R Scuti, com projeção dos
padrões cimáticos sobre o teto do local expositivo.
©Grupo Realidades, 2019
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participativa, de plástico e luminosa. No
Flores de Plástico
encontro das tecnologias de objetos co-
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Detalhes das
flores de plásticos
com módulo
luminoso
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“γραμμικού κώδικα”, αναφέρεται στη
Dismembered
συνεχή εμπορευματοποίηση της φύσης
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Figure 1: Dismembered Landscapes, View of
the installation.
Figure 2: Dismembered Landscapes, View of
the installation.
Figure 3: Dismberment, Photograph on Paper
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Marés
EmMeio#11
Videoinstalação
ainda, o deslocamento de corpos que nos
Discutindo as relações entre as conduzem à finitude e (in)finitude do Mar.
temporalidades da natureza e da arte, A opção estética, por uma instalação
a videoinstalação Marés é resultante de com quatro horas de duração, se dá com o
uma ação performativa realizada na praia objetivo de confrontar, a partir da imagem
da Requenguela|Ceará|Brasil. digital, a temporalidade natural das marés
Com 4 (quatro) horas de duração, a à temporalidade da arte e do corpo do
obra é composta por dois vídeos grava- espectador neste espaço de fruição, pro-
dos em tempo real, das 9:30 AM às 4:30 pondo assim um olhar para si mesmo, uma
PM. Cada vídeo apresenta um ciclo de reconexão, neste caso, a partir do tempo,
maré, da cheia à rasante e da rasante à entre Homem e Meio Ambiente.
cheia, num movimento contínuo do mar,
com seus ritmos, fluxos e deslocamentos. Ficha Técnica
Frente a temporalidade da nature- Idealização e montagem: Walmeri Ribeiro
za impressa à imagem, acompanhamos, Imagens: Fábio José, Clara Bastos e Walmeri Ribeiro
Desenho e instalação sonora: Daniel Puig
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LISBOA - PORTUGAL
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