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PAPAI EU QUERO CASAR Maria – Mafalda – Madeleine – Oscar – Osmar Osnir - Seu

Sebastião – Craúdia - Martinha Prefeito Dodô - Maria de


Lourdes - Fátima Selma - Padre Ernesto

Três saias de lá, três calças de cá e uma cinta pra


atrapalhar.

De Leandro Vieira

CENA 1 (SALA)

(Na sala está Maria, Mafalda e Madeleine)

As três cantam: “O papai não quer deixar, uma aliança nós


botar. Os homens vêm com a esperança e o meu papai com
a ignorância. Nosso coração pula feito boi, e os homens não
Personagens: podem nem “oi”, estamos perdidas e mal resolvidas e nossa
irmã cuidando das nossas vidas”.
Mafalda: Eu não agüento viver de baixo das asas do papai, Mafalda: Eu concordo plenamente com a Maria, nada de
a gente não pode fazer nada. Estou cansada de namorar só piedade com aquela peste.. Mas meninas, eu tenho que
por facebook. Pôxa, já vieram oito rapazes tentar alguma mostrar um vestido que eu comprei pra ir no clube do
coisa comigo, todos saíram daqui com o olho roxo. Gente comércio de amanhã à noite.
isso é cumulo do casamento, não achar um noivo. Nenhum
é valente para peitar realmente nosso papai. Madeleine: Mas Mafalda, nosso papai nunca vai deixar.

Maria: Isso é verdade. Mas não podemos nos esquecer que Maria: E quem disse que ele precisa deixar o criatura? Para
nosso pai só descobre nossos namoros por causa da de ser boba Madeleine. Eu também vou! Onde está o
Martinha, aquela fofoqueira. vestido Mafalda?

Mafalda: Se a Santa das Esperanças aparecesse, eu ia pedir Mafalda: No meu quarto, vamos lá ver. (as três saem e
que a Martinha fosse afogada no fundo do poço do quinto entra Martinha)
dos infernos.
Martinha: Essas três sirigaitas estão planejando alguma
Madeleine: Não fale assim Mafalda, por mais que a Martinha coisa. Mas o que será? Preciso descobrir o mais rápido
já tenha estragado todos os nossos namoros, ela continua possível.
sendo nossa irmã mais nova.
(entra Craúdia).
Maria: Ela deve ter algum ponto fraco, e a gente precisa
descobrir para contra atacá-la. Craúdia: Oi Martinha, você por acaso não viu a vassoura? Eu
deixei ali na cozinha, mas agora não está mais.
Madeleine: O que adianta nós impedirmos que ela conte,
sendo que uma hora os rapazes vão ter que pedir nossas Martinha: A vassoura é sua?
mãos em casamento e o papai vai dizer não e ainda bater
neles? O problema não é ela. Craúdia: Sim, é!

Maria: Mas pense Madeleine, se ela não contar, mais tempo Martinha: Então ela deve estar voando por aí. Preste
nossos namoros vão durar, e mais coragem os rapazes atenção no que eu vou te falar, você é a empregada, você
terão em pedir nossas mãos em casamento de forma firme deveria saber não eu que sou filha do dono da casa. Eu
e valente e assim intimando nosso pai que vai acabar tenho muitas coisas pra me preocupar.
cedendo.
Craúdia: Como a vida das suas irmãs?
Martinha: Não, como qual empregada eu posso por no seu polenta do homem! (sai correndo e entra Mafalda e logo em
lugar. (sai) seguida Martinha)

Craúdia: Mais uma hora eu meto a mão na boca dessa Martinha: oi Mafalda. E aí estão planejando alguma coisa
esquelética. Oh menininha dos infernos, filha de uma... pra amanhã? Porque que eu saiba amanhã tem festa no
(entra seu Sebastião) clube do comércio e eu duvido que vocês não queiram ir.

Sebastião: Craúdia, eu quero que amanhã você tranque Mafalda: A gente quer ir sim, mas se o nosso papai não quer
minhas filhas no quarto. Amanhã é a balada no clube do que a gente vá, a gente não irá. Só um conselho queridinha,
comércio, e eu vou lá dar umas voltas, ver se eu arranjo vai caça quem te quer. (sai)
uma namorada. E por hipótese alguma minhas filhas podem
ir. Lá vai estar cheio de marmanjos de olho em rabo de saia, Martinha: Vou ficar de olho nelas. (sai)
e minhas filhas do jeito que anda vão acabar se
enrabichando com algum. A Martinha você pode deixá-la CENA 2 (NA PRAÇA)
livre, ela é novinha não pensa nessas coisas.
(Chegam três forasteiros a cidade de Erechim)
Craúdia: Mas o seu Sebastião, você não acha que já está na
hora das suas filhas namorarem, casar, ter suas casas. Oscar: (Lê a placa) Bem vindos à cidade de Erechim. E
então meu querido Osmar, me explica que raio de cidade é
Sebastião: Cala a boca Craúdia, cala a boca, fica quieta, essa?
minhas filhas vão namorar na hora que eu achar que elas
estão prontas, na hora em que eu achar um noivo pra elas. Osmar: Eu não sei, era pra essa cidade estar cheia de
E você vai cuidar das roupas, da comida, da faxina da casa prédios, luzes, cheio de lojas.
e não se intrometa do que não é da sua conta dona Craúdia.
Oscar: Vai ver que algum furacão deu uma passadinha aqui
Craúdia: Só estava comentando. e levou tudo embora. Seu burro!

Sebastião: Pois não comenta, vai fazer minha polenta sua Osmar: Não precisa falar assim. Eu apenas me confundi,
jumenta. (sai) esse foi o endereço que o meu GPS indicou.

Craúdia: Esse é outro que ta merecendo uns boxes. Oscar: Ou o seu GPS é a manivela ou você não consegue
(começa a limpar a sala) Ninguém me valoriza nessa casa, acompanhar um mapa.
esse povo ta achando que a gente ainda está na época da
escravidão. (senta no sofá e fica pensando) Ai meu Deus a
Osnir: Vai com calma Oscar, o Osmar é assim mesmo. Com Oscar: Olá moças.
certeza ele viu algum rabo de saia e se perdeu todo.
M. Lourdes: Ele chamou-me de moça Fátima. Ai que
Oscar: Não da Osnir, esse cara é muito burro, até a minha vergonha.
avó com mal de Alzheimer raciocina melhor que ele. Poxa,
já era pra estarmos em Nova York, mas esse besta disse: Oscar: Muito prazer. Eu sou Oscar, esse é Osmar, e esse é o
“Vamos passar primeiro na cidade do meu tio, lá tem Osnir. Somos do Complexo do alemão, ex capital do tráfico
mulheres bonitas, bebidas, jogos, tudo de diversão”. A única
diversão que eu estou vendo é aquele urubu defecando. Fátima: (pulando e batendo palma) Baaah, que legal, eu
acho que vi vocês no telejornal haha rimou!
Osnir: Vamos pedir ajuda e aí saímos daqui.
Selma: E porque vieram pra cá? A cidade de Erechim é bem
(Entra as fofoqueiras Maria de Lourdes, Fátima e Selma) privada, tudo muito simples, e as pessoas são do bem. Aqui
ninguém rouba ninguém viu.
M. Lourdes: Olhem ali meninas, três forasteiros, o que será
que eles querem aqui na humilde Erechim hein? Osnir: Na verdade aqui não era nosso objetivo. Viemos
parar aqui por engano.
Selma: Eu não faço a mínima idéia Maria de Lourdes, mas
com certeza são ladrões. Vou esconder todas as minhas M. Lourdes: Então a minha reza deu certo. Eu sou Maria de
jóias, meus dinheiros, porque nunca se sabe. Lourdes, essa é a Selma, e essa daqui a Fátima.

M. Lourdes: Eles fazem um bom caldo hein. Oh coração que Oscar: Vocês não sabem como a gente chega à Uruguaiana?
pula feito mula.
Fátima: Eu adoro banana Mas eu não sei onde fica
Fátima: Não é nada disso Selma, tenho certeza que eles são Uruguaiana! (ela dá risada) Entenderam? Eu adoro banana,
mendigos e estão morrendo de fome. O que a gente podia mas não sei onde fica Uruguaian.
dar pra eles comerem?
Selma: Que menina Biruta.
M. Lourdes: Podia ser eu... Ser eu a arranjar alguma coisa
pra eles devorarem, comerem, degolarem. M. Lourdes: Porque vocês não ficam até amanhã à noite?
Haverá uma festa aqui, todos da cidade virão. É um evento
Selma: Com tanto que ninguém me assalte. Oh rapazes o anual que a gente faz.
que vocês querem por aqui?
Oscar: Espera só um momento. (Ele puxa seus amigos em Prefeito: Essa balada de amanhã tem que estar uma
um canto) Que tal a gente ficar aqui até amanhã? Não maravilha. Com muitas bexigas, rojões. Eu pensei tudo em
temos nada a perder, até porque o Osmar já fez isso por uma cor bem animada, que tal cor de rosa.
nós. Teremos comida de graça, lugar pra dormir na casa
dessas velhas, e podemos encontrar umas gatinhas amanhã Padre: Senhor Prefeito Dodô. Não é querendo te desacatar,
nessa tal festa. mas cor de rosa não é uma cor adequada.

Osmar: Opa! To dentro. Prefeito: Como você é antigo Padre Ernesto, cor de rosa está
na moda.
Osnir: Por mim a gente ia embora, e tentava achar logo...
Padre: Sim, mas para as moças. E na quermesse haverá
Oscar: Ótimo! Já que todos estão de acordo. Então moças a homens.
gente aceita o convite de vocês.
Prefeito: Adoro homens... Eles são prestativos.
Selma: O convite dela, porque eu não convidei ninguém.
Padre: Sim, mas vamos acabar logo nosso assunto, que eu
M. Lourdes: Que maravilha rapazes. Então me estou começando a ficar com medo. Em fim, no começo eu
acompanhem, vamos arranjar algum lugar pra vocês pretendo dizer algumas palavrinhas, e ai em seguida as
dormirem lá em casa, na minha cama, debaixo da coberta. danças, os bingos, as comidas.
Aih!
Prefeito: Adorei, e eu pensei como eu sou o prefeito, eu ficar
Selma: Deixa-me ir à frente. O meu cofre está aberto. (sai) numa cadeira tipo de rei olhando vocês do alto de uma
rocha. O que achas?
Fátima: Vocês sabem onde a gente mora?
Padre: Acho uma idiotice. Senhor Prefeito, você está mais
Oscar: É claro que não. preocupado com o que você quer do que com a festa.

Fátima: Que burros, a gente mora na nossa casa. (sai) Prefeito: Que isso, estou preocupado com tudo. Que roupa
você acha que eu ponho?
M. Lourdes: É por aqui.
Padre: Amanhã a gente termina de acertar esses detalhes.
(saem e entra o padre e o prefeito) Até mais ver. (sai)

Prefeito: Esse padre é tão pouco fashion. Que dó dele. (sai)


CENA 3 Mafalda: Tudo bem fica aí, porque eu não perco essa festa
por nada.
(pela praça vão passando as pessoas que estão indo para a
festaque fica dentro da coxia, e de lá se ouve musicas e (saem ela e Maria, e entra Osnir)
pessoas dançando e conversando) (enquanto isso, do lado
da sala entra Craúdia, e logo em seguida Maria, Mafalda e Osnir: Olá moça. Posso me sentar aqui?
Madeleine)
Madeleine: Claro que sim. (Ele senta, e por um tempo fica
Craúdia: Ai meu Deus! Como vocês saíram do quarto? em silencio).

Maria: Você colocou a gente lá. Mas não trancou a porta. Osnir: Prazer, meu nome é Osnir, encantado por tamanha
beleza.
Mafalda: Mas em fim, dona Craúdia, por favor, deixa a gente
ir nessa quermesse, eu juro que a gente volta antes do meu Madeleine: Prazer, meu nome é Madeleine.
pai e não comentamos nada com ninguém.
Osnir: Que lindo nome, tão lindo quanto você.
Craúdia: Mas e o capeta da sua irmã?... Quer dizer e a sua
irmã capeta... Quer dizer a sua irmã? Madeleine: Muito obrigado pela gentileza. Mas você é novo
por aqui?
Maria: Isso a gente resolve muito fácil. (gritando) Martinha
vem aqui na sala. (Quando Martinha entra Maria da uma Osnir: Sim, eu moro em outra cidade, e meu destino
“paulada” nela) Pronto resolvido. Coloca essa menina no também era outra cidade, mas por sorte eu vim parar aqui.
quarto, se ela acorda, fala que já está todo mundo Você tem namorado?
dormindo pra ela ir dormir também. Meu pai sempre vem
depois da meia-noite, e antes disso a gente ta aqui. Eu Madeleine: Eu já vou entrando minhas irmãs estão me
trago um red bull pra você. (elas saem) esperando. (sai)

Craúdia: Ai que bom! Tô precisando criar asas mesmo. (Ela Osnir: Nossa que moça linda, vou entrar na festa também.
pega Martinha e a leva para coxia, as luzes da sala se (sai e entra Mafalda seguida de Osmar segurando um lenço)
apagam e ficam acesas só as da praça e Craúdia volta e
dormi no sofá, e as meninas vão chegando à festa). Osmar: Senhorita, você deixou cair este lenço.

Madeleine: Vão entrando vocês. Vou ficar aqui pra


descansar um pouco.
Mafalda: Ai como eu sou burra, deixei o lenço cair. Minhas Prefeito: Às vezes o amor da gente está mais perto do que
mãos estão tão cansadinhas, você não quer colocar esse se possa imaginar.
lenço aqui no meu decote?
Sebastião: Não entendi o que está dizendo.
Osmar: Com maior prazer. (ele coloca o lenço no decote
dela) Prefeito: O amor é feito de desejos, de sedução e eu estou
sendo seduzido por essa forte e expressiva palavra que me
Mafalda: Como suas mãos são grossas. Mostra-me o que possui e me deixa louco.
fazer com elas.
Sebastião: Eu ainda não estou entendendo prefeito.
Osmar: Com maior prazer (Osmar joga Mafalda no banco e
os dois começam a se beijar, até que Mafalda se da conta Prefeito: Amor! Amor seu Sebastião, é disso que estamos
do tempo, e empurra-o) tratando.

Mafalda: Eu tenho que ir me encontrar com as minhas Sebastião: Você está apaixonado! Compreendo agora, mas
irmãs, outro dia a gente se beija. (Vai saindo) por quem? (Dodô sai chorando) Que gazela doida. (sai e
entra Maria)
Osmar: Só antes me passe seu Facebook.
Maria: por pouco meu pai não me vê. Se ele souber que
Mafalda: É Mafalda Safada e o seu? estamos aqui, nos arranca um figado. (entra Oscar)

Osmar: Osmar Ravilha minha querida. Oscar: O que uma bela boneca faz nesse banco sozinha?

(Mafalda sai seguida por ele, e entra o prefeito Dodô e seu Maria: Esperando um lindo rapaz aparecer.
Sebastião)
Oscar: Será que ele não já chegou? Prazer donzela, meu
Prefeito: E então seu Sebastião, o que está achando da nome é Oscar.
festa? Afinal foi do seu bolso grosso que saiu boa parte do
patrocínio. Maria: Muito prazer meu nome é Maria. Só quero te
informar que sou moça de família, então me respeite.
Sebastião: Está boa a festa senhor Prefeito Dodô. Pena que
não encontrei nenhuma namorada ainda. Oscar: Mas é claro que lhe respeitarei, sou um verdadeiro
cavalheiro.
Maria: Mas espera aí tem alguma coisa na sua boca. (Ela se Oscar: Eu te agarrado? Mas como...
aproxima e o beija fogosamente).
M. Lourdes: Pode deixar que eu não vou contar a ninguém.
Oscar: Ual! Animal bicho. Nenhuma potranca nunca me Mas da próxima vez vai com calma, eu ainda não perdi
beijou assim na vida. (ele avança nela, mas ela o empurra) minha virgindade, essas coisas pra mim são novas e... (sai
chorando)
Maria: Que isso? Respeita-me, sou moça de família. (se
levantando) Já estou indo, até uma próxima. (sai) Oscar: Que isso? Essa mulher além de tarada tem o
intestino na cabeça. (entra Osmar e Osnir)
Oscar: Com certeza. (entra M. de Lourdes) Lá vem a tarada
homicida. Osnir: Já curtimos, já conhecemos umas gatas, só que agora
vamos dar no pé.
M. Lourdes: Olá jovem rapaz. O que fazes aqui nesse banco
duro e gelado? Oscar: Só se eu tivesse doido, conheci um peixão que me
deixou apaixonado. (Osmar começa a rir)
Oscar: Esfriando meu bumbum. Mas e aí Maria de Lourdes,
porque saiu da festa? Osmar: Apaixonado por peixe Oscar? Desde quando isso?

M. Lourdes: Alguma coisa me disse que a minha metade da Oscar: Cala a boca seu idiota. Desculpa Osnir, mas eu sinto
jabuticaba estava a minha espera. que essa é a mulher que eu sempre quis pra mim.

Oscar: Então pode ir procurá-lo, eu não me importo de ficar Osnir: Cara, por acaso essa mulher é a Maria de Lourdes?
aqui sozinho, até por que...
Oscar: Vira essa boca pra lá satanás. Ela se chama Maria,
M. Lourdes: Você é a minha metade da jabuticaba. Gruda cara, ela é bonita, esperta e atirada.
em mim, que eu te faço rei.
Osmar: Eu também conheci uma que me deixou de pelo
Oscar: Olha Maria de Lourdes... branco. Ela se chama Mafalda, que mulher é aquela? Linda,
safada, é tudo que eu quero pra mim. Mas e você
M. Lourdes: Não, não, e não, pra você é Lourdinha. Assim o Osnir? Não conheceu nenhuma?
nome fica mais correspondido a minha idade. (Ela o agarra
e o beija a força, depois de um tempo ela joga ele) Não, Osnir: Conheci, ela é sensível, meiga, mas vergonhosa.
porque fez isso Oscar? Sou moça de família, não deveria ter Estou afim dela também.
me agarrado dessa forma.
Oscar: Então está fechado, vamos ficar aqui dormindo na Mafalda: Ah papai, a idade já está afetando suas vistas, ela
casa daquelas velhas e aí a gente dá um trato nessas já afetou seu senso de humor.
belezuras. (saem e entra Maria, Mafalda e Madeleine)
Sebastião: É pode ser. Eu ando meio confuso ultimamente.
(a luz da praça se apaga e acende a da sala, seu Sebastião (entra Martinha gritando)
entra com tudo na sala)
Martinha: Papai! Um poste caiu na minha cabeça, eu voei
Sebastião: Craúdia! Cadê as minhas filhas? (Craúdia da um em um tapete vermelho pra minha cama e lembro estar
pulo do sofá) sendo carregada por algo muito fedido, e tinha três cabras
me olhando enquanto eu estava adormecendo.
Craúdia: (falando pra ela) Jesus, aquelas meninas não
devem ter chegado. Então seu Sebastião como foi à festa? Sebastião: Pare de contar historias a ela Craúdia, a menina
está ficando biruta. E meninas lembrem-se da minha ordem,
Sebastião: Cala essa boca sua maldita (gritando) e me fala não podem namorar, e muito menos casar sem a minha
onde estão as minhas filhas? permissão. (dá risadas) Como se vocês fossem loucas de
fazer isso. Espero que não. (sai)
Craúdia: As suas ervilhas?
Martinha: Não! Espera aí, estou me lembrando, na verdade
Sebastião: AS MINHAS FILHAS! foi a Maria que me deu uma paulada, e foi a Craúdia que
me levou pra cama e...
Craúdia: Ah sim, as suas ilhas.
Maria: Como você conta mentiras hein Martinha. (Maria,
Sebastião: Dona Craúdia, a senhora não brinca comigo que Mafalda, Madeleine e Craúdia dão risada).
eu não estou para brincadeiras. Você não é surda e eu não
sou bobo, e agora me responde: ONDE ESTAO AS MINHAS Martinha: Vocês me aguardem, eu vou reunir forças do
FILHAS? (Entra Maria, Mafalda e Madeleine vestidas com inferno e vou acabar uma por uma. (As meninas ficam
pijamas) assustadas) Não me conhecem, não sabem das minhas
forças malignas. MUHAHAHA (solta gargalhadas e as
Maria: Algum problema papai? Acordamos com tantas meninas saem correndo) Bando de imbecis, elas acham
gritarias. mesmo que uma garotinha de sete anos como eu reuniria
forças do inferno? É, talvez. (sai e as meninas voltam)
Sebastião: Mas eu fui ao quarto e vocês não estavam lá.
CENA 4 Martinha: Vocês querem falar com ele?

M. Lourdes: Hoje o Oscar estava dormindo falando no nome M. Lourdes: Sim!


da Maria, não gostei nada disso. Mal a gente se casa e ele já
me põe um chifre. (chorando) O coração que pula feito Martinha: Então ele não está. Meu pai tem muita coisa pra
mula. fazer, porque ele ao contrario de certas pessoas não fica
fuxicando da vida dos outros. Agora me deixe ir, tenho que
Selma: Mas você não se casou com ele sua desmiolada. E comprar pães pra minha adorada família. (vai saindo)
que Maria é essa?
Selma: Desse jeito o seu Sebastião não vai descobrir o
M. Lourdes: Acho que é a filha do seu Sebastião. romance da filhinha dele. (Martinha volta)

Selma: Raciocina comigo querida. Você gosta do Oscar, o Martinha: Eu sem querer escutei o que você disse e... O que
Oscar gosta da Maria, ela é filha do Sebastião, o Sebastião você disse?
nunca vai permitir que os dois namorem, agora imagine se
um passarinho conta pro Sebastião que a filha dele está de Selma: Precisamos contar sobre o romance da Maria com
romance com um forasteiro. O que será que podia um forasteiro que chegou à cidade acompanhado de seus
acontecer? dois irmãos.

Fátima: Ai Selma que dó de você, passarinhos não falam. E Martinha: Três forasteiros mais três sirigaitas é igual a três
que eu saiba o Sebastião odeia passarinho, e penso se esse casais que é igual a um romance que é igual meu pai ficar
bicho caga na cabeça do homem, aí o bichinho vira comida sabendo que são iguais a seis bundas ardendo em febre de
pro almoço. tanto apanhar. MUHAHAHA! Mas espera ai línguas de trapo,
o meu pai é uma pessoa que exige provas, e por acaso
M. Lourdes: Fica quieta Fátima. Então você acha que eu vocês tem provas? Porque se não tiverem provas, o meu pai
devo contar! Ótima idéia Selma, o Oscarzinho é meu e de vai ver que vocês podem estar mentindo, então vocês
mais ninguém. precisam de provas, para provar ao meu pai que é verdade.

Selma: É assim que se fala mulher. (entra Martinha) M. Lourdes: Prova a gente não tem. É que o Oscar estava
dormindo falando o nome da Maria.
Fátima: E o Oscar vai para Maria de Lourdes.
Martinha: Bom, eu queria muito que essa Maria fosse a
M. Lourdes: Martinha minha querida, seu pai está na sua minha irmã. (gritando e falando brava) Mas existe trocentas
casa? Marias, pode ser qualquer Maria, só na cidade deve haver
umas 15 Marias, e esse daí não é daqui, ele é um forasteiro, seremos mais foragidas. Nem a Martinha vai nos intimar
ou seja um pessoa que deve viajar muito, resultando em aquela garota que vai se lascar vai ser amor todo dia com
que ele pode ter conhecido uma tonelada de Marias. os homens das nossas vidas”. (entra Craúdia)
Quando vocês tiverem provas vocês me avisam e antes de
falar com o meu pai. (sai) Craúdia: Parabéns meninas! Eu ouvi tudo, até que em fim
vocês vão desencalhar, já estava na hora de algum homem
Fátima: Falando em Maria, me deu uma vontade de comer gostar de vocês de verdade e vim enfrentar o pai de vocês,
banana. Ah! Eu adoro banana mas não sei onde fica achei que ficariam o resto da vida de vocês...
Uruguaiana essa foi à melhor piada que eu contei na minha
vida. Maria: Obrigado Craúdia, pode ficar quieta agora. Meninas
vamos pro quarto pra combinar a data, decidir os
Selma: Alguém faz essa cérebro de massinha calar a boca convidados...
ou eu vou...
Mafalda: Vamos sim! (As três pulam de alegria)
M. Lourdes: Vamos então meninas, precisamos de um plano
pra provar para seu Sebastião que a filha dele está Craúdia: Só tomar cuidado pra não acontecer nada de ruim
enrabichada com o meu homem. com eles não é? Como um acidente, uma prisão repentina,
um seqüestro relâmpago, um estupro...
(saem e entram as meninas que se sentam no sofá)
Maria: Craúdia dá pra você calar essa boca?
Mafalda: Que saudade do meu Osmar, acabei de receber
uma mensagem no Whatsapp, dizendo que ele virá aqui (As meninas saem e entra Martinha)
pedir minha mão em casamento.
Craúdia: Nossa você já chegou? Sorte que não chegou
Maria: Eu também recebi uma do meu Oscar. Até que enfim alguns minutos antes se não pegaria no fraga os... Ai então
vamos desesencalhar. Martinha como foi lá?

Madeleine: Vocês só pensam nisso. Martinha: Como é? Quem eu pegaria no fraga? Responde!

Mafalda: E você dona Madeleine só não pensa nisso. (Entra Craúdia: Você pegaria no fraga os cachorros querendo
Craúdia) atacar os bolos que eu preparei.

As três cantam: “O papai vai se ferrar e uma aliança nós Martinha: Eu tenho uma vantagem sobre você e minhas
iremos botar. Achamos os homens das nossas vidas e não irmãs.
Craúdia: E qual é dona Martinha? Prefeito: É verdade padre Ernesto, com esse dinheiro a
gente vai poder reformar a igreja, abrir uma escola...
Martinha: Simplesmente a sua língua maior que a boca.
Você não consegue guardar um segredo, e quando menos Padre: Que abrir escola uma ova, essas sarnas dessas
esperar terá contado tudo pra mim. crianças que vão estudar com o capeta.

Craúdia: Nunca! Eu estou firme e forte, e a minha língua vai Prefeito: PADRE! Mas o que é isso? A escola mais próxima
ficar bem no lugar dela. daqui é na outra cidade que está a cinco quilômetros.
Precisamos de uma escola aqui, é muito longe para as
Martinha: Tudo bem dona Craúdia. (um tempo em silencio) crianças irem andando, coitadinho dos pezinhos delas.
Craúdia, veio alguém aqui em casa uns minutos atrás? E
quem era? Padre: Elas que agradecem por poder andar, essas crianças
da cidade são uns demônios, abrir escola pra que? Para elas
Craúdia: Veio sim, eram os forasteiros. baterem no professor? Pra destruírem os bancos? Pra urinar
fora da privada? Não! Vamos gastar esse dinheiro em infra-
Martinha: Ah, e o que eles queriam? instrutora para a cidade, vamos modernizar essa bagaça.

Craúdia: Vão pedir a mão das suas irmãs em casamento Prefeito: Mas não é isso o que as pessoas querem isso não
daqui dois dias pro seu pai. vai ajudar, a gente precisa primeiro resolver os asfaltos, as
escolas, e depois modernizar a cidade.
Martinha: Brigada idiota! (sai)
Padre: Como você é pouco fashion hein prefeito. Pra que
Craúdia: De nada... Ai meu Deus! O que eu fiz? Aquela asfalto? A rua da igreja já é asfaltada, e o resto da cidade
demônia me enganou. Ah mas eu queria contar mesmo. que se contente por ter um chão pra elas pisarem.
(sai).
Prefeito: Eu não conhecia esse seu lado selvagem. Adoro
CENA 5 homens selvagens, são tão bons no que fazem.

(Na praça estão o Padre e o Prefeito) Padre: Eu acho que eu preciso ir me purificar. Com licença
seu prefeito Dodô.
Padre: Arrecadamos muito dinheiro nessa ultima festa, foi a
mais lucrativa de todos os tempos. Prefeito: Pode passar. (Prefeito sai) Um dia esse peixe cai na
minha rede. (Entra as fofoqueiras)
M. Lourdes: Seu prefeito Dodô o que o senhor acha dos Sebastião: Ah Martinha, como você é inocente, ninguém
forasteiros? teria coragem de me enfrentar, todos amam suas vidas.
Como é boa a infância, a inocência nos deixa tão mais
Prefeito: Daqueles pedaços de mau caminho? Ah fazem um divertidos. Vai brincar com suas bonecas meu amorzinho.
bom caldo... Quer dizer, devem trabalhar muito não é? Mas
porque a pergunta? Martinha: Mas papai, é verdade! E eu não sou mais criança
eu entendo muito bem as coisas.
Selma: Porque a Maria de Lourdes está apaixonada por um
deles. Sebastião: Era isso que suas irmãs diziam quando tinham
quatro anos, tempos que não voltam mais. Vou te comprar
Prefeito: Quem não ficaria? Mas em fim, ouvi dizer que eles uma boneca, até mais tarde em casa. (sai)
vão pedir a mão das filhas de seu Sebastião amanhã.
Martinha: Velho dos infernos! Terei que alertá-lo de outra
Fátima: Mas eles já têm mãos? Pra que vão querer forma. Mas como? (Entra as fofoqueiras)
outras...Rhãm, a Maria de Lourdes precisa saber disso.
Selma: Precisamos da sua ajuda querid
(Entra Martinha)
Lourdes: Não vou permitir que os meus homens se casem
Martinha: Papai que bom que te encontrei, tenho que te com suas irmãs e pra isso colocarei na refeição deles um
contar uma bomba. (Entra Fátima) tranqüilizante, que fara eles dormirem. E ai então você
entra na segunda parte do plano.
Fátima: Bomba? Aonde? Socorro! (Sai gritando pelo palco e
vai embora) Selma: Você dirá que os viu no Cama de Gato,
rodeados de mulheres, só que de forma que elas
Sebastião: Que bomba é essa? (Entra Fátima) acreditem no que está dizendo. E assim, elas ficarão
magoadas pelo resto da vida com eles durante um dia
Fátima: Bomba? De novo? Aonde? (Sai gritando pelo palco e inteiro, e então eles não iram pedir a mão delas em
vai embora) casamento.

Martinha: Em fim, chegaram à cidade três forasteiros, e as Fátima: E daí entra as bombas para explodir tudo. Ai como
minhas irmãs estão enrabichadas com eles, e amanha irão eu tô bandida
pedir a mão delas em casamento para o senhor, então eu já
estou te avisando pra você se preparar... Martinha: Até que é um bom plano. Vou ajudá-las a exercê-
lo. Até mais. (sai)
M. Lourdes: Meninas! Vamos ao trabalho. (saem) Mafalda: Ah que saco, era tão grande, tão macio. Que ódio
dele. (sai)
CENA 6
Craúdia: Coitadinha delas. (entra Martinha)
(Na sala estão as três meninas)
Martinha: MUHAHAHA! Que coisa feia Craúdia, contou tudo
Mafalda: Eles estão demorando muito, já está escurecendo. para elas sabendo que as deixaria profundamente tristes.
Você não é amiga de verdade, eu não ia querer uma como
Madeleine: Eu não deveria ter acreditado nele. você. Desde que chegou aqui, só faz minhas irmãs
sofrerem, e fora o seu trabalho que é de quinta, o meu pai
Maria: Calma meninas, logo eles estão ai. Não vamos ficar nunca ficou satisfeito com seus serviços, eu não que sei o
desesperadas. (Entra Craúdia) que ainda faz aqui.

Craúdia: Meninas! Deixa-me contar tudo pra vocês. Eu e a Craúdia: Eu não sabia que eu era tão pouca amiga, e tão
capeta da irmã de vocês... Quer dizer o anjo da irmã de incompetente assim. Sempre achei que os meus serviços
vocês estávamos na cozinha, e ela acabou falando que viu agradavam. Mas o que eu devo fazer?
os forasteiros da cidade em um bar rodeado de mulheres, e
eles eram os seus namoradinhos. Martinha: Ir embora daqui. Assim meu pai pode achar uma
empregada que realmente seja companheira e
Madeleine: Não podia esperar nada menos deles. (sai competente.
chorando)
Craúdia: Diz pro seu pai, que eu estou indo embora então.
Maria: Você tem certeza no que ouviu? A Martinha pode Que eu nunca mais volto. (sai chorando)
estar mentindo.
Martinha: Não volte mesmo. Com essa idiota fora daqui, vai
Craúdia: Eolha, se vocês não acreditam, tem um video num ser muito mais fácil fazer da vida das minhas irmãs um
tal de, YOUTUBE, sei lá o nome. A martinha filmou e postou inferno. Eu sou de mais, é cada um com as suas coisas.
lá. O nome do video é esse aqui.(saem correndo para o Como no teatro tudo acontece bem rápido, uma hora dessa
computador) ela está bem longe daqui. (Entra Sebastião)

Maria: Deixa! Eu não queria casa com ele mesmo. Eu não Sebastião: Minha filha você viu a Craúdia, eu to procurando
preciso dele... (começa a chorar e sai correndo) ela já faz um tempão. (Martinha simula um choro)
Martinha: Papai, você não sabe. A Craúdia foi embora, e Selma: Oh padre foi ou não foi bom o que a gente fez?
disse que não voltaria nunca mais. Falou-me horrores, me
xingou, e disse que o salário não chegava nem perto do que Padre: Claro que não! Será que não prestou atenção no que
ela merecia, ela desejou morte a todos nós e contou-me eu disse? Maria de Lourdes, você precisa se contentar com
que nunca viu um homem tão ignorante como você. E o o que tem. Mesmo que seja nada. (ele da risada, mas fica
principal, ela disse que não ficaria em uma casa onde três sem graça porque elas não acham graça) Em fim, eles têm
moças como minhas irmãs sejam tão sirigaitas, que ela tem que ficar com quem eles querem ficar, que no caso não é
vergonha de ficar no mesmo teto que moças sem um pingo você .
de vergonha, porque ela disse que moças de verdade não
podem namorar. Selma: Esse padre precisa de um exorcismo. (saem e entra
o prefeito)
Sebastião: Mas ela sempre me encheu o saco dizendo que
as meninas tinham que namorar. Padre: Mas de novo esse cara? Porque você não chupa
prego pra ver se vira parafuso?
Martinha: Ela disse que era um teste, pra ver se você
realmente era um bom pai. Acho que pra ela voltar papai, Prefeito: Padre devido aos seus exageros, seus gritos, seus
você precisa colocar essas meninas na ordem. ataques de loucura, eu vou renunciar o seu cargo, e acharei
outro para esta cidade. (Padre jogo o prefeito no chão e o
Sebastião: A Craúdia era muito boa, e se isso fará com que pega de chave de pescoço)
ela volte. Eu respeitarei a vontade dela. (sai)
Padre: Faz isso que eu acabo com a sua vida. Ninguém me
Martinha: É irmãzinhas, encalhadas para sempre parte dois. tira daqui, entendeu bambi? Entendeu? Entendeu?
MUHAHAHA. Entendeu? Entendeu?

(A luz da sala se apaga, e na praça aparece o padre seguido Prefeito: (gritando de dor) Eu entendi, mas me solta, por
das fofoqueiras) favor. (Padre o solta)

Padre: Eu não estou acreditando no que vocês fizeram. Padre: Melhor assim, meu pai era bandido, minha mãe era
traficante, e minhas irmãs são prostitutas. Cara eu cresci
M. Lourdes: Ai padre, eu estava desesperada. doidão, e sei que minha função na terra é ajudar as
pessoas, e você não vai estragar isso. (sai)
Padre: Conte toda verdade sua cretina, e nunca mais pense
em fazer algo tão cruel. Você é feia, HORRIVEL, e pessoas
feias não tem vez nesse mundo.
Prefeito: Que ótimo, o padre da cidade tem sérios Oscar: Eu juro por tudo que é verdade, estamos loucamente
problemas psicológicos. Mas até que ele fica bonito apaixonados, não sabemos o que aconteceu.
bravinho daquele jeito.
Osnir: Madeleine acredite, por favor.
CENA 7
Madeleine: Você acha mesmo que eu vou acreditar em uma
(Entra os forasteiros) coisa tão estúpida como essa? (Entra as fofoqueiras)

Oscar: Meu Deus, mas o que será que aconteceu? Parece M. Lourdes: Acreditem meninas! A culpada de tudo fomos
que a gente dormiu um dia inteiro. nós.

Osnir: (assustado) Cara a gente dormiu um dia inteiro. Selma: Foi você, eu não tenho nada a ver com essa historia,
Lembram que na sexta as senhoras prepararam aquela quem quer eles é você e não eu.
sopa deliciosa pra gente, fomos dormir, e hoje a gente
acorda com a feira semanal da cidade, que acontece todos Madeleine: Não adianta encobrir a mentira deles.
os domingos, ou seja, dormimos o sábado inteiro, e sábado
era o dia em que íamos pedir a mão das meninas em Fátima: Calma! Deixa o passarinho te explica, ele vai contar
casamento. tudo, afinal a culpa é dele. Espera aí, você disse que a culpa
é sua Maria de Lourdes?
Osmar: Mas como isso foi acontecer cara?
M. Lourdes: Desde que os rapazes chegaram à cidade eu
Osnir: Eu não faço a mínima idéia. me apaixonei por eles, e quando fiquei sabendo que iriam
pedir suas mãos em casamento fiquei doida. Sexta eu
(Entra as meninas) preparei um sopa muito gostosa, e nela eu coloquei um
tranqüilizante que faria os meninos ficarem um dia inteiro
Mafalda: Olhem meninas quem a gente vê, essa cidade está desacordados, eu fiz isso, pois não queria que eles
ficando cada vez pior. pedissem a suas mãos em casamentos, e queria também
que ficassem com raiva deles. Os perdoem. (falando pra si
Maria: Concordo plenamente irmã. mesmo) O coração que pula feito uma mula. 1

Osmar: Meninas a gente não sabe o que aconteceu ontem. Maria: Eu sabia que você seria incapaz de deixar uma
Íamos lá sim, mas dormimos o dia inteiro. mulher como eu passar reto. (beija Oscar)

1
Mafalda: Eu nunca acreditei em montagens mesmo, eu Martinha: Está vendo papai, estes daí são os homens que
sabia que aquele video era falso, eu sempre amei você meu querem roubar as suas filhas de você. E lembre-se da
amorzinho. (beija Osmar) vontade da Craúdia, disse que iria respeitar.

Osnir: E você Madeleine? Acredita agora? Sebastião: (gritando) Eu estou vendo e não estou gostando
nada do que estou vendo.
Madeleine: Claro que sim, eu te amo muito. (Ele vai a beijar
e ela não deixa) Só depois do casamento. 2 Martinha: Quer uma cinta papai?

Osnir: Eu espero. (Todos comemoram) Sebastião: Quero sim, mas quero pra mete nas suas pernas
Martinha. Você me enganou, enganou a pobre da Craúdia,
Maria: Foi errado o que fez Maria de Lourdes, mas obrigada eu a encontrei em um bar a gente conversou e ela me disse
por contar a verdade. tudo, não é Craúdia? (Entra Craúdia)

Fátima: Então você era o passarinho o tempo todo? Que Craúdia: O se é! Acabou pra você Martinha.
coisa feia Maria de Lourdes, colocar o nome do passarinho
em uma roubada dessas, o animal que representa essa Martinha: Mas papai, isso é o de menos, depois eu explico o
situação é uma cobra viu? porquê eu fiz isso. Mas olhe ali, não deixe papai, elas não
podem se casar.
M. Lourdes: Ai Fátima eu só não te arrebento porque o meu
coração está abeira de um precipício. Sebastião: Delas eu cuido depois. (senta no banco) Se sente
aqui e vire à bunda!
Fátima: Quer que eu o empurre?
Martinha: Mas papai...
Selma: Vamos pra casa meninas! (saem e entra Martinha)
Sebastião: SE SENTE AQUI E VIRE A BUNDA! (Martinha se
Martinha: Eu peguei com a mão na massa. Vou contar tudo senta e vira à bunda, seu Sebastião arranca a cinta e
pro papai. (Entra Sebastião) começa a lhe bater) Isso é pra você aprende a não me fazer
de otário Martinha. E vocês meninas já pra casa, serão as
Sebastião: Não precisa Martinha, eu estou vendo tudo. próximas a levar uma boa surra.

Oscar: Isso só depois que você passar por cima de mim. Eu


quero ver relar um dedo nela.
2
Osmar: Eu to dentro, não vou deixar relar na minha Sebastião: Louca você é qualquer momento. (Dá risadas)
Mafaldinha.
Craúdia: Eu estou olhando pra pessoa que amo.
Sebastião: ENTAO APANHA TODO MUNDO! (Osnir coloca o
dedo na cara de Sebastião) Sebastião: Não! Você está olhando pra mim. (Craúdia sai
chorando) Espera aí por acaso...
Osnir: Experimenta rencostar um dedo em mim, nos meus
irmãos e principalmente nas nossas namoradas. Eu te juro Martinha: Exatamente, ela estava se referindo a você, a
que você é um homem morto. Toma vergonha nessa cara, empregada te ama. Que comedia.
olha a idade das suas filhas pra você ficar proibindo elas do
que fazerem, da Martinha sim tem que cuidar porque ela Sebastião: Volte aqui Craúdia! Eu também amo você. (sai
nem saiu das fraudas, mas essas já passou da hora de correndo)
deixá-las fazerem o que bem entender de suas vidas.
Martinha: Aff! Eu não estou acreditando nisso.
Sebastião: (chorando) Mas eu amo minhas filhas, eu não
quero que ninguém faça nada de ruim com elas. CENA 8

Osnir: E quem disse que a gente vai fazer? Amamos elas, (o prefeito e o padre entram com alguns enfeites e vão
nunca faríamos nada pra prejudicá-las. De um voto de colocando na praça)
confiança pra esses pobres moços sofrendo de amor.
Prefeito: Enfim haverá um casamento pra animar está
Sebastião: Tudo bem, eu deixou casarem com elas. cidade, e ainda são quatro casamentos. O de Maria e Oscar,
o de Madeleine e Osnir, o de Mafalda e Osmar, e o do
Martinha: NÃO... Sebastião e da Craúdia. Pena que o Sebastião não olhou
direito o verdadeiro amor.
Sebastião: E você cale essa boca! Mas a primeira gracinha
está tudo acabado. Padre: Estou muito animado com os casamentos, depois de
10 anos, voltarei a juntar casais. E os enfeites estão dando
(Os casais saem) outro clima para a praça.

Sebastião: Nunca pensei que aceitaria umas coisas dessas. Prefeito: Eu vou pra casa para me arrumar. Até logo padre,
e coloque os restos dos enfeites direitinho hein. (sai)
Craúdia: Sabe que eu queria muito casar? E fico tão louca
quando estou perto da pessoa que amo, como agora.
Prefeito: (imitando-o) “Coloque os restos dos enfeites Lourdes, Selma e Fátima vão pra convento e lá vão ficar por
direitinho hein”. Vai pro capeta que te carregue seu Bambi um bom tempo, o prefeito foi embora, e agora tudo vai ser
dos infernos. Nem minha mãe me dava ordens. da hora, estamos aqui pro que der e vier. Papai eu quero
casar!”
(espaço de tempo pra organizar o cenário)
Fim
Padre: Então vamos começar a celebração. E eu os declaro
maridos e mulheres, e os noivos podem beijar as noivas.
(Eles se beijam)

M. Lourdes: Pessoal, eu queria dizer que, eu, Fátima e


Selma, vamos entrar para um convento, pra gente relaxar
nossas idéias.

Selma: Precisamos muito relaxar nossas idéias.

Fátima: Que mentira, a Maria de Lourdes vai entra para um


convento porque sabe que nunca vai arranjar marido,e a
Selma pra ver se para de falar mal da vida dos outros, e eu
vou trabalhar num fruteira desentortando Banana. Porque
eu adoro banana, mas não sei onde fica Uruguaiana!!!

Prefeito: Bom, e eu já aproveito a ocasião, e lhes digo que


estou indo embora pra outra cidade, não suportarei ver o
amor da minha vida, nos braços de outra sirigaita. (Saem)

Sebastião: E você Martinha! Arrume suas malas, você sabe


demais pra ter apenas sete anos, vou te mandar para um
internato, e assim eu posso fazer as minhas coisas
sossegados com a Craúdia! (Da risada)

As três meninas cantam: “A gente se casou, e o meu papai


aqui desencalhou. A Martinha se deu mal, e a festa vai ser
legal. O padre desengatou e quatro casais ele formou,

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