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Negociação
Objetivos Educativos:
Aprender como chegar a um acordo que possa ser implementado e que seja
sustentável no decorrer do tempo
Aprender as estratégias para lidar com as complexidades das negociações
multilaterais.
Etapa de Abertura
Os enfoques utilizados para abrir as negociações após terem as equipes se reunido em torno
da mesa terão um impacto sobre o tom do restante das negociações. Foram elaboradas teorias
sobre os benefícios provenientes de se iniciar com exigências grandes em vez de concessões
conciliatórias, para se fazer a oferta inicial ou para procurar fazer com que a outra parte vá
primeiro. Estas estratégias correspondem à orientação “dura” em vez da orientação “suave”
quanto às negociações . Freqüentemente, o que ocorre é que esses enfoques levam a um tipo
de regateio de posições que acaba por impedir o desenvolvimento de uma solução integrada.
Estabelecendo o tom
Por exemplo, “como devemos proceder hoje?” ou “espero que possamos trabalhar juntos para
encontrar uma solução que satisfaça o interesse de ambos.” Esse enfoque pode ajudar a evitar
o problema de “soluções” contenciosas antes de se chegar a um acordo básico sobre a
definição de temas ou problemas.
Sua preferência seria sugerir que as negociações sejam iniciadas com a garantia de
que ambas as partes compreendem como o problema em negociação está sendo
percebido. Isso demonstra a sua identificação analítica com a posição da outra parte –
desde que não comprometa a sua própria posição – e pode aumentar a confiança.
Embora as regras básicas e os princípios de negociação possam ter sido
desenvolvidos durante a fase de pré-negociação, tais regras e princípios básicos
devem ser reiterados para evitar mal-entendidos. Além do mais, isso permitirá
desenvolver definições conjuntas de termos chave para facilitar a comunicação.
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Atingindo e Implementando acordos
2. A sensação de que o procedimento foi justo (que o resultado foi obtido de maneira
justa)
3. As necessidades da relação (as partes sentem-se respeitadas, compreendidas e estão
dispostas a continuar trabalhando juntas).
Vá mais devagar
Saiba quem é responsável pela execução dos dispositivos do acordo, como serão
monitorados) (se for necessário) y o que deverá ser feito se as condições
ajudarem.. É difícil antecipar o futuro e o impacto do acordo.
. Assegure-se de que cada parte tenha a capacidade de “proteger a sua imagem” ante
o seu eleitorado e ante a comunidade internacional. Os acordos são obtidos e
cumpridos com mais facilidade quando permitem a cada parte uma saída elegante do
conflito que deu origem às negociações. Freqüentemente, isso implica em que cada
parte se retire da mesa tendo conseguido pelo menos algum de seus objetivos
principais. Também pode envolver cada parte afirmando o processo de negociação e
sem declarar vitória sobre a outra parte. Às vezes é útil contar com maior flexibilidade
no encerramento do acordo e mostrar generosidade que contribuirá para uma relação
duradoura.
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Reafirme a relação
Assuntos
São raras as negociações sobre apenas um tema, e mesmo numa negociação geral
sobre um tema pode ser benéfico idi-la em vários temas secundários. Em algumas
negociações multilaterais alguns temas serão de maior importância para algumas
partes do que para outras. Há duas vias principais para manejar as negociações
sobre assuntos múltiplos:
Como em todo cenário de negociação, cada parte entra com uma série de diferentes
interesses e prioridades. Nas negociações multilaterais, cada parte também encontrará
outras partes que compartilham interesses similares e, logo depois formará uma
coalizão para contar com uma posição melhor em relação a partes e coalizões com
interesses opostos. As coalizões podem ser usadas para gerar acordos e negociar; em
outras ocasiões são utilizadas para bloquear acordos.
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o Estratégias de Coalizão. A Análise de coalizões potenciais é muito importante
para desenvolver estratégias de negociação eficazes tanto antes como durante
o processo de negociação. Essa análise depende da compreensão dos
interesses de cada parte e da identificação dos elementos em comum.
Os acordos pode ser obtidos mediante a força coercitiva de coalizões poderosos que
impõem acordos às partes mais fracas. Mesmo assim, os acordos duradouros
tendem a surgir quando as partes procuram elaborar um consenso para
satisfazer os múltiplos interesses em jogo. Isso é difícil de se obter na
complexidade da negociação multilateral em que não é tão simples avaliar os BATNAs
e na qual uma negociação abrangente pode ser mais difícil devido ao aumento das
dificuldades para se estabelecer relações de confiança no conjunto. É muito importante
concentrar-se nos interesses e explorar as possibilidades de desvantagens e ganhos
mútuos. Para tanto, cada parte deve procurar a maneira de comunicar seus
verdadeiros interesses de maneira que seja digna de crédito mas sem ficar vulnerável.
Geralmente, as negociações são um método rotineiro de atividades e um processo para resolver disputas
ou conflitos; habitualmente, no plano internacional, a mediação se refere a situações que abarcam
conflitos. Conforme já se descreveu nas duas seções anteriores, as negociações podem abarcar tarefas
complexas e, freqüentemente, requerem destreza e experiência para que possam ser gerenciadas de
maneira bem sucedida. Em algumas ocasiões, as parte principais de um conflito aceitam a mediação de
uma terceira parte para ajudá-los a gerenciar as tarefas das negociações e desempenhar funções de
intermediário especial que não seriam possíveis se as partes estivessem negociando sozinhas. A
mediação é muito valiosa quando há muitos temas sobre a mesa, múltiplos interessados e quando
são abordados problemas que derivam de conflitos com raízes profundas e intratáveis.
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Quadro Jurídico e Normativo para a Mediação
Além dos dispositivos da Carta, as normas básicas que guiam a mediação na arena
internacional ganharam aceitação. Entre essas normais, figuram as seguintes:
Motivações para a Mediação Não obstante o fato de que esses princípios constituem as
regras de comportamento aceitas internacionalmente, as partes em conflito nem sempre as
observas. As regras costumam ser violadas pelas partes se as mesmas consideram que os
interesses de seu próprio estado está acima das normais internacionais, dada a sua situação
específica. Quanto isso ocorre, a mediação é consideravelmente mais difícil e o sucesso do
esforço corre perigo.
Motivações do Mediador
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o Para alguns, a função de intermediário é a sua razão de ser. Isso se aplica
especialmente a organizações internacionais e não governamentais e pode ser
uma das motivações para organizações regionais.
Seleção do Mediador
Conforme já foi mencionado, os mediadores devem ser aceitáveis por todas as partes.
Poucas partes aceitarão um mediador que considerem que trabalha contra os seus
interesses; no entanto, na arena internacional, os mediadores são raras vezes
selecionados por serem considerados “neutros”, ou seja, que não têm nenhum
interesse ou valores que possam afetar o processo. Habitualmente, os mediadores
são selecionados porque se percebe que a partir de sua posição poderão
proporcionar à mesa os recursos que contribuirão para a eficácia do processo e
para a implementação bem sucedida dos acordos.
Funções do Mediador
Pesquisa
Antes de se iniciar o processo de mediação é útil contar com uma equipe externa para
investigar o conflito e, se for necessário, realizar observações e entrevistas. Num foro
de mediação a fonte de ergência pode se originar na informação técnica e acusações
mútuas sobre as atividades das partes em conflito. Por isso, a informação recopilada
numa missão de investigação ajuda o intermediário a servir também de “mediador de
dados”, função importante quando se trata de definir o problema e elaborar propostas
para enfrentar os desafios dos problemas reais gerados pelas condições do conflito.
Freqüentemente, uma terceira parte alheia ao processo fica a cargo da missão de
investigação de modo a manter a neutralidade do mediador ao interpretar os dados.
Foro
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Entre as responsabilidades do mediador figuram o estabelecimento e controle do foro
da mediação mas um de seus primeiros desafios é ganhar a aceitação das partes para
os acordos efetuados. Portanto, é muito importante consultar as partes nas etapas de
planejamento e ser criativo na elaboração de opções que satisfaçam os objetivos
contraditórios das partes. São as seguintes as questões que surgem ao se estabelecer
o foro:
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desde o início das negociações pode gerar boa vontade para o difícil processo
de negociação.
o Organizar a Pauta. Normalmente, durante a etapa de pré-negociação, são
estabelecidos os temas que serão colocados “sobre a mesa”; no entanto, é o
mediador que prepara o processo de negociações e a ordem em que os
assuntos serão discutidos. O mediador pode estrutura a condução do diálogo
controlando a pauta. Por exemplo, o mediador pode começar com uma sessão
para que se chegue a uma definição conjunta do problema, e então facilitará
um processo de resolução de problemas para gerar alternativas.
o Estruturar as discussões. O conjunto e a seqüência das questões descritas
para os processos de negociação bilateral também se aplicam à mediação (ver
“Preparando-se para as Negociações”, Unidade 8). O mediador desempenha
um papel muito importante na elaboração e monitoramento dessas estratégias,
permitindo que as partes se concentrem em suas tarefas internas. As
negociações não facilitadas, especialmente as que contêm alto nível de
hostilidade, tendem a fracassar porque ninguém as dirige.
o Convocar Delegações. Quando as negociações entram num impasse, o
mediador pode convocar uma reunião privada com cada uma das partes para
obter informação sobre como as partes percebem o problema e procurar
trabalhar na solução desse problema. Depois, o mediador convoca novamente
a sessão, com estratégias para superar tais obstáculos. O mediador deve
perceber as preocupações das partes – que podem achar que ele está traindo
a sua confiança ao se reunir em separado com a outra parte - e deve adotar
medidas para trabalhar de maneira digna de confiança e assegurar às partes
interessadas que a informação confidencial não será revelada aos oponentes.
o Coordenar o envolvimento de interessados secundários e de outras terceiras
partes. Os mediadores prudentes estão cientes do risco que se corre ao deixar
completamente fora do processo de negociação atores capazes de sabotar o
processo ou o acordo. No entanto, é difícil e inadequado incluir cada
interessado na mesa. Portanto, o mediador pode desempenhar um papel
importante de consulta ao manter em segredo a informação de assuntos
pertinentes aos interessados poderosos, de modo a que se chegue –
idealmente – a um acordo tolerável para todas as partes.
Formulação de Acordos
Alguns dos grandes benefícios da mediação podem ser vistos na superação dos
obstáculos e na formulação de acordos. Mediante discussões diretas e privadas com
cada um dos disputantes, um mediador que goza da confiança das partes conhecerá
os interesses básicos e os objetivos de cada parte. Um mediador hábil manterá a
informação de maneira confidencial mas a utilizará para identificar os pontos nos
quais os interesses e valores se coadunam e sobre os quais podem ser
desenvolvidos acordos. Com base nesse princípio, os mediadores pode usar uma
variedade de enfoques para encaminhar as partes ao acordo.
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aumenta o total do que está disponível para alocações distributivas e pode
satisfazer de maneira melhor os interesses subjacentes das partes.
Freqüentemente, os mediadores podem fazer apelos à comunidade
internacional solicitando tais recursos a título de aumento da ajuda para o
desenvolvimento ou com assistência em garantir a execução do acordo.
o Outro enfoque consiste em que o mediador formule propostas com base na
satisfação dos interesses identificados. As melhores propostas forneceriam
oportunidades para ganhos conjuntos ou redução do custo de acordo mediante
o “intercâmbio” de temas. Uma vez apresentado, o mediador pode trabalhar
com as partes conjuntamente ou separadamente para demonstrar os motivos
que tornam a proposta viável.
o Considerar as conseqüências. Com o aumento de informação, o mediador fica
em melhor posição para trabalhar com as partes no processo de
estabelecimento de conseqüências e custos das opções disponíveis.
o Exercer pressão.. Às vezes os mediadores são selecionados especificamente
por sua habilidade de exercer pressão sobre as partes para se chegar a um
acordo. Os mediadores podem ser representantes de governos ou instituições
com influência tal que as partes não querem arriscar sua relação por falta de
cooperação. Em algumas ocasiões, os mediadores têm a habilidade de aplicar
ou recomendar sanções às partes que, de outra forma, continuariam com um
comportamento conflituoso em vez de chegar a um acordo menos ótimo.
Essas sanções podem assumir a forma de estímulos positivos (em inglês,
"carrots" o "cenouras") ou estímulos negativos (em inglês, "sticks" o "porrete")
para promover acordos. O uso dessa pressão é delicado por vários motivos:
Primeiro, é difícil prever os resultados e mesmo ultimatos com as
melhores intenções podem produzir efeitos totalmente contrários aos
esperados.
Segundo, se o mediador se exceder na coação, as partes poderão
ficar descontentes com ele que então perderá legitimidade no
processo, podendo transformar-se em mais uma parte na disputa.
Implementação dos Acordos
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conseguir um acordo só por conseguí-lo ou de implementar o plano que lhes
pareça melhor sem tomar em consideração as necessidades e interesses das
partes.
Resumo da Unidade
Esta unidade trata das dinâmicas de negociação, incluindo a etapa de abertura, a consecução
de um acordo sustentável e as dinâmicas especiais das negociações multilaterais. Também
expõe o tema da mediação, que pode ser necessária e útil no caso de que as negociações não
andem bem.
1
Ver, Krishnan, Natarajan. "Coalition Building in Group Negotiations" em Coleman y Rikhye,
eds. Negotiator's Handbook, de International Peace Academy, 1990.
2
Um enfoque desenvolvido pelo Programa de Negociação da Universidade de Harvard.
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3
Ver, Zartman, William e Saadia Touval "Mediation: The Role of Third Party Diplomacy and
Informal Peacemaking" en Brown and Schraub, eds. Resolving Third World Conflict:
Challenges for a New Era. Washington: United States Institute of Peace Press, 1992.
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