Você está na página 1de 7

Reitoria

Ricardo Vieiralves de Castro

Vice-reitoria
Paulo Roberto Volpato Dias Aos orixás que permitiram encontros
Sub-reitoria de Graduação – SR1 e concretização de projetos.
Lená Medeiros de Menezes

Sub-reitoria de Pós-Graduação – SR2 Aos Ibejis, deuses gêmeos


Monica da Costa Pereira Lavalle Heilbron protetores das crianças.
Sub-reitoria de Extensão e Cultura – SR3
Regina Lúcia Monteiro Henriques

Centro de Educação e Humanidades


Glauber Almeida de Lemos

Faculdade de Educação
Rosana Glat

Núcleo de Estudos Afro-brasileiros – Neab-Uerj


Maria Alice Rezende Gonçalves
O Núcleo de Estudos Afro-brasileiros* da Faculdade de Educação da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro apresenta o terceiro volume
da coleção A Lei 10.639/03 e a Formação de Educadores. Trata-se de um
vídeo de animação intitulado A lenda da criação do mundo e dos orixás,
baseada em uma fábula de origem iorubá, mantida viva pela tradição oral.
O trabalho foi criado e utilizado como material didático-pedagógico no
III Curso de Extensão em História e Cultura Negra, oferecido pelo Neab,
em 2013.

*
O Neab-Uerj tem como objetivo desenvolver projetos de pesquisa e extensão sobre a questão
étnico-racial na sociedade brasileira.
Acreditamos que o reconhecimento da produção cultural dos afro-brasi- As mais antigas casas de candomblé datam da primeira metade do século
leiros é um dos caminhos para a construção de um país verdadeiramente XIX e existem até hoje na Bahia. Acredita-se que o primeiro terreiro de
multicultural, que erradique as práticas racistas que sustentam as discrimi- candomblé, o Ilê Axê Iyá Nassô, foi fundado por três escravas libertas
nações, preconceitos e produzem desigualdades. Acreditamos também que o originárias do kêto. No final do século XIX, conflitos na sucessão dessa
legado afro-brasileiro pertence aos brasileiros de todas as origens. Por isso, casa deram origem a uma dissidência, que fez surgir o Ilê Iyá Omi Axê Iyá
a Lei 10.639/03 nos estimulou a apresentar de forma lúdica o tema da cria- Massê. Outra desavença na sucessão do Ilê Nassô originou outro terreiro,
ção do mundo e dos orixás, que tanto faz parte da religiosidade brasileira o Ilê Axê Opô Afonjá. Hoje, os orixás são cultuados em várias religiões
quanto da afro-brasileira. Este vídeo, destinado à educação infantil, tem de matriz africana existentes no Brasil.
como objetivo difundir os valores civilizatórios da cultura afro-brasileira,
preservar sua memória e combater qualquer tipo de intolerância religiosa. A África abriga centenas de orixás. As estimativas calculam que existem
entre quatrocentos e seiscentos deuses cultuados naquele continente.
Acredita-se que durante o século XIX, os iorubás, vindos para o Brasil na
O candomblé e os orixás condição de escravos, trouxeram com eles cerca de duas dezenas de orixás,
dando início aos cultos afro-brasileiros.
O candomblé é um sistema simbólico organizado, cujos símbolos sofrem
permanente influência da sociedade que, reciprocamente, os influencia. Cada orixá é responsável por uma porção do mundo, zelando por uma
Portanto, não existem no Brasil “cultos puros”, ou seja, práticas religio- parte específica da natureza e controlando aspectos do ser humano e das
sas mais próximas de um modelo africano, em detrimento de outras que relações sociais. Eles representam as forças da natureza, os fenômenos
seriam classificadas como sincréticas. O candomblé possui um sistema de naturais, as atividades econômicas, os minerais, os conflitos e as doenças
representações e práticas próprias que estão em permanente adaptação e epidêmicas. O objetivo do culto é a manutenção do equilíbrio entre os
mutação e que ganham sentido no processo efetivo de nossa vida social, humanos e as forças vitais do universo, em busca de estabilidade, harmonia
ou seja: trata-se de um fenômeno social genuinamente brasileiro. e desenvolvimento espiritual.
O vídeo Oxalá recebeu de Olorum a tarefa de criar o Ayê, o mundo, universo físico
concreto onde vivem os homens. Mas quem cumpriu essa missão foi Odu-
Trata-se de uma animação com uma linguagem acessível ao público infantil, dua. Coube, então, a Oxalá criar os seres que habitam o Ayê – a huma-
com a utilização de materiais presentes no dia a dia da escola – brinquedos, nidade. Usando o barro como matéria prima, criou o homem e a mulher,
sucatas e papeis de diferentes texturas – que, acreditamos, pode facilitar cópias imperfeitas dos deuses, que do barro vieram e ao barro voltarão.
a comunicação entre alunos e professores e simplificar a transmissão de
conhecimento. Nossa expectativa é que este vídeo possa fazer parte das No início, os deuses e os homens transitavam livremente entre o Orum e
rodas de histórias comuns nas classes da educação infantil. o Ayê, não havendo fronteiras. O Orum – o espaço sobrenatural – é um
mundo paralelo que coexiste com todos os conteúdos do mundo real. Por
exemplo, cada indivíduo, cada árvore, cada animal, cada cidade possui um
A lenda duplo espiritual e abstrato no Orum. A separação dos dois mundos se deu
depois da violação de uma interdição.
No inicio dos tempos não havia nada. Olorum, o deus supremo (energia
vital), vivia só. Como ele tinha o dom de dar vida às coisas, criou um ser Após a violação dessa interdição e a consequente separação dos dois
e, através de seu sopro, concedeu vida à criatura. Assim nasceu Oxalá, mundos, os seres humanos não mais podiam ir ao Orum e voltarem de lá
o primeiro orixá. Olorum criou também outros orixás. A cada um deles vivos. Desde então, os dois mundos permanecem separados para sempre.
coube uma tarefa específica, tais como zelar pelas forças elementares da No Orum habitam os orixás e no Ayê vivem os homens.
natureza – raios, trovões, ventos, águas; pelos fenômenos naturais como o
arco-íris; pelas atividades econômicas – como a caça e a agricultura; pelos Quem habita no Orum são os deuses, os orixás. Entre os mais conhecidos
minerais – como o ferro; pelas guerras; e pelas doenças. Olorum criou estão Exu (o mensageiro), Ogum (da guerra), Oxossi (da caça), Nanã (da
também o Orum, o além, o espaço sobrenatural onde viveriam os orixás Terra), Omulu ou Obaluaê (das doenças contagiosas), Xangô (do trovão
em paz e harmonia. e da justiça), Iansã ou Oiá (dos raios), Oxum (da água doce), Iemanjá (do
mar) e os Ibejis (gêmeos da infância), Odudua (responsável pelo surgimento A lenda da criação do mundo e dos orixás

da Terra) e Oxalá (pela criação do homem). Projeto:


Neab-Uerj/MEC/Uniafro/FNDE

Há, ainda, muitos deuses que não estão representados em nosso vídeo, Coordenação:
como: Oxumaré (do arco-íris), Iroco (das velhas árvores), Euá (das fontes), Maria Alice Rezende Gonçalves

Ossaim (das folhas), Obá (do rio), Logun Edé (da caça e da pesca) e Ifá ou Produção e pesquisa:
Orumilá (do jogo de búzios). Maria Alice Rezende Gonçalves, Ana Paula Alves Ribeiro e Cristiano Cardoso

Orientação da pesquisa:
Depois que Olorum, o deus supremo, criou os orixás, não se intrometeu Maria Alice Rezende Gonçalves e Ana Paula Alves Ribeiro

mais na vida dos homens. Deixou tudo nas mãos dos orixás. Cada ser Orientação de fotografia e câmera:
humano é filho espiritual de um determinado orixá, herdando dele suas Ana Paula Alves Ribeiro e Cristiano Cardoso

características físicas e de personalidade. Quer saber que orixá cuida de Câmera e Fotografia:
Cristiano Cardoso, Aline de Oliveira, Dayana Doria, Edna Andrade e Vinicius Oliveira Pereira
você? Os pais ou mães-de-santo, sacerdotes que dirigem os templos dos
orixás, podem identificá-los por meio do jogo de búzios. Edição:
Cristiano Cardoso


Narração:
Zaíra Bosco e Cristiano Cardoso

Axé. Arte e Bonecas Abayomi:


Lena Martins

Agradecimentos:
Ariana Felipe e Cláudio Café (Bonecas Abayomi); Juliana Corrêa, Juliano Gonçalves e Marcelo Lima
(colaboradores); Barbara Morais, Cecília Figueiredo, Luiz Carlos Lima e colegas (Cecip/Megapixel);
David Honório, Juliana Freitas, Simone Ribeiro e Sormani Silva (Neab-Uerj)
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades
Faculdade de Educação
Núcleo de Estudos Afro-brasileiros

Você também pode gostar